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CANTINHO LITERÁRIO

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& PONT VÍR ULA

& PONT VÍR ULA

Por JC Bridon & Arlete Trentini

Renascendo

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JC Bridon

Renasço hoje deixando de lado os maus pensamentos, as impurezas que me cercam a cada instante e os infortúnios que me fazem deixar de pensar em ti, Senhor.

Renasço hoje com as vontades encontradas, as virtudes achadas em meu caminho e os exemplos de vida que me são dados, dia após dia.

Renasço hoje com as esperanças no amanhã, que elas sejam o alicerce de uma vida melhor e o marco de um recomeço feliz.

Renasço hoje eternizando o amanhã, pois sei que ele será o meu hoje novamente, com todas as certezas de uma vida digna e cheia de paz.

Renasço hoje com a vitória estampada no rosto, que somente os conquistadores possuem, para pode plantar a semente da esperança, no coração de todos que também buscam renascer.

Do livro: Momentos de Reflexão – Pág. 105

Por que te decepcionaste?

Arlete Trentini dos Santos

Eu não me decepciono. Nada me deixa amargurada. Vejo-te agora, parecendo um mendigo, quase nu, à beira da estrada.

Tuas apostas foram altas demais. Agora, acabaram as tuas esperanças e tua paz. Estavas cego demais. Colocaste fé, onde não devias.

Choras agora, amargurado, desesperado. Tu me dizes que és um pobre coitado, que foste açoitado, maltratado. Sentes-te injustiçado, enlutado.

Eu continuo feliz. Sou dona do meu nariz. Faço o que sempre quis.

Do livro: Alinhavando Poesia – Pág. 41

Um Berço da Democracia

Há unanimidade entre os escritores quando afirmam que a democracia ocidental, como governo do povo (“demos”: povo; “cratos”: poder) foi primeiramente projetada pelos gregos. A afirmação encontra época na origem das palavras.

Antes da condenação de Sócrates 469-399 (antes de Cristo) condenado a morrer envenenado bebendo “cicuta”, os gregos já não apenas lidavam com as palavras escritas, como também já compunham obras clássicas como a Ilíada e a Odisseia atribuídas a Homero (928-898 antes de Cristo).

É bem verdade que quase todos os povos então existentes insistiam em registrar sua dificuldade em conceituar a “vida”, as “ideias” e os “sentimentos”. Foi somando e dividindo e somando os seus efeitos, eles acabaram construindo regras de conduta, como punições aos seus possíveis infratores.

Após a execução de Sócrates, que nada deixou por escrito, seu mais notável discípulo, Platão (428/348 antes de Cristo), desenvolveu a tarefa de registrar sua herança, como também se afastou da Grécia, passando a trabalhar no sol da Itália que recebia forte influência grega. A cidade de Nápoles exibe em seu nome o significado de “nova cidade” em grego. Platão preocupou-se com as “ideias” dos homens, valorizadas por ele muito mais do que os seus sentimentos.

Em Atenas Platão instalou sua Academia em 384 antes de Cristo e que, quase um século depois, em 529, depois de Cristo, foi fechada por ordem do Imperador Romano Justiniano, sob o argumento de que os ensinamentos dos gregos violavam a doutrina de Jesus Cristo.

Como Péricles (495/429 antes de Cristo): “Somos uma democracia porque a administração pública depende da maioria e não de poucos; nessa democracia todos os cidadãos são iguais perante as leis para resolver conflitos particulares”. Indagam-se, quantas nações durante o século XX poderiam proclamar a obediência a esta afirmação sem cometer uma inverdade?

O mais famoso discípulo de Platão, Aristóteles (384/322 antes de Cristo), entre outras de suas grandes lições, deixou para a humanidade a divisão dos três poderes da república democrática: o legislativo, exercido pelo povo: o judiciário exercido pelos juízes e o executivo pelos administradores. Assim foram lançados os alicerces do Estado atual. É importante registrar que vários romanos de grande valor estudaram na Grécia.

Com a perseguição encetada pelos imperados romanos contra a filosofia grega, a Europa foi mergulhada no estado de ignorância quanto à matéria referida tanto à filosofia como quanto a política. Os árabes e os judeus ocuparam o espaço.

Com a invasão dos árabes na Península Ibérica, antes da existência da Espanha e de Portugal, na cidade de Córdoba, numa mesma época nasceram dois dos mais importantes estudiosos da filosofia grega. Refiro-me ao mulçumano Averrois ou Abu Chalide Maomé ibne Amade ibne Ruxide (1126/1198), e, o judeu Rambam ou Maimônides (1135/1204), que se converteram nos dois polos insuperáveis no desenvolvimento dos trabalhos de Aristóteles. São Tomás de Aquino chegou a ser acusado de “averroismo”.

Outro mulçumano persa, Avicena ou Abu Ali Huceine ibne Abdala ibne Sina (980/1037), deixou extensa obra sobre filosofia, especialmente sobre Aristóteles. Tal como o judeu Maimônides, Ibn Sina também era médico. Manteve uma escola de medicina. Afirmam os historiadores que do vocábulo Ibne Sina nasceu o nome da “medicina”. Avicena é o nome ocidental atribuído ao persa Ibne Sina.

Este texto é a tentativa de ser feito um brevíssimo relato sobre a vinculação da democracia com a sua mãe, a filosofia.

Mensagem

Por Maria Luzia M. Graton

Quero juntar como o mar junta as águas... Nelas jogar as tristezas, desavenças, todas as mágoas e diferenças.

Receber todo cardume, sem queixas, sem ciúme. Ser como a várzea que verdeja, a pedra d’água, a pedra Hume. Como as aves no seu revoar, juntando gravetos para se aninhar. Como estrelas cintilantes no céu a brilhar.

Na escuridão aceitar as luzes azuis do vagalume... Unir corações dispersos e, numa chuva de versos, poder cantar um coral madrigal...

Poetas em Destaque

Nossas Vidas - XVII

Idemar de Souza beijos... E ela veio. Pôs-se sentada ao meu lado... pertinho... estava leda! Falou da vida, do irmão, da filha... eu esqueci de saber do companheiro!

Adentrou. Olhou-me assim.... piedosa, a Florbela. Acariciou-me as faces, como dantes... delicada... E acomodou, em minhas pernas, a sua amada Cria. E o pranto, doce, veio... e também o dela!

Recompusemo-nos. Varremos, de vez, o pranto, ainda que doce! O momento propunha alegria... e na luz dos olhos seus, já reconfortado, eu via de volta, a quimera... manhãs ao entoar de canto...

Sobre filhos, a preocupação é o ausente! Então, Inquiri sobre o Cravinho, um amigo, meu parceiro... mas, já no ocaso parecia, tudo isso, o nosso fado!

Ver mil centelhas de luz! A celeste amplidão! Mago encanto!

Reverter a pobreza de cada canto... Levantando todas as vozes, numa sublime verdade. Buscando ideias velozes para inundar o mundo de coisas serenas, sem pesadelos, sem hipocrisia, Sem dor e sem pena, e, uma frase pequena, Bênçãos de união e o coração em paz!

Grande cidade

Fernanda R-Mesquita

Ostensivo corpo sem útero, a cidade que encobre o drama, dirige ilusões, rouba até da dor, a imensidade e com a sua poeira, expulsa canções .

Prisão de corredores ao relento cortina de pó voltada para o céu fumeiros sujos que escondem dentro o pulmão da vida que prendeu

Um cheiro de amor maltratado por um bosque de pedra arrematado por janelas sem calor maternal...

As portas, tocas sem ninhos, paraíso esquivo, sem carinhos, expulsando as aves do beiral.

Barquinho de papel

Ligeiro desce meu barco embalado pelo amor na corredeira da paixão. Segue seu curso tão livre ébrio de felicidade, desejo, atração, tudo intenso. E ele corre ligeiro rumo aos braços do meu amado, buscando esse outro barco, vai sempre firme, ansioso e não se cansa nem desiste em busca de seu destino.

Agora volta meu barco contra toda a correnteza tentando superar a tristeza de apenas ter encontrado um barco vazio de afeto que não lhe tinha apego.

Vagaroso, vai sem querer seguir em seu triste trajeto, meu pobre barco desfeito. Não era de boa madeira igual a esse amor que morreu em uma triste madrugada: era um barco de papel era apenas um falso amor desfez-se na noite dos tempos levado pela enxurrada, era um barquinho de papel, era um amor de mentirinha.

Em catarse ouvira concerto divinal.

Acordes graves, solenes, profundos. Emoções à tona.

Ergo os olhos ao céu, e lá está ela, a Lua cheia, Majestosa!

Concentro meu olhar, dedico toda atenção, e suave luz me impacta.

Entro em sintonia.

Estado catártico amplia. Flutuo, divago...

Leve, levado pela brisa, nuvens de macio teor.

Não sei do tempo. Perdi no momento o tino. A contra gosto, volto. Sou outro!

Turvos sentimentos, agora distantes. Olho a lua, me identifico!

Por lá fico!

Deixo-me estar...

(19/11/2022)

Poetas Inesquecíveis

O tempo na ponte

Alvim Alvino Barbosa

(Alvim Barbosa na fecundidade de seu silêncio)

Tempo cansado destruindo a cor subjetivamente. Ganhar o tempo acima da solidão. Do que é possível tudo se perde.

Recuperar o tempo.

Talvez a emoção traída se transforme. Ponte incomum. O rio é largo.

Não tem limite nem direção. A ponte é só.

Não passarei do gesto. A água turva te afogará.

Este impulso no tempo proporcionará o tom.

Descobrirei teu rosto em minhas mãos. E o som da água entre meus dedos.

Canção de teus cabelos.

Havia a ponte. Preferiste o rio.

Violentei-me no choro de teu naufrágio. Perdeste o tempo. Ponte em ruínas.

* 07/12/1935

† 01/06/2007

Fotógrafa em Destaque: Carla Barizza

Barco Antonio Ventura

Minha vida foi sempre um barco levado pelos ventos, neste mar ora calmo, ora encapelado. Quem o comandante do barco que ora no mar calmo, que ora no mar revolto navega?

Sempre tentei e quis comandar este barco que ora no mar calmo, que ora no mar revolto navega. Mas serei eu o comandante deste barco que ora no mar calmo navega em busca do arco-íris? Ou o comandante é o outro que na onda encapelada espreita?

* 06/06/1948

† 29/06/2017

Aconteceu no The Palace, em São Carlos...

...dia 18 de novembro de 2022, lançamento do livro

Por Irene Coimbra

Tive o privilégio de ler, em primeira mão, os sessenta e um poemas, vários aforismos e pensamentos, dois ensaios e um conto que compõem esta obra instigante do Arthur.

Foi uma leitura que fiz, degustando cada parágrafo, cada frase, cada palavra, sem pressa e com muita calma. Amei!!!

Eis uma amostra para “degustarem” também!

“Há um homem. Um homem caminhando na calçada, como um gerúndio ou um sinal de pontuação. Seus olhos são duas borboletas roxas, mas não há nada de roxo em seus olhos. O roxo são seus próprios olhos, e não algum tipo de cor que possa ser vista neles.

Esse homem vê mulheres comprando carrinhos de plásticos dos biscateiros e muambeiros numa rua fedida. Os filhos dessas mulheres, para quem aquilo será dado, ficam felizes com os carrinhos de brinquedo, que são paupérrimos e mal feitos. Mas o homem que caminha, sente pena da miséria das crianças escondida na felicidade com seus brinquedos baratos e mal-acabados.“

Acredito que, os que lerem “Na Sombra de Um Anjo”, assim como eu, se sentirão tomados por um universo de diferentes sensações que os levarão a refletir profundamente sobre tudo, até encontrarem a mensagem oculta a qual ele se propõe.

Contato com o escritor: gregoriovalerioarthur@gmail.com

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