Arte Fotografica #80

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Portefólios

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Há umas semanas descobri que Jorge Horta tinha publicado uma série de imagens inéditas sobre os momentos cruciais do 25 de Abril de 1974, razão suficiente para que a SIC Notícias fizesse uma reportagem e uma entrevista posterior ao homem que, num enorme gesto se altruísmo, digitalizou e colocou nas redes sociais um verdadeiro documento histórico. Tenho a noção que fui um verdadeiro chato de tanto insistir na publicação de algumas dessas imagens nesta revista mas, de tanto ser “melga”, lá tive a sorte, não sem a bondade e enorme simpatia de Jorge Horta em me aturar. No dia 25 de Abril de 1974 Jorge Horte tinha 23 anos e estava no epicentro dos acontecimentos com a sua máquina fotográfica e um monte de rolos. Eu tinha 9 anos e, a 30 quilómetros, não larguei o rádio Grundig de ondas curtas de meu pai, onde segui, com as suas explicações, as comunicações de Otelo Saraiva de Carvalho. Ouvi Paulo de Carvalho cantar a inesquecível “E depois do adeus” e nunca me esquecerei desse dia. O Celestino Santos, nosso colunista de sempre e particular amigo, já retornado da Guiné onde combateu, chegava a Lisboa bem no meio do rebuliço e outros, tantos outros, viveram esse dia glorioso à sua maneira. Mas as imagens que aqui apresentamos, guardadas há mais de 40 anos, surpreendem-nos porque têm o dom de nos transportarem a todos no tempo e no espaço, para um fenómeno raro e irrepetível, único e muito português. Isto é magia! A magia da fotografia que não pára de nos surpreender.

Os meus mais sinceros agradecimentos ao Jorge de 23 anos de outro Jorge de 9 anos e que hoje, quarenta e dois anos depois, se unem através da fotografia para que todos possam usufruir. Quero, também, agradecer aos restantes autores que nos confiaram os seus trabalhos para que os pudéssemos divulgar e, por fim mas não menos importante, um agradecimento especial aos meus bons amigos Celestino Santos e Paulo Roberto, que me acompanham nesta aventura chamada revista Arte Fotográfica há precisamente 80 edições.

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Jorge Pinto Guedes e c t o r jpg@mindaffair.net


Distância Focal: 18mm · Exposição: F/5.6 1/125 sec · ISO400 · © Thomas Kettner

Distância Focal: 18mm · Exposição: F/5.6 1/125 sec · ISO400 · © Thomas Kettner

Uma só objetiva que traz ao seu alcance todos os pormenores preciosos da vida. Uma só objetiva que traz ao seu alcance todos os pormenores preciosos da vida. Uma só objetiva que traz ao seu alcance todos os pormenores preciosos da vida.

Distância Focal: 18mm · Exposição: F/5.6 1/125 sec · ISO400 · © Thomas Kettner

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* Dentro das objetivas intermutáveis 18-200mm para câmeras DSLR APS-C com O.I.S. (fonte: Junho 2015: Tamron) ** O encaixe Sony não inclui estabilizador VC porque os corpos DSLR da Sony DSLR integram estabilizador de imagem.

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capa

Jorge Horta 25 de Abril Arte Fotográfica Internacional ano 8 número 80 maio 2016 ................................................................................................................... € 15,00 _ União Europeia € 18,00 _ Resto do Mundo ................................................................................................................... So ciedade Ges tor a R e v is ta Mindaffair, lda NIF : 509 462 928

e d i t o r i a l

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Jorge Pinto Guedes

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d e Pa u l o R o b e r t o Fotojornalismo: objetiva-subjetiva?

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imagem com palavras

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Morada Avª de Itália, nº 375-A-1º 2765- 419 Monte Estoril • Portugal T l f / F a x : + 351 216 095 542 E - m a i l : blueray.jg@gmail.com ................................................................................................................... Direcção Geral Maria Rosa Pinto Guedes mrosa.br@gmail.com +351 969 990 442 Director Jorge Pinto Guedes jpg@mindaffair.net +351 936 728 449 S k y p e : jorgepintoguedes Arte & Design Marcelo Vaz Peixoto marcelo.vaz.p@gmail.com Tr ansl ations Pedro Sampaio psv@mindaffair.net ................................................................................................................... P e r i o d i c i d a d e : Mensal R e g i s t o ER C n º 125381 D e p ó s i t o L e g a l n º 273786/08 ................................................................................................................... É proibida a reprodução total ou parcial de imagens ou textos inerentes a esta edição, sem a autorização expressa do Editor. As opiniões expressas nesta revista são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não têm que reflectir a opinião do editor.

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Tamron conquista dois prémios TIPA 2016 Tamron Co., Ltd., um dos principais fabricantes mundiais de produtos óticos de precisão, anunciou que duas das suas objetivas, mais especificamente os modelos SP 35 mm F / 1.8 Di VC USD (F012) e 18-200mm F / 3,5-6,3 Di II VC (B018) conquistaram os Prémios TIPA 2016 (Technical Image Press Association).

Melhor sistema Premium com tecnologia DSRL: SP 35 mm F / 1.8 Di VC USD (Modelo)

Melhor sistema de Entrada de Gama com tecnologia DSLR: 18-200mm F / 3,5-6,3 Di II VC (modelo B018)

Excerto de Citação do Júri da TIPA

Excerto de Citação do Júri da TIPA

A objetiva 35mm SP F / 1.8 Di VC USD (Modelo F012) tem cerca de 80 milímetros de comprimento e um peso entre as 450 e 480 gramas. Esta objetiva da Tamron utiliza 10 elementos em 9 grupos e inclui duas lentes asféricas hibridas de vidro fundido, com elementos LD (baixa dispersão) e XLD (ultra-baixa dispersão) que minimizam eventuais aberrações cromáticas e permitem obter imagens de alta qualidade e com cores fidedignas.

A objetiva 18-200mm F / 3,5-6,3 Di II VC (modelo B018) da Tamron é a opção ideal para os fotógrafos amadores à procura de um sistema mais avançado e que disponibilize diversas distâncias focais.

Disponibiliza ainda uma abertura máxima de F/1.8, uma distância mínima de focagem de 0,2 m e um sistema de compensação de vibração (VC). Para além da focagem automática, esta objetiva permite focar manualmente a qualquer altura, o que é especialmente útil para fotografar objetos de perto.

Esta objetiva é constituída por 16 elementos em 14 grupos e foi especialmente concebida para câmaras APS-C. É muito compacta, com cerca de 95mm de comprimento e pesa apenas 400 gramas. Integra um sistema de compensação de vibração que permite aos fotógrafos obterem imagens de alta qualidade, especialmente em distâncias focais mais longas. Ambas as objetivas estão já disponíveis em Portugal. O PVP da objetiva de 35mm é de 740 €. O PVP da objetiva zoom 18-200 é de 239 € Mais informações: www.tamron.eu / www.tipa.com

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escala 1:100 …a proporção que a representação do objecto mantém com o próprio objecto é cem vezes inferior. O projecto explora acções próprias do dia-a-dia questionadas na sua simplicidade pela alteração de um único factor: a escala. Através de figuras à escala, conta-se a história de uma pequena comunidade, confrontando-a com a grandeza real de diferentes objectos. Constata-se a dificuldade, largas vezes transformada em impossibilidade, de determinadas tarefas que damos como certas. A nova abordagem aos objectos comuns revela as limitações deste grupo, que cria uma nova adequação ao mundo respondendo às suas restrições. São desenvolvidas novas formas de interacção, de agir e de deslocação, onde toda a mecânica humana comum é alterada. Surgem então micro-paisagens relacionadas com a proporção mais reconhecida: a forma humana. Este projecto consiste num conjunto de fotografias que foram tiradas sensivelmente durante um mês, recorrendo a vários objectos, ambientes e iluminações, de forma a conferir variedades sensoriais muito distintas a cada fotografia. biografia Henrique Frazão é fotógrafo e arquitecto de Lisboa. O medo da amnésia levou-o, desde cedo, a querer registar e guardar muito daquilo que via, aprendia, pensava e sentia. Nesse sentido a fotografia foi tendo um papel cada vez mais importante, sendo encarada como um meio para imortalizar conceitos. Mais que registar coisas, interessa-lhe explorar os seus pensamentos pessoais, sentimentos, dúvidas, questões, … A componente conceptual vem sendo um dos elementos mais importantes das suas obras. Não são meras composições estéticas, já que a interpretação do conceito é fundamental para o completo entendimento das obras. Mais do que causar espanto, elas deverão desencadear pensamentos. Para ver mais do seu trabalho: w w w . h e n r i q u e f r a z a o . c o m

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Dublin João Pena Rebelo é um “street photographer” por definição e faz das suas múltiplas viagens verdadeiras festas para os sentidos de todos os que o seguem. Dublin é uma das cidades da sua eleição, razão pela qual não exitou em nos enviar uma série de recente assim que o convidámos para este número da revista. A sua forma simples e desempoeirada de captar as vivências dos sítios por onde passa marcam um estilo muito próprio e isso mesmo pode ser confirmado nesta série onde se percebe que João Pena Rebelo não se esconde mas, antes, mistura-se com as cenas que capta tornando-se parte integrante delas. Quem o conhecer pessoalmente percebe logo que a sua simpatia natural e a sua simplicidade são as características- chave para a qualidade do trabalho fotográfico que apresenta. E, se dúvidas houver, basta ler a forma como se define: “Gosto de ser quem sou, da minha Família, dos meus Amigos, dos Lugares que visitei, dos Trabalhos que desempenhei.” Mais trabalho de João Pena Rebelo pode ser visto em www.facebook.com/joao.rebelo.98



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Interior / Exterior O fenómeno da câmara obscura, em simultâneo simples e mágico, nunca deixou de fascinar Marja Pirila que o trabalha intensamente desde 1996. Para ela a câmara obscura serve como forma de perseguir ambientes vivos e paisagens mentais, convocando as sensações subconscientes para a luz do dia. Quando o espaço se transforma num “quarto escuro”, trás à tona o âmago e a magia da fotografia, vezes e vezes sem conta. É nessas alturas que Marja se sente verdadeiramente a trabalhar com a luz. A ideia de abraçar o projecto “Interior/Exterior” partiu de uma inspiração nocturna, depois de ver algumas imagens a preto e branco de Abelardo Morel numa revista da especialidade: numa divisão convertida em “câmara obscura” Marja podia captar a imagem de uma pessoa e, ao mesmo tempo, a visão dessa mesma pessoas através da janela tal como se fosse um ambiente vivo. Rapidamente o projecto inicial expandiu-se em novas direcções. As imagens passaram não só a registar os ambientes vivos das pessoas mas também incluiram excursões nas suas paisagens mentais: reflexos de memórias, devaneios, medos e sonhos. Trabalhar nesta série foi para Marja Pinila como fazer imagens para um álbum de família: visitações a pessoas e a ela própria. Para fazer estas imagens Marja transforma os quartos das pessoas em câmaras obscuras, cobrindo as janelas com plástico à prova de luz e colocando no topo um furo uma lente convexa. Depois a vista fora da janela é reflectida de forma invertida no próprio quarto, formando uma espécie de espaço de sonho. Interior/Exterior foi o mais extenso e duradouro projecto usando o método de câmara obscura, tendo sido fotografado na Finlândia, Noruega, Itália e França. E o projecto continua! Biografia Marja Pinila nasceu em Rovaniemi, Finlândia, em 1957 e vive em Tampere, também na Finlândia. Licenciada em Fotografia pela Universidade de Arte e Design de Helsínquia em 1986 recebeu em 2000 o prémio para fotografia outorgado pelo Estado Finlandês. Exibiu trabalhos, de forma pública ou privada na Finlândia, Alemanha, Holanda, Suécia, Itália, França e Estados Unidos. Em Junho de 2004 lançou o seu mais recente livro intitulado “Carried by Light”. Desde 1992 fez dezenas de exposições a solo e participou em numerosas exposições colectivas na Finlândia e no estrangeiro. Marja Pirila tem a capacidade de nos mostrar o mundo quotidiano sob uma luz inusitada. Especialista na técnica de câmara obscura ela consegue captar o âmago e a magia da fotografia. Ao transformar espaços em quartos escuros Marja Pirila capta os reflexos dos sonhos e transforma-os em luz, dando realce a mundos internos e externos.

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Para ver mais trabalho de Marja Pirila a r j a p i r i l a . c o m

Monastery Garden



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O primeiro conjunto de imagens foi realizado no atelier do estilista João Rôlo onde foi fotografada a colecção SS16. Uma colecção exclusiva, inspirada no Mar Mediterrânico, nas festas de Gala e Sunsets em Yates de Luxo. Esta colecção reflecte toda essa exuberância e Glamour. Como matérias, o estilista decidiu explorar as sedas vegetais, sablés, musselines, as rendas vitorianas e chiffon satin. Os trabalhos de bordados elaborados manualmente com cristais Swarovski, lantejoulas, pérolas de água doce e corais assumem e, dão maior destaque a esta colecção. Na realização destas imagens foi necessário transportar o estúdio para o atelier, para tal utilizei uma combinação de equipamentos da Metz e da Cactus. Em questões de iluminação utilizei o kit TL-600 da Metz, as duas cabeças de flash quando copuladas com as soft box SB 60-90 permitem uma iluminação bastante suave, o ideal para esta situação. Uma das grandes vantagens deste kit é a facilidade de transporte do equipamento, através da mala de transporte T-75 facilmente transporto todo o material e monto o estúdio onde quiser. Como sistema de disparo utilizei dois Wireless Flash Transceiver V6 da Cactus, são excelentes em qualquer condição de luz pois a transmissão é feita por rádio frequência e não por infravermelhos. No segundo conjunto de imagens utilizei exactamente o mesmo equipamento, mas desta vez em estúdio. O trabalho solicitado pela Loja do Guincho, pertencente ao Grupo Bar do Guincho, resumia-se a realizar imagens dos produtos comercializados pela mesma, nomeadamente vestuário e acessórios, para integrarem na sua nova loja online que estará disponível muito em breve. Foi um dia de muito trabalho, fotografamos das 10 horas da manhã até às 19 horas da tarde apenas com uma pequena pausa para almoçar, tanto os meios humanos como os mecânicos estiveram sempre à altura do desafio solicitado e os resultados estão à vista. Falando um pouco das objectivas que utilizo nestes e noutros trabalhos. No âmbito da fotografia de desporto não dispenso a Tamron 150-600mm f/5.0-6.3 AF Di VC USD é uma objectiva com um excelente desempenho. Rapidez de foco, nitidez e qualidade construtiva são na minha opinião as características que mais a evidenciam. É uma objectiva preparada para corresponder aos maiores desafios, em particular, utilizo-a numa base diária durante o período de Verão para a realização de fotografias de surf, é uma objectiva indispensável. Outra objectiva de que não abdico é a Tamron SP 15-30 f/2.8 Di VC USD, uma objectiva bastante robusta em termos construtivos, sharp, luminosa e extremamente competente para muitas áreas de fotografia. De todas as suas capacidades o que mais me agrada nesta objectiva é a sua versatilidade. É uma objectiva indispensável no meu set, esteja eu a fotografar interiores, social ou paisagem a escolha é indiscutível, o espectro de utilização para esta objectiva é tão alargado que acabei por começar a utiliza-la também fora do âmbito profissional durante viagens de lazer em que não senti necessidade de a retirar do corpo da máquina uma única vez. No que respeita à fotografia de moda a Tamron 70-200mm f/2.8 Di VC USD é a escolha óbvia, na minha opinião dispensa apresentações, rápida a focar, luminosa, robusta e competente, uma amiga! Ultimamente tive o privilégio de experimentar a nova Tamron SP 85mm F/1.8 Di VC USD, com uma qualidade óptica excelente e a leveza associada a um objectiva prime fiquei com a certeza que experimentei esta objectiva muito menos do que aquilo que gostaria. Biografia Miguel Dias Ferreira nasceu em Lisboa, em 1978 e é fotógrafo freelancer. Frequentou o curso de fotografia profissional na Escola Oficina da Imagem onde é, actualmente, professor na área de Moda e Nu Artístico. O seu trabalho de final de curso sobre os sem-abrigo da cidade de Lisboa foi submetido à rigorosa avaliação da FEP (Federation of European Photographers), da qual resultou a obtenção do grau QEP (Qualified European Photographer), grau concedido apenas aos mais talentosos fotógrafos europeus. Foi-lhe também atribuído o grau de fotógrafo especialista pela APPimagem e durante os “FEP European Professional Photographer of The Year Awards 2015” duas das suas imagens foram premiadas com um Merit Award na categoria de casamento e um Distinction Award na categoria de fotojornalismo. Actualmente é embaixador da prestigiada marca de objectivas Tamron. Trabalha maioritariamente em fotografia de moda, social e desporto. No mundo da moda tem colaborado com o estilista João Rôlo na realização de desfiles e elaboração de catálogos para a marca. A experiência obtida nos seus trabalhos de moda confere um estilo diferenciado às sessões fotográficas realizadas no âmbito da fotografia social de casamento. A abordagem fotojornalística durante o evento, nada invasiva para noivos e convidados, associada a uma sessão com o glamour de moda, tem sido muito bem recebida pelos clientes. No campo do desporto é o fotógrafo oficial da Moana Surf School no Guincho, onde regista os primeiros passos de quem inicia a actividade no mundo do surf. Além disso, tem também realizado alguns trabalhos na área de fotografia de interiores. Na opinião de Miguel Dias Ferreira “Fotografar não é fazer um ‘disparo’; um projeto fotográfico começa muito antes de pegar na câmara”. Aquilo que mais almeja é continuar a fazer magia com a sua companheira de terreno. w w w . m a r j a p i r i l a . c o m



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25 de Abril de 1974 Jorge Horta tinha 23 anos e já fotografava com regularidade, munido da sua Canon F1. Aquando do “Golpe das Caldas”, prenúncio de que algo grande estaria para breve foi apanhado desprevenido pois não tinha rolos. Então comprou um bom suprimento deles e não teve que esperar muito pela madrugada em que uma prima lhe telefona anunciando que a revolução começara. Seguiu para a baixa lisboeta e o resto é o que se pode ver aqui: um verdadeiro documento histórico, captado de uma maneira muito própria, de quem vai andando e disparando. Guardou as imagens durante, precisamente durante 41 anos e, o ano passado, decidiu digitalizar o espólio. Este ano, nos 42 anos da revolução, publicou as imagens nas redes sociais e a reacção foi muito além das suas expectativas. Algumas das imagens são raras, senão mesmo únicas, como a chegada do carro de Spínola ao Carmo. Outras demonstram a sensibilidade de um verdadeiro retratista, como a do sujeito segurando o jornal (a preferida de Jorge Horta e minha também, logo desde que a vi) ou a do rapaz com as mãos dos soldados à frente. O que aqui se pode ver é uma parte desse espólio que Jorge Horta nos deu a enorme honra e privilégio de publicar.

Biografia Jorge Horta nasceu em Lagos em 1951, tendo crescido num ambiente familiar com um forte cariz humanista e artístico – desde a medicina, à pintura e à poesia, passando pela dança e pela coreografia. Formou-se em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior Técnico. Após uma breve passagem inicial nos primeiros anos, pelo Ensino, pela Investigação e pela Indústria, no final dos anos 70 optou por ir viver em Espanha. Desde então dedicou toda a da sua vida profissional à informática técnica no domínio do grafismo interativo aplicado ao Projeto, ao Fabrico e à Geografia ( CAD/CAM/SIG ) e também ao render e animação 3D por computador. Desde muito cedo a fotografia tornou-se o centro dos seus hobbies, embora nunca tendo concorrido a nenhum concurso, nem realizado nenhuma exposição ou publicação a titulo individual. Até se reformar, além de uma ampla coleção de registos feitos a titulo pessoal, só realizou breves trabalhos esporádicos de reportagem gráfica para terceiros. Na atualidade, é proprietário de uma estrutura de barcos que fazem cruzeiros de natureza e etnografia no Arquipélago dos Bijagós: www.africa-princess.com. Nesta nova etapa, a fotografia ganhou uma nova centralidade no seu dia a dia, não só devido à promoção gráfica dos cruzeiros e à organização de viagens fotográficas no Arquipélago, mas sobretudo pela coleção muito singular de registos dos Bijagós iniciada há quase 10 anos e que continua em crescimento.

Soldado em posição de combate na Rua Garrett



Carro de combate entrando na Rua Garret

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A express達o da liberdade

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Movimentação de tropas no Chiado

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Avanรงo das tropas para o Largo do Carmo

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Ouvindo as Ăşltimas nos transistores

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População no Quartel do Carmo onde se escondeu Marcello Caetano

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População no Quartel do Carmo, pormenor

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Esperando a liberdade

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A chegada do General SpĂ­nola ao Carmo

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População no Quartel do Carmo

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Enquanto os civis pediam notícias um soldado lia a última edição

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Alegria e boa disposição à portuguesa

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Um gole para animar

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O descanso dos her贸is

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NAQUELA MANHÃ DE 25 de ABRIL DE 1974... Depois de um interregno sem escrever, eis que o diretor da DP Arte Fotográfica, me liga a pedir o texto para o mês de Abril e, que podia abordar o tema do 25 de Abril... Parece fácil mas de facto.. assim não é... Já várias vezes manifestei opinião sobre esta data histórica, mas sempre em jeito opinativo e nunca como algo que diretamente se tenha passado comigo. Hoje no entanto, resolvi rebobinar um pouco o meu filme e descrever onde dei por este acontecimento: No dia 24, decidi que tinha que ir a Lisboa a uma consulta marcada há bastante tempo! Levantei-me cedo, 6h daquela manhã, para ir apanhar o comboio... A caminho, encontrei um senhor que me perguntou; “para onde vais tão cedo?!” Para Lisboa Sr Joaquim! “É 98_

pá, olha que está a haver uma revolta e parece que está tudo cercado lá em Lisboa!” Bem, eu continuei a minha vida! Não tinha telefone, não tinha rádio, vivia numa aldeia muito pequenina, acordei, “puro” sem nada saber do mundo. Já no comboio comecei a ouvir os murmúrios de uns tantos, segredando apreensivos de que algo estava a acontecer no País. Não podia adiar mais a consulta, por isso continuei. Quando cheguei ao Rossio e dei com todo aquele aparato bélico, de repente lembrei-me que afinal tinha estado na guerra há tão pouco tempo e aquela visão me estava a levar à magia das visões aterradoras que tinha vivido... Apesar disso, a Guiné já tinha ficado para trás e bem longe e ali estavam armas, carros, tanques etc, que afinal teriam algo para executar: O derrube, de um regime que mandou para o matadouro ultramarino, milhares de milhares de jovens com 20 anos na flor da idade sem nada terem cometido para irem ser criminosos, (porque tinham que matar..) e sem esperança, para trás ficava tudo, pais, noivas, esposas, filhos, era a guerra sem sentido... Fiquei indeciso no que podia fazer mas rápido conclui que o melhor era apanhar o comboio rapidamente antes que fica-se envolvido no cerco e sem poder comunicar com a minha esposa que estava em casa grávida da minha primeira filha que viria a nascer a 28 de Maio. Estas coisas contadas nos tempos tecnológicos que vivemos, parecem histórias da carochinha, comparando o avanço tecnológico que hoje nos envolve quase como alienados. A história é


muito grande mas eu vou resumir dizendo, que a comandar aquelas forças determinado a acabar a forma de governar de então, era assumida naquela madrugada por esse verdadeiro herói, que deu ordem a entoar os tiros da rendição, o capitão de 28 anos Salgueiro Maia, que viria a morrer novo e que sempre disse que nada queria para si. Disse mesmo segundo reza a história: “Não se preocupem com o local onde sepultar o meu corpo, preocupem-se é com aqueles que querem sepultar o que ajudei a construir!” Outros tempos, outra gente...mas é hábito dizer-se que os bons morrem cedo!... Já referi que esta história parece conversa de “velhos”, mas é feita de pura realidade contendo a emoção e sentimento daqueles momentos. Entendi, que a nossa revista merecia este meu desabafo e exclusiva confissão nesta data de Abril de 2016! Passados 42 anos, estou melhor hoje!? Sim, e, não incomparavelmente... Tudo que me impedia de saber mais e mais, passei a ter, todavia perdi a pureza da emoção e o conhecimento excessivo e por vezes falseado passou a ser um aborrecimento e um stress; Hoje sou vigiado, violado e

registado por todas as formas digitais coisas próprias do século XXI. Qual delas a melhor!?...Se calhar doseadas as duas eram melhores, mas...como os tempos comandam a vida, eis que é aqui que nos situamos. Este privilégio que eu tive naquela data não se tem todos os dias de ver a baixa de Lisboa tão decorada com material bélico e tanto povo em expectativa e aclamação. Hoje apenas posso afirmar que viva o 25 de Abril, mas que acordem aqueles que dormem deixando tantos a servir-se dos valores trocados por corrupção e indiferenças. As imagens, hoje chegam-nos ás catadupas oriundas de tudo o que é sitio, até da “nuvem”..., mas a Fotografia Portuguesa e os Fotógrafos profissionais passaram a estar muito pior e ignorados. Viva a Fotografia como Arte e Cultura!

Celestino N. F. Santos Abril 2016 _99


“Fotojornalismo: objectiva-subjectiva?”

Na Wikipédia podemos encontrar esta definição: O fotojornalismo é um ramo da fotografia onde é imprescindível a informação clara e objectiva. Associamos o fotojornalismo a sério às grandes reportagens de guerra ou de catástrofe. Temos presente mais recentemente o problema dos refugiados ou o estado islâmico. Talvez possamos entender que o fotojornalismo é algo nobre e de cariz social. O fotojornalista “tem” por obrigação revelar factos e eventos em que as sociedades sejam retratadas quer estejamos a lidar com política, descobertas cientificas, grandes feitos do Homem, ou simplesmente o pequeno drama de bairro. Desde o fotojornalismo paparazzi, até ao trabalho de revistas cor-de-rosa, desde o fotojornalismo de guerra até aos grandes temas da National Geographic, tudo cabe neste grande saco que é o fotojornalismo. Hoje, e talvez desde sempre, o fotógrafo que trabalha para uma qualquer publicação (revista, jornal, portal na net, etc.) é um fotojornalista. Esta será pelo menos a sua profissão, mesmo que não fotografe grandes acontecimentos. Vejamos o fotógrafo que trabalha para o jornal de uma pequena câmara municipal: o seu 100_

trabalho poderá incluir desde registar a obra do esgoto, até às inaugurações que o seu presidente realiza amiúde. Falamos de fotojornalismo? Sim, pois este profissional mostra a realidade clara e objectiva. Claro que aqui podemos introduzir várias nuances sobre a noção de clareza e objectividade. No que toca à política sabemos que nem sempre isso acontece…

“isento” senão, muito provavelmente, não conheceríamos um terço das atrocidades, genocídios, brutalidades, atropelos e tantos outros ataques à dignidade humana. Porque essa “isenção amorfa” pode ser favorável ao agressor, ao opressor, ao ditador, ao facínora. Mas também tem que ser isento para que a informação-fotografia seja vista por todos com a tal clareza e objectividade.

Hoje, a ética jornalística é, infelizmente, pouco respeitada. E quando digo ética, falo de isenção e neutralidade. É possível? Talvez não.

A definição da Wikipédia embora nobre, passa pelo actor principal que é o fotógrafo. É a sua própria ética que define a sua isenção e objectividade (embora acredite que nunca podemos ser totalmente isentos, pois existe sempre uma posição politica individual sobre a vida e a sociedade). A questão da objectividade é, pois, subjectiva em si.

O “fotojornalista” pode ser um mero mensageiro. Mas também pode ser os olhos que o mundo precisa para descobrir os factos. Quero com isto dizer que a linha que separa a neutralidade da manipulação é ténue, mas existe. O jornalista-fotografo não tem que ser

Paulo Roberto


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Menino do Bairro Negro

Zeca Afonso in Baladas de Coimbra, 1963 Imagem © Jorge Pinto Guedes

Olha o sol que vais nascendo Anda ver o mar Os meninos vão correndo Ver o sol chegar

Menino pobre o teu lar Queira ou não queira o papão Há-de um dia cantar Esta canção

Menino sem condição Irmão de todos os nus Tira os olhos do chão Vem ver a luz

Olha o sol que vai nascendo Anda ver o mar Os meninos vão correndo Ver o sol chegar

Menino do mal trajar Um novo dia lá vem Só quem souber cantar Virá também

Se até dá gosto cantar Se toda a terra sorri Quem te não há-de amar Menino a ti

Negro bairro negro Bairro Negro Onde não há pão Não há sossego

Se não é fúria a razão Se toda a gente quiser Um dia hás-de aprender Haja o que houver Negro bairro negro Bairro negro Onde não há pão Não há sossego

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Menino pobre o teu lar Queira ou não queira o papão Há-de um dia cantar Esta canção



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