Retratos de Cuba d e J o s é C a r lo s Co s ta
Colecção Olhar Português série III / Vol. III
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Em memória de José Maria Gomes da Costa / por me ter permitido ser quem sou...
“Retratos de Cuba” Uma fluidez sem restrições informa os projetos fotográficos e exposições de José Carlos Costa, assim como uma determinação suave para dissolver as fronteiras entre a instituição e o seu exterior, a obra de arte e o quotidiano, a audiência e a participação ativa. Em 2014, Costa fez uma viagem a Cuba onde fez retratos de crianças, jovens, idosos e tudo o que caracteriza uma cidade dos anos 50, mostrando a realidade crua de um país imperfeito. Umas vezes são retratos de uma só pessoa, outras de grupos de duas ou três. A abordagem decididamente conceptual destes «Retratos de Cuba» é sempre a mesma: Costa fotografa edifícios desgastados e carros de cores vibrantes onde quer que vá. Não há encenações. As pessoas olham direta e naturalmente para a câmara fotográfica. A fotografia é tirada ligeiramente de baixo, sempre à luz do dia e com luz natural. As pessoas, os edifícios, os carros e tudo o que é capturado sobressaem na fotografia, destacando-se nitidamente o seu contorno contra a paisagem e o fundo. Esta grande precisão está em absoluta contradição com a aura de incerteza, de vulnerabilidade, evidenciada pelos fotografados. Plenamente conscientes das convenções do retrato fotográfico, as pessoas procuram a expressão adequada e a pose pessoal que gostariam de apresentar ao fotógrafo ou aos que verão posteriormente a fotografia. Os «Retratos de Cuba» são um testemunho sensível da busca e da apresentação de si. Algures na interação entre a despreocupação e o lugar-comum, o individual e o geral, a identidade faz o seu aparecimento ao nível artístico. José Carlos Costa constrói mundos autónomos em cada enquadramento, com uma síntese de estilos tão convincente que os resquícios individuais da fotografia documental, do cinema e da pintura são difíceis de referenciar e o longo momento transforma-se em imediato e decisivo uma vez mais. Sendo um homem ligado à ciência, José Carlos Costa provou ser um analista inovador da construção pictórica (e dos seus limites). An unreserved variability informs the photographic projects and exhibitions of José Carlos Costa, as well as a soft determination to dissolve the boundaries between the institution and its exterior, the work of art and daily life, the audience and active participation. In 2014, Costa made a trip to Cuba where he made portraits of children, young and elderly people, and everything that characterizes a city from the 50’s, showing the crude reality of an imperfect country. Sometimes they are portraits of one person, others of groups of two or three. The distinctly conceptual approach of these «Portraits from Cuba» is always the same: Costa photographs worn-out buildings and cars of vibrant colours anywhere he goes. There are no scenarios. People look directly and naturally at the camera. The photo is taken slightly from below, always in daylight and with natural light. The people, the buildings, the cars and everything that is captured stand out in the photograph, clearly outlining its contour against the landscape and the background. This great precision is in absolute contradiction with the aura of uncertainty, of vulnerability, evidenced by those portrayed. Fully aware of the conventions of portrait photography, people look for the appropriate expression and personal pose they would like to present to the photographer or to those who will later see the photo. The «Portraits from Cuba» are a sensitive testimony of the search and presentation of himself. Somewhere in the interaction between unconcern and the commonplace, the individual and the general, identity makes its appearance at the artistic level. José Carlos Costa builds autonomous worlds in every frame, with a synthesis of styles so convincing that the individual vestiges of documentary photography, film and painting are difficult to reference, and the long moment is transformed into immediate and decisive once again. Being a man connected to science, José Carlos Costa proved to be an innovative analyst of pictorial construction (and its limits). Adriana Henriques Artista Plástica e Curadora /5
Vaguear pelas ruas de Cuba é um regresso ao passado, é entrar numa cápsula do tempo e sair numa ilha suspensa nos anos 50! “Havana velha” é um genuíno museu vivo. Os seus edifícios desgastados de cores plácidas e os seus carros de cores vibrantes remontam para um tempo gasto e uma realidade esgotada. Na calçada o pó levanta e os buracos mostram a realidade crua de um país inacabado. Há mendigos, há loucos, há trabalhadores sem motivação, gente que regateia e massacra e me dirige palavras sem sentido, e muitos que me pedem para serem fotografados. Outros sentados na porta de casa contam o tempo passar… Apesar das dificuldades evidentes no seu rosto, nas suas casas, nos vestígios da sua vida, existe uma inesperada diversidade de transeuntes. Uns apresentam-se com um rosto gasto, de sorriso conformado, mas pacífico. Nos restantes, as suas sobrancelhas não são descaídas, os cantos dos lábios não são curvas tristes, os olhos são expressivos e a idade não se vislumbra na pele. Estes cubanos voluteiam no café da esquina como as notas se ordenam na pauta musical… um ritmo perfeito nos pés… Estes são os retratos de Cuba. Wandering through the streets of Cuba is a return to the past, is like entering in a time capsule and leave on an island suspended in the 50’s! “Old Havana” is a genuine living museum. Its worn-out buildings of placid colours and their cars of vibrant colours go back to a time spent and an exhausted reality. On the sidewalk the dust rises and the holes show the raw reality of an unfinished country. There are beggars, crazies, and workers without motivation, people who haggle and annoy, and through me nonsense words, and many who ask me to be photographed. Others sitting at the door of the house tell time to pass... Despite the obvious difficulties in their faces, in their houses, in the traces of their life, there is an unexpected diversity of bystanders. Some present themselves with a worn face, with a settled but peaceful smile. In the others, their eyebrows are not drooping, the corners of the lips are not sad curves, their eyes are expressive and the age cannot be seen in the skin. These Cubans volute in the corner cafe as the notes are sorted on the musical sheet... a perfect rhythm in the feet ... These are the Portraits from Cuba. José Carlos Costa
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José Carlos Costa nasceu em agosto de 1978, em Espinho (Braga). Apesar de ter uma formação científica, com um Doutoramento em Engenharia Química e Biológica pela Universidade do Minho, a fotografia foi desde sempre a sua forma eleita de expressão artística, mostrando o mundo não como o vemos, mas como ele o interpreta, por vezes introspetivo como as longas exposições a preto e branco, e outras vezes colorido como as paisagens do Gerês ou Marítimas. Os seus temas favoritos são paisagens urbanas e marítimas, arquitetura e viagem. Desde finais de 2014 participou em diversos concursos de fotografia e conta já com mais de 25 medalhas e distinções internacionais e mais de 40 fotografias aceites/ selecionadas em salões internacionais de fotografia organizados pela Federação internacional de arte fotográfica (FIAP) e da Sociedade Americana de Fotografia (PSA). Estes salões cobrem diferentes países, incluindo a Bélgica, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, França, Hungria, Inglaterra, País de Gales, Portugal, Sérvia e Turquia. Nos últimos 4 anos apresentou o seu trabalho em 20 exposições individuais, e em exposições coletivas, livros e revistas de fotografia (nacionais e internacionais).
José Carlos Costa was born in August 1978, in Braga (Portugal). Despite having a scientific background, with a PhD in Chemical and Biological Engineering from the University of Minho, photography has always been his chosen form of artistic expression, showing the world not as we see it, but as he interprets it, sometimes introspective such as the black and white long exposures, and other times as colourful as the landscapes of Geres or seascapes. His favourite themes are urban and seascapes, architecture and travel. Since the end of 2014 he has participated in several photo competitions and already has more than 25 medals and international awards and over 40 accepted/ selected photographs in international photo salons organized by the International Federation of Photographic Art (FIAP) and the Photography Society of America (PSA). These salons cover different countries, including Belgium, Slovakia, Slovenia, Spain, France, Hungary, England, Wales, Portugal, Serbia and Turkey. In the last 4 years he has presented his work in 20 individual exhibitions, and in collective exhibitions, books and photo magazines (national and international).