Affonso Eduardo Reidy

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Affonso Eduardo Reidy Hilmar Diniz Paiva Filho


Vista do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

Affonso Eduardo Reidy A obra de Affonso Eduardo Reidy se confunde com a própria arquitetura moderna brasileira. Nascido em 1909, em Paris, filho de mãe brasileira e pai escocês, viveu quase sempre no Brasil, onde estudou e se graduou arquiteto pela Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro no ano de 1930. Segundo Bruand, sem dúvida nenhuma, Affonso Reidy é figura de proa, não sendo exagero considerá-lo chef de file, junto com Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Ainda na faculdade, trabalhou no escritório de Alfred Agache, arquiteto francês, contratado pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro para elaborar o Plano Diretor da cidade, à época com pouco mais de 2 milhões de habitantes. Com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, após a Revolução de 30, inicia-se o chamado período nacional-desenvolvimentista, que foi de fundamental importância para a fundamentação e afirmação da moderna arquitetura brasileira. Em 1931, Lúcio Costa é nomedo diretor da Escola Nacional de Belas Artes (ENBA) e contrata Reidy para trabalhar como assistente de Gregori Warchavchik, que por sua vez foi contratado para dar uma nova feição ao ensino da Arquitetura. Com a saída de Costa, e Warchavchik, Reidy assume a cadeira de Pequenas Composições até 1933. Em 1932 ingressa no serviço público e a partir daí começa a trabalhar principalmente com as demandas da Prefeitura do Rio de Janeiro, o que possibilitou a Reidy a desenvolver diversos projetos com forte apelo social, principalmente nos conjuntos habitacionais de Pedregulho e da Gávea.


Vista do Aterro do Flamengo

Cronologia da vida e principais obras

1909 1931 1931 1931 1932 1935 1936/1942 1946 1947/1958 1948 1950 1950 1951 1952 1954/1958 1959 1962/1964 1964

Nasce em Paris. Forma-se na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro. É indicado assistente de Gregori Warchavchik, na Faculdade de Arquitetura da ENBA. Ganha o 1º Prêmio do Concurso para o Projeto do Albergue da Boa Vontade, uma das primeiras obras Modernas no Brasil. Ingressa na Prefeitura do Rio de Janeiro. Participa do Concurso para o novo edifício do Ministério da Educação e Saúde Pública. Participa da equipe que projetou edifício do Ministério da Educação e Saúde Pública. Onde trabalhou com Le Corbusier. Projeto do Concurso residencial de Pedregulho. Construção do Conjunto Residencial de Pedregulho. Reelabora o Plano Diretor da Cidade do Rio de Janeiro. Projeto do Teatro de Marechal Hermes. Projeto da Residência Carmen Portinho. Recebe o 1º Prêmio da 1º Bienal de Arte da Cidade de São Paulo pelo projeto de Pedregulho. Projeto do Conjunto Residencial da Gávea. Projeto do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Casa em Itaipava. Projeta vários edifícios e equipamentos construídos no Aterro do Flamengo. Morre aos 55 anos.


Ministério da Educação e Saúde Pública Esplanada do Castelo, Rio de Janeiro, 1935

Em 1935 participa do concurso para o edifício do Ministério da Educação e Saúde Pública, com uma proposta dentro dos preceitos da então nova arquitetura moderna. Apesar da sua desclassificação, esse fato foi fundamental na sua carreira, pois com a anulação do concurso pelo ministro Gustavo Capanema, Lúcio Costa, chamado a elaborar um novo projeto, convida Reidy para fazer parte de sua equipe, juntamente com Jorge Moreira, Ernani Vasconcelos, Carlos Leão e Oscar Niemeyer. Esse fato é marcante, pois para dar consultoria a essa equipe foi contratado Le Corbusier, que influenciou enormemente o grupo e assinalou efetivamente a renovação na Arquitetura Brasileira. O prédio do Ministério, fruto da criação desta equipe e que inegavelmente assimilou todos os preceitos do mestre franco suíço, tornou-se um paradigma da nova arquitetura.

Perspectiva s das 2 primeiras propostas.

Edidífio construído com a contribuição de Le Corbusier.


Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes Pedregulho, Rio de Janeiro, 1946

A Prefeitura do Rio queria construir um conjunto habitacional para os seus funcionários e a partir de uma minuciosa pesquisa junto aos futuros moradores, Reidy elabora um projeto que é uma brilhante síntese de todo o pensamento moderno. Em Pedregulho aparecem todos os conceitos de Le Corbusier, tratados por Reidy com uma visão muito acurada das particularidades que o programa exaustivamente estudado exigia. A proposta de Reidy previu a construção de dois blocos de apartamentos dispostos paralelamente e um bloco serpenteante que acompanha a topografia do terreno, mais os blocos destinados a escola e área esportiva. Como uma das maiores preocupações de Reidy era com a implantação de seu projeto como um todo, ele determinou que a construção começasse pelos prédios comunitários, garantindo assim a integridade do conjunto.. Os acessos ao bloco maior são feitos por um pavimento intermediário, eliminando com isso a instalação de elevadores. Esse projeto é um dos exemplares de arquitetura brasileira mais divulgados no Brasil e no exterior, garantindo com isso uma grande notoriedade ao trabalho de Reidy.

Vista do conjunto. Paisagismo Burle Marx.

Implantação.


Conjunto Residencial Marquês de São Vicente Gávea, Rio de Janeiro, 1952

Em função de um programa e condições topográficas similares, no conjunto da Gávea Reidy adota solução semelhante a de Pedregulho, porém com um desenho muito mais refinado, onde a influência de Niemeyer é notada particularmente no desenho em “V” dos pilares do pavimento intermediário – que assim como em Pedregulho também serve como pavimento de acesso. Infelizmente esse projeto não foi executado em sua totalidade e - pior que isso – durante a ditadura militar sofreu uma terrível mutilação. O grande arco de transição no nível dos pilotis foi suprimido juntamente com vários apartamentos no dois primeiros andares para permitir a passagem de uma autopista que faria a ligação com o túnel Dois Irmãos.

Maquete do bloco A.

Vista do bloco A.


Teatro Popular Armando Gonzaga

Marechal Hermes, Rio de Janeiro, 1950 Esta obra esta muito próxima as experiências realizadas em Pedregulho. Forma e contexto. Um volume claro, mas com interessante resolução estrutural, dá uma nova interpretação ao edifício teatral. Seu volume único, nitidamente procurando unificar o programa, causa uma ruptura no modelo tradicional do teatro, que se arrastava desde o Renascimento. Não se percebe mais volumes diferentes em função de seus usos (saguão, platéia e palco).

Vista externa. Paisagismo de Roberto Burle Marx. Painéis laterais de Paulo Werneck.

Corte longitudinal.


Residência Carmen Portinho

Jacarepaguá, Rio de Janeiro, 1950 Aqui novamente Reidy retorna ao seu repertório formal. Dois blocos trapezoidais acomodam o programa da residência num terreno com forte inclinação. Um desses volumes repousa sobre o solo, enquanto o outro se adapta ao terreno através de pilotis. A obra destaca-se do entorno, fazendo claro os princípios do racionalismo – a interferência do homem. Explora-se a paisagem, mas sem agressividade. A casa mantém-se discreta, mas não confunde-se com o ambiente.

Caixilho da sala dominando inteiramente a fachada sudoeste.

Residência vista do solo.


Colégio Brasil-Paraguai Assunção, Paraguai, 1952

No Colégio Brasil-Paraguai aparece nitidamente a influencia que Reidy teve de Oscar Niemeyer e Le Corbusier. Os projetos contemporâneos desta obra, as construções realizadas por Niemeyer em Diamantina, Minas Gerais e o edifício em Marselha de Le Corbusier, já exploravam novas formas dos pilotis. Reidy utiliza os pilotis de uma maneira a proporcionar a maior transparência e continuidade possível, resultando assim em uma estrutura semi-porticada. Nesta operação consegue um resultado bastante expressivo e uniformidade para o programa quanto as condições de iluminação e ventilação.

Vista do bloco escola.

Perspectiva interna do pavimento térreo do bloco escola.


Detalhe dos pilares “V”, de apoio da 1a laje.

Seções transversas.


Oscar Niemeyer, Hotel, Diamantina, 1951.

Oscar Niemeyer, Escola Julia Kubitschek, Diamantina, 1951.


Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, 1953

O projeto realizado em uma área central da cidade do Rio de Janeiro reservada para a instalação de um parque público, o Aterro do Flamengo, possui bastante critério em sua implantação. A horizontalidade e a transparência foram o partido adotado, contemplando os marcantes aspectos físicos do local, uma baía circundada por montanhas. O resultado do programa sintetizado em 3 blocos tenta interferir o mínimo possível com a estrutura da paisagem. O bloco principal, o de exposições, possui o seu andar térreo livre e desobstruído. As pesquisas iniciadas no Colégio Brasil-Paraguai prosseguiram no Museu de Arte Moderna. Agora pórticos dispostos a cada 10 metros permitiram uma transparência inicial onde o obstáculo pode ser cortado pelo olhar.

Vista frontal do jardim.


Planta Pavimento Térreo.

Planta 1º Pavimento - Subsolo do Teatro - Subsolo Bloco Escola

Planta 2º Pavimento.


Seção da estrutura da Galeria Exposições.

Seção da estrutura da Galeria Exposições. Notar iluminação zenital.

Teatro fachada sul.


Esquema de utilização da Galeria de Exposições.

Área de exposição.



Bibliografia BRUAND, Yves. Arquitetura Contempor창nea no Brasil. S찾o Paulo: Perspectiva, 1981. BONDUKI, Nabil e PORTINHO, Carmen. Affonso Eduardo Reidy. S찾o Paulo: Editorial Blau, 2000.


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