Estrela do mar
Altair Boeira
Aposto que esse seu olhar é o mesmo desde que você nasceu. Ele pôde adormecer. Ele pôde restabelecer alguma conexão e saiu um bocado de si como a dias não fazia sem um ópio qualquer. Por mais complicado que pudesse ser, ele devia tentar. E por mais que a equação não se fechava de forma igual, porque não acreditar que o resultado burro possa estar certo.
Ele recolheu as meias molhadas dela pela casa, e foi junto a ela para cama. A noite era vazia, como muitas outras em que somente nossos pensamentos não adormecem ou nos deixam em paz. Era uma tragédia como qualquer outra, mas ao mesmo era um espetáculo sem igual. A quantos enigmas indecifráveis em coisas impossíveis a quem o homem pode ter chegado? Ele pode dizer que o mesmo corpo que lhe carregou agua pelas entranhas muitas vezes o levou ao estado etílico de perder de forma total seus sentidos. Que a boca que sacia de uma sede infernal por muitas vezes desencontrada pôde se entrelaçar como se encontrasse entre o inferno e o prazer de algum aço resistente a tudo. Ele pode dizer de seus dedos ou de suas mãos, oras tão traidoras de seus pensamentos para com tudo estavam como flutuar em uma onda curta de uma pele morena, ora a elevar a perna dela por seu corpo, as pernas as muitas, como se a parede fosse infinita como se pudesse a fazer escalar por todo seu ser, que seu sorriso despontava de seus olhos e as frases infernais a atravessavam por todos os sentidos. Ela podia saciar destas coisas tediosas dele como se fossem o magnifico que ela sempre buscou, porem era dela e dele este paraíso. Ela o sorriu por última vez quando não mais luzes haviam para encher as cores de seus olhos, e tentando buscar ainda em si a realidade que se perdia ela devia a ele um boa noite como se fosse bom dia.
Muitas vezes encontramos o dia. Muitas vezes só teremos a noite como nossa aliada. Nem mesmo o silencio pressuposto dos corações pode nos deixar só. Ela era um completar racional. Era uma tarde amena, o frio lhe arrepiava a derme, ela sentou na acama tentando explicar a todas as coisas intermináveis da vida, e ele ainda que ainda se balançava sobre o lençol levantou que, como sempre, onde três pontos podem por assim fazer um triangulo. Ela muito interessada com o
fato olhou para o longe a se perguntar onde isso poderia ser logico? Então rápido ela olhou para os lados e buscou um bloco de papel e um lápis no criado mudo. Saltou de volta ao seu lado dizendo, me mostre?! Ele pegou esses para si de forma que enquanto desenhasse sua lógica sobre as coisas ela somente pudesse ver seus olhos a rabiscar sob o papel. Ela inclinou a cabeça para a esquerda e ergueu as sobrancelhas a aguardar o resultado, e por mais que fosse algo simples, enquanto ele a olhava sobre o papel fingindo escrever algo espetacular, ele adorava sua imagem rabugenta sobre o enigma, seus lábios tão belos. Ao lhe entregar o papel ela já sabia o que ele tinha feito e não pode evitar um, não assim, isso é uma linha reta, mas de forma logica não era um triangulo, ele respondeu. Ele se ergueu da cama a rir de seu semblante e ela ainda preocupada com os resultados começou a inventar uma equação qualquer para provar está a sua, então falando com o lápis entre os dentes começou, se X esta em um ponto e 2X em este outro ponto, quando o objeto preso a esses dois pontos for solto, ele tende a ir para esta direção e logo após a força X2 vai levar este para este ponto, o mesmo X2, então concluímos que sim, há uma força logica nas coisas onde três pontos formam um triangulo. Ele franziu a testa ainda tragar um cigarro e olhando de forma séria lhe perguntou de onde ela tirou isso, ela sorriu a bagunçar os cabelos e abrindo todo aquele sorrir que ele adorava dizendo, eu inventei agora. Ele sorriu para ela enquanto ela se desajeitava, você nunca desiste de estar certa? Ela olhou para o nada em um angulo de timidez e respondeu, não posso estar errada sobre isso, tudo é logico nisso, tudo é racional, menos você, que é subversivo, mas quem não nos dias de hoje? Ela sorriu de volta para ele abrindo bem os olhos junto a sua face e pulou sobre seu corpo, ele reclamou sobro o quanto do tempo tem e ela lhe falou ao pé do ouvido ficando na ponta dos pés, mais vinte minutos, homem, e é preciso aproveitar bem essas suas virgulas.
Ele gostava de como ela levara suas histórias, e conforme ela falava ele poderia dizer que entenderia mais e mais das reações as coisas que ele tanto tentava prestar atenção. Outra tarde fria, ela dizia. Ela estava a olhar de forma apaixonada para rua a namorar as pessoas e seus casacos enormes, seus destinos sem destinos, seus montes e vazios. O frio das ruas e o calor de seus corações. Bom para dormir né? Bom para ter uma
paixão. Ele ainda deitado na cama olhava para ela sentada próximo da janela a tomar sua xicara de café. Ele a olhava como todos os dias que pôde ver ela, a olhava a esperar que ela sorrisse pelo nada, e que nada já a fizesse feliz. Vamos dormir até o verão, resmungou ele da cama. Vamos sair e sentir saudade de nossa quente cama, respondeu ela. Ele foi para próximo dela na janela e sentou ao seu lado. Tomou sua caneca e deu um gole, devolveu e deu um beijo em sua orelha. Olhou para rua e voltou aos seus olhos nos dela. Você é tão bela, disse ele a sua face, a sentir sua respiração, a tocar seus pés com a ponta dos dedos. Sabe sobre quando te pela primeira vez, nada disso que posso dizer ter agora poderia estar aqui se não fosse meu sentir de perder você. Não posso dizer que perder era a palavra, eu não a tinha, mas não cabia em mim a vontade de te ver distante. Saber que você estava por ali foi me parecendo conveniente, mas sei lá, de-repente foi me escapando, foi assim, foi com você me escapando que comecei a entender que você deveria ser a pressa de ser. Mesmo com o desarrumo, você pode entender que isso, talvez fora de todas as coisas que passavam por minha cabeça, eu sempre tentei deixar um lugar para você aqui ficar.
Ela lhe sorriu depois do beijo e lhe perguntou por que ele foi tão bobo com isso, ele não soube responder e somente olhou para seus lábios. A uma tragédia em todos nós, mas isso que você fez foi muito bobo de sua parte. Em você era mais que um lugar para guardar, era uma casa, mas você me pareceu inalcançável, respondeu ele. E você me pareceu distante disso, ou pelo menos desinteressado, falou ela. Não era uma verdade ao mundo, mas era uma história velha para mundo. Pensei muitas vezes em minha vida em dar um fim dramático as coisas. Lembra-se de quando brincava que se alguma coisa estivesse a minha frente eu simplesmente pensava em eliminar, BANG! Ele sorriu. Sim claro que posso lembrar-me disso, mas onde se pode eliminar as coisas provavelmente se perde a harmonia. Para você o errado nunca serviu por completo. Pois então, ela falou juntando as mãos junto aos joelhos, o que você estava fazendo mesmo? Timidamente ele teve admitir que talvez, talvez, mais uma vez ela estivesse certa. Ela se pôs a juntar as frases de sua cabeça e soltar uma palavra pós à outra a fim de dramatizar o atraso de suas coisas, suas fugas e que como a tudo isso poderia ser evitado, como guerras e chafarizes
poderiam viver felizes em um mundo de elefantes azulados e ele beijou seus lábios de forma quente a que ela só pode responder puxando seu corpo de volta para cama. Ele respirou sobre seus lábios enquanto olhava suas maças e buscava seu pescoço. Suas mãos navegavam por sua cintura de pele morena enquanto as pernas dela subiam por suas costas a trazer seu corpo para mais próximo do seu. O suspirar de seu ar a fazia tremer e enquanto sua mão navegava de sua cintura a sua perna ela mordicava seu pescoço, seu seio tão belo e macio se igualava ao sabor de seu sexo. Porque você tem quer ser tão bom, ela disse. Porque você é ótima, respondeu ele.
E mais uma vez, os corpos cansados pelo prazer despertaram. Desta vez o sol já se ia embora, as pessoas diminuam pelas ruas, o inverno se completava e junto dele suas indagações. O frio aumentava no quarto e ela acendeu a luz do abajur e juntou uma revista qualquer para ler. Ela ainda deitada sobre a cama ouvi o respirar preguiçoso dele quando ainda seus sonhos podiam o dominar, ela sussurrou afagando seus cabelos um, porque finge que dorme quando sei que seu sono é meu? Ele sorriu enfiando cara no travesseiro e levou sua mão a tocar o corpo quente dela. Que hora é? Perguntou ele. Não sei, mas escurece rápido lá fora. Não parece ter como escapar disso, chega uma hora em nossos dias que o sol sempre tem que se por. Por que limitar, ele brande da cama, ainda a se revirar entre o lençol. Vamos fugir daqui, para um lugar mais frio, para um lugar com mais sol, talvez Groelândia, ouvi dizer que por lá o inverno dura seis meses, mas que também tem dias de sol que dura uma semana. Vamos! Ela respondeu. Mas onde coloraremos todas as coisas que conseguimos por aqui? Dentro de uma caixa, retrucou ele. Nem grande nem pequena, nem fria, nem quente e nem cheia ou vazia. Para que sempre possa sobrar um espaço, para que sempre possamos catar os restos que caíram ao chão pelo caminho, para nunca esquecer de onde viemos. Tenho medo de você, falou ela. Tenho medo de como as coisas em mim me parecem ser mil coisas e que de todas essas mil coisas, todas essas mil coisas me sejam ótimas. Tenho medo que o que você me vende seja tão breve quanto uma estação febril de sua alma, pois ela me parece nascer assim, desde moleque para saber dos sonhos, e talvez dos meus mais. Tenho medo do quanto fácil você me ganha e tenho mais medo de
te desejar todas essas coisas e não saber por onde começar para te dar nem que seja metade do que você me compra. Muitas vezes você me parece inalcançável. E não eu, oras eu! Sou simples, sou uma pessoa simples, com sonhos simples e uma vida simples. Você parece pisar sobre o mundo sabendo o que dele pode esperar ou tirar, enquanto eu ainda posso olhar pela fresta da porta sem entender muito bem sobre as coisas que venham acontecer ou passar. Tenho medo de você pelo tanto de feliz que você pode me fazer sentir e que isso possa ser algum dia para você algum tipo de verdade não mais absoluta. Vou entender isso de você, pois sei lá, nunca pude te ver de outra forma, mas das muitas vezes que me deixei embalar pelo som de sua voz, seus milhares de sonhos onde palavras despejadas sobre mim me parecem o tudo e seja somente uma vaidade de vossa loucura. Uma vaidade não só sua. Vou entender que desta cria maldita que vem de sua mente, esse lado seu que tanto me ganha, eu, tenho grande parte disso. Por te deixar falar e por alimentar em você posso ser sim, de forma fácil isso que você diz ver em mim. Tenho medo das coisas que tenho e do que possa chegar, sou simples.
Ele ainda deitado virou a cabeça para ela enquanto ela ajeitava os óculos sobre a face. Olhou para a enorme parede branca como se fosse pintar alguma coisa espetacular e voltou a olhar para seus lábios. Posso fazer uma grande obra sobre você, mas não saberia mais dizer por onde começar. Dia desses um amigo levantou um termo Russo a que chamam de cristalizar, sim, não foi em mim sobre você, que o agora tão obvio fosse ser assim. Mas esse seu medo sobre mim, antes de você pensar em ter este, eu já havia em mim sobre você fazendo tempo. Cristalizei quando te vi. Para mim eram dias de derrota total. Para cada dia que pudesse ter sua beleza próxima da minha e não sentir o gosto de seus ou o perfume de seu, ora, não queria saber de seu dia, mas muitas vezes meu pensamento egoísta ia até você para saber como você estava. Você me descreveu em um poema que me desconcertou e aquilo me causou grande desordem mental. Não saberia retribuir de forma melhor as coisas que me inspira que não fosse com minha própria vida. Nunca soube ao certo como eu poderia arrumar minha vida como minha sem ter algo que me valesse muito ganhar para cada camada de terra sobre esse planeta, mas você foi me dando isso de forma rápida e distante. Talvez pelo valor do impossível,
e sim! Pensei muitas vezes que pudesse sofrer de alguma febre terrível de estar eternamente enganado sobre as coisas. Pensei mil vezes que se as coisas de mim sobre você viessem algum dia, a ganhar um tamanho em que tal verdade em mim fosse inevitável, o que você me responderia quando eu lhe disser, vem comigo. A morte mais logica. O fim inevitável. A honra de estar em total certeza com minhas faculdades mentais. Sim! Você me é inalcançável. Derrotado ainda sairia grato aos dias que me deu um lar. Derrotado encararia as coisas como forma de que por algumas horas pude andar sobre algo que acreditar ser foi o que bastou. Levar e remediar. Não somos mais tão jovens para sofrer de amor, mas as vidas humanas são feitas disso por tantas e tantas vezes que eu sonhava em silencio enquanto te olhava falar que aquilo que você me parecia, era tudo aquilo que eu esperava que você fosse, e que era tudo o que mais gostava em você. Mesmo simples, seu lado humano para as coisas, e talvez até sua compaixão, oras, que inveja posso ter. É admirável isso, mas não posso aceitar que o medo esteja somente em seu lado. Ele respirou um pouco do ar que se perdia antes de completar, ela ainda o olhava de forma confusa.
Sempre vou ter um sim para você. E isso em mim é tão logico que posso concordar que isso foge do real das pessoas. Ela agora olhava de forma séria para ele a se perguntar coisas que não mais poderiam sair de sua boca. As cortinas brancas balançavam uma brisa sorrateira pela fresta da janela. Os carros, assim como as pessoas lá fora se diminuíam. Tudo em seu mundo foi perdendo valor. É sobre isso em você que tenho medo, falou ela. Você consegue me vender a ideia que seja ou fosse de forma que me atrai. E você não pede para ficar, é tudo tão errado que acaba me atraindo a concertar. Odeio as coisas que você pôde me falar, por que isso me tem em tudo parecer ser tão belo que não posso deixar de acreditar que seja alguma verdade. Porem... você em nenhum momento me pareceu mentir. Por que seria de você desnecessário falar sobre todas essas coisas que você e o tempo, ou o que o tempo possa ter feito a você em relação a minha pessoa, eu já li sobre esta história e o que posso dizer sobre o agora é se eu posso a deixar passar mais uma vez sobre mim. Pergunto-me quando você exalta esse seu amor sobre mim o que você tenta ganhar é de meu apego a você ou de você para comigo. É de você
sobre mim, interrompeu ele. Eu já sei o que posso sentir sobre você, por mais que tenha um medo terrível de seus lábios, eu saberia viver os dias temendo a hora que eles fossem me dizer adeus, mas sim, preciso saber de você, o que pode sentir sobre mim. E isso me seria gigantescamente bom pelas coisas que já me deixou viver.
Ele estava parado frente a grande janela do aeroporto esperando ver os aviões pousar e decolar sobre a enorme pista. A chuva caia sobre ela de forma que todas as almas do local se sentissem completamente lavadas. Que todas as almas que chegavam e partiam se sentissem de alguma forma em paz. Ele virou para o café e olhou para alto em busca desta paz tão perdida em si, e de lá ele pôde ver um gigantesco vitral que cobria a superfície do local. Um gigantesco e belo conjunto abstrato cheio de cores que ora olhando poderia se dizer muitas coisas, ora poderia ser nada, ora poderia ser tudo e vazio. Belo ele poderia pensar, belo ele ou qualquer outro poderia imaginar. De uma maneira mais simples, ele lembrou que outro dia por ali ele pode ver o mais belo olhar que uma pessoa pode lançar a outra. Uma filha desembarcava, poderia ser de muito tempo, mas nada tirou dele aquela imagem, ela olhou para pai o pai que a esperava de uma forma como se ele fosse seu próprio e mais divino Deus sobre terra. De onde ele estava aquele abstrato poderia se confundir com diversas coisas, coisas como esta sua bela cena particular na memória. À primeira vista você imaginaria aviões em desordem a decolar para todos os destinos possíveis, pensou, mas se fosse observar mais um pouco, certamente iria imaginar não aviões, mas sim um conjunto de pássaros migrando de forma livre para um lugar qualquer. Logico de se ter esse tipo de imagem em um aeroporto. Mais um pouco, se você ficasse pós um longo tempo olhando você poderia acreditar que os vitrais nada mais eram que inúmeras casas vistas do alto. Inúmeras casas sem portas ou janelas. Inúmeras casas com inúmeras vidas, vistas do alto por um piloto qualquer ou inúmeros passageiros sem vida qualquer. Inúmeras vidas vistas por uma única vida qualquer ou uma única vida vista por inúmeros pontos qualquer. Com certeza era uma bela obra e algo inteligente de se ter no alto de um aeroporto. Com certeza poderia ser algo, ou ser nada. E isso ficou como um enigma sobre sua vida. Sobre o coletivo, muitas vezes estamos ao nada.
Ela chegou de forma pontual ao café e olhou a volta para ver onde ele poderia estar. Ela correu sua vista por todos os cafés do saguão e ao o encontrar ele de forma tola ainda a olhar para o teto do lugar ela se perguntou o que diabos ele poderia estar fazendo. Ela acreditou que ele talvez a tivesse visto, porem ele estava tão concentrado no enigma dos vitrais que não notou sua presença a alguns metros. Ela deixou a bolsa sobre balcão sinalizou para o barista um cappuccino, limpou os óculos com manga da blusa, ajeitou a franja ao lado da face e foi a sua direção. Enquanto se aproximava ela foi olhando para onde ele olhava. Chegou ao seu lado como se fosse uma estranha e se pôs a comentar, é realmente uma chuva terrível. Ele sorriu ao a ouvir o tom familiar de sua voz e já a sentir seu perfume inebriando o ar, foi a responder a ela com uma expressa extensiva de um é. Mas não era sobre isso que minha cabeça se preocupava. As precipitações nos sãos inevitáveis, ou pelo menos previsíveis de uma forma boa de para se pensar. Um guarda-chuva nos evita o molhar durante a tempestade, mas o que pode nos evitar uma paixão? O que tirou minha atenção se volta para o tanto de coisas que esses vitrais podem nos dizer, e o tanto de nada que eles podem silenciar. Ela franziu a testa agora olhando para os vitrais tentando ver as mesmas coisas que ele poderia ver. Ele continuou falando, não sei se posso dizer que o artista queria que ali, o mundo ou metade dele, quando por aqui estivesse, pudesse ver nele, aviões, pássaros, casas ou tudo isso ao mesmo tempo. Talvez ele desejasse que para cada coração que por aqui andasse os olhos de sua alma bem desejasse ou poderia isso dizer. Ela respirou e comentou que seu voo iria atrasar. Ele respondeu a culpa ao tempo. Este continua sendo um inimigo as nossas vidas, mas o mesmo tempo o mais franco deles. Vou ter uma casa lá, ela completou. Vou ter uma casa aqui, ele respondeu. O que posso te oferecer é um lar em todos os lugares que você desejar. O que você pode me oferecer é você e que assim, como uma casa de João de barro, pode não ser suficiente. Ele sorriu e segurou forte sua mão, virou seu olhar para a pista e em um respirar fúnebre murmurou que para ela já há uma casa, que já se pode sentir um cheiro de lar. Que talvez para ela, isso tudo seja uma leve aventura ou um saciar de vaidade ao tempo, mas, mas para todas essas coisas nele, certamente, certamente era mais uma fuga, e não para um lugar qualquer, não para um coração qualquer. Poderia se dizer em vaidade também. Não poderia se dizer que
era somente um vitral a ver a cabeça de pessoas, era seu vitral magnifico a lhe dizer diversas coisas sobre o que pensar. Ele não a desejava por um acaso qualquer, mas já há algum tempo compreendia que ela era como o mundo que insistia em sair por debaixo de seus pés. Ela era móvel, ele estático. Ele compreenderia isso em mil anos. Ele compreendeu isso agora. Então ela o abraçou como se nunca mais pudesse ir embora, realmente era uma verdade absoluta. Ela não partiria nele, ela se manteria como se manteve por todo esse tempo, mesmo sem ter. Ele sentia nela o cheiro do inevitável. Ele sentia nela ou poderia ver como em seus olhos tão belos em sua escuridão que ela partiria um dia qualquer, tão cedo ou tão tarde ela lhe escaparia entre os dedos somente ao desejo de poder completar suas coisas. Somente a completar seu poema. Com certeza ela seria sempre dela mesma como ele seria somente dele e o mundo de todos nós.
Quantas vezes mais faremos isso? Perguntou ela. Não sei. Acredito que por mais vinte anos, mas limitar é definir e não desejo colocar em você ponto final, mas nasce em mim um desejo absurdo de te encher de vírgulas. Fazer-te de alguma forma imortal para as coisas que eu possa ver. O celular dela vibrou interrompendo seu monologo. Ela buscou ao bolso e deu um sorrir ao ler a mensagem. Saudade sempre terá, completou ela. Era ele? Perguntou. Sim. Dois dias. Posso acreditar que a saudade dele em mim e tão terna quanto a de você pós todos esses meses. Ele é um bom homem, e acima de tudo tem a sorte de seus lábios. Com muita certeza eu não aceitaria essas condições. Seria egoísta e terrível em vaidades. Não se divide um céu, mesmo que de forma passiva, em mim não mora a ingenuidade de que sua beleza é inevitável aos outros. Pois em mim também não mora a ingenuidade que em você os olhares se acumulam pelas esquinas. Os dias não te envelhecem de forma a destruir seu espirito, pior, para cada vez que desço daquela pista para fugir de você, no final eu sempre acabo em sua cama, completou ela olhando em seus olhos azuis, completou ela olhando para seus verdes, completou ela olhando para seus méis, completou ela beijando todo o ser que nele insistia em ser fantástico.
A chuva cessou ao céu e um sol começou a despontar no horizonte dando os acordes finais. Agora o silencio da partida de alguma forma insistia em tornar as coisas de alguma forma mais dramáticas. Ele pegou suas malas e acompanhou até a área de embarque. Enquanto andava ao seu lado, ele buscou sua mão como se observar seus dedos e falou: Eu sabia de sua ansiedade sobre o mundo pela sua mão, agora só posso dizer que você tem unhas bonitas. Agora sua ansiedade mora em seus olhos, mas tudo que posso ver neles é que minha vida pode valer mais depois de esbarrar neles. Ela o beijou por uma última vez e sentenciou um até logo, ou nunca mais. Ele completou com um até logo, sorrindo a ela que ainda estaria ali quando o inverno fosse voltar.
Ele voltou para janela do saguão a ver ela subir na aeronave. O sol já pintava os seus pós chuva de forma purpura no horizonte. Ele pôde ver seu corpo andar pela pista como em tantas vezes naqueles anos sem saber se mais uma vez voltaria a ver. Ele murmurou como sempre uma oração silenciosa sobre a imagem dela que dizia: Não mude. Não deixe que nada neste mundo a faça mudar em seu espirito. O que mais te engrandece esta em seu canto feliz. Ha coisas em você que todos deveriam saber. Ha coisas em você que desejei de forma eterna e egoísta, há coisas em você tão belas e tão simples quanto uma estrela do mar.
Talvez o que ele pôde ver nela foram coisas que o completariam. Talvez ele tivesse já por muito apaixonado por ela. Ele poderia gritar ao mundo que seria bom amar ela e roubar ela de todo o resto do mundo. Levar ela para o longe e escolher o nome de cada um de seus filhos. Talvez ele tenha deixado ir o que poderia ser grande sobre sua vida. Talvez dezenas de coisas estejam erradas sobre isso, mas nele mora uma consciência de milagre que ela nele depositou. Que para esses que se encontra na vida, nunca, nunca devemos desejar possuir de forma egoísta o raro milagre que nos tocou.