Nayara Diebe
22022020
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1
Ou apenas se repara?
VocĂŞ se conhece
O tarot mostra
O que os olhos nĂŁo veem
É hora de olhar para dentro
1
A
cidade acorda e abre os olhos, caminha desbravando universos e cria outros inúmeros universos, seus olhos encaram o caminho com um fluxo inoxeravel de informações: telas, pessoas, pés, placas, céu, transeuntes, muros, postes e lá está ele colado com cola de farinha e em letras garrafais: JOGO TAROT, um número de telefone e uma promessa: TRAGO O SEU AMOR EM ALGUNS DIAS. Os olhos se abrem ainda mais: curiosidade, medo, receio, bisbilhotice, vontade?. Jogar tarot proporciona uma experiência de autoconhecimento e reflexão sobre quem somos e para onde devemos ir. Mas de que forma? Através da interpretação artistitica e intuitiva de suas figuras simbólicas, abrimos os olhos para a quantidade infindável de universos que possuímos dentro de nós e enxergamos de forma límpida o que sentimos, quem somos e nossas ilusões em torno de nós mesmos. Em outras palavras, o tarot te coloca de frente com os seus medos, com os pontos que precisam ser revistos e o que deve ser edificado.
A cidade dormia quando meus olhos embaralharam minhas cartas e perguntei o que deveria ser revisto no meu eu, tudo estava morno quando A imperatriz veio como resposta e me mostrou que somente com um incêndio interno eu me reconheceria novamente. Interpretar esse arcano foi crucial para entender um processo de emponderamento e redescoberta de capacidades, pois a imperatriz está ligada á fecundidade, a criatividade e a sedução.
Enxergando tudo o que arde
Internamente tudo ardia, mas minhas urgências acalentadas ainda eram silêncios.
Seu conjunto simbólico me aconselhou a sair da inércia e colocar minhas habilidades criativas para o exterior, vocalizar mais o interiorizado de maneira a me apresentar para o mundo ativamente. Tudo era sobre queimar e brilhar, gerando através da chama viva da criatividade algo novo de acordo com as minhas vocações. Me perceber perante esses pontos foi a chama viva da relação entre o eu e o mundo e como me comporto com o meu autocuidado.
2
Submergir
VocĂŞ reage e foge?
Ou submerge e entende?
Pega qualquer tinta menos a azul, pegou a azul. Tudo bem, mistura com vermelho, mas não põe muito, manchou. Urgência. Vamos usar uma régua? Fala mais baixo. Esse instante existe. Se você fizer um traco único lembra Saul Steinberg, como assim quem é Saul Steinerg? Voce vem muito elegante. Não pega referencia do Wikipedia, pesquisa no Scielo. Eu quero ir embora. Pega qualquer tinta menos a azul, pegou a azul. Tudo bem, mistura com
2 Os nós Reagi aos meus silencios percebendo o impercebivel dentro daquele espaço, ficando observando todo os pontos de matéria viva, que gritavam e pulsavam num movimento redondo. Em algum momento todos os pontos se unificaram em nós virando um amontoado de eus. Eles eram qualquer coisa que o meu silencio queimava, e eu era um signo que não queria ser entendido e desvendado., as atividades manuais enquanto processo de introducao funcionaram como transformação e me mostraram um caminho para ser mais completa e melhor.
Percebi as relações que nos moveram nos nossos percursos individuais, nossos sonhos, nossas angustias e dei um novo significado menos imperativo e mais plural, no qual me deixei ser afetada pela historia coletiva, sem silencio.Minhas sensibilidades criativas renasceram da memória de sensações, o toque no tecido da serigrafia, o cheiro de tinta, a espessura da tinta, recortar os detalhes da revista, os objetos desvendados a partir de um olhar perceptivo e aberto me lembraram do que eu não deveria ter esquecido. O meu eu.
Do meu eu
ExercĂcio de Tipografia
Tipografia RABSKE feita em carimbo com batatas
Exercício de Stêncil
Stêncil avião
Exercício de Círculo Cromático
Círculo Cromático
Exercício de Proporção Áurea
SequĂŞncia Fibonacci
3
O mundo te atravessa
VocĂŞ ve os sinais?
2
É hora de olhar para dentro
É próprio do verbo resilir fechar ciclos, porem sua comparação com a palavra resiliência mostra a importância de colocar pontos finais a partir da percepção melhorada do seu eu. Refazendo seu próprio mundo, rearranjando a capacidade de olhar de forma positiva para o que foge do seu controle, mas não se abstendo do desconforto que a situação adversa causou e sim absorvendo e conservando as possíveis marcas que a situação trouxe. Em outras palavras, resilir e ser resiliente é saber se despedir delicadamente delineando o seu caminho de maneira leve tendo permanentemente em sua memória o suporte para prosseguir e se recuperar independente do que aconteça.
Que esses pequenos universos contados em 30 páginas, tenham tornado visível a experiência poética que foi viver o meu próprio tempo sem pressa e sem silencio e isolamento, a partir de cores, texturas e de eus inventados a partir de outros mundos e pessoas. Foi tateando o real e sentindo o imaginável que investiguei, explorei e confiei no tentar. Em tempos onde ninguém mais tateia o mundo e esquecemos os cheiros das cores e das coisas, é crucial experimentar o mundo do imaginado e do sentido, observando como as coisas nos atravessam e como ressoamos isso ao próximo.