Revista ED

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Expediente Arthur Gomes Diagramação Letícia Packer Texto Amanda de Azevedo Arte

Carta da Redação A Revista ED tem o propósito de divulgar um pouco da história, do trabalho e do dia-a-dia do profissional de editoração. Esperamos que enquanto vocês desbravam as próximas páginas, possam conhecer um pouco mais sobre essa profissão que mistura design, jornalismo, publicidade e até mesmo outras áreas da comunicação. Leticia Packer


Sumário Mas o que é Editoração? História da Editoração........................................................................................................................ Página 5

Gadget x Gadget Tecnologias...........................................................................................................................................Página 7

Sandra Couto Texeira Entrevista............................................................................................................................................. Página 8

Onde Trabalhar e Porque Estudar Editoração Áreas de Interesse............................................................................................................................... Página 10

Profissionais da Área Áreas de Interesse............................................................................................................................... Página 11

Agradecimentos/Fontes.................................................................................................... Página 12



HISTÓRIA DA EDITORAÇÃO

POR LETICIA PACKER Editora-Chefe na Editora Abril

“Mas o que é Editoração?”

A

grande maioria vai se perguntar quando começar a leitura dessa revista.

O conceito básico de editor – o profissional da Editoração - só faz sentindo em inglês. Para eles, o editor é a pessoa encarregada de organizar, selecionar, normalizar, revisar e supervisar, para publicação, os originais de uma obra e, às vezes, prefaciar e anotar os textos de um ou mais autores.

“Pessoa responsável pelo conteúdo ou pela preparação da publicação de um documento para o qual pode ou não ter contribuído” Nossa interpretação da palavra vem de Publisher, que é “proprietário ou responsável de uma empresa organizada para a publicação de livros”. Segundo o Houaiss, a função do editor dado tal significado seria “pessoa sob cuja responsabilidade, geralmente comercial, corre o lançamento, distribuição e venda em grosso do livro, ou de instituição, oficial ou não, que, com objetivos comerciais ou sem eles, arca com a responsabilidade do lançamento, distribuição e, eventualmente, venda do livro”. Mas não é bem assim.

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Segundo uma obra da UNESCO, o editor é a “pessoa responsável pelo conteúdo ou pela preparação da publicação de um documento para o qual pode ou não ter contribuído” e é a esse significado que vamos nos guiar nessa publicação.


O surgimento... O surgimento de monges copistas, os livros sagrados da Idade Média e o processo de “divulgação de cultura” sobre as colônias, sequencialmente no contexto editorial, resultaram na evolução do homem editor de necessidade política-social para o editor que pretende alcançar um lugar no mercado. Por mais desconhecido que seja o tema, a Editoração é uma profissão que data seu início no século III A.C., no Ocidente, com a edição de um texto a ser transcrito por copistas. Havia uma disparidade entre exemplares originais e cópias, e os problemas criados por isso eram tamanhos que levaram Licurgo de Atenas – político, legislador e filósofo de Atenas - a ordenar o depósito nos arquivos do Estado de “cópias públicas”, cópias definitivas, dos textos de Ésquilo, Sófocles e Eurípedes, os três maiores trágicos da Grécia. Ali começaram a surgir critérios sobre pontuação, transcrição, divisão de palavras, etc.; Mas isso só tomou rumos definitivos na biblioteca de Alexandria onde se tentava recuperar e normalizar o maior número de textos possível, em edições críticas.

Após o incêndio na biblioteca de Alexandria, a tradição de recuperação de textos propagou-se por Roma onde os textos transcritos por copistas eram ditados em sua língua original, resultando em muitos erros na cópia final, enfatizando a necessidade do editor. Desde que os primeiros tipógrafos começaram a funcionar em caráter comercial, houve para as casas impressoras problemas de concorrência, margem de lucro, distribuição do livro, custos da matéria-prima, censura, fixação de salário, especialização do trabalho gráfico, entre tantos outros. Com tantos pontos era inevitável a diversificação das áreas de conhecimento, trazendo a necessidade de melhoramentos técnicos de impressão e de soluções mais práticas e rápidas para o fluxo do original, desde a leitura do manuscrito até o processo de composição tipográfica, diagramação, revisão, tudo que torna se o texto mais visualmente agradável e fiel o possível a cópia original.

Essa atividade era exercida pelos filólogos e foi a partir deles que a editoração conheceu grandes avanços, desde a edição crítica dos textos a técnicas tipográficas e de impressão. Em resumo, o editor teve bastante participação na construção da História como nós a conhecemos. Ainda que nos bastidores, sempre foi responsável pela ligação entre autor e leitor, pela garantia de acesso a obras literárias e pela fidelidade ao texto original. Independente de seu histórico, a verdadeira maturidade organizacional do mercado e das oficinas é mais recente. O cenário moderno da Editoração cresce cada vez mais, criando nichos que abrangem não só ó mercado textual ou industrial, mas também a as áreas de produção criativa e visual. E nosso trabalho é apresentar a você

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TECNOLOGIAS

Gadget x Gadget Com a mudança massiva para um mundo digital, na área editorial não seria diferente. Há uma crescente demanda e um crescente investimento em livros digitais, os famosos e-books. A leitura desses e-books pode ser feita no computador padrão (desktop, notebook) como pode ser feita nos e-readers. E-readers são gadgets especialmente criados para leitura dos livros digitais. A equipe da Revista ED fez uma pesquisa e listou os pontos positivos e negativos dos mais famosos e-readers do momento. Confira!

Kindle Empresa Função

Bateria Desvantagem Armazenamento Preço

iPad

Amazon Apple Sua única função está relacionada Funciona como um notebook só que a leitura e pesquisa em textos. com as funções limitas, pode-se ler e responder seus emails e assistir filmes, etc. De 3 semanas a 2 meses. Até 30 horas. É possível ler apenas uma página Confunde se alguns caracteres quando por vez. está sob incidência solar direita. 3 GB. De 16 a 64 GB. U$79 até U$379. U$329 até U$829.

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ENTREVISTA POR LETICIA PACKER Redatora

Nossa equipe entrevistou Sandra Couto Teixeira. Formada em Editoração pela Universidade Anhembi Morumbi e em Jornalismo pela Cásper Líbero, trabalhou em empresas como Editora Abril, Editora Globo e Editora Panini. Ela nos conta um pouco sobre a formação do profissional de editoração e o mercado de trabalho:

- ALA: Como você via o mercado de Editoração na época em que se formou e como o vê agora? - Sandra: Como já faz tempo que me formei, o cenário era outro e muito diferente. A começar pelo material disponível, os livros que tínhamos sobre Editoração eram poucos e alguns em espanhol. Hoje, com um simples click você tem tudo na internet. Mas em contrapartida tínhamos ótimos professores da área editorial que eram também professores da USP, pois apenas duas faculdades ofereciam o curso de Editoração: a ECA-USP e a Faculdade Anhembi Morumbi. - ALA: Por que escolheu a editoração? - Sandra: Meu início de trabalho foi em editora, Editora Abril, e comecei a ver o quanto aquele mercado de revistas e livros me interessava, queria entender como eram feitos desde a redação até a sua publicação. E depois que terminei o curso de Editoração fui para o curso de Jornalismo, na Cásper Líbero porque descobri que queria trabalhar diretamente com o conteúdo, os textos dessas publicações. - ALA: Qual a importância de destacar o mercado editorial dos demais ramos da Comunicação que também envolvem essa área? - Sandra: No mercado editorial você se envolve com a informação e tem contato direto com o produto que será publicado. Na verdade você está, seja qual área escolhida, dentro de Comunicação, que é uma descoberta constante e exige-se aprimorar cada vez mais diante da tecnologia que está cada dia mais avançada. - ALA: De que forma a Editoração evoluiu junto com as novas tecnologias? Há muita diferença entre trabalhar com mídias online e offline? - Sandra: Sem dúvida, essa tecnologia que ao mesmo tempo agiliza todo esse processo editorial provoca certa

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distância do contato com os próprios profissionais pela troca de informações entre eles, o que na minha época era comum, pois se conversava sobre os acontecimentos e depois cada um ia redigir seus textos. Hoje você só ouve o barulho do teclado dos computados e todos calados envolvidos com as suas ideias. - ALA: O que você acha do futuro da Editoração offline (livros, jornais, periódicos) com o avanço da digitalização? - Sandra: Pelo visto estamos com alguns periódicos impressos com os seus dias contatos, pois a internet satisfaz rapidamente a necessidade da informação e atualiza os acontecimentos diários locais e internacionais sem perda de tempo. Mas para pessoas como eu, que esperavam os jornais saírem nas bancas no dia seguinte, isso deixa um grande vazio.


ENTREVISTA - ALA: Como você vê a remuneração do profissional de Editoração? - Sandra: Baseando-se por mim, que sempre trabalhei muito, sempre com muita dedicação porque gosto muito do que faço, tive boa remuneração dentro do piso salarial, que depende muito do cargo ocupado. Um editor, por exemplo, agrega várias funções, prepara o texto, revisa e finaliza o material para a impressão e checa as primeiras provas antes que serem publicadas. - ALA: Há migração de profissionais de outras áreas da Comunicação para Editoração? - Sandra: Comigo aconteceu o contrário, eu saí indiretamente, porque estamos sempre vendo o percurso do produto até o seu final, e eu passei a trabalhar diretamente com o texto, principalmente revisão de textos. - ALA: Dificuldades que você enfrentou, tanto na sua formação quanto na sua carreira. - Sandra: Como me especializei muito com o texto, sempre foi muito difícil passar para funções acima de revisor de texto, que era meu cargo exercido, porque são poucos os que se especializam nessa área, que exige estudo constante e estar sempre atualizado com a língua portuguesa. E muitos editores possuem muito a técnica, mas quando se trata de texto passam para o revisor, que acaba sendo muito valorizado, mas sem perspectivas de avançar para outros cargos. Então levei um bom tempo para passar a Editor-assistente.

ALA: Profissionais que você se espelhou, ou trabalhou junto que te inspiraram. -

- Sandra: Eu trabalhei em ótimas editoras como a Editora Abril, Editora Globo e Editora Panini, com publicações infantis, e conheci famosos autores como Ruth Rocha, Mauricio de Sousa, Ziraldo e outros profissionais que foram muito importantes para mim nessa área.

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ÁREAS DE INTERESSE

Onde Trabalhar e porque estudar ara quem quer trabalhar com Editoração, o mercado profissional é muito amplo. Desde agências de publicidade a gráficas, mas sendo preferido pelo mercado editorial em si, isto é, no processo de edição de livros e periódicos. Os grandes nomes no ramo de revistas e histórias em quadrinhos são Editora Abril, Panini Comics, Editora Escala Editora Globo, entre outras. Já no segmento de livros temos Editora Leya, Rocco Editora, Editora Sextante, Intrínseca, Editora Martin Claret... Lugar para trabalhar é o que não falta! Seu trabalho será produção, crítica e publicação de textos e artes, aos quais ele pode ou não ter contribuído. Já o profissional que o opta em trabalhar na área da publicidade, cuida da elaboração da arte e do fechamento de arquivos. Nas gráficas, ele é o responsável pela diagramação e fechamento do material.

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Por que estudar editoração? Não há exatamente um perfil ideal para o estudante de Editoração, mas é preciso obrigatoriamente gostar ter facilidade com a escrita, com a leitura ou com a arte, ou com os três. Exercer a profissão de editor é entender que a área é um conjunto de teorias, técnicas e aptidões artísticas e industriais, que se dividem em planejar, confeccionar e distribuir o produto final seja trabalhando em agências ou editoras. Sem sombra de dúvidas, há uma grande variedade de cargos que se pode ocupar dentro da área, focando sempre no que você tiver mais afinidade. Produção de texto, crítica textual, produção de arte, produção criativa... Além de essencial na construção da cultura e trabalhar encurtando o espaço entre leitor e autor, o mercado tem a fama de evoluir junto com o mundo. Desde monges copistas à prensa de Gutenberg e aos e-books nos iPads de Jobs, a Editoração vem tomando e moldando o mundo cada vez mais.

O que você vai estudar A grade curricular de Editoração tende a trazer um mix entre a técnica, a teoria, a arte e o business, e por isso conta com cadeiras como fotografia, design digital, tipografia, psicologia social, marketing e realidade brasileira. 10 | REVISTA EDITORAÇÃO novembro 2012


ÁREAS DE INTERESSE

Profissionais da Editoração

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diversidade de áreas que a Editoração abrange fica mais clara quando podemos citar exemplos de profissionais formados que trabalham em ramos muito diferentes:

FRANK MILLER

ANNA WINTOUR

JOE QUESADA

Um dos maiores escritores e desenhistas de histórias em quadrinhos do mundo. Autor de obras como Batman: Ano Um, Sin City, Demolidor e Os 300 de Esparta.

Editora-chefe da edição norteamericana da revista Vogue, a mais conceituada e importante

Por 10 anos foi editor chefe da Marvel Comics, uma das maiores editoras de histórias em quadrinhos do mundo.

ERIKA PALOMINO Conhecida pelos anos que passou com a coluna Noite Ilustrada na Folha de São Paulo. Atualmente é editora geral da versão brasileira da L’Officiel.

publicação de moda do mundo.

DAVID MAZZUCCHELLI

Um dos maiores escritores e cartunistas de histórias em quadrinhos do mundo. Responsável por publicações como Batman: Ano Um e Demolidor.

BRIAN MICHAEL BENDIS Roteirista americano de histórias em quadrinhos. Um dos responsáveis pela publicação da HQ Demolidor.

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CARLOS JOSÉ MARQUES

DOMINGO ALZUGARAY

ROBERTO GAZZI

Responsável pela diretoria editorial da Revista Isto É.

Editor e Diretor responsável pela Revista Isto É, uma das revistas mais influentes do Brasil.

Editor chefe de O Estado de São Paulo, um dos jornais de maior circulação no Brasil.


Agradecimentos/Fontes ARAÚJO, Emanuel. A Construção do Livro: princípios da técnica da editoração; [Prefácio por Antônio Houaiss]. - Rio de Janeiro: Nova Fronteira; Brasília: INL - Instituto Nacional do Livro, 1986.

Editoração. Disponível em < http://biblioteconomiatccetcetal.blogspot.com.br/p/editoracao.html >. Acesso em 29 de Outubro de 2012.

História da Editoração. Disponível em < http://pt.scribd.com/doc/222369/Historia-da-editoracao >. Acesso em 29 de Outubro de 2012.


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