SOLENIDADE 8 DE MARÇO DIA INTERNACIONAL DA MULHER | CÂMARA MUNICIPAL DE NATAL
Homenageada da Vereadora Amanda Gurgel, Alexsandra Cândido transformou a violência machista em força para lutar contra a opressão lexsandra Cândido é Agente Comunitária de Saúde na Unidade Mista de Felipe Camarão, onde mora. Tem três filhos de seu primeiro casamento e trabalha em dois turnos. Filha da dona de casa Amália Maria da Silva e do aposentado Enedino Cândido da Silva, Alexsandra nasceu em 3 de setembro de 1975, em Natal, e foi criada no bairro das Quintas. Assim como a maioria das trabalhadoras, ela também conheceu as crueldades de uma ideologia que mata 15 mulheres por dia no Brasil: o machismo. Os primeiros sinais da opressão que Alexsandra viria a sofrer vieram com os ciúmes do marido. O casamento durou 14 anos, mas a violência machista acontecia todos os dias. Com 10 anos de relação, Alexsandra passou a sofrer agressões verbais e empurrões do companheiro, que se achava o dono da esposa. Logo vieram as perseguições ao trabalho, tapas no rosto e chutes. Em novembro de 2005, Alexsandra resolveu se separar. Mas em 9 de janeiro do ano seguinte, o ex-marido, que já não morava na casa, tentou matá-la com uma faca, dentro de sua própria residência. Alexsandra lutou contra ele, gritou, pediu socorro e duas vizinhas apareceram. Mesmo ferida, ela aproveitou a distração do agressor para se esconder. Antes de fugir do local, ele ainda afirmou: “Isso é pra você aprender a ser mulher”. Alexsandra foi levada ao hospital Walfredo Gurgel. Por sorte, os ferimentos feitos à faca não foram tão profundos. A polícia não conseguiu prendê-lo. No dia seguinte, Alexsandra voltou para casa. Mas quando saía de uma mercearia, o exmarido tentou matá-la novamente, numa parada de ônibus, com uma faca. Um grupo de
pessoas quis impedir e outros dois homens, numa moto, saíram em perseguição ao agressor, que desta vez acabou sendo preso pela polícia. Depois de outra vez ter sofrido violência, Alexsandra deu início a uma humilhante peregrinação. Atendimento no hospital, perícia no ITEP e depoimento na delegacia. Por onde passou, foi mal atendida, devido às péssimas condições e falta de estrutura destes serviços. O ex-marido de Alexsandra passou apenas três meses na cadeia e não foi enquadrado na Lei Maria da Penha, que só entraria em vigor em setembro daquele ano. Para a vítima, a mulher trabalhadora que quase perdeu a vida nas mãos de seu agressor machista, as autoridades ofereceram apenas uma casa-abrigo, e mais nenhuma outra medida de proteção. No trabalho, ela teve direito a somente 15 dias de atestado para ficar afastada de sua função de agente comunitária de saúde. Toda a tragédia física e psicológica desta mulher e de seus três filhos nunca foi reparada. Mas Alexsandra Cândido transformou todas as dores desta violência em força para se organizar junto a outras mulheres e enfrentar o machismo e a exploração da sociedade capitalista. Há 6 anos, é ativista do movimento feminista, faz palestras sobre o tema e em 2013 passou a integrar o MML – Movimento Mulheres em Luta. Hoje, Alessandra recebe esta homenagem em nome de todas as mulheres vítimas da violência machista, em especial, da professora Sandra Fernandes e seu filho, Icauã, assassinados este ano pelo próprio namorado da vítima, em Recife/PE. Natal, 11 de Março de 2014.
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