UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DEZEMBRO 2016
habitar a margem O RIO MEIA PONTE NA PAISAGEM URBANA
AMANDA MONTEIRO DO NASCIMENTO ORIENTADOR: LUCAS JORDANO
sumário parte 1 apresentação
02
parte 2 inquietações O RIO COMO PAISAGEM percepção E APROPRIAÇÃO do espaço interação social no espaço habitado
habitar a margem
03 03 05 06
07
parte 3 análise de similares parque da juventude /rosa kliass parque houtan /turenscape
parte 4
memória
parte 5
leitura do lugar
11 11 13
15 17
parte 6 diagnóstico diretrizes
27 28
parte 7 parque urbano rio meia ponte eixos estruturadores diagramas
29 31 33
parte 8 interagir mercado aberto
perceber centro de pesquisa ambiental
habitar habitação coletiva habitação seriada
37 38
39 40
43 49 51
parte 9 BIBLIOGRAFIA
55
PARQUE HOUTAN/ TURENSCAPE XANGAI, CHINA (FONTE: aRCHDAILY)
PARTE 1 HABITAR A MARGEM 02 o rio meia ponte NA PAISAGEM URBANA
APRESENTAÇÃO A arquitetura e o planejamento urbano estão diretamente ligados às relações humanas. O modo como estes se desenvolvem na cidade influenciam a forma como seus habitantes sentem, se comportam e interagem no meio em que vivem e em relação aos outros habitantes. Os espaços públicos onde ocorrem essas interações, ou a falta deles, têm ainda mais impacto nas relações interpessoais dos habitantes das cidades e como veem o lugar onde moram. As peculiaridades de cada lugar tem um papel importante nesse vínculo, são capazes de dar identidade e fazem parte da memória coletiva do lugar, por isso trazer o rio de volta à paisagem urbana e à vivência da comunidade e da cidade deve ser entendido como um processo vital para o meio em que vivemos, capaz de influenciar, inspirar ou de incentivar novas atitudes voltadas para o resgate das relações humanas e permitir às pessoas reconhecer o delicado sistema ambiental que as rodeia. Este trabalho tem como objetivo a compreensão das relações humanas na cidade e com a cidade, dos meios que se estabelecem os vínculos dos habitantes com sua paisagem natural e construída, buscando uma maneira mais sensível de intervir nos espaços que habitamos, de potencializar as relações sociais, o sentimento de pertencimento e de coexistência. A arquitetura e o paisagismo entram nesse cenário como agentes mediadores do espaço habitado ao propor soluções espaciais para essas questões. E para compreender as dinâmicas humanas foi necessário um estudo interdisciplinar, apropriando de três dos principais conceitos da geografia, o conceito de espaço, lugar e paisagem.
PARTE 2 HABITAR A MARGEM 03 operação urbana no rio meia ponte
INQUIETAÇÕES O RIO COMO PAISAGEM Os rios sempre fizeram parte do cenário das grandes cidades, desde as primeiras civilizações até as áreas urbanas mais desenvolvidas da atualidade, foram e são usados para os mais distintos fins e propósitos. Elemento responsável pelo abastecimento de água e muitas vezes via de transporte e entretenimento, eles são essenciais no desenvolvimento das cidades. Com o crescimento desordenado da urbanização, os rios vêm se transformando cada vez mais, sendo degradados incessantemente pelos usos inadequados a que são submetidos, além disso, viram destino de dejetos domiciliares e industriais, e têm sua vegetação trocada por ocupações irregulares. Em vista disso, quando suas águas mostram os sinais da degradação e afetam diretamente a população, com inundações ou o mau cheiro, os rios passam a ser ignorados e alvos ainda mais frequentes dessas ações. Nesse sentido, o contexto do rio na cidade traz à tona a relação homem e natureza, uma dicotomia amplamente discutida, evidenciando que o tratamento dado às margens dos rios atua diretamente nas relações sociais onde ele se insere, sendo de forma positiva ou negativa. “Compreender o rio urbano como paisagem é também dar a ele um valor ambiental e cultural que avança na ideia de uma peça de saneamento e drenagem. É reconhecer que o rio urbano e cidade são paisagens mutantes com destinos entrelaçados.” (COSTA, p.12) A degradação dos corpos d’água se reflete na qualidade da paisagem urbana e na qualidade de vida da população que o margeia.
PARQUE HOUTAN/ TURENSCAPE XANGAI, CHINA (FONTE: aRCHDAILY)
PARTE 2 HABITAR A MARGEM 05 operação urbana no rio meia ponte
percepção e apropriação do espaço Como as pessoas percebem o local onde vivem? O que as faz desenvolver um sentimento de pertencimento ao lugar? Como esse sentimento afeta a maneira como as pessoas se apropriam desse lugar? As respostas podem ser essenciais para o planejamento de espaços públicos que exigem certo grau de proximidade com a comunidade. Este lugar é um espaço construído como resultado da vida das pessoas, dos grupos que nele vivem, das formas como trabalham, como produzem, como se alimentam e como fazem/usufruem do lazer. CALLAI (2004, p. 02) conclui: “ É portanto cheio de história, de marcas que trazem em si um pouco de cada um. É a vida de determinados grupos sociais, ocupando um certo espaço num tempo singularizado. Considerando que é no cotidiano da própria vivência que as coisas vão acontecendo, vai se configurando o espaço, e dando feição ao lugar. Um lugar que é um espaço vivido, de experiências sempre renovadas o que permite que se considere o passado e se vislumbre o futuro. A compreensão disto necessariamente resgata os sentimentos de identidade e de pertencimento.”
Espaços que desconsideram as necessidades de quem o utilizam estão fadados a rejeição e ao esquecimento. A configuração da paisagem e a relação com e entre seus usuários é fundamental na formação de um sentimento de bem comum e de pertencimento. Para CERQUEIRA (2013, p. 109), “Ser lugar depende da criação de um vínculo, de um laço afetivo, entre a pessoa e o ambiente. Para tanto o espaço precisa ser vivenciado, experimentado. Só através da experimentação do lugar advém o vinculo com ele. E o vínculo criado, ou não, influenciará na relação do indivíduo com esse determinado espaço, podendo gerar consequências em escalas maiores, influenciando sua relação com toda a cidade.” As pessoas precisam ter boas experiências para dar significado ao lugar, para isso o espaço deve ter um caráter social, coletivo e simbólico. Para TUAN (1977) “o que começa com o espaço indiferenciado transforma-se em lugar a medida que o conhecemos melhor e o dotamos de valor.”
PARQUE RED RIBBON/ TURENSCAPE Hebei, China (FONTE: aRCHDAILY)
PARTE 2 HABITAR A MARGEM 06 operação urbana no rio meia ponte
interação social no espaço habitado As cidades vêm crescendo de forma acelerada e, em sua maioria, também desordenada. A rotina de seus moradores se transforma a cada dia, e com essa transformação vem o enfraquecimento das relações sociais, ocasionado pelo ritmo intenso das grandes cidades, pela configuração das tipologias habitacionais, pela falta de espaço e também pelas novas formas de comunicação. As pessoas se cruzam todo o tempo mas não há contato. Elas têm muito em comum mas a conexão não acontece. E muitas vezes o seu vizinho continua apenas um estranho, independente de quanto tempo dividem a parede da sala. Para CERQUEIRA (2013) “as relações foram tão interiorizadas ao longo do ultimo século que pensar em construir uma que esteja fora dos limites da familiaridade e da afeição causa estranhamento. O outro passa a ser uma ameaça e o que está fora dos limites da propriedade individual passa a ser de responsabilidade de qualquer ente municipal, estadual ou federal, mas não do indivíduo. Isentamo-nos assim de qualquer responsabilidade maior sobre os outros ou sobre o lugar que partilhamos com eles.” Esse cenário de indiferença evidencia a fragilidade do conceito de coletividade na nossa sociedade, sendo sempre submetido aos interesses individuais, pela falta de relação entre as pessoas no espaço e com o próprio espaço. O estudo dos espaços públicos associado à sociabilidade nos mostra os efeitos dessas relações vazias na dinâmica das cidades, uma tendência ao afastamento. Para SIMMEL , a sociedade não podia ser analisada como sendo apenas composta por indivíduos, mas por indivíduos em interação com outros indivíduos e com o meio. Dividir o mesmo espaço e agir de forma positiva quanto ao outro significa fazer parte de algo maior, a diversidade dos indivíduos enriquece as trocas e o espaço urbano potencializa essa interação por meio dos lugares de encontro. A constituição desses lugares depende do intercâmbio de diferentes ideias que beneficiam a apropriação coletiva dos espaços da cidade. Para Bauman (2007, p. 102-103) “os espaços públicos são locais em que os estranhos se encontram, e portanto constituem condensações e encapsulações dos traços definidores da vida urbana. É nos espaços públicos que a vida urbana, com tudo que a separa de outras formas de convívio humano, alcança sua expressão mais plena, em conjunto com suas alegrias e tristezas, premonições e esperanças sem suprimir as diferenças, de fato ele (o espaço público) as celebra.’’
HIGH LINE/ NOVA YORK, EUA (FONTE: aRCHDAILY)
PARTE 2 HABITAR A MARGEM 07 o rio meia ponte NA PAISAGEM URBANA
habitar a margem
“O que esperar de uma cidade que dá as costas ao seu rio?” O filme Medianeras, de Gustavo Taretto, inicia mostrando a configuração da paisagem da típica metrópole atual, a cidade que cresce exponencialmente, onde inúmeros edifícios se erguem de forma desordenada, disputando o espaço e a luz, e mostra a maneira como essas irregularidades refletem o modo de vida de seus habitantes. O filme indaga a falta de interação entre as pessoas, mesmo estando tão próximas e conectadas, e coloca as medianeiras como as barreiras dessa relação. Há diversos elementos no espaço urbano que podem estabelecer barreiras físicas e psicológicas na cidade, os limites geográficos e sociais, a densidade, a permeabilidade do tecido urbano, a permeabilidade visual, os limites entre público e privado, o passeio público, entre outros. Elementos estruturadores da paisagem urbana que atuam diretamente na percepção, apropriação e interação dos indivíduos nas cidades. No caso de Goiânia, a expansão desordenada, em direção aos cursos d'água, ocasionou a apropriação do território de forma irregular. Os rios que cortam a cidade, antes destacados na vasta área verde preservada e representados no imaginário dos goianienses, hoje são alvo de intensa poluição gerada pelo processo de urbanização e consequentemente tratados com descaso e abandono pela população.
vista da PONTE DA AV. JOSÉ VENERANDO DE FREITAS
ESGOTO CLANDESTINO NO RIO MEIA PONTE
PARTE 2 HABITAR A MARGEM 08 o rio meia ponte NA PAISAGEM URBANA
O rio foi negado à cidade, transformado em um canal de evacuação de esgoto, apenas mais uma barreira no ambiente urbano. A degradação dos corpos d'água se reflete nitidamente na qualidade da paisagem urbana e na qualidade de vida da população que o margeia. Porém, quando não recebem adequado tratamento paisagístico e ambental tornam-se elementos esquecidos e maltrados no cenário da cidade, exercendo apenas a funcionalidade de limite da área urbana, sendo então relegados ao “fundo” da cidade. A desvalorização das áreas que margeiam os rios acaba por transformá-las numa paisagem residual, propicia a ocupações irregulares. A comunidade tem um papel indispensável para reverter o processo de degradação desses rios, a mudança na percepção estética e cultural, atribuindo identidade ao lugar e buscando estabelecer vínculos, se mostra um fator determinante na conscientização ambiental da população.
VISTA DO RIO MEIA PONTE PELO SETOR JAÓ
VISTA DO RIO MEIA PONTE PELa PONTE DA AV. JOSÉ VENERANDO DE FREITAS
Parque Manancial de Ă guas Pluviais / Turenscape Haerbin, Heilongjiang, China (FONTE: aRCHDAILY)
PARTE 2 HABITAR A MARGEM 10 o rio meia ponte NA PAISAGEM URBANA
eixo ambiental
eixo social
eixo psicológico
A proposta de intervenção numa APP almeja repensar a forma como ocupamos o território e como o conservamos. As leis de conservação têm um foco restritivo e ecologista, e consideram as áreas que margeiam os rios urbanos como áreas intocáveis. É necessário quebrar a dicotomia cidade-natureza, vistos como elementos opostos e romper a fronteira demarcada entre os dois, intervindo e modificando a paisagem de maneira consciente, considerando suas múltiplas funções, ambiental, social, urbanística e paisagística. O direito à natureza deve ser ampliado e entendido como direito à qualidade do ar, da água, à vida em comunidade. É preciso democratizar o seu uso, torná-la utilizável como local de encontro. Buscam-se então alternativas transformem esse espaço em lugares agradáveis e que melhorem a qualidade de vida das pessoas, encarando como um processo de transformação e recuperação do rio a longo prazo.
O emprego das margens do rio como espaço de uso público através de percursos acessíveis, espaços de encontro e permanência propicia a interação entre os usuários e destes com o meio natural, incorporando esse espaço à dinâmica da cidade. Ao vincular esse espaço à habitação coletiva, e logo aumentar a convivência entre os moradores e usuários, o senso de coletividade e comunidade é despertado, o outro deixa de ser um completo estranho, uma tentativa de mudança do atual cenário da cidade desconectada. O ideal de habitação aqui apresentado busca diminuir os muros que separam o indivíduo do restante do mundo, mas sem tirar sua privacidade e individualidade. O objetivo é requalificar não só os espaços, mas também as relações entre os habitantes da cidade, numa tentativa de voltar a atenção à sociabilidade, procurar formas de viabilizá-la e potencializá-la transformando o espaço em um lugar interessante, ativo e cooperativo.
O rio Meia Ponte se configura como uma barreira, dividindo o tecido urbano física e socialmente. As poucas conexões que o transpõe são pontes que o camuflam ainda mais na paisagem urbana, se conformando como um espaço residual. A visibilidade e a permeabilidade desse espaço podem reintegrá-lo ao cotidiano das pessoas, e através da vivência, criar laços de afeto e de bem comum, transformando o espaço em lugar dotado de valor. A arquitetura entra então como mediadora dessa relação, afetando a experiência sensorial e social mesmo onde a natureza é dominante. Ao se adaptar ao lugar, o objeto arquitetônico potencializa a percepção da paisagem natural, e por meio dela o homem inscreve sua presença na paisagem. Considerando que a paisagem desempenha um papel importante na qualidade de vida e bem estar individual e social, o parque linear busca a ressignificação do lugar, ao transformar um sentimento de negação e descaso pelo sentimento topofílico, de apego.
PARTE 3 HABITAR A MARGEM 14 operação urbana no rio meia ponte
PARTE 3 HABITAR A MARGEM 12 operação urbana no rio meia ponte
ANÁLISE DE SIMILARES parque da juventude /rosa kliass 2003, são paulo, brasil
Com a desativação do Complexo Penitenciário do Carandiru, o Governo de São Paulo promoveu um concurso público para sua transformação em parque. O projeto incorpora um conjunto de intervenções urbanísticas de recuperação das áreas degradadas ao longo da várzea do Tietê. Mesmo subtraída quase metade da área inicial, o parque ocupa a área de 240.000 m². O projeto urbanístico-paisagístico resultou em três faixas de intervenção: o Parque Esportivo, o Parque Central e o Parque Institucional. O parque esportivo possui uma faixa organizada por uma alameda central onde se intercalam dez quadras poliesportivas, sendo, a pista de skate e a área de recreação infantil localizada próximo da divisa arborizada, que oferece sombreamento. Painéis de estrutura metálica garantem a transparência e a continuidade visual entre as atividades, enquanto faixas de concreto cruzam interligam os espaços. Uma marquise faz a transição para o setor seguinte, sob a qual se localizam os pontos de apoio: a lanchonete, vestiários e sanitários. A característica de maciços verdes já existentes no parque foram recompostos e destinam-se ao lazer contemplativo, arborismo, trilhas e caminhadas. Dois trechos de um muro foram conectados por uma passarela elevada, permitindo uma visão em perspectiva do parque. A fase de implantação de duas pontes sobre o córrego Carajás, interligando o parque central ao setor cultural inclui o tratamento das margens do córrego e a progressiva recuperação da linha d’agua; e a restauração de dois pavilhões destinados a formação profissional.
PARTE 3 HABITAR A MARGEM 14 operação urbana no rio meia ponte
Construído sobre um antigo sítio industrial, o parque é resultado de um projeto de reparação global para tratar a água poluída do rio e tornar a zona portuária degradada em um espaço seguro e agradável ao público. No centro do parque, uma zona húmida linear construída, 1,7 km de comprimento e 5-30 metros de largura foi desenhado para criar um alagado para tratar as águas contaminadas do rio Huangpu. Foram usadas diferentes espécies de plantas de zonas húmidas para absorver poluentes da água, onde testes de campo indicam que 2.400 metros cúbicos por dia de água pode ser tratada a partir de V grau inferior ao grau III, podendo ser utilizada para fins não potáveis. Uma paisagem ecologicamente recuperada, agricultura urbana e a herança industrial são as três grandes camadas do parque, tecidas em conjunto através de uma rede de caminhos onde os visitantes são informados sobre a infra-estrutura verde. A passagem de pedestres é composta por um trajeto principal, e uma série de caminhos perpendiculares que atravessam o alagado. Esta rede garante ligações diretas entre o parque e seus arredores, incentiva o acesso ao local e garante um parque público agradável e acessível preocupado com a escala humana.
ANÁLISE DE SIMILARES Parque Houtan / Turenscape 2009, xangai, China
PARTE 4 HABITAR A MARGEM 15 operação urbana no rio meia ponte
MEMÓRIA O Rio Meia Ponte possui 471,6 km de extensão, sendo o responsável pela drenagem da uma área de 38 municípios no Estado de Goiás. Na capital ele percorre cerca de 30 Km no sentido Noroeste-sudeste, utilizado para diversos fins, principalmente para o abastecimento de água. O rio também possui extrema importância na histórica da cidade, pois no século XIX, teve um papel decisivo para a escolha do local onde seria implantada a nova capital. As articulações que previam a mudança da capital do estado se deram principalmente, pois a cidade de Goiás se demonstrava desarticulada com o contexto desenvolvimentista vivenciado pelo país naquela época, não só devido às suas representações políticas, mas também por suas características topográficas, aquíferas e climáticas que dificultavam o seu desenvolvimento. . A nova capital do estado deveria ser um símbolo de renovação e modernidade, e necessitava de estrutura para tal fim. Deste modo, no início da década de 30 a comissão organizadora apresentou o sítio escolhido para a construção da nova capital, atendendo dentre outros requisitos, à proximidade com a linha férrea, relevo propício, bom clima e a abundância no abastecimento aquífero, representada principalmente pelos cursos d'água dos afluentes do rio Meia Ponte. No primeiro plano urbanístico da nova capital, o urbanista contratado, Attílio Correa Lima, ficou encarregado em propor o traçado geral da cidade. Segundo Sakai¹, no que desrespeita o rio Meia Ponte, Attílio propõe um sistema de áreas verdes integrado à cultura local pela seleção de sua área no trecho da Cachoeira do Jaó. Attílio foi o responsável pelas obras até 1935, e a partir de então, o engenheiro Armando Augusto de Godoy dá continuidade aos seus trabalhos. Godoy propõe alterações às diretrizes de Atílio, mas ainda demonstra grande preocupação com a preservação das regiões ao redor dos cursos d'água.
VISTA DA PONTE DA AV. VER. JOSÉ MONTEIRO
PARTE 4 HABITAR A MARGEM 16 operação urbana no rio meia ponte
Vila Coronel Cosme, às margens da antiga linha do trem (fonte: sakai, 2015) Em 15 de novembro de 1936, foi inaugurada a Usina Jaó, que forneceria energia à nova capital, marcando a chegada da modernidade no estado. A construção da usina também significou o início de uma ação mais expressiva sobre o Rio Meia Ponte. Porém, após quase dez anos de funcionamento, em 3 de abril de 1945, uma forte chuva comprometeu seriamente os trabalhos da usina, provocando danos em seus equipamentos e incapacidade de gerar a energia necessária. Neste período, Goiânia viveu um longo período de falta de energia, sendo utilizadas energias alternativas, como geradores particulares. Seu funcionamento só voltou à normalidade em 1947, com a reconstrução da Usina. Como destaca Sakai, apesar da construção da usina ter marcado o início da intervenção sobre a região, ela ainda ficou por muito tempo sem ações efetivas de ocupações e loteamentos. A área possuía rigorosas recomendações devido ao ideal de proteção das áreas do entorno dos cursos d'água exigido nos planos urbanísticos da cidade. Até a década de 50 o Estado era o único proprietário das terras da cidade, sendo o único capaz de propor loteamentos e incentivos de urbanização. Porém, em março de 1950, o Estado passou a conceder permissões para loteamentos na nova capital, colocando como única obrigação a locação e abertura de vias. Tal iniciativa incentivou a proliferação de novos loteamentos na cidade.
represa do Jaó (fonte: sakai, 2015) “A década de 50 foi o período em que as margens do rio Meia Ponte tiveram a maior parte de seus loteamentos particulares aprovados, constituindo o processo de ocupação do seu entorno, caracterizado, também, pelas invasões das áreas públicas do entorno da represa. A desconfiguração das áreas verdes é acompanhada pela ausência de infraestrutura básica, bem como de espaços recreativos (...) De acordo com Gonçalves (2002), em 6 de junho de 1950 é aprovado o loteamento Vila Moraes. O empreendimento, de posse de Andrelino de Moraes, era composto por diversos setores localizados entre os córregos Palmito e Água Branca, o rio Meia Ponte e as terras de Lourival Louza. Na área do rio, são implantados os setores Jardim Novo Mundo, Parque Industrial e Vila Moraes, estes dois últimos às margens do rio Meia Ponte, na região do Parque Represa do Jaó. Na margem esquerda, é aprovado o Setor Jaó, pelo Decreto Lei no 97, de 09 de março de 1952.” (SAKAI, 2015, p. 77 -78 ) Planejado inicialmente para ser uma fonte de abastecimento, o rio vem sofrendo os desdobramentos de um processo de urbanização mal executado e influenciado pela especulação imobiliária. Ele é hoje considerado o sétimo rio mais poluído do Brasil, sendo que nele são lançados diariamente mais de 180 mil m³ de esgoto e uma tonelada de resíduos sólidos em seu leito (ABREU, 2011 apud SAKAI, 2015).
PARTE 5 HABITAR A MARGEM 17 operação urbana no rio meia ponte
LEITURA DO LUGAR AEROPORTO
S AV. GOIÁ
RODOVIÁRIA
NCIA
PENDÊ
pon
DE AV. IN
IÁ AV. GO
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NIDA
rio
5ª AVE
PRAÇA DO TRABALHADOR
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TERMINAL PRAÇA DA BÍBLIA
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MAR
go afo bot
PRAÇA CÍVICA
PRAÇA UNIVERSITÁRIA
bacia hidrográfica
inserção na cidade
PARTE 5 HABITAR A MARGEM 18 operação urbana no rio meia ponte
SETOR SANTA GENOVEVA SETOR JAÓ
SETOR NOVA VILA
SETOR NEGRÃO DE LIMA
SETOR CENTRAL
BAIRROS VIZINHOS
SETOR LESTE VILA NOVA
SETOR PARQUE INDUSTRIAL DE GOIÂNIA
ÁREA DE INTERVENÇÃO
A área está inserida na região central de Goiânia, no limite com a região norte, onde o rio Meia Ponte faz a divisão das regiões. Mais especificamente entre os setores Jaó e Negrão de Lima e Santa Genoveva, próxima de centralidades importantes para a capital, como a Avenida Independência, o Aeroporto, o CRER, Hospital Santa Genoveva, Clube Ferreira Pacheco, e o Parque Agropecuário. O rio Meia Ponte e suas margens são o principal objeto de estudo deste trabalho. O local compreende uma Área de Preservação Permanente que foi ocupada de maneiras distintas em cada margem, onde o rio se estabeleceu como um divisor de realidades opostas.
Avenida ver. JOSÉ monteiro
avenida meia ponte
descontinuidade das vias
repetição de blocos residenciais
pequena praça em meio aos condomínios residenciais
setor negrão de lima O Setor Negrão de Lima é um bairro de predominância residencial localizado na região central de Goiânia e que se encontra em transformação devido à recente verticalização q u e e l e v e m s o f re n d o . A s i n v a s õ e s , características da origem da região, tem dado lugar a condomínios verticais quando se deu a alguns anos o início de especulação imobiliária. Ainda com a retirada de habitações irregulares e construção de edifícios residenciais populares, a região ainda possui vasta desigualdade social e alto nível de criminalidade. ocupação irregular próxima ao rio
antiga linha do trem
setor jaó O Setor Jaó teve seu início envolvido por dois grandes empreendimentos. Primeiramente a Usina, e logo depois o clube Jaó, o grande atrativo da região. O bairro de baixa densidade habitacional possui uma característica singular em relação aos outros bairros de Goiânia por ser bastante arborizado pela grande quantidade de parques e praças. Além disso, sua localização e acesso o colocam fora das rotas de maior movimento, preservando sua tranquilidade. O comércio atende apenas a comunidade do bairro, que se firmou como predominantemente residencial. parque beija-flor
praça santa cruz - centro comercial
alameda pampulha (lindeira ao rio)
vista aérea da praça santa cruz à esquerda e parque beija flor à direita
Avenida de entrada do setor
paróquia são leopoldo
PARTE 5 HABITAR A MARGEM 21 o rio meia ponte NA PAISAGEM URBANA
ASPECTOS AMBIENTAIS
legislação
O Plano Diretor de Goiânia estabelece as Áreas de Preservação Permanente - APP como sendo ‘‘os bens de interesse nacional e espaços territoriais especialmente protegidos, cobertos ou não por vegetação, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, a fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas.’’ Entretanto SOUZA e MACEDO pontuam que o conceito adotado pela legislação ambiental em torno dessas áreas carrega uma visão preservacionista, importada sem adaptações do meio rural, que tende a segregar o cidadão dos ecossistemas naturais, tratando o meio ambiente como algo objetivo e externo à sociedade, passível de soluções universais. Tal concepção empobrece as relações entre sociedade e natureza e contribui para que tais áreas sejam desprezadas pela cidade, tornando-se entidades quase que independentes do espaço urbano, muito embora imersas nesse contexto.
TOPOGRAFIA
200 300
100
A Resolução CONAMA n° 369/06 torna a lei das APPs mais flexível ao possibilitar intervenção ou supressão de vegetação em APP para a implantação de área verde de domínio publico em área urbana em algumas situações e incentiva a implantação de parques lineares vinculados aos corpos d’água urbanos, permitindo a supressão de até 15% de cobertura vegetal e até 5% de área impermeabilizada.
vegetaçao
200 100
300
PARTE 5 HABITAR A MARGEM 22 o rio meia ponte NA PAISAGEM URBANA
+708
setorjaó
setor negrão de lima
+690
CORTE AA
20 30
10
+702
setor negrão de lima
setorjaó
+690
CORTE bb
+700
+695
20 10
30
leitura da área O relevo na área é pouco acidentado próximo às margens do rio, sendo a região mais elevada, no setor Negrão de Lima, 12 metros acima do rio. A vegetação nas margens do curso d’água já foram bastante suprimidas, o que levou ao processo de assoreamento. No lado do setor jaó há uma grande área desmatada, onde a vegetação ciliar foi praticamente extinta. Nesta área a APP compreende as faixas marginais do rio Meia Ponte, com largura de 100 metros em cada margem do rio, e de 30 metros no córrego. Em dois pontos no setor Jaó, essa margem é de 30 metros. Apesar da legislação, a falta de fiscalização por parte dos orgãos públicos possibilitou a ocupação irregular em muitas partes da APP, em maior intensidade pela população carente, mas na margem do setor Jaó há ocorrência de ocupação para uso de lazer, como chácaras e clubes. Pelo corte AA podemos perceber que a ocupação irregular se aproxima muito do rio na margem direita (setor Jaó). A degradação e a poluição são características visíveis nesse ambiente, que está relegado aos fundos das residências e por isso esquecido pela sociedade.
ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE
PARTE 5 HABITAR A MARGEM 23 operação urbana no rio meia ponte
USO E OCUPAÇÃO DO SOLO Ao longo da Avenida Ver. José Monteiro, no lado do setor Negrão de Lima, por ser uma via de fluxo intenso é onde se concentra a maior parte do comércio e serviços da região, do lado oposto existem 3 grandes equipamentos públicos, a Secretaria da Fazenda, a Estação de Tratamento de Água e o Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (CRER). O restante da área é predominantemente residencial, sendo a área mais antiga ocupada por habitações unifamiliares e na área central por condomínios verticais de alta densidade.
Na margem do rio na parte do setor Negrão de Lima e Parque Industrial de Goiânia são predominantes as ocupações irregulares e tipologias informais de habitação, indicando um perfil de baixa renda, enquanto na margem do setor Jaó encontram-se principalmente propriedades particulares destinadas ao lazer, grandes áreas com poucas edificações. Apenas na Alameda Pampulha, na parte onde está mais próxima ao rio apresentam algumas residências de baixo padrão, contrastadas com restante das edificações que ocupam a quadras adjacentes.
O local se encontra entre um polo comercial, ao sul, e um polo industrial, ao norte. O Setor Jaó é predominantemente residencial, com alguns usos comerciais que atendem aos moradores do bairro, é também onde se encontra um maior número de parques e praças. Já no Setor Santa Genoveva são predominantes os galpões comerciais, mas notase a presença de novos condomínios residenciais próximo a área estudada.
Ao longo da antiga linha do trem, se encontram as edificações mais antigas e pobres, cenário que vai se transformando a medida que se vai em direção ao centro do bairro, onde estão as torres de apartamentos da classe média.
habitação unifamiliar habitação coletiva comércio e serviços indústria e armazéns equipamentos públicos terrenos vagos área de proteção permanente áreas municipais
usos
densidade
200 100
0 - 50 hab/ha 50 - 150 hab/ha 150 - 300 hab/ha 300 - 600 hab/ha 600 - 1000 hab/ha
200
300
100
300
cheios e vazios
100 50
150
PARTE 5 HABITAR A MARGEM 25 operação urbana no rio meia ponte
SISTEMA VIÁRIO A principal via de acesso à região é a Avenida Ver. José Monteiro, que margeia o setor Negrão de Lima e leva à Avenida Prof. Venerando de Freitas Borges, que dá acesso ao setor Jaó. A Avenida Ver. José Monteiro é continuação da 5ª Avenida, que sai da Praça Universitária e corta o setor Vila Nova, e também é a via de ligação ao Aeroporto Santa Genoveva. Outra via de grande importância próxima à área escolhida é a Avenida Independência que leva até o Terminal da Bíblia.
Em relação ao transporte público, por se localizar numa região central na cidade, e próximo de um importante terminal urbano, a região poder ser considerada bem atendida. Há uma linha exclusiva que faz a ligação entre os setores Negrão de Lima e Parque Industrial de Goiânia e o Terminal da Bíblia. Outras 10 linhas passam pela Avenida Ver. José Monteiro, ligando o centro ao Campus Samambaia e ao aeroporto e ao Guanabara.
O restante da malha viária da região, com exceção da Avenida Armando de Godoy, é composta por vias locais. Existem na região muitas ruas sem continuidade e sem pavimentação, principalmente nas áreas de ocupação irregular. Na área compreendida pelo setor Parque Industrial não há ruas pavimentadas
cheios e vazios 260 T. BÍBLIA/ VILA VIANA/ NEGRÃO DE LIMA 913 AEROPORTO/ CENTRO 258 AEROPORTO /SETOR JAÓ/ CENTRO
AV. VE
R. J O
SÉ M ONT
EIR O
225 262 263 264 280 302 581 914
RES. GUANABARA/ VIA AV. NAZARETH JD. GUANABARA/ CENTRO T. BÍBLIA/ VILA NOVA/ PC CAMPUS T. BÍBLIA/ ST. GENOVEVA/ CLUBE F. PACHECO VALE DOS SONHOS/ GUANABARA/ CENTRO PC CAMPUS/ CENTRO T. BÍBLIA/ T. NERÓPOLIS PC CAMPUS/ CENTRO
266 T. Bíblia / Bairro Feliz / Vila Nova
VIA ARTERIAL VIA COLETORA
200 100
300
TRANSPORTE PÚBLICO
VIA LOCAL
IRO NTE MO OSÉ R. J
AV. SE
NAD O
RP
ÉRI
CLE S
AV. VE
ODOY
DE G O D N A M
AV. AR
100 50
150
HERARQUIA VIÁRIA
PARTE 6 HABITAR A MARGEM 27 o rio meia ponte NA PAISAGEM URBANA
SITUAÇÃO EXISTENTE ÁREA TOTAL DE INTERVENÇÃO = 57 HA
PARTE 6 HABITAR A MARGEM 28 o rio meia ponte NA PAISAGEM URBANA
diretrizes conceituais escala individual
conscientização
IDENTIDADE
permeabilidade
A comunidade tem um papel indispensável para reverter o processo de degradação do rio, ao oferecer uma nova experiência em relação ao rio criará um tipo de vínculo com o lugar.
A identidade é um valor importante para a comunidade, refletindo seu modo de vida e a cultura de seus habitantes através de uma forma física ou configuração do espaço, que vai interferir diretamente no sentimento do usuário pelo lugar.
Quebrar as barreiras física e psicológicas exitentes entre o rio e a cidade promovendo uma transição gradual entre o espaço urbano e o natural.
dEmocratização
INTEGRAÇÃO
apropriação
imersão
Democratizar o uso do espaço público, conectando regiões com características sociais distintas, e planejar espaços que permita a apropriação por grupos sociais variados.
Romper a barreira entre a área urbana e a área de proteção ambiental, com a premissa de que a visibilidade e o uso público desse espaço melhora a qualidade de vida dos cidadãos e favorece o controle de sua preservação pela comunidade.
Oferecer ao usuário a oportunidade de moldar o espaço, intervir nele, a fim de desenvolver um sentimento de responsabilidade pelo lugar.
Em meio ao conturbado ritmo da cidade, oferecer ao usuário um escape, inserindo-o na natureza e utilizando a vegetação maciça como definidora do espaço, criando ambientações de luz e sombra.
vitalidade
APROXIMAÇÃO
CONexão
A diversidade de usos e ambiências promove a utilização e apropriação do espaço por diferentes tipos de usuário, aumentando o envolvimento da população com seu espaço de vida cotidiana.
Oferecer um contato direto do usuário com a natureza e proporcionar múltiplas experiências sensoriais ao usuário, o encontro com a água sensibiliza o usuário sobre a condição do rio.
Conectar os dois lados do rio e assim promover maior interação entre os moradores dos dois bairros. Por meio de ambiências e equipamentos distintos em cada lado, promover o fluxo de pessoas entre as margens incentivando assim as trocas sociais.
escala do grupo
comunidade
PARTE 7 HABITAR A MARGEM 29 operação urbana no rio meia ponte
parque urbano rio meia ponte
PARTE 7 HABITAR A MARGEM 30 o rio meia ponte NA PAISAGEM URBANA
O Rio Meia Ponte, em Goiânia, foi considerado uma barreira desde o início implantação da cidade e se tornou um espaço residual que divide o tecido urbano física e socialmente. Com o intuito de converter um espaço esquecido e negligenciado da cidade num lugar de significado para a população, propõe-se a implantação de um parque nas margens do rio, onde se insere um conjunto de intervenções que irão gerar diferentes tipos de ocupação no parque. A premissa do projeto é de que a visibilidade e a permeabilidade desse espaço podem reintegrá-lo ao cotidiano das pessoas, e através da vivência e da experiência, criar laços de afeto e senso de pertencimento. O parque linear ocupa uma área de 57 hectares divididos em três partes, e onde cada uma é palco de uma ação distinta.
PARTE 7 HABITAR A MARGEM 31 operação urbana no rio meia ponte
interagir
0
20
50
planta IMPLANTAĂ‡ĂƒO
habitar
100
perceber
PARTE 7 HABITAR A MARGEM 33 operação urbana no rio meia ponte
aspectos construÍDOS piso intertravado placa drenante de concreto piso grama piso de pneu reciclado cimentício
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9
50
150
pavimentação
300
MERCADO ABERTO HABITAÇÃO SERIADA HABITAÇÃO COLETIVA CENTRO DE PESQUISA PASSARELA anfiteatro parque infantil pista de skate quadras esportivas
6
4
5
2 7 3
8 9 0
50
150
300
7
1
equipamentos
PARTE 7 HABITAR A MARGEM 34 o rio meia ponte NA PAISAGEM URBANA
ACESSO PEDESTRE ACESSO PASSARELA ACESSO VEÍCULO CONEXÃO PEDESTRE CONEXÃO VEÍCULO
0
50
150
300
ACESSOS E CONEXÕES
PARTE 7 HABITAR A MARGEM 35 operação urbana no rio meia ponte
aspectos ambientais vegetação arbustiva PRADO IRRIGADO vegetação HERBÁCEA vegetação aNFÍBEA vegetação ORNAMENTAL
0
50
150
300
ÁRVORES EXISTENTES ÁRVORES PROPOSTAS ÁRVORES COM FLORAÇÃO
0
50
150
300
ESTRUTURA ARBUSTIVA 0
50
150
300
ESTRUTURA ARBÓREA
PARTE 7 HABITAR A MARGEM 36 o rio meia ponte NA PAISAGEM URBANA
703 m 691 m
0
50
150
300
topograямБa e HIDROGRAFIA
PARTE 8 HABITAR A MARGEM 37 operação urbana no rio meia ponte
interagir
PARTE 8 HABITAR A MARGEM 38 o rio meia ponte NA PAISAGEM URBANA
A primeira parte do parque é a da Interação. São propostos equipamentos que instigam as trocas sociais entre os usuários. A grande cobertura abrigará um mercado aberto, com área fechada no térreo para lojas e apoio aos usuários. A estrutura foi concebida para ser um objeto marcante no parque, de modo que atraia grupos diversos a usar o local, e que possa fortalecer o sentido de comunidade. Foram propostos espaços destinados a esportes e recreação, como quadras, pista de skate, parque infantil, bem como um anfiteatro na margem posterior do rio.
PARTE 8 HABITAR A MARGEM 39 operação urbana no rio meia ponte
perceber
A passarela é o elemento mediador entre homem e natureza e permite um contato antes inexistente com rio. Ela permeia o rio em toda a extensão do parque, funcionando como um impulsionador da paisagem, e provocando nos usuários uma necessidade de descoberta da natureza que os cerca.
CORRIMÃO E PISO EM MADEIRA
PLACA DE AÇO CORTEN
estrutura treliçada EM AÇO CORTEN
0
.5
1
corte PASSARELA
2
PARTE 68 HABITAR A MARGEM 40 35 o rio meia ponte NA PAISAGEM URBANA
O perceber se refere à relação cidade-natureza. Busca-se quebrar a fronteira entre o natural e o construído ocupando o espaço de forma a aproximar e conscientizar a população sobre a importância daquele ecossistema em sua própria qualidade de vida. É proposto um centro de pesquisas relacionadas à conservação e recuperação do rio Meia Ponte, esse edifício ficará sobre um tanque de filtragem natural que tratará parte da água poluída do rio por meio de plantas anfíbias, a água filtrada será usada na manutenção de uma horta comunitária.
PARTE 8 HABITAR A MARGEM 41 operação urbana no rio meia ponte
cortes
corte mercado aberto 0
20
50
100
corte centro de pesquisa ambiental 0
20
50
100
PARTE 8 HABITAR A MARGEM 42 o rio meia ponte NA PAISAGEM URBANA
+708
+698 +694 +691
+700
+694 +691
PARTE 8 HABITAR A MARGEM 43 o rio meia ponte NA PAISAGEM URBANA
habitar Uma nova proposta de habitação substitui as ocupações irregulares e informais existentes, buscando manter a proximidade dos moradores com o rio e estabelecer uma relação direta com a paisagem e a natureza, instigando o sentimento topofílico. Os blocos foram dispostos e moldados para haver a máxima integração com o parque, mas ainda assim propiciando privacidade aos moradores. O tratamento das fachadas com brises de madeira possibilita dá ao usuário a escolha de abrir ou fechar sua casa ao parque. Visualmente, o objeto arquitetônico se camufla na paisagem natural. O formato irregular dos blocos criam espaços compartilhados entre eles, local propício às trocas sociais, os distintos tamanhos e formas dos pátios dão identidade própria a cada espaço, fortalecendo o laço dos usuários com o lugar.
+693
+695
+691
+696 +698
+694 +695 +699
+698 +697
+701
+705
+697
+701 +699 +703
0
5
planta baixa
15
habitação
30
+695
+700
PARTE 8 HABITAR A MARGEM 45 o rio meia ponte NA PAISAGEM URBANA
habitação coletiva
área ocupável
formação de um pátio interno
Acesso ao parque E BLOCO DE ESTACIONAMENTO
possibilitar mÚltiplas vistas para o parque
PARTE 8 HABITAR A MARGEM 46 o rio meia ponte NA PAISAGEM URBANA
habitação seriada
distribuição das unidades
abertura de pátios internos
acesso principal
possibilitar vista do parque para todas as unidades
PARTE 8 HABITAR A MARGEM 47 operação urbana no rio meia ponte
cortes
corte habitação coletiva 0
20
50
100
corte habitação seriada 0
20
50
100
PARTE 8 HABITAR A MARGEM 48 o rio meia ponte NA PAISAGEM URBANA
+706 +703 +700 +697 +694 +691
+708 +705 +703 +701 +699 +696 +693 +691
PARTE 8 HABITAR A MARGEM 49 operação urbana no rio meia ponte
habitação coletiva
0
2
4
corte habitação
0
2
4
corte habitação
10
coletiva
10
coletiva
PARTE 8 HABITAR A MARGEM 50 o rio meia ponte NA PAISAGEM URBANA
0
1
2
5
planta baixa
apartamento tipo 1 80 m² 3Q
apartamento tipo 2 53 m² 2Q
PARTE 8 HABITAR A MARGEM 51 operação urbana no rio meia ponte
habitação seriada
telhado verde
GUARDA-CORPO EM AÇO CORTEN
0
1
2
corte habitação
5
coletiva
PERFIL LAMINADO I
brise articulado de madeira
FLOREIRA
0
2
4
corte habitação
0
1
2
corte habitação
5
coletiva
10
seriada
PARTE 8 HABITAR A MARGEM 52 o rio meia ponte NA PAISAGEM URBANA
bloco 1 0
1
2
5
unidade comercial 44 m²
apartamento bloco 2 e 3 0
1
2
44 m² 1Q 5
duplex tipo 1 84 m² 2Q
duplex tipo 2 92 m² 3Q
planta baixa pav inferior
planta baixa pav inferior
planta baixa pav superior
planta baixa pav superior
PARTE 8 HABITAR A MARGEM 54 o rio meia ponte NA PAISAGEM URBANA
0
10
20
50
PLANTA BAIXA GARAGEM - habitação
0
10
20
coletiva
50
PLANTA BAIXA GARAGEM - habitação
SERIADA
PARTE 9 HABITAR A MARGEM 55 operação urbana no rio meia ponte
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GO.