LAR PRIMAVERA Espaço de apoio destinado a mulheres fragilizadas
lar e sociedade em Marília - SP no
VOL. 01 - N. 01 ISSN 000-000 CDD - 720
Amanda Passerani
Revista Digital (TFG - Trabalho Final de Graduação) Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Marília, Marília, 2021. Orientação: Prof. Ms. Walnyce de Oliveira Scalise.
1. Apoio Social Arquitetônico.
2. Violência Contra a Mulher
3. Projeto
Passerani, Amanda. CDD 725.5
Revista TFG - Arquitetura e Urbanismo
Universidade de Marília - UNIMAR Arquitetura e Urbanismo
ISSN 000-000
VOL. 01 - N. 01
CDD - 720
Nov./Dez. 2021
UNIVERSIDADE DE MARÍLIA Reitor MÁRCIO MESQUITA SERVA Vice-Reitora REGINA LÚCIA OTTAIANO LOSASSO SERVA Pró-Reitora de Pós-Graduação FERNANDA MESQUITA SERVA Pró-Reitor de Administração MARCO ANTONIO TEIXEIRA Pró-Reitor de Graduação JOSÉ ROBERTO MARQUES DE CASTRO Pró-Reitora de Ação Comunitária FERNANDA MESQUITA SERVA Curso de Arquitetura e Urbanismo FERNANDO NETTO
UNIVERSIDADE DE MARÍLIA NDE – NÚCLEO DOCENTE ESTRUTURANTE • Ms. FERNANDO NETTO - Coordenador • Dr. IRAJÁ GOUVEIA - Docente • Ms. WALNYCE DE OLIVEIRA SACALISE - Docente • Ms. SÔNIA C. BOCARDI DE MORAES - Docente • Ms. WILTON F. CAMOLESE AUGUSTO - Docente NÚCLEO INTEGRADO DE PESQUISA E EXTENSÃO – NIPEX DRI • Dra. WALKIRIA MARTINEZ HEINRICH FERRER – Coordenação CPA - COMISSÃO PRÓPRIA DE AVALIAÇÃO • Dra. ANDRÉIA C. F. BARALDI LABEGALINI - Pesquisa Institucional
COMISSÃO EDITORIAL – REVISTA TFG • Ms. FERNANDO NETTO – Coordenador / Arquiteto e Urbanista • Ms. WILTON F. CAMOLESE AUGUSTO – Docente / Arquiteto e Urbanista • Dra. WALKIRIA MARTINEZ HEINRICH FERRER - Docente / NIPEX DRI • Dra. HELOISA HELOU DOCA – Docente / Letras • FERNANDO MARTINS – Marketing Unimar e Jornalista (MTB 76.753) COORDENAÇÃO - ARQUITETURA E URBANISMO • Prof. Ms. FERNANDO NETTO
Amanda Passerani dos Santos Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Marília
Ms. Walnyce de Oliveira Scalise Doscente do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Marília
Ms. Fernando Netto
Coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade e Marília
PROFESSORES DO CURSO
Ms. Walnyce de Oliveira Scalise
Ms. Mariana Petruccelli Pires Watzel
Dra. Sônia Cristina
Orientadora
Ms. Fernando Netto Coordenador
Dr. Irajá Gouvêa
Esp. Marce
Bocardi de Moraes
elo Salmon
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Ms. Wilton Flávio Camoleze Augusto
Esp. Luiz Fernando Gentile
Ms. Odair Laurindo Filho
ARQUITETOS CONVIDADOS - BANCA
Ana Carolina Menin
Fernanda Tozim
Maurício Rodrigues Filho
André Henrque da Silva
Bruna Cristin
Kelly C. Zavanelli
Lauren Beld
Mayara Doreto
Nivaldo C
AS 2021
na Pires
Eneias Boaz
Evandro Colombo dos Reis
dinazzi
Leonardo Bartles
Lucas Piccinelli
Rebeca Mugnai Vieira
Tássia Lemes
Cruz
LAR PRIMAVERA
SUMÁRIO 13 Resumo 14 Abstract 16 Introdução 17 Conceitos 27 Problematização 29 Justificativa 31 Objetivos 33 Evolução Histórica 41 Legislação 43 Projetos Correlatos 64 Análise de Implantação 77 Programa de Necessidades 79 Organograma e Fluxograma 81 Partido Arquitetônico 85 O projeto 107 Considerações Finais 109 Referências 113 Agradecimentos
RESUMO Um dos assuntos que sempre esteve em pauta nas discussões sociais é a violência. Isso ocorre pois desde as primeiras civilizações, entendia-se que para demonstrar superioridade ou poder, precisavase utilizar da violência como forma de força em detrimento de uma nação, um grupo de pessoas ou um indivíduo. Mesmo com os avanços adquiridos na luta das mulheres pela igualdade de direitos, a violência contra a mulher caracteriza uma sociedade que ainda é reflexo da desigualdade de gênero e do patriarcado passado de geração a geração. Por esse viés, o trabalho foi desenvolvido com o intuito de não somente colocar em suma a importância de buscar a ruptura da violência contra o feminino, mas também para gerar assistência às vítimas desses conflitos. Nesse sentido, será desenvolvido um espaço de apoio destinado a mulheres vítimas de violência física e psicológica em Marília/SP. A proposta do projeto foi pensada a partir dos estudos realizados sobre as consequências que uma mulher agredida sofre e a importância de se tratar o tema atualmente. Para isso, estudou-se a legislação do município, as características regionais e a geolocalização que viabilizasse a implantação do espaço. O método de pesquisa do trabalho baseou-se em livros de literatura e de história, artigos científicos similares, dados de pesquisa quantitativa, vídeos e palestras que se referem ao assunto e estudos de casos de espaços de apoio social. Todas as informações coletadas, contribuíram para o desenvolvimento deste artigo com fundamentos consistentes e auxiliaram na elaboração do projeto arquitetônico. Diante do exposto, pode-se afirmar que a arquitetura, além de trazer funcionalidade e qualidade na vida das pessoas, é um elemento que acolhe, transforma e prepara o indivíduo para lidar com os conflitos das vivências sociais, a fim de gerar impacto nas lutas por grandes causas e promover a igualdade dos direitos humanos.
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Palavras-chave: Apoio Social. Violência Contra a Mulher. Projeto Arquitetônico.
ABSTRACT One of the issues that has always been on the agenda in social discussions is violence. This is because since the first civilizations, it was understood that to demonstrate superiority or power, it was necessary to use violence as a form of force at the expense of a nation, a group of people or an individual. Even with the advances made in women's struggle for equal rights, violence against women characterizes a society that is still a reflection of gender inequality and patriarchy passed from generation to generation. Because of this bias, the work was developed with the aim of not only highlighting the importance of seeking to end violence against women, but also to generate assistance for the victims of these conflicts. In this sense, a support space for women victims of physical and psychological violence will be developed in Marília / SP. The project proposal was based on studies carried out on the consequences that a battered woman suffers and the importance of dealing with the topic today. To this end, the municipality's legislation, regional characteristics and a geolocation that made the space implementation feasible were studied. The research method of the work was based on literature and history books, similar scientific articles, data from quantitative research, videos and lectures that refer to the subject and case studies of social support spaces. All the information collected contributed to the development of this article with consistent foundations and helped in the elaboration of the architectural project. Given the above, it is concluded that architecture, in addition to bringing functionality and quality to people's lives, is an element that welcomes, transforms and prepares the individual to deal with the conflicts of social experiences, in order to generate an impact in the struggles for causes and promote the equality of human rights. Keywords: Social Support. Violence Against Women. Architectural Project. 14
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INTRODUÇÃO Apesar dos resultados obtidos na busca pelo direito de ocupação das mulheres na sociedade, é visível que a desigualdade entre o feminino e o masculino ainda é presente. Durante séculos a imagem da mulher foi diretamente relacionada a condições de escravidão e suas funções primordiais eram reproduzir, amamentar, e criar seus filhos, numa sociedade em que para ser livre, precisava-se basicamente ter nascido homem. Essa circunstância está descrita por exemplo em “Dom Casmurro”, romance brasileiro do escritor Machado de Assis, onde a personagem Capitu é colocada em situação de inferioridade e veiculada a uma imagem negativa no papel de uma mulher adúltera. Além disso, Capitu seria a personificação do olhar falocêntrico onde faz-se clara a cultura patriarcal que é composta por valores que desmerecem e silenciam a mulher pois é colocada sob uma visão soberana do masculino que a enxerga como objeto de desejo e consumo. De fato, assim como a história e a literatura mostram, a inferiorização das mulheres é consequência não somente de uma era, mas de uma cultura que precisa ser desmistificada. Por este viés, a abordagem do tema representa a continuação de projetos sociais já existentes em outras cidades que focam no amparo e capacitação de mulheres, a fim de as mesmas encontrem independência e ocupem seus espaços de direto no cotidiano.
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CONCEITOS
VIOLÊNCIA A violência é algo que sempre esteve presente na jornada humana, com suas diversas maneiras de prática e é por isso que, ao ser estudada deve compreender o foco do que se pretende alcançar. No caso da violência contra a mulher, assim como o Ministério da Saúde apresenta, a violência apresenta-se não somente de forma física, mas também pode abranger aspectos psicológicos, sexuais, institucionais e econômicos. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). De acordo com Silva (1998) o vocábulo violência vem do latim violentia, de violentus (com ímpeto, furioso, à força), logo o ato de força, a impetuosidade, o acometimento, a brutalidade, são, portanto, atos violentos. Em regra, a violência resulta da ação ou da força irresistível, e em sua prática normalmente existe a intenção de se atingir um objetivo, que não se obteria sem ela. A Convenção de Belém do Pará (Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher, adotada pela OEA em 1994) define que violência contra a mulher é qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado.
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O termo violência, quando citado no dicionário online de português (DICIO 2018) é compreendido como sendo um substantivo feminino do que caracteriza algo que age com força, que possui qualidade ou caráter de algo violento. Diante de tal afirmação e com foco no projeto a ser executado, serão trabalhadas as formas de violência física, psicológica, sexual, doméstica e moral, todas essas cometidas a mulheres, especificamente. De acordo com o art. 5º Lei nº. 11.340, de 7 de agosto de 2006, violência doméstica e familiar contra a mulher é “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”.
A Lei Maria da Penha em seu artigo 7º, Inciso II assim a descreve: II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação. 18
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CONCEITOS
VIOLÊNCIA Entre os tipos de violência contra a mulher, a física é entendida como qualquer conduta que possa ofender a integridade e saúde corporal da mulher. Geralmente é praticada com o uso da força física do agressor que utiliza de tapas, socos, chutes e outras ações para ferir a vítima em diferentes intensidades, a fim de causar ferimentos leves ou graves ao corpo da mesma. (Secretaria de tecnologia da informação do TJSE Coordenadoria da Mulher) Para Vitangelo (2018) a violência psicológica é caracterizada como aquela que não se pode ver, mas é capaz de causar grandes danos emocionais na autoestima da mulher. Geralmente é muito extensa em sua pratica e apresenta um conjunto de fatores que aos poucos, vão descredibilizando a mulher em seus pensamentos, suas falas e sua maneira de agir. Além das violências físicas e psicológicas, outra maneira de inferiorização da mulher está diretamente ligada a posses de cargos aos salários das empresas que na maioria das vezes, são menores apenas porquê a colaboradora é uma mulher. Segundo a Agência Brasil (2019) uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de geografia e estatística (IBGE) aponta que as mulheres ganham menos do que os homens em todas as ocupações selecionadas na pesquisa. Mesmo com uma queda na desigualdade salarial entre 2012 e 2018, as trabalhadoras ganham, em média, 20,5% menos que os homens no país.
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Empoderar as mulheres, significa torná-las mais fortes, conceder condições para que se sintam autoconfiantes e assim cresçam pessoal e profissionalmente, em um cenário em que ainda são minorias. (VITANGELO 2018).
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CONCEITOS
espaço de apoio Lefevbre em seu trabalho The production of space (La production de l’espace) (1992 [1974]) aponta que o espaço social está claramente ligado ao trabalho social e seus três conceitos gerais são a forma, a estrutura e a função. Para ele, este espaço compreende as relações sociais e não pode ser resumido ao espaço físico somente. A partir de tal afirmação, pode-se analisar que para o autor, o espaço é definido como elemento de produção social e precisa ter função. Os espaços de apoio podem ser considerados o produto da utilização do espaço como forma de acolhimento e promoção do desenvolvimento, já que sua principal função é estabelecer suporte e direcionamento em prol de causas sociais como as ONGs, por exemplo. Ao estudar o conceito de apoio social, Barrios (1999) afirma que tal apoio inclui em algum espaço de tempo, oportunidade para que seja situações sejam compartilhadas com grupos de pessoas e como consequência, tenha-se apoio afetivo ou material. Além disso, o autor destaca que a importância em apoiar o outro está na manifestação de solidariedade e no efeito positivo que causa na vida das pessoas prejudicadas. Assim, segundo Valla (1998), "um envolvimento comunitário, por exemplo, pode ser um fator psicossocial significativo no aumento da confiança pessoal, da satisfação com a vida e da capacidade de enfrentar problemas".
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Do espaço não se pode dizer que seja um produto como qualquer outro, um objeto ou uma soma de objetos, uma coisa ou uma coleção de coisas, uma mercadoria ou um conjunto de mercadorias. Não se pode dizer que seja simplesmente um instrumento, o mais importante de todos os instrumentos, o pressuposto de toda produção e de todo o intercâmbio. Estaria essencialmente vinculado com a produção das relações sociais de produção. (LEFEVBRE 1992)
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PATRIARCADO
CONCEIT S No Dicionário Crítico do Feminismo, Delphy (2009) coloca o patriarcado como uma palavra muito antiga que mudou de sentido ao longo do século XIX, e posteriormente, nos anos 1970, após a segunda onda do feminismo. Nas palavras da autora: Antes do século XIX e da aparição de um sentido ligado à organização global da sociedade, o patriarcado e os patriarcas designavam os dignitários da Igreja, seguindo a uso dos autores sagrados, para os quais patriarcas são os primeiros chefes de família que viveram, seja antes, seja depois do Dilúvio. Esse sentido ainda é encontrado, por exemplo, na Igreja Ortodoxa, na expressão 'o patriarca de Constantinopla (DELPHY 2009).
Weber (2009) e Rousseau (2003) ressaltam a teoria de que em uma organização social, a chamada família, o pai como chefe da casa exerce poder principal sobre os demais membros de sua casa ou comunidade. Além disso, afirmam o termo para representar regimes políticos complexos como a Monarquia. (AGUIAR 2015) Teóricas feministas como Pateman (1993), Walby (1990), Saffioti (2004), entre outras, defendem que essa interpretação tradicional sobre o patriarcado mascara uma dominação masculina nas sociedades modernas, legitimadas por tais concepções, pois essas deixam de fora a situação das mulheres nas sociedades capitalistas. 24
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CONCEITOS
feminicídio A palavra feminicídio vem do termo femicídio, cunhado pela socióloga sul-africana Diana Russell (1976) no Tribunal Internacional de Crimes Contra as Mulheres em Bruxelas. O termo consiste em explicar o fato de uma mulher ser assassinada apenas por pertencer ao gênero feminino.O livro "Femicide: the politics of woman killing" escrito por Diana E. H. Russell e Jill Radford reconhece e visibiliza de forma política a opressão, a discriminação, a desigualdade e as formas de violência praticadas contra as mulheres que podem até levar as vítimas a morte em casos mais graves. Com a taxa de 4,8 assassinatos para 100 mil mulheres, segundo o Mapa da Violência elaborado pela FLACSO (2015) o Brasil está entre os países com maior índice de homicídios femininos ocupando a quinta posição em um ranking de 83 nações. No Brasil, 55,3% desses crimes foram cometidos no ambiente doméstico e 33,2% dos homicidas eram parceiros ou ex-parceiros das vítimas, com base em dados de 2013 do Ministério da Saúde, e do Mapa da Violência 2015 (FLACSO, 2015). Como avanço relevante para o tema, foi sancionada no dia 9 de março de 2015 a Lei nº. 13.104 que prevê de modo geral o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, de autoria da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Violência contra Mulher. Com a sanção presidencial, o assassinato de mulher por razões de gênero (quando envolver violência doméstica e familiar ou menosprezo e discriminação à condição de mulher) passa a ser incluído entre os tipos de homicídio qualificado. A pena prevista para homicídio qualificado é de reclusão de 12 a 30 anos. (BRASIL, 2015).
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O dia 10 de outubro é caracterizado como o Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher. Essa data ganhou significado a partir de um marco histórico de 1980 onde um grupo de mulheres ocupou as escadarias do Teatro Municipal de São Paulo em protesto ao aumento dos casos de crimes praticados contra as mulheres no Brasil. Esse e outros marcos contribuíram para alguns avanços no que diz respeito a desigualdade de gênero e violência contra mulher, porém, é inegável que tais conquistas não exterminaram o ato de ferocidade praticado contra o gênero feminino. Segundo a Campanha Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha – que reúne órgãos públicos, empresas privadas e representações do Poder Judiciário, do total de atendimentos realizados pelo Ligue 180 – a Central de Atendimento à Mulher no 1º semestre de 2016, 12,23% (67.962) corresponderam a relatos de violência. Entre esses relatos, 51,06% corresponderam à violência física; 31,10%, violência psicológica; 6,51%, violência moral; 4,86%, cárcere privado; 4,30%, violência sexual; 1,93%, violência patrimonial; e 0,24%, tráfico de pessoas. 27
No âmbito da cidade de Marília/SP existe a Delegacia de Defesa a mulher, órgão que auxilia no apoio dessas vítimas, porém, não existe nenhuma instituição de carácter participativo que seja capaz de trazer a sensação de acolhimento, proteção e bem-estar para a mulher, e não de denúncia, o qual muitas vezes pode ser representado por delegacias. De acordo com os dados analisados em uma pesquisa realizada através do Banco de Dados das Delegacias de Polícia de Marília – SP e no Banco de Dados do Projeto de Pesquisa de de Gestão Urbana de Trabalho Organizado, GUTO da UNESP/MARÍLIA, foram registrados entre janeiro de 2014 e outubro de 2015 cerca de 850 boletins de ocorrência de crimes de “lesão corporal dolosa”, “ameaça”, “injúria”, “atentado violento ao pudor”, “estupro”, “homicídio”, bem como os crimes designados como “comunicação de fato”.
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JUSTIFICATIVA É explícita a necessidade de luta das mulheres na conquista do seu espaço na sociedade. Desde os primórdios da civilização, o patriarcado assume o protagonismo nas vivências domésticas, sociais e políticas. Por conta disso, a mulher sempre foi vista como inferior no que se diz respeito a poderes de escolha e posses de cargos. No caso do projeto, é de extrema importância compreender como e quando a violência é usada contra a mulher e o que pode causar a curto ou a longo prazo para com isso, apoiar a visibilidade das causas relacionadas a violência contra a mulher e a partir deste enfoque, contribuir para a transformação de uma realidade ainda atual, seja a violência doméstica ou o preconceito ao qual a mulher é submetida em seu ambiente de trabalho, por exemplo.
Sabe-se que alguns recursos de apoio a essas mulheres já existentes como a Lei Maria da Penha, muitas vezes não são utilizados da melhor maneira justamente porquê muitas mulheres vítimas de violência não possuem acesso a serviços de suporte e até mesmo são ameaçadas caso procurem auxílio ou denunciem tal situação. Diante do exposto, um espaço de apoio será muito mais efetivo na busca dessas mulheres pelo suporte necessário, já que o foco não é a exposição e a penalização de quem comete a violência e sim o conforto e a reestruturação psicológica da vítima.
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OBJETIVOS O objetivo geral do trabalho é elaborar o projeto arquitetônico de um espaço de apoio que será destinado a mulheres fragilizadas, vítimas de violências físicas e psicológicas, em suas casas e nos ambientes em que atuam, considerando a realidade do cenário no município de Marília/SP. Nesse sentido, os objetivos específicos consistem em projetar um ambiente próprio a fim de garantir a segurança e privacidade da mulher violentada que resultará em um maior aproveitamento dos recursos existentes e a somatória na luta para que novos mecanismos de proteção sejam desenvolvidos, o que contribuirá cada vez mais para o empoderamento feminino em igualdade e justiça por seus direitos.
Além disso, tem-se como objetivo mostrar a importância da arquitetura nos cenários sociais e a relação de um prédio na influência dos pensamentos e sentimentos de um indivíduo, a fim de alcançar melhorias em suas vivências e a ruptura da violência e preconceitos contra a mulher. O projeto abrangerá suportes de moradia provisória, orientação jurídica e psicológica, workshops de cursos e autocuidados. Tudo isso, fundamentalmente programado para auxiliar na recuperação da segurança, autoestima e imponência da mulher que de alguma forma sofreu as consequências de uma agressão e perdeu a esperança de uma vida plena e satisfatória.
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LUÇÃO
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De caráter social e histórico, a prática da violência constituiu-se com base nas relações sociais entre os indivíduos e caminhou pela história com diferentes faces e posições. Independente da classe social, etnia ou raça, a mulher perpetuamente é nomeada vítima da violação consequente das situações de poder, soberania e domínio do meio político, ideológico, cultural e econômico estabelecidos na sociedade. As primeiras relações de dominação sobre as mulheres ocorreram no Brasil Colônia. De acordo com o historiador Gilberto Freyre (1933) as influências trazidas pelos colonizadores portugueses e espanhóis, compuseram o início da disseminação de valores conservadores com princípios de uma sociedade patriarcal. Em seu livro Casa Grande & Senzala FREYRE (1933) a formação da família brasileira sob o regime de economia patriarcal, Freyre aborda o tema dos moldes patriarcais estabelecidos nas primeiras famílias do período colonial. Segundo ele, as casas grandes simbolizavam a sociedade marcada pelo patriarcado pois representava todo o sistema econômico, político e social já que eram construídas junto aos latifúndios e eram movidas a partir das relações de domínio e escravidão.
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Ao parafrasear Freyre, nota-se que os principais elementos seguidos da época, sendo eles a moral católica e as legislações, também concretizavam as diferenças dos papéis de acordo com o gênero. A história em seus diversos aspectos afirma que nas famílias, o poder principal era centralizado no homem e a mulher, restava o papel de ser esposa, criar os filhos e cuidar do lar. Historicamente a mulher foi considerada patrimônio, seja de seu esposo no caso das mulheres brancas que eram destinadas ao casamento e ao papel de genitora, ou de seus donos, no caso das escravas. Se uma mulher branca traísse seu esposo, era considerada adúltera, mas ao mesmo tempo, os senhores buscavam prazer com as escravas e não sofriam do mesmo julgamento. Por esse viés, entendese que independente de sua posição social, a coisificação da mulher sempre esteve em caráter passível de reflexão. (FREYRE, 1933) Almeida (2004) também teoriza que a naturalização da violência se tem a partir das relações de domínio e poder banalizadas pelas influências hierárquicas do período colonial e a desigualdade de gênero vigente desde tal época. Em relação a coisificação e domínio do masculino sobre a mulher, LACERDA (2010) coloca uma interessante característica vinda dos princípios católicos da época. Para tais, a mulher era considerada como elemento associado ao diabo, já que seu corpo era visto como elemento de sedução e encantamento e por conta disso, precisava ser controlado pela figura masculina, assim como as terras de patrimônio dos colonizadores. Com base em tal esclarecimento e segundo ABREU (2007) a justificativa pela crescente prática da violência e domesticação da mulher, é confirmada pela moral católica.
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O meio viciado, a devassidão dos costume de educação, a inclinação a malícia e à lib julgamentos de médicos, juristas, membr moças pobres, negras e brancas, principa nossa história.
es, os instintos perversos, a falta de honra e berdade foram expressões que marcaram os ros do clero, liberatos e jornalistas sobre as almente ao longo dos últimos 150 anos de . (ABREU,2007).
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As razões demonstrativas do ideal de superioridade dos homens em detrimento das mulheres deixam claras as âncoras que explicam os princípios das práticas de violência contra as mesmas visto que a sociedade patriarcal era regida por instituições de defesa da desigualdade de gênero. Consequentemente, a violência desencadeou capítulos cada vez mais difíceis de contestar e atingiu vertentes distintas como a violência física, a psicológica e sexual que infelizmente, são parte dos discursos da contemporaneidade. (ALMEIDA, 2004). Diante do exposto, LACERDA (2010) ainda coloca que uma das formas mais concretas da resistência das mulheres nesse período foi a maternidade, já que o único poder que podia ser exercido era com seus filhos e, muitas, vezes, a maternidade servia como elemento de apoio e refúgio para fuga da solidão e sofrimento as quais eram submetidas. No período Imperial, a situação de violência contra as mulheres em diferentes âmbitos não mudou. Nota-se que o valor atribuído a mulher por muito tempo limitou-se as atividades domésticas e a criação dos filhos. Apenas os homens podiam votar, assumir cargos ou papeis de liderança fora do lar. Essa narrativa faz-se presente com a constituição de 1824, a primeira constituição brasileira onde a mulher não era considerada como cidadã e não possuía direito ao voto. As mulheres podiam trabalhar, mas desde que não fossem em cargos públicos. Depois disso, com a constituição de 1934, surge o princípio de igualdade entre os sexos. (RICHTER 2017) Somente na constituição de 1937 foi concedido as mulheres o direito ao voto, fruto dos protestos do movimento feminista, mas mesmo assim, ainda existiam diversos fatores que entravam em conflito com a igualdade proposta, o que gerou vários retrocessos. Por fim, somente a partir da constituição de 1988 alguns avanços na luta pela igualdade entre mulheres e homens teve um peso significativo nas mudanças.
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LEGISLAÇÃO O projeto Arquitetônico do espaço de apoio será implantado na cidade de Marília/SP e por isso terá a legislação utilizada com base no código de Obras do Município. Além disso é de extrema importância consultar o Código Sanitário do Estado de São Paulo, a Lei de zoneamento e Uso do Solo e Associação de Normas Técnicas ABNT- NBR9050.
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Código de Obras da cidade de Marília- SP, é a ferramenta que permite à Administração Municipal exercer o controle e a fiscalização do espaço edificado e seu entorno, a fim de garantir segurança, conforto e salubridade para as edificações implantadas na região. Lei complementar nº 42, 28 de setembro de 1992. Código Sanitário do Estado de São Paulo, noCapítulo IV seção II, que abrange os asilos, orfanatos, albergues e estabelecimentos congêneres, aplicando as normas gerais que se referem a essas edificações, com relação a dimensões mínimas de dormitórios, materiais que serão revestidas as paredes internas, quantidade de instalações sanitárias, exigências quanto aos locais de armazenamento e consumo de alimentos, quantidade de leitos, área mínima para área de recreação e de um espaço aberto destinada ao lazer. Lei de Zoneamento e Uso do Solo, é o documento estabelecido pela cidade para definir as normas gerais de seu desenvolvimento. Os princípios de ocupação de utilização do espaço urbano devem seguir tais orientações presentes na lei. Assim, a cidade poderá ser desenvolvida de forma coerente para alcançar equilíbrio e a sustentabilidade. ABNT NBR 9050 de acessibilidade e edificações- A norma brasileira NBR 9050 é o instrumento que tem como objetivo auxiliar na adaptação das edificações, do mobiliário de determinado espaço, do espaço em si e dos equipamentos urbanos para promover a acessibilidade necessária aos usuários com utilização de maneira individual e segura nos ambientes projetados. Em 2020 obteve-se a atualização mais recente de tal norma.
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PROJETOS CORRELATOS 43
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CASA DA MULHER BRASILEIRA Projeto do programa “Mulher, viver sem violência” criado em 2013 pela primeira presidente mulher do Brasil Dilma Rousseff a Casa da Mulher Brasileira é um espaço de apoio que foca na revolução da luta contra a violência a mulher pois integra, promove e conduz os equipamentos públicos voltados às mulheres em situação de violência. O foco principal do programa criado para conferir suporte para mulheres fragilizadas, possui como objetivo a utilização da solidariedade e do respeito ao trabalhar com um atendimento humanizado e sigiloso sobre as questões apresentadas pela vítima. O projeto foi desenvolvido pelos arquitetos Marcelo Pontes, Raul Holfilger e Valéria Laval. Conta com uma área de 3667,69m² com implantação em 2013 na cidade de Brasília, Distrito Federal. Entre os projetos destinados a mulheres no Brasil, a Casa da Mulher Brasileira possui destaque pois está presente em várias regiões do pais e é um programa nacional desenvolvido pelo governo.
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Na Casa da Mulher Brasileira, a gestão está organizada por meio do Gestor, da Coordenação Compartilhada e da Gerência Administrativa. A proposta promove um modelo inovador de governança, potencializada pela integração participativa, favorecendo uma composição horizontal autônoma e ao mesmo tempo integrada na condução das ações desenvolvidas (FLEURY E OUVERNEY, 2007; LIMA, 2014). Segundo ALVES (2020) e ROCHA (2020), a primeira Casa da Mulher Brasileira foi implantada em Campo Grande/MS, inaugurada em 2015, depois disso, outras unidades foram abertas em cidades como Curitiba, São Luís, Fortaleza, Boa Vista, Brasília e São Paulo.
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O PROJETO Para que sejam realizados os cadastros e demais protocolos de atendimento, o projeto conta com uma recepção junto a um espaço de espera. Além disso, existem outros ambientes de comunicação e palestras como o auditório e quando as mulheres levam seus filhos, os mesmos ficam acomodados na brinquedoteca enquanto suas mães realizam as atividades propostas pela instituição. O projeto da Casa da Mulher Brasileira conta com amplo espaço de pátio para as interações sociais entre os indivíduos e a natureza e proporciona assim, a iluminação e ventilação necessárias para o conforto e aconchego dos espaços. As salas contam com janelas que permitem a passagem da luz e gera sensação de integração com o pátio externo. A Casa da Mulher Brasileira abrange diversos aspectos de apoio social e acolhimento às mulheres fragilizadas, desde a triagem, até o tratamento psicossocial e o suporte jurídico que as vítimas necessitam. Possui espaço de abrigo temporário para mulheres que sofrem de violências e possibilitam também abrigo a seus filhos que muitas vezes estão em situação de perigo também.
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Centro de Oportunidade para Mulheres em Ruanda na África
Projetado em 2013 pelo escritório de arquitetura Sharon Davis Design e com área de 2220m², o Centro Comunitário de Oportunidades para Mulheres de Ruanda, pais mais populoso da África é um espaço de apoio que gera possibilidades de melhoria para as mulheres sobreviventes da guerra através de atividades realizadas no local. O ambiente foi considerado pelos projetistas como sendo semi-rural e ali, o foco das mulheres é a subsistência. Buscar água fresca, cuidar da plantação e utilizar da lenha como combustível são algumas das tarefas desenvolvidas. O terreno do projeto é localizado acima de um vale em Ruanda e foi projetado com inspiração nas aldeias vernaculares com vários pavilhões que possibilitam segurança e abrigo para mais de trezentas mulheres que possuem esperança de reconstruírem suas histórias. ARCHDAILY BRASIL (2013).
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Refúgio para Mujeres Víctimas de la Violencia em Urupan - México O centro cultural projetado em 2017 pela oficina de arquitetura ORIGEN 19º41' 53" N, com área de 1226m² é um espaço de apoio para mulheres vítimas de violência intrafamiliar. O projeto possui caráter minimalista e funcional, sendo projetado sob um único piso para possuir aspecto formal e de proteção para seus usuários. Nessa obra, a ideia é que a arquitetura não seja protagonista para que a relação entre o indivíduo e a natureza seja valorizada e assim ocorra a diminuição do sentimento de isolamento na mulher e em seus filhos que também são abrigados no espaço. (ARCHDAILY 2018).
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O projeto possui em seu programa de necessidades, ambientes funcionais e com objetivo de despertar experiências sensoriais nas pessoas que o ocupem, como o conceito de “luz no fim do túnel”, por exemplo. Nesse caso, pensar no conforto do espaço e como isso pode ajudar na recuperação de um psicológico que está abalado por agressões é extremamente importante para que haja uma recuperação plena e eficaz da vítima, a fim de reduzir ou romper seus traumas.
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Em sua estrutura, o projeto conta com três vãos ortogonais que são dispostos em linha paralela e com distancias de 4,5 metros entre si, o que garante maior espaço para convívio e funcionalidade. O desenho paisagístico do local compõe-se do núcleo do edifício em junção com os elementos naturais como a o céu, a lua e o sol. Tudo isso contribui para o tratamento espiritual e sensorial que gera influência direta no humor e bem-estar das mulheres. Assim, além da integralidade dos espaços e do indivíduo com a natureza, os aspectos de ventilação e iluminação são alcançados com excelência.
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O projeto, em seu sistema formal de circulação e diagonais, faz com que a arquitetura seja vista de sua forma mais simples e pura, permitindo assim, que os usuários se sintam capazes de explorar o espaço e conseguir ultrapassar obstáculos, por isso têm-se a ideia de labirinto na obra. Conclui-se, portanto, que o conceito do projeto analisado traz extrema relevância para o tema pois é compreensível que a arquitetura deve ser utilizada de maneira a proporcionar não somente conforto, mas perspectiva de um futuro melhor diante de um acontecimento que causou feridas no indivíduo que nesse caso, são as mulheres agredidas.
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ANÁLISE DE
IMPLANTAÇÃO 64
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O projeto do espaço de apoio para mulheres vítimas de violência, será construído no município de Marília, localizado na região Centro-Oeste paulista, no interior do estado de São Paulo, com distância de 443 km da Capital. De acordo com a (PREFEITURA DE MARÍLIA 2020), a cidade possui aproximadamente 220 mil habitantes e sua área total é de 1.194 km²; sendo 42 km² de área urbana e 1.152 km² de área rural. A altitude é de 650 m e sua topografia descreve uma região montanhosa. Em se tratando de assistência social, Marília conta com uma rede integrada de serviços destes segmentos, possui algumas entidades filantrópicas e religiosas que atendem públicos de todas as faixas etárias, naturais ou migrantes. A Rede Municipal de Assistência Social conta com o Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS), 4 unidades do Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), 9 Casas do Pequeno Cidadão, 2 Centros Dia do Idoso, a Fundação Municipal de Recuperação Social (FUMARES) e 1 Centro Pop – Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua. O município gerencia também programas estaduais e federais como o Bolsa Família, Renda Cidadã, Ação Jovem e Viva Leite. (PREFEITURA DE MARÍLIA 2020). Como observado, a implantação de um projeto com foco em personalidades femininas é muito importante já que entre todos os meios de apoio instituídos, nenhum é caracterizado especialmente por trazer assistência às mulheres marilienses fragilizadas por agressões e violência.
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terreno 1 O primeiro terreno analisado está localizado na rua Álvares Cabral número 530, com área aproximada de 450m² sendo 15 metros de frente e 30 metros de lateral. Já foi utilizado para o comércio e demais serviços. Um dos critérios de seleção dos terrenos é a topografia que deveria ter o menor desnível possível, porém, visto que não é um terreno de esquina e a localização não é tão central dentre as outras opções, não foi selecionado. Localizado na ZEC 3 Zona Centro-Sul.
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terreno 2 A segunda análise foi realizada com base no terreno de aproximadamente 948m², localizado na Avenida Tiradentes em Marília - SP. Caracterizado como uma ótima opção pelo seu tamanho e topografia, um dos motivos pelo qual não foi escolhido é a sua localização, pois, por mais que esteja em uma das principais avenidas da cidade, o acesso é mais difícil, principalmente para quem mora nos bairros das regiões norte e leste pois está localizado na zona Centro-Sul. ZEC 3, no bairro Fragata.
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terreno 3 Localizado na Avenida Sampaio Vidal, próximo a Prefeitura de Marília, de esquina com a Rua Álvares Cabral, o terreno possui aproximadamente 1024,00m², contando com 32 metros de frente e 32 de lateral. Essas informações foram levantadas via satélite no Google Earth (2021). Um dos maiores critérios utilizados para a decisão do lote a ser utilizado era justamente o bairro e facilidade de acesso ao mesmo, pois é muito importante que o prédio esteja localizado no centro, para possibilitar assistência as mulheres de todas as regiões do município.
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A topografia do terreno é considerada regular, com desnível máximo de aproximadamente 1,5 metros, ideal para o programa de necessidades pensado, pois não haverá necessidade de estacionamento em subsolo e a fachada poderá ser executada de forma a valorizar a esquina e o ponto central escolhido.
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Outro ponto positivo a ser observado na escolha do terreno, é que além de ter ótima visibilidade por estar situado em uma das principais avenidas, contará com o auxílio de gestão da Prefeitura Municipal de Marília, que está também implantada na mesma rua, quadra ao lado do terreno e poderá contar com o auxílio do Hospital da Mulher, também localizado próximo ao lote. Localizado na Zona Especial dos Corredores 3 (vias de apoio) – ZEC 3 –, onde o uso C-3 – Conjunto de escritórios, lojas e clínicas com até dois pavimentos destinados ao uso comercial (C-1 e C-2) e/ou prestação de serviços (S-1 e S-2), é tolerado e pode ser utilizado para a implantação de obras de perfil comercial ou institucional como é o caso do espaço de apoio.
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PROPOSTA PROJETUAL O programa de necessidades do espaço de apoio foi desenvolvido com base nos estudos dos programas das instituições já existentes que seguem o mesmo perfil, como é o exemplo da Casa da Mulher Brasileira. Os ambientes foram pensados a fim de alcançar máxima funcionalidade nas atividades propostas e garantir que a arquitetura em sua forma mais eficiente de utilização, auxilie as mulheres na recuperação de seus ideais de força, respeito e traga de volta seus sentimentos positivos.
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PROGRAMA DE NECESSIDADES A disposição dos setores no projeto é muito importante para que haja concordância entre os ambientes e suas determinadas funções, por isso, foram dispostos os espaços de acordo com as etapas primárias de acolhimento e proteção as vítimas e posteriormente as demais atividades das salas de convívio ao alojamento provisório.
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A disposição dos setores no projeto é muito importante para que haja concordância entre os ambientes e suas determinadas funções, por isso, foram dispostos os espaços de acordo com as etapas primárias de acolhimento e proteção as vítimas e posteriormente as demais atividades das salas de convívio ao alojamento provisório.
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PARTIDO ARQUITETÔNICO Sabe-se que a arquitetura é uma ferramenta capaz de solucionar problemas e impactar pessoas, com isso, a importância do partido arquitetônico faz com que possamos atribuir melhores condições de estudo e informação desde a implantação até o estilo do projeto. No contexto social, pode-se afirmar que um de seus principais papeis é despertar, principalmente às vítimas de um episódio negativo, sentimento de amparo e proteção. Por esse viés, foi fundamental que a localização do projeto estivesse próxima dos órgãos que auxiliassem tanto a parte administrativa, como é o caso da prefeitura, quanto a necessidade de atenção médica, como exemplo, o hospital da mulher que é justamente o público alvo do espaço de apoio. O prédio será composto de dois pavimentos, sendo o primeiro direcionado aos serviços iniciais como recepção, triagem, apoio de emergência e administração geral. Além disso, serão dispostas as salas de reuniões e também uma brinquedoteca próxima a recepção. Todos os ambientes serão iluminados e ventilados por um amplo jardim e darão acesso ao pátio principal externo. Já no pavimento superior, serão implantadas as demais salas para reuniões, cursos e palestras, para que assim, as mulheres possam usufruir de todos os ambientes de maneira satisfatória. Como forma de projetar uma obra com características sustentáveis e de maior conexão entre o indivíduo e a natureza, além do jardim e do pátio, incluiu-se em parte da cobertura telhados verdes cuja função ultrapassa a de apenas cobrir os pavimentos, eles por sua vez são dispostos como terraços com jardins aos quais o público terá acesso e servirão também como mirantes para que do prédio, as pessoas possam observar a cidade. 81
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PARTIDO ARQUITETÔNICO Pode-se dizer que o projeto é a junção de diversos estilos arquitetônicos, mas por apresentar uma fachada minimalista, com linhas retas e uso predominante de vidro, concreto e madeira, encaixa-se no contemporâneo com referências ao moderno, até mesmo para harmonizar com os prédios do entorno que possuem as mesmas características. Ao priorizar a acessibilidade e funcionalidade do local, serão disponibilizadas algumas vagas próximas a entrada principal destinadas ao atendimento, e o estacionamento para os demais usuários do prédio estará disposto na lateral da rua Álvares Cabral, consequentemente, a fachada contará com maior espaço para contemplar um paisagismo elaborado e a mobilidade urbana da cidade não será afetada, visto que veículos que vem direto da rua proposta, não terão dificuldades para estacionar. A parte interna do projeto será trabalhada arquitetonicamente de forma a proporcionar acolhimento e felicidade na pessoa presente, pois assim como o Refúgio para Mulheres do México, o foco da arquitetura na obra, será não somente a questão funcional, mas também o sensorial e o bemestar da mulher. Dessa maneira, o paisagismo será um dos protagonistas em design do projeto, sendo que haverá um jardim externo, próximo ao pátio de convivência e cada ambiente interno, contará com a presença de um elemento natural. Haverá em grande parte dos revestimentos e mobiliário o uso da madeira, provavelmente disposta em ripados, painéis e sobreposições. O vidro, o aço, o concreto e o polipropileno são alguns dos outros materiais utilizados, que associados a cores quentes e delicadas, levarão as mulheres, através do espaço de apoio, a vivenciarem a maior experiência de cuidado e encorajamento que precisam para dias melhores. 84
O espaço nasce da junção dos conceitos de acolhimento e liberdade e por isso, deu-se o nome Lar Primavera, onde “lar” é a expressão do aconchego do local e “primavera”, vêm do símbolo de liberdade que a estação mostra, pois na prática, as flores ficam reclusas no inverno e florescem na primavera. Essa estação também representa um momento novo, o que se assemelha a proposta do projeto pois o objetivo é acompanhar as mulheres no momento de recuperação e oferecer capacitação profissional para que a mesma possa prosseguir sozinha posteriormente.
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IMPLANTAÇÃO Diante da ausência de uma instituição específica para auxiliar o público feminino em situação de vulnerabilidade em Marília SP, constituiu-se a ideia do Espaço de Apoio Lar Primavera. A obra será implantada em um lote de esquina, localizado no cruzamento entre a Rua Álvares Cabral e a Avenida Sampaio Vidal, em um ponto central da cidade, próximo ao Hospital da Mulher, justamente para alinhar-se a ele, em casos de emergências hospitalares. Além disso, por estar no centro da cidade, o projeto facilita o acesso a indivíduos que se deslocam das regiões Norte, Sul, Leste e Oeste.
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O acesso principal está voltado para a Avenida Sampaio Vidal, no Oeste e o acesso de serviços fica na rua Álvares Cabral, em sua lateral direita, no sentido Sul. Ao pensar no conforto térmico, acústico e na integralidade dos ambientes, optou-se por colocar os espaços de maior permanência como as salas administrativas e o alojamento na face lateral esquerda, para que não haja interferências com a Álvares Cabral em que há o tráfego de veículos todo o tempo. Por conta disso, o impacto sonoro será menor, e das janelas dos quartos, as hóspedes poderão observar o pátio e o jardim, usufruindo de um contato maior com a natureza e o silêncio. Os demais ambientes como recepção, auditório e informática, serão instalados na face lateral direita e a face posterior, voltadas para Sul e Leste, pois de acordo com a orientação, são ideais para garantir maior eficiência energética com conforto térmico e ambiental ao Lar Primavera.
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PLANTA BAIXA DO PAVIMENTO TÉRREO
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LEGENDA 1 Recepção 20,62m² 2 Circulação total 102.92m² 3 Triagem 8,00m² 4 Lavabo PNE Fem. 4,00m² 5 Lavabo PNE Masc. 4,00m² 6 Enfermaria 14,78m² 7 Administração 13,65m² 8 Sala de reunião 13,65m² 9 Copa funcionários 13,65m²
10 Wc PNE Funcion. 4,00m² 19 Apoio Psicossocial 18,25m² 11 Wc PNE Funcion. 4,00m² 20 Odontologia 12,00m² 12 Depósito 4,70m² 21 Apoio Jurídico 12,00m² 13 Lavanderia 6,80m² 22 Consultório Médico 01 12,00m² 14 Cozinha 11,90m² 23 Apoio Psicológico 12,00m² 15 Refeitório 17,50m² 24 Consultório Médico 02 12,00m² 16 Sanitário Feminino 20,79m² 25 Brinquedoteca 12,00m² 17 Sanitário Masculino 15,00m² 26 Jardim Central 27,90m² 18 Auditório 46,50m²
SETORIZAÇÃO ADMINISTRATIVO ATENDIMENTO
ATIVIDADES SERVIÇO
Do acesso principal, na Avenida Sampaio Vidal, têm-se a recepção. Esse ambiente inicia o setor de atendimento, pois a partir dela podese direcionar a triagem e a enfermaria.A partir disso, da lateral direita, foi projetado o auditório e uma sala maior para reuniões psicossociais. Ao centro da planta, foi implantado um jardim para gerar iluminação a todas os consultórios e salas de apoio jurídico e psicológico. Em sequência das salas, na lateral esquerda, ficam instaurados os ambientes de gerenciamento da instituição, como administrativo e serviços. E ao lado externo da construção, no fundo do lote, projetou-se um pátio de convivência que facilita o acesso de serviço e confirma o conceito da natureza como protagonista da obra.
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PLANTA BAIXA DO PAVIMENTO SUPERIOR
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LEGENDA 1 Living 24,09m² 2 Galeria de Arte 35,59m² 3 Informática 30,75m² 4 Biblioteca 9,00m² 5 Atelier 12,00m² 6 Cursos de estética 24,60m² 7 Telhado verde 01 18,25m² 8 Telhado verde 02 38,61m² 9 Vestiário 42,30m²
SETORIZAÇÃO ATIVIDADES
10 Roupeiro 02 4,60m² 11 Dormitório 05 10,80m² 12 Dormitório 03 12,96m² 13 Dormitório 01 14,33m² 14 Roupeiro 01 2,25m² 15 Dormitório 02 12,28m² 16 Dormitório 04 12,28m² 17 Dormitório 06 11,40m² 18 Sanitário Feminino 20,79m² 19 Sanitário Masculino 15,00m² 20 Circulação 48,22m² ALOJAMENTO
Optou-se de utilizar o pavimento superior como uma área restrita para proporcionar maior conforto e segurança ao público alvo. Por conta disso, ali fica o alojamento, separado pela escada para as áreas de uso geral como living, galeria e informática. Com isso, os dormitórios ficam longe do barulho das ruas e as salas de convivência ficam direcionadas ao meio urbano. O living conta com um guarda-corpo que permite o indivíduo observar o jardim central e a galeria artística também é aberta para que seja possível visualizar a recepção.
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PLANTA BAIXA DA COBERTURA
LAR PRIMAVERA TFG - TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO UNIVERSIDADE DE MARÍLIA - UNIMAR
A cobertura do Espaço de apoio foi projetada com estrutura metálica entre platibandas com telhas metálicas termoacusticas. A escolha deuse através do estilo do projeto e também das vantagens de sua utilização como a durabilidade e resistência. Além disso, dois espaços da cobertura serão de telhado verde, elemento importante na diminuição da poluição, efeitos das ilhas de calor, e melhora do isolamento térmico do prédio reduzindo o consumo de energia e gerando uma construção mais sustentável.
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CORTES Os ambientes do Espaço de Apoio Lar Primavera possuem o pé direito de 3,00m com excessão da recepção que conta com um pé direito de 6,00 para que os visitantes do espaço possam observar através do mezanino a galeria artística. Todo o projeto foi pensado no conceito de agregar a arquitetura aos valores sentimentais das mulheres que utilizarão do espaço. Por conta disso, Cada ambiente, em sua respectiva função, possui o objetivo de despertar sentimentos de bem-estar e criatividade no usuário. Por esse viés, foram projetados ambientes que servirão de auxílio na capacitação profissional, na reestruturação psicológica e no desenvolvimento do aconchego necessário para o público.
CORTE AA' 1 Recepção 2 Galeria de arte 3 Brinquedoteca 4 Living 5 Consultórios 6 Pátio de convivência
CORTE BB' 1 Vestiário 2 Sala de reunião 3 Sala de cursos de estética 4 Consultório médico 5 Jardim central 6 Apoio psicológico 7 Living 8 Informática 9 Auditório
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FACHADA O projeto possui uma imponente fachada caracterizada pelo estilo contemporâneo com grandes influências do moderno. Suas cores são marcantes e expressam para o meio urbano, uma prévia de alguns dos elementos existentes no interior do prédio, tais como os tons, o concreto e a madeira, disposta nos brises articuláveis.
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VOLUMETRIA Composta por linhas continuas e retas, a volumetria do prédio possui algumas marquises nas cores laranja e amarelo para contrastar com o concreto predominante do restante da obra.
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MATERIALIDADE Em termos de materialidade, o prédio em sua maioria é composto pelo concreto que contrasta com o vidro, o metal e a madeira, empregados nos demais elementos do projeto.
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CORES DO PROJETO
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O INTERNO E AS SENSAÇÕES É comprovado que as cores têm o poder de transformar a energia dos ambientes e causar as mais diversas sensações nos usuários. Uma combinação bem elaborada, principalmente quando se trata de tons quentes e fortes, podem gerar ou intensificar a alegria e o prazer nas pessoas. Em decorrência disso, utilizou-se em grande parte do interior do projeto, tons que contrastam com o frio do concreto e luzes harmoniosas. Galeria de Arte
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Living no pav. superior Refeitório
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SUSTENTABILIDADE O projeto Lar Primavera foi elaborado com objetivo de atender os critérios do selo Casa Azul da Caixa, a fim de constituir-se uma edificação mais sustentável e menos agressiva ao meio ambiente. Para isso, foram inseridos ao projeto, meios que cumprem alguns dos critérios do selo, o que resultou em uma boa classificação do prédio quanto ao selo.
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Quali n
idade e infraestrutura no espaço urbano
Telhado Verde
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Vidros com Proteção UV
Dispositivos economizadores de energia
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CONSIDERAÇÕES FINAIS As considerações afirmam que a violência contra as mulheres não é um assunto encerrado, pelo contrário, ainda predomina em muitos lares e na sociedade. Por conta disso, faz-se evidente na cidade de Marília, a implantação de um espaço onde jovens e mulheres vítimas de tais situações, possam ser abraçadas e recebam o suporte necessário para que de alguma maneira, saibam que não estão sozinhas e recuperem, através das atividades propostas, a autoconfiança perdida em meio ao caos de uma vida coberta de feridas e preconceitos. Além disso, a implantação do espaço alcancará resultados positivos nos aspectos sociais e também favorecerá o meio urbano junto as condições de trabalho na cidade de Marília diante de um público feminino que agora estará capacitado para o mercado de trabalho. Conclui-se portanto que o Espaço de apoio é um elemento capaz de agregar valor ao município e região, utilizando da arquitetura como ferramenta de intervenção nos aspectos mencionados.
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LAR PRIMAVERA
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pois é Ele quem traz sentido à vida. Aos meus pais Raquel e Marcos e ao Diego, por estarem ao meu lado em cada passo da jornada. A universidade de Marília pelo apoio na infraestrutura oferecida e a querida Ms. Walnyce de Oliveira Scalise que nos acolheu na orientação com profissionalismo, dedicação e muito carinho. Agradeço aos professores do curso e aos meus colegas de trajetória pelos cinco anos juntos, trabalhando para alcançar não somente a esperada formação acadêmica, mas o privilégio de servir a sociedade com um pouco do nosso trabalho e assim, melhorar a qualidade de vida de muitas pessoas.
"A tarefa da arquitetura é permitir que a humanidade viva em harmonia com a terra." Frei Otto.
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