Arquitetura escolar na era do conhecimento: a renovação do espaço para a construção das novas gerações Amanda Puchille Pinha orientador: Prof. Dr. Norberto C. S. Moura Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - FAU USP
Agradeço à minha mãe pelo apoio, preocupação e disposição, além da coorientação piscopedagógica. Aos meus amigos e colegas de profissão pelo incentivo. Ao Prof. Norberto pelo entusiasmo, paciência e orientação.
RESUMO A renovação do ensino já é tema do trabalho de
nais. Pretende-se, assim, apresentar propostas
muitos pesquisadores e profissionais da peda-
alternativas de arquitetura escolar, fundamen-
gogia, assim como da psicologia e outras áreas
tadas em pesquisa tanto do campo da pedago-
afins. A ineficiência da aplicação do sistema de
gia, quanto do campo da arquitetura, valendo-
ensino tradicional na atualidade vem desafian-
se das mais atuais ferramentas e processos de
do os profissionais ligados à educação a repen-
projeto para a espacialização dessa renovação
sar o sistema de ensino, buscando adequá-lo
do ensino e da educação. Para tanto, a aplica-
às novas gerações de crianças e jovens. Foi ob-
ção destas pesquisas será exemplificada através
servado que as novas propostas de ensino são
de um exercício de projeto, com estudos preli-
tão divergentes do tradicional que demandam
minares para uma escola de ensino pré-escolar,
a completa reestruturação do espaço da escola,
fundamental e médio na cidade de São José dos
tema ainda pouco explorado no campo da ar-
Campos, objetivo final e também produto deste
quitetura escolar brasileira.
Trabalho Final de Graduação.
O objetivo deste trabalho é dar uma resposta arquitetônica à revolta de muitas crianças e jo-
Palavras-chave: projeto de escola, arquitetura
vens de hoje face à escola e ao ensino tradicio-
escolar, era do conhecimento
SUMÁRIO RESUMO
3
PARTE I: A IDEIA
7
INTRODUÇÃO
8
Objetivos
8
Método
9
Produtos e metas
9
PARTE II: AS REFERÊNCIAS A TEORIA
11 12
As origens da educação formal
12
A renovação do ensino a partir do séc. XX
14
A educação na era do conhecimento
22
A PRÁTICA
PARTE III: O LUGAR
39
A CIDADE
40
O TERRENO
41
O Banhado
41
Requalificação do Centro
41
Demandas habitacionais no Centro
42
Educação Integral
44
Análise da demanda escolar
44
PARTE IV: O PROJETO A ESCOLA: Centro de Cultura e Aprendizagem
PARTE V: A ANÁLISE
47 48
65
28
ANÁLISE COMPARATIVA
66
O novo espaço escolar: Learning landscape
28
CONCLUSÃO
67
Referências internacionais
30
Referências nacionais
37
BIBLIOGRAFIA
68
6
PARTE I:
A IDEIA
The Animal School: A Fable Once upon a time the animals decided they must do something heroic to meet the problems of a “new world” so they organized a school. They had adopted an activity curriculum consisting of running, climbing, swimming and flying. To make it easier to
The rabbit started at the top of the class in running but had a nervous breakdown because of so much makeup work in swimming.
administer the curriculum, all the animals took all
The squirrel was excellent in climbing until he deve-
the subjects.
loped frustration in the flying class where his tea-
The duck was excellent in swimming. In fact, better than his instructor. But he made only passing grades in flying and was very poor in running. Since he was slow in running, he had to stay after school and also
cher made him start from the ground up instead of the treetop down. He also developed a “charlie horse” from overexertion and then got a C in climbing and D in running.
At the end of the year, an abnormal eel that could swim exceeding well and also run, climb and fly a little had the highest average and was valedictorian. The prairie dogs stayed out of school and fought the tax levy because the administration would not add digging and burrowing to the curriculum. They apprenticed their children to a badger and later joined the groundhogs and gophers to start a successful private school. Does this fable have a moral?
drop swimming in order to practice running. This
The eagle was a problem child and was disciplined
was kept up until his webbed feet were badly worn
severely. In the climbing class, he beat all the others
(Fábula escrita por George Ravis, superintendente
and he was only average in swimming. But average
to the top of the tree but insisted on using his own
assistente da Cincinnati Public Schools, EUA, nos
way to get there.
anos 1940)
[1] was acceptable in school so nobody worried about
7
that, except the duck.
8
INTRODUÇÃO
A educação é o primeiro dos direitos. Vem antes até mesmo da saúde, pois, a partir dela, é possível capacitar a pessoa para a vida em sociedade. A educação tem a vocação de ser um direito assecuratório do exercício de todos os demais direitos (Motauri Cioc-
A importância da educação é tal que ultrapas-
demandam a completa reestruturação do espa-
se das mais atuais ferramentas e processos de
chetti de Souza, promotor da infância e da juventu-
sa a dimensão pedagógica e de formação de
ço da escola, tema ainda pouco explorado na
projeto para a espacialização dessa renovação
cidadãos, constituindo objeto de estudo em
arquitetura escolar brasileira e com raríssimos
do ensino e da educação. Para tanto, a aplica-
todas as áreas do conhecimento. A necessida-
casos pioneiros na rede pública de ensino. As-
ção destas pesquisas foi exemplificada através
de urgente de melhoria na qualidade do ensino
sim, o estudo de pesquisas dos profissionais da
de um exercício de projeto, com estudos preli-
no país é evidente. Para atingir-se a qualidade
educação, das novas propostas de arquitetura e
minares para uma escola de ensino pré-escolar,
desejada, muitos aspectos devem ser levados
de casos de escolas inovadoras fundamentaram
fundamental e médio na cidade de São José dos
em conta, abrangendo desde a boa preparação
este repensar arquitetônico materializado em
Campos, objetivo final e também produto deste
e motivação dos profissionais da educação até a
um projeto de escola.
Trabalho Final de Graduação.
O projeto foi pensado para a cidade de São José
A partir disso, foram definidos os seguintes ob-
dos Campos, pois trata-se de onde a autora
jetivos específicos:
de de São Paulo - MARANGON, 2011)
qualidade e adequação dos espaços físicos dedicados à essa prática. Desta forma, buscou-se neste trabalho estudar
cresceu e viveu seus anos escolares. Além disso,
como contribuir, no campo da arquitetura, com
os objetivos deste trabalho estão afinados com
a melhoria do ensino através da renovação do
as aptidões da cidade: um pólo científico-tecno-
espaço escolar.
lógico e de pesquisa em que a educação é um de seus pilares.
A renovação do ensino já é tema do trabalho de
jovens de hoje e as propostas pedagógicas mais adequadas à realidade destes por meio do estudo de teorias de psicologia educacional e de pedagogia; • Compreender os requisitos de projeto da ar-
muitos pesquisadores e profissionais da pedagogia, assim como da psicologia e outras áreas
• Apreender as características das crianças e
Objetivos
afins. A ineficiência da aplicação do sistema de
quitetura escolar; • Estudar como a arquitetura pode promover
ensino tradicional na atualidade vem desafian-
O objetivo do trabalho foi dar uma resposta
no aluno a curiosidade, o interesse, a criati-
do os profissionais ligados à educação a repen-
arquitetônica à revolta de muitas crianças e jo-
vidade, a sensibilidade, a responsabilidade,
sar o sistema de ensino, buscando adequá-lo às
vens de hoje face à escola e ao ensino tradicio-
a autonomia, a sociabilidade...
novas gerações de crianças e jovens.
nais. Pretendeu-se, assim, apresentar propostas alternativas de arquitetura escolar, fundamen-
Foi observado que as novas propostas peda-
tadas em pesquisa tanto do campo da pedago-
gógicas são tão divergentes do tradicional que
gia, quanto do campo da arquitetura, valendo-
• Criar uma arquitetura inclusiva, que acolha todos os tipos de crianças e jovens, com suas dificuldades e demais peculiaridades.
Método
do e definição do terreno, programa e partido.
do projeto realizado com todas as peças
Por fim, procurou-se aplicar o conhecimento
gráficas e textuais necessárias ao claro
O método proposto para o trabalho foi estrutu-
construído nestas duas fases através da análise
entendimento do mesmo, constituindo
rado nas seguintes etapas:
dos padrões e requisitos do órgão responsável
assim a Parte IV: O Projeto.
Etapa 1 – Justificativa: apresentação de argumentos baseados no estudo de teorias pedagógicas e de psicologia educacional
pelas políticas educacionais do Estado de São Paulo em relação aos conceitos estudados e
3ª Fase: Análise
aplicados.
Exposição dos padrões e requisitos da Fundação para o Desenvolvimento Escolar,
para fundamentar a proposta do trabalho. Etapa 2 – Objeto de pesquisa: revisão bi-
seguida de análise comparativa com os
Produtos e metas
conceitos estudados e aplicados no projeto
bliográfica sobre o ambiente escolar e seus requisitos de projeto, além da análise de projetos de arquitetura escolar, de modo a orientar a definição do programa de necessidades e o partido do projeto proposto. Etapa 3 – Aplicação: exercício de projeto
produto deste trabalho.
1ª Fase: Pesquisa Texto no modelo de revisão bibliográfica, com recorte do conteúdo mais relevante para os objetivos do trabalho, compondo assim a Parte II: As Referências.
com estudos preliminares para escola de ensino infantil, fundamental e médio em uma cidade brasileira de porte médio.
• Terreno: apresentação da cidade, dos fa-
Etapa 4 – Análise: estudo dos padrões e re-
tores que influenciaram a escolha do ter-
quisitos da FDE1 e/ou do MEC (Ministério da
reno e análise e estimativa da demanda
Educação) para análise comparativa com o
escolar para o projeto de escola através
produto do presente trabalho.
de fotos, texto, mapas e tabelas, conti-
1
dos na Parte III: O Lugar.
sável por viabilizar a execução das políticas educacionais de-
Assim, o trabalho teve uma primeira fase de pesquisa, que contemplou referências teóricas dos campos da pedagogia, psicologia educacional e de arquitetura escolar, além de estudos de caso e referências projetuais, seguida pela fase projetual do trabalho, com a realização de estu-
9
2ª Fase: Projeto
• Programa, partido e projeto: são explici-
FDE – Fundação para o Desenvolvimento Escolar, “respon-
finidas pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo [...]. Entre suas principais atribuições estão: construir escolas;
tadas as diretrizes que guiaram o proces-
reformar, adequar e manter os prédios, salas de aula e outras
so de projeto e o programa desenvolvido,
instalações; oferecer materiais e equipamentos necessários à
ambos baseados nos conceitos estudados na 1a Fase, seguida da apresentação
Educação; gerenciar os sistemas de avaliação de rendimento escolar; e viabilizar meios e estruturas para a capacitação de dirigentes, professores e outros agentes educacionais e administrativos [...]” (FDE, 2013).
10
PARTE II:
AS REFERÊNCIAS
11 [1]
[2]
12
A TEORIA
[...] cabe ao arquiteto o conhecimento dos aspectos pedagógicos, uma vez que eles refletem o tipo de atividade que as escolas vão desenvolver e, consequentemente, são elementos essenciais à definição do programa de necessidades de cada edificação
Este capítulo apresenta o resumo do produto
minantes, em que o templo ou a igreja, muitas
iluminista que defendia acima de tudo a liberda-
escolar (KOWALTOWSKI, 2011, p. 12).
da Etapa 1 deste trabalho, que compreendeu
vezes, também é a escola onde o ensino formal
de, rejeitando a injustiça, a intolerância religio-
uma revisão bibliográfica nos campos da pe-
acontece. Na Idade Média, as poucas escolas
sa e os privilégios. Ao optar pela liberdade de
dagogia e psicologia educacional necessária à
existentes na Europa restringiam-se ao meio
pensamento e pela inteligência, com completa
fundamentação da proposta do trabalho, além
religioso e destinavam-se a preparar sacerdo-
confiança na razão humana e defesa da inde-
de auxiliar na definição do programa de neces-
tes para a igreja ou instruir indivíduos para os
pendência do homem, o Iluminismo recusou o
sidades e do partido do projeto desenvolvido.
funcionários da corte, em um número muito re-
pensamento absoluto e as ações tirânicas da
duzido de alunos. Predominava um sistema de
Igreja e da Monarquia, insurgindo-se contra a
pensamento muito fechado, estático e domina-
hierarquia e o despotismo destas instituições,
As origens da educação formal1
do pela religião.
e também contra a ignorância, a superstição e
A educação pode ser definida como a transmis-
Devido ao surgimento e expansão das universi-
mãos da Igreja, deveria ser completamente re-
são de valores e o acúmulo de conhecimento
dades na Europa a partir do século XI, as condi-
vista segundo os novos ideais iluministas.
de uma sociedade. Assim, sua história coincide
ções de ensino no continente transformaram-se
com a história e o desenvolvimento da própria
e evoluíram até a chegada do Renascimento.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), um dos mais
sociedade. Foi da Grécia que veio a base da edu-
Com o fim das lutas religiosas na Europa em me-
populares e radicais filósofos iluministas, em
cação formal do Ocidente, onde apareceram as
ados do século XVII, a religião, ainda oficialmen-
sua obra “Emílio ou da Educação” apresentou
primeiras ideias acerca da atuação pedagógica
te determinante nos sistemas políticos, perdeu
os princípios gerais que acreditava fundamen-
que influenciariam decisivamente a educação e
o controle sobre as ideologias e as grandes filo-
tais para uma educação de qualidade, com a
a cultura ocidental. A própria palavra pedagogia
sofias da época se constituíram fora de sua in-
proposta de um projeto para a formação de um
tem sua origem no grego, na junção de paidós
fluência. Foi então que o empirismo e o raciona-
novo homem e de uma nova sociedade. (COU-
(criança) com agogôs (condutor), sendo assim o
lismo encontraram espaço para desenvolver-se
RA, 2005). Apesar de não ter sido um educador,
trabalho do pedagogo o de “condutor de crian-
no campo das ciências e da educação.
suas proposições resultaram num novo modelo
O Século das Luzes (XVIII) foi marcado pelas lu-
1
Tanto no Oriente quanto no Ocidente a educa-
tas sociais, fim do feudalismo, queda de regimes
nas instituições de ensino, como as escolas e universidades,
ção está, em vários momentos da história, en-
absolutistas, desenvolvimento da burguesia e
trelaçada ao desenvolvimento das religiões do-
do capitalismo, decorrentes do novo espírito
a hipocrisia moral. A educação, até então nas
ças” ou, mais amplamente, do ensino. Compreende-se aqui educação formal como aquela realizada
enquanto a educação não formal é aquela que acontece sem estrutura formal, com maior influência da família (KOWALTOWSKI, 2011).
de educação. Foi ele quem “descobriu” a infân-
corruptora para que esta pudesse desenvolver-
rísticas de cada aluno, dividindo-os em grupos
cia, pois até então a criança era tida como um
se naturalmente. Contrário à rígida disciplina e
com habilidades semelhantes.
adulto em miniatura, e não como um ser com
ao uso excessivo da memória, ofereceu à crian-
ideias próprias e diferentes das dos adultos,
ça o brinquedo, o esporte e a agricultura, além
Assim como Rousseau, Pestalozzi condenava a
lançando assim as bases da psicologia moderna.
do ensino da linguagem, canto, aritmética e
coerção, as recompensas e punições. Professo-
Sua nova forma de compreender a infância, a
geometria, através dos quais poderia desenvol-
res e alunos permaneciam juntos o dia todo, de-
adolescência e a fase adulta levou à proposição
ver atividades relacionadas à sua vida cotidiana
vendo a escola assemelhar-se a uma casa bem
de diferentes modos de educar conforme as
(idem). Seus pensamentos exerceram grande
organizada, “pois o lar era a melhor instituição
etapas de formação humana (BOENO, 2011).
influência sobre os educadores Pestalozzi e
de educação, base para a formação moral, polí-
Froebel, além de ser considerado precursor da
tica e religiosa” (KOWALTOWSKI, 2012).
O filósofo defendia que a criança não deveria
Escola Nova, movimento iniciado no século XIX.
ser educada para uma profissão específica, e
Friedrich Wilhelm Froebel (1782-1852), pedago-
sim para tornar-se um ser humano completo,
Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827) foi um
go alemão, após trabalhar com Pestalozzi em
pois este não se constitui apenas de intelecto,
teórico e educador suíço que aplicou, na práti-
1837 dedicou sua vida ao ensino pré-escolar, à
mas também de instintos, sentidos, emoções e
ca, as ideias naturalistas pregadas por Rousse-
formação de professores e outras atividades li-
sentimentos. Seus princípios pedagógicos tam-
au e exerceu grande influência no pensamento
gadas ao ensino. Seu fascínio pela natureza data
bém compreendiam a educação conforme a na-
educacional. Foi ele quem incorporou o afeto na
desde a infância; foi o seu interesse nas ciências
tureza, a valorização do momento presente, a
pedagogia, pois acreditava na necessidade de
que o levou a se formar em Biologia e Matemá-
liberdade e a autonomia, de modo a minimizar
envolvimento pessoal e emocional entre alunos
tica, além de iniciar os estudos em Arquitetura.
os efeitos nocivos característicos da vida em so-
e professores, estimulando assim a sede por co-
Apesar de não ter terminado o curso, utilizou as
ciedade, como o autoritarismo e a competição,
nhecimento e evitando os sentimentos de frus-
habilidades adquiridas no desenho de seus brin-
que apenas contribuem para a dependência
tração no aluno.
quedos, casas e escolas (SCHIMIDT, 2009).
moral e intelectual do homem. [3] Pestalozzi e os órfãos em Stans
13 [3]
O desenvolvimento da criança, segundo Pesta-
É considerado o criador dos jardins-de-infância
Sua proposta educacional foi considerada ino-
lozzi, é orgânico, gradativo e no sentido de den-
(Kindergarten), sendo o primeiro a usar esta
vadora e revolucionária, modificando “a relação
tro para fora, ideia oposta à de que a função do
denominação, pois considerava que as crianças
professor/aluno e colaborando para eliminar os
ensino é preenchê-la de informação. O respeito
eram como as plantinhas de um jardim, cujo “jar-
rígidos sistemas disciplinares educacionais do
aos estágios de desenvolvimento particulares a
dineiro” seria o professor que deveria tratá-los
século XVIII” (KOWALTOWSKI, 2011), pois afir-
cada aluno deveria ser uma das principais pre-
com alegria, amor, sensibilidade e atenção, simi-
mava que o papel do professor era o de orienta-
ocupações do professor. Dessa forma, seu pro-
lar ao tratamento dado às árvores pequenas, as
dor, apenas preservando a criança da sociedade
grama educacional levava em conta as caracte-
flores e outras plantas que demandam cuidados
14
periódicos, para que assim pudessem crescer de
A renovação do ensino a partir do séc. XX
forma saudável (FERRARI, 2011). A importância
bém denominado Movimento da Escola Ativa ou Progressiva. A educação era “ativa”, pois o
do jardim refere-se à importância que Froebel
A partir da Revolução Francesa, com os consi-
aluno conduzia o próprio aprendizado, aprendo
dava ao entorno da criança, afirmando que
deráveis avanços do Iluminismo na teoria e prá-
a aprender, e “progressiva” devido ao formato
[4, 5] Froebel Gifts (brinquedos utiliza-
este deveria ser um símbolo representativo do
tica da educação, os novos governos burgueses
do currículo, “baseado em um contínuo de ex-
dos nos kindergartens Froebel)
mundo natural, pois de acordo com sua teoria
europeus procuraram levar a educação à todas
periências que, juntas contribuíam para a for-
a criança aprende através de uma linguagem
as crianças. Esse processo ocorreu muito lenta-
mação do aluno” (NASCIMENTO, 2012).
simbólica, com o uso de metáforas e analogias.
mente, devido aos interesses das classes domi-
[4]
nantes em perpetuar o sistema, até que a pres-
O educador americano John Dewey definiu a es-
Assim, a finalidade dos jardins-de-infância era a
são da classe trabalhadora e a necessidade de
sência do movimento Escola Nova e contribuiu
de colocar a criança em contato com a natureza,
mão-de-obra qualificada para as atividades in-
intensamente para a divulgação de seus princí-
onde o aluno era o principal agente de seu pró-
dustriais motivou a progressiva democratização
pios ao redor do mundo. Na Europa, os maiores
prio desenvolvimento. Apesar de reconhecer o
do ensino. Assim, ao final do século XIX, quase
expoentes do movimento foram os suíços Édou-
poder e influência do professor, Froebel defen-
toda a população infantil frequentava as esco-
ard Claparède (psicólogo, 1873-1940) e Adolphe
dia que o professor deveria investigar as razões
las na maior parte dos países industrializados, o
Ferrière (pedagogo, 1879-1960), além da médica
do comportamento da criança de modo a retirar
que reduziu drasticamente as taxas de analfa-
italiana Maria Montessori (1870-1952). O austrí-
as barreiras ao seu desenvolvimento criativo,
betismo (KOWALTOWSKI, 2011).
aco Rudolph Steiner (1861-1925) e o suíço Jean
sem intervir ou impor a educação. Dessa forma,
Piaget (1896-1980) também são enquadrados
as tradicionais atribuições de professor ativo e
O Movimento Escola Nova, que teve início em
alunos passivos seriam revertidos.
meados do século XIX e se intensificou na pri-
nesse movimento por muitos autores.
meira metade do século XX, representa o mais
John Dewey (1859-1952), filósofo, psicólogo e
Sua principal contribuição é a importância atri-
vigoroso movimento de renovação educacional
pedagogo liberal norte-americano, criticou se-
buída ao brinquedo:
depois da criação da escola pública burguesa.
veramente a educação tradicional, em especial
Os blocos de construção, chamados “Fro-
Suas ideias foram inspiradas nas obras de gran-
o seu método, baseado na obediência e sub-
ebel Blocks” eram usados pelas crianças
des pensadores, entre eles alguns comentados
missão, e na ênfase dada ao intelectualismo e
anteriormente, como Rousseau, Pestalozzi
à memorização:
nas suas atividades criativas. De acordo com o arquiteto Frank Lloyd Wright, esses blocos exerceram um papel fundamental na sua infância, no desenvolvimento de suas habilidades espaciais e tridimensionais. (KOWALTOWSKI, 2011, p.19) [5]
e Froebel. As propostas pedagógicas do Movimento se insurgiram contra o ensino tradicionalista, centrado no professor e na cultura
À imposição de cima para baixo, opõe-se a expressão e cultivo da individualidade; à disciplina extrema, opõe-se a atividade
enciclopédica, propondo, em seu lugar, uma
livre; a aprender por livros e professores,
educação ativa em torno do aluno, sendo tam-
aprender por experiência; à aquisição por
exercício e treino de habilidades e técni-
então que o pedagogo colocou a experiência
influenciou o ensino pré-escolar e das primeiras
cas isoladas, a sua aquisição como meios
como fator central de seus pressupostos, afir-
séries do ensino fundamental. Sua teoria e mé-
para atingir fins que respondem a apelos
mando que o conhecimento não tem um fim em
todo pedagógico são divulgados e praticados
si, mas à experiência, ou seja, que a escola não
até hoje, com a realização de congressos inter-
é a preparação para a vida, pois é a própria vida
nacionais anuais, Centros de Treinamento Mon-
(KOWALTOWSKI, 2012).
tessori e escolas especializadas espalhados pelo
diretos e vitais do aluno; à preparação para um futuro mais ou menos remoto opõe-se aproveitar-se ao máximo das oportunidades do presente; a fins e co-
mundo (GADOTTI, 2003).
nhecimentos estáticos opõe-se a tomada
Como Rousseau, acreditava que a educação era
de contato com um mundo em mudança. (DEWEY, John apud GADOTTI, 2003, p.150)
Dentro da Universidade de Chicago, Dewey dirigiu um laboratório-escola concebido como uma “sociedade em miniatura”, em que aproveitava as atividades cotidianas para transmitir os conteúdos às crianças. O preparo de lanches e refeições, por exemplo, acontecia na própria sala de aula e servia para o ensino de conceitos de [6] Sala de aula escolanovista (John Dewey)
física e biologia (NASCIMENTO, 2012). Fica claro
o melhor instrumento para o aperfeiçoamento
Maria Montessori nasceu na Itália e chegou à
da sociedade, com a função democratizadora
pedagogia por caminhos indiretos. Foi a primei-
de igualar as oportunidades e, assim, estender
ra mulher de seu país a doutorar-se em medi-
a todos os benefícios da democracia. Pregava a
cina e inicialmente dedicou-se às crianças com
educação pelo trabalho, pois considerava que
deficiência mental. Os bons resultados obtidos
“o trabalho desenvolve o espírito de comuni-
com esse trabalho a estimularam a adaptar e
dade, e a divisão das tarefas entre os partici-
ampliar o método para aplicação em crianças
pantes estimula a cooperação e a consequente
“normais”. Publicou em 1909 os princípios bá
criação de um espírito social. O espírito de ini-
sicos de seu método, que são em síntese: a ati-
ciativa e independência leva à autonomia e ao
vidade, a individualidade e a liberdade.
autogoverno, que são virtudes de uma sociedade realmente democrática, em oposição ao
Para a educadora, a função da educação é favo-
ensino tradicional, que valoriza a obediência”
recer o desenvolvimento da criança, permitindo
(KOWALTOWSKI, 2011, p. 20). Pretendia, então,
-a formar seu próprio conhecimento através da
liberar as potencialidades do indivíduo através
realização de atividades, que são ordenadas de
dos princípios de iniciativa, originalidade e coo-
acordo com o grau de dificuldade, respeitando-
peração, traduzindo para o campo da educação
se rigorosamente o ritmo e as fases de desen-
o liberalismo político-econômico dos Estados
volvimento de cada criança. Ela afirma também
Unidos (GADOTTI, 2003).
que a liberdade é fundamental para que exista concentração, pois as crianças são talentosas,
15 [6]
No movimento escolanovista destaca-se tam-
curiosas e criativas quando trabalham com algo
bém a pedagogia desenvolvida por Maria
que prende o seu interesse e que elas mesmas
Montessori (1870-1952), que leva o seu nome e
escolheram explorar (GUERRA, 2012).
16
Dessa forma, as atividades escolhidas pelas
Esse material se constitui de peças sólidas
crianças estimulam o esforço individual, e não
de diversos tamanhos e formas: caixas
a ação coletiva, pois a oportunidade de coope-
para abrir, fechar e encaixar, botões para
ração e o aprendizado da vida em comunidade [7]
[9]
são realizados através de tarefas domésticas, como guardar os brinquedos depois de brincar, limpar o que sujar, arrumar a escola, preparar e servir comida, etc. As crianças também são incentivadas a ajudar seus colegas menores, a saber esperar, a respeitar e ser respeitadas.
abotoar, série de cores, de tamanhos, de formas e espessuras diferentes; coleções de superfícies de diferentes texturas e campainhas com diferentes sons. O “Material Dourado”, criado por Maria Montessori, baseia-se nas regras do sistema de numeração, inclusive para o trabalho com números múltiplos. É composto por cubos, placas e barras de madeira.
Centrada numa postura psicológico sensorial,
(KOWALTOWSKI, 2012, p.25)
Montessori defendia que o caminho do inte[8]
[10]
lecto se dava pelas mãos e pés, pois é por meio
O material criado por Montessori pressupõe
do toque que os pequenos exploram e deco-
a compreensão das coisas a partir delas mes-
dificam o mundo ao seu redor. A manipulação
mas. Os resultados das atividades são aferidos
dos objetos também era fundamental para o
imediatamente pelas próprias crianças, que
desenvolvimento da coordenação através dos
verificam se estão fazendo as conexões corre-
movimentos. Assim, a base de seu trabalho rea-
tas. Esse caráter peculiar autocorretivo de seu
lizava-se por intermédio de estímulos externos,
material didático enfatiza a função passiva do
determinados e orientados para cada objetivo a
educador, que não atuaria diretamente sobre
ser desenvolvido (GUERRA, 2012).
a criança, mas ofereceria meios para sua autoformação, estimulando o desenvolvimento
[11]
Montessori desenvolveu seus próprios mate-
espontâneo do seu potencial humano. No mes-
riais didáticos, objetos simples, mas muito atra-
mo sentido, o professor deve facilitar a troca
entes para as crianças e projetados para pro-
de experiências entre aprendizes de diferentes
vocar o raciocínio, fazendo com que ganhem
idades, encorajando o aprendizado por obser-
concentração e disciplina. Há materiais para a
vação das atividades de outros alunos. Em seu
realização de exercícios da vida cotidiana e ou-
método, não se utilizam castigos ou interven-
tros que abordam a linguagem, a matemática,
ções indevidas que poderiam comprometer a
as ciências e as questões sensoriais:
aprendizagem.
[7-10] Materiais didáticos Montessori [11, 13] Sala de aula montessoriana [12] Escola Montessori (Wite Pine Montessori School)
Na pedagogia montessoriana o papel do am-
mentos e móveis de cozinha, muitas estantes
ele próprio, dando-lhe condições de definir sua
biente escolar é preponderante para garantir o
para organização do material didático e espaço
própria vida. Nessa concepção, o conhecimento
livre aprendizado das crianças, colocando meios
livre para as crianças trabalharem no chão [...]”
não é a finalidade básica da educação, e sim o
adequados de trabalho à sua disposição no que
(KOWALTOWSKI, 2012).
meio para que o aluno alcance harmonia e esta-
ela chama de “ambiente preparado”. A tarefa
bilidade em seu processo de crescimento.
do professor, portanto, é preparar motivações
Rudolph Steiner (1861-1925), filósofo, cientista,
para atividades culturais, num ambiente previa-
artista e educador austro-húngaro, criou uma
Baseado nesses conceitos, o currículo escolar
mente organizado, e depois de abster de inter-
pedagogia para a escola da fábrica de cigarros
deve voltar-se às necessidades evolutivas do
ferir, deixando a criança livre para agir sobre os
Waldorf-Astoria que ficou conhecida como pe-
ser humano, com os conteúdos organizados
objetos preestabelecidos.
dagogia Waldorf e obteve grande repercussão
de acordo com as fases de desenvolvimento da
mundial no século XX. Suas ideias baseavam-se
criança:
Dessa forma, a escola deve ser totalmente adap-
na Antroposofia (em grego: sabedoria huma-
O ensino teórico é sempre acompanhado
tada para atender às necessidades da criança,
na), ciência espiritual erigida por ele como alter-
pelo prático, com grande enfoque nas
favorecendo a independência e a criatividade
nativa ao pensamento puramente materialista.
atividades corpóreas (ação), artísticas e
do aluno. “Os espaços para as ‘Escolas Novas’ [12]
permitem várias atividades ao mesmo tempo,
Na Antroposofia o ser humano é apreendido em
assim como as da vida cotidiana, com equipa-
seu aspecto físico, anímico (psicoemocional) e espiritual, de acordo com as características de cada um e da sua faixa etária. Assim, o desenvolvimento da criança se dá de forma natural e holística, buscando-se uma perfeita integração
artesanais [...]; o cultivo das atividades do pensar inicia-se com o exercício da imaginação, do conhecimento dos contos, lendas e mitos, até gradativamente atingir-se o desenvolvimento do pensamento mais abstrato, teórico e rigorosamente formal, mais ou menos na época do ensino médio. Essa não exigência de atividades que
entre corpo, mente e espírito, ou seja, entre
necessitam de um pensar abstrato muito
o pensar, o sentir, o querer e o agir (GUERRA,
cedo é também um dos grandes diferen-
2012). Sua pedagogia é fundamentada nas fases
ciais em relação a outros métodos de ensi-
de desenvolvimento do ser humano e, assim
no. (GUERRA, 2012, p. 126)
como na pedagogia Montessori, respeita o ritmo de cada estudante e a aplicação de penali-
Predominam o exercício e o desenvolvimento
dades e repreensões é evitada.
de habilidades e não do mero acúmulo de informações, cultivando-se a ciência, a arte e os va-
17 [13]
Para ele, o objetivo da educação não é preparar
lores morais e espirituais. A pedagogia Waldorf
o aluno para viver em sociedade, mas para ser
encoraja a criatividade, procurando conduzir as
18
crianças a um pensamento livre, independente
Jean Piaget (Sir Jean William Fritz Piaget, 1896-
das forças econômicas ou imposições políticas
1980), cientista social suíço, contribuiu com o
(GUERRA, 2012).
debate pedagógico de maneira indireta, pois nunca atuou como pedagogo. Formado em Bio-
Nas escolas Waldorf, o ambiente escolar deve
logia, interessou-se por pesquisar o desenvol-
ser “iluminado generosamente, integrado à
vimento do conhecimento nos seres humanos.
natureza e expressar, sempre que possível,
Criou um novo campo de investigação, a “Epis-
[14, 15] Escolas Waldorf
os seus ritmos e formas, como um organismo
temologia Genética”, que buscou explicar o
[16-19] Sala de aula Waldorf
vivo” (NASCIMENTO, 2012). Sobre a arquitetura
desenvolvimento da inteligência humana. Suas
diferenciada adotada por suas escolas, Kowal-
teorias têm comprovação em bases científicas,
towski comenta:
tendo aferido experimentalmente suas teses.
[14]
Um grande número de escolas “Waldorf” adota uma arquitetura diferenciada, com
Observando o comportamento infantil, de-
base na arquitetura orgânica, influencia-
senvolveu sua “teoria cognitiva”, concluindo
da na época por Charles R. Mackintosh, do “Scottish Arts and Crafts Movement”; Antoni Gaudí, da Espanha; Alvar Aalto,
[15]
da Finlândia; Frank Lloyd Wright, dos Es-
[16]
tados Unidos, e pelo movimento de “Art [18]
Nouveau”, da França. De modo geral, a arquitetura orgânica é considerada um con-
[17]
não pensam como os adultos, por ainda lhes faltarem determinadas habilidades” (KOWALTOWSKI, 2012). Segundo sua teoria, a criança passaria por uma série de mudanças ordenadas e previsíveis, divididas em quatro estágios se-
traponto à arquitetura racionalista, por
quenciais de desenvolvimento: sensório-motor,
privilegiar formas não ortogonais, sem re-
pré-operacional (ou pré-operatório), operatório
petição monótona e simétrica de espaços
concreto e operatório formal. Nos métodos
iguais (Zevi, 1950), e aplicam-se materiais
pedagógicos baseados em sua teoria, as ativi-
mais naturais, não industrializados. As
dades escolares devem partir dos esquemas de
ideias de Steiner influenciaram o currícu-
assimilação da criança, de acordo com os está-
lo escolar, as metodologias pedagógicas e também o ambiente físico das escolas, a sua arquitetura. (KOWALTOWSKI, 2012, p.23) [19]
que “em muitas questões cruciais, as crianças
gios de desenvolvimento cognitivo estabelecidos por Piaget. O termo construtivismo vem da concepção de que a criança deve construir o seu próprio co-
nhecimento, através de atividades desafiadoras
desenvolvimento e aprendizagem, daí a deno-
chamada psicologia ou aconselhamento Não-
que promovam a descoberta e vivências signi-
minação “sócio-construtivista”.
Diretivo, posteriormente denominada Aborda-
ficativas. O conhecimento, portanto, tem um
gem Centrada na Pessoa (ACP). A ACP tem uma
caráter individual, pois é alcançado pela intera-
Vygotsky também introduziu o conceito de
visão do homem como um ser essencialmente
ção com o meio e pela experiência de cada indi-
zona de desenvolvimento proximal (ZDP), que
livre e com o poder de reagir ativamente às si-
víduo, processo denominado “interacionista”.
define a distância entre o “nível de desenvolvi-
tuações que tentam abafar sua individualidade,
mento real” e o “nível de desenvolvimento po-
prendendo-o a esquemas rígidos de comporta-
Nos métodos que seguem sua teoria, os conte-
tencial”, ou seja, a distância entre a capacidade
mento e de pensamento, ou seja, que restrin-
údos não são concebidos como fins em si, mas
do aluno em resolver um problema sem ajuda e
gem seu crescimento e evolução.
como instrumentos para o desenvolvimento
sua capacidade de resolução sob a orientação
do indivíduo, em detrimento do método tradi-
de um adulto ou em colaboração com um cole-
Rogers dá grande importância às relações pes-
cional em que o conhecimento é passivamente
ga. O papel do professor, portanto, é o de pro-
soais, à afetividade e ao amor, afirmando que o
recebido do professor.
vocar avanços nos alunos através de sua inter-
professor é responsável para criar o “clima ini-
ferência na zona proximal, atuando como guia
cial, comunicar confiança, esclarecer, motivar,
do processo de aprendizado até o aluno ser
com congruência e autenticidade” (GADOTTI,
capaz de assumir o controle metacognitivo. É
2003), o que costuma chamar de “compreensão
importante ressaltar também, nesse particular,
empática”. Dessa forma, o professor tem o pa-
formar inteligências inventivas e críticas
a importância da interferência dos colegas mais
pel de “facilitador da aprendizagem”, fazendo
(GADOTTI, 2003, p. 156).
aptos que “num processo de encorajamento da
parte do grupo e não se colocando acima dele,
interação horizontal podem funcionar, também
facilitando as relações interpessoais e intergru-
Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934), cientis-
eles, como agentes metacognitivos. Nestes pro-
pais (GUERRA, 2012).
ta humano bielo-russo, partilha com Piaget a
cessos de interação cooperativa, todos e cada
visão construtivista. Influenciado pelas ideias
um deles são responsáveis e beneficiários na
socialistas, apresentou a noção de que, além
tarefa de chegar a plataformas superiores de
da interação indivíduo-meio preconizada por
conhecimento” (GUERRA, 2012).
[...] A crítica de Piaget à escola tradicional é ácida. Segundo ele, os sistemas educacionais objetivam mais acomodar a criança aos conhecimentos tradicionais que
Piaget, o desenvolvimento humano também
19
Ensinar não é manter a ordem na sala, despejar fatos, fazer exames e dar notas. Ensinar é mais difícil do que aprender, porque o que o ensino exige é o seguinte: deixar aprender. Permitir que o estudante
ocorre em função das interações sociais. Seus
Carl Ransom Rogers (1902-1987), psicólogo nor-
estudos, portanto, decorrem da compreensão
te-americano, especializou-se em problemas
(ROGERS, Carl. Liberdade de aprender em
do homem como um ser que se forma em con-
infantis e, baseado em sua experiência, escre-
nossa década. 1985)
tato com a sociedade, destacando o papel do
veu seu primeiro livro: “O tratamento clínico da
contexto histórico e cultural nos processos de
criança-problema”. Criou a teoria inicialmente
aprenda alimentando a sua curiosidade.
Em sua visão, a aprendizagem é a questão cen-
20
tral da educação, e não o ato de ensinar, visto
mente significativa para o aluno, ou seja, para
Gardner, uma criança pode ter um desempenho
que vivemos em um mundo em constante mu-
que este perceba que o conteúdo estudado se
precoce em uma área (o que Piaget chamaria
dança:
relaciona com os seus próprios objetivos.
de pensamento formal) e estar na média ou
Por aprendizagem significativa entendo
mesmo abaixo da média em outra (o equivalen-
uma aprendizagem que é mais do que
Howard Gardner (1943), psicólogo norte-ame-
te, por exemplo, ao estágio sensório-motor)”
uma acumulação de fatos. É uma apren-
ricano, é atualmente professor de Cognição e
(GAMA, 2000). Dessa forma, as crianças podem
Educação e professor adjunto de Psicologia na
apresentar pelo menos sete tipos diferentes de
Universidade de Harvard. Estudou as teorias
inteligências, ou seja, sete maneiras diferentes
de J. Piaget, L. Vygotsky e J. Bruner e em 1983
de aprender:
dizagem que provoca uma modificação, quer seja no comportamento do indivíduo, na orientação futura que escolhe ou nas suas atitudes e personalidade. É uma aprendizagem penetrante, que não se limita a um aumento de conhecimentos,
publicou o livro “Frames of Mind: The Theory of Multiple Intelligences”. Insatisfeito com a defini-
• Inteligência linguística - [...] sensibilidade para os sons, ritmos e significados das
ção tradicional de inteligência como uma habili-
palavras, além de uma especial percepção
as parcelas da sua existência. [...] O único
dade inata, geral e única, que focaliza sobretu-
das diferentes funções da linguagem. É
homem que se educa é aquele que apren-
do as habilidades importantes para o sucesso
a habilidade para usar a linguagem para
deu a aprender, que aprendeu como se
escolar, redefiniu, em sua Teoria das Inteligên-
convencer, agradar, estimular ou transmi-
adaptar e mudar, que se capacitou de que
cias Múltiplas, o conceito de inteligência como a
tir ideias. [...] Em crianças, esta habilidade
nenhum conhecimento é seguro, que ne-
habilidade para resolver problemas ou criar pro-
nhum processo de buscar conhecimento
dutos que sejam significativos em determinado
mas que penetra profundamente todas
oferece base de segurança. Mutabilidade, dependência de um processo, antes que de um conhecimento estático, eis a única coisa que tem certo sentido como objetivo da educação, no mundo moderno. (ROGERS, Carl apud GUERRA, 2012).
Para Rogers, portanto, um ensino repetitivo, baseado na mera transmissão de conhecimento é inadequado para o ser humano e seu crescimento. A aprendizagem deve abranger também os interesses, sentimentos, significados pessoais e experiências de vida para que seja verdadeira-
contexto social e histórico.
se manifesta através da capacidade para contar histórias originais ou para relatar, com precisão, experiências vividas. • Inteligência musical - Esta inteligência
Sua teoria teve grande repercussão ao identificar inicialmente sete inteligências, ou grupo de habilidades, que seriam inatas e presentes em todos, mas não necessariamente com o mesmo nível de desenvolvimento em cada indivíduo. Posteriormente identificou outros tipos de inteligência com menor incidência, afirmando que o assunto ainda não teria sido esgotado. Afirma também que essas competências intelectuais são relativamente independentes, dispondo de processos cognitivos próprios: “Segundo
se manifesta através de uma habilidade para apreciar, compor ou reproduzir uma peça musical. Inclui discriminação de sons, habilidade para perceber temas musicais, sensibilidade para ritmos, texturas e timbre, e habilidade para produzir e/ou reproduzir música. [...] • Inteligência lógico-matemática - [...] sensibilidade para padrões, ordem e sistematização. É a habilidade para explorar relações, categorias e padrões, através da manipulação de objetos ou símbolos, e
para experimentar de forma controlada;
damente a humores, temperamentos
habilidades e potencialidades. “Os conceitos
é a habilidade para lidar com séries de
motivações e desejos de outras pessoas.
de Inteligência Emocional, Interpessoal e Social
raciocínios, para reconhecer problemas e
Ela é melhor apreciada na observação de
resolvê-los. [...]
psicoterapeutas, professores, políticos e
revolucionaram completamente o anterior con-
• Inteligência espacial - [...] a capacidade para perceber o mundo visual e espacial de forma precisa. É a habilidade para manipular formas ou objetos mentalmente e, a partir das percepções iniciais, criar tensão, equilíbrio e composição, numa representação visual ou espacial. É a inteligência dos artistas plásticos, dos engenheiros
mais primitiva, a inteligência interpessoal se manifesta em crianças pequenas como a habilidade para distinguir pessoas, e na sua forma mais avançada, como a habilidade para perceber intenções e desejos de
ceito de Inteligência, tornando mesmo obsoletos os antigos testes de QI” (GUERRA, 2012). Os referidos testes foram desenvolvidos para avaliar nas escolas o potencial de seus alunos, baseados no conceito tradicional de inteligência, que abrangia apenas as áreas verbal e lógi-
outras pessoas e para reagir apropriada-
ca. O sistema educativo tradicional desenvolve
mente a partir dessa percepção. [...]
apenas dois terços da inteligência linguística e um terço da lógica-matemática (GUERRA, 2012),
e dos arquitetos. Em crianças pequenas,
• Inteligência intrapessoal - Esta inteli-
o potencial especial nessa inteligência é
gência é o correlativo interno da inteli-
percebido através da habilidade para que-
gência interpessoal, isto é, a habilidade
bra-cabeças e outros jogos espaciais e a
para ter acesso aos próprios sentimentos,
atenção a detalhes visuais.
sonhos e ideias, para discriminá-los e lan-
Assim como C. Rogers, Gardner defende uma
çar mão deles na solução de problemas
educação centrada na criança, levantando dois
pessoais. É o reconhecimento de habilida-
pontos importantes que sugerem a necessida-
des, necessidades, desejos e inteligências
de de individualização: como alternativa à uma
• Inteligência cinestésica - [...] se refere à habilidade para resolver problemas ou criar produtos através do uso de parte ou de todo o corpo. É a habilidade para usar a coordenação grossa ou fina em esportes, artes cênicas ou plásticas no controle dos movimentos do corpo e na manipulação de objetos com destreza. A criança especialmente dotada na inteligência cinestésica se move com graça e expressão a partir de estímulos musicais ou verbais demonstra uma grande habilidade atlética ou uma coordenação fina apurada. • Inteligência interpessoal - [...] habilidade pare entender e responder adequa-
21
vendedores bem sucedidos. Na sua forma
próprios, a capacidade para formular uma imagem precisa de si próprio e a habilidade para usar essa imagem para funcionar de forma efetiva. Como esta inteligência é a mais pessoal de todas, ela só é observável através dos sistemas simbólicos das outras inteligências, ou seja, através de
parcela muito reduzida do potencial humano de inteligência à luz da teoria de Gardner.
educação padronizada, as escolas deveriam tentar garantir que cada aluno recebesse a educação que favorecesse seu potencial individual; o segundo ponto refere-se à impossibilidade de se possuir todo o saber existente, sendo necessário limitar a ênfase e variedade de conteúdos,
manifestações linguísticas, musicais ou
limitação essa que deveria ser da escolha de
cinestésicas. (GAMA, 2000)
cada um, favorecendo o perfil intelectual individual (GAMA, 2000). Seu trabalho, portanto,
Sua teoria salienta a importância em perceber
favorece uma visão integral de cada indivíduo e
o indivíduo como um ser plurifacetado, sendo
a valorização da multiplicidade e da diversidade
necessário levar em consideração todas as suas
na sala de aula.
22
A educação na era do conhecimento O final do século XX foi marcado pelo fenômeno da globalização, um processo que aprofundou a integração econômica, cultural, social e política no mundo, impulsionado pelo barateamento dos meios de transporte e de comunicação. A globalização econômica levou a novas formas de desenvolvimento de mercados de trabalho, o que forçou nossas economias a se adaptarem a novos negócios e iniciativas. As TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) tiveram papel fundamental para prover a necessária conexão entre as pessoas ao redor do mundo. Vivemos uma nova revolução tecnológica, chamada por alguns pesquisadores de informacional, outros, de técnico-científica, outros ainda, seguindo a tradição cronológica, de terceira revolução industrial. Além de impor profundas mudanças econômicas, esta revolução também afetou a sociedade, a cultura, a política, o espaço geográfico e, consequentemente, vêm pressionando os sistemas educacionais, em quase todos os países, a adaptarem-se ao novo contexto mundial: A profusão de reformas educacionais que
[20]
crescente competição entre empresas,
seja, quando a realidade muda, os conceitos
lugares e nações, na qual o conhecimen-
também sofrerão mudanças.
to ganha cada vez maior relevância. [...] (SENE, 2008)
Os termos “era digital”, “era/sociedade da informação ou do conhecimento” têm sido usados por diversos autores para denominar o atual período histórico. Sene (2008) destaca a relevância em elucidar algumas palavras-chave para proceder à análise do papel do conhecimento no mundo contemporâneo e, consequentemente, sua inserção nas reformas educacionais. Uma delas é o termo “informação”, definido como “dados que foram organizados e comunicados” (CASTELLS apud SENE, 2008). Um “dado”, por sua vez, é “uma sequência de símbolos, é um ente totalmente sintático, não envolve semântica como a informação. [...]” (SIMON apud SENE, 2008).
O educador brasileiro Nilson Machado nos apresenta a chamada “pirâmide informacional”, na qual sintetiza tais conceitos [Figura 20]. A pirâmide informacional ilustra o aumento de complexidade dos conceitos no sentido da base em direção do topo. Dessa forma, quanto mais complexo o conceito, menor sua disseminação e mais difícil é sua definição. “Enquanto o conceito de dado remete a banco, à ideia de acumulação, o de informação remete a veículo, à ideia de comunicação. [...] O conhecimento, o terceiro nível da pirâmide informacional proposta por Machado, remete à ideia de teoria, de compreensão” (SENE, 2008). Sobre o quarto nível da pirâmide, Machado afirma que a inteligência está associada às pessoas, remetendo à ideia de projetos: [...] uma pessoa que busca acumular co-
Finalmente, temos o vocábulo “conhecimen-
nhecimentos sem projetos, sem valores,
to”, com as definições mais controversas, sobre
sem pensar na emancipação humana,
as quais Sene (2008) acaba por inferir que “co-
pode conhecer e até desenvolver saberes,
nhecimento não é apenas a produção científica,
mas dificilmente poderá ser considerada
gerada de acordo com os cânones acadêmicos,
uma pessoa inteligente. Na História há
mas também o conhecimento tácito, senso co-
vários exemplos de pessoas que mobiliza-
estão sendo discutidas e/ou implemen-
mum, intuitivo e as experiências individuais e
tadas em diversos países é um indício
coletivas que movem as pessoas em seu dia-a-
da busca de adequação da educação ao
dia”. O autor ainda ressalta que todo conceito
sistema econômico atual, marcado por
é histórico e, consequentemente, dinâmico, ou
ram conhecimentos e saberes para objetivos pouco nobres, desprovidos de valores éticos, humanitários. Isso coloca uma questão fundamental para a educação: a definição e a operacio-
nalização do conceito de inteligência de
cionavam segundo a lógica do industrialismo:
laboral. Isso tem implicações importantes
forma plural e includente abre grandes
produção e circulação de bens maquinofatura-
para a educação e está na base de todos
possibilidades para a produção do conhe-
dos; a agricultura com crescente mecanização;
os discursos reformistas. (SENE, 2008)
cimento, sua democratização e mobilização, enfim, para a emancipação do ser humano. (SENE, 2008)
O surgimento da “sociedade do conhecimento”
O sociólogo espanhol Manuel Castells (apud SENE, 2008) utiliza a categoria “modo de desenvolvimento” para explicar historicamente a mudança no papel da informação e do conhecimento. Alguns modos de desenvolvimento da história humana foram: o agrário, o industrial e, por fim, o informacional. A diferenciação dos modos de desenvolvimento é feita de acordo com o fator de produção mais importante, que está relacionado ao grau de desenvolvimento tecnológico vigente em cada um deles e ao nível de produtividade. No modo de desenvolvimento agrário, o fator mais importante era a terra e por séculos as diferenças de produtividade estiveram mais ligadas à fatores naturais que aos avanços tecnológicos. Com as revoluções industriais, a humanidade adentrou no modo de desenvolvimento industrial, no
“indústria cultural”. Segundo a caracterização
O conteúdo curricular não é neutro e nem o
de Castells, estaríamos vivendo hoje o terceiro
pode ser, afinal é necessário fazer uma seleção
modo de desenvolvimento: o informacional, no
dentre o enorme volume de conhecimento exis-
qual o conhecimento transformou-se no princi-
tente e em constante produção hoje para sua
pal fator de produção.
composição. A questão fundamental, portanto, é a escolha de quais conteúdos comporão o cur-
Em suma, o que mudou na transição da era in-
rículo resultante das necessárias reformas edu-
dustrial para a era informacional ou do conhe-
cacionais. A seguir são apresentadas as ideias e
cimento foi que deixamos de produzir “coisas”
propostas de alguns autores que também discu-
para produzirmos conhecimentos. Usando a ex-
tem o papel da escola na era do conhecimento,
pressão dos economistas, os “meios de produ-
constituindo as teorias mais contemporâneas
ção”, ou seja, o recurso econômico básico não é
da presente revisão bibliográfica.
mais o capital como na era industrial, nem os recursos naturais como na era agrária, muito me-
Educação 3.0
nos a “mão-de-obra”, mas sim o conhecimento. “Hoje o valor é criado pela ‘produtividade’ e
Jim Lengel2, consultor e professor da Univer-
pela ‘inovação’, que são aplicações do conheci-
sidade de Nova York, espera que as salas de
mento ao trabalho” (SENE, 2008).
aula sofram uma grande mudança nos próximos anos. No lugar de carteiras enfileiradas,
No entanto, alguns autores fazem um alerta
uma mesa de professor e um quadro negro,
para a crescente instrumentalização (ensino
ele aposta em novas configurações e espaços
profissionalizante) do currículo escolar pelo sis-
de aprendizagem, com alunos trabalhando em
tema produtivo:
grupo, individualmente, na escola, em casa, na
Não é por acaso que o capital exige cada
rua, na biblioteca, em ambiente on-line, sempre
vez mais qualificação da mão-de-obra e
passaram a ser as matérias-primas e as fontes
com suporte da tecnologia e em horários alter-
que os trabalhadores mais bem prepa-
de energia. As sociedades industrializadas fun-
nativos e mais independentes que o tradicional
rados sejam tão valorizados no mercado
(PORVIR, 2012).
qual os fatores de produção mais importantes
23
e até a cultura, com a criação do conceito de
24
[21]
Lengel é o autor do livro “Education 3.0: Seven
• ferramentas mecânicas especializadas;
O primeiro foi inventado na época de Gutenberg
Steps to Better Schools” (LENGEL, 2012a), em
• pouco ou nenhum contato com o exterior;
(1550), inventor da imprensa, e começou a ser
que utiliza a categorização dos modos de de-
• o mesmo trabalho sendo realizado ao mesmo
produzido em larga escala cerca de 150 anos
senvolvimento citados anterior para argumen-
tempo por várias pessoas;
depois, sendo adotado pelas escolas norte-a-
tar que a educação não acompanhou as mudan-
• uniformidade de estilos e cores de vestimen-
mericanas apenas 300 anos após sua invenção.
ças que vimos no ambiente de trabalho na era
ta. [Figuras 23 e 24]
Esse atraso é similar no caso da adoção do lápis,
do conhecimento. Assim, os estudantes de hoje
[22]
inventado em 1825, sendo produzido em massa
não estariam sendo preparados para sobreviver
Educação 3.0 (correspondente à era do conhe-
e largamente utilizado no comércio e nos negó-
nos espaços de trabalho atuais ou até mesmo
cimento)
cios 50 anos depois. Entretanto, foi somente
nos novos paradigmas existentes na socieda-
• pessoas trabalhando em grupos pequenos
depois da Primeira Guerra Mundial que os lápis
de do conhecimento. Para explicar seu ponto,
para solucionar novos problemas;
começaram a substituir os tinteiros e bicos de
ele compara as características do ambiente de
• o trabalho é colaborativo;
pena nas escolas, com um século de atraso, o
trabalho e do ambiente escolar em cada modo
• ferramentas de informação digital em suas
dobro do tempo em relação aos ambientes de
de desenvolvimento, ou, na nomenclatura que
mesas e mãos;
trabalho. Lengel oferece algumas outras razões
divulga, nas educações 1.0, 2.0 e 3.0:
• poucas pessoas fazendo a mesma coisa que
do ponto de vista das escolas para esse atraso
outro colega;
na adoção de novos métodos e tecnologias, evi-
Educação 1.0 (correspondente à era agrária)
• uma variedade de idades trabalhando juntos;
dentemente úteis para a educação:
• grupos pequenos (duas ou três pessoas) de
• uma variedade de tarefas e agrupamentos;
• Sua missão implícita é transmitir a cul-
trabalho cooperativo;
• uma variedade de cores e estilos de pessoas
tura anterior à próxima geração, e não
• as pessoas conversam enquanto trabalham;
trabalhando juntas. [Figuras 25 a 28]
• pessoas de idades variadas no mesmo grupo; [23]
2
Até a Educação 2.0 as características do ambien-
Harvard, tendo trabalhado em organizações do governo, aca-
• grande variação de tarefas para cada um;
te de ensino correspondiam às do ambiente de
dêmicas e industriais por 42 anos. É autor de nove livros sobre
• pouca evolução do trabalho;
trabalho. Já o ambiente de trabalho 3.0 ainda
• contato (visual e físico) constante com o exte-
não viu seu correspondente nas escolas, segun-
rior, com a natureza. [Figuras 21 e 22]
do Lengel. Sua explicação para esse atraso é a demora na adoção de novas tecnologias pelas
[24]
Jim (James) G. Lengel é diplomado pelas universidades Yale e
• poucas ferramentas simples e manuais;
Educação 2.0 (correspondente à era industrial)
escolas, fato que não é novo na História da edu-
• grandes grupos de pessoas de mesma idade;
cação. Ele cita o exemplo do retardo na adoção
• estações de trabalho individuais;
dos livros e dos lápis por parte das escolas,
• trabalhos silenciosos e repetitivos;
quando comparadas com o resto da sociedade.
educação e comunicação, além de publicar uma coluna semanal e podcast sobre o ensino com uso da tecnologia. Apresentou suas ideias no primeiro encontro InovaEduca 3.0, realizado em outubro de 2012 na cidade de São Paulo. “O InovaEduca 3.0 é um congresso que visa compartilhar experiências práticas inovadoras em educação, para ampliar o conhecimento de gestores e coordenadores pedagógicos sobre as soluções inovadoras que são possíveis adotar em suas redes ou escolas.” (INOVA EDUCA 3.0, 2013). O evento teve sua segunda edição realizada em março de 2013 na cidade de Recife, novamente com a presença do educador norte-americano.
prepará-las para uma nova cultura.
à natureza da responsabilidade do estudante
com colegas e especialistas, completando seus
• Elas atraem as pessoas mais conserva-
para sua aprendizagem, à aplicação da tecno-
trabalhos fora do horário escolar;
dores e avessas à riscos para suas classes.
logia, às capacidades do currículo on-line e à
• Os estudantes aprendem a contar uma
natureza do papel do professor. O conteúdo
boa história, desenvolvendo as habilidades de
preconizado pela Educação 3.0 está de acordo
explicar, apresentar, publicar e persuadir atra-
com grupos como o Core Knowledge e seus
vés da composição, preparação e apresentação
princípios estão alinhados com as seis habilida-
de ideias em palestras públicas, vídeos e pod-
des necessárias para o sucesso no século XXI4:
casts, além da publicação de um portfolio on-li-
• Essas pessoas tendem a ir da escola para a universidade e depois de volta à escola, raramente despendendo tempo no mundo exterior onde elas poderiam observar as mudanças tecnológicas acontecendo. [25]
• Sua governança diversa e pública dificulta a tomada de decisões transformadoras.
[21, 22] Educação 1.0 [23, 24] Educação 2.0
ne em que demonstra seu aprendizado;
• Sua missão implícita é de tutela e pacifi-
• Os estudantes trabalham em problemas
• Os estudantes empregam ferramentas
cação; novas tecnologias frequentemente
que valem a pena ser resolvidos, ou seja, que
apropriadas à tarefa, utilizando-se das TICs para
perturbam esta missão.
afetam a comunidade em que vivem, aproxi-
comunicar-se, colaborar com colegas e profes-
[25, 26] Ambiente de trabalho 3.0
• Sua natureza compulsória e de monopó-
mando-os dos problemas existentes no mundo
sores, aprender, realizar seu trabalho, etc.;
[27, 28] Ambiente escolar hoje
lio público impede as forças de mercado
real, com os conteúdos do currículo sendo abor-
• Os estudantes aprendem a ser curiosos e
de lhe forçarem à adaptação.
dados de acordo com a necessidade de solução
criativos, pois tais características não são con-
de cada problema;
sideradas como inerentes à personalidade do
[26]
• As novas tecnologias frequentemente ameaçam a base de poder das pessoas que dirigem as escolas. • Eles não possuem os recursos extra necessários para investir em novas formas de se fazer as coisas. (LENGEL, 2012a, tradução livre) [27]
Apresentados estes fatos históricos, o autor procura explicar como seria, portanto, a chamada Educação 3.0, como esta difere da educação presente nas escolas hoje e quais competências sugere que sejam focados os esforços nesta nova proposta educacional. As mudanças desse novo método em relação ao método tradicional referem-se principalmente ao uso do tempo,
[28]
25
3
• Os estudantes e professores trabalham
aluno, sendo ensinadas como hábitos mentais
cooperativamente, raramente trabalhando so-
e modos de trabalho que devem ser praticados
zinhos em um projeto e utilizando-se das ferra-
em todas as áreas.
mentas de comunicação digital para colaborar com professores, especialistas e colegas distan-
Sobre o ambiente escolar, Lengel afirma que le-
tes, do mesmo modo que as empresas fazem;
cionou e visitou centenas de escolas nos Estados
• Os estudantes empenham-se em pesqui-
3
A “Core Knowledge Foundation” é uma organização indepen-
sas auto-dirigidas, que visam resolver os pro-
dente, sem fins lucrativos e apartidária, fundada em 1986, que
blemas propostos, sendo o aluno orientado
desenvolve currículos, publica materiais e livros educacionais,
a procurar fontes on-line, determinando sua importância e confiabilidade, utilizando dados
provê desenvolvimento profissional para educadores e dá suporte à escolas. A ideia base da educação Core Knowledge é simples: conhecimento se constrói sobre conhecimento, ou
obtidos em tempo real, utilizando-se de ex-
seja, quanto mais se aprende, maior é a capacidade de apren-
tensa biblioteca eletrônica disponibilizada pelo
der. Assim, ao invés de “saber” coisas, as crianças aprendem a
website da escola, utilizando as tecnologias de comunicação digital para trocar conhecimento
“pensar”. Fonte: <http://www.coreknowledge.org/>. 4
Lengel faz referência à “Partnership for 21st Century Skills”,
mais informações no website: <www.p21.org/ >.
26
Unidos e ao redor do mundo e que, surpreen-
Em seu livro, Lengel disponibiliza vários exem-
Educação 3.0 os professores desenham
dentemente, elas apresentam muitas similarida-
plos do cotidiano de escolas que adotaram a
e gerenciam um complexo conjunto de
des. Com poucas exceções, as escolas se organi-
Educação 3.0 de modo a exemplificar diversas
projetos, estudantes, e atividades que
zam no que ele chama de “plan 25/C/1/1/1/6”: 25
maneiras de aplicação do método. É evidente a
alunos de mesma idade agrupados em uma sala
grande relevância que os espaços escolares têm
de aula (Classroom) de aproximadamente 84m²
nesta nova proposta educacional, pois pressu-
(900 ft²) com 1 professor, aprendendo 1 assunto
põe configurações radicalmente divergentes
por cerca de 1 hora, o que se repete 6 vezes ao
das encontradas nas escolas tradicionais:
dia. O mobiliário dessas salas de aula resume-se
[...] As escolas que funcionaram na Edu-
a 25 carteiras, uma ou duas estantes para livros
cação 3.0 inventaram espaços de aprendi-
e a mesa do professor. A tecnologia de aprendi-
zagem muito diferentes das salas de aula
zado é focada no livro impresso e na lousa, sem o uso de tecnologias digitais ou em rede. O ambiente escolar tradicional difere-se enormemente do estilo de trabalho do mundo atual, em que há pouca segregação etária, raramente trabalham em apenas uma disciplina por uma
típicas de hoje. Em vez de 30 cadeiras, um
será instalado em Santa Catarina pelo SENAI e
multimídia, uma sala de reunião pequena
do qual é consultor.
com uma dúzia de pessoas ao redor de uma mesa, uma sala com mesas redondas
confortáveis e bibliotecários preparados
servadas no ambiente de trabalho e no mundo
para ajudar nas novas formas de pesquisa
tradução livre).
so InovaEduca 3.02, realizadas em 2012 e 2013 no
do na Escola Profissional do Futuro, modelo que
maior consonância com as características ob-
gem da infraestrutura técnica” (LENGEL, 2012a,
O autor participou das duas edições do congres-
uma sala de aula grande com recursos de
com poucos livros, mas muitas cadeiras
no planejamento interdisciplinar que tira vanta-
para direção certa. (SENNA, 2012)
te, um plano de ação (Anexo 1) que será utiliza-
que o ambiente de aprendizagem esteja em
novas técnicas de ensino, no horário variado e
tir que o projeto dos alunos seja apontado
res em uma variedade de configurações:
problema em conjunto, uma biblioteca
nal deverá consistir “no conteúdo on-line, nas
de e do mercado de trabalho para garan-
Brasil. Ele disponibiliza, inclusive, em seu websi-
hora, como no ensino tradicional. Assim, para
rente da tradicional. A infraestrutura educacio-
sores e outros profissionais da universida-
escolas realizam suas atividades escola-
onde 4 ou 5 estudantes trabalham em um
infraestrutura técnica e educacional muito dife-
estreita colaboração com outros profes-
quadro negro e a mesa do professor, estas
hora inteira, ou sequer o dia se repete hora a
hoje, a escola na Educação 3.0 deverá ter uma
mudam frequentemente. E trabalha em
online. Não apenas o espaço físico, mas
A geração “Homo zappiens” Numa abordagem de psicologia educacional, o professor Wim Veen, da Universidade de Tecnologia de Delft, na Holanda, em seu livro “Homo zappiens: educando na era digital” (VEEN et al.,
haverá mudanças no cronograma tam-
2009) procura conhecer e compreender a gera-
bém, com horários alternativos e mais
ção denominada “Homo zappiens”, no sentido
independentes. (SENNA, 2012)
de analisar de que forma suas características devem servir de molde para as mudanças e adap-
Sobre o papel do professor, Lengel diz:
tações da educação no século XXI:
[...] O professor não é mais simplesmente
A urgência na mudança de parâmetros [...]
um transmissor de conhecimento e guar-
é sugerida a partir de uma visão positiva
dião da ordem como na Educação 2.0; na
sobre o que uma nova geração de apren-
dizes pode trazer para a escola e como os
os encontros de final de semana. O Homo
quatro horas, e não de 50 minutos.
professores podem lidar com ela. A estru-
zappiens parece considerar as escolas ins-
• Os alunos trabalham em grupos de 90 a
tura do livro tem como linha básica que o
tituições que não estão conectadas ao seu
150, mas atuam em um grupo menor, de 12
lidar com o conhecimento é uma questão de
mundo [...]. Dentro das escolas, o Homo
alunos.
negociação e criatividade e que aprender é
zappiens demonstra um comportamento
• A aprendizagem se baseia na pesquisa,
uma atividade para a vida toda, não restrita
hiperativo e atenção limitada a pequenos
que é autêntica e relevante para as crianças;
à escola. (MEISTER, 2010)
intervalos de tempo, o que preocupa tan-
• O conteúdo é comunicado por meio de
to pais quanto professores. Mas o Homo
temas interdisciplinares.
O autor examina como as crianças que crescem
zappiens quer estar no controle daquilo
• A tecnologia de rede tem um papel impor-
em um mundo de tecnologia e de mudanças
com que se envolve e não tem paciência
tante no processo de aprendizagem.
para ouvir um professor explicar o mundo
[...] Algumas pessoas talvez façam uma lis-
de acordo com suas próprias convicções. Na
ta de argumentos que demonstram que as
verdade, o Homo zappiens é digital e a esco-
mudanças na educação são de difícil imple-
la, analógica. (VEEN et al., 2009, p. 12)
mentação em uma escola comum, sobretu-
constantes demonstram maior relutância em encaixar-se no sistema educacional do que qualquer outra geração antecedente. A geração de crianças e jovens nascidos a partir dos anos 1980 já é conhecida coloquialmente como “geração digital”, “geração da internet”, “geração instantânea”, além das denominações sociológicas “Y” e “Z”. A letra “Z” faria referência ao termo em inglês “zapping”, que significa “dar uma volta” (SOUSA, 2008), utilizado popularmente para descrever o ato de passar rapidamente pelos canais de televisão.
27
do no que diz respeito aos cinco pontos já
Por fim, o autor esboça suas propostas e suges-
indicados. A legislação, as restrições no or-
tões para que as escolas possam adaptar-se a
çamento, as condições físicas do prédio em
esses novos estudantes: Respostas revolucionárias aparecem em países como a Holanda, em que um número pequeno, mas crescente, de pais não mais considera as escolas tradicionais uma escolha adequada para seus filhos. Além disso,
que se trabalha e os fatores humanos são grandes obstáculos, difíceis de suplantar. O Currículo Nacional inibe grandes mudanças no que diz respeito ao conteúdo, os prédios das escolas não estão prontos para grupos de 90 alunos e os professores talvez tenham de ser novamente capacitados de maneira
O Homo zappiens é um processador ativo de
várias direções de escola também respon-
informação, resolve problemas de maneira
deram à necessidade de novos métodos de
muito hábil, usando estratégias de jogo,
aprendizagem por meio da criação de esco-
e sabe se comunicar muito bem. Sua rela-
las experimentais, nas quais foram introdu-
ção com a escola mudou profundamente,
zidas grandes mudanças na organização,
Por fim, pode-se concluir que para um real avan-
já que as crianças e os adolescentes Homo
nos métodos de ensino e nas abordagens do
ço e melhoria na educação muitos fatores deve-
zappiens consideram a escola apenas um
conteúdo.
rão estar envolvidos nas mudanças necessárias,
dos pontos de interesse em suas vidas. Mui-
Todas essas iniciativas são similares em cin-
to mais importante para elas são suas redes
como o sistema de ensino, formação dos educa-
co grandes aspectos:
de amigos, seus trabalhos de meio-turno e
• Os alunos trabalham em intervalos de
dores, material didático, etc., indo muito além
intensa para que a prática de ensino e os papéis mudem. (VEEN et al., 2009, p. 14 e 15)
do campo da arquitetura escolar.
28
[29]
[30]
[31]
Este capítulo aborda as referências de arqui-
sar destas evoluções ao longo do tempo,
tetura escolar pesquisadas, com o objetivo de
os temas espaciais que são centrais nos
compreender os requisitos de projeto e outras
meus projetos permaneceram constan-
questões próprias ao ambiente escolar, além da análise de projetos de escola inovadores, de modo a orientar a definição do programa de necessidades e o partido do projeto desenvolvido neste trabalho. [33]
O novo espaço escolar: Learning landscape As ideias do arquiteto holandês Herman Hertzberger sobre a arquitetura dos edifícios escolares estão muito afinadas com os principais conceitos e propostas pedagógicas abordadas no capítulo anterior e, assim, consiste na principal referência de arquitetura escolar para o projeto
[34]
desenvolvido neste trabalho. Outro ponto reEvolução da configuração
jetou é o fato de atenderem satisfatoriamente
[29, 31, 33] Tradicional
diferentes propostas pedagógicas, agradando
[30] Articulada (estágio 1)
alunos e diretores; nas palavras do arquiteto:
[32, 35] “Home base” (estágio 3) [38] “Learning landscape” (estágio 4) [35]
levante sobre as escolas que Hertzberger pro-
das salas de aula:
[34] “Threshold” (estágio 2)
A PRÁTICA
[32]
Eu estive envolvido na construção de escolas por cinquenta anos, período no qual muitas ideias sobre educação mudaram, assim como os critérios que são aplicados à construção e arquitetura. Porém, ape-
tes. O que mudou foi a alocação de recursos espaciais – o que, inevitavelmente, impõe certas restrições – mas não como as crianças aprendem e como você pode abrir espaço para elas o fazerem. (HERTZBERGER, 2009, tradução livre)
No ponto de vista de Hertzberger, o arquiteto não deve ser norteado por uma ou outra proposta pedagógica ao projetar uma escola. Pelo contrário, deve criar condições espaciais que beneficiarão o aprendizado num sentido amplo, de modo que o edifício proporcione uma estrutura geral para a educação e o aprendizado, flexível o suficiente para adaptar-se às mudanças de demanda e até deixar sugestões de uso diferentes daquelas contidas no programa de necessidades solicitado. Em seu livro “Space and Learning: Lessons in Architecture 3” (HERTZBERGER, 2008) , Hertzberger apresenta a evolução dos espaços escolares que vem acontecendo há alguns anos nas escolas da Europa, principalmente. Ele distingue três estágios sucessivos deste desenvolvimento espacial [Figuras 29 a 38]:
1. uma diferenciação e aumento no número de
tavelmente em algum momento de suas vidas e
espaços ao modificar-se a sala de aula retan-
com os quais terão que familiarizar-se. Para ele,
gular para uma configuração com nichos,
estes são paradoxos que podem ser resolvidos
espaços auxiliares, baias, etc.;
primeiramente (ou talvez exclusivamente) atra-
2. a adição de uma zona entre a sala de aula e o corredor (“threshold”) que pode ser usada como e quando necessária, aumentando
[36, 37] Condições espaciais
assim a área de aprendizagem;
para atenção e visuais
3. a mudança na função da sala de aula de local de instrução para “home base”, ou seja, um espaço mais parecido com o de um lar. O grupo é mais frequentemente incompleto ou ausente, mais e mais atividades de [36]
[37]
aprendizagem são realizadas em outros lugares da escola, fora das salas de aula. 4. o surgimento de uma “learning landscape” (em tradução livre, “paisagem de aprendizado”) onde as salas de aula diminuem de tamanho ou desaparecem por completo. Alguns dos paradoxos que o arquiteto deve enfrentar ao projetar esta “learning landscape”, segundo o holandês, é criar espaços que permitam os jovens de manterem sua concentração ao mesmo tempo em que estimula sua curiosidade ao atirar sua atenção para a riqueza do seu entorno, ou então como tornar a escola um ambiente seguro ao mesmo tempo em que se abre para o mundo, com todas as aventuras e perigos que crianças terão que confrontar inevi-
29 [38]
vés de recursos espaciais [Figuras 36 e 37], os quais explora ricamente em seu livro. Alguns destes recursos são: paredes variando sua altura de piso-teto a meia-altura, degraus, áreas elevadas ou rebaixadas, mobiliário estruturador do espaço, entre outros, nos quais o fator crucial é o dimensionamento destes elementos, cujo objetivo é criar o senso de limites, proteção e separação dos outros, mas mantendo sempre o sentimento de unidade e comunidade. Uma unidade espacial é descrita por Hertzberger como um espaço que alcança um certo equilíbrio entre o senso de reclusão e o de comunidade, onde pessoas podem trabalhar individualmente ou em grupos com concentração, ao mesmo tempo que possam perceber seu entorno. Tomando esta unidade espacial como um “centro de atenção”, o edifício escolar com uma “learning landscape” seria um conglomerado de quantos centros de atenção sejam possíveis, os quais podem acomodar um igual número de situações de aprendizado diferentes, sempre articulando estes espaços, sem fragmentá-los.
30
Referências internacionais Hellerup Skole, Gentofte, Dinamarca Arkitema, 2002 Apesar de parecer um edifício industrial comum no exterior, com uma entrada discreta onde os alunos deixam para trás seus sapatos, a Hellerup Skole é notável por seus espaços internos e o melhor exemplo de “learning landscape” [39]
segundo Hertzberger. O espaço interno da escola é completamente aberto, salvo algumas salas dedicadas a assuntos específicos; armários de meia altura fazem as vezes de parede e são tudo o que separa as zonas de aprendizado ou “home areas” do espaço principal, que é dominado por escadas largas utilizadas também como assentos ou arquibancada e que liga os três pavimentos do edifício. As zonas de aprendizado comportam de 75 a 100 alunos, nas quais existem estruturas hexagonais [Figura 41] em que lições podem ser dadas a 15-20 crianças, além de espaços definidos por armários, bancos
[40]
e pequenas plataformas elevadas dois degraus do chão. A escola aceita um total de 550 alunos com ótimos 9m2 por aluno, razão aproximadamente três vezes maior que os padrões holandeses. “Há, claramente, uma atmosfera descontraída [...], fazendo o espaço de aprendizado algo como um workshop cuja abertura incita
[41]
[42]
um grau de dedicação” (HERTZBERGER, 2008).
[44]
[45]
31 [43]
[46] TĂŠrreo
[47] 1o Pavimento
32
[48]
Vittra School Telefonplan, Suécia Rosan Bosch, 2011 Ao invés de salas de aula convencionais, os alunos da Vittra School Telefonplan são ensinados em grupos arranjados de acordo com seu nível
Concentration Niches
Window Pods
The Stage
Island Area The Mountain
Media Lab Wardrope West Organic Table
The Tree
de desenvolvimento, baseado nos princípios
The Village
Wardrope East Reception
Dance Studio
Lysavis
educacionais inovadores da escola. Neste projeto de arquitetura de interiores foram usados mobiliários desafiadores feitos sob medida,
Tower of Babel Exhibition Area
Headmasters Office Science Lab
ais para os alunos, de modo a facilitar o ensino e aprendizado diferenciados em uma escola em que o espaço físico é a ferramenta mais impor-
Lunch Club
Teachers Lounge
com zonas de aprendizado e espaços individu-
[49] Pavimento Térreo
tante para o desenvolvimento educacional. No lugar do arranjo clássico mesa-e-cadeira, por exemplo, um iceberg gigante que possui um cinema, uma plataforma e sala para relaxamento e recreação agora formam o cenário para muitos tipos de situação de aprendizado; laboratórios flexíveis permitem o foco em temas e projetos especiais. O projeto de interiores também acomoda o esforço da escola em incorporar mídias e materiais didáticos digitais ao sistema de ensino: os laptops são a ferramenta de apren-
Canteen Area
dizado mais importante das crianças, quer elas
Workshop
estejam trabalhando sentadas, deitadas ou em [50] Pavimento Superior
pé (BOSCH, 2011).
[55]
[52] [56] [57]
[51]
[53]
[58] [59]
[60] [61]
33 [54]
[62]
34
[69]
Montessori College Oost, Amsterdam, Holanda [66]
Herman Hertzberger, 1999
[63]
Uma das ideias de Maria Montessori era estimular o aprendizado das crianças ao proporcionar-lhes amplo poder de escolha combinado a uma estrutura clara, evidente. No Montessori College Oost este conceito foi traduzido em arquitetura: o grande salão que liga todos os setores da escola é um lugar de encontro e foco de comunicação para os 1.200 alunos de mais de 50 países diferentes; as características notáveis do edifício são seus elementos secundários, tais
[64] [67]
como corredores largos e espaços fora das salas de aula que podem ser usados para a comunicação espontânea, escadas que servem como áreas de estar ou escrita e os degraus e bancos encontrados a todo canto. O grande átrio é dissecado por inúmeras “escadas ponte”; circulação e ligações visuais eram parte do programa arquitetônico, pois “a escola deve ser como uma pequena cidade” (HERTZBERGER, 2008). O colégio é a primeira escola Montessori estendida que o arquiteto construiu; além do ensino teórico e salas de aula convencionais, ela oferece capacitação para o trabalho, com oficinas,
[65]
[68]
cozinhas e um pequeno pavilhão desportivo.
[70]
118 Subsidized Dwellings, Offices, Retail Spaces and Garage, Coslada, Espanha Amann Canovas Maruri, 2012 Este projeto foi escolhido como referência de edifício com diferentes usos integrados, que são arranjados em diferentes níveis: estacionamento subterrâneo, escritórios e usos comerciais do térreo público ao espaço público elevado no terceiro pavimento, a partir de onde se acessam as torres residenciais. O projeto visa oferecer uma proposta urbana atrativa, longe da mera acumulação de unidades residenciais. A decisão [73]
de dividir o volume em quatro torres em torno de um espaço público elevado que funciona como cobertura para as entradas e comércios do térreo faz com que o edifício se transforme numa articulação urbana visível que conecta diferentes áreas da cidade (ARCHDAILY, 2014a).
[71]
[74] Diagrama de usos [75] Corte
35 [72]
36
[78]
Nine Bridges “The Forum”, Coréia do Sul D·Lim Architects, 2013 [76]
Uma das principais preocupações neste projeto de instalação multiuso, concebido para uma das maiores empresas sul-coreanas, foi a de evitar perturbar a visão da floresta circundante e paisagem natural. Com esse propósito, mais da metade do volume está enterrado, com uma grande abertura na cobertura, elemento central [79]
em torno da qual estão posicionadas as salas de reunião e workspaces, para absorver a luz natural. O elemento mais relevante para a escolha desta referência projetual é sua cobertura-jardim inclinada, acessível pelo térreo, mesclandose perfeitamente com o entorno. A forma desta estrutura funciona também como um anfiteatro que pode acomodar mais de 300 pessoas sentadas nos assentos de pedra integrados à superfí-
[77]
[80]
cie de grama (ARCHDAILY, 2014b).
[85]
Referências nacionais
nas exigidas pela grade curricular do Ministério
EMEF Desembargador Amorim Lima, São Paulo
por meio de Roteiros Temáticos, compostos por
da Educação (MEC) são interligadas e ensinadas cerca de 20 temas dados ao longo do ano. A es-
[81]
Em 2003, professores, direção, alunos e comuni-
cola também não tem provas, os alunos são ava-
dade da Escola Municipal de Ensino Fundamen-
liados através dos trabalhos que desenvolvem
tal Desembargador Amorim Lima, localizada no
e, ao final do semestre, um relatório geral feito
bairro do Butantã, decidiram mudar completa-
pelo educador é entregue aos pais. Além dos ro-
mente a metodologia pedagógica da escola,
teiros e das oficinas de matemática, português
buscando aproximar-se da nova realidade vivi-
e inglês, os alunos fazem outras atividades,
da pela sociedade hoje. Inspirados pela Escola
como danças brasileiras, capoeira, artes, teatro,
da Ponte (Portugal), a escola hoje é referência
laboratório de ciência, cultura corporal.
na área da educação, propondo uma formação
[82]
mais autônoma para os alunos, tendo melhora-
Para tanto, o edifício da escola teve que sofrer
do consideravelmente os índices de evasão, a
modificações substanciais: as paredes que divi-
indisciplina, a integração da comunidade esco-
diam algumas classes foram derrubadas e, em
lar e os índices de desempenho escolar.
vez de uma sala de aula para cada turma, há dois salões de estudos, um para o chamado ciclo 1
[84]
37 [83]
Na escola não há mais aulas com exposição de
(do 1º ao 5º ano) e outro para o ciclo 2 (do 6º ao
conteúdo das disciplinas pelo professor – exce-
9º ano), além de salas menores onde são ensina-
to inglês, português e matemática –, as discipli-
das disciplinas específicas.
38
PARTE III:
O LUGAR
39 [1]
40
A CIDADE
MG
RJ
Campos do Jordão
Campinas
São José dos Campos
SP
São Paulo
Caraguatatuba
Santos
N
APA II - Jaguari: 410km²
e um importante pólo científico e tecnológico.
ESTADO DE SÃO PAULO
[3]
queira e Litoral Norte [Figuras 2 e 3]. O municí-
Atualmente a cidade possui características de
pio é composto por três distritos: São José dos
centro industrial e comercial, ainda dispondo de
Campos (sede), Eugênio de Melo e São Francis-
60% de seu território como área de preservação
co Xavier. Quatro Áreas de Proteção Ambiental
ambiental, o que evidencia a busca histórica da
(APA) integram seu território, três delas em
cidade em compatibilizar seu desenvolvimento
Zona Rural (APA I, APA II e APA III) e a quarta em
econômico à qualidade ambiental. Sobre a qua-
DISTÂNCIAS APROXIMADAS
Zona Urbana (APA IV) [Figura 4]. A Zona Urbana
lidade de vida, a rede de serviços públicos con-
do município é dividida nas regiões geográficas
fere à São José dos Campos um dos melhores
conforme representado na Figura 5.
Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do
Brasília (DF)
1.087 km
Rio de Janeiro (RJ)
343 km
São Paulo (SP)
97 km
Campinas (SP)
150 km
Caraguatatuba (SP)
88 km
APA III - Jambeiro: 48km²
APA I
maior complexo aeroespacial da América Latina
Vale do Paraíba (porção leste do Estado de São
[2] APA I - S. F. Xavier: 117km²
APA IV - Banhado: 95km²
São José dos Campos consolidou-se como o
eixo São Paulo - Rio de Janeiro, na região do Paulo), estando cercada pela Serra da Manti-
Ubatuba
São Sebastião
São José dos Campos localiza-se ao longo do
país, classificando-se como o 11º maior índice do Elevada à categoria de cidade em 1864, alguns
Estado de São Paulo.
dos fatores que influenciaram o crescimento SÃO FRANCISCO XAVIER
População: 673.255 habitantes (IBGE 2013)
econômico e demográfico de São José dos
O perfil de cidade que São José dos Cam-
Área urbana e de expansão: 421 km²
Campos foram a construção da Estrada de Ferro
pos vem moldando, especialmente nas
Central do Brasil em 1877 e a transformação da
últimas décadas, quanto à sua vocação
Área total: 1.100 km² APA II
cacional, que tem apresentado índices de
do com a instalação do Centro Técnico Aeroes-
EUGÊNIO DE MELO
qualidade crescentes e acima das médias
pacial (CTA) e do Instituto Tecnológico de AeroREGIÃO OESTE
N
DIVISÃO EM DISTRITOS E ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
rentes áreas, inclusive na dimensão edu-
seu processo de industrialização foi impulsiona-
CENTRO
APA IV
conferido destaques nacionais em dife-
em 1935. Já na segunda metade do século XX, REGIÃO LESTE
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
tecnológica e empreendedora, tem lhe
cidade em estância climatérica e hidromineral
REGIÃO NORTE
N
APA III
[4]
ZONA URBANA: REGIÕES GEOGRÁFICASÇ
do país, superando as projeções do IDEB 1
náutica (ITA), além da inauguração da Rodovia
REGIÃO SUDESTE
estabelecidas pelo INEP 2 (PME, 2012).
Presidente Dutra, “sendo este o momento em
REGIÃO SUL SÃO FRANCISCO XAVIER
[5]
que a cidade descobre sua vocação para a área da tecnologia” (PME, 2012). A partir de então,
1
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica.
2
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais.
O TERRENO
Parque Natural Municipal do Banhado [...] Considerado um dos principais cartões postais da cidade, [o Banhado] constitui-se em um anfiteatro que se abre após o declive abrupto que cai sobre
Requalificação do Centro
a várzea próxima, mantendo as feições de extensa
A escolha do terreno para o projeto de escola
biental. Atualmente também se encontra res-
planície, que se alonga até o Rio Paraíba do Sul, num
levou em consideração os seguintes fatores: a
guardada pela Lei Estadual nº 11.262 que criou
cenário único totalmente integrado à paisagem ur-
educação ambiental (relação com o Banhado);
a APA de São Francisco Xavier e a Área Estadual
Similar ao que ocorre em diversas cidades do
[...] O Banhado exerce uma função ambiental que
a requalificação do centro e a demanda por ha-
de Proteção Ambiental do Banhado e do Jagua-
mundo, o centro urbano de São José dos Cam-
beneficia direta e indiretamente a cidade, seja como
bitação social nessa região da cidade.
ri, que engloba parte dos terrenos que com-
pos vem sofrendo uma progressiva degradação,
põem a APA IV. O objetivo destas legislações é a
resultante da migração da população e transfe-
preservação paisagística e histórica do principal
rência de usos para outras áreas da cidade, da
O Banhado
cartão postal da zona urbana da cidade.
deterioração do patrimônio construído e falta
Inserida na APA IV, a concha do Banhado, como
Assim, o primeiro fator a determinar a escolha
(Lei Complementar nº 428/10) lançou em 2010 as
encontra em processo de criação.
é conhecida, compreende uma região de 4,32
do terreno para o projeto foi sua proximidade e
bases do que se denomina hoje Plano Estratégi-
A criação dessa Unidade de Conservação de Pro-
km² imediatamente contígua ao centro urbano
relação com esta importante região da cidade,
teção Integral possibilita [...] a formação de um
co Centro Vivo. Trata-se de um plano integrado
de São José dos Campos. Inicialmente compos-
evidenciando um dos pontos chave do partido
para a área central da cidade, que contempla di-
José dos Campos; melhoria das condições climáticas
ta de variada vegetação nativa, o Banhado pas-
adotado para a escola, que é a relevância dada
versos projetos e ações para a consolidação da
locais; [...] desenvolvimento de pesquisas ambien-
sou por um processo de desmatamento que só
à educação ambiental. Tal escolha está comple-
revitalização da área de modo mais estrutural e
tais e formação de espaços condizentes à realização
se findou em 1984 com a Lei Municipal 2.792/84
tamente em consonância com uma das maiores
efetivo do que o que vinha sendo feito até en-
que declarou a região Área de Proteção Am-
preocupações do planejamento municipal ao
tão. Abaixo são destacadas algumas das diretri-
longo da história da cidade, como já explicitado,
zes e ações contidas nesse Plano:
bana local.
condicionante climático, refúgio da vida silvestre, reserva da biodiversidade, além de suas funções socioculturais. Essas características revelam um patrimônio ambiental e paisagístico de tal expressão, que se tornou eminente a sua preservação para as futuras gerações através da implantação de um Parque Natural Municipal: o Parque do Banhado, que se
corredor ecológico junto ao centro urbano de São
de atividades de educação ambiental. (São José em Dados, 2012, p. 46)
de segurança. Assim, a nova Lei de Zoneamento
N
REGIÃO NORTE
e que pode ser observado no seguinte trecho
Parque da Cidade
como uma faixa de transição até a unidade de
Ensino Fundamental:
conservação do Parque Natural do Banhado, [ver
[... ] IX - Desenvolver a educação ambien-
texto ao lado sobre o Parque] criando um espaço
tal tratada como tema transversal, como
com áreas propícias ao lazer, descanso, perma-
uma prática educativa integrada, contí-
nência, contemplação e convivência, dotando-o
a Lei nº 9.795 3 , de 27 de abril de 1999. (Plano Diretor, 2006) LEGENDA: terreno escolhido
concha do Banhado
CENTRO
• Criar um parque linear junto à via Banhado,
Art. 31. São diretrizes gerais da política do
nua e permanente, em conformidade com
41
PROGRAMA CENTRO VIVO E COM MOBILIDADE
constante do Plano Diretor Municipal:
APA IV (Banhado) regiões geográficas [6] ESCALA 1 : 50.000
3
A Lei nº 9.795/99 é uma lei federal que dispõe sobre a edu-
cação ambiental, além de instituir a Política Nacional de Educação Ambiental.
Parque da Cidade
42 terreno
Banhado
CENTRO
[7] Banhado centro
terreno do projeto
Parque Municipal Roberto Burle Marx (Parque da Cidade) Mais conhecido como Parque da Cidade [Figura 9],
de equipamentos adequados para tais usos;
Jd. Nova Esperança
• Priorizar o conforto e o bem estar do pedestre,
Via Norte
humanizando os espaços públicos e privados. Ações a médio prazo: Boulevard Banhado
Av. São José [8]
Estrada de Ferro Central do Brasil
Transformação de parte da Avenida São José,
o Parque Municipal Roberto Burle Marx ocupa uma
com a extensão da Orla do Banhado e uso exclusi-
• Permitir que diferentes públicos se apropriem
área de 960 mil metros quadrados, que foi parte
vo para pedestres. A área se transformará em um
do Centro da cidade;
da antiga Fazenda da Tecelagem Parahyba. O local
grande “boulevard” composto por comércios,
• Preservar e recuperar bens de interesse históri-
restaurantes e um local privilegiado para desfru-
co e arquitetônico;
tar da melhor vista do por do sol da cidade.
• Valorizar atividades culturais em espaços públi-
tem obras arquitetônicas assinadas por Rino Levi (residência de Olivo Gomes [Figura 10], a usina de leite e galpão gaivotas) e jardins de Roberto Burle Marx (incluindo os painéis existentes na residência), que formam um dos mais importantes trabalhos da arquitetura moderna brasileira. A área verde fica
PROGRAMA CENTRO VIVO PARA MORAR • Aumentar a densidade populacional no centro;
entre a Avenida Olivo Gomes, às margens do Rio
• Promover a diversidade de usos;
Paraíba, e a Estrada de Ferro Central do Brasil. Con-
• Mesclar os padrões de moradia.
templa uma extensa área verde, com lago e ilha artificial. As trilhas propiciam caminhadas agradáveis, de onde se pode observar alguns animais típicos da
Ações imediatas: Prédios Verdes Mares Dois dos quatro prédios abandonados na orla do
região, como capivara, garça e tucano. Tem ainda
Banhado estão sendo requalificados e inseridos
pista para caminhada, ciclovia, locais destinados a
no programa habitacional Minha Casa Minha Vida.
eventos culturais e artísticos. O parque também é
cos e privados; • Resgatar e valorizar o patrimônio cultural existente, além de promover sua diversidade local; • Inserir a cultura em modelos sustentáveis de desenvolvimento socioeconômico; Ações a médio prazo • Criar mobiliários portáteis que flexibilizem o uso
Demandas habitacionais no Centro Na encosta do Banhado encontra-se a mais antiga formação irregular da cidade, surgida em 1931, hoje denominada Jardim Nova Esperança, porém mais conhecida como “favela do Banhado” [Figura 8]. No TFG “Habitação Social em São José dos Campos: uma abordagem urbano-ambiental” (MIONI, 2007) a autora faz uma análise da conjuntura geral da questão habitacional do município, além de um estudo sobre a
nas praças conforme a necessidade;
área do Banhado, resultando em uma proposta
• Estimular a instalação de instituições de ensino;
para adequação da moradia da população desta favela e de outra comunidade próxima, que hoje já se encontra regularizada.
palco de eventos artísticos e de lazer. (São José em
PROGRAMA CENTRO VIVO E VIBRANTE
• Incentivar a criação de escolas técnicas de arte,
Dados, 2012, p. 94)
• Estimular atividades de lazer;
gastronomia e afins. (Adaptado de IPPLAN, 2012)
N
[9]
A proposta de Mioni consistia em um projeto
O terreno escolhido para o presente trabalho
de requalificação de quatro torres residenciais
corresponde à porção sul do terreno original,
abandonadas desde 1992 e que foram poste-
onde as torres [Figura 11] ainda não têm desti-
riormente adquiridas pela Prefeitura da cidade,
no definido pela Prefeitura. Aproveitando-se
além do projeto de mais 7 edifícios, totalizando
da análise e dos estudos realizados por Mioni,
um número de unidades que atendesse às duas
fundamentou-se a opção pela requalificação
comunidades irregulares [Figuras 15 e 16]. O ter-
destes dois edifícios, destinando-os à moradia
reno, originalmente com três hectares, localiza-
da população do Jardim Nova Esperança, que
se no extremo nordeste da concha do Banhado,
continua em situação irregular. Desta forma,
muito próximo, portanto, de onde a população
fica justificada a demanda por equipamentos
a ser atendida residia [Figura 13].
públicos como escola, áreas de estar e lazer, de modo a atender à população infantil dos futuros
[10]
Atualmente o terreno foi desmembrado em
moradores e uma vez que a área do conjunto de
duas partes devido à construção, em 2008, de
edifícios original destinada a estes espaços de
uma via expressa (Via Norte) em parte do ter-
lazer foi tomada pela via expressa.
[15] implantação
reno, ficando duas torres a norte e duas a sul da via [Figura 14]. As torres norte [Figura 12] encon-
Finalmente, o projeto desenvolvido neste traba-
tram-se atualmente em obras de requalificação
lho procurou integrar as duas torres residenciais
e estão inseridas no programa habitacional do
existentes ao projeto de escola, assim como o
governo federal Minha Casa Minha Vida, como
prever espaços de estar e lazer que atendam à
citado no trecho apresentado do Plano Estraté-
população local.
gico Centro Vivo (Prédios Verdes Mares).
[11]
LEGENDA: Av. São José
LEGENDA: terreno original (2007)
(2010)
Via Norte
terreno norte
Av. São José
terreno sul
N
[16] LEGENDA: edifícios projetados (4) - térreo + 6 pavimentos
43
edifícios projetados (2) - térreo + 9 pavimentos edifícios projetados (1) - térreo + 10 pavimentos [12]
[13]
[14]
edifícios requalificados (4) - térreo + 16 pavimentos
44
Educação Integral
Análise da demanda escolar
Estimativa: população dos ed. reabilitados
O “Plano Municipal de Educação” (PME) de
De modo a prever-se o número aproximado de
Cálculo, por extrapolação dos dados do setor
São José dos Campos é o produto da análise da
alunos que a escola atenderia, procedeu-se à
censitário correspondente ao Jd. Nova Esperan-
situação da educação na cidade e apresenta di-
análise da demanda escolar no entorno do ter-
ça (17), da população total que residirá no con-
retrizes, metas e estratégias projetadas para o
reno escolhido para o projeto. Primeiramente
junto dos quatro edifícios reabilitados.
período de 2012 a 2022. Segundo o documento,
analisou-se a questão do acesso, a fim de deter-
apesar de considerada atingida a meta de uni-
minar as áreas não contempladas com a proxi-
Qtd. de unidades (ap.) a serem reabilitados:
versalização do Ensino Fundamental, apenas
midade dos equipamentos escolares:
4,7% do alunado da rede pública nesta etapa
De modo geral, pode-se dizer que a proxi-
está em regime integral; no Ensino Médio, ape-
midade desses equipamentos em relação
nas instituições de ensino particulares oferecem
à moradia é desejável, de modo a permitir
a modalidade. A conclusão do capítulo “Demandas populacionais atendidas e reprimidas” é a seguinte: “os dados até aqui expostos reforçam
Tabela 1 - Dados do CENSO 2010:
a necessidade de prosseguir na ampliação de
Pessoas residentes por faixa etára
SETOR
IDADE
EI
EF I
EF II
EM
2010
0a1
2a6
7 a 10
11 a 13
2014
4a5
6 a 10
11 a 14
15 a 17
1
9
12
14
16
2
5
9
15
18
3
6
14
22
7
4
50
31
30
5
16
10
12
6
15
8
13
7
11
8
8
12
18
23
24
9 10
12
7
12
29
13
24
14
26
15
12 7
16 17
55
145
128
93
TOTAIS
87
279
274
337
TOTAL JD. NOVA ESPERANÇA
421
TOTAL GERAL
977
andar a pé sozinha em poucos minutos e com segurança de sua casa até ele. (CAMPOS FILHO, 2003, p. 20)
vagas: na Educação Infantil para a creche (0 a
A seguir, analisaram-se os dados do CENSO 2010
03 anos); no Ensino Fundamental e Médio em
sobre a quantidade de pessoas residentes por
período integral” (PME, 2012).
faixa etária e setor censitário, incluindo-se os dados da comunidade Jd. Nova Esperança (in-
11
11
que a criança com idade suficiente possa
[1]
Torres norte: 2 torres * 16 pav. * 8 un. = 256 un. Torres sul: 2 torres * 12 pav. * 8 un. = 192 un. TOTAL: 448 unidades Dados do CENSO 2010 - Favela Jd. Nova Esperança: 389 domicílios, 421 pessoas em idade escolar [13% EI, 34% EF I, 30% EF II, 23% EM] Extrapolação: 448 - 389 = 59 domicílios 421 crianças / 389 domicílios = 1,08 [crianças/domicílio] * 59 domicílios = 64 crianças [8 EI, 22 EF I, 19 EF II, 15 EM] População total dos 4 edifícios (por extrapolação): Domicílios = 448 Pessoas residentes em idade escolar = 485 (63 EI,
Sendo assim, a Meta 6 do Plano foi estabelecida
dicada na tabela e mapas pelo número 17). Para
como a de “oferecer educação em tempo inte-
maior clareza, as análises foram divididas nas
gral em, no mínimo, 20% das escolas públicas de
etapas Ensino Infantil (EI, 4 a 5 anos), Ensino
Ensino Fundamental e Médio” (PME, 2012), com
Fundamental I (EF I, 6 a 10 anos), Ensino Funda-
estratégias como ampliar essa oferta através de
mental II (EF II, 11 a 14 anos) e Ensino Médio (EM,
Soma da estimativa da população dos ed. reabi-
atividades multidisciplinares, inclusive culturais
15 a 17 anos), com as idades projetadas para o
litados e dos outros setores considerados.
e esportivas, fomentar a articulação da escola
ano de 2014 [Tabela 1]. Cruzando-se os dados do
EI = 87 + 8 = 95 alunos
com os diferentes espaços educativos, culturais
CENSO com a análise de acesso foi possível esti-
EF I = 279 + 22 = 301 alunos
e esportivos como centros comunitários, biblio-
mar o número de alunos que a escola atenderia
EF II = 274 + 19 = 293 alunos
tecas, praças, parques, museus, teatros e cine-
[ver texto “Mapas e tabela” para explicações
EM = 337 + 15 = 352 alunos
mas, dentre outros.
detalhadas do procedimento].
167 EF I, 147 EF II, 108 EM)
Estimativa: alunos da escola projetada
TOTAL = 1.041 alunos
ensino infantil
ensino fundamental I
1516
0
100
250
500
N 13
14
4 12 1
3
2
10
9 5 6 7 8
11
17
LEGENDA: Setores censitários
MAPAS E TABELA: Acesso e demanda escolar Nos mapas ao lado, os círculos coloridos correspondem às áreas de abrangência das escolas públicas (municipal e estadual) existentes na região. Esta “abrangência” refere-se à “distância máxima definida como cômoda para se andar a pé até o comércio, serviço ou equipamentos sociais” (CAMPOS FILHO, 2003), representada por
17 Jd. Nova Esperança
ensino médio
17 Jd. Nova Esperança
ensino fundamental II
circunferências com raio de 800m para análise do acesso escolar. A tabela 1 e as áreas nos mapas hachuradas em tons de ocre e marrom quantificam a população residente nos setores censitários que se encontram fora da abrangência das escolas existentes, de acordo com a faixa etária correspondente ao nível de ensino. Assim, identificou-se as áreas e a quantidade de crianças e jovens que tem menor acesso às escolas existentes e que, portanto, comporão o quadro de alunos da escola projetada.
LEGENDAS Acesso (abrangência): ensino infantil
Demanda (população): 0 a 11 pessoas
ensino fundamental
12 a 21 pessoas
ensino médio
22 a 55 pessoas
projeto
56 a 150 pessoas
17 Jd. Nova Esperança
17 Jd. Nova Esperança
46
PARTE IV:
O PROJETO
47
48
A ESCOLA: Centro de Cultura e Aprendizagem
PROGRAMA - Tabela de áreas [1]
RESIDEN.
CULTURA
ESCOLA REGULAR
Programa EI
Área
Área total
785 m2
O projeto desenvolvido buscou aplicar o conhe-
A concepção da volumetria do conjunto teve
os usos institucionais através do pavimento tér-
cimento adquirido na pesquisa sobre pedagogia
como principal preocupação evitar perturbar
reo da biblioteca, acessível pelos que chegam
e psicologia educacional (teoria), além das refe-
a visão do Banhado, já parcialmente obstruí-
através da via local projetada, o que permite o
rências de projeto e escolas analisadas (prática).
da pelas torres existentes, além de convidar o
acesso do edifício institucional pelo térreo re-
Outros fatores que influenciaram a proposta fo-
transeunte à contemplação desta relevante pai-
baixado, além do acesso pela cobertura.
ram o estudo da cidade e terreno escolhidos, a
sagem natural da cidade. Para tanto, os quatro
partir dos quais foram tiradas as primeiras pre-
primeiros pavimentos dos edifícios existentes
O complexo ainda prevê um auditório para uso
missas de projeto: requalificação dos edifícios
foram incorporados ao programa institucional,
aberto ao público, acessível por um foyer e café
existentes no terreno para servirem de habita-
reduzindo de 16 para 12 os pavimentos residen-
localizados na cobertura da quadra poliespor-
ção para a população que hoje vive em situação
ciais em cada torre. A implantação tomou parti-
tiva da escola. Uma escada metálica também
irregular na encosta do banhado (Jardim Nova
do do declive de seu entorno, que acompanha
faz a ligação desta cobertura com o térreo re-
Esperança, ou favela do Banhado), ideia respal-
o perímetro do terreno, pois este já se encontra
baixado institucional, ao lado da quadra e mais
EF I
1.092 m2
dada pelo trabalho de Mioni (2007); projeto de
terraplanado na cota mais baixa. Assim, o volu-
próxima da entrada da escola regular pelo hall
EF II
1.038 m2
edifício institucional integrado a estes edifícios,
me horizontal do edifício institucional está com-
que também serve de refeitório e salão para
EM
1.332 m2
Vivência
2.545 m2
prevendo-se também espaços de estar e lazer
pletamente enterrado em relação à via da orla
eventos estudantis.
Apoio
779 m2
que atendam à população local.
do Banhado, a cobertura sendo continuação da
Adm.
533 m2
8.104 m2
rua, servindo de praça pública e mirante para o
De modo a evidenciar os diferentes usos, op-
Biblioteca
4.068 m
2
Desta forma, chegou-se à uma proposta de pro-
Banhado, além de dar acesso às torres residen-
tou-se pela fachada de vidro em todo o edifício
Escola
2.631 m2
jeto que une usos residenciais, institucionais e
ciais e ao edifício institucional pela biblioteca.
institucional, inclusos os pavimentos inferiores
Auditório
586 m2
Café
485 m2
Adm.
500 m2
Pátio coberto
3.274 m2
Térreo
2 x 270 m
Unidades
192 x 45 m2
Circulação
24 x 93 m2
8.270 m2
3.274 m2
2
11.412 m2
TOTAL EDIFÍCIO INSTITUCIONAL
19.648 m
TOTAL EDIFÍCIO RESIDENCIAL
11.412 m2
2
de lazer público, promovendo a tão discutida di-
das torres, em oposição às vedações em alvena-
versidade de usos, especialmente necessária à
A biblioteca pública é o elemento que interliga
ria dos pavimentos residenciais superiores. As
requalificação do centro da cidade. O programa
as duas escolas, ocupando os pavimentos infe-
vedações do térreo residencial no teto-jardim
estabelecido foi: Centro de Cultura e Aprendi-
riores da torre completamente englobada pelo
foram recuadas para o interior de modo a evi-
zagem, composto por escola de Ensino Infantil,
novo edifício. Esta opção se deu em função do
denciar a transição entre os dois volumes: hori-
Fundamental e Médio, biblioteca e escola de Ar-
baixo pé-direito (2,50m), o que também justifi-
zontal e vertical. Em relação à insolação, foram
tes, Dança e Música, todos públicos; teto-jardim
cou a localização dos espaços administrativos
previstas proteções horizontais na fachada nor-
que serve de espaço de estar público; e duas
e de apoio nos pavimentos inferiores da outra
te (beirais) e brises verticais na fachada oeste
torres residenciais [Tabela 1].
torre. Existe também um acesso comum para
(conforme referência apresentada na Figura 78,
LEGENDA: Escola regular: Ensino Infantil, Fundamental e Médio Cultura: Escola de Artes, Dança e Música e Biblioteca
PLANTAS GERAIS escala 1 : 2.500
Parte II). Sobre a qualidade acústica, a implantação se deu de modo a deixar a quadra, pátio
Edifício residencial requalificado
coberto e auditório - que possui vedações com
Teto-jardim
tratamento acústico - faceando a via expressa,
Acessos e ligações com a cidade
servindo a cobertura da quadra e o volume do auditório como barreira sonora para o restante
N
N
N
do edifício institucional. Os espaços internos do edifício institucional foram pensados de modo a permitir uma variedade e flexibilidade de usos, levando-se em consideração que as demandas escolares e de outros usos públicos variam ao longo dos anos. Assim, os usos designados neste projeto estão adequados ao contexto atual, podendo ser facilmente modificados de acordo com a necessidade. Por exemplo, no caso de a população local envelhecer, reduzindo-se então a demanda por ensino regular, o espaço da escola poderia ser reduzido
PLANTA TÉRREO INSTITUCIONAL
PLANTA 1º PAVIMENTO INSTITUCIONAL
PLANTA 2º PAVIMENTO INSTITUCIONAL
para dar lugar a atividades requeridas pela comunidade. Apesar disso, foram criadas 4 tipolo-
N
N
gias de espaço que podem se adequar a diferen-
N
tes usos, de modo a melhor estruturá-los: - um grande salão numa ponta do edifício; - uma área de pisos com variações de nível no sentido longitudinal em função do aclive da cobertura, com um rasgo central que faz a ligação visual e de circulação entre o desnível de meio pé-direito no sentido transversal, além de permitir a iluminação zenital; - uma área com pisos de pé-direito mais baixo; - uma área com pisos de pé-direito generoso, (3,40m) sem desníveis e com maior distancia-
49
mento entre os pilares. PLANTA 2º e 3º PAVIMENTO INSTITUCIONAL
PLANTA TÉRREO RESIDENCIAL (4º PAV.)
PLANTA 1º PAVIMENTO RESIDENCIAL (5º PAV.)
50
PLANTAS
IMPLANTAÇÃO escala 1 : 2.500 N
A
A
C
-0.45
-0.85
0-HALL/ REFEITÓRIO ESCOLA 830m²
PÁTIO COBERTO 3.274m²
Espaço para horta e outras atividades de educação ambiental
0.05
0.20
O IO 0 - A P R AS D Q UA 3m² 3 5
0.00
WC Vestiários
0.20
D
ECA L IO T 0 - B IB ² m 8 1.04 0.20
WC 0-EM.II 248m² -0.12
WC
0-EI 235m²
0.20
1.00
0-VIVÊNCIA 297m² -0.80
B
0-EF.I 328m²
Carga e Descarga
0-CULTURA 963m²
0 -A P O IO E 2 4 6m S C O L A ² C oz inh a
PÁTIO DESCOBERTO 1.800m²
0.20
0.20
0-EM.I 255m²
1.48
0-EF.II 346m² 0.84
PLANTA TÉRREO INSTITUCIONAL
51
escala 1 : 1.000 N
D C
B
A
A
C
52
B
DM. 1 º-A O L A E S C m² 53 3 3.00
1º-CULTURA 940m²
WC
3.80
D
1º-VIVÊNCIA 440m² 5.00
A TE C IB L IO 1 º-B ² m 8 94 3.00
1º-EM.II 248m² 3.08
WC
1º-EI 268m² 3.88
1º-VIVÊNCIA 360m² 2.44
B
1º-EF.I 382m²
WC
3.40
1º-EM.I 296m² 4.68
1º-EF.II 346m² 4.04
PLANTA 1o PAVIMENTO INSTITUCIONAL escala 1 : 1.000 N
D C
A
A
C
B
DM. 2 º-A U R A T C U L 0m² 50 5.70
WC
2 º-B
D
A TE C IB L IO ² m 8 1.0 2 5.70
WC
B
PLANTA 2o PAVIMENTO INSTITUCIONAL
53
escala 1 : 1.000 N
D C
A
A
C
54 3.00
1.40
4.00 6.30 0.00 7.28
5.00
6.30
AUDITÓRIO 586m²
7.40
7.40
3.40
B
7.40 6.00
8.40
7.90
3 º-C
8.59
AF É
7.00
Foyer Auditório WC
2º-CULTURA 728m²
D
m² 48 5
7.40
3 º-B
A TE C IB L IO ² 4m 4 .0 1 8.40
8.00
2º-EI 282m² 2º-VIVÊNCIA 340m² 278m²
WC
6.28
5.00
6.76
5.64
B
2º-EF.I 382m²
WC
6.60
2º-EM.I 285m² 7.88
2º-EF.II 346m² 7.24
PLANTA 2o e 3o PAVIMENTO INSTITUCIONAL escala 1 : 1.000 N
D C
A
A
C
B
3.00
m² 27 0
1.40
0.00
4.00
6.30
0.00
5.00
6.30
11.40
7.40 7.40
D
6.00
8.59 7.00
11.10
11.15
11.00
m² 27 0
9.64 8.00
4º/TÉRREO EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS 11.15
9.00
11.00
B PLANTA DO TETO-JARDIM escala 1 : 1.2.500
PLANTA TÉRREO RESIDENCIAL (4o PAV.)
55
escala 1 : 1.000 N
D C
A
A
C
56
B
D
B
PLANTA 1o PAVIMENTO RESIDENCIAL (5o PAV.) escala 1 : 1.000 N
D C
CORTES GERAIS
CORTE A
torres sul - edifício residencial
escala 1 : 1.000
torres norte - edifício residencial
via norte (via expressa)
teto-jardim
auditório
escola de artes, dança e música
biblioteca
57 biblioteca
espaços de aprendizagem da escola regular
salão/refeitório/hall de entrada da escola
anfiteatro
acesso pelo teto-jardim (orla do Banhado)
58
CORTE B escala 1 : 1.000
acesso pelo teto-jardim
hall escola
pátio descoberto
espaços de apoio/ administrativos/café
escola de artes, dança e música
Banhado
CORTE C escala 1 : 1.000
orla do Banhado
via local
carga/ descarga
espaços de aprendizagem da escola regular
pátio descoberto
quadra poliesportiva
via norte (via expressa)
CORTES PARCIAIS
59 CORTE A (AMPLIADO) - Detalhe da organização dos pisos no sentido longitudinal
CORTE D - Detalhe da organização dos pisos no sentido transversal
escala 1 : 500
escala 1 : 500
60
ELEVAÇÕES
ELEVAÇÃO NORDESTE escala 1 : 1.000
ELEVAÇÃO NOROESTE escala 1 : 1.000
PROPOSTA DE LAYOUT
[1]
Infantil (EI, até os 5 anos), Ensino Fundamental
através das divisórias e fachada transparentes,
I (EF I, 6 a 10 anos), Ensino Fundamental II (EF II,
outros parcialmente ou completamente expos-
Foi realizado um estudo de projeto de layout
11 a 14 anos) e Ensino Médio (EM, 15 a 17 anos).
tos às áreas de circulação ou espaços abertos
para os espaços de aprendizagem da escola re-
Os pisos dedicados a cada um destes agrupa-
contíguos. A circulação horizontal (longitudinal)
gular no pavimento térreo, com o objetivo de
mentos foram localizados sequencialmente ao
localiza-se ao longo do rasgo central, composta
exemplificar a aplicação das diretrizes definidas
redor de um piso de uso comum a todos os alu-
por rampas e meios degraus, liberando o restan-
para o projeto do edifício institucional.
nos numa área denominada “vivência”, que ser-
te da área dos pisos para maior liberdade na or-
ve à integração dos diferentes agrupamentos e
ganização do mobiliário e divisões dos espaços,
Primeiramente, a configuração dos pisos desta
é dotada de equipamentos que dão suporte di-
flexibilizando-os. A circulação vertical também
parte do edifício foi pensada de modo a permi-
gital às atividades dos alunos, enquadrando-os
se dá por rampas que cruzam o vão central, fa-
tir uma fácil leitura do mesmo, auxiliando na
num programa de inclusão digital.
zendo a ligação no sentido transversal.
diferentes espaços da escola, essenciais a uma
A organização do layout de cada piso é análo-
O mobiliário foi escolhido de forma a ser com-
proposta pedagógica em que os alunos tem
ga à espiral de algumas conchas [Figura 2], em
posto por poucos tipos de elementos padroni-
independência para transitar livremente pela
que no centro estão os espaços mais isolados
zados que possibilitam a flexibilidade da com-
“learning landscape”. Para tanto, O rasgo cen-
e introspectivos, que vão se tornando cada vez
posição dos espaços e a fácil manutenção dos
tral que percorre toda esta região do edifício é
mais abertos e extrospectivos em direção ao
mesmos. Ele também permite diferentes confi-
determinante, permitindo visuais entre os pisos
exterior. Assim, no centro de cada piso foram
gurações dos alunos para a realização das ativi-
com diferença de meio pé-direito de altura no
previstas salas retangulares encerradas por di-
dades em grupos de diversos tamanhos, além
sentido transversal. No sentido longitudinal, os
visórias leves, opacas no menor lado e de vidro
dos trabalhos realizados individualmente.
pisos têm desníveis mais sutis em que a transi-
no maior lado, permitindo a visão através das
ção de um piso para o outro é sempre feita por
salas no sentido transversal. A sala do piso do
Finalmente, a partir do que seria uma das diver-
degraus mais altos e profundos que os das esca-
Ensino Fundamental I é mais comprida que as
sas disposições de mobiliário e divisórias pos-
das, permitindo sua apropriação pelos alunos:
dos outros pisos e permite sua divisão em duas
síveis, pôde-se estimar a capacidade máxima
fazendo as vezes de mesas e cadeiras, ou ainda
salas, uma delas menor que se dedica aos alu-
de alunos projetada para cada piso, conforme
de arquibancadas para trabalhos em grupo ou
nos ainda em fase de alfabetização e que, por-
apresentado na tabela 2. Comparando os valo-
pequenas apresentações [Figura 1].
tanto, demandam uma atenção diferenciada.
res desta tabela com a estimativa de demanda
Ao redor deste elemento estruturador foram
escolar da população local realizada no último
O zoneamento apresentado nas plantas do Es-
criados espaços com diferentes níveis de intros-
item da Parte II, verifica-se que o projeto desta
tudo Preliminar organiza os alunos por agrupa-
pecção: uns mais isolados, porém visualmente
escola permite folga para um número maior de
mentos de idades ou séries de 3 a 4 anos: Ensino
conectados ao restante do edifício e ao exterior
alunos que a demanda existente.
localização e compreensão da organização dos
[2]
61
62
WC V es tiá rio
s
WC WC
PROGRAMA - Escola regular [2] Programa
Alunos
Razão (m2/aluno)
Área
EI
88
235 m2
EF I
120
328 m2
2,67 2,73
EF II
136
346 m2
2,54
EM
196
503 m2
2,57
Vivência
120
297 m2
2,48
TOTAL ALUNOS POR PAVIMENTO
540
TOTAL ALUNOS ESCOLA
1.620
PLANTA DE LAYOUT - TÉRREO INSTITUCIONAL escala 1 : 1.000 N
PLANTA DE LAYOUT - TÃ&#x2030;RREO INSTITUCIONAL vista tridimensional - sem escala
N
63
64
PARTE V:
A APLICAÇÃO
65
66
ANÁLISE COMPARATIVA Este capítulo dedica-se a analisar a situação das
no, de modo a transmitir e intercambiar conhe-
ço, sala de uso múltiplo, centro de leitura,
escolas públicas no contexto brasileiro, compa-
cimentos de projetos de qualidade ampliada.”
sala de informática e depósito;
rando-as com os assuntos estudados na parte
(DELIBERADOR, 2010).
• Vivência: cozinha, despensa, refeitório,
de pesquisa deste trabalho, assim como seu
cantina, sanitário de alunos, grêmio, depó-
produto - um projeto de arquitetura escolar.
A Fundação disponibiliza para os escritórios
sito de educação física, quadra coberta e
Para tanto, é necessário conhecer e caracteri-
contratados o programa arquitetônico, o le-
recreio coberto;
zar o processo de projeto dos arquitetos que
vantamento topográfico, os catálogos técnicos
• Serviços: depósito de material de limpeza
colaboram com a Fundação para o Desenvolvi-
(componentes construtivos e modulação exigi-
e sanitário de funcionários.
mento Escolar (FDE) nos projetos de edifícios
da) e lista de normas que deverão ser consul-
escolares do Estado de São Paulo.
tadas, cabendo à sua equipe interna garantir o
A rigidez deste programa dificulta o atendi-
atendimento ao modelo pedagógico, às normas
mento às necessidades específicas de cada co-
A partir de 1987, a FDE assumiu o gerenciamen-
técnicas e à legislação vigente, assim como ava-
munidade, o que faz com que muitas escolas
to dos projetos escolares do Estado de São Pau-
liar o atendimento às necessidades de alunos
já apresentem deficiências espaciais desde que
lo, anteriormente delegado à CONESP (Compa-
e usuários da escola projetada. O programa de
são inauguradas, resultando em adaptações
nhia de Construções Escolares de São Paulo).
necessidades é fixo e estabelecido em função
dos espaços escolares que acabam por originar
O órgão hoje é responsável por distribuir, co-
do modelo pedagógico definido pela Secretaria
problemas funcionais e de conforto ambiental.
ordenar e avaliar os projetos desenvolvidos
do Estado da Educação (SEE), não sendo discuti-
Por outro lado, a modulação e padronização
por escritórios terceirizados contratados, que
do pelos arquitetos da FDE, nem dos escritórios
dos componentes construtivos permitiram à
devem seguir suas orientações, definições, pro-
terceirizados. Conceitualmente, ele é o mesmo
FDE imprimir maior eficiência ao seu processo,
cedimentos e etapas de projeto. Ao longo de
para todas as escolas, variando apenas o nú-
agilizando a fase de orçamento e de execução
sua história, as grandes demandas por escolas
mero de salas e o dimensionamento das áreas
da obra (DELIBERADOR, 2010).
no Estado levaram à prevalência da quantidade
comuns em função do número de alunos pre-
de vagas criadas sobre a qualidade dos edifícios
vistos, sendo composto por quatro conjuntos
Constata-se, portanto, que as escolas públicas
escolares. Apesar disso, “a própria existência
funcionais:
do Estado de São Paulo são projetadas seguin-
da FDE como órgão centralizador da produção
• Administrativo: diretoria, secretaria, al-
do um rígido processo de projeto que, por sua
de arquitetura escolar do Estado pode ser vista
moxarifado, coordenação pedagógica, pro-
vez, foi moldado segundo o sistema de ensino
como um esforço para melhoria da qualidade da
fessores e sanitários administrativos;
vigente no nosso país, que continua seguindo o
educação, incluindo o ambiente físico de ensi-
• Pedagógico: salas de aula, salas de refor-
método de ensino tradicional.
CONCLUSÃO
[1]
Este trabalho se constitui numa pesquisa sobre
O projeto desenvolvido neste trabalho procu-
na cidade do Rio de Janeiro, que mostra a pre-
a evolução dos métodos pedagógicos, buscan-
rou aplicar o conhecimento adquirido nestes es-
ocupação do autor do projeto, Afonso Eduardo
do-se compreender as propostas mais atuais
tudos, além de buscar responder às demandas
Reidy, em compor moradia e espaço externo,
e adequadas à sociedade do conhecimento,
e especificidades do local escolhido para a im-
promovendo a instalação de serviços comple-
com sua exemplificação através de um Estudo
plantação do projeto, como a demanda por ha-
mentares às famílias na mesma área dos edifí-
Preliminar de projeto de arquitetura escolar,
bitação social no centro da cidade de São José
cios residenciais.
que vão permitir a análise comparativa com as
dos Campos e a relação com a área de paisagem
escolas públicas projetadas hoje no Brasil, mais
natural denominada Banhado. Assim, o produto
Finalmente, a investigação sobre o processo de
especificamente no Estado de São Paulo.
final extrapolou a esfera educacional, unindo
projeto na realidade das escolas públicas em
usos de cultura, educação e lazer públicos a um
São Paulo demonstrou que este adota um pro-
programa residencial.
grama de necessidades rígido, aplica técnicas
O estudo da literatura sobre pedagogia e psicologia educacional demonstrou que a infraestru-
[2]
67
construtivas fechadas e cria desafios em função
tura tradicional das escolas, com a divisão dos
Esta opção levou em consideração o sucesso
da implantação em terrenos com problemas
alunos por séries nas salas de aula compostas
de instituições como o CEU (Centros Educacio-
como dimensões insuficientes, formato irre-
por carteiras individuais dispostas em fileiras e
nais Unificados, originalmente denominados
gular e topografias complexas. Este processo
voltadas para a lousa e o professor, já não aten-
Conjunto de Equipamentos Urbanos e Centros
de projeto, por sua vez, foi moldado segundo
de as necessidades e ansiedades das crianças,
de Estruturação Urbana) no restabelecimento
o sistema educacional vigente no Brasil, que
jovens e sociedade de hoje. Foi observado que,
do convívio dos habitantes de comunidades
ainda se encontra nos moldes tradicionais de
mesmo antes do surgimento da sociedade do
em áreas marginalizadas e carentes da cidade
ensino. Assim, pode-se concluir que, para um
conhecimento, já se falava em necessidade de
de São Paulo, determinando assim focos de
real avanço na melhoria da qualidade da educa-
mudanças no esquema tradicional de ensino,
cultura no tecido urbano da metrópole [Figura
ção no nosso país, serão necessárias mudanças
hoje considerado completamente obsoleto
1]. Estes centros são verdadeiras praças de equi-
substancias em diversas instâncias, abrangendo
unanimemente por pedagogos e estudiosos da
pamentos públicos culturais e sociais, “pontos
o sistema de educação nacional, a formação dos
área. A análise das referências de arquitetura
de cultura acessíveis a todas as camadas sociais,
profissionais da educação, indo muito além da
escolar permitiu ilustrar, espacialmente, o quão
locais de encontro para a troca, o convívio, a
esfera da arquitetura escolar.
diversas são estas novas propostas em relação
discussão e a disseminação de conhecimento”
ao tradicionalmente encontrado em quase to-
(BELLATINI, 2013). Outra referência projetual
das as escolas brasileiras atualmente.
relevante é o Conjunto Pedregulho [Figura 2],
68
BIBLIOGRAFIA ARCHDAILY. 118 Subsidized Dwellings, Offices, Retail Spaces
2011. Disponível em: <http://www.histedbr.fae.unicamp.br/re-
em:
and Garage / Amann Canovas Maruri. Portal Archdaily, 09 abr.
vista/edicoes/43/art04_43.pdf>. Acesso em: 05/11/2013.
dos4_fev.pdf>. Acesso em: 16/06/2014.
<https://www.sjc.sp.gov.br/media/293116/saojoseemda-
subsidized-dwellings-offices-retail-spaces-and-garage-amann-
BOSCH, Rosan. Vittra School Telefonplan. Copenhagen, Dina-
DELIBERADOR, Marcella Savioli. O processo de projeto da
canovas-maruri/>. Acesso em: 29/05/2014.
marca, 2011. Disponível em: <http://www.rosanbosch.com/en/
arquitetura escolar no Estado de São Paulo: caracterização e
project/vittra-school-telefonplan>. Acesso em: 29/05/2014.
oportuidades. Campinas, SP, 2010. 255p. Dissertação (Mestra-
2014a. Disponível em: <http://www.archdaily.com/494747/118-
ARCHDAILY. Nine Bridges “The Forum” / D·Lim Architects. Por-
do em Engenharia Civil) – Universidade Estadual de Campinas.
tal Archdaily, 20 mar. 2014b. Disponível em: <http://www.arch-
CAMPOS FILHO, Candido Malta. Reinvente seu bairro: cami-
Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/do-
daily.com/488276/nine-bridges-the-forum-d-lim-architects/>.
nhos para você participar do planejamento de sua cidade. São
cument/?code=000776591>. Acesso em: 16/06/2014.
Acesso em: 29/05/2014.
Paulo: Editora 34, 2003. 224 p.
BELLATINI, Camila. SESC e CEU: duas histórias brasileiras
CARVALHO, Isabella Chaves. Linha Histórica da arquitetura es-
ção. Disponível em: <http://amorimlima.org.br/>. Acesso em:
de sucesso rumo a uma sociedade democrática e igualitá-
colar do Brasil. In: Projeto Arquitetônico Escolar: uma propos-
10/09/2013.
ria. Bauwelt, Alemanha, n. 48, p. 41-43, 2013. Disponível em:
ta voltada à Educação Ambiental. Pará, 2009. 227p. Trabalho
<http://www.equipamentospublicos.fau.usp.br/drupal/inicio/
Final de Graduação (TFG) – Faculdade de Arquitetura e Urba-
FDE. Sobre a FDE. Website da fundação, 2013. Disponível em:
bauwelt_dez2013.pdf>. Versão em português disponível em:
nismo da Universidade Federal do Pará (FAU-UFPa). Disponível
<http://www.fde.sp.gov.br/pagespublic/InternaQuemSomos.
<http://www.equipamentospublicos.fau.usp.br/drupal/inicio/
em:
aspx?contextmenu=quemso>. Acesso em: 11/11/2013.
bauwelt_dez2013_traduzida.pdf>. Acesso em: 15/06/2014.
-educacao/linha-historica-da-arquitetura-escolar-do-brasil/>.
EMEF Desembargador Amorim Lima. Website da institui-
<http://germinai.wordpress.com/textos-classicos-sobre
Acesso em: 10/09/2013. BERNAL, Patricia. Amorim Lima: uma escola pública diferente.
FERRARI, Márcio. Friedrich Froebel: O criador dos jardins-de-infância defendia um ensino sem obrigações porque o aprendi-
Revista Bons Fluidos, Bem estar, São Paulo: Editora Abril, 2 jul.
COURA, Aline Sarmento. Princípios fundamentais da educação
zado depende dos interesses de cada um e se faz por meio da
2012. Disponível em: <http://casa.abril.com.br/materia/ amorim
em Rousseau. In: COLÓQUIO ROUSSEAU: ORIGENS, II, 2005,
prática. Educar para Crescer, São Paulo: Editora Abril, 01 jul.
-lima-uma-escola-publica-diferente>. Acesso em: 10/09/2013.
Campinas. Anais eletrônicos... Campinas: Instituto de Filosofia
2011. Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/
e Ciências Humanas, UNICAMP, 2005. Disponível em: <http://
aprendizagem/friedrich-froebel-307910.shtml>. Acesso em:
BOENO, Rosangela M. Constituição histórica da concepção de
www.unicamp.br/~jmarques/gip/AnaisColoquio2005/cd-pag-
15/11/2013.
infância e relação entre formação de professores e as diretrizes
texto-03.htm>. Acesso em: 05/11/2013.
para o trabalho com o 1º ano do ensino fundamental de nove anos. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n. 43, p.42-65, set.
GADOTTI, Moacir. História das Ideias Pedagógicas. São Paulo: DADOS, São José em. São José dos Campos, 2012. Disponível
Editora Ática, 2003. 325 p.
GALERY, Augusto Dutra. O Caso da EMEF Amorim Lima. Di-
LENGEL, James G. Education 3.0 Companion Web Site. 2012b.
versa, Acervo de casos, São Paulo, 23 set. 2011. Disponível em:
Disponível em: <http://ed3dot0 .net/>. Acesso em: 22/10/2013.
<http://diversa.org.br/acervo-de-casos/acervo-de-casos.php ?id=110>. Acesso em: 10/09/2013.
de Santa Catarina (UDESC). MIONI, Carolina Gonçalves. Habitação Social São José dos
LENGEL, James G. Educação 3.0: Educação não evoluiu para
Campos. Trabalho Final de Graduação, Faculdade de Arquitetu-
acompanhar as necessidades do mundo ao seu redor. Estadão,
ra e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), 2007.
GAMA, M. C. S. S. A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas im-
São Paulo, 07 nov. 2012c. Disponível em: <http://www.estadao.
plicações para Educação. Revista Psicopedagogia On Line, 01
com.br/noticias/vidae,artigo-educacao-30,956582,0.htm>.
MUELLER, Cecília M. Espaços de ensino-aprendizagem com
jan. 2000. Disponível em: <http://www.homemdemello.com.
Acesso em: 22/10/2013.
qualidade ambiental: o processo metodológico para elabora-
br/psicologia/intelmult.html>. Acesso em: 17/11/2013.
ção de um anteprojeto. São Paulo, 2007. 258 p. Dissertação MACHADO, Tatiana Gentil. Ambiente escolar infantil. São Pau-
(Mestrado - Área de Concentração: Tecnologia da Arquitetura)
GUERRA, Teresa M. A. P. Caracterização da Fundação Casa
lo, 2008. 221p. Dissertação (Mestrado - Área de Concentração:
– Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de
Índigo: Novas Investigações Pedagógicas. Portugal, Porto,
Projeto, Espaço e Cultura) – Faculdade de Arquitetura e Urba-
São Paulo (FAU-USP).
2012. 328 p. Tese (Doutorado em Ciências Sociais e Humanas)
nismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP).
– Universidade Fernando Pessoa. Disponível em: <http://bdigi-
NASCIMENTO, Mario Fernando Petrilli do. Arquitetura para a
tal.ufp.pt/bitstream/10284/3350/1/TD_26917.pdf>. Acesso em:
MARANGON, Cristiane. A educação nos tribunais. Revista
educação: a contribuição do espaço para a formação do es-
20/07/2013.
Educação, São Paulo: UOL, Ago. 2011. Disponível em: <http://
tudante. São Paulo, 2012. 154 p. Dissertação (Mestrado - Área
revistaeducacao.uol.com.br/textos/152/artigo234687-1.asp>.
de Concentração: História e Fundamentos da Arquitetura e do
Acesso em: 21/10/2013.
Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Uni-
HERTZBERGER, Herman. Space and Learning: Lessons in Architecture 3. Rotterdam: 010 Publishers, 2008. 255 p.
versidade de São Paulo (FAU-USP). MARANGON, Cristiane. José Pacheco e a Escola da Ponte: O
HERTZBERGER, Herman. Space and Learning. In: CONFERÊN-
educador português conta como é a Escola da Ponte, em que
POLATO, Amanda. Angel Pérez Gómez: Novas tecnologias
CIA INTERNACIONAL SOBRE “ESCOLA E ARQUITETURA SUS-
não há turmas, e diz que quem quer inovar deve ter mais in-
com velhas pedagogias não servem para nada. Revista Época,
TENTÁVEL”, 1 e 2 out. 2009, Liubliana, Eslovênia. Anais eletrô-
terrogações que certezas. Revista Nova Escola, São Paulo:
Educação, São Paulo: Editora Globo, Mai. 2013. Disponível em:
nicos... Eslovênia: Ministério da Educação e do Desporto, 2009.
Editora Abril, Abr. 2004. Disponível em: <http://revistaescola.
<http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/noticia/2013/05/an-
Disponível em: <http://www.mizs.gov.si/fileadmin/mizs.gov.si/
abril.com.br/formacao/formacao-inicial/jose-pacheco-escola
gel-perez-gomez-novas-tecnologias-com-velhas-pedagogias-
pageuploads/ANG/OECD_Conference/Hertzberger.pdf>. Aces-
-ponte-479055.shtml>. Acesso em: 10/09/2013.
nao-servem-para-nada.html>. Acesso em: 10/09/2013.
so em: 26/05/2014. MEISTER, Izabel P. Resenha da obra “Homo zappiens: educan-
PONTE, Escola da. Website da instituição. Disponível em:
INOVA EDUCA 3.0. Website do evento. 2013. Disponível em:
do na era digital” de Win Veen e Bem Vrakking. Revista Digi-
<http://www.escoladaponte.pt/>. Acesso em: 10/09/2013.
<http://www.inovaeduca.com .br/>. Acesso em: 23/11/2013.
tal de Tecnologias Cognitivas, São Paulo: PUC-SP, nº 3, 3 Jan. 2010. Disponível em: <http://www.pucsp.br/pos/tidd/teccogs/
PORVIR, Da Redação. Educação 3.0: sala de aula X ambiente
KOWALTOWSKI, Doris C. C. K. Arquitetura escolar: o projeto
resenhas/pdf/teccogs_n3_2010_07_resenha_MEISTER.pdf>.
de trabalho. Porvir, 29 Out. 2012. Disponível em: <http://porvir.
do ambiente de ensino. São Paulo: Oficina de Textos, 2011.
Acesso em: 24/11/2013.
org/porpensar/educacao-3-0-sala-de-aula-ambiente-de-traba
LENGEL, James G. Education 3.0: Seven Steps to Better Scho-
MELATTI, Sheila Pérsia do P. Cardoso. A arquitetura escolar e
ols. New York: Teachers College Press, 2012a. 240 p.
a prática pedagógica. Florianópolis, 2004. 112 p. Dissertação
PROJETOS substituem séries e disciplinas em escolas brasilei-
(Mestrado em Educação e Cultura) – Universidade do Estado
ras. Portal Terra, Educação, São Paulo, 1 mar 2013. Disponível
lho/20121029>. Acesso em: 23/11/2013.
69
70 em:
<http://noticias.terra.com.br/educacao/projetos-subs-
ensino. Portal Terra, Educação, São Paulo, 12 ago. 2013. Dis-
[6] Sala de aula escolanovista: The Francis W. Parker School,
tituem-series-e-disciplinas-em-escolas-brasileiras,470bae-
ponível em: <http://noticias.terra.com.br/educacao/,13443a
which opened in Chicago, Ill., in 1901, was one of the earliest
7c7752d310VgnVCM5000009cc ceb0aRCRD.html>. Acesso em:
7a19270410VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html>. Acesso em:
progressive schools in the United States. Using the activity
10/09/2013.
10/09/2013.
method proposed by John Dewey, its students learned by
ROGERIO, Cristiane. Uma escola diferente: A escola pública
VEEN, Wim; VRAKKING, Ben. Homo Zappiens: educando na era
art-121751/The-Francis-W-Parker-School-which-opened-in-Chi-
de São Paulo que se inspirou no projeto da portuguesa Escola
digital. Porto Alegre: Artmed, 2009. 141 p.
cago-Ill>. Acesso em: 25/11/2013.
doing. Disponível em: <http://kids.britannica.com/comptons/
da Ponte conta como as mudanças afetaram o seu dia-a-dia. Revista Crescer, Educação, São Paulo: Editora Globo, Edição 143. Out. 2005. Disponível em: <http://revistacrescer.globo. com/Crescer/0,19125,EFC1047381-2216,00.html>. Acesso em: 10/09/2013.
[7] Sala de aula Montessori: Montessori School of Pullman. Disponível em: <http://www.pullmanmontessori.org/>. Acesso
FONTE DAS IMAGENS
em: 25/11/2013.
PARTE I - A IDEIA [8] Sala de aula Montessori: Rainbow Montessori School. Dis-
SCHIMIDT, Rafael Patrick. Um processo de projetar em arquitetura aplicado a uma escola. São Paulo, 2009. 132 p. Dissertação (Mestrado - Área de Concentração: Projeto de Arquitetura) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de
[1] The Animal School. Disponível em: <http://1.bp.blogspot. com/-47CFAaHHoQM/Ucko5vrj4bI/AAAAAAAAEno/IT1HAleimSo/s1600/b5tgs.jpg>. Acesso em 25/11/2013.
ponível em: <http://www.rainbowmontessoriaz.com/home/ contactus/>. Acesso em: 25/11/2013. [9] Material Dourado: material didático Montessori. Disponível
São Paulo (FAU-USP).
PARTE II - AS REFERÊNCIAS
em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Material_Dourado>. Acesso
SENE, José Eustáquio de. A sociedade do conhecimento e as
[1] Hellerup Skole. Disponível em: <http://dekavili.blogspot.
em: 25/11/2013. reformas educacionais. In: X COLOQUIO INTERNACIONAL DE GEOCRÍTICA, 2008. Disponível em: <http://www.ub.edu/geocrit/-xcol/91.htm>. Acesso em: 20/11/2013. SENNA, Instituto Ayrton. Educação 3.0 traz desafios para escolas promoverem revolução digital demandada pela geração Y. Portal de Educação e Tecnologia, 14 Set. 2012. Disponível em: <http://www.educacaoetecnologia.org.br/?p=5926>.
Acesso
em: 23/11/2013. SOUSA, Rainer G. Sociologia da Juventude. Portal Terra, Mundo Educação, 2008. Disponível em: <http://www.mundoeducacao.com/sociologia/sociologia-juventude.htm#comentari os>. Acesso em: 24/11/2013. SP: sem provas, escola comemora projeto que revolucionou
com.br/2011/03/og-sa-er-der-udskolingen.html>. Acesso em 16/06/2014.
i01.i.aliimg.com/wsphoto/v0/1124305451/Free-shipping-font-bmontessori-b-font-solid-wood-font-b-material-b-font-font-b.
[2] Montessori College Oost. Disponível em: <http://blog.nayima.be/wp-content/uploads/montessori-school.png>.
[10] Material didático Montessori. Disponível em: <http://
Acesso
jpg>. Acesso em: 25/11/2013.
em 16/06/2014.
[11] Sala de aula Montessori. Disponível em: <http://www.
[3] Pestalozzi e os órfãos em Stans (1879). Disponível em:
ri_school_to_throw_barnyard_birthday_bash>. Acesso em:
<http://www.pestalozzicampinas.org.br/images/pestalozzi_ Konrad_Grob_(1828%20-%201904).jpg>. Acesso em: 25/11/2013. [4] Froebel Gifts: blocos de construção. Disponível em: <http://
noozhawk.com/article/122710_santa_barbara_montesso25/11/2013. [12] Escola montessoriana: White Pine Montessori School. Disponível em: <http://en.wikipedia .org/wiki/File:White_Pine_
www.froebelweb.org/brio.jpg>. Acesso em: 25/11/2013.
Montessori_School.jpg>. Acesso em: 25/11/2013.
[5] Froebel Gifts. Disponível em: <http://illustrationnwsad.files.
[13] Sala de aula Montessori: Peaceful Pathways Montessori
wordpress.com/2009/03/froebel .jpg>. Acesso em: 25/11/2013.
Academy. Disponível em: <http://www.peacefulpathways-
montessori.com/description.htm>. Acesso em: 25/11/2013.
leder.dk/images/422i9.jpg>. Acesso em 25/11/2013.
Montessori_College_in_Amsterdam_04.jpg>.
Acesso
em
16/06/2014. [14] Escola Waldorf: Marecollege, Leiden - Holanda. Disponível
[45] Hellerup Skole. Disponível em: <http://make3d.stanford.
em:
edu/wrl/wrl/29427/interiorstairs3hires_.jpg>.
<http://www.archdaily.com/392465/marecollege-24h-ar-
Acesso
em
[69] Montessori College Oost. Disponível em: <http://detail
chitecture/>. Acesso em: 25/11/2013.
16/06/2014.
-online.com/inspiration/sites/inspiration_detail_de/uploads/
[15] Escola Waldorf: School of Thougt, Freiburg - Alemanha.
[46-47] Hellerup Skole - plantas. Disponível em: <http://
ten-Montessori_College_in_Amsterdam_03.jpg>. Acesso em
Disponível
www.arkitekturbilleder.dk/images/422i13.jpg>.
16/06/2014.
imagesResized/projects/780_932-10034-downloadansichem:
<http://legacy.interiordesign.net/article/
485916-School_of_Thought.php>. Acesso em: 25/11/2013.
16/06/2014.
[16-19] Sala de aula e atividades de escola Waldorf. Disponível
[48-62] Vittra School Telefonplan (BOSCH, 2011).
Acesso
em
[70] Montessori College Oost. Disponível em: <http://www. em:
msa.nl/portals/0/MCO/webimages/contentImages/stairwell_
<http://simplehomeschool.net/a-day-in-the-life-of-a-wal-
dorf-kindergarten/>. Acesso em: 25/11/2013.
hetGebouw.jpg>. Acesso em 16/06/2014. [63] Montessori College Oost. Disponível em: <http://marinalipiani.files.wordpress.com/2011/11/montessori_college_oost_
[71-75] 118 Subsidized Dwellings, Offices, Retail Spaces
[20] Pirâmide Informacional (SENE, 2008).
amsterdam_the_netherlands_2.jpg>. Acesso em 16/06/2014.
and Garage (ARCHDAILY, 2014a).
[21-28] Educação 3.0 (LENGEL, 2012a).
[64] Montessori College Oost - corte. Disponível em: <http://as-
[76-80] Nine Bridges “The Forum” (ARCHDAILY, 2014b).
13913soniagarcia.files.wordpress.com/2011/05/montesori-col[29-38] Learning Spaces (HERTZBERGER, 2008).
lege-oost_amsterdamnederland.jpg>. Acesso em 16/06/2014.
[39] Hellerup Skole. Disponível em: <http://laeringudengraen-
[65] Montessori College Oost - plantae corte esquemático. Dis-
ser.dk/files/2012/10/Hellerup.jpg>. Acesso em 16/06/2014.
ponível em: <http://2.bp.blogspot.com/-FzWA62Wi4zY/T2G5f-
[81] EMEF Desembargador Amorim Lima. Disponível em: <http://romanticos-conspiradores.ning.com/profiles/blogs/
[40] Hellerup Skole. Disponível em: <http://www.arkitekturbil-
todos-juntos-e-misturados-na-escola>. Acesso em: 25/11/2013.
Fe2ptI/AAAAAAAAFrQ/G0RJNpvSlpg/s1600/herman+hertzber-
[82] EMEF Desembargador Amorim Lima. Disponível em:
ger_montessori+college+oost+2.jpg>. Acesso em 16/06/2014.
<http://romanticos-conspiradores.ning.com/profiles/blogs/visi-
leder.dk/images/422i9.jpg>. Acesso em 16/06/2014.
tando-o-amorim>. Acesso em: 25/11/2013. [66] Montessori College Oost. Disponível em: <http://marina-
[41] Hellerup Skole. Disponível em: <http://skub.dk/images/
lipiani.files.wordpress.com/2011/11/montessori_college_oost_
[83]
base.jpg>. Acesso em 16/06/2014.
amsterdam_the_netherlands_10.jpg>. Acesso em 16/06/2014.
em:
[42] Hellerup Skole. Disponível em: <http://a1.mndcdn.com/
[67] Montessori College Oost. Disponível em: <http://www.
image/upload/t_next_gen_article_large_480/o1ds4rxjihc2lo-
clipl2r.nl/wp-content/uploads/2010/05/01.jpg>.
a3k5dc.jpg>. Acesso em 16/06/2014.
16/06/2014.
[43] Hellerup Skole. Disponível em: <http://arkitema.dk/typo-
[68] Montessori College Oost. Disponível em: <http://detail
3temp/GB/dc7389cd98.jpg>. Acesso em 16/06/2014.
-online.com/inspiration/sites/inspiration_detail_de/uploads/
[44] Hellerup Skole. Disponível em: <http://www.arkitekturbil-
imagesResized/projects/780_932-10035-downloadansichten-
EMEF
Desembargador
Amorim
Lima.
Disponível
<http://revistacrescer.globo.com/Crescer/0,19125,E-
FC1047381-2216,00.html>. Acesso em: 25/11/2013. Acesso
em
[84] EMEF Desembargador Amorim Lima. Disponível em: <http://www.escolasqueinovam.org.br/2013/05/23/diferenciais -identificados-nas-escolas-que-podem-potencializar-praticas-i-
71
novadoras/>. Acesso em: 25/11/2013. [85] EMEF Desembargador Amorim Lima. Disponível em:
72 <http://www.escolasqueinovam.org.br/>.
Acesso
em:
25/11/2013.
[1] Concha espiral. Disponível em: <http://www.tudosobreplantas.com.br/blog/wp-content/uploads/2011/08/fibonaccinature-nautilus31.jpg>. Acesso em 16/06/2014.
PARTE III - O LUGAR PARTE V - A ANÁLISE [1] São José dos Campos. Disponível em: <http://www.sjc.sp. gov.br/ >. Acesso em 16/06/2014.
[1] Centro Educacional Unificado (CEU). Disponível em: <http:// www.construbase.com.br/areas-de-atuacao/construcoes/cen-
[2, 3 e 5] Adaptado de “São José em Dados” (DADOS, 2012).
tro-educacional.php>. Acesso em: 16/06/2014.
[4-6] Imagens geradas pela autora a partir das bases da Prefei-
[2] Conjunto Pedregulho. Disponível em: <http://www.expo-
tura em CAD e Plano Diretor de São José dos Campos.
sicoesvirtuais.arquivonacional.gov.br/media/78/foto_41.jpg>. Acesso em: 16/06/2014.
[7] São José dos Campos - Banhado. Disponível em: <http:// www.sjc.sp.gov.br/secretarias/administracao/noticia.aspx?noticia_id=12785>. Acesso em 16/06/2014. [8] Imagem gerada pela autora sobre foto aérea do Google Maps (http://maps.google.com). [9-10] Parque da Cidade de São José dos Campos. Disponível em:
<http://www.sjc.sp.gov.br/secretarias/planejamento_ur-
bano/parque_da_cidade.aspx>. Acesso em 16/06/2014. [11-12] Fotos do arquivo pessoal da autora. [13-14] Imagens geradas pela autora sobre foto aérea do Google Maps (http://maps.google.com). [15-16] Habitação Social São José dos Campos (MIONI, 2007). PARTE IV - O PROJETO [1] Degraus - Apollo Montessori School, Amsterdam, Holanda, Herman Hertzberger. Disponível em: <http://khstudio. org/#25747409027>. Acesso em 16/06/2014.