Centro República PARA JOVENS EM SITUAÇÃO DE PÓS ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL AMANDA XIMENEZ
AMANDA XIMENEZ
CENTRO REPÚBLICA PARA JOVENS EM SITUAÇÃO DE PÓS ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL
Trabalho Final de Curso como requisito de obtenção do título de Arquiteta e Urbanista pela Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP.
Ribeirão Preto 2021
AMANDA XIMENEZ
CENTRO REPÚBLICA PARA JOVENS EM SITUAÇÃO DE PÓS ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL
Data da Apresentação: _ de dezembro de 2021 Resultado:
Trabalho Final de Curso como requisito de obtenção do título de Arquiteta e Urbanista pela Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP.
BANCA EXAMINADORA
Avaliador Externo
Orientadora: Profª. Drª. Érica Cristina Cunha Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP
Coorientadora: Profª. Drª. Ruth Cristina Montanheiro Paolino Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP
AGRADECIMENTOS Antes de tudo fé, depois de tudo gratidão.
Sou imensamente grata aos meus pais por serem meu suporte e me apoiarem em todas as etapas da minha vida, sempre acreditando em mim e ajudando o máximo que podem. Obrigada por me abençoarem com a vida e zelarem por cada um dos meus passos. Vocês fazem cada esforço valer a pena e são os principais responsáveis pela educação que tenho hoje. Agradeço eternamente ao Enzo, meu grande parceiro nessa e em futuras jornadas da vida, por estar comigo em todos os momentos e não poupar esforços para me ajudar. Ele acompanhou de perto esses 5 anos e foi o maior presente que a faculdade poderia ter me dado. Gratidão à todos os docentes que tiveram participação na minha formação e compartilharam todo seu conhecimento. Especialmente à minha orientadora Érica que foi uma surpresa positiva ao longo deste trabalho e contribuiu muito com todos os conselhos e ensinamentos, e também à minha coorientadora Ruth por não hesitar em compartilhar toda sua sabedoria e experiência. À todos aqueles que contribuíram, mesmo que indiretamente, ao longo destes 5 anos de graduação e ao meu crescimento como pessoa. Pude aprender um pouco com cada colega e dividir essa experiência, tenho orgulho da trajetória de cada um.
Figura 1: Liberdade. Fonte: Unsplash, adaptado pela Autora, 2021.
RESUMO Este trabalho aborda a função da arquitetura no acolhimento de jovens de 18 a 21 anos, tratando questões como a ambiência do espaço e priorizando a individualidade de cada jovem. Será priorizado o público que atinge a maioridade mas ainda se encontra em situação de acolhimento institucional. Tem como principal objetivo apontar a importância da arquitetura na elaboração de um centro república de acolhimento. Dessa forma, o Trabalho Final de Curso visa fortalecer um suporte psicológico e profissional, auxiliando na entrada à vida adulta.
Palavras Chaves: Centro República; Função da arquitetura; Individualidade. Figura 2: Suporte. Fonte: Unsplash.
ABSTRACT This work addressing the function of architecture in welcoming young people from 18 to 21 years old, dealing with issues such as the ambience of the space and prioritizing the individuality of each young person. Priority will be given to the public that reaches the age of majority but is still in a situation of institutional reception. Its main objective is to point out the importance of architecture in the development of a republic hosting center. Thus, the Final Graduation Work aims to strengthen psychological and professional support, helping to enter adult life.
Key Words: Republic Center; Function of architecture; Individuality.
LISTA DE FIGURAS Figura 1: Liberdade. Fonte: Unsplash, adaptado pela Autora, 2021. Disponível em: <https://unsplash.com/photos/8uB5kFKWWkk>. Acessado em 08 de setembro de 2021.
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Figura 2: Suporte. Fonte: Unsplash. Disponível em: <https://unsplash.com/photos/iJ2IG8ckCpA>. Acessado em 23 de abril de 2021.
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Figura 3: Jovem. Fonte: Unsplash. Disponível em: <https://unsplash.com/photos/6x2iKGi6SPU>. Acessado em 23 de abril de 2021.
23
Figura 4: Pessoa atrás das grades. Fonte: Unsplash. Disponível em: <https://unsplash.com/photos/sybO0dQ8hTw>. Acessado em 23 de abril de 2021.
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Figura 5: Jovens reivindicando direitos. Fonte: Unsplash. Disponível em: <https://unsplash.com/photos/cD1ROcn6OP8>. Acessado em 24 de abril de 2021.
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Figura 6: Jovens unidos pensando. Fonte: Unsplash. Disponível em: <https://unsplash.com/photos/lhAy4wmkjSk>. Acessado em 25 de abril de 2021.
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Figura 7: Arquitetura Escolar. Fonte: Hiper Studio. Disponível em: <https://hiperstudio.com.br/escola-classe-crixa>. Acessado em 26 de abril de 2021.
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Figura 8: Arquitetura Escolar. Fonte: Hiper Studio. Disponível em: <https://hiperstudio.com.br/escola-classe-crixa>. Acessado em 28 de abril de 2021.
38
Figura 9: Capa das referências. Fonte: Archdaily. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br>. Acessado em 18 de março de 2021.
41
Figura 10: Fachada da Escola Classe. Fonte: Hiper Studio. Disponível em: <https://hiperstudio.com.br/escola-classe-crixa>. Acessado em 18 de março de 2021.
43
Figura 11: Implantação. Fonte: Autora, 2021.
44
Figura 12: Perspectiva. Fonte: Hiper Studio, adaptado pela Autora, 2021. Disponível em: <https://hiperstudio.com.br/escola-classe-crixa>. Acessado em 18 de março de 2021.
45
Figura 13: Planta Térreo. Fonte: Hiper Studio, adaptado pela Autora, 2021. Disponível em: <https://hiperstudio.com.br/escola-classe-crixa>. Acessado em 18 de março de 2021.
45
Figura 14: Perspectiva. Fonte: Hiper Studio. Disponível em: <https://hiperstudio.com.br/escola-classe-crixa>. Acessado em 18 de março de 2021..
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Figura 15: Perspectiva. Fonte: Hiper Studio, adaptado pela Autora, 2021. Disponível em: <https://hiperstudio.com.br/escola-classe-crixa>. Acessado em 18 de março de 2021.
46
Figura 16: Perspectiva. Fonte: Hiper Studio, adaptado pela Autora, 2021. Disponível em: <https://hiperstudio.com.br/escola-classe-crixa>. Acessado em 18 de março de 2021.
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Figura 17: Corte. Fonte: Hiper Studio. Disponível em: <https://hiperstudio.com.br/escola-classe-crixa>. Acessado em 18 de março de 2021.
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Figura 18: Perspectiva. Fonte: Hiper Studio, adaptado pela Autora, 2021. Disponível em: <https://hiperstudio.com.br/escola-classe-crixa>. Acessado em 18 de março de 2021.
47
Figura 19: Perspectiva. Fonte: Hiper Studio. Disponível em: <https://hiperstudio.com.br/escola-classe-crixa>. Acessado em 18 de março de 2021..
48
Figura 20: Fachada do Centro. Fonte: Archdaily. Disponível em: <https://www.archdaily.com/115040/the-bridge-homeless-assistance-centeroverland-partners>. Acessado em 22 de março de 2021.
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Figura 21: Implantação. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021.
50
Figura 22: Planta térreo. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021. Disponível em: <https://www.archdaily.com/115040/the-bridgehomeless-assistance-center-overland-partners>. Acessado em 22 de março de 2021.
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Figura 23: Planta Primeiro Pavimento. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021. Disponível em: <https://www.archdaily.com/115040/thebridge-homeless-assistance-center-overland-partners>. Acessado em 22 de março de 2021.
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Figura 24: Planta Segundo Pavimento. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021. Disponível em: <https://www.archdaily.com/115040/thebridge-homeless-assistance-center-overland-partners>. Acessado em 22 de março de 2021.
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Figura 25: Perspectiva. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021. Disponível em: <https://www.archdaily.com/115040/the-bridge-homelessassistance-center-overland-partners>. Acessado em 22 de março de 2021.
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Figura 26: Perspectiva. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021. Disponível em: <https://www.archdaily.com/115040/the-bridge-homelessassistance-center-overland-partners>. Acessado em 22 de março de 2021.
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Figura 27: Perspectiva. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021. Disponível em: <https://www.archdaily.com/115040/the-bridge-homelessassistance-center-overland-partners>. Acessado em 22 de março de 2021.
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Figura 28: Perspectiva. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021. Disponível em: <https://www.archdaily.com/115040/the-bridge-homelessassistance-center-overland-partners>. Acessado em 22 de março de 2021.
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Figura 29: Perspectiva. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021. Disponível em: <https://www.archdaily.com/115040/the-bridge-homelessassistance-center-overland-partners>. Acessado em 22 de março de 2021.
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Figura 30: Fachada do Centro. Fonte: Archdaily. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-174987/centro-internacional-dajuventude-em-oberschleissheim-slash-atelier-30>. Acessado em 28 de março de 2021.
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Figura 31: Implantação. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-174987/centrointernacional-da-juventude-em-oberschleissheim-slash-atelier-30>. Acessado em 28 de março de 2021.
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Figura 32: Planta Térreo. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-174987/centrointernacional-da-juventude-em-oberschleissheim-slash-atelier-30>. Acessado em 28 de março de 2021.
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Figura 33: Perspectiva. Fonte: Archdaily. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-174987/centro-internacional-da-juventude-emoberschleissheim-slash-atelier-30>. Acessado em 28 de março de 2021.
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Figura 34: Perspectiva. Fonte: Archdaily. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-174987/centro-internacional-da-juventude-emoberschleissheim-slash-atelier-30>. Acessado em 28 de março de 2021.
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Figura 35: Perspectiva. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-174987/centrointernacional-da-juventude-em-oberschleissheim-slash-atelier-30>. Acessado em 28 de março de 2021.
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Figura 36: Perspectiva. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-174987/centrointernacional-da-juventude-em-oberschleissheim-slash-atelier-30>. Acessado em 28 de março de 2021.
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Figura 37: Perspectiva. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-174987/centrointernacional-da-juventude-em-oberschleissheim-slash-atelier-30>. Acessado em 28 de março de 2021.
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Figura 38: Perspectiva. Fonte: Archdaily. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-174987/centro-internacional-da-juventude-emoberschleissheim-slash-atelier-30>. Acessado em 28 de março de 2021.
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Figura 39: Perspectiva. Fonte: Archdaily. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-174987/centro-internacional-da-juventude-emoberschleissheim-slash-atelier-30>. Acessado em 28 de março de 2021.
60
Figura 40: Capa das referências. Fonte: Archdaily. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br>. Acessado em 3 de maio de 2021.
61
Figura 41: Área de Interesse. Fonte: Google Maps, adaptado pela Autora, 2021.
65
Figura 42: Estado de São Paulo. Fonte: Autora, 2021.
66
Figura 43: Foto Aérea de Ribeirão Preto. Fonte: Google Earth, adaptado pela Autora, 2021.
66
Figura 44: Foto do terreno. Fonte: Autora, 2021.
67
Figura 45: Topografia do lote. Fonte: Autora, 2021.
67
Figura 46: Topografia do lote. Fonte: Autora, 2021.
69
Figura 47: Perspectiva do lote. Fonte: Autora, 2021.
69
Figura 48: Foto Aérea de Ribeirão Preto. Fonte: Google Earth, adaptado pela Autora, 2021.
70
Figura 49: Foto Aérea de Ribeirão Preto. Fonte: Google Earth, adaptado pela Autora, 2021.
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Figura 50: Ventos Predominantes. Fonte: Autora, 2021.
71
Figura 51: Direção dos Ventos. Fonte: Weather Spark. Disponível em: <https://pt.weatherspark.com/y/30208/Clima-caracter%C3%ADstico-emRibeir%C3%A3o-Preto-Brasil-durante-o-ano>. Acessado em 26 de abril de 2021. Figura 52: Velocidade Média do Vento. Fonte:
72
Weather Spark. Disponível em: <https://pt.weatherspark.com/y/30208/Clima-
caracter%C3%ADstico-em-Ribeir%C3%A3o-Preto-Brasil-durante-o-ano>. Acessado em 26 de abril de 2021.
72
Figura 53: Diagrama. Fonte: Autora, 2021.
95
Figura 54: Fluxograma. Fonte: Autora, 2021.
96
Figura 55: Organograma Interno. Fonte: Autora, 2021.
97
Figura 56: Fluxograma Interno. Fonte: Autora, 2021.
99
Figura 57: Croqui Plano de Massas. Fonte: Autora, 2021.
101
Figura 58: Croqui Plano de Massas. Fonte: Autora, 2021.
102
Figura 59: Perspectivas Volumétricas. Fonte: Autora, 2021.
104
Figura 60: Estudos Cobertura. Fonte: Autora, 2021.
105
Figura 61: Cobertura definida. Fonte: Autora, 2021.
106
Figura 62: Perspectiva Volumétrica com entorno. Fonte: Autora, 2021.
108
Figura 63: Entrada Principal. Fonte: Autora, 2021.
127
Figura 64: Entrada Principal. Fonte: Autora, 2021.
127
Figura 65: Praça. Fonte: Autora, 2021.
128
Figura 66: Praça. Fonte: Autora, 2021.
128
Figura 67: Praça. Fonte: Autora, 2021.
129
Figura 68: Quadra Poliesportiva. Fonte: Autora, 2021.
129
Figura 69: Bloco Íntimo. Fonte: Autora, 2021.
130
Figura 70: Bloco Íntimo. Fonte: Autora, 2021.
130
Figura 71: Bloco Íntimo. Fonte: Autora, 2021.
131
Figura 72: Sala. Fonte: Autora, 2021.
131
Figura 73: Quarto. Fonte: Autora, 2021.
132
Figura 74: Quarto. Fonte: Autora, 2021.
132
Figura 75: Recepção. Fonte: Autora, 2021.
133
Figura 76: Administração. Fonte: Autora, 2021.
133
Figura 77: Bloco Social. Fonte: Autora, 2021.
134
Figura 78: Bloco Social. Fonte: Autora, 2021.
134
Figura 79: Bloco Social. Fonte: Autora, 2021.
135
Figura 80: Cozinha. Fonte: Autora, 2021.
135
Figura 81: Sala Multiuso. Fonte: Autora, 2021.
136
Figura 82: Sala Multiuso. Fonte: Autora, 2021.
136
Figura 83: Sala Multiuso. Fonte: Autora, 2021.
137
Figura 84: Sala de Estudos / Informática. Fonte: Autora, 2021.
137
Figura 85: Sala de Música e Dança. Fonte: Autora, 2021.
138
Figura 86: Terraço. Fonte: Autora, 2021.
138
Figura 87: Mirante. Fonte: Autora, 2021.
139
Figura 88: Mirante. Fonte: Autora, 2021.
139
Figura 89: Área de lazer contemplativo. Fonte: Autora, 2021.
140
Figura 90: Área de lazer contemplativo. Fonte: Autora, 2021.
140
Figura 91: Natureza. Fonte: Unsplash. Disponível em: <https://unsplash.com/photos/E32p_3h4AMY>. Acessado em 7 de novembro de 2021. 142 Figura 92: Caixa d’água. Fonte: Google.
155
Figura 93: Quarto bloco íntimo. Fonte: Autora, 2021.
155
Figura 94: Estudo da varanda. Fonte: Autora, 2021.
156
Figura 95: Carta Solar. Fonte: SO-LAR.
156
Figura 96: Estudo da varanda. Fonte: Autora, 2021.
156
Figura 97: Carta Solar. Fonte: SO-LAR.
156
Figura 98: Sala e Hall bloco social. Fonte: Autora, 2021.
157
Figura 99: Estudo da varanda. Fonte: Autora, 2021.
157
Figura 100: Carta Solar. Fonte: SO-LAR.
157
Figura 101: Carta Solar. Fonte: SO-LAR.
157
Figura 102: Cobertura da praça. Fonte: Autora, 2021.
158
LISTA DE MAPAS Mapa 01: Mapa de Ribeirão Preto. Fonte: Autora, 2021.
66
Mapa 02: Mapa Uso do Solo. Fonte: Autora, 2021.
73
Mapa 03: Mapa Figura Fundo. Fonte: Autora, 2021.
75
Mapa 04: Mapa Gabarito. Fonte: Autora, 2021.
77
Mapa 05: Mapa Vegetação. Fonte: Autora, 2021.
79
Mapa 06: Mapa Equipamentos Urbanos. Fonte: Autora, 2021.
81
Mapa 07: Mapa Edifício Relevantes. Fonte: Autora, 2021.
83
Mapa 08: Mapa Fluxo Viário. Fonte: Autora, 2021.
85
Mapa 09: Mapa Mobilidade Urbana. Fonte: Autora, 2021.
88
LISTA DE QUADROS Quadro 1: Os tipos de construção de acolhimento da criança e adolescente. Fonte: Elaborado pela Autora por meio da cartilha “Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes” (2009).
28
Quadro 2: Especificidades e conceitos das repúblicas de acolhimento. Fonte: Elaborado pela Autora por meio da cartilha “Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes” (2009).
33
Quadro 3: Infraestrutura e espaços mínimos sugeridos. Fonte: cartilha Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes (BRASIL, 2009), adaptado pela Autora, 2021.
34
Quadro 4: Características do atendimento. Fonte: Modalidades de abrigo e a busca pelo direito à convivência familiar e comunitária, Carreirão, 2004, adaptado pela Autora, 2021.
37
Quadro 5: Legislação. Fonte: Autora, 2021.
68
Quadro 6: Materialidades. Fonte: Autora, 2021.
107
LISTA DE TABELAS Tabela 1: Critérios avaliados. Fonte: Autora, 2021.
65
Tabela 2: Linhas de Ônibus. Fonte: Ritmo, adaptado pela Autora, 2021.
88
Tabela 3: Programa de Necessidades. Fonte: Autora, 2021.
94
Tabela 4: Tabela de vegetação. Fonte: Autora, 2021.
112
Tabela 5: Tabela de iluminação. Fonte: Autora, 2021.
113
SUM 1
INTRODUÇÃO 16
2
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 22
3
REFERÊNCIAS PROJETUAIS 40
1.1 OBJETIVO GERAL
2.1 BREVE HISTÓRICO DO ACOLHIMENTO
3.1 LEITURA DAS REFERÊNCIAS
1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO
DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO BRASIL
PROJETUAIS
1.3 MATERIAIS E MÉTODOS
2.2 ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL E SEUS
3.2 ESCOLA CLASSE
REFLEXOS
3.3 CENTRO PARA DESABRIGADOS
2.2.1 O desligamento devido à maioridade
3.4 CENTRO INTERNACIONAL DA
2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÕES
JUVENTUDE
PARA ALÉM DA DESINSTITUCIONALIZAÇÃO
3.5 CONCLUSÃO DAS REFERÊNCIAS
2.3.1 Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) 2.3.2 Orientações Técnicas: Serviço de Acolhimento para Crianças e Adolescentes 2.4 A CONTRIBUIÇÃO DA ARQUITETURA PARA O DESENVOLVIMENTO DO INDIVÍDUO
PROJETUAIS
ÁRIO 4
5
PROJETO 90
REFERÊNCIAS 142
4.1 POSSÍVEIS ÁREAS DE ESTUDO
5.1 CONCEITO
4.2 LOCALIZAÇÃO ESCOLHIDA
5.2 PARTIDO
GLOSSÁRIO 146
4.3 TOPOGRAFIA
5.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES
4.4 LEGISLAÇÃO
5.4 DIAGRAMA GERAL
4.5 DELIMITAÇÃO DO TERRENO
5.5 FLUXOGRAMA GERAL
4.6 INSOLAÇÃO E VENTILAÇÃO
5.6 ORGANOGRAMA INTERNO
4.7 USO DO SOLO
5.7 FLUXOGRAMA INTERNO
4.8 FIGURA FUNDO
5.8 PLANO DE MASSAS
4.9 GABARITO
5.9 VOLUMETRIA
4.10 VEGETAÇÃO
5.10 EVOLUÇÃO DA COBERTURA
4.11 EQUIPAMENTOS URBANOS
5.11 MEMORIAL DESCRITIVO
4.12 EDIFÍCIOS RELEVANTES
5.12 MEMORIAL JUSTIFICATIVO
4.13 FLUXO VIÁRIO
5.13 TABELA DE VEGETAÇÃO
4.14 MOBILIDADE URBANA
5.14 TABELA DE ILUMINAÇÃO EXTERNA
LEVANTAMENTO 64
ANEXOS 147 APÊNDICES 149 ENVELOPES 1
IMPLANTAÇÃO TÉCNICA GERAL
2
PLANTAS TÉCNICAS PLANTA DE COBERTURA
5.15 IMPLANTAÇÃO HUMANIZADA 5.16 SETORIZAÇÃO E FLUXOS 5.17 DETALHAMENTOS 5.18 IMAGENS 3D 5.19 CONSIDERAÇÕES FINAIS
3 4
PLANTAS DE LAYOUT PLANTA ESTRUTURAL CORTES ELEVAÇÕES
1
"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos". Fernando Pessoa
INTRODUÇÃO
No Brasil, a questão do acolhimento institucional de
dada condição”, portanto é de extrema importância, que
crianças e adolescentes tem início tardio perante a
fora dos abrigos, os jovens que atingem a maioridade
construção da República. Sua construção dá-se a partir da
consigam o atendimento da continuidade de seus direitos
preocupação com o abandono dessas crianças e
por meio de políticas públicas de atendimento e suporte a
adolescentes, por volta do século XIX (VICENTIN et al,
vida adulta (MARTINI, 2019). Dessas citadas políticas públicas brasileiras, se tem
2020). Porém, a partir do momento que esse acolhimento
um longo caminho a percorrer, pois as transformações
passa a acontecer e se estabelece o afastamento de
desse pensamento se iniciaram apenas no século XX,
crianças e adolescentes de seu seio familiar, por via de
pautadas no pensamento da educação, mudanças
regra, cria-se uma fragilização dos laços familiares.
econômicas, com condições de expectativas na saída do
Durante o acolhimento institucional, a criança e o
acolhimento. “Políticas públicas precisam buscar
adolescente enfrentam duras construções e fragilidades,
estabelecer elos com os direitos fundamentais e humanos
sendo um desses apontamentos frágeis, os laços
de crianças e adolescentes” (MARTINI et al, p. 16, 2019).
familiares rompidos, o que pode resultar em dificuldades
Assim, o tema deste trabalho aborda a função da
de inserção e desenvolvimento físico e psicológico do
arquitetura voltada para jovens em situação de pós
indivíduo. A intervenção das casas de acolhimento pelo
acolhimento institucional, tendo como objeto proposto um
qual esse público passa, deve estar voltada ao
Centro república¹ responsável por abrigar e oferecer
fortalecimento comunitário e no trabalho de laços
orientações aos jovens de 18 a 21 anos que necessitam
fragilizados, proporcionando uma construção humana
permanecer em situação de acolhimento para a cidade de
(MARTINI et al, 2019).
Ribeirão Preto.
Espera-se que as conhecidas instituições de
Dentro deste objeto, a arquitetura tem o papel
acolhimento, responsáveis por oferecer a segurança do
definidor de parâmetros físicos e psicológicos, capazes de
público em questão, preparem esses jovens desde seu
auxiliar os jovens na entrada da vida adulta. A arquitetura
acolhimento inicial na idade infantil, até o momento em
e o profissional que dá suporte a ela, possui papel de
que estiverem prestes a sair do abrigo. Dentre as questões
compreensão de limitações, necessidades, desejos, etc. A
de abordagem cognitiva na fase institucional vem desde o
construção de um indivíduo está paralelamente
fortalecimento da autonomia, da educação e
relacionada durante toda sua vida com a arquitetura e a
profissionalização, com um desligamento gradativo desse
forma em que ela acontece (MIGUEL, 2002).
jovem (MARTINI et al, 2019). Dentro das definições de necessidade do acolhimento institucional, encontramos em Martini et al (p. 16, 2019) a definição que uma casa abrigo tem na vida de crianças e adolescentes em situação de abrigamento: “estar protegido significa ter forças próprias ou de terceiros, que impeçam que alguma agressão/ precarização/privação venha a ocorrer, deteriorando uma 17
¹ Centro república recebe esse nome por se definir como “serviço de acolhimento que oferece apoio e moradia subsidiada a grupos de jovens em situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social; com vínculos familiares rompidos ou extremamente fragilizados; em processo de desligamento de instituições de acolhimento, que não tenham possibilidade de retorno à família de origem ou de colocação em família substituta e que não possuam meios para autossustentação” (BRASIL, p. 94, 2009), disponível nas normas técnicas brasileiras de acolhimento.
1.1 OBJETIVO GERAL Elaborar um espaço plural, conhecido como centro república de acolhimento, que englobe alojamento e
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS · Compreender as necessidades dos jovens em situação de acolhimento institucional;
atividades culturais, de formação individual e societal, para abrigar jovens de 18 a 21 anos. Esse espaço atende
· Estudar e aplicar as orientações técnicas determinadas
às necessidades de jovens que atingem a maioridade (18
pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Estatuto da
anos) e precisam desligar-se das casas abrigo que antes
Juventude;
os acolhiam.
· Entender a posição da cidade de Ribeirão Preto dentro do assunto de acolhimento institucional de crianças e adolescentes;
· Estabelecer a função da arquitetura para as repúblicas de acolhimento;
·
Projetar um centro república com ambientes que
proporcionem apoio, segurança e formação auxiliar aos jovens;
· Projetar um espaço com áreas públicas, semipúblicas e privadas, que ofereçam integração com a comunidade.
18
1.3 MATERIAIS E MÉTODOS Para o desenvolvimento do trabalho, serão abordados alguns itens essenciais. Na fase em questão,
1.3.2 Levantamento de dados
espera-se abordar a análise de referências bibliográficas, levantamento de campo, estudo, escolha e justificativa da
Além do aporte teórico discorrido durante todo o
área de estudo escolhida, a produção e investigação de
trabalho final de curso, o levantamento de campo faz
leituras projetuais, e entrevistas com profissionais que
parte essencial da proposta delimitada no plano de
podem encaminhar e agregar ao projeto, trazendo visões
pesquisa. Para realizar o tópico, os procedimentos
realistas ao trabalho. Dessa forma, a seguir são
necessários serão os de delimitação da área de estudo,
apresentadas conceitualmente os itens abordados ao
caracterização do entorno e levantamento de mapas da
trabalho.
região. Os métodos utilizados para que os procedimentos
1.3.1 Área de estudo Foram avaliadas quatro áreas de estudo iniciais no
consultas de mapas disponibilizados pela Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto e levantamento in loco da área do projeto.
bairro Vila Tibério e a partir delas houve a identificação de
Os principais mapas que devem fazer parte do
potencialidades e conflitos, gerando assim a escolha da
levantamento são, Uso do Solo – para conhecimento da
área definitiva.
situação do entorno e de como o espaço territorial é
A área de estudo definida se localiza na Zona Oeste
utilizado, entendendo em partes como acontece a vivência
da cidade de Ribeirão Preto, na Avenida do Café, Vila
dos moradores ali localizados, – Gabarito – irá demonstrar
Tibério, que apresenta predominância residencial
como se comporta a verticalização ou não do espaço, –
conforme a exigência do Ministério do Desenvolvimento
Figura Fundo – responsável por auxiliar na visão de
Social.
ocupação e adensamento do lote, entendendo como as
Este local foi escolhido por meio de estudos na
construções se relacionam com o terreno e como
cidade de Ribeirão Preto, encontrando primeiramente,
aproveitam o solo, – Equipamentos Urbanos – por meio
três locais que oferecem cursos técnicos, para servir de
deste, é possível reconhecer a localização dos bens de
apoio ao centro posposto.
utilidade pública e seu direcionamento, como educação,
Próximo à área relevante para o projeto, foi
saúde e segurança, – Fluxo Viário – para que seja possível
identificado o lote selecionado, que se localiza em uma
a identificação de mobilidade urbana no triângulo
avenida (Av. do Café). Esse aspecto torna-se importante,
escolhido – Topografia – para análise construtiva da área –
já que o centro república proposto tem como diretriz a
Vegetação – necessária para análise de maciços verdes no
promoção de atividades como feiras e workshops, além do
entorno e microclima regional.
acolhimento. 19
sejam concluídos, serão de elaboração de mapas síntese,
1.3.3 Referências Bibliográficas
1.3.5 Entrevistas
Para a construção do trabalho, se fez necessário a
Para maior riqueza de informações, as entrevistas
pesquisa de referências bibliográficas, identificando as
serão parte da construção do trabalho teórico, realizando-
leituras relacionadas ao tema de desinstitucionalização de
as com profissionais dos grupos envolvidos com crianças e
jovens que atingem a maioridade. O método para que tal
adolescentes em situação de abrigo, como assistentes
item fosse produzido, foi a partir de análises e leituras em
sociais. Os métodos para que seja possível realizar o item,
vários meios, sendo eles, digitais, físicos e televisivos.
será o de localizar espaços que trabalhem com o assunto, como ONGs, casas de abrigo como a SAICA e realizar um formulário para preenchimento a distância, atendendo os objetivos pretendidos com as entrevistas.
1.3.4 Leituras projetuais
1.3.6 Construção do projeto
Em paralelo ao levantamento de campo e
A construção do projeto físico faz parte da penúltima
construção do projeto/teoria, serão colocadas em prática
etapa de conclusão do trabalho final de curso. Nesse
pesquisas de referências projetuais. Tal item se torna
tópico, todo o planejamento desenvolvido em referencial
importante para o processo, pois levanta “projetos
teórico, levantamentos e análises é colocado em prática
exemplo” e “projetos de inspiração” para a elaboração do
para dar lugar ao projeto. Para que seja confeccionado, os
resultado final, um centro república para jovens em
procedimentos adotados serão os de iniciar o projeto do
situação de pós acolhimento institucional. Será levado em
centro república para jovens em situação de pós
consideração nesses projetos os tipos de materiais
acolhimento institucional, com métodos de identificação
utilizados, programa de necessidades, circulação, forma e
das referências projetuais e síntese das mesmas,
aberturas.
pensamento do programa de necessidades, análise de questões de conforto ao lote escolhido e consulta a normas específicas ao tema. Nesta etapa serão utilizados a produção inicial de conceito, partido, organograma, fluxograma e plano de massas.
20
2
Laços e entrelinhas. Nós e sós. Laços não são solitários. Mas os Nós são sós. Laços unem amizades, amores, parentes... Os Nós não. Eles são tão egoístas que preferem mesmo, enroscarem-se neles próprios. Na vida somos laços ou nós. Mas os nós continuam sós. Jecely Teixeira
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre acolhimento institucional de crianças e adolescentes, o Brasil portava, em maio de 2020, o número de 34 mil jovens vivendo em instituições abrigo, onde 83% dessas crianças, eram maiores de 10 anos de idade (ASSUNÇÃO; POZZEBOM, 2020). A realidade desses jovens, que vivem em instituições abrigo, vai muito além das leis federais e estatutos voltados a crianças e adolescentes. Estima-se que cerca de 3 mil jovens, anualmente, atingem a maioridade dentro das casas abrigo e não passam pela oportunidade de adoção, inviabilizando assim, o encontro com uma família. Além disso, abordando sobre filas de adoção, a situação se coloca ainda mais problemática, pois existem mais de 36.437 mil pessoas interessadas em adotar, porém desse número, somente 2,7% aceitam adotar as crianças com mais de 10 anos (ASSUNÇÃO; POZZEBOM, 2020).
‘‘Vir para a república foi uma ajuda grande, estava muito desorganizado, sem saber o que fazer da vida. Seria muito difícil se não estivesse aqui, teria que fazer tudo sozinho. Não são todos que têm essa oportunidade única [...] Estou aprendendo a me virar sozinho. Gostaria de dizer para outros jovens que passaram por situações como a minha para manter a cabeça erguida e seguir os seus sonhos.
Dessa forma, a realidade de muitos jovens que não chegam à adoção por novas famílias e não possuem maneiras de retorno a família de origem, são
(GUIMARÃES, p. 6, 2019).
desinstitucionalizados ao atingirem a maioridade. Na tentativa de minimizar as dificuldades desse grupo, foram criadas pelos municípios brasileiros, casas repúblicas para jovens entre 18 e 21 anos para a passagem da vida adulta (GUIMARAES, 2019). Esse espaço, possui o mesmo funcionamento de uma casa, mas está ali para o apoio de transição desses jovens até o alcance da autonomia individual. Nesses espaços, ainda existe a presença de profissionais e coordenadores aptos a auxiliar no funcionamento da república (BRASIL, 2009). Segundo depoimentos de jovens que estão passando pelo segundo acolhimento, a oportunidade é valiosa:
Figura 3: Jovem. Fonte: Unsplash.
23
’’ disse Carlos, 18 anos
Dessa forma, esses ambientes são lugares de esperança desses jovens que ainda não conseguiram sua independência e a total passagem para vida adulta. A necessidade de construções humanizadas, com pensamento no indivíduo, se faz presente nessa situação, podendo contribuir positivamente para a construção de vida. A situação de acolhimento institucional de crianças e adolescentes no Brasil se constrói a partir de vários olhares e abordagens do tema. Toda a dinâmica existente dentro de casas de acolhimento é complexa e multifacetada, com uma multiplicidade de discursos se entrelaçando entre passado e presente (MARTINEZ; SILVA, 2008). O maior motivo que envolve o abrigamento de crianças e adolescentes é a pobreza da família de origem, e esse motivo acaba ocasionando o prolongamento desses indivíduos dentro dos abrigos. A partir do momento em que esse público permanece mais tempo nos abrigos, a reinserção familiar se torna remota. Diante desse conhecimento, o abrigo acaba se caracterizando como lugar de moradia e não lugar de passagem. Essa moradia fará parte, em média, 10 anos da vida dessa criança ou jovem, sendo território de referência e construção de identidade (MARTINEZ; SILVA, 2008). Dessa forma, para que a abordagem percorra os caminhos explicativos de centros/casas de acolhimento e repúblicas, a primeira abordagem irá percorrer os caminhos históricos, levando ao entendimento da necessidade dessa abordagem tema do trabalho.
24
2.1 BREVE HISTÓRICO DO ACOLHIMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO BRASIL Segundo Rizzini (p. 22, 2004), “O Brasil possui
infância (TUMA, 2016).
longa tradição de internação de crianças e jovens em
A partir de 1942, as pastas foram se alterando,
instituições asilares”. Os desdobramentos desse
sendo criado o Serviço de Atendimento ao Menor,
movimento de institucionalização envolvem fatores
conhecido como SAM, “primeira instituição especializada
múltiplos, como esferas religiosas ou laicas, esferas
no atendimento aos menores abandonados e aos
educacionais e socioeconômicas, etc. Com o desenvolver
infratores” (TUMA, p. 36, 2016). Com esse serviço, a
histórico, esses fatores foram se alterando, mas o
repressão e a coerção fizeram parte do tratamento.
segmento de se institucionalizar a criança e o jovem
Espécie de reformatório onde eram ofertados as crianças e
abandonado continua desde muitos anos de história
adolescentes, a oportunidade de “melhoramento” para se
brasileira (RIZZINI, 2004).
viver em sociedade (TUMA, 2016).
O primeiro juizado de menores do Brasil foi criado em 1923, com frente do juiz Mello de Matos, responsável
No Decreto Lei 3.799 de 5 de novembro de 1941, o SAM era descrito e estruturado da seguinte maneira:
por criar o primeiro código direcionado a infância, o “Código de Menores de 1927” ou “Código de Mello Mattos”
Art. 2º O S. A. M. terá por fim:
(TUMA, 2016).
a)
Em razão da criação do código, pode-se referir um
menores desvalidos e delinquentes, internados em
grande avanço a história brasileira dentro do assunto de
estabelecimentos oficiais e particulares;
primeira infância, onde se obteve uma mudança de
b)
direcionamento totalmente assistencial para uma
psicopedagógico dos menores desvalidos e delinqüentes;
abordagem de políticas públicas (TUMA, 2016).
c)
A partir de decreto (já revogado), 17.943/1927, em
proceder à investigação social e ao exame médico-
abrigar os menores, á disposição do Juízo de Menores
do Distrito Federal;
seu artigo 26 (anexo 1 deste caderno), é possível
d)
investigar a definição criada para menores abandonados
adequados, afim de ministrar-lhes educação, instrução e
da época.
tratamento sômato-psíquico, até o seu desligamento;
No momento em que se iniciou o movimento amplia-
e)
recolher os menores em estabelecimentos
estudar as causas do abandono e da delinquência
do de políticas públicas, surgiu o Departamento Nacional
infantil para a orientação dos poderes públicos;
da Criança (DNCr), inaugurado em 1940, vinculado ao
f)
Ministério da Saúde e Educação. Cabia a esse órgão, a res-
pesquisas, estudos e estatísticas (BRASIL, p. 1, 1941).
ponsabilidade de assumir o que em 1937 era somente de responsabilidade do Departamento de Saúde. Uma das importantes implementações desse Departamento, foi o cuidado com atendimento e amparo a maternidade e 25
sistematizar e orientar os serviços de assistência a
promover a publicação periódica dos resultados de
Porém, esse serviço passou a receber diversas
Não seria diferente com os corpos juvenis, que
críticas e foram evidenciados diversos fatores de
passam por manipulação do jogo de poder e dominação
sofrimento vividos pelos internos (TUMA, 2016). Diversos
estatal, que os colocam como delinquentes e “de menor”,
apelidos foram colocados no serviço, desde “Escola do
o sujeito que deve ser higienizado da sociedade.
crime”, “fábrica de criminosos”, “fábrica de monstros imorais”, segundo descrito em Rizzini (1995).
Só então com a redação da nova constituição de 1988, é possível estabelecer garantias e direitos
Em 1964 com a grande repercussão negativa do
melhorados as crianças e jovens em situação vulnerável,
SAM, o governo militar criou a Fundação Nacional do Bem-
estabelecendo-se assim uma conduta de proteção integral
Estar do Menor (FUNABEM), tornando-se a conhecida
a infância e adolescência. Fortaleceu-se assim a
FEBEM quando colocadas nos estados (TUMA, 2016).
democracia e o atendimento a esse público (TUMA, 2016).
Ainda sim essa nova Fundação criada pelo governo em 1964, tratava jovens com o argumento de inibir a
As diretrizes adotadas na constituição seguiam as premissas para:
conduta considerada antissocial, enxergando o “menor” como perigo a sociedade, perigo esse, que necessitava ser
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado
corrigido (TUMA, 2016).
assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
Dessa forma, segundo Foucault (2001, p. 28), “os
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
sistemas punitivos devem ser recolocados em certa
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
“economia política” do corpo”, pois mesmo com leves
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
punições e tratamentos suaves de trancar e corrigir, é
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
sempre do corpo que se trata. Assim, o corpo também se
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
encontra diretamente relacionado com o campo político,
opressão (BRASIL, p.118, 1988).
de onde podemos exaltar as relações de poder. Quando um corpo é atacado, essas relações são construídas,
Diante desse cenário histórico, é possível adentrar-
marcando-o, dirigindo-o, sujeitando-o, a relações de
mos dessa forma nas questões do acolhimento institucio-
poder e dominação (FOUCAULT, 2001).
nal e seus reflexos.
Figura 4: Pessoa atrás das grades. Fonte: Unsplash.
26
2.2 ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL E SEUS REFLEXOS O acolhimento de crianças e adolescentes no Brasil
enuncia” (SUJEITO, 2021).
tem como vertente, a retirada desses “sujeitos”² de
Se a institucionalização parte do princípio da
violações, físicas, mentais, e até mesmo da precariedade.
retirada dessas crianças e adolescentes de um ambiente
O artigo 98 do estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
problemático, que pode ser fatal aos seus corpos, dar
deixa claro que a medida de proteção só poderá ser
lugar a postura de abordagem de pessoa indeterminada
aplicada quando essas crianças ou adolescentes
acusa uma outra violência que recebem perante seu
estiverem em situação de violação de direitos, sendo eles
primeiro acolhimento. Ao transformarem uma criança ou
diversos, partindo-se tanto por omissão do Estado ou por
adolescente a um mero sujeito, seus direitos também
abuso ou falta dos pais, conduta errônea ou
estão sendo retirados. Passam a ser reconhecidos como
desestabilização (CRUZ, 2014).
pessoa indeterminada perante o estado. Por meio dessa
Segundo Cruz (2014), a pobreza é a que ocupa o primeiro lugar na classificação dos motivos para o
indeterminação, a luta por políticas públicas ou melhores condições pode se perder (CRUZ, 2014).
acolhimento institucional, ocupando uma porcentagem de
Segundo Rizzini, (p. 52, 2004) “Na lógica da
37% dentre as questões que levam crianças e
concepção atual de assistência, não cabe mais priorizar a
adolescentes aos abrigos atualmente.
criança e o adolescente sem considerar o seu contexto,
O quadro atual da maneira que o acolhimento
sua história e as reais possibilidades de sua estrutura
desses jovens é realizado, parte do princípio de
familiar”. Diante desse fato, o acolhimento em abrigos
abordagem e ênfase nos direitos (os direitos que são
institucionais muitas vezes se torna a primeira via de
retirados, direitos que são flagelados, interpostos,
acesso desse público as políticas públicas (TUMA, 2016).
invadidos), porém os sujeitos são esquecidos (CRUZ,
Dessa forma, encontram-se diversas maneiras de
2014). Esses sujeitos, dos direitos violados, muitas vezes
que o acolhimento institucional ocorra. Os serviços de
são esquecidos na abordagem institucional, e a
acolhimento vão desde abrigos institucionais, repúblicas,
necessidade de se humanizar essa vertente, se faz
famílias acolhedoras, e casas lares (BRASIL, 2009).
presente por meio de criação de espaços e abordagem de posturas. O primeiro ponto que pode ser abordado perante a transformação desses pilares (a criação de novos espaços e a abordagem de posturas) pode ser versado por meio da denominação utilizada – sujeito. A definição desse substantivo perante o dicionário significa: “indivíduo subordinado a um suserano, no regime feudal; vassalo, súdito; pessoa indeterminada ou cujo nome não se 27
² Na maioria dos textos de temática a institucionalização ou desinstitucionalização, essas crianças e adolescentes são reconhecidos como sujeito. Essa denominação causa um certo desacordo com o ideal da institucionalização.
Quadro 1: Os tipos de construção de acolhimento da criança e adolescente
RESTRIÇÃO LEGAL
ÍNDICE DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO Oferecem acolhimento provisório para crianças e adolescentes afastados do convívio familiar em função da impossibilidade de
ABRIGOS INSTITUCIONAIS
cumprirem o papel de cuidadores e protetores. Tem aspecto de residência e acolhe crianças e adolescentes de 0 a 18 anos, com número máximo de 20 crianças e adolescentes em acolhimento.
Acolhimento provisório em unidades residenciais, onde uma pessoa ou casal trabalha como tutor, que não em sua residência CASA-LAR
particular. Tem como característica o abrigamento de irmãos e se constrói por meio de uma ligação mais direta e interrelacionada com os moradores. Com o número máximo de 10 crianças ou adolescentes que podem ser acolhidos.
Serviço que acontece em residências de famílias acolhedoras cadastradas, viabilizando apenas o acolhimento de 1 criança ou FAMÍLIA ACOLHEDORA
adolescente, a não ser que sejam grupos de irmãos, com possibilidade de retorno para família de origem. Crianças e jovens de 0 a 18 anos podem receber esse tipo de acolhimento.
Acolhimento de jovens em processo de desligamento dos serviços REPÚBLICAS
institucionais de primeira infância. O público-alvo são jovens de 18 a 21 anos acolhidos em residência com supervisão técnica. Com o número máximo de 6 jovens para o acolhimento.
Fonte: Elaborado pela Autora por meio da cartilha “Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes” (2009).
28
2.2.1 O desligamento devido à maioridade Diante do grande momento vivido em nossa sociedade por meio da maioridade, para a maioria dos
institucional (TUMA, 2016).
jovens que passam pelo acolhimento institucional não
Paralelamente a toda situação abordada, os jovens
veem nesse momento uma esperança. O desligamento
que passam pela institucionalização se veem perdendo os
institucional desses jovens, não se apresenta como
únicos vínculos que construíram em sua passagem pelas
preocupação, ou chama atenção dos processos sociais e
casas abrigo. Perde-se vínculos afetivos, vínculos de
governamentais. O tema parece se manifestar sem
vizinhança, comunidade, escola e com os profissionais
maiores problemas na sociedade (CRUZ, 2014).
responsáveis pelas instituições (TUMA, 2016).
As instituições abrigo, lugar onde crianças e jovens
O sonho da maioridade de muitos jovens que tem de
recebem o primeiro acolhimento, tem como foco o
enfrentar a desinstitucionalização, acaba não se perfazen-
atendimento, passando longe da preparação do indivíduo
do como momento mágico da vida adulta, pois enfrentam
para a vida adulta. Após essa passagem, as informações
a ansiedade desse momento. Esse rito, da maioridade den-
de vida dos jovens se perdem ou muitas vezes deixaram
tro da nossa sociedade, se faz como passagem para vida
de existir. Assim, o abrigo que antes atendia, deixa como
adulta, mas para ser encarado dessa forma, conta com
resultado, um jovem desamparado (TUMA, 2016).
todo um suporte familiar e de manutenção de vínculos
Existem fatores problemáticos atrelados a
construídos na infância. Na pele desses jovens que terão
desinstitucionalização de jovens. Dentre eles, pode-se
de enfrentar a desinstitucionalização, se deparam diante
elencar a aproximação da maioridade, preparação para a
do quadro de angústia da vida adulta, pois tem que se
vida adulta e para sua saída, expectativas de políticas de
transformar em adultos da noite para o dia, levando nos
proteção que não são presentes, autonomia, vida fora do
braços somente uma pasta com seus pertences recupera-
abrigo, formação, etc. Adentrar a desinstitucionalização,
dos na infância (TUMA, 2016).
significa se expor a relações diversas, quase todas
O tema sobre a desinstitucionalização foi tão
congeladas durante sua passagem pelas casas abrigo
ignorado durante tanto tempo, que foi somente nos anos
(CRUZ, 2014).
80 que surgiram algumas alternativas a essa questão,
Essa exposição a novas relações, paralelamente a chegada da vida adulta cronológica, marca o momento em
abordando e ganhando visibilidade para se pensar em políticas públicas voltadas a essa fase (CRUZ, 2014).
que jovens perdem o espaço dentro das políticas de
Dessa forma, a abordagem sobre as legislações e
proteção assegurados pelo ECA - Estatuto da Criança e do
políticas públicas voltadas a crianças e jovens deve ser
Adolescente (TUMA, 2016). O Estatuto visa a proteção de
abordada, perfazendo linhas e entendimentos necessários
0 a 18 anos, sendo excepcionalmente estendido até os 21
a construção do objeto proposto.
anos, como disposto na lei Nº 8.069, de 13 de julho de 1990 em seu art. 2 (BRASIL, 2009). Agora na maioridade, 29
lhe são oferecidos um destino incerto de desamparo
2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÕES PARA ALÉM DA DESINSTITUCIONALIZAÇÃO Dentro do contexto de políticas públicas e leis que norteiam o tema de crianças e adolescentes, existem vários documentos. Dentre eles, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Nesse documento formulado por Lei Federal, tem-se a abordagem de Leis complementares ao tema (BRASIL, 2019). Dentre as menções listadas no Estatuto, estão: trata da interferência psicológica direcionada a criança ou LEI DE ALIENAÇÃO PARENTAL (Nº 12.318/10)
adolescente em sua formação, induzindo ações por controle psicológico
LEI DO SINASE, SISTEMA NACIONAL DE
aborda a execução de medidas para jovens que pratiquem atos
ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO (Nº 12.594/12)
infracionais
LEI MENINO BERNARDO (Nº 13.010/14)
regulamenta o direito de crianças e adolescentes serem educados sem o uso de castigo físico
aborda a questão da necessidade de criação pelo Estado de LEI DA PRIMEIRA INFÂNCIA (Nº 13.257/16)
políticas, planos, programas e serviços voltados a primeira infância e seu desenvolvimento
LEI DA ESCUTA (Nº 13.431/17)
estabelece o sistema de garantia a criança ou adolescente que testemunhe ou seja vítima de violência
acrescenta ao Estatuto da Criança e Adolescente a semana LEI Nº 13.798/19
LEI Nº 13.812/19
nacional de prevenção da gravidez na adolescência
cria o cadastro nacional de pessoas desaparecidas e regulamenta a busca
Nesse contexto importante gerado sobre as políticas públicas, tem-se o apoio de normas técnicas, como a cartilha de orientações técnicas do serviço de acolhimento para crianças e adolescentes (BRASIL, 2009). No presente trabalho, será abordado com maior ênfase do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) e a cartilha de normas técnicas federais (BRASIL, 2009). 30
2.3.1 Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) A constituição federal de 1988, em seu artigo 277,
Dessa forma, mostra-se no início, que jovens de 18
estabeleceu que crianças e adolescentes fazem parte de
a 21 anos são enquadrados em casos de excepcionalida-
um grupo que tem direitos específicos, como a proteção
de, levando o tema desse trabalho em patamares de maior
especial tanto do Estado, como da família. O ECA, foi
desamparo perante as legislações Federais, Estaduais e
formulado dois anos após a regulamentação da
Municipais. A importância de políticas públicas voltadas ao
constituição, para colocar em prática o que foi
público em questão, torna-se de grande importância.
estabelecido na Constituição (LANDOLI; PIMENTEL,
Além disso, o Estatuto da Criança e Adolescente acrescenta em seu conteúdo a abordagem de respeito e
2018). Os direitos consagrados pelo ECA, permeiam a
direitos. A política instituída para toda a Federação
proteção integral que deve ser estabelecida para crianças
Brasileira prega que os direitos e deveres devem ser
e adolescentes, dando todas as oportunidades aos
aplicados a todas as crianças e adolescentes, sem
menores de 18 anos para seu melhor desenvolvimento
discriminação de nascimento, situação familiar, idade,
físico e psicológico. Além disso busca a total cobertura dos
sexo, raça, etnia, cor, religião ou crença (BRASIL, 1990).
direitos fundamentais, a absoluta prioridade, direito de registro civil, a adoção, punição diferenciada dos adultos, proteção sexual e educação (LANDOLI; PIMENTEL, 2018). Nos primeiros artigos abordados, a legislação deixa claro qual a abrangência do público nomeado como crianças e adolescentes que possuem proteção perante a mesma. Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade (BRASIL, p. 15, 1990).
Figura 5: Jovens reivindicando direitos. Fonte: Unsplash.
31
2.3.2 Orientações Técnicas: Serviço de Acolhimento para Crianças e Adolescentes Desde toda a abordagem percorrida até aqui, perce-
Neste documento em específico, é possível
bemos como muitas vezes, legislações, políticas públicas
encontrar uma abordagem ampla ao tema de acolhimento
e reportagens sobre o assunto nos trazem primeiro a visão
de crianças e adolescentes. O documento conta com III
da criança e do adolescente, deixando no segundo plano
capítulos, inicialmente com a abordagem dos princípios
as políticas públicas do pós desinstitucionalização. O
norteadores do acolhimento institucional voltado ao
público alvo de 18 a 21 anos percorre caminhos mais ina-
público em questão, no capítulo I, após esse aporte, já no
cessíveis, traçados com maior dificuldade. Dessa forma,
capítulo II, é possível ter acesso as orientações
as orientações técnicas voltadas aos serviços de acolhi-
metodológicas, com formas de organizações para o
mento para crianças e adolescentes seja a forma mais dire-
acolhimento desses indivíduos, projeto pedagógico,
cionada de tratamento com jovens que necessitam do ser-
planos de atendimento, preservação da convivência, etc.
viço de acolhimento da casa-república, ou somente repu-
Porém, dentre a importância dos capítulos citados acima,
blica, como é conhecida (BRASIL, 2009).
o ápice do documento pode ser encontrado em seu capítulo III, onde foi possível encontrar a ligação do tema com nosso objeto proposto, a ligação do serviço e arquitetura conjuntamente. No primeiro momento, é a infraestrutura física que se destaca (BRASIL, 2009). A partir de estudo e consulta ao capítulo III, item 4.4, foi possível realizar a conexão da teoria com o objeto proposto no trabalho final de curso. Dessa forma, o serviço de acolhimento denominado república, é um serviço que oferece apoio subsidiado a grupo de jovens em situação de vulnerabilidade, seja por relações familiares fragilizadas ou quebra de vínculo familiar, que não tem maneiras de se autossustentar e que estão em processo de desligamento institucional (BRASIL, 2009). A república é responsável por oferecer a construção da autonomia do jovem, possibilitando o desenvolvimento de sua independência. O tempo de permanência fica restrito até os 21 anos de idade, podendo ser estendido dependendo da situação, justificada e formulada junto ao profissional que acompanhou o jovem durante toda sua estadia no serviço de acolhimento (BRASIL, 2009). 32
Esses espaços devem se estruturar conjuntamente a realidade dos jovens acolhidos, tendo que estar inserido
Quadro 2: Especificidades e conceitos das repúblicas de acolhimento
CENTROS REPÚBLICA E SUAS ESPECIFICIDADES
em regiões residenciais dos municípios, com estrutura de residência privada, recebendo diariamente supervisão
Público-alvo
Jovens de 18 a 21 anos³
Divisão
República masculina ou república feminina (não podendo ter atendimento conjunto de ambos os sexos)
técnica. As repúblicas são separadas por gênero, somente masculinas ou somente femininas, dando devida atenção aos direitos de perspectiva de gênero e de proteção. No atendimento, recomenda-se que o número máximo de
Necessidade de profissionais técnicos para o controle do serviço:
usuários no equipamento, seja de 10 jovens, incluindo a possibilidade de atendimento integrado a jovens com
Profissionais
deficiência (BRASIL, 2009). Dessa forma, podemos apresentar um quadro com a seguinte organização:
³ Esse serviço de acolhimento da preferência a jovens que já venham de serviços de acolhimento em outro momento de suas vidas, mas não impede que jovens que nunca tenham passado por serviços antes acessem este em específico (BRASIL, 2009).
Figura 6: Jovens unidos pensando. Fonte: Unsplash.
33
· 1 coordenador · 2 profissionais de equipe técnica 24 horas
Número de jovens
Máximo de 10 usuários do serviço ao mesmo tempo
Inserção do equipamento
Tipologia residencial do município
Fonte: Elaborado pela Autora por meio da cartilha “Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes” (2009).
Dentro das características dos centros repúblicas,
No que se refere as características físicas do espaço,
os profissionais técnicos responsáveis por gerir o
tem-se questões que devem ser respeitadas segundo a
equipamento, também tem a missão de orientar e
norma, inviabilizando qualquer alteração de espaço para
encaminhar o jovem a outros serviços, programas ou
que assim, ainda continue sendo um equipamento de
formações profissionais fora da casa. A participação social
acolhimento denominado república. O serviço precisa
dos integrantes deve ser constante, possibilitando que o
estar inserido na malha residencial, com fachada seguindo
jovem morador da residência, também possa gerir de
o mesmo padrão arquitetônico da região, evitando-se a
forma compartilhada o espaço. Dentro do ambiente de
locação de placas indicativas de qualquer natureza para o
convívio, é importante que sejam oferecidos aos jovens a
equipamento, este deve se misturar a tipologia do local
possibilidade de fortalecimento de habilidades e aptidões,
(BRASIL, 2009).
assim como competências e capacidades individuais.
Em sua infraestrutura, é possível retirar diretamen-
Dessa forma, é importante que o jovem o aporte de
te nas normas técnicas o programa de necessidades
atividades culturais, esportivas, artísticas, cursos de
essencial a este espaço, podendo se diferir para acrescen-
profissionalização, etc. (BRASIL, 2009).
tar infraestrutura, mas não em sua retirada. Portanto podemos observar segundo Quadro 3 abaixo:
Quadro 3: Infraestrutura e espaços mínimos sugeridos
CÔMODO
CARACTERÍSTICAS · Recomendado até 4 jovens por quarto
QUARTOS
· Cada quarto deverá ter dimensão suficiente para acomodar as camas / beliches dos usuários e para a guarda dos pertences pessoais de forma individualizada (armários, guarda-roupa, etc.)
SALA DE ESTAR / JANTAR OU SIMILAR
· Com espaço suficiente para acomodar o número de usuários
BANHEIRO
· 1 lavatório, 1 vaso sanitário e 1 chuveiro para cada 6 usuários
COZINHA
· Com espaço suficiente para acomodar utensílios e mobiliário para preparar alimentos para o número de usuários
· Com espaço suficiente para acomodar utensílios e mobiliário para guardar equipamentos, objetos e
ÁREA DE SERVIÇO
produtos de limpeza e propiciar o cuidado com a higiene da república, com a roupa de cama, mesa, banho e pessoal para o número de usuários atendido
Fonte: cartilha Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes (BRASIL, 2009), adaptado pela Autora, 2021.
34
2 . 4 A C O N T R I B U I Ç Ã O D A A R Q U I T E T U R A PA R A O DESENVOLVIMENTO DO INDIVÍDUO Face ao assunto abordado no presente trabalho, um
acolhimento institucional, carecem de restabelecer rela-
dos aspectos que compreende parte de todo o percurso, é
ções de lar e família que foram perdidos. A socialização
o fator espaço de acolhimento, a arquitetura dos
desse público torna-se extremamente necessário dentro
ambientes.
das casas de acolhimento, atrelando-se ao fato de que
O espaço físico propicia sensações e dinâmicas aos indivíduos que experimentam desse lugar. Assim como
necessitam ser funcionais, acolhedoras que passem confiança e autonomia (SOUZA, 2014).
pessoas são construções de contextos histórico-culturais,
Outro fator importante que se faz parte integrante
hábitos e costumes, a construção de um abrigo também
do funcionamento da arquitetura com esses jovens, se faz
aborda uma série de fatores que se tornarão parte
na questão do estímulo que o ambiente pode oferecer. Na
integrante da vida de quem abrigar (FELIPPE, 2010).
fase de 0 a 18 anos, o ambiente precisa se fazer
Não somente o ambiente que se vive é pautado em
estimulante e transformador para construção das relações
relações, mas também proporciona aos seres humanos o
e construção pessoal. Quando o espaço é estruturado e
seu desenvolvimento psicológico, físico e de adaptação
integrado, as trocas necessárias na fase infantil e de
junto a sociedade. Condições ameaçadoras, doloridas,
adolescência se constroem (CAVALCANTE et al, 2007).
felizes e construtivas, entre tantas sensações possíveis de
Dessa forma, o espaço de acolhimento também se
serem presenciadas pelo ser humano, são abrigadas por
torna ambiente essencial para receber atividades de
ambientes construídos, e todos eles influenciam
expressão, oficinas e arte, para então aumentar a
diretamente nessa vivência. A arquitetura contribui com o
possibilidade de desenvolvimento juvenil. Por meio da
aspecto humano, definindo e norteando o modo em qual
terapia ocupacional é possível lançar mão de atividades e
vivemos (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
trabalhos de oficinas, com acompanhamento e
Na arquitetura, se tem a chance de proporcionar desde beleza, conforto, acessibilidade, economia, susten-
compreensão das demandas e fortalecimento juvenil (LOPES et al., 2010).
tabilidade, segurança, até funções de estabelecimento de relações sociais, entre os indivíduos presentes no espaço e
Por intermédio [...] do instrumento de trabalho da terapia
valorizando relações do interno com o externo (DEL RIO;
ocupacional, [...] sobre o qual o terapeuta ocupacional deve
et al., 2002). Dessa forma, esse ambiente impacta direta-
ter amplo domínio, pode-se conhecer o universo imediato dos
mente na vida de crianças e adolescentes e suas constru-
sujeitos e ser conhecido dentro dele, aumentando, de
ções de identidades. Dentro do instrumento da institucio-
maneira significativa, a possibilidade de criação de vínculos e,
nalização, é necessário que se crie e se estabeleça um con-
a partir disso, gerar oportunidades para uma atuação
tato com o próprio espaço de acolhimento (ZICK, 2010).
profissional que contribua para a construção conjunta de
Outrossim, a partir do momento que crianças e adolescentes são vítimas de violência, e precisam passar por 35
planos e projetos de vida (LOPES, p. 9, 2010).
As atividades utilizadas para o desenvolvimento de cada jovem, se entrelaçam no pressuposto de trabalhos coletivos, como
JOGOS INTERATIVOS
MÚSICAS
RODAS DE CONVERSA APRESENTAÇÕES CULTURAIS
LEITURA DE IMAGENS FOTOGRAFIA
DEBATES
DINÂMICAS DE TROCAS DE INFORMAÇÕES
entre outros, que seguem uma seleção para aprimoramento em determinadas áreas. A criação de espaços de aprendizado e criação, desenvolve a aprendizagem e o indivíduo, que nesse processo experimenta espaços, materiais, memórias e sensações (LOPES et al., 2010).
Figura 7: Arquitetura Escolar. Fonte: Hiper Studio.
36
As atividades utilizadas para o desenvolvimento de cada jovem, se entrelaçam no pressuposto de trabalhos
jogos interativos, rodas de conversa, m ú s i c a s , fo t o g ra fi a , l e i t u ra d e i m a g e n s , apresentações culturais, debates, dinâmicas de trocas de informações, entre outros, que seguem uma coletivos, como
seleção para aprimoramento em determinadas áreas. A criação de espaços de aprendizado e criação, desenvolve a aprendizagem e o indivíduo, que nesse processo experimenta espaços, materiais, memórias e sensações (LOPES et al., 2010). Essas oficinas desenvolvem não somente o jovem, mas também proporciona momentos de lazer dentro do acolhimento institucional, podendo resgatar juntamente com as expressões artísticas, atividades físicas, oficinas de cinema, bibliotecas. “Lazer pode associar-se tanto a estímulo como a antídoto contra violências” (ABRAMOVAY; CASTRO, p. 14, 2002).
pautando-se em características generalistas do tema: Quadro 4: Características do atendimento.
CARACTERÍSTICAS DO ATENDIMENTO - TRATAMENTO INSTITUIÇÃO
LAR SUBSTITUTO (OU ACOLHEDOR)
ambiente grande, frio;
ambiente familiar, aconchegante;
coletivo massificante;
individualizado personalizado;
horários estabelecidos, rígidos;
horários flexíveis, respeito ao ritmo da criança;
vestuário coletivo e padronizado;
vestuário individualizado, apropriado;
sem direito a escolhas, gostos, querer.
respeito aos gostos, escolhas e desejos.
Fonte: Modalidades de abrigo e a busca pelo direito à convivência familiar e comunitária, Carreirão, 2004, adaptado pela Autora, 2021.
O resultado desses ambientes generalistas construídos, parte-se de instituições alugadas, adaptadas
Consequentemente, as unidades institucionais,
ao uso e que acabam não se constituindo na vida dos
sejam elas casas abrigo, repúblicas, casa lares, são
jovens como lembrança de casa (DISCHINGER; SAVI,
espaços de interrelações, que somados a arquitetura,
2016).
transformam uma realidade em determinante. A
O abrigo, pode-se fazer de forma de proteção física,
arquitetura desses espaços precisa sofrer uma mudança
exatamente como sua denominação abrange, ou pode-se
de paradigma, para que as instituições deixem de ser
valorar o espaço, construindo a ideia de abrigo que seja
conceituadas como lugares frios, e agreguem valor
casa, trazendo não só a proteção física, mas também os
familiar. A ideia é que a concepção dos espaços promova a
símbolos de crescimento e vivência pessoal individual a
integração, vivência e apropriação dessas crianças e
cada jovem (DISCHINGER; SAVI, 2016).
jovens dentro das instituições (OLIVEIRA et al, 2007).
As instituições, seguindo os termos generalistas
Até o caminho percorrido nesse trabalho, percebeu-
impostos na legislação brasileira, pode repetir práticas
se que a legislação brasileira tem o controle sobre a
históricas excludentes, levando a diversos outros fatores
administração desses lugares bem definidas, com
de formação do público que recebe o atendimento desses
profissionais, tipo de formação, tipos de casas abrigo etc.,
abrigos, mesmo sem a intenção de os fazer. Dessa forma,
porém, é generalista quanto ao ambiente construído
o alcance da concepção de acolhimento pode ser
(DISCHINGER; SAVI, 2016).
alcançado, se traçando o conceito de acessibilidade de
A partir de Carreirão (p. 319, 2004), podemos visualizar por meio de um quadro, as comparações entre a arquitetura do ambiente institucional e de quando esse 37
ambiente se faz no âmbito doméstico ou lar substituto,
forma ampla, estudando a melhor forma de realização do ambiente construído (DISCHINGER; SAVI, 2016).
A contribuição para o sentimento de lugar de casa,
grande importância desses lugares. A junção de lugares
nasce dos ambientes construídos, ponto esse, de grandes
pensados com acessibilidade e privacidade, pode
possibilidades quando se envolve a arquitetura dentro de
transformar de forma positiva os espações conhecidos
seu escopo. Como descrito em Dischinger e Savi (p. 05,
como abrigo institucional, república, casas lares etc.
2016) “O ambiente construído como o arranjo de
(DISCHINGER; SAVI, p. 05, 2016).
características físicas e construtivas é indissociável do
Em conclusão, faz-se necessário transformar insti-
ambiente social”. A construção interage com todos os
tuições em espaços que lembrem lar, assim como façam a
sentidos humanos, como a emoção, social, cultural,
conexão de pertencimento e não apenas estadia. O ambi-
psicológico, fruto de uma série de comportamentos
ente continuará sendo uma instituição, mas pautado em
humanos, de padrões e normas sociais (DISCHINGER;
relações de acolhimento, visando o indivíduo, não somen-
SAVI, 2016).
te o atendimento. Dessa forma, a arquitetura tem papel
Em consequência a importância da arquitetura e do
fundamental nesse tema, podendo contribuir positiva-
espaço projetado, ele também pode agir positiva ou
mente para espaços cada vez mais apropriados para uma
negativamente nas capacidades pessoais de quem o
conexão indivíduo e ambiente construído (DISCHINGER;
utiliza. Se bem projetado, cria habilidades complexas,
SAVI, p. 05, 2016).
estímulos de criação e apropriação ambiental. “A ligação a
O sentimento de lar deve estar associado ao acolhi-
um lugar é componente principal para o aconchego”
mento, segurança e à sensação de pertencimento ao local
(DISCHINGER; SAVI, p. 05, 2016).
onde habita. Para isso, é importante que haja liberdade de
Os abrigos, sejam eles para crianças e adolescentes,
expressão e a possibilidade de colocar sua identidade no
ou para os jovens que atinjam a maioridade, são locais
ambiente que está inserido, permitindo que o indivíduo se
que tem como missão, resgatar o ambiente familiar e o
sinta representado.
sentido de lugar e a privacidade, faz-se como fator de
Figura 8: Arquitetura Escolar. Fonte: Hiper Studio.
38
3
"Recomece quantas vezes for preciso. Recomeçar nunca foi continuar de onde parou. É deixar para trás o que não te pertence mais e seguir um novo caminho com o que ficou". Adriana Barbosa
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
3.1 LEITURA DAS REFERÊNCIAS PROJETUAIS Escola Classe - Hiper Studio
Centro para desabrigados - Overland Partners
Centro Internacional da Juventude - Atelier 30
Figura 9: Capa das referências. Fonte: ArchDaily.
41
Os três projetos estudados foram: Escola Classe, Centro para desabrigados e Centro Internacional da Juventude. Essas referências projetuais foram escolhidas com base nos seguintes critérios:
POUCA VERTICALIZAÇÃO
EDIFÍCIO EM MAIS DE UM BLOCO
CONEXÃO COM O EXTERIOR
ESCOLA CLASSE
CENTRO PARA DESABRIGADOS
OFERECER ATIVIDADES CULTURAIS
CIRCULAÇÃO DE FÁCIL FLUXO
CENTRO INTERNACIONAL DA JUVENTUDE
Além desses critérios utilizados para a escolha das referências, a seguir serão analisados pontos de extrema importância para o entendimento dos projetos, abordando fatores como programa de necessidades, acessos, organização espacial, paisagismo, relação com o entorno, volumetria, tipologia, dentre outros. São eles:
▪
SETORIZAÇÃO E CIRCULAÇÃO
▪
IMPLANTAÇÃO E PAISAGISMO
▪
FORMA
▪
CONDICIONANTES CLIMÁTICAS E ABERTURAS
▪
LÓGICA ESTRUTURAL E MATERIAIS 42
Figura 10: Fachada da Escola Classe. Fonte: Archdaily.
43
3.2
Escola Classe
Localização: Brasília, Distrito Federal Autor: Hiper Studio Ano: 2018 Área: 4.150 m²
1 4 LEGENDA 1. PEDAGÓGICO 2 2. RECREATIVO 3. ADMINISTRATIVO 3
4
1
4. SERVIÇOS
5
5. ESTACIONAMENTO
N
0
50
100
Figura 11: Implantação. Fonte: Autora, 2021.
44
SETORIZAÇÃO E CIRCULAÇÃO O projeto foi organizado de acordo com o eixo longitudinal do terreno, que organizou o programa através de um pavilhão central onde ficam os pátios, auditório, sala de leitura e quadra poliesportiva. De um lado desse pavilhão estão as salas de aula e no outro um bloco linear com algumas outras atividades pedagógicas e área de serviços. Há diversos vazios ao longo da escola que facilitam a circulação por meio de uma praça de acesso, chegando à um pátio central que simboliza o acolhimento. O eixo
Figura 12: Perspectiva. Fonte: Hiper Studio, adaptado pela Autora, 2021.
central coordena as funções da escola, otimizando o fluxo
LEGENDA
e dispensando o uso de rampas ou escadas. O acesso principal dos alunos ocorre na Rua 3 por meio de uma entrada larga e receptiva.
PEDAGÓGICO
ACESSO PRINCIPAL
QUADRA
ACESSO SERVIÇO
REFEITÓRIO
ACESSO ESTACIONAMENTO
ADMINISTRATIVO
CIRCULAÇÃO
SERVIÇOS
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
4 5 6
2 3
7
18 17 1
4
2
3
4
5
3 13 141516
12 1 5
4
3
2
6 7
8
5
6
7
8
10
ESC.: 1:400 Figura 13: Planta térreo. Fonte: Hiper Studio, adaptado pela Autora, 2021.
11
12
13
16
8
9
10
11
17
12
13 14
15
9 10 11 18
N
45
9
SERVIÇOS 01. SANITÁRIOS 02. REFEITÓRIO 03. COZINHA 04. DEP. LIXO 05. A.S. 06. GLP 07. DEP. FERRAMENTAS / HORTA 08. DEP. MAT. ESPORTIVO 09. VESTIÁRIO MASC. 10. VESTIÁRIO FEM. 11. VESTIÁRIOS P.N.E 12. VESTIÁRIOS FUNC. MASC. 13. VESTIÁRIOS FUNC. FEM. 14. ENTRADA \ SERVIÇOS 15. RAMPA 16. REFEITÓRIO FUNCIONÁRIOS 17. ESTACIONAMENTO (40 VEÍCULOS) 18. GUARITA ADMINISTRATIVO 01. RECEPÇÃO 02. SECRETARIA 03. REPROGRAFIA 04. REUNIÕES 05. SALA COORD. + PROF. 06. DIREÇÃO 07. EEAA 08. SALA APOIO APRENDIZAGEM 09. SALA SUPERVISOR 10. SOE 11. COPA 12. SANITÁRIO. 13. DEP. ADMINISTRATIVO 14. DEP. PEDAGÓGICO 15. DEP. GERAL 16. SALA TÉCNICA 17. ENTRADA 18. ARQUIVO SECRETARIA RECREATIVO 01. JARDIM 02. PARQUE INFANTIL 03. PÁTIO COBERTO 04. PÁTIO DESCOBERTO 05. QUADRA POLIESPORTIVA PEDAGÓGICO 01. SALA DE AULA 02. HORTA 03. AUDITÓRIO (87 LUGARES) 04. LEITURA 05. RECURSOS 06. ATEND. PEDAGÓGICO 07. MULTIMÍDIA 08. ARTES PLÁSTICAS 09. MULTIUSO 10. BRINQUEDOTECA 11. LAB. CIÊNCIAS 12. LAB. INFORMÁTICA 13. MÚSICA
IMPLANTAÇÃO E PAISAGISMO O projeto da escola permite que a esquina seja requalificada e a calçada redesenhada, provocando uma melhor relação com o entorno e consequentemente beneficiando os moradores do bairro Crixá. Foi utilizada a arquitetura bioclimática considerando o clima local, utilizando recursos como a relação entre amplitude térmica e umidade, a incidência de radiação solar e a intensidade dos ventos predominantes. Como exemplo pode-se observar o uso de pátios internos como forma de aproveitar a luz e ventilação natural. Os espaços foram distribuídos em um patamar único que se adequa ao desnível natural do terreno.
Figura 14: Perspectiva. Fonte: Hiper Studio.
FORMA A proposta utiliza a construção modular, intercalando entre cheios e vazios, de modo a trazer ritmo para o projeto. De acordo com o edital, a arquitetura corresponde à importância do equipamento público, entretanto seguindo a simplicidade e expressividade com elementos relevantes e econômicos, sem necessitar de formas ou materiais extravagantes. A tipologia horizontal é apropriada ao lugar inserido, Figura 15: Perspectiva. Fonte: Hiper Studio, adaptado pela Autora, 2021.
além de trazer proximidade à escala das crianças.
LEGENDA TIPOLOGIA HORIZONTAL E FORMA LINEAR VAZIOS
Figura 16: Perspectiva. Fonte: Hiper Studio, adaptado pela Autora, 2021.
46
CONDICIONANTES CLIMÁTICAS E ABERTURAS As salas de aula estão direcionadas no sentido
Os corredores que dão acesso às salas estão na face
norte-sul através de volumes paralelos alternados com
norte, utilizando proteções solares horizontais para
áreas livres garantido uma boa luminosidade e ventilação
impedir a incidência solar direta. Já as salas de aula
cruzada. Os ventos dominantes também são desfrutados
contam com aberturas na face sul, na direção dos pátios
no período mais quente do ano, já que vem da direção
internos, e janelas superiores para os corredores abertos,
N/NE.
propiciando que haja ventilação cruzada e condição climática adequada para as atividades pedagógica.
Figura 17: Corte. Fonte: Hiper Studio.
LEGENDA ABERTURAS PROTEÇÃO SOLAR HORIZONTAL
Figura 18: Perspectiva. Fonte: Hiper Studio, adaptado pela Autora, 2021.
47
LÓGICA ESTRUTURAL E MATERIAIS A escola classe proposta tem duas galerias como componentes estruturadores. Uma delas envolve as salas de aula e refeitório, e a outra setor administrativo, pedagógico e serviços. Entre elas há os espaços de recreação. Como sendo agentes principais na parte estrutural, propõem uma estrutura leve e de fácil execução. O sistema estrutural é metálico e a cobertura é apoiada em pilares de concreto moldados “in loco”. Com a intenção de otimizar a construção e diminuir o desperdício de materiais, foi aplicada no projeto a modulação de 1,20 m permitindo vãos de até 7,20 m. Além da estrutura metálica, as lajes de cobertura são pré-moldadas e com telhas metálicas zipadas para maior desempenho térmico. As vedações dos ambientes internos são de caixilharia em alumínio e painéis em argamassa armada. Esses espaços são separados por paredes em gesso acartonado possibilitando modificações. LEGENDA
CAIXILHARIA EM ALUMÍNIO
PILARES E VIGAS
Figura 19: Perspectiva. Fonte: Hiper Studio.
ELEMENTOS METÁLICOS
TELHA METÁLICA ZIPADA
PAINÉIS EM ARGAMASSA ARMADA
48
Figura 20: Fachada do Centro. Fonte: Archdaily.
49
3.3
Centro para desabrigados
Localização: Dallas, Estados Unidos Autor: Overland Partners Ano: 2010 Área: 75.000 m²
1 4 2
3 LEGENDA 1. EDIFÍCIO DE BOAS-VINDAS 5
2. SERVIÇOS 3. PAVILHÃO DE DORMITÓRIOS 4. DEPÓSITO 6
5. REFEITÓRIO 6. ESTACIONAMENTO
N 0
50
100
Figura 21: Implantação. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021.
50
SETORIZAÇÃO E CIRCULAÇÃO O edifício ocupa toda a quadra, onde o acesso de pedestres é através das ruas Park Ave, Coriscana St. e pelo estacionamento. Quanto aos veículos, a entrada ocorre apenas pela rua Coriscana St. É composto por 5 edifícios que formam no centro um pátio descoberto e arborizado. Dentre os blocos estão: um edifício de boasvindas, um de serviços, um pavilhão de dormitórios, um depósito e um refeitório. O edifício de serviços é o único com mais de um pavimento, contendo áreas de vivência e trabalho, alojamentos provisórios e o setor administrativo Figura 22: Planta Térreo. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021.
do Centro de Assistência. No pavimento térreo do edifício de serviços tem áreas de tratamento mental e físico e um espaço de treinamento. No segundo pavimento se localizam os escritórios para trabalho, e no terceiro os dormitórios com leitos separados para homens e mulheres, áreas administrativas e apartamentos para pessoas com necessidades especiais. Os outros prédios reúnem uma livraria no edifício de boas-vindas e vestiários no edifício de alimentação. LEGENDA RECEPÇÃO
51
TRATAMENTO MENTAL E FÍSICO
Figura 23: Planta Primeiro Pavimento. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021.
ESPAÇO DE TREINAMENTO
CUIDADOS PESSOAIS
SERVIÇOS
BIBLIOTECA
OFICINAS FEMININAS
SERVIÇO À MULHER
OFICINAS MASCULINAS
ESCRITÓRIO DE CASOS
DORMITÓRIOS PCD
SEGURANÇA
ADMINISTRAÇÃO
CANIL
BANHEIROS
DEPÓSITO
CIRCULAÇÃO VERTICAL
DORMITÓRIOS
ACESSO PRINCIPAL
ARMAZENAMENTO
ACESSO SERVIÇO
ÁREA TÉCNICA
ACESSO ESTACIONAMENTO
REFEITÓRIO
CIRCULAÇÃO EXTERNA
COZINHA
CIRCULAÇÃO INTERNA
N Figura 24: Planta Segundo Pavimento. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021. 0 50 100
IMPLANTAÇÃO E PAISAGISMO Com o intuito de minimizar o impacto sobre o bairro, a densidade do edifício é maior para os lados norte e leste, deixando espaço nos lados opostos para futura expansão. A localização escolhida para implementação do equipamento visa conservar os sem-teto e garantir o acesso à espaços públicos, instalações de transporte e caminhos para pedestres. A fim de conseguir a certificação LEED (Leadership in Energy and Evironmental Design), foi aderido no projeto o reuso das águas através de um telhado verde e o uso de espécies nativas para compor o paisagismo. O interior da praça apresenta uma arborização de médio porte, enquanto no seu exterior as árvores foram colocadas em toda sua extensão.
Figura 25: Perspectiva. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021.
LEGENDA TELHADO VERDE E COBERTURA ARREDONDADA
FORMA
ARBORIZAÇÃO DE MÉDIO PORTE
O edifico utiliza arquitetura com linhas retas e determinada imponência. Houve o cuidado com que a edificação não tivesse uma visão institucional, empregando fachadas de vidro para trazer permeabilidade da iluminação natural e identidade ao projeto. A cobertura do refeitório é o único elemento arredondado do edifício, já́ que todos os outros são retangulares. LEGENDA FORMAS LINEARES
Figura 26: Perspectiva. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021.
52
CONDICIONANTES CLIMÁTICAS E ABERTURAS Os ambientes de convivência e trabalho tem muita iluminação natural por conta de aberturas em vidro laminado translúcido, cobertos com área de vidro pintado, gravados com ácido e jateado esmaltado. Tem como intuito manter o bem-estar dos usuários, trazendo sentimento de liberdade e evitando locais fechados, já que estão acostumados com as ruas. Por ter um bom posicionamento solar, a iluminação natural é um ponto forte e entra por grandes aberturas. A noite a iluminação artificial é bem posicionada. As aberturas e esquadrias são estabelecidas simetricamente mantendo o aspecto de linearidade do projeto.
LEGENDA Figura 27: Perspectiva. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021.
53
ABERTURAS
Figura 28: Perspectiva. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021.
.
LÓGICA ESTRUTURAL E MATERIAIS
O sistema construtivo empregado foi a estrutura de concreto, com predominância de transparências e elementos nas fachadas que preservam a privacidade dos usuários sem comprometer a integração com o exterior. O edifício emprega cores neutras e o grande uso de esquadrias de aço a vidro, além da alvenaria de concreto com sua estrutura principal.
CORES NEUTRAS ESQUADRIAS DE AÇO
LEGENDA ESTRUTURA EM CONCRETO ESTRUTURA METÁLICA
Figura 29: Perspectiva. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021.
54
Figura 30: Fachada do Centro. Fonte: Archdaily.
55
Centro Internacional da Juventude
3.4
Localização: Oberschleissheim, Alemanha Autor: Atelier 30 Ano: 2009 Área: 2.430 m²
2
1
4 3 LEGENDA 1. CASA PRINCIPAL 2. CASA RESIDENCIAL
N
0
50
100
Figura 31: Implantação. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021.
3. OFICINAS 4. EDIFÍCIO-CAMPING
56
SETORIZAÇÃO E CIRCULAÇÃO O projeto do centro tem como objetivo a criação de
residencial, oficinas e edifício-camping. Os edifícios se
um lugar de contemplação, permitindo que os jovens se
dispõem de forma a permitir uma circulação entre eles em
envolvam e colaborem com a história da Europa, além de
conjunto com espaços abertos. No centro encontra-se um
criar laços importantes com pessoas que tragam uma
terraço entre as esculturas de madeira. Com exceção do edifício da casa principal, os demais
nova perspectiva para o futuro. Os espaços do centro juvenil têm quatro edifícios independentes, sendo eles: casa principal, casa LEGENDA CASA RESIDENCIAL
ACESSOS
CASA PRINCIPAL
CIRCULAÇÃO
OFICINAS TERRAÇO CIRCULAÇÃO VERTICAL
0
25
N Figura 32: Planta térreo. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021.
57
apresentam diversas possibilidades de acesso através de entradas externas.
IMPLANTAÇÃO E PAISAGISMO O Centro Internacional da Juventude está localizado em um terreno próximo à Oberschleissheim onde funcionava o antigo aeroporto militar. Além disso, tem proximidade com uma área de conservação, sendo este um ponto de destaque do projeto.
Figura 33: Perspectiva. Fonte: Archdaily.
Figura 34: Perspectiva. Fonte: Archdaily.
FORMA O conceito do projeto é dividido em três esculturas de madeira independentes, sendo eles em formatos e direções distintas. Apresentam em comum a possibilidade que todos os edifícios tenham visão para a paisagem existente.
LEGENDA Figura 35: Perspectiva. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021.
FORMAS DISTINTAS (IRREGULARES)
58
CONDICIONANTES CLIMÁTICAS E ABERTURAS
Figura 36: Perspectiva. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021
Figura 38: Perspectiva. Fonte: Archdaily.
No centro da casa principal há uma escada que, além de exercer sua função de passagem e acesso aos dormitórios, também promove encontros entre os jovens. Sob esse espaço foi empregada uma grande clarabóia permitindo a entrada de luz natural. Os ambientes internos desfrutam de grandes aberturas tornando-os bem iluminados, proporcionando inclusive uma integração visual entre esses espaços e toda a vegetação existente no exterior.
LEGENDA ABERTURAS Figura 37: Perspectiva. Fonte: Archdaily, adaptado pela Autora, 2021
59
CLARABÓIA
LÓGICA ESTRUTURAL E MATERIAIS O edifício é composto por materiais com o intuito de promover a conservação de recursos e resíduos, prevenindo com isso emissões. Toda a questão energética é baseada nas orientações do Distrito de Munique, no "Energievision des Landkreises München". A energia é gerada através de fontes sustentáveis e renováveis. Todos os blocos do projeto são feitos de madeira.
MADEIRA
Figura 39: Perspectiva. Fonte: Archdaily.
60
3.5 CONCLUSÃO DAS LEITURAS PROJETUAIS
Escola Classe
Centro para desabrigados
Esta referência é a que mais se aproxima da
A referência em questão também não atende ao
proposta do projeto, apesar de atender um público
público-alvo do projeto proposto, mas possui
diferente devido ser uma escola. O que mais chamou a
elementos que podem agregar na elaboração do
atenção foi a distribuição em blocos e a circulação com
mesmo. O centro busca fugir da forma de uma
ausência de corredores fechados, permitindo que os
instituição, permitindo que os usuários se sintam
acessos sejam distribuídos por meio de uma praça
acolhidos e adquiram o sentimento de pertencimento.
central.
As áreas verdes e áreas de convivência também
O uso alternado de cheios e vazios permite que o
são de extrema importância para que a passagem dos
local gere uma sensação agradável e acolha os alunos
indivíduos pelo centro seja positiva, evitando causar o
ali presentes, além de possibilitar que os usuários
sentimento de estar ’’preso’’. Além disso, foi
convivam entre si de maneira mais natural.
implantado próximo à equipamentos urbanos e de fácil acesso aos transportes públicos.
Figura 40: Capas das referências. Fonte: ArchDaily.
61
A grande maioria dos centros de acolhimento apresentam formas institucionais fechadas e geram uma sensação oposta ao de pertencimento, afastando dos usuários a possibilidade de se reconhecerem naquele ambiente. Por conta disso, foram selecionadas referências com aspectos como a conexão com o exterior, pouca verticalização com o intuito de facilitar o fluxo e a integração, e também espaços de convivência que permitam um maior contato dos usuários uns com outros. Nota-se que as três referências estudadas apresentam esses critérios, além de duas delas (Centro para desabrigados e Centro Inter-
Centro Internacional da Juventude
nacional da Juventude) oferecem atividades cultuais, fator relevante para o desenvolvimento dos indivíduos.
Este centro foi o único encontrado que está voltado a atender os jovens, com o intuito principal de
Portanto, conclui-se a relevância dessas leituras na proposta do Centro República.
conectá-los e permitir que eles criem laços importantes para seu futuro. É distribuído em blocos independentes e, assim como a primeira referência, foca em uma circulação de fácil fluxo e utiliza de pouquissímos corredores fechados. Outro destaque do projeto é a integração com o paisagismo existente na área.
62
4
"Querendo você ou não, somos partes do todo e trazemos o todo nas partes de nós". Prof. Me. Rafael Bronisio
LEVANTAMENTO
4.1 POSSÍVEIS ÁREAS DE ESTUDO 1
Foram avaliadas quatro áreas de estudo na
N
PRINCIPAL ÁREA DE INTERESSE
cidade de Ribeirão Preto e a partir delas houve a identificação de potencialidades e conflitos, gerando assim a escolha da área definitiva. Os critérios utilizados foram: ACESSO: Facilidade para acessar o lote, possibilitando que os jovens do centro adquiram maior autonomia. TAMANHO DO LOTE: O tamanho do terreno é levado em consideração para que possa conter todos os itens necessários do programa de neces-
2
sidades, porém verticalizando o mínimo possível.
CENTRO CULTURAL
PROXIMIDADE À ÁREA DE INTERESSE: Foram selecionados três locais que oferecem cursos técnicos para servirem de apoio ao centro posposto. São eles: Secretaria Municipal de Assistência SENAI
3
TOPOGRAFIA: A topografia do lote é de grande
4
SEMAS Figura 41: Área de Interesse. Fonte: Google Maps, adaptado pela Autora, 2021.
LOCALIZAÇÃO
1
PONTOS FAVORÁVEIS
ÁREA (M²)
Rua José Valente Sobrinho, 215 - Jardim Aprox. 8.000 m² José Sampaio Junior
relevância para a implantação do projeto.
PONTOS DESFAVORÁVEIS
▪ Tamanho do lote bom ▪ Próximo à EMEPB Dr. Celso Charuri (escola de qualificação profissional) ▪ Topografia boa
▪ Acesso não favorece a proposta do projeto ▪ Afastado da área de interesse e também do restante da cidade
2
Rua Industrial, 136 Campos Elíseos
Aprox. 7.000 m²
▪ Próximo à principal área de interesse ▪ Topografia boa
▪ Tamanho do lote regular ▪ Acesso não favorece a proposta do projeto ▪ Rua isolada e ao lado de duas APPs
3
Rua João Caldeira Júnior, 44 Vila Tibério
Aprox. 3.900 m²
▪ Fácil acesso ▪ Próximo à principal área de interesse ▪ Topografia boa
▪ Tamanho do lote pequeno
4
Avenida do Café Vila Virgínia
Aprox. 30.000 m²
Tabela 1: Critérios avaliados. Fonte: Autora, 2021.
65
Social (SEMAS), Centro Cultural e SENAI.
▪ ▪ ▪ ▪
Fácil acesso Tamanho do lote ótimo Próximo à principal área de interesse Topografia boa
4.2 LOCALIZAÇÃO ESCOLHIDA A área de estudo definida é a número 4 e se localiza na Zona Oeste da cidade de Ribeirão Preto, na Avenida do Café, Vila Tibério, no RIBEIRÃO PRETO
subsetor oeste O-02, que apresenta predominância residencial conforme a exigência do Ministério do Desenvolvimento Social. Este local é de propriedade particular e foi escolhido por meio de estudos na cidade de Ribeirão Preto, encontrando primeiramente três locais que oferecem cursos técnicos, para servir de apoio ao centro posposto. Próximo à área relevante para o projeto,
N
foi identificado o lote selecionado, que se localiza em uma avenida. Esse aspecto torna-se
Figura 42: Estado de São Paulo. Fonte: Autora, 2021.
importante, já que o centro república tem como diretriz a promoção de atividades como feiras e workshops, além do acolhimento.
REG
OL AUR EAN O
AVENIDA DO CAFÉ
210 m
CÓR
140 m
180 m
VILA TIBÉRIO
190 m
AVENIDA BANDEIRANTES
Figura 43: Foto Aérea de Ribeirão Preto. Fonte: Google Earth, adaptado pela Autora, 2021.
Mapa 1: Mapa de Ribeirão Preto. Fonte: Autora, 2021.
66
4.3 TOPOGRAFIA O lote escolhido apresenta um desnível de 13 metros ao longo de seus 140 metros de fundo, representado pelo perfil de elevação abaixo, ficando mais acentuado próximo à APP. Apesar desse desnível maior na parte posterior, a parcela onde os blocos serão implantados tem pouco mais de 9% de inclinação, fazendo com que não haja muita movimentação de terra para a elaboração do projeto.
530 531 532 533 534 535 536 537 538 Figura 44: Foto do terreno. Fonte: Autora, 2021.
539 540
PERFIL DE ELEVAÇÃO 543
542
541
540
539
538
537
536 535 534
533 532 531 530
541 542 543
AVENIDA DO CAFÉ
LOTE ESCOLHIDO ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP) CÓRREGO LAUREANO
0
67
50
N 100
200
Figura 45: Topografia do lote. Fonte: Autora, 2021.
4.4 LEGISLAÇÃO Quadro 5: Legislação.
RESTRIÇÃO LEGAL
ÍNDICE DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO ZUP - Zona de Urbanização Preferencial: composta por áreas
MACROZONEAMENTO
dotadas de infra-estrutura e condições geomorfológicas propícias para urbanização, onde são permitidas densidades demográficas médias e altas. Área de Uso Misto I - AUM 1: destina-se, sem prejuízo à instalação de estabelecimentos de menor potencial poluidor, à localização
ZONEAMENTO
daqueles cujo processos, submetidos a métodos adequados de controle e tratamento de efluentes, ainda contenham fatores incômodos, em relação às demais atividades urbanas, classificadas com índice de risco ambiental até 1,5 (um e meio).
RECUOS
COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO (CA)
Para as edificações com gabarito igual ou inferior ao básico o recuo mínimo lateral ou de fundo será de 2 m. Para as construções ao longo das avenidas com gabarito superior a 4 m de altura, o recuo frontal será de 5 m. O Coeficiente de Aproveitamento Máximo na ZUP, respeitados os índices estabelecidos pelo memorial descritivo dos loteamentos registrados em cartório, será de até 5 (cinco) vezes a área do terreno.
TAXA DE OCUPAÇÃO (TO)
A taxa de ocupação máxima do solo para edificações residenciais será de 70% (setenta e cinco por cento) e para edificações não residenciais e mistas será de 80% (oitenta por cento).
GABARITO
Fica estabelecido o gabarito básico de até 10 (dez) metros de altura para todas as edificações novas ou a reformar no Município de Ribeirão Preto, exceto para aquelas localizadas nas áreas definidas no art. 42, no art. 43 e nos loteamentos com maiores restrições. O gabarito básico poderá ser ultrapassado na Zona de Urbanização Preferencial (ZUP).
TAXA DE PERMEABILIDADE
Na Zona de Urbanização Preferencial (ZUP): 5% para lotes com área igual ou inferior a 400 m²; 10% para lotes com área entre 400 m² e 1000 m²; 15% para lotes com área maior que 1000 m².
Fonte: Autora, 2021.
68
A
4.5 DELIMITAÇÃODO TERRENO
530 531 532
local escolhido é amplo e conta com uma Área
533
de Preservação Permanente (APP). De acordo
50 m
Conforme mostrado na figura 46, o
com o novo Código Florestal (Lei nº 12.651/12), a distância permitida para
140 m
DESCE
534 535 536 537 538
construção é de 50 metros a partir da margem do córrego, para os cursos d’água de 10 à 50 metros de largura. Por conta disso, esta parte do terreno será complementada
90 m
539 540 541
com um paisagismo para lazer contemplativo e um pomar. Será de responsabilidade do Centro manter a preservação desta área
542 543
90 m
A
AVENIDA DO CAFÉ
localizada na parte posterior do lote.
90 m 180 m
Figura 46: Topografia do lote. Fonte: Autora, 2021. LOTE ESCOLHIDO
SUL
ÁREA DE PROJETO ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP) CÓRREGO LAUREANO
LESTE
DISTÂNCIA 50 M DO CÓRREGO TERRENO DESTINADO A OUTRA ATIVIDADE DE CUNHO SOCIAL PASSAGEM DE FAUNA
OESTE NORTE Figura 47: Perspectiva do lote. Fonte: Autora, 2021.
69
0
50
100
N
Ao longo do projeto notou-se que o tamanho do
De acordo com a elevação disponível pelo Google
terreno ultrapassava as necessidades da proposta, por-
Earth e também pela visita ao local, observou-se que o
tanto as atividades foram concentradas em uma parcela
desnível do terreno se torna mais acentuado a partir da
do terreno que consta em 90 m de comprimento, evitando
curva 537. Por conta da movimentação de terra feita para
afastar muitos blocos. A outra metade do terreno poderá
a implantação dos blocos nesta área de maior declividade,
ser destinada a outro uso de cunho social, como uma
precisou ser feito um muro de arrimo de 2 metros de altura
praça esportiva que incentive as pessoas a se exercitarem
para contenção de terra, possibilitando a execução de um
e que auxilie no desenvolvimento físico e mental.
mirante.
MIRANTE
543
542
541
540
539
538
537
536 535 534
533 532 531 530
CALÇADA
CORTE AA - PERFIL NATURAL
70 m
20 m
50 m
Ao decorrer da Avenida Bandeirantes, há uma
AVENIDA BANDEIRANTES
interrupção do córrego e da APP, assim como circulado na figura 48. Por isso, será indicado como diretriz uma
REG
OL AUR EA
passagem de fauna (passarela) para a travessia de animais, reduzindo o número de atropelamentos.
NO
140 m
CÓR
AVENIDA DO CAFÉ
90 m
Figura 48: Foto Aérea de Ribeirão Preto. Fonte: Google Earth, adaptado pela Autora, 2021.
70
Latitude: -21
N L
O S 0
50
100
200
Figura 49: Foto Aérea de Ribeirão Preto. Fonte: Google Earth, adaptado pela Autora, 2021.
71
VENTOS PREDOMINANTES
Figura 50: Ventos Predominantes. Fonte: Autora, 2021.
4.6 INSOLAÇÃO E VENTILAÇÃO
Direção do Vento É de grande importância identificar a insolação e ventilação no lote escolhido. Esse fator ajuda a estipular os critérios necessários para a implantação do edifício. Na figura 49 ao lado, observa-se a relação da insolação no terreno. O lote localiza-se em uma área com construções baixas, em sua grande maioria térreas, não interferindo nas sombras incidentes no projeto. A existência de grandes áreas
Figura 51: Direção do Vento. Fonte: Weather Spark.
verdes ao fundo do local também interfere no conforto térmico. A carta solar apresenta o solstício de inverno, que acontece no dia 22 de junho, e o solstício de verão, no dia 22 de dezembro. A face norte do terreno é onde incide a maior parte dos raios durante o dia, enquanto a face leste recebe o sol da
Velocidade Média do Vento
manha,̃ a face oeste o sol da tarde e a face sul recebe menor quantidade de insolação. Já na figura 51 de Direção dos Ventos, pode-se perceber o vento Leste como sendo o mais frequente em Ribeirão Preto (porcentagem máxima de 50%), seguido do vento Norte (porcentagem máxima de 38%). Sobre a Velocidade Média do Vento (figura 52), nota-se que os ventos mais fortes ocorrem no mês de setembro e os mais fracos no mês de fevereiro.
Figura 52: Velocidade Média do Vento. Fonte: Weather Spark.
72
AVENIDA DO CAFÉ
AVENIDA BANDEIRANTES
RCA
A
NID
AVE
RIA PAT
N Mapa 2: Mapa Uso do Solo. Fonte: Autora, 2021.
73
0
50
100
200
4.7 USO DO SOLO A área de estudo, apesar de ser considerada mista, apresenta predominância residencial. Este é um ponto importante na implantação do projeto de um centro república para jovens, levando em consideração que deve estar inserido perto de residências conforme a exigência do Ministério do Desenvolvimento Social. Em relação ao comércio e prestação de serviço, sua maior concentração está voltada para a Avenida do Café. Já os lotes institucionais, em sua maioria, estão localizados abaixo dessa mesma avenida, assim como as áreas verdes.
RESIDENCIAL COMERCIAL PRESTAÇÃO DE SERVIÇO INSTITUCIONAL ÁREAS VERDES VAZIO LOTE ESCOLHIDO
74
AVENIDA DO CAFÉ
AVENIDA BANDEIRANTES
RCA
A
NID
AVE
RIA PAT
N Mapa 3: Mapa Figura Fundo. Fonte: Autora, 2021.
75
0
50
100
200
4.8 FIGURA FUNDO O mapa de figura fundo é responsável por auxiliar na visão de ocupação e adensamento dos lotes. De acordo com ele, identifica-se como a área acima da Avenida do Café é extremamente adensada e a maioria das edificações excede a taxa de ocupação máxima, descumprindo o que diz a legislação sobre recuos mínimos. Já abaixo da avenida citada, nota-se o oposto. Por haver uma grande extensão de áreas verdes, há menos construções e mais espaçadas. Devido a isso, o projeto irá propor uma taxa de ocupação baixa constrastando com a maioria do entorno em questão, auxiliando no respiro necessário para ter uma boa ventilação e conforto térmico.
CONSTRUÍDO LOTE ESCOLHIDO
76
AVENIDA DO CAFÉ
AVENIDA BANDEIRANTES
RCA
A
NID
AVE
RIA PAT
N Mapa 4: Mapa Gabarito. Fonte: Autora, 2021.
77
0
50
100
200
4.9 GABARITO Conforme indicado no quadro 5 de Legislação, a área está inserida em uma Zona de Urbanização Preferencial (ZUP), o que permite uma grande variedade de gabaritos. Apesar disso, apresenta construções térreas em sua maioria, tendo poucas construções com o gabarito acima de dois pavimentos. Isto colabora para não desenvolver corredores de ventos. O gabarito do projeto proposto será baixo conforme a grande maioria do seu entorno.
1 PAVIMENTO 2 PAVIMENTOS 3 OU MAIS PAVIMENTOS LOTE ESCOLHIDO
78
AVENIDA DO CAFÉ
AVENIDA BANDEIRANTES
RCA
A
NID
AVE
RIA PAT
N Mapa 5: Mapa Vegetação. Fonte: Autora, 2021.
79
0
50
100
200
4.10 VEGETAÇÃO Observando a vegetação presente na área, nota-se a existência de uma vegetação maciça principalmente atrás do lote, protegendo o Córrego Laureano e portanto tratando-se de uma APP (Área de Preservação Permanente). No restante do local, há áreas permeáveis notáveis também na porção abaixo do lote, além de aparecem nos canteiros entre as duas mãos da avenida. A área estudada apresenta pouca quantidade de vegetações urbanas, sendo elas pouco aparentes e distribuídas de maneira dispersa. O projeto procurará manter relação com a vegetação existente na parte de trás do lote.
CÓRREGO LAUREANO VEGETAÇÃO URBANA VEGETAÇÃO MACIÇA ÁREA PERMEÁVEL LOTE ESCOLHIDO
80
AVENIDA DO CAFÉ
AVENIDA BANDEIRANTES
RCA
A
NID
AVE
RIA PAT
N Mapa 6: Mapa Equipamentos Urbanos. Fonte: Autora, 2021.
81
0
50
100
200
4.11 EQUIPAMENTOS URBANOS A área apresenta equipamentos urbanos que podem dar suporte ao centro república, como por exemplo uma empresa de transporte rodoviário e locais de lazer como praças e um centro de esportes. Porém, os equipamentos mais importantes para o projeto proposto estão apresentados na página seguinte, por exigirem uma abrangência de área maior.
PRAÇA JOSÉ MORTARI
PRAÇA JOÃO PIMENTEL
SESI 259 - CENTRO EDUCACIONAL
POSTO DE GASOLINA SJ
GRUTA SANTA MARTHA MILAGROSA
BOLA VERMELHA - ESPORTE E LAZER
E.E. DJANIRA VELHO I
BANCO DE ALIMENTOS - SEMAS
RÁPIDO D’OESTE | VIAÇÃO COMETA E SÃO BENTO
LOTE ESCOLHIDO
82
1
R
NE
LEN
A
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E EH IO ÔN
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A
AV
EN
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7
JU N
AV EN
ID
A
3
6
AVENIDA DO CAFÉ
5 AVENIDA BANDEIRANTES U
UR
A ARC
I
DA ENI
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R
DA
AV
A
Mapa 7: Mapa Edifícios Relevantes. Fonte: Autora, 2021.
83
AM
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CA
4 N 0 50 100
200
4.12 EDIFÍCIOS RELEVANTES O terreno do projeto teve como um dos critérios de escolha três locais que oferecem cursos técnicos e que possam servir de apoio ao centro posposto. São eles: Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS), Centro Cultural e SENAI. O SEMAS garante o acesso do cidadão às políticas públicas essenciais e inclui socialmente as camadas mais carentes da população, o Centro Cultural oferece cursos de formação artística e desenvolve ações e projetos socioculturais, enquanto o SENAI oferece formação técnica profissionalizante de nível médio. Pelo fato de propor maior independência e autonomia financeira
2
aos jovens, ter equipamentos de cunho educacional próximos são considerados de extrema importância. Além disso, também são relevantes locais como o Parque Maurílio Biagi, Rodoviária, Terminal Evangelina de Carvalho Passig, Mercadão Central e a UBDS Central. O acesso a eles pode ser feito de maneira simples já que há avenidas próximas contendo linhas de ônibus, assim como indicado no mapa de Mobilidade Urbana.
CENTRO CULTURAL
1
SENAI
2
SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SEMAS)
3
PARQUE MAURÍLIO BIAGI
4
RODOVIÁRIA E TERMINAL EVANGELINA DE CARVALHO PASSIG
5
MERCADÃO CENTRAL
6
UBDS CENTRAL - DR. JOÃO BAPTISTA QUARTIN
7
LOTE ESCOLHIDO
84
AVENIDA DO CAFÉ
AVENIDA BANDEIRANTES
RCA
A
NID
AVE
RIA PAT
N Mapa 8: Mapa Fluxo Viário. Fonte: Autora, 2021.
85
0
50
100
200
4.13 FLUXO VIÁRIO Em relação ao fluxo dos automóveis, notamos que grande parte da área de estudo apresenta fluxo moderado, incluindo a Avenida do Café onde se localiza o lote. As vias locais variam entre fluxo leve e moderado, não havendo nenhuma com fluxo alto. Os fluxos foram baseados na ferramenta visualização de trânsito do Google Maps, no horário de maior movimento das 18h30 de uma Segunda-Feira. Pelo fato de estarmos vivendo uma pandemia no ano de 2021, o fluxo atualmente é moderado na avenida do lote escolhido. Porém, em situações normais, o fluxo é alto, havendo então um movimento considerável de pessoas que possam vir a ter interesse de participar das feiras e workshops promovidos pelo centro.
FLUXO LEVE FLUXO MODERADO FLUXO ALTO LOTE ESCOLHIDO
86
AVENIDA DO CAFÉ
AVENIDA BANDEIRANTES
RCA
A
NID
AVE
RIA PAT
N Mapa 9: Mapa Mobilidade Urbana. Fonte: Autora, 2021.
87
0
50
100
200
4.14 MOBILIDADE URBANA A mobilidade referente ao lote é de fácil acesso, havendo ao todo 8 linhas que chegam nos pontos de ônibus muito próximos do mesmo. De acordo com o site Ritmo de Ribeirão Preto, as linhas estão indicadas pela tabela 2 abaixo. Outro fator considerado foi a proximidade do lote à Rodoviária de Ribeirão Preto, fator que facilita o acesso ao terreno. Das 8 linhas próxima ao terreno, 4 delas fazem trajeto direto com a rodoviária.
CÓDIGO DA LINHA
NOME DA LINHA
E/N 437
Castelo Branco - Vila Amélia
N 207
Hospital das Clínicas
N 307
USP / HC
N 707
Jardim Recreio / Itaú
O 407
Jardim Paulo Gomes
Q7
Noturno Oeste
U 399
Circular 3
U 499
Circular 4
Tabela 2: Linhas de Ônibus. Fonte: Ritmo, adaptado pela Autora, 2021.
PONTO DE ÔNIBUS
RODOVIÁRIA LOTE ESCOLHIDO
88
5
"Somos parte do todo, somos um pouco de tudo, como inteiros e pedaços; e juntos, como um só. Somos também, os resultados do antes, inventores do agora, e sonhadores do amanhã". Gisele M. Santana
PROJETO
5.1
Conceito
‘‘INCLUIR NÃO É PEDIR QUE EU ME ADAPTE, É ACEITAR-ME COMO SOU.’’ (autor desconhecido)
Assim como citado ao longo da Fundamentação
formação da identidade, sendo este um dos conceitos
Teórica, as instituições de acolhimento não tem como foco
aplicados neste projeto, ajudando a definir seus próprios
o desenvolvimento psicológico e profissional dos jovens. O
valores e a decidirem o que desejam para sua vida.
papel dos abrigos institucionais se limita ao atendimento
Outro conceito utilizado é o de inclusão, reforçando
básico, carecendo do preparo e orientações necessárias
a importância de haver conexões entre os jovens do
para enfrentar a realidade.
centro e de socializar com pessoas de fora. Assim, estes
A desinstitucionalização não trata apenas do
indivíduos se sentem representados por grupos
desligamento desses indivíduos, mas sim do processo ao
vulneráveis como eles e, ao mesmo tempo, são ouvidos
qual eles se deparam ao saírem da instituição. Trata-se de
pela sociedade, aprendendo a conviver com outras
adquirir autonomia (financeira e emocional) e buscar
realidades.
suporte para construir sua própria vida. O momento de transição de jovens nesta situação
contato do indivíduo com ele mesmo e com o ambiente,
gera muitos conflitos internos, em grande parte por
enfatizando a importância das práticas em grupo como
conhecerem pouco sobre si, sobre suas habilidades e seus
forma de auxiliar no autoconhecimento, estruturando
interesses. É por esta razão que se torna tão importante a
novas percepções.
IDENTIDADE
91
Assim como na Gestalt-terapia, o projeto aborda o
INCLUSÃO
5.2
Partido
A arquitetura tem papel fundamental, podendo
VEGETAÇÃO
contribuir positivamente para uma conexão entre o indivíduo e o ambiente construído, além de permitir uma melhor leitura das suas necessidades individuais e coletivas dentro de um espaço integrado. Os ambientes de aprendizado e criação desenvolvem o indivíduo, permitindo que experimentem espaços, materiais, memórias e sensações. Para alcançar o primeiro conceito apresentado, destaca-se a conexão com a vegetação como uma condicionante importante do projeto, favorecendo o local com condições climáticas agradáveis e provocando uma sensação de liberdade aos jovens, contribuindo de forma significativa para o bem-estar deles. Além da influência na saúde mental, a vegetação estará presente nas interações sociais. Esta conexão será feita através de blocos
BLOCOS PERMEÁVEIS
GRANDES ABERTURAS
permeáveis onde os setores serão conectados por meio de áreas verdes. A construção contará também com grandes aberturas, proporcionando visibilidade tanto para a vegetação existente quanto para o paisagismo implantado no projeto, estimulando a criatividade e incentivando com isso o auto-conhecimento. Haverá a possibilidade dos jovens estarem sozinhos ou em grupos,
FÁCIL FLUXO
LIVRE EXPRESSÃO
respeitando o momento de cada um, porém lembrando da importância de construir relações. Estes espaços também irão atender o conceito de inclusão, possibilitando trocas de experiências tanto entre os jovens quanto com o público de fora que tenha algo para compartilhar ou agregar. Para facilitar a integração serão priorizados corredores externos e a circulação horizontal, facilitando os acessos e o fluxo do centro.
92
5.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES O programa de necessidades do centro república foi
Já o setor social/educacional contará com todos os
desenvolvido respeitando as orientações técnicas
espaços necessários para uma boa convivência e para
apresentadas no quadro 3, onde contém ambientes
exercer atividades diversas, incluindo os estudos. Dentre
obrigatórios que devem ser seguidos. São eles: área de
estes ambientes estão o refeitório, praça, quadra
serviço, cozinha, dormitórios, sanitários e sala de estar. Os
poliesportiva, sala de estudos/informática, sala multiuso,
demais ambientes foram incluídos para atender a
sala de música e dança, biblioteca, sala de palestras e um
proposta do projeto, sendo todos divididos por setores.
terraço.
Os primeiros setores são o administrativo e de
Este centro atenderá até 20 jovens em situação de
serviço, responsáveis por manter a organização e
pós acolhimento institucional durante 3 anos de
funcionamento do centro.
passagem, dos 18 aos 21 anos. Para isso, haverão os
O setor íntimo possuirá os dormitórios femininos e
coordenador e 2 profissionais de equipe técnica 24 horas.
masculinos, sanitários e sala de estar.
ADMINISTRATIVO 112,14 m²
SERVIÇO 231,94 m²
ÍNTIMO 235,50 m²
SOCIAL / EDUCACIONAL 1.276,75 m²
USUÁRIOS
EQUIPE
20 jovens
1 coordenador 2 profissionais técnicos
TEMPO DE PERMANÊNCIA 3 anos 93
profissionais exigidos pelas orientações, sendo 1
QUANTIDADE
ÁREA
ÁREA TOTAL
Recepção
1
30,75 m²
30,75 m²
Administração
1
27 m²
27 m²
Almoxarifado
1
9 m²
9 m²
Sala Psicóloga
1
18 m²
18 m²
Sanitários
3
3,13 m²
9,39 m²
Copa
1
18 m²
18 m²
Área de serviço
1
11,76 m²
11,76 m²
D.M.L
1
2,90 m²
2,90 m²
Cozinha
1
30,10 m²
30,10 m²
Despensa
1
15,75 m²
15,75 m²
Vestiários
2
13,70 m²
27,40 m²
Depósito de Lixo
1
5,93 m²
5,93 m²
G.L.P
1
4,30 m²
4,30 m²
Estacionamento
1
100 m²
100 m²
Dormitórios funcionários
2
16,90 m²
33,80 m²
10
15,75 m²
157,50 m²
Sanitários
4
16,80 m² (2) e 7,20 m² (2)
48 m²
Sala de estar
2
30 m²
30 m²
Refeitório
1
49 m²
49 m²
Praça
1
383,85 m²
383,85 m²
Quadra Poliesportiva
1
165 m²
165 m²
Vestiários
3
11,56 m² (2) e 7,65 m² (1)
30,77 m²
Sala de Estudos / Informática
1
56 m²
56 m²
Sala Multiuso
2
56 m²
112 m²
Sala de música e dança
2
42,15 m²
84,30 m²
Biblioteca
1
28 m²
28 m²
Sala de Palestras
1
46,20 m²
46,20 m²
Sanitários
6
5,36 m²
32,16 m²
Estacionamento
1
145 m²
145 m²
Terraço
1
144,47 m²
144,47 m²
AMBIENTE
Dormitórios
Tabela 3: Programa de Necessidades. Fonte: Autora, 2021.
94
5.4 DIAGRAMA GERAL A partir do programa de necessidades foi produzido o organograma geral, com os setores propostos, e posteriormente o organograma interno, com os ambientes de cada setor. O organograma demonstra a dimensão física através de tamanhos variados para suas caixas de texto, representando a metragem quadrada daquele determinado setor ou ambiente. Também foram adotadas as mesmas cores utilizadas no programa de necessidades, para fácil visualização.
SOCIAL / EDUCACIONAL
SERVIÇO
ÍNTIMO
PRAÇA
Figura 53: Diagrama. Fonte: Autora, 2021.
95
ACESSO PRINCIPAL
ADMINIST.
ACESSO SERVIÇO
5.5 FLUXOGRAMA GERAL O objetivo do fluxograma é compreender o fluxo dos ambientes, notando-se a existência de três deles: acesso jovens, acesso funcionários e acesso visitantes. A maioria dos ambientes possuem acesso tanto para os jovens quanto para os funcionários, sendo o acesso dos visitantes um pouco mais restrito. Foram adotadas duas entradas, a primeira sendo a entrada principal com acesso direto a uma praça e a segunda de serviço com acesso direto ao estacionamento dos funcionários.
ACESSO JOVENS ACESSO FUNCIONÁRIOS ACESSO VISITANTES
ÍNTIMO
Figura 54: Fluxograma. Fonte: Autora, 2021.
SOCIAL / EDUCACIONAL
SERVIÇO
PRAÇA
ADMINIST.
ACESSO PRINCIPAL
ACESSO SERVIÇO 96
5.6 ORGANOGRAMA INTERNO
TERRAÇO SALAS DE MÚSICA E DANÇA
SANITÁRIOS
REFEITÓRIO QUADRA POLIESPORTIVA SANIT.
DORMITÓRIOS SALA MULTIUSO
SALA DE ESTUDOS/ INFORMÁTICA PRAÇA BIBLIOTECA
SALA DE PALESTRAS
SALA DE ESTAR
Figura 55: Organograma Interno. Fonte: Autora, 2021.
97
ACESSO PRINCIPAL
COZINHA
ÁREA DE SERVIÇO
DEP. LIXO
G.L.P
D.M.L
DESP.
VESTIÁRIOS
ESTACIONAMENTO
DORMIT. FUNCION.
COPA
ALMOX.
SALA PSICÓLOGA
ADM.
RECEPÇÃO
SANIT.
ACESSO SERVIÇO
ADMINISTRATIVO ESTACIONAMENTO
SERVIÇO ÍNTIMO SOCIAL / EDUCACIONAL 98
5.7 FLUXOGRAMA INTERNO TERRAÇO
ACESSO JOVENS ACESSO FUNCIONÁRIOS ACESSO VISITANTES
SANITÁRIOS SALAS DE MÚSICA E DANÇA
REFEITÓRIO
SANITÁRIOS
QUADRA POLIESPORTIVA
SALA MULTIUSO
SALA DE ESTUDOS/ INFORMÁTICA DORMITÓRIOS BIBLIOTECA
SALA DE ESTAR
Figura 56: Fluxograma Interno. Fonte: Autora, 2021.
99
PRAÇA
ACESSO PRINCIPAL
SALA DE PALESTRAS
ESTACIONAMENTO
COZINHA
ÁREA DE SERVIÇO
DESPENSA
D.M.L
DEPÓSITO DE LIXO
G.L.P
VESTIÁRIOS
DORMITÓRIOS FUNCIONÁRIOS
ESTACIONAMENTO
COPA
ALMOXARIFADO
SALA PSICÓLOGA
ADMINISTRAÇÃO
RECEPÇÃO
SANITÁRIOS
ACESSO SERVIÇO 100
5.8 PLANO DE MASSAS O plano de massas foi criado a partir do conceito,
deverá ser feito através de uma praça central que servirá
partido, organograma, fluxograma e também das
de distribuição de fluxos, porém se caracterizando
condicionantes de projeto como: orientação solar,
também como elemento inclusivo assim como
topografia, recuos, vegetação existente, entorno, dentre
representado pelas setas de mão dupla na figura 54. Ao
outros fatores.
saírem da praça em direção aos setores, as setas indicam
Inicialmente foi pensada na distribuição de cada
a distribuição, e ao voltarem indicam a inclusão.
setor, sendo eles: administrativo, serviço, íntimo e social/educacional. Sendo assim, o acesso principal
S L
O N
VENTOS PREDOMINANTES
Figura 57: Croqui Plano de Massas. Fonte: Autora, 2021.
101
O setor administrativo deverá estar próximo à
Sobre o setor social/educacional, foi priorizada a
entrada, sendo um setor importante para os visitantes que
visão tanto para a vegetação existente quanto para a
precisarem de alguma informação sobre o centro. Por
praça, pretendendo com isso estimular a criatividade dos
outro lado, o serviço não necessita de grande visibilidade,
jovens e gerar uma sensação de bem-estar. É o setor mais
podendo estar mais ao fundo do lote e com acesso próprio
visível ao entrar no centro, sendo o principal por englobar
para este respectivo setor.
todas as atividades e poder ser utilizado pelos visitantes
Assim como mostrado na figura 54, o bloco do setor
também.
íntimo foi pensado de modo que estivesse voltado para o
Definida a distribuição dos setores no terreno,
sol da manhã, sendo esta a melhor orientação para os
foram pensados nos blocos para cada setor, estaciona-
quartos.
mentos e nos acessos ao lote, além dos recuos necessários para implantação do projeto.
7 6 5
DESCE
4 3 2 1
0 AVENIDA DO CAFÉ
ACESSO PRINCIPAL
ACESSO SERVIÇO S
VENTOS PREDOMINANTES
Figura 58: Croqui Plano de Massas. Fonte: Autora, 2021.
L
O N
N 102
5.9 VOLUMETRIA
VOLUME ÚNICO ABRIGANDO TODOS OS SETORES DO EDIFÍCIO
VOLU M
E SÓ
Desde o início a volumetria foi pensada em blocos permeáveis para que pudessem se
LIDO
conectar por meio de áreas verdes. A partir disso, houve a ideia de separar os blocos de acordo com seus setores.
PRAÇ A
Inicialmente o setor íntimo era representado por apenas um bloco, sendo separado em dois logo em seguida pelo fato das unidade masculinas e femininas precisarem ser separadas.
DIVISÃO
SETORES SEPARADOS EM BLOCOS, UNINDO
Sobre os outros três setores, em um dos
APENAS O SETOR ADMINISTRATIVO COM O
estudos o administrativo e o serviço eram
DE SERVIÇO
representados juntos. Esta ideia ocorreu por serem departamentos de funcionamento e manutenção do centro, porém traria problemas quanto a distância da cozinha até o refeitório. Ao chegar no estudo volumétrico final, foram propostos que os blocos do setor
TI
ÍN
SOCIA
MO
L / ED UC .
IÇO V R
PRAÇ A
social/educacional e o de serviço se unissem.
SE .
Isto facilitou na questão prática da cozinha ao
M AD
refeitório e também permitiu o uso dessa cozinha pelos próprios jovens acolhidos, já que
SETOR ÍNTIMO DIVIDIDO EM 2 BLOCOS
há a intenção de oferecer cursos básicos de
(BLOCOS MASCULINO E FEMININO) + SETOR
DIVISÃO
afazeres domésticos.
ADMINISTRATIVO SEPARADO DO SETOR DE
Além disso, o bloco social/educacional foi
SERVIÇO
o único volume com circulação vertical, possibilitando um segundo andar para uso dos
O
internos e também um terraço com uma visão
IM NT
Í
mais ampla para a área verde existente atrás do lote. Esta verticalização contribuiu também para que o bloco social não ficasse muito comprido, o que afastaria muito os blocos do íntimo.
103
Í
I NT
MO
SOCI A
L / ED
UC. SE
IÇO V R
PRAÇ A M. D A
CONEXÃO DO SETOR DE SERVIÇO COM O SOCIAL/EDUCACIONAL + DIVISÃO DO SETOR SOCIAL/EDUCACIONAL COM SOBREPOSIÇÃO DE SUAS DUAS PARTES
O M TI
ÍN O M I T
ÍN
SOCI
AL / E DUC
.
PRAÇ A
SE
O Ç I RV
. M AD
CONEXÃO; DIVISÃO + SOBREPOSIÇÃO
Com isso, também foram definidas as áreas de uso público, semi-público e privado. A praça será um local de uso público, porém com horário de funcionamento que será de quarta, sexta e sábado das 9h às 15h. O bloco social/educacional também será aberto à público nos horários determinados para que hajam atividades afim de estabelecer inclusão entra os jovens e pessoas de fora.
O
IM T N Í ÍN
O TIM
SOCI AL / E D
UC.
PRAÇ A . M AD
IÇO V R SE
ÁREAS PÚBLICAS ÁREAS SEMI-PÚBLICAS ÁREAS PRIVADAS
Figura 59: Perspectivas Volumétricas. Fonte: Autora, 2021.
104
5.10 EVOLUÇÃO DA COBERTURA (praça) Inicialmente foi pensado em um caminho com
Com isso, houve a intenção de abrir o caminho em
apenas alguns pontos cobertos (1). Porém, ao longo do
alguns pontos (3) e gerar áreas de permanência, e não
projeto, observou-se a necessidade de ter uma cobertura
apenas de passagem.
mais abrangente que ligasse ao três blocos.
Por fim, a cobertura definida (figura 61) trouxe
Apesar da segunda ideia (2) cobrir praticamente
formas que conversassem com o projeto e transmitissem
todo o caminho e ter acesso à todos os blocos, era muito
a sensação de “cheios e vazios“ e a “parte do todo“, assim
rígida.
como explicado no apêndice deste caderno.
1
2 3
Figura 60: Estudos Cobertura. Fonte: Autora, 2021.
105
Figura 61: Cobertura definida. Fonte: Autora, 2021.
106
5.11 MEMORIAL DESCRITIVO
ESQUADRIAS
ESTRUTURA
FECHAMENTO
COBERTURAS
PISOS INTERNOS
PISOS EXTERNOS
SÍMBOLO
107
IDENTIFICAÇÃO
MATERIAL
DESCRIÇÃO
Madeyra Vecchia
Concreto e mistura de agregados
maior durabilidade, fácil manutenção, antiderrapante e certificado com ISO 14001 (sustentável)
Piso emborrachado
Aglomerado de grãos de borracha de pneu reciclado
fácil execução e manutenção, ecológico, antiderrapante, drenante, resistente, atóxico e antichama
Piso vinílico
P.V.C
fácil execução e manutenção, maior sensação de conforto e isolamento acústico
Porcelanato acetinado
Porcelanato
resistente, fácil manutenção, maior durabilidade e menos escorregadio
Fibra de Vidro
Resina, fibra de vidro e véu de poliéster
econômica, leve, resistente, fácil instalação e permite cores personalizada
Chapas metálicas com isolante em EPS
isolamento térmico e acústico, fácil instalação e leves
Telha termoacústica branca (sanduíche)
Alvenaria
Blocos cerâmicos (tijolos)
Laje de Concreto (15 cm)
Concreto
alto grau de resistência a trincas e fissuras
Laje Alveolar - piso superior (20 cm)
Concreto
menor volume de concreto, mais sustentável e proporciona grandes vãos livres
Pilares e vigas com perfil H
Aço Laminado
vence grandes vãos, canteiro de obras mais limpo e maior rapidez
Esquadrias metálicas
Alumínio
resistente e fácil manutenção
Brises metálicos com textura de madeira
Alumínio
maior privacidade e auxílio no conforto térmico
fácil execução e manutenção
Quadro 6: Materialidades. Fonte: Autora, 2021.
BRISES METÁLICOS COM TEXTURA DE MADEIRA
PISO MADEYRA VECCHIA
GUARDA-CORPO EM ALUMÍNIO TELHA TERMOACÚSTICA BRANCA (sanduíche) COM PLATIBANDA
PISO EMBORRACHADO
PAREDES EM ALVENARIA (externas 20 cm e internas 15 cm)
PILARES METÁLICOS assim como no restante do projeto EXTENSÃO DA CALÇADA PERGOLADO DE FIBRA DE VIDRO
Figura 62: Perspectiva Volumétrica com entorno. Fonte: Autora, 2021.
Assim como mostrado no quadro 6 ao lado e na
Para o fechamento do projeto foram utilizadas
figura 62 acima, foram definidas todas as materialidades
paredes de alvenaria, externas de 20 cm e internas de 15
necessárias para o projeto. Para os pisos externos,
cm. Quanto a estrutura, o material escolhido para as
foram escolhidos materiais drenantes e antiderrapantes
lajes do projeto é o concreto com espessura de 15 cm,
permitindo maior escoamento de água e maior segurança.
enquanto no piso do andar superior necessitará de uma
Já para os pisos internos, em todos os quartos e salas foi
laje alveolar com espessura de 20 cm. Os pilares e vigas
utilizado piso vinílico, e nas áreas molhadas porcelanato
são todos metálicos de perfil H.
acetinado.
Todas as esquadrias utilizadas são metálicas,
A cobertura escolhida para os blocos foi a telha
assim como os brises do bloco íntimo colocados para
sanduíche na cor branca devido suas características
maior conforto térmico e privacidade. Estes brises terão
termoacústicas, e para a praça optou-se por uma
textura de madeira.
estrutura metálica com módulos de fibra de vidro, permitindo variedade de cores. Cada módulo terá 3% de inclinação para escoamento de água. 108
5.12 MEMORIAL JUSTIFICATIVO PROPOSTA
O projeto do Centro República visa acolher jovens em situação de pós acolhimento institucional e oferecer atividades que auxiliem em sua formação, oferecendo suporte psicológico e profissional.
LOCALIZAÇÃO
Optou-se por localizá-lo na Avenida do Café, na cidade de Ribeirão Preto, tendo em vista o movimento da área para que os jovens tenham a oportunidade de conviver com pessoas distintas e com suas respectivas realidades. Na fachada foi colocada uma placa de identificação com o horário de funcionamento do Centro, onde é aberto ao público.
CONCEITO (identidade)
Notou-se grande importância em adotar o conceito de identidade, projetando ambientes que estimulem os jovens a se conhecerem e permitam a liberdade de expressão, como: oficinas, espaços para dança, música e áreas para atividades livres. Esta proposta mostra como o espaço físico propicia sensações aos indivíduos que o integram, contribuindo para a criação vínculos e para a construção de sua própria personalidade. Para contribuir com a expressividade e o bem-estar, foram utilizadas grandes aberturas que permitem a visão para toda a vegetação proposta, aumentando a sensação de liberdade e estimulando a criatividade.
CONCEITO (inclusão)
Já para o conceito de inclusão foram criados espaços para trocas de experiências tanto entre os jovens quanto com o público de fora. A praça atende este conceito através de áreas de convivência e pontos de encontro, além de distribuir os fluxos para os demais blocos do edifício facilitando a circulação. Há também locais que oferecem palestras, workshops, rodas de conversa e feiras livres, onde os usuários podem expor os trabalhos feitos nas oficinas ou até mesmo vender os produtos plantados
109
em sua própria horta como forma de adquirir uma renda.
PARTIDO
Os setores foram dispostos por blocos separados de maneira que tenham áreas verdes permeando entre si. Seus acessos podem ser feitos por meio de corredores externos, facilitando o fluxo e a integração visual com o exterior.
IMPLANTAÇÃO
O bloco administrativo se localiza à frente dos demais para melhor visibilidade dos visitantes, enquanto o serviço é mais restrito e menos visível. O bloco do íntimo está voltado para o sentido leste do terreno devido a orientação solar pertinente para os quartos. A implantação do bloco social/educacional acompanha a extensão horizontal do terreno de modo a permitir visibilidade para ambas as áreas verdes: a existente ao fundo do lote e a praça. A arquitetura do centro busca mostrar como uma instituição pode se transformar em um espaço afetivo e inserir estes jovens na sociedade, permitindo que entendam suas necessidades individuais e coletivas dentro de um espaço integrado.
SUSTENTABILIDADE
Para este Centro foram propostas soluções mais sustentáveis de modo a criar menor impacto no meio ambiente. Os pisos externos são ecológicos e drenantes, auxiliando no escoamento de água e aumentando a taxa de permeabilidade que consta em 85%, assim como mostrado mais a frente. Para o piso da praça, foi escolhido um material onde a água utilizada na produção tem 100% de reuso e os produtos são biodegradáveis. Já nos caminhos, o piso é feito de componentes reciclados como o pneu. Os blocos são permeáveis e priorizam a ventilação e iluminação natural. Além de proporcionar maior contato com a vegetação, as grandes aberturas também auxiliam na economia de energia. 110
5.13 TABELA DE VEGETAÇÃO As escolhas paisagísticas do projeto incluem plantas
A cobertura da praça possui uma árvore saindo de
de pequeno e médio porte para complementação dos
seu centro, assim como no terraço do pavimento superior,
blocos e caminhos, além da utilização de árvores
tornando o paisagismo mais interativo .
proporcionando um microclima mais agradável. Foi feita
Próximo à Área de Preservação Permanente (APP),
uma harmonia entre o uso de plantas com cores e cheiros
foram escolhidas árvores frutíferas criando um pomar,
diferentes juntamente com espelhos d’ água.
com o intuito de gerar um lazer também contemplativo.
SÍMBOLO
111
IMAGEM
LUMINOSIDADE
NOME CIENTÍFICO
NOME POPULAR
ALTURA MÉDIA
Axonopus compressus
Grama São-Carlos
Menos de 15 cm
Meia sombra / sol pleno
Ophiopogon jaburan
Barba-de-Serpente
0.3 a 0.4 metros
Meia sombra / sol pleno
Alpinia purpurata
Alpínia
1.2 a 1.8 metros
Meia sombra / sol pleno
Leucophyllum frutescens
Folha-de-Prata
1.2 a 1.8 metros
Sol pleno
Cordyline terminalis
Dracena-vermelha
1.2 a 1.8 metros
Meia sombra / sol pleno
Dracaena fragrans
Dracena
1.8 a 2.4 metros
Meia sombra / sol pleno
Plumeria pudica
Jasmin-do-Caribe
2.0 a 3.0 metros
Sol pleno
Tabebuia roseo-alba
Ipê-branco
6.0 a 9.0 metros
Sol pleno
Anacardium occidentale
Cajueiro
9.0 a 12.0 metros
Sol pleno
Mangifera indica
Mangueira
acima de 12.0 metros
Sol pleno
Myrciaria cauliflora
Jabuticabeira
4.7 a 6.0 metros
Sol pleno
Averrhoa carambola
Carambola
6.0 a 9.0 metros
Meia sombra / sol pleno
Morus nigra
Amoreira
4.7 a 6.0 metros
Sol pleno
Psidium guajava
Goiabeira
6.0 a 9.0 metros
Sol pleno
Eugenia uniflora
Pitangueira
4.7 a 6.0 metros
Sol pleno
Citrus sinensis
Laranjeira
6.0 a 9.0 metros
Sol pleno
Malpighia emarginata
Aceroleira
4.7 a 6.0 metros
Sol pleno
Prunus persica
Pessegueiro
4.7 a 6.0 metros
Sol pleno
Citrus limon
Limoeiro
3.0 a 3.6 metros
Sol pleno
Malus pumila
Macieira
5.0 a 7.5 metros
Sol pleno
Filicium decipiens
Árvore-Samambaia
4.7 a 6.0 metros
Sol pleno
Licuala grandis
Palmeira-leque
2.4 a 3.0 metros
Meia sombra / sol pleno
Tabela 4: Tabela de vegetação. Fonte: Autora, 2021.
112
5.14 TABELA DE ILUMINAÇÃO EXTERNA SÍMBOLO
IMAGEM
ITEM
QNTDE.
AMBIENTE
TEMPERATURA
ALIMENTAÇÃO
Quente (3.000k)
110 / 220 V
Fachada, Embutido de solo 7w
53
estacionamentos, mirante e rampas
Espeto de jardim 18w
Arandela externa de efeito 3w
Poste balizador 2,5w
Spot LED redondo de sobrepor 3w
Spot LED redondo de embutir 3w
Refletor holofote
7
Árvores praça
Quente (3.000k)
110 / 220 V
18
Paredes Externas
Quente (3.000k)
110 / 220 V
78
Caminhos
Quente (2.700k)
110 / 220 V
Quente (2.700k)
110 / 220 V
51
pilares em V (feiras)
12
Cobertura da Praça
Quente (2.700k)
110 / 220 V
4
Quadra Poliesportiva
Frio (6.500k)
110 / 220 V
12
Mesas Externas
Quente (3.000k)
110 / 220 V
microLED Slim 100 w
Fita de LED 12w
Beirais e
Tabela 5: Tabela de iluminação. Fonte: Autora, 2021.
113
N ESC.: 1:400
114
TODO O PROJETO TÉCNICO SE ENCONTRA DISPONÍVEL NAS ABAS POSTERIORES DESTE CADERNO
INFORMAÇÕES: RECUOS Frontal: 6,50 metros Lateral esquerda: 3,55 metros Lateral direita: 10,10 metros Fundo: 75 metros Taxa de ocupação: 20 % Taxa de Permeabilidade: 85 % Gabarito: máximo 7,50 metros
ELEVAÇÃO HUMANIZADA ESC.: 1:450
115
0
8 7 6 5 4 3 2 1
S L
O N
VENTOS PREDOMINANTES
1
N 50
2
3
4
5
6
7
8
9
10
CALÇADA
100
116 AVENIDA DO CAFÉ
LAZER CONTEMPLATIVO
5.16 SETORIZAÇÃO E FLUXOS LEGENDA ADMINISTRATIVO SERVIÇO ÍNTIMO SOCIAL / EDUCACIONAL CIRCULAÇÃO VERTICAL ACESSO PRINCIPAL ACESSO SERVIÇO CIRCULAÇÃO EXTERNA
BLOCOS
CIRCULAÇÃO INTERNA
ACESSO PRINCIPAL
117
ACESSO DE SERVIÇO
N
ESC.: 1:600
TÉRREO
N
ESC.: 1:400
SUPERIOR 118
5.17 DETALHAMENTOS Pilares - perfil H
viga
revestimento 1,5 cm alvenaria pilar
pilar 20 x 20 cm
ESC.: 1:10
ESC.: 1:10
Brises verticais móveis perfil metálico bucha de PVC bucha de PVC anel de PVC tampa sem orelha
ESC.: 1:10
eixo de rotação r = 15 cm tampa com orelha brises verticais metálicos 10 x 30 cm parafuso com porca de segurança
bucha de PVC
perfil metálico
ESC.: 1:20 119
Parede Cortina
montante vertical 8 x 18 cm
pilar 20 x 20 cm
porta de correr 2 folhas
ESC.: 1:40
pilar 20 x 20 cm painel em ACM
viga
1,50 0,80
3,20
0,50 0,30
janela maxim-ar
0,20
1,00
ESC.: 1:40
1,15
3,60 vidro temperado
1,15
1,00 0,20
porta de correr 2 folhas
120
Pilares em X
Pilares em V
ESC.: 1:10
ESC.: 1:10
2 pilares metálicos 10 x 10 cm
4 pilares metálicos 5 x 5 cm
base em concreto 20 x 75 cm
ESC.: 1:20 121
base em concreto 20 x 35 cm
ESC.: 1:20
Módulos (cobertura da praça) fibra de vidro i = 3% camada de resina véu de proteção camada de fibra camada de resina
ESC.: 1:25
ESC.: 1:25
0,80
1,60
0,80
Portas - quartos trilho em alumínio
vidro temperado
2,50
veneziana em alumínio
perfis em alumínio espessura = 3 cm
puxadores h = 1,00 m
ESC.: 1:25 122
Mobiliários Praça: mesa + banco banco
mesa
0,80 0,40 0,80
4,00
4,00
banco
ESC.: 1:50
0,80 0,40 0,80
ESC.: 1:30
mesa
Praça: banco
0,45
1,00
3,00
ESC.: 1:50
123
ESC.: 1:30
Sala Multiuso: mesa 0,75
20 , 1
1,90
1,30
1,30
ESC.: 1:30
ESC.: 1:50
Feira: 2 expositores cada apoio h = 1,00 m
abertura
0
3,0
apoio h = 1,00 m
ESC.: 1:30
1,00
abertura
ESC.: 1:30 124
Tabela de Esquadrias Janelas
125
Portas
126
ENTRADA PRINCIPAL
5.18 IMAGENS 3D
ENTRADA PRINCIPAL
Figura 63: Entrada Principal. Fonte: Autora, 2021.
Figura 64: Entrada Principal. Fonte: Autora, 2021.
127
PRAÇA PRAÇA
Figura 65: Praça. Fonte: Autora, 2021.
Figura 66: Praça. Fonte: Autora, 2021.
128
PRAÇA
5.18 IMAGENS 3D
QUADRA POLIESPORTIVA
Figura 67: Praça. Fonte: Autora, 2021.
Figura 68: Quadra Poliesportiva. Fonte: Autora, 2021.
129
BLOCO ÍNTIMO BLOCO ÍNTIMO
Figura 69: Bloco Íntimo. Fonte: Autora, 2021.
Figura 70: Bloco Íntimo. Fonte: Autora, 2021.
130
BLOCO ÍNTIMO
5.18 IMAGENS 3D
SALA
Figura 71: Bloco Íntimo. Fonte: Autora, 2021.
Figura 72: Sala. Fonte: Autora, 2021.
131
QUARTO QUARTO
Figura 73: Quarto. Fonte: Autora, 2021.
Figura 74: Quarto. Fonte: Autora, 2021.
132
RECEPÇÃO
5.18 IMAGENS 3D
ADMINISTRAÇÃO
Figura 75: Recepção. Fonte: Autora, 2021.
Figura 76: Administração. Fonte: Autora, 2021.
133
BLOCO SOCIAL BLOCO SOCIAL
Figura 77: Bloco Social. Fonte: Autora, 2021.
Figura 78: Bloco Social. Fonte: Autora, 2021.
134
BLOCO SOCIAL
5.18 IMAGENS 3D
COZINHA
Figura 79: Bloco Social. Fonte: Autora, 2021.
Figura 80: Cozinha. Fonte: Autora, 2021.
135
SALA MULTIUSO SALA MULTIUSO
Figura 81: Sala Multiuso. Fonte: Autora, 2021.
Figura 82: Sala Multiuso. Fonte: Autora, 2021.
136
SALA MULTIUSO
5.18 IMAGENS 3D
SALA DE ESTUDOS / INFORMÁTICA
Figura 83: Sala Multiuso. Fonte: Autora, 2021.
Figura 84: Sala de Estudos/Informática. Fonte: Autora, 2021.
137
SALA DE MÚSICA E DANÇA TERRAÇO
Figura 85: Sala de Música e Dança. Fonte: Autora, 2021.
Figura 86: Terraço. Fonte: Autora, 2021.
138
MIRANTE
5.18 IMAGENS 3D
MIRANTE
Figura 87: Mirante. Fonte: Autora, 2021.
Figura 88: Mirante. Fonte: Autora, 2021.
139
ÁREA DE LAZER CONTEMPLATIVO ÁREA DE LAZER CONTEMPLATIVO
Figura 89: Área de lazer contemplativo. Fonte: Autora, 2021.
Figura 90: Área de lazer contemplativo. Fonte: Autora, 2021.
140
141
5.19 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O tema abordado neste trabalho contribuiu para a compreensão da importância de amparar os jovens em situação de pós acolhimento institucional. Apesar de existirem alguns direitos garantidos à eles, com as transformações físicas e psicológicas há muitos desafios a serem enfrentados na transição para a vida adulta. O jovem é o futuro da nossa sociedade, mas para isso é preciso ouvir suas vozes e apoiá-los. A arquitetura do Centro República apresentado buscou promover espaços afetivos e propiciar sensações e dinâmicas, influenciando positivamente no comportamento dos jovens. Embora seja uma unidade institucional, foi projetada para agregar experiências e habilidades na vida dos indivíduos ali inseridos, podendo transformá-los através do desenvolvimento de suas personalidades e criação de valores. Diante de todo o estudo teórico realizado para a criação do projeto, entende-se a relevância de atividades que estimulem a liberdade de expressão e a integração. Há também a necessidade do diálogo como forma de fortalecer o suporte psicológico e auxiliar no direcionamento para a vida profissional, inserindo esses jovens em locais que ofereçam cursos técnicos para que possam se aprimorar. Este trabalho não esgota o assunto, porém abriu dentro da comunidade acadêmica um espaço de discussão do tema e pode ser explorado em novos trabalhos.
Figura 91: Natureza. Fonte: Unsplash.
142
REFERÊNCIAS
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GLOSSÁRIO Casa-Lar: Acolhimento Institucional oferecido em unidades residenciais, nas quais pelo menos uma pessoa ou casal trabalha como educador/cuidador residente – em uma casa que não é a sua – prestando cuidados a um grupo de crianças e/ou adolescentes. Desligamento: É a conclusão do atendimento/acompanhamento da criança e do adolescente de acordo com critérios técnicos, que leva ao retorno à família de origem, colocação em família substituta ou encaminhamento a outro serviço de acolhimento que esse mostrar mais adequado apara as necessidades da criança/adolescente. ECA: Estatuto da Criança e do Adolescente Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS): Organiza a Assistência Social no país e responsabiliza o poder público a responder às necessidades das pessoas em situação de vulnerabilidade. Lei Nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. República de jovens: Acolhimento Institucional que visa a transição da vida institucional para a vida autônoma, quando atingida a maioridade, sem contar necessariamente com características de ambiente familiar. Moradia onde os jovens se organizam em grupo com vistas à autonomia. Sistema Único da Assistência Social (SUAS): O SUAS configura-se como o novo modelo de gestão e organização da política de assistência social na oferta de programas, projetos, serviços e benefícios, em todo o território nacional.
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ANEXOS
ANEXO 1 - Art. 26 do Decreto nº 17.943-A DE 12 DE OUTUBRO DE 1927: Art. 26. Consideram-se abandonados os menores de 18 annos: I. que não tenham habitação certa, nem meios de subsistencia, por serem seus paes fallecidos, desapparecidos ou desconhecidos ou por não terem tutor ou pessoa sob cuja, guarda vivam; II. que se encontrem eventualmente sem habitação certa, nem meios de subsistencia, devido a indigencia, enfermidade, ausencia ou prisão dos paes. tutor ou pessoa encarregada de sua guarda; III. que tenham pae, mãe ou tutor ou encarregado de sua guarda reconhecidamente impossibilitado ou incapaz de cumprir os seus deveres para, com o filho ou pupillo ou protegido; IV. que vivam em companhia de pae, mãe, tutor ou pessoa que se entregue á pratica de actos contrarios á moral e aos bons costumes; V. que se encontrem em estado habitual do vadiagem, mendicidade ou libertinagem; VI. que frequentem logares de jogo ou de moralidade duvidosa, ou andem na companhia de gente viciosa ou de má vida. VII. que, devido á crueldade, abuso de autoridade, negligencia ou exploração dos paes, tutor ou encarregado de sua guarda, sejam: a) victimas de máos tratos physicos habituaes ou castigos immoderados; b) privados habitualmente dos alimentos ou dos cuidados indispensaveis á saude; c) empregados em occupações prohibidas ou manifestamente contrarias á moral e aos bons costumes, ou que lhes ponham em risco a vida ou a saude; d) excitados habitualmente para a gatunice, mendicidade ou libertinagem; VIII. que tenham pae, mãe ou tutor, ou pessoa encarregada de sua guarda, condemnado por sentença irrecorrivel; a) a mais de dous annos de prisão por qualquer crime; b) a qualquer pena como co - autor, cumplice, encobridor ou receptador de crime commettido por filho, pupillo ou menor sob sua guarda, ou por crime contra estes (BRASIL, 1927).
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123
APÊNDICE
QUESTIONÁRIO Foi aplicado um questionário online para profissionais relacionados ao tema proposto, como psicólogas, assistentes sociais e funcionários de centros de acolhimento. Através disso pode-se compreender melhor a opinião dos mesmos quanto os jovens em situação de pós acolhimento institucional e às necessidades de cada um.
Você concorda que é necessário ter, em Ribeirão Preto, um Centro de acolhimento e encaminhamento para jovens que precisam se desligar do acolhimento institucional e adquirir autonomia?
Quais você acredita serem os problemas no desenvolvimento desses jovens?
Concordo parcialmente Concordo totalmente Discordo parcialmente Discordo totalmente
92,3 % 7,7 %
0
De 0 a 10, quanto você considera que os jovens em situação de acolhimento tem auxílio suficiente para adquirirem autonomia emocional e financeira?
5
10
15
Dentre os programas sociais existentes, você acredita que são eficazes e suficientes para que o jovem adquira fortalecimento profissional, acadêmico, financeiro e emocional?
4 Sim Sim, mas poderia ser melhor Não
3 2 76,9 % 1 23,1 % 0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
152
Caso haja um Centro para Jovens em Ribeirão Preto, é importante que ele esteja próximo a quais locais?
Sabemos que um ambiente bem planejado (proporcionando conforto, acolhimento, bem-estar, integração) pode influenciar positivamente no comportamento desses jovens. Com base nisso, quão importante você considera os ambientes abaixo na vivência dos acolhidos? Muito importante
Importante
Pouco importante
Sem importância
10
0
1
2
3
4
5
6
5
0 Quarto
Em um possível Centro para Jovens em Ribeirão Preto, seria importante promover atividades culturais além do acolhimento?
Sala
Refeitório
Área de Lazer
10 Sim Não 5 100 %
0 Área de Estudos
Se a resposta anterior for SIM, quais atividades você sugere?
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Área de Convivência
Espaço para workshops e feiras
Caso tenha mais alguma consideração sobre o tema, deixar no espaço abaixo:
Considerações Com base nos resultados do questionário nota-se
Já sobre o espaço arquitetônico, percebe-se uma
que todos estão de acordo quanto a necessidade de haver
maior relevância de ambientes como os quartos, refeitório,
um Centro República para jovens em situação de pós
área de lazer e área de estudos, porém também
acolhimento institucional. Em geral, a maioria concordou
considerando importante salas, área de convivência e
sobre a ausência de políticas públicas ser um dos maiores
espaço para workshops e feiras.
problemas no desenvolvimento destes jovens, assunto muito citado na fundamentação teórica. Os entrevistados consideram importante o centro
Para finalizar, os profissionais sugeriram atividades como música, dança, arte, esportes, entre outras, buscando promover integração e identificação.
estar próximo primeiramente de cursos técnicos públicos, além de praças/parques e UBDS, e em seguida da rodoviária.
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CÁLCULO CAIXA D’ÁGUA
População: 25 pessoas Consumo: 200L / pessoas / dia = 25 x 200 = 5.000L Bombeiro: 20% de 7.000L = 1.000L Previsão: 2 dias reserva
5.000L x 2 = 10.000L
+ bombeiro total
1.000L = 11.000L
Figura 92: Caixa d’água. Fonte: Google.
ESTUDO SOLAR - BRISES Bloco Íntimo setor íntimo buscando obter maior proteção solar nas fachadas, porém o
brises verticais móveis
lado oeste ainda receberia sol no verão das 14h30 Às 18h00 e no
varanda
Foram utilizadas varandas de 2 metros de largura no blocos do
inverno das 14h00 às 18h00. Por conta disso, foi necessário implementar brises metálicos verticais tanto para maior conforto térmico quanto para trazer maior privacidade aos quartos, já que estão voltados para a praça do Centro República. Os brises verticais serão móveis, podendo estar na angulação que
QUARTO
OESTE
os usuários dos quartos acharem necessário no momento. Para este estudo solar foi utilizado o ângulo de 10º, levando em consideração a insolação que a fachada oeste receberá mesmo havendo a varanda de 2 metros. Figura 93: Quarto bloco íntimo. Fonte: Autora, 2021.
155
OESTE (com varanda)
0,50
2,00
2,50
α = 53,75º
Figura 94: Estudo da varanda. Fonte: Autora, 2021. Figura 95: Carta Solar. Fonte: SO-LAR.
Verão: sol das 14h30 às 18h00 Inverno: sol das 14h00 às 18h00
OESTE (com varanda e brises verticais)
2,50
0,50
2,00
brises verticais β = 10º
Figura 97: Carta Solar. Fonte: SO-LAR. Figura 96: Estudo da varanda. Fonte: Autora, 2021.
Verão: protegido do sol o dia todo Inverno: protegido do sol o dia todo 156
Bloco Social / Educacional No bloco social/educacional, foram utilizados brises no pavimento superior onde não há varandas, tanto na face leste quanto na face norte. Na face leste, os brises são metálicos e móveis assim como no bloco íntimo, já que não bate sol o dia todo e a insolação predominante é no período da manhã. Apesar dos brises serem móveis, o cálculo foi feito com o ângulo de 10º considerando o período de maior insolação. Em contrapartida, na face norte os brises são de concreto e fixos, visando proteger da insolação do período da tarde. Foi decidido colocá-los no ângulo de 35º de modo que haja insolação apenas das 10h00 às 14h00, mantendo ainda uma integração visual com o exterior.
3,50
LESTE
brises verticais
HALL
SALA MULTIUSO
Figura 98: Sala e Hall bloco social. Fonte: Autora, 2021.
NORTE
Figura 99: Estudo da varanda. Fonte: Autora, 2021.
brises em concreto
brises verticais móveis LESTE Verão: protegido do sol a manhã toda Inverno: protegido do sol a manhã toda
NORTE Verão: protegido do sol o dia todo Inverno: sol das 10h00 às 14h00 Figura 100: Carta Solar. Fonte: SO-LAR.
157
Figura 101: Carta Solar. Fonte: SO-LAR.
DESENVOLVIMENTO DA COBETURA (praça) Para desenvolver a cobertura da praça, foi escolhido um formato quadrado por ser versátil, partindo do princípio de que individualmente ele representa uma forma, e em conjunto pode representar outras. Além disso, ao ser virado em 45º pode ser compreendido
4 quadrados 2,50 x 2,50 m
como um losango, mostrando que há mais de uma interpretação da mesma forma. Assim como mostrado ao lado, o quadrado foi sendo trabalhado até chegar aos módulos finais. Foi criada então uma grelha de 2,80 x 2,80 m para distribuí-los, intercalando entre cheios e vazios. Alguns módulos ficaram vazados e outros foram feitos com fibra de vidro transparente e também de cores laranja e azul. Toda a estrutura entre os módulos é metálica.
girei 45º
fibra de vidro (módulo 2)
estrutura metálica
vazios arredondei as pontas
fibra de vidro (módulo 1)
50
2,
2,
50
círculo r = 65 cm
2,
50
2,
50
módulo 1
módulo 2
excluí as pontas internas
Figura 102: Cobertura da praça. Fonte: Autora, 2021.
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CENTRO REPÚBLICA PARA JOVENS EM SITUAÇÃO DE PÓS ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL
AMANDA XIMENEZ 2021