Revista Lucimara 01

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Dias Brilhantes CecĂ­lia Lopes Carvalho



Cecília Lopes Carvalho

Dias Brilhantes

Ilustrações de Lucimara Lopes



Dedico esse livro a Pamela Que vive todas as aventuras comigo...



Sempre fui encantada por pétalas de flores, são tão macias, leves, coloridas e ainda por cima perfumadas, quando venta parecem borboletas... Tem coisa mais linda que borboletas voando?..................................................... Minha mãe sempre diz que eu vejo poesia em tudo, mas já minha irmã acha que sou lenta, que presto muita atenção nas coisas. É que ela não tem muita paciência e até quando falo alguma coisa, ela pede para eu dizer logo. Não sei... Sei que sou criança, só tenho seis anos. E posso lhe contar um segredo? Gosto de ser criança!


Quando deito em minha cama vejo duendes e fadas que sempre me chamam para voar e brincar, sempre acontece da mesma forma, ouço uma voz me chamar assim: - Ellisabet, Ellisabet... Sinto um cheiro gostoso, uma mistura de hortelã e lavanda, sei quem é. Respondo: - Esmeralda, é você? Então o meu quarto se enche com uma luz verde e brilhante, e lá vou eu... Fico muito mais leve e como espuma escorrendo e saindo do copo, vou para outro lugar...


Está quente e gostoso aqui, o céu é muito azul e o sol brilha como meu glitter dourado no potinho. Já estava com saudades desse lugar! O que será que me espera dessa vez? E a aventura começa! Esmeralda, a fadinha, alegre como sempre, vai voando com seu corpinho pequeno e suas asinhas ágeis, ela voa muito rápido. De repente, para, olha para trás e acena para eu ir com ela. Saio em disparada, e ela já está lá na frente, estou em desvantagem, pois sou maior, mais pesada e, afinal de contas não tenho asas!



Passo por corredores verdes e floridos, Esmeralda some. Chamo bem alto: - Esmeralda, onde está você? Brincando de pique- esconde comigo? - Demorou, - ela responde, - vem me achar! Olho em volta, meu Deus, estou perdida! É o labirinto do Duque, o duende brincalhão que adora charadas. Já estive aqui tantas vezes, mas sempre fico confusa com esses corredores enormes. Ando em frente e viro à esquerda, e lá está o Duque encostado na parede verde, morrendo de rir. Ele fala: - Perdida outra vez, Ellisabet? - Pois é, de novo Duque, sua casa é muito confusa,respondo. - Ele vem com a seguinte charada: - Minha amiga Ellisabet, aqui nada se repete!Abra os olhos com cuidado, a luz está sempre ao seu lado. Use sua mente, a saída está logo à frente!... Ele fala e some, entre os corredores floridos do labirinto.


“Use sua mente”, o que ele quis dizer com isso? “Calma”, falo para mim mesma, dou uma olhada e vejo uma luz azulada lá na frente. É isso, a saída! Lembrei-me. Enfim consigo sair do labirinto e encontro Esmeralda rindo, ela diz: - Que demora, Ellisabet, faz um tempão que estou aqui esperando. - A casa de seu amigo Duque é muito confusa e, se não fosse por ele, não teria saído desse labirinto. - Venha Ellisabet quero lhe mostrar uma coisa!


E lá vamos nós, sinto um vento gostoso em meu rosto e um perfume suave e delicado, logo à minha frente vejo um jardim todo florido e colorido. Muitas, centenas de borboletas que se confundem com as flores. - Chegamos! - Aqui Ellisabet,- fala Esmeralda, - é o “Berçário das Borboletas”, onde elas nascem. - Então, como na lenda, vi o vento unir quatro pétalas de rosas, depois as soprar, e com o seu encanto, elas saírem voando... E foram saindo borboletas, uma, duas, cinco, dezenas de borboletas coloridas: azuis, roxas, rosas, alaranjadas e amarelo-neon e como um arco- íris, iam colorindo aquele céu tão azul! Não sei quanto tempo se passou. Até que o vento parou de soprar e só se viam as flores.


É acho que minha fadinha não gosta muito de falar... tocou-me com suas asinhas e pediu que a seguisse. - “Lá vem outra surpresa”,pensei. Andei, andei por aqueles campos verdes e brilhantes, até que, em certo ponto, comecei a ouvir um barulho de água caindo, como de uma cachoeira, mas nada vi. Andei mais um pouco e ali estava uma pequena cachoeira, refrescando-se nela uma bela e grande ave de penas brancas de nuvem. A ave percebeu minha presença, acho que gostou de mim, pois chegou mais perto e encostou sua cabeça em meus braços. Nessa hora não senti medo algum, apenas a maciez de sua penas. Então a ave se abaixou como se pedisse para eu montar nela. E foi o que fiz! Ela então abriu suas grandes asas e, meu Deus, começou a voar!...Segurei bem firme em seu corpo e foi aí que ela subiu mais alto, fechei os olhos e senti um friozinho na barriga.


Quando tive coragem de abrir os olhos, vi as borboletas nascendo, o labirinto do Duque, a cachoeira, as montanhas azuis, as copas das árvores e tudo parecia tão pequeno. Vi também uma parede enorme toda coberta de plantas e, bem no meio dela, uma bela porta de madeira com trincos muito desenhados que me chamaram a atenção. Nunca tinha visto aquela bela porta antes . E fiquei imaginando o que tinha dentro dela... Quando me acostumei com o voo e perdi o medo, aproveitei a grande aventura! Pensei: que sorte a dos pássaros que não precisam andar, que veem tudo do alto, que estão sempre perto do céu! Fecho os olhos de novo, sinto o vento. Meu Deus, acho que quero gritar! A ave começou a descer e foi descendo... descendo..., até que pousa no chão.


Lá está minha fadinha, me aguardando no mesmo lugar, ao lado da cachoeira. Mais uma vez ela nada diz, apenas observa, enquanto eu a acaricio antes de ela sair voando com toda sua beleza. – Adeus, gritei bem alto para que ela pudesse me ouvir. Agora sei como é voar, queria pelo menos um pouco mais... Esmeralda senta-se em uma pedra no chão, sento-me em frente dela, passamos um tempo assim, até que me esqueço da aventura e pergunto: - O que tem atrás daquela porta de madeira que vi lá de cima? - E ela responde: - Logo descubrirá, Ellisabet. Ouço um barulho parecido com um roncado. “Nossa! É minha barriga, estou com fome”. Nesse instante tudo começou a mudar: Esmeralda desaparece, aquele belo lugar some, tudo desparece. Custo a entender que estou no meu quarto, no meu quarto de sempre... O que me fez voltar assim tão depressa? Fiquei parada, quieta, olhando tudo em volta. Saí do quarto e fui comer.


Muito tempo se passou, muita coisa aconteceu e Ellisabet, agora moça, tem estudado muito, muito mesmoera o vestibular, precisava ir para a universidade, decidiu ser médica. E Esmeralda voltou uma, duas, três... muitas vezes para buscá-la , mas Ellisabet nunca mais ouviu seu chamado, estava muito ocupado com as apostilas. Ellisabet consegui entrar para a universidade, até que, em um belo dia, nas suas primeiras férias, quando só em seu velho quarto, abriu uma gaveta e sentiu o perfume do sabonete de lavanda e se lembrou daqueles dias, da sua amiga fadinha, do Duque, daquele lugar lindo, das aventuras... Queria encontrar um jeito de voltar lá, pensou em muitas formas. Não sabia mais como, realmente não sabia... Só ficou a certeza de que aqueles foram dias mágicos. Todos eles dias EM QUE O SOL BRILHAVA.

FIM


DADOS DA AUTORA Nasci em Janeiro de 2011 e fui uma criança muito aguardada por meus pais. Só quando minha irmã fez quinze anos resolvi aparecer. Desde bem pequena fui estimulada a ler, minha mãe espalhava letras coloridas pelas janelas da casa, e por isso aprendi cedo, e fui gostando. Adorava ouvir histórias antes de dormir. E é assim até hoje... não sei dormir sem uma boa história. Meu avô materno era poeta, não o conheci, pois ele foi para a estrelinha muito antes deu nascer. Pelos seus livros conheci a poesia, o jeito de dizer coisas rimando tudo, acho bem divertido. Os poetas resumem tudo em versos. São muito inspirados! Escrever esse livro foi o máximo, deu trabalho, mas um trabalho gostoso e não quero mais parar de escrever. E agora não sei se gosto mais de ler ou de escrever... Gosto mesmo é de ir onde os livros podem me levar, porque o mundo fica enorme com eles.”




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