Isolamento pode conter Covid no AM nas primeiras semanas de 2021, diz pesquisa

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A evolução da pandemia de Covid-19 em 2020 no estado e nos municípios do Amazonas: notas preliminares Henrique Pereira1; Danilo Egle1; Bruno Lorenzi1 Com o encerramento do ano, a equipe do projeto realizou análises dos indicadores de progressão da pandemia de Covid-19 no Amazonas tendo como referência os números de dezembro mês em que foi observada uma aceleração da pandemia no estado. São apresentadas três análises complementares. Na primeira, avaliamos a evolução da pandemia no estado e em cada um dos seus 62 municípios e apontamos as tendências observadas no último mês do ano de 2020. Na segunda análise, avaliamos as variações do índice de isolamento social e buscamos correlacioná-las com os aumentos ou reduções na velocidade de transmissão da doença, em nível estadual. Por último, apresentamos as variações na taxa de letalidade da doença, destacando sua tendência continuada de declínio para o que sugerimos alguns fatores determinantes dentre os mais prováveis. Com base nos dados de registros de novos casos de Covid-19 compilados pelo grupo Brasil.io, os municípios Amazonenses foram classificados em dois grupos: (1) os que apresentaram tendência de desaceleração em dezembro e (2) os que apresentaram tendência contrária, ou seja, de aceleração. Os do primeiro grupo (primeira tabela) são os 25 municípios (40% do total de 62 municípios do estado) em que o número de casos em dezembro foi menor do que o número de casos em novembro. Ou seja, seguiram a tendência contrária àquela geral do Estado e de Manaus. Eles estão em ordem crescente conforme a 4a coluna que registra a variação percentual de dezembro em relação à média do trimestre anterior. Nesse caso, então, a melhor situação do grupo é a de Itamarati que não registrou novos casos em dezembro. Os três últimos municípios do grupo: Careiro da Várzea, Tapauá e Alvarães, embora tenham tido uma redução de novos casos em dezembro em relação ao mês anterior, esse número ainda ficou acima da média do trimestre anterior, indicando que nesses 3 municípios houve uma menor desaceleração da pandemia se forem comparados aos demais municípios do grupo. No segundo grupo estão os municípios em que houve um aumento de novos casos acumulados no mês de dezembro em relação ao mês anterior, o que inclui Manaus. Pelo tamanho de sua população (50% da população estadual), Manaus determina a tendência do total do Estado. Os municípios desse grupo também estão organizados por ordem crescente quanto à variação percentual de dezembro em relação à média de novos casos mensais do trimestre anterior (setembro, outubro e novembro). Esse grupo contém a maioria dos municípios do estado (60%). Os primeiros sete municípios, aJuruá, São Paulo de Olivença, Envira, Eirunepé, Urucurituba, Caapiranga e Manaus apresentaram valores para dezembro menores que a média do trimestre anterior (variação negativa), indicando que aceleração da pandemia foi menos intensa nesses lugares que nos demais municípios do grupo. Os casos mais críticos no grupo e no geral do estado seriam aqueles municípios em que os números de novos casos em dezembro são maiores que o dobro da média do trimestre anterior. Estes seriam os casos dos seguintes municípios, em ordem crescente de aceleração: Presidente Figueiredo, Guajará, Jutaí, Fonte Boa, Boca do Acre, Nova Olinda do Norte, Apuí, Tonantins, Novo Airão, Codajás, Maraã e o mais crítico de todos: Borba.

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Município Itamarati Amaturá Nhamundá Canutama Santa Isabel do Rio Negro Carauari Maués Urucará Santo Antonio do Içá Beruri Coari Atalaia do Norte Parintins Pauini Careiro Barreirinha Japurá São Gabriel da Cachoeira Uarini Silves Iranduba Itacoatiara Careiro da Várzea Tapauá Alvarães

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dez 0 9 9 26 22 167 74 37 18 46 197 104 480 41 146 100 27 184 85 107 298 189 76 117 78

dez-nov (%) -100 -85 -77 -86 -69 -60 -53 -67 -10 -15 -70 -37 -3 -11 -29 -17 -67 -37 -53 -33 -26 -22 -25 -33 -13

Média (set dez out nov) media (%) 16 -100 131 -93 89 -90 127 -80 108 -80 792 -79 297 -75 98 -62 47 -62 112 -59 391 -50 204 -49 885 -46 75 -46 258 -43 177 -43 43 -38 288 -36 111 -24 133 -20 351 -15 217 -13 69 10 83 42 53 46

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Município dez Juruá 3 São Paulo de Olivença 55 Envira 67 Eirunepé 91 Urucurituba 99 Caapiranga 20 Manaus 8713 AMAZONAS (total estadual) 18554 Ipixuna 279 Manacapuru 213 Lábrea 373 Novo Aripuanã 59 Humaitá 523 Barcelos 142 Tabatinga 85 Boa Vista do Ramos 84 Benjamin Constant 84 Anori 180 Tefé 511 Manaquiri 90 Itapiranga 328 São Sebastião do Uatumã 65 Manicoré 133 Autazes 146 Rio Preto da Eva 288 Anamã 177 Presidente Figueiredo 782 Guajará 42 Jutaí 104 Fonte Boa 187 Boca do Acre 399 Nova Olinda do Norte 330 Apuí 141 Tonantins 65 Novo Airão 411 Codajás 102 Maraã 400 Borba 146 (*) Não houve casos registrados em novembro.

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dez-nov (%) 50,0 31,0 24,1 51,7 86,8 81,8 17,5 12,33 11,6 86,8 18,8 * 16,0 140,7 150,0 7,7 6,3 25,0 32,4 50,0 62,4 225,0 565,0 47,5 54,8 6,6 22,6 500,0 38,7 125,3 57,1 166,1 101,4 3150,0 125,8 175,7 158,1 305,6

Média (set out nov) 21 260 253 231 150 29 9451 19301 264 193 316 48 405 107 64 62 60 127 323 56 196 39 73 78 150 92 368 18 41 72 152 118 50 22 117 28 82 27

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dez media (%) -86 -79 -74 -61 -34 -32 -8 -4 6 10 18 22 29 33 34 35 40 42 58 61 67 68 82 87 92 92 112 133 152 160 163 180 184 200 252 260 388 434


As variações no grau de isolamento social da população são uma das prováveis causas para essas mudanças de tendências na velocidade de disseminação da doença na população do Amazonas. O aumento de mais de 3.300 casos em outubro, muito provavelmente, decorre da redução isolamento social observada em setembro, quando foram registrados os menores valores desde o pico de isolamento social registrado em abril. Em outubro registrou-se um mínimo de 0,35 em 24h e de média móvel de 7 dias. Em novembro, houve uma redução de mais de 5.800 casos em relação ao mês anterior e foi nesse período que se registraram aumentos significativos de isolamento social com valores máximos de 0,50 em um só dia e de 0,44 de média móvel de 7 dias. Apesar da melhora do isolamento social em novembro, esse comportamento mais favorável não foi capaz de evitar uma aceleração de cerca de 2.000 casos a mais em dezembro em relação a novembro. Nota-se que, nos últimos dias do ano, houve um aumento substancial no índice de isolamento social quando foi atingindo um valor máximo de 0,57 em 27 de dezembro, um dia de domingo. Caso esse comportamento de maior isolamento social se mantenha, poderá contribuir para uma desaceleração da disseminação do vírus nas primeiras semanas de 2021.

Se considerarmos a evolução mensal da letalidade expressa como a relação entre o número de óbitos acumulados em relação ao número de casos acumulados, observa-se, na tabela a seguir que a letalidade da doença segue em declínio, tomando-se como exemplo o município de Manaus, onde está o maior número de casos e a maior população do estado. A maior taxa foi observada em abril e desde então vem decaindo continuadamente. Essa

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tendência se manteve mesmo em períodos de nova aceleração, como foi o caso do mês de outubro cujo número cumulado mensal de novos casos foi inferior apenas ao mês maio (1o. pico da pandemia) Isso pode ser atribuído em boa parte ao aprendizado médico, ou seja, ao aperfeiçoamento nos protocolos de atendimento aos casos graves e às melhorias no sistema de saúde (aumento no número de leitos etc.). Porém, outros fatores determinantes podem estar relacionados com a própria evolução da doença, ou seja, a seleção natural que age sobre a interação entre a população do vírus, como agente causador e a dos hospedeiros humanos. Esse é o caso, por exemplo, do surgimento de variantes preocupantes do vírus (Variants of Concern – VOC, em inglês) tal qual a recentemente nomeada com a sigla B.1.1.7 que segundo estudo feito na Inglaterra (https://www.imperial.ac.uk/mrc-global-infectious-disease-analysis/covid19/report-42-sars-cov-2-variant/) teria entre 40 a 70% de maior transmissibilidade, sem necessariamente ser mais letal que outras linhagens há mais tempo em circulação.

Casos Óbitos Mês Novos casos acumulado acumulados Letalidade 1 1 (total) confirmados Óbitos (A) (B) (B/A) (%) Fevereiro 2 2 0 Março 373 3 375 3 0,8 Abril 5299 1071 5674 1074 18,9 Maio 12388 967 18062 2041 11,3 Junho 8760 240 26822 2281 8,5 Julho 8013 120 34835 2401 6,9 Agosto 7351 122 42186 2523 6,0 Setembro 9360 153 51546 2676 5,2 Outubro 10739 241 62285 2917 4,7 Novembro 8233 210 70518 3127 4,4 Dezembro 9877 219 80395 3346 4,2 1 Fonte dos dados de casos e óbitos: https://covid19.manaus.am.gov.br/monitoramento/

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