Caderno F
MANAUS, DOMINGO, 14 DE JUNHO DE 2015
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Anticoncepcionais e o risco da trombose A doença é mais frequente em pessoas portadoras de certas condições predisponentes, mas o uso de anticoncepcionais ou tratamento hormonal pode aumentar os riscos ALIK MENEZES Equipe EM TEMPO
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Trombose Venosa Profunda (TVP) é a doença causada pela coagulação do sangue no interior das veias - vasos sanguíneos que levam o sangue de volta ao coração - em um local ou momento não adequados. As veias mais comumente acometidas são as dos membros inferiores (cerca de 90% dos casos). Os sintomas mais comuns são a inchação e a dor. A condição é uma das possíveis consequências do uso de anticoncepcionais, e que vem causando dúvidas em quem utiliza o medicamento. Conhecida como flebite ou tromboflebite profunda, a trombose recebeu atenção recentemente por conta de uma fanpage no Facebook, onde “vítimas” da doença relatam como suas vidas mudaram após o consumo da pílula. E, em cada compartilhamento, mais questionamentos surgiram: é seguro utilizar o anticoncepcional? Todo mundo corre risco de desenvolver a trombose? Devo parar de tomar o medicamento? Riscos Para esclarecer as dúvidas sobre o uso de anticoncepcional, a médica Ana Clara Kneese, membro do Comitê de Trombose da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) fala abertamente sobre o assunto. Segundo a especialista, o uso de qualquer anticoncepcional, independente da marca, pode causar trombose. “Todos aumentam o risco”, explica. Para começar, devemos lembrar que a coagulação é um mecanismo de defesa do organismo. A trombose ocorre quando há formação de um coágulo sanguíneo em uma ou mais veias grandes das pernas e das coxas. Esse coágulo bloqueia o fluxo de sangue e causa inchaço e dor na região. O problema maior é quando um coágulo se desprende e se movimenta na corrente sanguínea, em um processo chamado de embolia. Uma embolia pode ficar presa no cérebro, nos pulmões, no coração ou em outra área, levando a lesões graves. Tipos De acordo com Ana Clara, desde os anos 1960, quando foi lançada a pílula, a sociedade médica sabe desse risco. Mas, segundo a médica, há diferença na chance de desenvolvimento da doença conforme o tipo de estrógeno e, também, de progesterona, além da quantidade. “Quanto menor for a dose, menor será o risco. De qualquer forma, em números absolutos, a trombose permanece um evento raro, ocorrendo em 5 a 12 mulheres usuárias de hormônios para cada 10 mil mulheres ao ano”, esclarece. A médica afirma que a medicação oral é a opção que apresenta oferecem maior risco, mas que um dos fatores é a composição da pílula. “Aquelas com gestodene e desogestrel são os mais trombogênicos do que aqueles com levonorgestrel ou norestisterona. De qualquer forma, seja oral, transdérmico ou intrauterino podem ter alguma influência, mas os dados ainda não são tão consistentes”, informa. Ana Clara Kneese orienta que, antes do uso de qualquer medicação, o especialista deve ser consultado para orientar sobre qual o anticoncepcional mais indicado para a paciente.
“A principal restrição seria para aquelas com trombose recente ou antiga. Normalmente, quem já teve trombose fica proibida de usar a pílula novamente. Mesmo assim, o médico pode considerar a troca da medicação para outra com menor risco, a depender do motivo de sua indicação, avaliando, sempre, o fator risco benefício”. Além disso, mulheres que tenham histórico da doença na família devem ficar mais alerta e outros modos contraceptivos devem ser usados. Só com indicação Se a conversa com o médico indica mais dúvidas, existem alguns exames que podem indicar se a mulher é portadora de trombofilia congênita, como fator V de Leiden, mutação do gene da protrombina, deficiência de antitrombina, de proteína C e de proteína S. “São caros. Porém, mesmo que venham todos normais, não afastam por completo a possibilidade de trombofilia. A presença de algum destes fatores não é determinante isoladamente de trombose. Assim, saber se a paciente é portadora ou não será apenas mais uma peça do quebra-cabeça. No caso de identificação de algum deste fator, o melhor será consultar um especialista no assunto para a correta interpretação”, orienta. A especialista destaca que algumas atitudes para se evitar a trombose, como manter o peso adequado e praticar atividades físicas regularmente, podem reduzir os riscos de desenvolver a doença. E a medicação deve ser iniciada apenas com a indicação médica. “Só tome o anticoncepcional após todas as considerações pertinentes sobre a necessidade de uso e risco, assim como orientação a respeito de possíveis efeitos colaterais e orientação sobre sinais e sintomas da doença”, indica.
Novo exame detecta dengue e chikungunya Página 6