Saúde - 19 de abril de 2015

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Caderno F

MANAUS, DOMINGO, 19 DE ABRIL DE 2015

DIVULGAÇÃO

Saúde

e bem-estar

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Menopausa sem drama e mistério Páginas 4 e 5

Os perigos do

bullying ALIK MENEZES Especial EM TEMPO

Q

uem usa as redes sociais provavalmente se deparou com o vídeo onde dois adolescentes, de 13 e 16 anos, se agridem, nos corredores de uma escola de inglês local, na última semana. Diante da situação alarmante, a prática do bullying - que nunca deve ser relevada - mais uma vez chama a atenção. A violência física e psicológica que as crianças vítimas dessa prática passam não pode ser ignorada e, por isso, especialistas afirmam que as consequências podem ser profundas. O bullying está muito presente em todos os ambientes e, se, os casos não forem identificados e tratados, podem gerar prejuízos futuros, tanto aos agressores quanto aos agredidos. Segundo o psicólogo Ismael Rabelo, os indivíduos que praticam o bullying agem com a intenção de sentir satisfação ao humilhar os agredidos e ganhar popularidade com esses atos. “Tais agressões, em muitos casos, são corroboradas pela resposta dos espectadores, que geram a sensação de popularidade no agressor, e, assim, uma afirmação de poder”, definiu o psicólogo. Os adolescentes que são vítimas, na maioria dos casos, se sentem inferiorizados e não conseguem reagir às agressões. “Sentem-se frágeis, com poucos recursos para reagir, chegando a concordar com a agressão. Há casos em que o adolescente se isola, tem queda do rendimento escolar, e, em casos extremos, chegam a cometer suicídio”. Rabelo orientou que as vítimas não sintam medo e denunciem seus algozes logo no início das

agressões, o que possibilitará, até, um tratamento para os agressores e, também, para os agredidos. “O ideal é que o agressor seja identificado como tal nas primeiras situações, pois facilita o trabalho a ser desenvolvido por meio da parceria entre a família e a instituição. Em casos mais acentuados, a intervenção de um profissional poderá se fazer necessária”. Violência O bullying, como explica Rabelo, é uma prática comum cometida por indivíduos ou grupos contra uma pessoa e, portanto, pode haver mais agressores que agredidos. “Tanto agressor quanto agredido necessitam de cuidados especiais. O agressor possui um modelo agressivo na resolução de conflitos. Em alguns casos, a prática da agressão vai ficando para trás com as experiências vivenciadas durante o desenvolvimento e com a assistência familiar. Em outros, se tornam adultos que continuam praticando atos de violência psicológica e física. Caso a família perceba que o adolescente insiste na prática do bullying, é aconselhável o acompanhamento psicológico”. No caso de adolescentes vítimas que não tiverem o tratamento adequado, as consequências passam por baixa autoestima e depressão. “É comum que haja baixa autoestima, muita ansiedade em relacionamentos sociais e, muitas vezes, transtornos de ansiedade se instalam. As marcas na vida do agredido podem se desenvolver até chegar à depressão”, explicou. Atenção dos pais E, para não chegar a esse estágio, a atuação dos pais e responsáveis é fundamental.

Eles devem ficar atentos às mudanças comportamentais, que podem indicar as possíveis agressões. “O papel dos pais é crucial, pois, por meio da sensibilidade, podem perceber pequenas alterações no comportamento da criança e do adolescente para, a partir daí, dar o auxílio necessário e procurar ajuda profissional, que pode envolver psicoterapia individual e/ou grupal”. Toda e qualquer mudança de comportamento deve ser observada e investigada, por menor que seja, de acordo com o profissional. “Crianças e adolescentes que sofrem agressões tendem a esconder, por vergonha ou medo de retaliação dos agressores”, observou. Para o psicólogo, o ambiente familiar pode contribuir para que as pessoas pratiquem bullying, mas vários ambientes e situações podem colaborar e cada caso é único e deve ser tratado desta forma. “Além de situações j á

mencionadas, uma plateia ativa ou como torcida, reforçando a agressão, rindo ou dizendo palavras de incentivo, pode ser decisiva para facilitar esse tipo de comportamento. O ambiente familiar pode ter sua interferência, mas seria incoerente encontrar um culpado para uma ação que tem multifacetas envolvidas”, diz Rabelo. Adulto também sofre No caso de adultos que sofrem com o bullying, nos mais diferentes ambientes, o psicólogo explica que estes não tomam uma atitude, geralmente, motivados por medo como, por exemplo, o de perder o emprego. “Em muitos casos, adultos que sofrem bullying e não reagem, não o fazem por receio de perder seu

emprego, ou até mesmo da reação dos colegas de trabalho mediante o que ele sente. No caso do bullying adulto, ele é muito mais que um ataque ocasional, mas uma prática persistente, muitas vezes aceita na cultural organizacional”, afirmou. Diferente dos adolescentes, os adultos já possuem a capacidade de tomar uma atitude efetiva para que os seus agressores parem de persegui-lo. “É relevante que ele se posicione sem medo, seja com suas ideias profissionais, seu credo. Diferente dos menores, o adulto possui bagagem para lutar por seus espaços. Quando possui dificuldade de tomar tais atitudes, é recomendável também que busque auxílio, quer seja de familiares, amigos e até mesmo profissional”, recomenda.

“Os adolescentes que são vítimas, na maioria dos casos, se sentem inferiorizados e não conseguem reagir às agressões. Sentem-se frágeis, com poucos recursos para reagir, chegando a concordar com a agressão.”


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