Caderno F
Saúde MANAUS, DOMINGO, 26 DE JANEIRO DE 2014
DIVULGAÇÃO
e bem-estar
saudeebemestar@emtempo.com.br
(92) 3090-1017
Os cuidados e a emoção do primeiro filho Saúde e bem-estar F5
‘Está na hora de comer’ Comer muito, comer pouco, comer errado, não quer comer nada. O dilema está traçado quando a criança estabelece seus hábitos alimentares em desacordo com o que a mãe considera saudável. O que fazer? MELLANIE HASIMOTO Equipe EM TEMPO
A
quele drama, às vezes acompanhado de um chororô, tudo para não comer as verduras do prato – na hora da comidinha, essa cena está presente na rotina de muitos pais Brasil afora e não tem aviãozinho, promessas e lábia que façam aquela criaturinha fofa colaborar. Com os índices de distúrbios alimentares crescendo entre crianças, é importante ficar atento para a alimentação dos pequenos, incentivandoos a comer bem para evitar problemas no futuro. A alimentação infantil deve ser alvo de grande atenção dos pais, como explica a médica pediatra Samira Monteiro. “Nos dois primeiros anos de vida, a alimentação é um fator muito importante para um desenvolvimento adequado. Desta forma, o aleitamento materno é primordial, assim como a introdução de novos alimentos deve ser gradual, com alimentos saudáveis, variados e respeitando o de-
senvolvimento neurológico da criança”, destaca. O crescimento infantil varia de acordo com cada fase da vida (intrauterina; lactente; pré-púberal; puberal e pós-puberal) e está fortemente ligado com a alimentação. “É um processo complexo e multifatorial, porém ocorre de maneira previsível. Desta forma, a importância de um acompanhamento frequente para avaliar o crescimento da criança”, completa a pediatra. Os hábitos alimentares da criança são formados assim que sai da barriga da mãe. Já durante o aleitamento materno a criança tem sua primeira experiência sensorial, que é o início da diversificação nas escolhas alimentares futuras da criança. Isso porque a dieta materna imprimirá ao bebê, por meio do leite, contato com aromas e sabores diferentes. Há estudos mostrando que crianças que tomam fórmula – que tem sempre o mesmo gosto – apresentam uma maior dificuldade em aceitar alimentos novos do que aquelas alimentadas até os seis meses com leite materno,
que varia de sabor de acordo com o que a mãe come. Até os seis meses, oferecer só leite materno é mais do que suficiente, pois ele supre todas as necessidades do bebê e ainda protege contra doenças, evita diarreia, fortalece a musculatura do rosto e previne problemas de fala. Assim, a oferta de chás e água é desnecessária e ainda pode prejudicar a sucção do bebê. Comportamento Uma cena conhecida por nove entre dez mamães: depois de horas no fogão, preparando uma refeição saudável, o pequeno se recusa a comer. Faz careta, abre o berreiro, e se você força, cospe, faz que vai vomitar e faz um drama sem fim. No entanto, se negar a comer é um comportamento normal entre as crianças e, de acordo com a pediatra Samira Monteiro, a causa da falta de apetite é muito variada, inclusive para chamar a atenção dos pais, já que a criança percebe a importância que é dada a alimentação.
Causas a serem investigadas Mas, quando a falta de apetite passa a virar rotina, é bom procurar logo um profissional especializado. “Essa falta de apetite depende da idade, fatores ambientais, hormonais, psicológicos e doenças subjacentes. Assim, deve ser feita uma anamnese completa pelo profissional de saúde, a fim de junto com a família detectar possíveis causas”, diz. Às mães que só faltam arrancar os cabelos de tanta preocupação pela falta de apetite dos baixinhos: calma. E, assim como há o outro lado da moeda – aquelas crianças que comem demais – os hábitos precisam ser visto individualmente. “A quantidade de alimento ingerida por cada criança deve ser individualizada. Embora uma
criança aparentemente coma pouco, mas se a cada avaliação seu peso e estatura e exames laboratoriais estiverem normais, não há com o que se preocupar”, observa Samira. Desta forma, a pediatra reforça a importância do acompanhamento junto a um profissional de saúde habilitado (pediatra ou nutrólogo) para orientar. “Hoje há grande preocupação com o excesso de peso, já que há grande correlação com hipertensão arterial, diabetes mellitus, taxas altas de colesterol e/ou triglicerídeos. A incidência de distúrbios alimentares, como anorexia e bulimia, está aumentando, assim como o sobrepeso e obesidade – embora permaneçam as carências de micronutrientes como o ferro. Isso é reflexo da
melhoria da condição socioeconômica, aliada ao sedentarismo e aumento da ingestão de alimentos muito calóricos e pouco valor nutritivo”, completa. Interesse Para resolver esses problemas, é importante preservar a hora da alimentação, fazendo com que a refeição ocorra, de preferência na mesa, com a família e sem distrações como a televisão. “De acordo com a idade, vale permitir que a criança pegue no alimento, leve-o para a boca. O alimento deve despertar o interesse da criança, como um prato colorido. Outra dica para ajudar a criança comer bem é levá-la no supermercado e na feira, e solicitar ajuda da criança no preparo do alimento”, indica.