Autoconstrução como ferramenta de produção habitacional

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AUTOCONSTRUÇÃO COMO FERRAMENTA DE PRODUÇÃO HABITACIONAL

Uma habitação social no bairro de Beberibe


“Os próprios arquitetos constroem uma parte muito pequena do mundo. A maior parte do mundo real é construído por todo tipo de gente(..)” Cristopher Alexander, The origins of the Pattern Theory, 1999, p.74, tradução nossa


Universidade Católica de Pernambuco Arquitetura e Urbanismo

Anderson da Silva Araújo Mendes

Autoconstrução como ferramenta de produção habitacional Uma habitação social no bairro de Beberibe

Trabalho apresentado à disciplina Trabalho de Graduação I do curso de Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Pernambuco com requisito para obtenção do grau de Bacherelado. Orientadora: Andrea Storch

Recife 2021


SUMÁRIO

1 2

INTRODUÇÃO NARRATIVA OBJETIVOS

07 08 12

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

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CONCEITUAÇÃO TEMÁTICA

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Produção da Habitação Social no Brasil

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Desenvolvimento histórico da habitação informal na cidade do Recife

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A autoconstrução assistida como alternativa para produção de Habitações sociais.

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GERAIS ESPECÍFICOS

Experiências de mutirões assistidos no Brasil e no mundo

Metódos construtivos de baixo custo Arquitetura Vernacular

3

Arquitetura Modular

23 25 25 27

ESTUDOS DE CASO

32

Quinta Monroy

33

Máquina Verde

36


4 5 6 7

TERRITÓRIO

40

Legislação

44

Usos Cheios e Vazios Gabarito Traçado urbano

46 48 50 52

DIRETRIZES PROJETUAIS

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Pré-dimensionamento

58

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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LISTA DE FIGURAS

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INTRODUÇÃO

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INTRODUÇÃO O seguinte trabalho tem como ponto de partida investigar a problemática da produção de habitação social no Brasil e Região Metropolitana do Recife, mais especificamente nos assentamentos precários e nas favelas da cidade, em seu contexto histórico, político e socioeconômico. Analisar como a produção de habitação social no Brasil ocorreu historicamente, através das políticas urbanas e movimentos sociais que surgiram ao longo dos anos e impactaram diretamente na formação do cenário atual do país de extrema desigualdade. A informalidade e precariedade, foram aspectos que nortearam a construção de grande parte do nosso território, como forma de sobrevivência e de luta a desigualdade social estabelecida. O acesso a direitos básicos, ainda é algo ineficiente para uma parcela da população brasileira. Em um país onde se luta por educação, saúde e comida na mesa, não há espaço para procura de acesso a profissionais tão elitizados como arquitetos e engenheiros, para construir sua moradia. A construção informal é a realidade existente nas periferias e embora possua diversos aspectos negativos é através dessa ferramenta, da autoconstrução, que grande parte do povo consegue acesso a casa própria. Ao longo dos anos o poder público tenta reverter essa situação com planos urbanísticos, políticas de desenvolvimento urbano, conjuntos habitacionais, medidas que são tomadas sem o apoio e participação direta da população e como consequência obtém resultados isolados, sem grandes efeitos. O problema da habitação social é uma problemática muito mais social do que habitacional, é preciso considerar os fatores que ocasionaram essa ocupação informal no processo de proposição de novos modos de ocupação. A participação popular sempre esteve presente na formação dos territórios das favelas, esse trabalho busca apresentar a autosconstrução assistida como uma ferramenta de produção habitacional para as regiões periféricas da cidade do Recife, promovendo uma aproximação da população pobre com profissionais técnicos e não os excluindo do processo construtivo do seu território. Foram investigados metódos construtivos que potencializem a autoconstrução assistida, como o sistema modular, funcionando não apenas como ferramenta de desenho, mas como tentativa de uma resposta arquitetônica para questões sociais.

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NARRATIVA No Brasil, pessoas pobres, oprimidas e discriminadas na grande maioria das vezes só encontraram seu espaço na cidade por meio de ocupações irregulares e pelo mercado informal, constituindo um padrão de urbanização precário e desigual. Os assentamentos precários construídos por esses segmentos sempre foram a sua principal forma de acesso às cidades. Segundo dados do IBGE(2020), as ocupações nas favelas brasileiras através dos aglomerados subnormais dobraram nos últimos 10 anos, além de registrar um déficit habitacional de cerca de 6 milhões de moradias. As possibilidades de urbanização e regularização dos assentamentos e de inserção de seus moradores definidas através das políticas públicas urbanas, não têm alcançado o sucesso desejado em suas propostas (MARICATO, 2015). O Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), por exemplo, entregou 4,3 milhões de unidades habitacionais entre 2009 e 2019 conforme FGV (2020), mas ainda assim não foi eficiente em reduzir o déficit habitacional do país.

Figura 01. Gráfico de produção habitacional PMCMV. Fonte: ANTUNES, Leda. Minha casa vai acabar. UOL. Rio de Janeiro, 24 Nov. 2019. Disponível em: <https://economia.uol.com.br/reportagens-especiais/minha-casa-minha-vida-dez-anos/>. Acesso em: Out. 2021

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NARRATIVA

O poder público ao longo dos anos, busca por soluções para a problemática da habitação social no país, sobretudo para as regiões mais pobres. Medidas que não priorizam a participação e apoio dos moradores locais, gerando resultados ineficientes e isolados, sem grandes impactos. Algumas dessas ações podem ser encontradas em programas públicos de habitação social como o PMCMV, que além de não solucionar o déficit habitacional, é responsável em diversos casos pela remoção da população de seu local de origem para um território longe de seu cotidiano, prejudicando social e economicamente e contribuindo para a desigualdade socioespacial. Além deste exemplo, existem outras proposta de políticas públicas que estão em vigor nas cidades brasileiras que não correspondem integralmente aos seus objetivos iniciais, tais como a ZEIS (Zona Especial de Interesse Social) e o PREZEIS (Plano de Regulamentação das Zonas Especiais de Interesse Social) e até propostas mais recentes como a lei de ATHIS (Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social), que

Figura 02. Conjunto habitacional Eunápolis. Fonte: MINHA CASA, MINHA VIDA. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2021. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Minha_Casa,_Minha_Vida&oldid=61047720>. Acesso em: 30 abr. 2021

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NARRATIVA

foram grandes conquistas, mas que isoladas de políticas socioeconômicas não foram capazes propor uma mudança significativa na problemática habitacional das favelas, se conformando com o cenário atual de desigualdade que vivemos na cidade (HIRATA, 2009). A partir da compreensão desse cenário, é possível notar a ausência da participação popular significativa nas tentativas feita pelo Estado de melhorar a produção de habitações nessas regiões, embora em alguns casos como o PMCMV, exista o Orçamento Participativo, este não foi eficiente em sua representatividade popular nas comunidades. É relevante informar dados segundo pesquisa do CAU (2015), que mostram que cerca de 85% da população constrói ou reforma sem a participação de um profissional técnico, número que tende a ser maior dentro das periferias, e segundo a FGV (2020), 70% das unidades habitacionais produzidas hoje no Brasil, são feitas através da autoconstrução. O que mostra a dimensão da participação efetiva do brasileiro na produção e manutenção da sua moradia, levantando o questionamento: Como associar o aspecto autoconstrutivista em nossa sociedade à produção de habitação de interesse social?

Figura 03. Mutirão Juta Nova Esperança 1999. Fonte: Juta Nova Esperança. USINA ctah. Disponível em:<http://www.usina-ctah.org.br/jutanovaesperanca.html>. Acesso em: Out. 2021

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NARRATIVA

Segundo o arquiteto britânico John F.C Turner, a mínima interferência do Estado na provisão da habitação popular, garantindo que os recursos públicos sejam gerenciados pelos futuros usuários, é um caminho para construção de comunidades participativas, e que tenham suas reais necessidades atendidas, não apenas a moradia de forma isolada, mas propostas que contribuam para a melhoria econômica e social do local. A participação popular na construção das favelas é algo existente desde o início da sua formação, foi a partir da manifestação do povo em busca do seu espaço na cidade que se deu origem a esse fenômeno urbano, a perpetuação dessa prática na produção de habitação popular através dos modelos de autoconstruções e mutirões, se apresentam como alternativas para uma produção mais efetiva de habitações sociais nesses locais, atendendo as reais demandas dos seus usuários, o que possibilita uma maior qualidade tanto na moradia, quanto no espaço público. Se tratando de modelos que devem atender os mais diferentes níveis de desenvolvimento social e econômico, os conceitos de habitações modulares e flexíveis serão explorados para atingir com maior efetividade às demandas apresentadas pelos moradores, desde o planejamento até etapas construtivas, buscando formas mais democráticas de propor moradia na cidade.

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OBJETIVOS Geral: Elaborar um anteprojeto para uma habitação social na periferia do Recife, que explore a participação dos usuários no processo construtivo.

Específicos: - Analisar a problemática da habitação social no país, com ênfase no desenvolvimento histórico das favelas na região metropolitana do Recife. - Compreender os conceitos de autoconstrução assistida e experiências que foram realizadas no Brasil e em outros países. - Explorar tipos de arquitetura que possam ser utilizados no processo de autoconstrução assistida. - Investigar metódos construtivos que permitam a flexibilidade espacial

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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O presente trabalho foi desenvolvido através de etapas de pesquisas, que tem como objetivo fazer a apreensão de conhecimentos existentes sobre os assuntos que serão abordados para a produção dessa proposta.

I- Revisão bibliográfica sobre o desenvolvimento da habitação social no Brasil e do desenvolvimento histórico das favelas da Região Metropolitana do Recife.

II- Revisão bibliográfica sobre os conceitos da autoconstrução assistida e como ela se aplica hoje em dia no Brasil e no mundo.

III- Revisão bibliográfica na exploração de sistemas construtivos que facilitem o processo de autocons-

Abiko Bonduki Maricato FUNDAJ MCR

Maricato Jhon Turner FGV Cooperativas

Arquitetura modular Arquitetura vernacular

IV- Levantamento de dados, parâmetros urbanísticos e sociais do território escolhido para para serem analisados.

Google earth

V- Estudo de referências projetuais de habitações sociais que utilizaram o processo de autoconstrução assistida e promoveram a participação popular na produção do espaço.

Quinta Monroy

ESIG PCR

Máquina verde

Principais referências bibliográficas

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CONCEITUAÇÃO TEMÁTICA

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PRODUÇÃO DA HABITAÇÃO SOCIAL NO BRASIL No final do século XIX, a moradia começa a ser vista enquanto uma questão social no Brasil, assim como no resto do mundo, com o desenvolvimento do capitalismo e a consequente expansão das cidades. A problemática da moradia, neste período, ainda não era vista como responsabilidade direta do Estado na produção habitacional, sendo assim a oferta de moradia era restrita, pelo modelo de rentista, de vagas em cortiços, que eram cubículos pequenos, sem banheiro, ambientes insalubres em sua maioria, alugados por baixíssimo preço a ex-escravos e imigrantes pobres; e vagas em casas de cômodos, que eram antigas mansões coloniais sublocadas (FERREIRA, 2014).

Figura 04. Cortiço no Rio de Janeiro 1906. Fonte:Augusto Malta

A partir dos anos 30, o período getulista modificou significativamente a estrutura das cidades brasileiras ao dar início a uma grande industrialização (pela substituição das importações) e, consequentemente, à urbanização do país. Segundo Bonduki (1988) a questão social vai assumir uma dimensão política efetiva (1930-1946), em função, principalmente, dos conflitos sociais iniciados a partir da organização dos operários e sua manifestação através de greves. Este período é considerado o período da transição da casa de aluguel e do modelo rentista para o modelo da casa própria. Getúlio Vargas decretou a Lei do Inquilinato que congelou os aluguéis, facilitou o acesso ao 15


PRODUÇÃO DA HABITAÇÃO SOCIAL NO BRASIL

lote próprio e iniciou uma significativa produção de conjuntos residenciais, através das Caixas e Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPS) e da Fundação da Casa Popular, fomentando a produção de Habitações de Interesse social (HIS). Atualmente a definição de Habitação de Interesse Social, em linhas gerais, é aquela voltada à população de baixa renda e que não possui acesso à moradia formal e nem condições para contratar os serviços de profissionais ligados à construção civil. Segundo a ONU-HABITAT, habitação acessível é aquela que se adequa em qualidade e localização, que seu custo não tenha grande impacto a ponto de impedir seus habitantes de arcar com outros custos básicos de vida ou ameaçar o acesso de direitos humanos básicos. Para Bonduki a habitação popular está dividida em 3 setores: ‘ I- Setor Privado (Vilas e Cortiços)

Figura 05. Vila Arcoverde 1958. Fonte: B.J Duarte

II- Setor Estatal (Habitações produzidas pelo Estado)

Figura 06. Habitacional Curitiba. Fonte: Ubirajara Machado/MDS

III- Habitações feitas pelo próprio morador (favelas e periferias).

Figura 07. Morro em Recife. Fonte:Tânia Rêgo/Agência Brasil

A habitação popular não deve ser entendida meramente como um produto e sim como um processo, com espaços edificados, mas também como resultado de um processo complexo de produção com determinantes políticos, sociais, econômicos, jurídicos, ecológicos e tecnológicos. Este entendimento é fundamental se quisermos perseguir a solução do problema habitacional com todas as suas dificuldades e condições de contorno.

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PRODUÇÃO DA HABITAÇÃO SOCIAL NO BRASIL

DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA HABITAÇÃO INFORMAL NA CIDADE DO RECIFE As favelas no território brasileiro já existiam bem antes da discussão sobre a habitação social no país. Mais especificamente na região metropolitana do Recife que é área de enfoque da proposta, a expansão urbana da cidade do Recife até o século 20 ocorreu-se sobre as áreas mais planas (planície costeira), as camadas mais pobres habitavam locais denominados de Mocambos. Desde o século XIX que este tipo de habitação se espalha por zonas menos propícias para a ocupação. Como nessa época o sítio urbano da cidade se concentrava próximo aos rios, as áreas de “terra firme”, que não sofriam, frequentemente, com processos de inundações, representavam locais de elevado custo, onde moravam as classes mais ricas da cidade. Não muito longe desses locais, existiam as áreas de manguezais, que além de abundantes, eram espaços sem preço, sem dono, impróprios para a construção de moradias e que apresentavam um elevado potencial a inundações, nessas áreas que se concentravam os mocambos e as palafitas (MELO, 1978; SANTOS e GOMES, 2016). A formação dos mocambos na cidade ocorre desde a abolição da escravatura, onde a migração do interior para o Recife intensificou-se, gerando o aumento dos mocambos e a instalação de palafitas nos manguezais. As populações desses locais tiravam sua renda familiar do próprio manguezal. Em 1940, 30% da população recifense viviam dos mangues (JUCÁ, 004). Os mocambos eram locais caracterizados por sua implantação em manguezais e terrenos alagadiços (desprezados pelas contrustoras para empreendimentos), povoados predominantemente por negros e pardos e com habitações com técnicas construtivas que se assemelhavam as construções dos quilombos (cobertas de palha e paredes de taipa), a ideia de refugo e de local de habitação de negros e pardos eram interpretados como uma caracterísctica de habitação primária, sendo visto de forma negativa por grande parte da população, como uma espécie de retrocesso na habitação.

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LINHA DO TEMPO DE EVENTOS MARCANTES NA HABITAÇÃO INFORMAL DO RECIFE Em 1919 foi proibida a construção de mocambos no centro do Recife, existia uma grande pressão das autoridades para o fim dos mocambos, com afirmações de desenvolvimento social, econômicos e até melhoria de saúde. Com isso, os donos de mocambo começaram a alugar os mocambos existentes para aqueles que já não podiam mais construir sua moradia desta forma, explorando a população e forçando a mudança desses habitantes para regiões periféricas da cidade.

Figura. 09. Vila dos Contínuos, 1940 Fonte: MCR

1939 1919 Figura. 08. Mocambos com tetos de palha, tipo do mocambo palha-terra.

Liga Social Contra o Mocambo

1942

Lei do inquilinato

A FCP su âmbito na para a pr uma inicia dia de a Outras po e munici mesmo dessas in reconhec cários co des.No R criadas d que dem em suas precários terra. Ent Democrá Mista Lar outros (FA

1946

Fun Pop

Em1939, o governador Agamenon Magalhães criou a Liga Social contra o Mocambo, uma entidade privada financiada pelo governo do Estado, contando com contribuições e doações de empresas e entidades classistas. A Liga, reformulada em 1945, tornou-se autarquia estadual, renomeada como Serviço Social Contra o Mocambo. A política de erradicação dos mocambos promoveu a remoção 14.597 mocambos entre 1939 e 1945. Os mocambeiros erradicados passaram a ocupar, principalmente, as regiões de morro da zona norte, embora tenham sido obrigados a pagar o “foro” (aluguel do chão) a supostos detentores da posse (FALCÃO e SOUZA, 1985).


PREZEIS provocou um redirecionamento das políticas públicas de desenvolvimento urbano e habitacional no Brasil. O projeto de lei que criou o PREZEIS partiu do movimento popular e da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife. Tratava sobre o processo de regularização urbanística e fundiária do Recife para garantir o direito à moradia em Zonas Especiais de Interesse Social, além de promover a urbanização dessas áreas diminuindo a segregação social gerada pela ocupação desordenada e sem assistência do poder público ao longo dos anos.

urge como o primeiro órgão de acional voltado exclusivamente rovisão habitacional, mostrando ativa para a transição da moraaluguel para a casa própria. olíticas habitacionais estaduais ipais foram desenvolvidas no contexto Contudo, nenhuma niciativas tinha a perspectiva de cimento dos assentamentos preomo parte integrante das cidaRecife, no mesmo período, foram diversas organizações populares mandavam ao Estado melhorias s comunidades, assentamentos s, principalmente, a posse da tre elas: os Comitês populares e áticos de Bairros; a Sociedade rgo do Viveiro de Afogados entre FALCÃO e SOUZA, 1985).

1979 PROMORAR

ndação Casa pular

Nacional da 1960 Banco Habitação (BNH)

Figura. 10. Habitacional Eduardo Campos. Fonte: Elaborada pelo autor.

MINISTÉRIO DAS CIDADES

2003

1987

2007 PAC

MINHA CASA MINHA VIDA

2009

O Plano de Regularização das Zonas Especiais de Interesse Social (PREZEIS)

Programa habitacional do governo federal que financia moradias para famílias de rendas de até 10 salários minímos, no combate ao déficit habitacional do país.


PRODUÇÃO DA HABITAÇÃO SOCIAL NO BRASIL

Embora o poder público tenha promovido iniciativas de combate a ocupação informal ao longo dos anos no Recife, a situação atual mostra que o cenário de construções informais ainda é predominante. De acordo com pesquisa feita pela Prefeitura do Recife em 2019, cerca de 25% da população da Região Metropolitana moram em regiões de comunidades pobres sendo mais da metade dessas habitações em áreas de morro. A grande maioria dessas moradias são construídas pelos próprios residentes de forma não assistida por um profissional, o que muitas vezes proporciona habitações em locais de risco ou insalubres para o habitat humano. Segundo MORAES (2019),as açoes do poder público durante o desenvolvimento histórico desses assentamentos de moradia dos pobres podem ser classificadas como: I- Omissão quanto a efetividade de assistência às ocupações informais e irregulares. II- Intervenções de remoção de assentamentos precários e realocação de seus moradores do local de vivência, III- Ações e obras de melhorias e urbanizações parciais e não integradas.

Figura. 11. Delizamento de bairreira no Recife. Fonte: Jornal do Comércio 2019.

Figura.12. Brasília Teimosa 2018. Fonte: Época

Figura. 13. Alto José do Pinho 2021. Fonte: Elaborada pelo autor

A busca por uma habitação digna persiste em nossas cidades, desde os mucambeiros, a população encontra em sua realidade ferramentas para conseguir um teto, e o poder público vem mostrando ser incapaz de combater essa problemática de forma isolada e sem diálogo efetivo com essas pessoas. A favela como fenômeno da manifestação popular em busca da sobrevivência, é um organismo singular, que não pode ser apenas controlado e “urbanizado”, é necessário enxergar essa realidade em sua complexidade e atuar em coparticipação com os habitantes para atender suas reais demandas. 20


A AUTOCONSTRUÇÃO ASSISTIDA COMO ALTERNATIVA PARA PRODUÇÃO DE HABITAÇÕES SOCIAIS A autoconstrução surge como instinto natural do ser humano, em busca de sua sobrevivência e de prover um espaço para seu habitat. Atualmente o significado deste termo pode ser definido, em linhas gerais, como formas de edificação que se realizam a partir da ação direta dos próprios usuários no processo de construção e provisão financeira dessa edificação. A autoconstrução pode implicar no apoio de familiares, amigos, vizinhos e quaisquer outros interessados, se caracteriza geralmente pela mão de obra não remunerada. Participa da mão de obra para execução da construção

Adquiri o terreno conforme suas possibilidades

Responsável pelo design arquitetônico do edifício

Responsável financeiro

Figura. 14. Etapas da autoconstrução. Fonte: Elaborada pelo autor

No Brasil cerca de 85% das construções realizadas são conduzidas sem a participação de um profissional habilitado (CAU, 2017), grande parte dessas construções podem ser encontradas nas periferias como meio para obtenção da casa própria devido ao custos reduzidos das operações.

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A AUTOCONSTRUÇÃO ASSISTIDA COMO ALTERNATIVA PARA PRODUÇÃO DE HABITAÇÕES SOCIAIS

A autoconstrução como substituta absoluta da arquitetura, é um sistema incompleto, inacabado. Ambos os sistemas devem conversar entre si, assim como o esqueleto osséo estrutura o corpo humano, a arquitetura deve direcionar a autoconstrução. Mesmo que seja uma reposta para uma necessidade vital, a autoconstrução isoladamente, produz apenas a habitação, que não é pouco, mas não suficiente para o desenvolvimento integral de uma comunidade. No campo habitacional, o termo mutirão vem sendo usado para classificar os esforços coletivos na construção, esses geralmente de forma assistida por uma equipe técnica e até mesmo podendo ser incentivado de algumas formas pelo Estado. Quando se utiliza mutirão, a construção da moradia não é o único objetivo a ser alcançado, mas também um meio de desenvolver formas autônomas de organização da população, onde se obtém como resultado não só moradia, mas também respostas efetivas as demandas da população, tendo em vista a particiapação direta dos integrantes nas etapas do projeto. Segundo ABIKO (1996), existem três tipos básicos para a construção e administração de mutirões:

Gestão institucional

É aquela onde o agente público elabora os projetos, gerencia a obra e administra os recursos financeiros, através de uma equipe técnica vinculada ao poder público.

Co-gestão

Autogestão

É caracterizada pela administração onde o poder público repassa recursos às comunidades através de associações comunitárias que se encarregam de contratar escritórios técnicos para assessorá-las.

É a modalidade na qual a comunidade, através de associação de moradores, é a principal responsável pela administração do mutirão, com seus próprios recursos financeiros.

Figura. 15. Tipos de mutirão. Fonte: Elaborada pelo autor

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Experiências de mutirões assistidos no Brasil e no mundo No Brasil, a Usina_CTAH, formado por arquitetos e um grupo de profissionais, presta serviço de assessoria técnica a mutirões e movimentos populares, mobilizando fundos públicos em um contexto de luta pela Reforma Urbana e Agrária. Fig16.Mutirão União da Juta Fonte: Usina CTAH

Na África, um exemplo de mutirão assistido pode ser encontrado na ADUA uma organização voltada para o desenvolvimento urbanístico de Burkina Afaso, propondo habitações com técnicas e materiais locais que possam ser replicados pelos moradores, com a assitência da organização.

Fig17.Mutirão Paulo Freire Fonte: Usina CTAH Fig.20 Rosso and Nouakchott Housing, 1983 Fonte: Archdaily

Fig.21.Vila Aga Khan, 1991 Fonte: Archdaily

Fig18.Habitacional Bulevar Artigas,1974 Fonte: Vigliecca e associados

Fig.19 Vivienda Castalia y Cuareim, 2016 Fonte: Archdaily

Fig22 e 23. Uplink housing, 2004 Fonte: Ahmad Syamsudin

As Cooperativas de Ayuda Mutua Uruguayas são um dos maiores exemplos de mutirão empregrados na América Latina, podem ser consideradas como um modelo de Co-gestão, tendo participação do poder público e privado junto aos interesses das comunidades.

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Na Indonésia, em 2004, o mutirão foi uma ferramenta utilizada na produção de habitações emergenciais após o tsunami na província de Aceh, devido os recursos escassos, o poder público em conjunto com a população, direcionou fundos e assistência técnica, além de treinamentos para os moradores edificarem suas próprias residências.


A AUTOCONSTRUÇÃO ASSISTIDA COMO ALTERNATIVA PARA PRODUÇÃO DE HABITAÇÕES SOCIAIS

Em nosso país, no ano de 2008 foi implementada a Lei Federal nº 11.888, a A Lei de Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social ATHIS, é uma das principais ferramentas atualmente para se conseguir assessoria técnica para produção habitações populares. Desde a elaboração de projetos, acompanhamento e execução de obras necessárias para a edificação, reforma, ampliação ou regularização fundiária de suas moradias. Entretanto, ainda existem pessoas que mesmo diante essa disponibilidade de uma assessoria técnica, recorrem ao processo de autoconstrução não assistido devido a incapacidade financeira de executar os projetos elaborados pela ATHIS. O objetivo da assessoria nesse contexto pode ser mais efetivo quando projetar conforme a realidade dessas pessoas e não impor uma nova realidade fora das condições desses moradores. Embora ainda não suficiente para mudanças significativas na problemática da habitação social, a lei de ATHIS abre caminho para meios de produção habitacional que integrem a população de locais pobres no processo construtivo, sendo mais efetivo e respondendo as demandas reais dos moradores.

Fig.24.Proposta de habitação social pela ATHIS, em Belo Horizonte Fonte: CAU

Fig.25 Treinamento para moradores Fonte: CAU

Fig26.Reforma de habitação popular pela lei de ATHIS Fonte: Arquitetura faz bem

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METÓDOS CONSTRUTIVOS DE BAIXO CUSTO Essencialmente, a autoconstrução não esta relacionada a nenhum sistema construtivo, tecnologia ou materialidade específica. Essa forma de produção, está intimamente vinculada a possibilidade dos usuários do edifício serem capazes de edificarem o mesmo, e se tratando de pessoas comuns, sem conhecimentos técnicos ou grande porte financeiro, isso direciona para metódos construtivos simples e baixo custo. ARQUITETURA VERNACULAR A arquitetura vernacular pode ser definida como uma tipologia de caráter local ou regional, na qual são empregados materiais e recursos do próprio ambiente onde a edificação está inserida. São, portanto, arquiteturas diretamente relacionadas ao contexto, influenciadas e atentas às condições geográficas e aspectos culturais específicos da sua inserção e, por esse motivo, surgem de modo singular nas diversas partes do mundo, sendo consideradas, inclusive, um dispositivo de afirmação de identidades. Embora não seja um sistema construtivo propriamente dito, esse tipo de arquitetura trás soluções regionais, e sistemas construtivos populares de cada local.

Figuras 27,28 e 29. Casas de junco Fonte: Archdaily

Um exemplo dessa arquitetura, são as casas de junco, são muito encontradas nos pântanos da junção dos rios Tigre e Eufrates no Iraque. Essa região serve de habitação para o povo Ma’dan, ou como são conhecidos, os árabes do Pântano.Essa forma de habitação é possível de ser construída devido à quantidade substancial de juncos que crescem ao redor dos pântanos. Para construí-las, são feitas colunas, paredes e arcos que são envolvidos pelo junco. Uma casa desse tipo por ser rapidamente erguida em 3 dias.

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Outros exemplos podem ser encontrados nos povos indígenas do Brasil, nas ocas e em outras tipologias.

Figura 30. Oca do povo Xingu Fonte: Gabriela Rudge

Figura 31. Oca do povo xingu Fonte: Archdaily

Embora muitos tipos de arquitetura vernacular sejam reflexos da desigualdade social, o barraco é o exemplo mais claro. Presente na maioria das favelas brasileiras, alguns são feitos de alvenaria sem reboco, mas grande parte é de materiais simples e básicos, como madeira, papelão e até mesmo isopor. Na verdade, qualquer material que possa dar algum tipo de sustentação pode fazer parte da estrutura de um barraco.

Figura 32. Barracos no Rio de Janeiro Fonte: Folha

Figura 33. Barraco Fonte: Folha

A investigação desse tipo de arquitetura, demonstra a realidade do local, através das formas populares de construção e materialidade utilizada, aspectos que fazem parte da identidade do lugar e devem ser considaderados na proposta de habitação social. Tendo em vista que essa proposta deve ser coerente com o contexto urbano inserido e se adequar a realidade dos moradores, sendo possível a participação dos mesmos nesse processo, aumentando a efetividade da proposta em resolver os reais problemas da população.

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ARQUITETURA MODULAR O sistema modular se apresenta como uma forma de construção rápidada, efetiva e de baixo custo. Esse tipo de arquitetura vem se popularizando cada vez mais no mundo, a sua flexibilidade torna possível sua aplicação em qualquer tipo de tipologia, desde uma habitação unifamiliar, até instalações industriais mais complexas. A base dos sistemas modulares é o módulo, pois é uma unidade de medida variável universalmente representada pela letra M. Constituído no sistema modular no qual M é um valor numérico e o intervalo mais pequeno de uma série de medidas. Os valores de uma série (2M, 3M, 4M, nM…) são obtidos através da multiplicação de uma variável (2,3,4,n…) pelo valor constante (M).

M

2M

3M

15M

Figura 35. Diagrama da lógica do sistema modular. Fonte: Elaborado pelo autor

O sistema modular antes de um sistema construtivo é um sistema espacial, que busca pela racionalização na divisão do espaço gerando padrões flexíves que podem ser ampliados ou reduzidos conforme necessidade(VILA, 2018). A flexibilidade é um aspecto importante a ser considerado para uma habitação social no contexto urbano das favelas, devido as constantes mudanças na tipologia, seja na adição de pavimentos, união de ambientes ou qualquer tipo de alteração volumétrica na unidade habitacional. A modulação preexistente, facilita a execução de futuras ampliações, sendo essas planejadas ou não. Esse sistema protege essas modificações de alterarem a proposta originalmente e mantém a autonomia do morador em poder se adequar as suas necessidades, as mudanças que desejar. 27


A aplicação desse sistema pode ocorrer de diferentes formas, desde a construção de módulos independentes, que geralmente são pré-fabricados fora local de implantação, e transportados posteriormente para sua instalação de forma integral no terreno, chegando praticamente pronto para o uso.

Pré-fabricação do módulo

Transporte

Instalação do módulo ao sistema

Figura 36. Diagrama de etapas do sistema modular. Fonte: Elaborado pelo autor

Esse módulos podem funcionar de forma isolada, ou aplicados a um conjunto que se desenvolve a partir de uma modulação estabelecida que permite sua evolução duranto o processo.

Figura 37. Casa pré-fabricada. Fonte: Archdaily

Figura 38. Student Housing Fonte: Archdaily

Figura 39. Social Housing Fonte: Archdaily

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Outra forma de utilização desse sistema, é a partir da modulação de diferentes elementos da edificação, pré-fabricados separadamente, e que possam ser unidos posteriormente formando um conjunto edificado.

Figura 40. Wikkelhouse Fonte: Wikkelhouse

Esse processo permite uma maior diversidade na proposta, permitindo diferentes combinações de um mesmo elemento. Além disso, dessa forma, por se tratar de partes reduzidas e menos complexas em comparação ao metódo anterior (módulo integral), a fabricação se torna mais simples, sendo possível a participação dos usuários na produção desses elementos e também na montagem das peças para formar o conjunto. A flexibilidade do sistema modular também permite uma mescla de sistemas construtivos, sendo possível unir uma forma convencional ao sistema modular, por exemplo, os elementos estruturais de forma tradicional em concreto moldado in loco e as vedações e coberta a partir de elementos pré-fabricados. São inúmeras as combinações de sistemas construtivos , materiais e processos que a modulação oferece, se encaixando nos mais diversos contextos urbanos e socioecônomicos, para autoconstrução assistida, essa é uma poderosa ferramenta que permite a construção pelo próprio usuário e ainda prevê a evolução da habitação através da sua modulação. 29


ARQUITETURA MODULAR

De forma geral, o sistema modular apresenta benefícios em diversos aspectos com relação aos sistemas tradicionais, em aspectos ambientais, sociais e econômicos.

SUSTENTABILIDADE

O processo de pré-fabricação controlado, resulta em um menor disperdício de materiais, além da possiblidade de reutilização desses resíduos. Também

RÁPIDEZ

Devido a redução de processos in loco, a montagem dos módulos reduz signifacantemente o tempo de obra, além de não ser influenciado por aspectos climáticos, que muitas vezes também compromentem o andamento da obra.

ECONOMIA

A precisão no processo de pré-fabricação reduz as perdas e gastos desnessários, além de poder contar com a flexibilidade de materias.

A partir desses conceitos, de sistemas flexiveis e adptáveis, habitações de interesse social em comunidades pobres, podem se tornar realidade, não apenas com projetos sem autogeridos sem supervisão, ou propostas do poder público que não integram a comunidade e o contexto urbano no processo de habitação, mas através de um projeto integrado, evolutivo e que dialogue com a realidade das pessoas que irão habitar nesses edíficios, para a construção de um espaço digno e justo para todos.

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REFERÊNCIAS PROJETUAIS 01


QUINTA MONROY Projeto do arquiteto chileno Alejandro Aravena, vencedor do Prêmio Pritzker 2016, trata-se de uma habitação social na cidade de Iquique, no norte do Chile. Em seu projeto arquitetônico, Quinta Monroy, Alejandro propôs uma moradia que pudesse ser ampliada ao longo dos anos, de acordo com as necessidades e as possibilidades dos moradores.

Figura 41. Acesso principal, conjunto habitacional Quinta Monroy. Fonte:"Quinta Monroy / ELEMENTAL" [Quinta Monroy / ELEMENTAL] 06 Fev 2012. ArchDaily Brasil. Acessado 13 Nov 2021. <https://www.archdaily.com.br/br/01-28605/quinta-monroy-elemental>

O projeto de baixo custo contemplou casas de uso misto, de dois pavimentos e dois acessos individuais, para moradia e comércio, com possibilidade de futuras expansões de responsabilidade financeira do morador, podendo ser construída pelo mesmo, com assistência de algumas diretrizes projetuais sugeridas pelos arquitetos.O trabalho foi feito em conjunto com os moradores e resultou no projeto inaugurado em 2004, que substituiu as residências e o espaço não planejado por um novo conjunto habitacional. O lote no qual hoje está inserido o projeto de Aravena, era um antigo rancho pertencente ao senhor Monroy, que alugava cortiços para a população .

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QUINTA MONROY

O conjunto habitacional apresenta tipologia de casas em fita, com unidades térreas e duplex. A construção acontece em etapas, as moradias são entregues com 50% de sua capacidade total de ocupação, que contém os equipamentos necessários para habitação. Ocupação 50%

Ocupação 100%

Figura 42 e 43. Ocupações do blocos habitacionais, conjunto habitacional Quinta Monroy. Fonte:"Quinta Monroy / ELEMENTAL" [Quinta Monroy / ELEMENTAL] 06 Fev 2012. ArchDaily Brasil. Acessado 13 Nov 2021. <https://www.archdaily.com.br/br/01-28605/quinta-monroy-elemental>.Tradada pelo autor

As habitações surgem de uma modulação de 3x6m, onde são desenvolvidos três módulos iniciais que recebem banheiros e cozinhas e outros ambientes básicos para moradia. B

C

D

F

E

G

1

A

6m

LEGENDA:

2

Módulo de ampliação 3m

3m

3m

3m

3m

3m

Módulos iniciais

Figura 44. Planta baixa térreo. Fonte: AU, 2016, EDIÇÃO 264, Editada pelo autor

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QUINTA MONROY

Figura 45. Planta baixa 1ºpavimento. Fonte: AU, 2016, EDIÇÃO 264, Editada pelo autor

Essa modulação permitiu um controle de expansão, sendo assim, por mais divergentes que fossem as alterações entre as residências, a obra ainda conversaria com a forma original concebida pelo arquiteto, além de contextualizar com o seu Figura 46. Planta baixa 2ºpavimento. Fonte: AU, 2016, entorno, não interferindo na EDIÇÃO 264, Editada pelo autor paisagem existente. A expansão é permitida dentro da estrutura prevista: o térreo pode ser ampliado para a lateral e para os fundos; o duplex para as laterais, sobre a laje da unidade térrea. A estrutura das unidades é majoritariamente de concreto, com algumas soluções em madeira – nas escadas e no mezanino da unidade duplex. Ademais, a estrutura foi pensada para sustentar as futuras ampliações.

Figura 47. Conjunto habitacional Quinta Monroy. Fonte:"Quinta Monroy / ELEMENTAL" [Quinta Monroy / ELEMENTAL] 06 Fev 2012. ArchDaily Brasil. Acessado 13 Nov 2021. <https://www.archdaily.com.br/br/01-28605/quinta-monroy-elemental>.

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MÁQUINA VERDE

Figura 48. Máquina Verde vista do rio. Fonte: PEI Máquina Verde

A Máquina Verde, trata-se de um protótipo de habitação social, modular e expansiva, para população da cidade de Cartagena da Índias na Colômbia. O projeto surge atravésde um programa de extensão da Universidade Pontifícia Javeriana de Bogotá, que busca trabalhar as questões habitacionais da Colômbia e do mundo. O local em que foi inserido o protótipo foi o bairro de El Pózon, caracterizado pelo seu crescimento informal e vários assentamentos precários que estabeleceram no local desde a década de 60.

Figura 49. Análise de El Pózon. Fonte: PEI Máquina Verde

O projeto foi concebido como um conjunto de moradias com altura não superior a 4 pavimentos, organizadas a partir de pátios e espaços coletivos. Buscando propor adequadamente um núcleo urbano com a densidade 120 moradias por hectare, com um sistema de estruturas escalonadas, abertas e irregulares, baseado na sobreposição de módulos bifamiliares que se acoplam, gerando megaestruturas capazes de adicionar ou subtrair volumes em seu interior. 36


MÁQUINA VERDE

Figura 50. Isométrica. Fonte: PEI Máquina Verde

Em coerência com o território, os modos de vida de seus habitantes e sua relação com o ecossistema, o projeto se baseou na releitura da habitação caribenha a partir dos elementos e relações espaciais que a constituem. O coração da vida caribenha se reflete no pátio e na varanda como elementos estratégicos de articulação espacial; o alpendre é um espaço de uso social que articula a vida pública e privada, ligado à área social da casa e o pátio é o espaço interior central que se articula, funcionando como uma circulação e permitindo a integração da vegetação nativa ao interior.

Figuras 51 e 52. Vista externa. Fonte: PEI Máquina Verde

37


MÁQUINA VERDE

A casa mescla tecnologia e materiais pré-fabricados com técnicas tradicionais e peças artesanais. A estrutura é composta por um sistema modular pré-fabricado de perfis metálicos e uma subestrutura de madeira para facilitar o transporte, manuseio e montagem. Uma fachada de vidro laminado duplo com qualidades termoacústicas e como segunda pele, fachadas dobráveis em palma de seje - planta do Caribe colombiano - que confere estética e protege do sol, ao mesmo tempo que permite ventilação cruzada por toda a casa.

Figura 53. Elementos pré-fabricados. Fonte: PEI Máquina Verde

Figura 55. Bloco modular. Fonte: PEI Máquina Verde

38


MÁQUINA VERDE

Como estratégia espacial, com a procura de possibilitar diferentes dinâmicas, são propostas duas paredes na casa para definir o banheiro e resolver as instalações eléctricas e hidráulicas. Os restantes espaços são compostos e divididos com o mobiliário móvel e reconfigurável, o que permite que as dimensões e configurações dos espaços possíveis sejam alteradas conforme necessário.

Figuras 57 e 58. Cortes, Máquina Verde. Fonte: PEI Máquina Verde

Figura 56. Planta baixa Máquina Verde. Fonte: PEI Máquina Verde

As casas são autossuficientes, dez painéis de energia solar fornecem a energia necessária e contam com reaproveitamento de águas cinzas.

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TERRITÓRIO 01

4


TERRITÓRIO

OLINDA RECIFE

A área de intervenção está situada no Bairro de Beberibe, localizado na Zona Norte do Recife, o bairro que existe desde meados de 1609, já pertenceu ao município de Olinda, mas atualmente é ordenado pela Prefeitura do Recife. O nome surge do Rio que corta os limites das duas cidades e percorre por boa parte do bairro. Palco de espisódios como a Revolução Praieira e a Convenção do Beberibe, o bairro hoje é formado por uma população pobre e preta em sua maioria, reflexo do processo de formação de grande parte das favelas em nossa cidade.

Figura 59. Recorte cidade do Recife Fonte: Elaborado pelo autor

OLINDA CAIXA D’ÁGUA

AGUAZINHA

DOIS UNIDOS BEBERIBE

RECIFE

PORTO MADEIRA

LINHA DO TIRO ÁGUA FRIA

Limite entre munícipios

Terreno para proposta

Figuras 60. Recorte do território Fonte: Elaborado pelo autor a partir da base de dados ESIG

41

200m

N


TERRITÓRIO

A localidade escolhida para o desenvolvimento dessa análise, foi selecionada por se encontrar dentro do cenário da habitacão informal em nossa cidade. O bairro de Beberibe, se apresenta como um local de relevância em sua região, o bairro originalmente com uma extensão territorial muito maior do que a atual, deu origem a bairros como Caixa D’Água, Águas Compridas, Dois Unidos, Linha do Tiro, Porto da Madeira e Cajueiro. No último censo demográfico, o local apresentou cerca de 9.000 habitantes, sendo 48% dessa população na faixa etária adulta. Além disso 66,73% se autodeclaram negros e com famílias com renda familiar mensal média de R$ 1.038,23. O bairro apresenta um cenário comum da periferia da Zona Norte do Recife, caracterizada pela informali- Figura 61. Beberibe, 1637 Fonte: FUNDAJ dade tanto na produção de habitações, como em aspectos econômicos e sociais. O local escolhido para a proposta desse trabalho, reflete uma parte do cenário existente nas periferias e na cidade em geral. O terreno, localizado na Rua Uriel de Holanda, que originalmente pertencia a rede de mercados COBAL, por mais de 20 anos se encontrava sem uso, totalmente descaracterizado e comprometido estruturalmente, até que no ano de 2020 o local foi ocupado por um grupo de habitantes de Beberibe e de bairros vizinhos, em busca de moradia e abrigo. Através de barracos e tendas instalados no interior da estrutura comprometida do antigo mercado, essas tem lutado pelo direito de uma moradia digna.

H

be

eri

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U

de

.B Av

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Ru

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Figura 62. Recorte território Fonte: Elaborado pelo autor a partir da base de dados ESIG

42


TERRITÓRIO

Figura 63. Vista frontal do terreno na R. Uriel de holanda. Fonte Elaborado pelo autor, 2021

Figura 64. Vista frontal do terreno na R. Uriel de holanda. Fonte Elaborado pelo autor, 2021

Figura 65. Vista da esquina com a R. Melânio de Barros Fonte Elaborado pelo autor, 2021

Figura 66. Vista lateral do terreno na R. Melânio de Barros Fonte Elaborado pelo autor, 2021

43


TERRITÓRIO

LEGISLAÇÃO

ZD

S-

OLINDA

BE

BE

RI

BE

ZEIS - LINHA DO TIRO ZEC BEBERIBE

ZDS- BEBERIBE

ZEIS - CASA AMARELA

Terreno para proposta

200m

N

ZEIS - Zona Especial de Interesse Social ZEC - Zona Especial de Centralidades

ZDS - Zona de Desenvolvimento Sustentável

ZAC Morros- Zona de Ambiente Construído em Morros UCN - Unidade de Conservação da Natureza

A área foi analisada conforme o PLANO DIRETOR 2020 do Recife na plataforma ESIG. Devido a isso, a área correspondente ao território de Olinda foi desconsiderada para essa análise.

Figura 67. Mapa de zoneamento de legislação Fonte: Elaborado pelo autor

44


TERRITÓRIO

De acordo com o zoneamento disposto pela LEI COMPLEMENTAR Nº 2, de 23 de Abril de 2021, que Institui o Plano Diretor do Município do Recife. O terreno esta localizado dentro de uma ZEIS, (Zonas Especiais de Interesse Social) que de acordo com o art.64, correspondem às áreas de assentamentos habitacionais de população de baixa renda, surgidos espontaneamente, consolidados, carentes de infraestrutura básica e passíveis de urbanização, regularização fundiária e construção de habitação de interesse social, como também às áreas destinadas à provisão de programas habitacionais de interesse social pelo Poder Público. No entorno também podem ser encontradas outras zonas: ZDS- Zona de Desenvolvimento Sustentável, que corresponde ao território de influência da rede hídrica principal e secundária que penetra no espaço urbano do Recife, nesse caso o Rio Beberibe. ZEC- Zona Especial de Centralidades, têm por característica a concentração de atividades econômicas, tendo como suporte a articulação imprescindível do sistema de mobilidade urbana para promover o fluxo de pessoas e mercadorias de distintas partes da cidade. ZAC Morros-Zona de Ambiente Construído em Morros, indica às áreas com restrições ao adensamento construtivo e populacional devido a: I- ocupações em áreas de fragilidade ambiental com risco de deslizamentos em função de suas características geomorfológicas; II- Carência de infraestrutura urbana; e III- Necessidade de aplicação de conceitos de adaptação climática e gestão de riscos a desastres. Devido as definições da ZEIS não informarem parâmetros urbanísticos precisos e diretos para essas áreas, as análises a seguir são de extrema importância, para a interpretar as formas de ocupação e uso do espaço e proporcionar indicações para diretrizes projetuais futuras.

45


TERRITÓRIO

USOS

Rio Beberibe

Es

3 io

R

1

i

er

b Be

be

2

5

la

Ho

R.

Ta g

be

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R. Co Rio mp Beb . Vi erib nici e us d eM orae s

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gu

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ua

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4

N 0

Legenda: Terreno para proposta Habitação Comercial

Educacional Religioso Serviços

Figura 68. Mapa de usos Fonte: Elaborado pelo autor

46

50

100

200m


TERRITÓRIO

1 Fig.88 Mercado público de Beberibe

3 Fig.90 Paróquia Nossa Senhora da Conceição

2 Fig.89 Escola Pedro Celso

4 Fig.91 Habitação uso misto

5 Fig.92 Comércio R. Uriel de Holanda

Como característica principal de uma ZEIS, a área tem predominância do uso habitacional em sua grande parte. O uso comercial também é muito presente nas interfaces da Rua Uriel de Holanda e Av. Beberibe. Devido a sua centralidade em relação aos bairros vizinhos, também são encontradas escolas de grande porte, como o caso da Escola Pedro Celso, que atende estudantes das localidades próximas. Embora predominância seja o uso habitacional, o uso comercial é de extrema importância para a região, se misturando muitas vezes nas habitações, é comum o moradores implantarem pequenos comércios e serviços informais em suas casas. Esse uso misto não pode ser mapeado com exatidão devido a informalidade desses usos, mas pode ser constatado através de visitas in loco a forte presença desse uso adicional nas residências. Em sua grande maioria de forma não planejada, esse uso misto aparece conforme necessidade dos moradores de adquirir uma renda extra e muitas vezes pode ser removido conforme a decisão do proprietário.

47


TERRITÓRIO

CHEIOS E VAZIOS

Rio Beberibe

io

R

e

ib

er

b Be

Rio

Legenda Terreno para proposta Cheios Vazios

Figura 69. Mapa de cheios e vazios Fonte: Elaborado pelo autor

48

Beb

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e


Devido a ausência de parâmetros urbanísticos bem definidos por se tratar de uma ZEIS, aspectos de implantação e ocupação do solo, como afastamentos minímos e recuos devem ser analisados de maneira específica para cada trecho da área, assim identificando as formas de ocupação e os padrões gerados por essa comunidade.

R.Melâ nio de Barro s

/ Terreno p proposta

R.Uriel de Holanda

Cheios Muro

25m

N

Vazios

Figura 70. Ampliação mapa de cheios e vazios Fonte: Elaborado pelo autor

Foi analisado o trecho da Rua Uriel de Holanda e Rua Melânio de Barros, que representa o entorno imediato do terreno. As edificações adjacentes ao terreno na R. Uriel, não possuem recuo para calçada, devido o seu uso comercial e a necessidade de uma maior interação com o pedestre. Já as edficações adjacentes ao terreno na R. Melânio de Barros, possuem um recuo considerável, mas possuem muros delimitando o lote e impedindo uma permeabilidade do espaço. Dessa forma, buscando uma integração a esse contexto, as edificações vizinhas sugerem que a proposta tenha recuos diferentes em suas fachadas.

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GABARITO

Rio Beberibe

Es

io

R

e

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Co Rio mp Beb . Vi erib nici e us d eM orae s

ua

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ga

N 0

Legenda: Terreno para proposta Térreo Térreo +1

2-3 Pavimentos 4+ Pavimentos

Figura 71. Mapa de gabaritos Fonte: Elaborado pelo autor

50

50

100

200m


Como característica da área, a maior parte das habitações são construídas de forma informal e por pessoas com pouco conhecimento técnico, isso resulta em edificações mais simples e com poucos pavimentos, maioria são edificações térreas ou com 1 pavimento superior, isso também se deve ao fato da existência de morros em alguns locais, fator que dificulta a execução de edificios maiores. Os edifícios que se destacam do contexto, são geralmente equipamentos públicos, como escolas ou igrejas. Fato interessante, são as adições de pavimentos a essas habitações, não previstas inicialmente, o famoso “puxadinho”. É muito comum nas regiões periféricas no nosso país, a origem desse acréscimo na residência, é uma forma de se adequar as dinâmicas sociais, como aumento de membros na família, ou até mesmo por necessidades financeiras, alugando o pavimento superior para obtenção de renda, ou transformação do pavimento térreo em comercial e habitação no pavimento superior. Essas características mostram que esse contexto não é definitivo ou até mesmo previsível, e que dinâmicas como essa devem ser previstas para propostas em habitações nesse contexto urbano.

Figuras 72, 73 e 74. Habitações com adições de pavimento Fonte: Recorte google maps

Figura 75. Croquis de evolução da habitação Fonte: Elaborado pelo autor

51


TRAÇADO URBANO E MOBILIDADE

Rio Beberibe

io

R

e

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b Be

Rio

Beb

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e

N 0

Legenda Via Coletora Via Local Via Microlocal Parada de ônibus

Figura 76. Mapa do Traçado urbano Fonte: Elaborado pelo autor

52

50

100

200m


Apesar de localizar na periferia da cidade, a área de estudo é bem conectada com eixos importantes da cidade. A Av. Beberibe é a principal via na região, conectando os municípios de Olinda e Recife. As vias coletoras contam com a disponibilidade de transporte público, enquanto as demais apenas o uso de transportes individuais. Além disso a região fez parte do plano de ação do PROMETRÓPOLE, iniciativa do governo do Estado em parceria com os munícipios de Recife e Olinda tendo como foco principal de atuação as áreas onde estão concentradas as comunidades pobres da Região Metropolitana do Recife, inseridas na área da Bacia do Beberibe. Iniciado em 2003 e com prazo de finalização em 2008, apenas em 2021 o programa conseguiu ter efetividade em poucos dos seus diversos objetivos, um deles foi e finalização da Rua. Vinicius de Moraes, que circunda a bacia do rio Beberibe no território e conta com ciclofaixa que liga os dois munícipios vizinhos.

Figura 77. Trecho Av. Beberibe Fonte: Recorte google maps

Figura 78. Trecho R. Uriel de Holand Fonte: Recorte google maps

Figura 79. Trecho em frente ao terreno R.Uriel de Holanda Fonte: Recorte google maps

Figura 80. Trecho R. Taguatinga Fonte: Recorte google maps

53


DIRETRIZES PROJETUAIS 01

5


DIRETRIZES PROJETUAIS

As diretrizes projetuais, surgem a partir dos conhecimentos apreendidos com as revisões bibliográficas, o estudo de referências projetuais e da análise do território selecionado, com o objetivo de propor uma habitação social para os moradores do bairro de Beberibe, que hoje fazem parte de uma ocupação informal.

Criação de unidades habitacionais modulares. Módulos de habitacionais que possam ser repetidos de forma que sigam uma modulação, passível de expansão e evolução da forma.

Figura 81. Diagrama de unidade modulares Fonte: Elaborado pelo autor

Limitação de gabarito de até 3 pavimentos. Visando uma contextualização com o contexto inserido, o gabarito de até 3 pavimentos se apresenta consonante com esse entorno e atendendo as demandas da proposta. 3Pav 2Pav 1Pav

Figura 82. Diagrama de limite de gabarito Fonte: Elaborado pelo autor

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DIRETRIZES PROJETUAIS

Utilização de elementos pré-fabricados Elementos de vedação, coberta, entre outros, que sigam a modulação estabelecida e possam ser fabricados em série e aplicado as unidades de habitação posteriormente pelos próprios moradores.

Figura 82. Diagrama de elementos pré-fabricados Fonte: Archdaily

Materiais e elementos locais Identificar materiais e elementos característicos do local, para que possam ser interpredados e aplicados ao projeto, mantendo a identidade do lugar, mas agregando qualidade arquitetônica ao espaço.

Figura 83. Edificação com toldo Fonte: Recorte google maps

Figura 84. Elementos locais característicos Fonte: Recorte google maps

Toldos para proteção solar

Gradil de ferro Telha ondulada Calha externa 56


DIRETRIZES PROJETUAIS

Criação de pátios internos. Devido a falta de espaços comuns de convivência no entorno, a necessidade um espaço mínimo para atividades sociais está previsto na proposta, além servir como área verde contribuindo para uma integração com elementos naturais

Figura 85. Diagrama de pátios Fonte: Elaborado pelo autor

Uso comercial no pavimento térreo da rua Uriel de Holanda. Buscando dar continuidade ao uso predominante desse trecho, a unidades habitacionais alinhadas a R. Uriel de Holanda, terão atividades comerciais no pavimento térreo.

Figura 86. Diagrama usos Fonte: Elaborado pelo autor

57


PRÉ-DIMENSIONAMENTO

Para o pré-dimensionamento da proposta, foram consideradas informações obtidas em pesquisa realizada no local, com o grupo de moradores que ocupam o terreno atualmente. Cerca de 17 famílias hoje habitam no local, famílias que variam de 2 até 5 membros. Considerando o contexto socioeconômico dessas famílias, foram indicados 4 tipos de unidades habitações, que se adequem as dinâmicas propostas pelas famílias. TIPO 01

TIPO 02

45-60m²

35-50m²

TIPO 03

TIPO 04

55-70m²

60-75m²

Essas unidades habitacionais possuem a possibilidade de expansão pelos próprios moradores, por isso sua área incial é menor do que a capacidade final da unidade. Embora as ampliações sejam feitas posteriormente, para esse pré-dimensionamento será considerada a capacidade final das unidades, na expectativa de que essa atinja sua completude. Infraestrutura 100m² Área de permanência 400m²

5un.

5% 18%

27%

10un.

600m²

ÁREA TOTAL DO TERRENO 2.100m²

17%

18%

375m² 15%

5un

350m²

58

8un.

400m²

Figura 87. Gráfico do pré-dimensionamento Fonte: Elaborado pelo autor



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 01

6


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ABIKO, A. K. Introdução à Gestão Habitacional. São Paulo: EPUSP, 1995. Disponível em: <http://www.pcc.poli.usp.br/files/text/publications/TT_00012.pdf> Acesso em: 22 Abril. 2021 AZEVEDO, S. Política de Habitação Popular: equívocos e mitos sobre a autoconstrução. Revista de Administração Municipal Rio de Janeiro, v. 36, n. 192, p. 28-39, 1989. Bianca Araujo Santos. "A experiência cooperativista de habitação no Uruguai: um breve panorama histórico " 09 Set 2020. ArchDaily Brasil. Acesso Set 2021. <https://www.archdaily.com.br/br/947330/a-experiencia-cooperativista-de-habitacao-no-uruguai-um-breve-panorama-historico> ISSN 0719-8906 BONDUKI, Nabil Georges. “Origens Da Habitação Social No Brasil.” Análise Social, vol. 29, no. 127, Instituto Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, 1994, pp. 711–32, DE SANTANA, John Kennedy Ribeiro. ANÁLISE EVOLUTIVA DA OCUPAÇÃO DOS MORROS DA CIDADE DO RECIFE. Anais do XVI Simpósio Nacional de Geografia Urbana-XVI SIMPURB, v. 1, p. 3754-3768, 2019 FERNANDES, Alexandre. Sistema Modular para uma Habitação Evolutiva a Custos Controlados. 2015. Tese de Doutorado FERREIRA , M. B. . Autoconstrução e autogestão habitacional no Brasil: um estudo comparativo em dois períodos: 1975-1986 e 2004-2018. Journal of Urban Technology and Sustainability, v. 3, n. 1, p. 51-64, 1 dez. 2020 FERREIRA, REGINA FÁTIMA CORDEIRO FONSECA. AUTOGESTÃO e HABITAÇÃO. 2014. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro. FRANCISCO, Thiago Pereira. Habitação popular, reforma urbana e periferização no Recife, 1920–1945. 2013. Dissertação de Mestrado. UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO. FUNDAJ (FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO). Mapa de Exclusão/Inclusão Socioambiental do Recife. FUNDAJ: Recife, 2007 HIRATA, Francini. " Minha Casa, Minha Vida": Política habitacional e de geração de emprego ou aprofundamento da segregação urbana?. Revista Aurora, v. 2, n. 2, 2009.

61


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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62


LISTA DE FIGURAS 01

7


LISTA DE FIGURAS Figura 01. Gráfico de produção habitacional PMCMV 2020

08

Figura 02. Conjunto habitacional Eunápolis. Fonte: MINHA CASA, MINHA VIDA. Figura 03. Mutirão Juta Nova Esperança 1999. Fonte: Juta Nova Esperança. USINA ctah. Disponível em:<http://www.usina-ctah.org.br/jutanovaesperanca.html>. Acesso em: Out. 2021 Figura 04. Cortiço no Rio de Janeiro 1906. Fonte:Augusto Malta

10

Figura 05. Vila Arcoverde 1958. Fonte: B.J Duarte Figura 06. Habitacional Curitiba. Fonte: Ubirajara Machado/MDS

Figura 07. Morro em Recife. Fonte:Tânia Rêgo/Agência Brasil Figura. 08. Mocambos com tetos de palha, tipo do mocambo palha-terra. Fonte: MCR Figura. 09. Vila dos Contínuos, 1940 Fonte: MCR

09

15 16 16 16 18 18

Figura. 10. Habitacional Eduardo Campos. Fonte: Elaborada pelo autor.

18

Figura. 13. Alto José do Pinho 2021. Fonte: Elaborada pelo autor Figura. 14. Etapas da autoconstrução. Fonte: Elaborada pelo autor

20

Figura. 15. Tipos de mutirão. Fonte: Elaborada pelo autor Figura. 16.Mutirão União da Juta Fonte: Usina CTAH Figura. 17.Mutirão Paulo Freire Fonte: Usina CTAH

22 23 23

Figura.19 Vivienda Castalia y Cuareim, 2016 Fonte: Archdaily

23

Fig.21.Vila Aga Khan, 1991Fonte: Archdaily

23

24

Figura. 11. Delizamento de bairreira no Recife. Fonte: Jornal do Comércio 2019. 20 20 Figura.12. Brasília Teimosa 2018. Fonte: Época 21

Figura. 18.Habitacional Bulevar Artigas,1974 Fonte: Vigliecca e associados

23

Figura. 20 Rosso and Nouakchott Housing, 1983 Fonte: Archdaily

23

Fig22 e 23. Uplink housing, 2004 Fonte: Ahmad Syamsudin Fig.24.Proposta de habitação social ATHIS, Belo Horizonte Fonte: CAU

23 24

Fig.25 Treinamento para moradores Fonte: CAU Fig26.Reforma de habitação popular, ATHIS Fonte: Arquitetura faz bem

24

Figuras 27,28 e 29. Casas de junco Fonte: Archdaily Figura 30. Oca do povo Xingu Fonte: Gabriela Rudge Figura 31. Oca do povo xingu Fonte: Archdaily Figura 32. Barracos no Rio de Janeiro Fonte: Folha Figura 33. Barraco Fonte: Folha

Figura 35. Diagrama da lógica do sistema modular.Fonte: Elaborado pelo autor Figura 37. Casa pré-fabricada. Fonte: Archdaily

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LISTA DE FIGURAS

Figura 38. Student Housing Fonte: Archdaily Figura 39. Social Housing Fonte: Archdaily Figura 40. Wikkelhouse Fonte: Wikkelhouse

Figura 41. Conjunto habitacional Quinta Monroy. Fonte: Archdaily

Figura 42 e 43. Ocupações do blocos habitacionais, conjunto habitacional Quinta Monroy. Fonte: Archdaily Figura 44. Planta baixa térreo. Fonte: AU, 2016, EDIÇÃO 264,

28 28 29 33 34 34

Figura 45. Planta baixa 1ºpavimento. Fonte: AU, 2016, EDIÇÃO 264 Figura 46. Planta baixa 2ºpavimento. Fonte: AU, 2016, EDIÇÃO 264

35

Figura 48. Máquina Verde vista do rio. Fonte: PEI Máquina Verde Figura 49. Análise de El Pózon. Fonte: PEI Máquina Verde

36 36

Figuras 51 e 52. Vista externa. Fonte: PEI Máquina Verde

37

Figura 47. Conjunto habitacional Quinta Monroy. Fonte: Archdaily

35 35

Figura 50. Isométrica. Fonte: PEI Máquina Verde

37

Figura 53. Elementos pré-fabricados. Fonte: PEI Máquina Verde

38

Figura 56. Planta baixa Máquina Verde. Fonte: PEI Máquina Verde

39 39

Figura 55. Bloco modular. Fonte: PEI Máquina Verde

Figuras 57 e 58. Cortes, Máquina Verde. Fonte: PEI Máquina Verde

38

Figura 59. Recorte cidade do Recife Fonte: Elaborado pelo autor

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Figuras 60. Recorte do território Fonte: Elaborado pelo autor a partir da base de dados ESIG Figura 61. Beberibe, 1637 Fonte: FUNDAJ

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Figura 62. Recorte território Fonte: Elaborado pelo autor a partir da base de dados ESIG Figura 63. Vista frontal do terreno na R. Uriel de holanda. Fonte Elaborado pelo autor, 2021 Figura 64. Vista frontal do terreno na R. Uriel de holanda. Fonte Elaborado pelo autor, 2021 Figura 65. Vista da esquina com a R. Melânio de Barros Fonte Elaborado pelo autor, 2021

42

Figura 67. Mapa de zoneamento de legislaçãoFonte: Elaborado pelo autor

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Figura 66. Vista lateral do terreno na R. Melânio de Barros Fonte Elaborado pelo autor, 2021

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LISTA DE FIGURAS

Figura 68. Mapa de usos Fonte: Elaborado pelo autor Figura 69. Mapa de cheios e vazios Fonte: Elaborado pelo autor

46 48

Figura 71. Mapa de gabaritos Fonte: Elaborado pelo autor Figuras 72, 73 e 74. Habitações com adições de pavimento Fonte: Recorte google maps Figura 75. Croquis de evolução da habitação Fonte: Elaborado pelo autor

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Figura 70. Ampliação mapa de cheios e vazios Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 76. Mapa do Traçado urbano Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 77. Trecho Av. Beberibe Fonte: Recorte google maps Figura 78. Trecho R. Uriel de Holanda. Fonte: Recorte google maps Figura 79. Trecho em frente ao terreno R.Uriel de Holanda Fonte: Recorte google maps Figura 80. Trecho R. Taguatinga. Fonte: Recorte google maps Figura 81. Diagrama de unidade modulares. Fonte: Elaborado pelo autor Figura 82. Diagrama de limite de gabarito Fonte: Elaborado pelo autor Figura 82. Diagrama de elementos pré-fabricados Fonte: Archdaily Figura 83. Edificação com toldo Fonte: Recorte google maps Figura 84. Elementos locais característicos Fonte: Recorte google maps

Figura 85. Diagrama de pátios Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 86. Diagrama usos. Fonte: Elaborado pelo autor Figura 87. Gráfico do pré-dimensionamento Fonte: Elaborado pelo autor

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