jardins com história
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Quinta Jardins do Lago Texto e fotografias de Raimundo Quintal, PhD {raimundo.quintal@gmail.com – Centro de Estudos Geográficos – Instituto de Geografia e Ordenamento do Território, Universidade de Lisboa}
Na Madeira a expressão Achada significa pequeno planalto. Daí que Achada seja o nome do sítio da freguesia de São Pedro, a cerca de 1,5 Km do centro da cidade do Funchal, localizado entre a escarpa ocidental da ribeira de Santa Luzia e a vertente oriental da ribeira de São João. Nesse interflúvio, elevado e aplanado, foi criada no século xviii, por uma família madeirense, a Quinta da Achada. Segundo David Hancock, professor de História na Universidade de Michigan, a Quinta da Achada pertenceu, entre 1750 e 1770, à firma Lamar, Hill, Bisset & Co, que comercializava vinho Madeira. No início do século xix a propriedade passou para William Penfold, também comerciante de vinho Madeira. 62 Jardins
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O general Beresford, que comandou as tropas inglesas que ocuparam pela segunda vez a Madeira a 24 de Dezembro de 1807, viveu nesta quinta até deixar a ilha a 17 de Agosto de 1808. “Penfold, segundo o jornal Flor do Oceano, liquidou todos os seus bens em 1836, regressando a Inglaterra, deixando, no entanto, um filho entre
nós, falecido em 1871, altura em que a Achada mudou de dono. Nesta casa viveram várias gerações da família Lindon-Vinard, que tinha adquirido a quinta em 1881 (…). Da descendência da família LindonVinard, mais concretamente do casamento de Sylvie Eliane Gabrielle Vinard com John Reeder Blandy, descendem os actuais proprietários desta lindíssima residência funchalense. De destacar nesta propriedade é o seu riquíssimo parque botânico com árvores centenárias e raras, algumas, como a velha magnólia perto da varanda que imprime à casa um cunho colonial, ou o eucalipto da quinta que era ponto de referência para os barcos que entravam no Porto do Funchal, indicando-lhes justamente o centro da baía” (SAINZ-TRUEVA, J. - 1999). Em 2000 entrou em funcionamento uma unidade hoteleira de cinco estrelas, que integra de forma harmoniosa a casa mãe e se insere numa ampla zona verde. A propriedade passou a designar-se Quinta Jardins do Lago. O enorme eucalipto (Eucalyptus globulus), que era uma das referências da Quinta morreu aquando das obras de construção da estalagem. Felizmente melhor sorte teve a frondosa magnólia (Magnolia grandiflora), natural do sudeste dos Estados Unidos da América, que continua a ser um dos ex-líbris do jardim, a par de outras árvores notáveis como a enorme e rara turpentine (Syncarpia glomulifera), oriunda da Austrália, ou a monumental canforeira (Cinnamomum camphora), indígena do Japão, China e Taiwan. A Quinta Jardins do Lago possui uma área de 20.170m2, sendo 3.950m2 de espaço edificado, 2.500m2 de passeios, caminhos e estacionamentos, e 13.720m2 de jardim. Com uma exposição dominante a sul, estende-se numa plataforma, cujas altitudes, máxima e mínima, são, respetivamente, 145m e 130m. A flora da Quinta Jardins do Lago é constituída por cerca de 500 táxones,