Organização da Produção em Confeção Têxtil

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ARTUR MENDONÇA

ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO EM CONFEÇÃO TÊXTIL


AUTOR Artur Mendonça

TÍTULO Organização da Produção em Confeção Têxtil

3.a EDIÇÃO Porto, Fevereiro 2012

EDITOR Publindústria, Edições Técnicas, Lda. Praça da Corujeira, n.o 38 4300-144 Porto www.publindustria.pt

DISTRIBUIDOR Engebook - Conteúdos de Engenharia e Gestão Tel.: 220 104 872 Fax: 220 104 871 apoiocliente@engebook.com www.engebook.com

REVISÃO Joana Moreira

REDESIGN Ana Pereira

IMPRESSÃO Publidisa Fevereiro 2012

DEPÓSITO LEGAL 339941/12

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CDU 677 Indústria Têxtil 687 Indústria de Vestuário. Confeção ISBN 978-972-8953-94-2 ISBN (e-book) 978-972-8953-95-9 Família: Confeção Subfamília: Têxtil


[ NOTA INTRODUTÓRIA ]

Organização da Produção em Confeção Têxtil Este manual visa ajudar as empresas de confeção, sobretudo as PME’s a organizarem-se com vista a aumentar a produtividade, a qualidade e a cumprir prazos, visto que estas são as grandes dificuldades da nossa indústria. O conteúdo deste trabalho, pelos métodos propostos, destina-se a preparar a indústria têxtil para fazer face à concorrência de um modo mais coerente, organizado e, logo, mais eficaz.



[ ÍNDICE ]

PRÓLOGO

7

PLANO DA OBRA

11

CAPÍTULO I Filosofia da Organização

13

CAPÍTULO II A Personalidade do Organizador / Cronometrador

19

CAPÍTULO III A Formação Profissional das Operadoras

25

CAPÍTULO IV O Local de Trabalho

31

CAPÍTULO V Posto Individual de Trabalho

37

CAPÍTULO VI Cronometragem

47

CAPÍTULO VII Tempo Teórico

57

CAPÍTULO VIII Elaboração dos Tempos Puros ou Teóricos

69

CAPÍTULO IX As Máquinas

81

CAPÍTULO X O Rendimento

89

CAPÍTULO XI Técnica de Equilibragem

97

CAPÍTULO XII Os Períodos

117

CAPÍTULO XIII A Cronometragem na Sala de Corte

123

CAPÍTULO XIV Melhoramento das Fases e Restauração dos Ciclos já existentes

137

CAPÍTULO XV Controlo da Produção

153

CAPÍTULO XVI O Custo do Minuto Industrial Produtivo

165

CAPÍTULO XVII Sistemas de Organização do Ciclo de Produção

175

CAPÍTULO XVIII O Layout

189

CAPÍTULO XIX Alimentação e Rendimento

195

CAPÍTULO XX As Coleções como Base de uma Boa Organização

199

CAPÍTULO XXI Modelagem Industrial

205

CAPÍTULO XXII O Fabrico como Suporte da Qualidade

211

CAPÍTULO XXIII O Organigrama

219

CAPÍTULO XIX A Ordem dos Fatores na Técnica de Organização

225

BIBLIOGRAFIA

233



Prólogo

[ P R Ó L O G O ]

Dando início a este curso, cremos importante fixar em poucas palavras as motivações e objetivos a que nos propomos, a fim de permitir aos inscritos tirar uma conclusão clara e satisfatória, predispondo-se a participar com total confiança nos resultados que dele poderão extrair.

Motivações e Objetivos Nos últimos anos, Portugal tem vindo a explorar melhor o mercado da confeção e da moda nacional. Nunca como neste momento teve ao seu alcance o êxito industrial, comercial e económico, com perspetivas europeias e mundiais. Há só uma maneira de não desperdiçar esta oportunidade: ORGANIZAR-SE. O objetivo essencial deste curso é fornecer aos responsáveis da Direção Técnica das empresas as bases necessárias para bem se organizarem, no que diz respeito à produção, tendo em conta que se a Indústria Portuguesa de Confeção não aproveitar agora a oportunidade atrás reconhecida encontrar-se-á, em pouco tempo, fora do concurso internacional. No plano mais imediato, queremos concretizar um objetivo que pode parecer polémico, mas não é. Tratar-se-ia, em qualquer caso, de polémica construtiva, que deveria ser bem aceite, secundada e positivamente resolvida. A boa organização, em sentido geral e específico, não permite que os erros cometidos por alguém sejam atribuídos a outrem. Elimina álibis a todos os níveis e permite, por isso mesmo, alcançar a total clarificação relativamente a:

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– objetivos a atingir; – meios e métodos a empregar; – pessoas a responsabilizar. A clarificação destes aspetos significa, sem dúvida alguma, alcançar o máximo êxito na indústria de confeção, que é, bem o sabemos, uma das mais complexas. É nosso firme empenho, no desenvolvimento deste curso, clarificar de tal modo os princípios essenciais da organização que, chegando ao estudo e aplicação da cronometragem, esta prática se revele quase supérflua. Isto é, o non plus ultra da organização. É aqui oportuno recordar a afirmação: «No domínio da economia da empresa não é o grande investimento que garante, por si só, a conquista dos objetivos mais apetecíveis, mas sim a inteligente e racional organização do trabalho elaborada pela Direção da empresa em colaboração com os quadros intermédios». Estas escassas palavras, que expressam a filosofia do curso, põem em evidência uma das diretrizes da moderna técnica empresarial. Com efeito, responsabilizar os quadros intermédios, e por meio deles os produtores (operários), é o caminho mais seguro para obter uma colaboração sempre mais ativa e espontânea, e para realizar os objetivos fundamentais da organização, que são: – Aumentar a capacidade produtiva e a produção; – Elevar o nível de vida dos produtores e a qualidade do produto; – Evitar a conflitualidade no local de trabalho; – Reduzir o fenómeno do absentismo a um nível mínimo, com enormes vantagens para a produtividade; – Transformar as empresas, em muitos casos fontes de grave «stress», num conjunto harmónico no qual se possa falar de corresponsabilidade, na verdadeira aceção da palavra.

Utopias ou Realidades Neste curso, nada será dito que não se adapte à indústria tipicamente portuguesa, a qual em nada se parece com, por exemplo, a dos Estados Unidos. Pedimos aos participantes que nunca pensem nem digam que na prática não se pode aplicar o que aqui aprenderão. Seria um erro lamentável, que só traria consequências negativas para as suas empresas. – O leitor irá deparar-se aqui com afirmações de clara evidência. – Conhecerá técnicas totalmente novas. – Poderá mostrar-se mais cético em relação a certas passagens do livro. [ 8 ] Publindústria - Edições Técnicas


Prólogo

É nossa intenção não renunciar a nada do que uma já longa experiência demonstrou ser importante. Pedimos a cada participante que, no interesse da sua empresa: – Não se impaciente quando escutar coisas óbvias ou já conhecidas; – Não recuse as novas técnicas sem as comprovar nas condições favoráveis; – Não se escandalize quando o discurso pisar as fronteiras da parapsicologia. Pense que na base das nossas afirmações estão múltiplos casos vividos, estudos conduzidos ao longo de muitos anos, que nos deram a força da convicção. Com esta última afirmação respondemos às dúvidas que têm muitas pessoas: «O curso será teórico ou prático?» O nosso curso é «teórico-prático» e ninguém duvidará que seja esta a melhor forma de transmitir conhecimentos tecnológicos. A prática, sem o devido suporte da teoria relativa, deixa o técnico de organização exposto a muitas possibilidades de equívoco, que transformarão o seu trabalho numa fonte de problemas. Dizia Leonardo da Vinci: «Aquele que se apaixona pela prática sem a ciência, é como o piloto que vai para o mar sem leme nem bússola e nunca sabe para onde vai.» «A prática deve ser sempre edificada sobre uma boa teoria e, sem esta, nada se faz bem, qualquer que seja a profissão.» Pensamos ser esta a melhor conclusão deste prólogo.

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Plano da Prólogo Obra

[ P L A N O D A O B R A ]

É importante que se esclareça já o processo que seguiremos no desenvolvimento da obra.

I - O responsável da produção e o cronometrista devem conhecer os produtos o suficiente para organizar os ciclos de trabalho de forma a favorecer a redução dos tempos e a defesa da qualidade. Daremos, por isso, normas essenciais de confeção, de arquitetura do produto e de fabricação.

II - Pode-se afirmar, com base numa lógica que não admite dúvidas, que a cronometragem não se justificará nem terá êxito se o processo produtivo não estiver solidamente organizado desde o seu início. Trataremos, portanto, de tudo quanto à produção se refere: coleção, formação do pessoal, compras, programação, máquinas, etc.

III - A cronometragem não deve representar uma perda de tempo, mas sim uma base para o poupar sem criar quaisquer problemas. Daremos a conhecer uma técnica de surpreendente eficácia baseada no emprego do cronómetro centesimal. Garantimos a todos os participantes que, aplicando o método que aqui lhes transmitimos, reduzirão de forma sensível o tempo de fabrico e, por consequência, aumentarão a produção da sua fábrica.

IV - Tendo em conta a importância das relações humanas, tratar-se-á deste assunto com suficiente amplitude, com base na moderna psicologia e atendendo às realidades típicas do operador português.

V - Por último, cientes de que não pode existir uma sólida organização sem controlo simultâneo e a posteriori, ensinaremos a prática do controlo, baseada em documentos claros, simples e eficazes.

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[ Capítulo I ] Filosofia da Organização

[ CAPÍTULO I ] FILOSOFIA DA ORGANIZAÇÃO

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[ Capítulo I ] Filosofia da Organização

[ FILOSOFIA DA ORGANIZAÇÃO ]

Análise das Condições Determinantes Num livro áureo intitulado A Potência do Espírito e os seus Segredos, de Harry Lorayne, lê-se uma frase que, bem considerada, pode determinar uma mudança radical na vida de uma pessoa ou de uma empresa:

«A Maneira mais Fácil e mais Agradável para Fazer Qualquer Coisa é a mais Organizada» Numa atitude de pensamento ativo, que deverão desde já tomar, os leitores descobrirão nesta frase lapalissada um sentido altamente elucidativo. Segundo Harry Lorayne, quanto mais organizado o trabalho estiver, mais ele se torna agradável. Esta agradabilidade é inegavelmente a mais sólida garantia da continuidade dos efeitos concretos da organização. Insistindo no pensamento que a frase exprime, devemos reconhecer que o caminho mais seguro, creio único, para uma empresa chegar ao ponto de equilíbrio, é a boa organização. Equilíbrio significa, neste caso, ausência de conflitos «internos», o que permite à mesma vencer os conflitos «externos», provocados pela livre concorrência. Por isso, é de suma importância definir o verdadeiro e completo sentido da palavra Organizar.

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Organização da Produção em Confeção Têxtil

Organizar, o que significa? Harry Lorayne dá uma definição do verbo organizar, que me parece completa. «Organizar significa criar e pôr em função órgãos o mais perfeitos possível, distintos entre si e ao mesmo tempo estreitamente coligados, com funções bem definidas, tendo em vista um objetivo a alcançar» Para melhor abordar o assunto, convém focá-lo partindo do final.

«Tendo em vista um objetivo a alcançar» Anote o detalhe: «objetivo» e não «objetivos». Isto significa que tudo deve ser feito em função de um só objetivo, o objetivo principal, do qual dependem os outros. Fundamental para a organização é a determinação do objetivo. Se analisarmos a situação de muitas empresas, verificaremos que, bem longe desta realidade, elas vivem o «dia a dia» sem perspetivas de futuro. Parecem, e na realidade são, fábricas de problemas em vez de fábricas de confeção. É necessário que os objetivos sejam conhecidos pelo responsável da organização da produção. Falamos de objetivos económicos globais como base para a defesa dos resultados intermédios, entre os quais figuram os referentes à produção. A moderna técnica organizativa aconselha que os objetivos sejam dados a conhecer a todos os componentes dos quadros intermédios. Muito útil seria dá-los a conhecer também aos operários. Esta política ou técnica organizativa, que se designa de evidenciação e de motivação, resulta muito proveitosa unicamente se existe na empresa uma total coordenação de todas as forças diretivas, produtivas e de venda. Experiências efetuadas em Itália, num período muito crítico, em empresas nas quais dominava o mais negativo caciquismo, convenceram-nos da imensa utilidade desta técnica ou política. Exemplos análogos, conhecidos em todo o mundo, confirmam a grande oportunidade de manter os colaboradores informados sobre os «objetivos». Para bem aplicar esta política é aconselhável instaurar nas empresas o costume das reuniões periódicas, realizadas de forma oportuna. Uma realidade aconselhável, quando o nível cultural o permite, é a do responsável máximo ilustrar a todos os subordinados, conjuntamente, os objetivos a que a empresa se propõe para o futuro, informando-os, com dados reais e controláveis, de como e até que nível se alcançaram os resultados previstos para essa época. No estrangeiro, certas empresas transmitem-no por escrito. Outra orientação neste campo aconselha a reuniões por grupos hierárquicos. O diretor convoca os responsáveis dos vários setores (Criação - Modelistas – Diretor de Vendas – Diretor de Produ[ 16 ] Publindústria - Edições Técnicas


[ Capítulo I ] Filosofia da Organização

ção - Chefe de Compras - Chefe dos Serviços de Manutenção) e oferece-Ihes um quadro amplo e documentado sobre os objetivos fixados para o período que termina e que foram ou não alcançados. Reconhece o mérito de todos se a situação é favorável, denuncia as causas de eventuais desvios escutando atentamente a opinião de quem queira manifestá-la. Seguidamente, expõe os objetivos para o período seguinte. Cada responsável de setor preocupar-se-á em dá-los a conhecer aos seus colaboradores.

«Órgãos... com funções bem definidas» Na organização de uma indústria transformadora é determinante a dinâmica operativa, ou seja, a sucessão dos factos destinados a fomentar a produtividade. Esta deve ser o mais lógica possível, sem deixar nada ao acaso nem ao gosto ou prazer de cada um. Para que a dinâmica seja satisfatória, deve-se procurar que todas as funções sejam preenchidas e satisfeitas e que de maneira nenhuma aconteça que uma função anule a outra. A análise de funções deve ter em conta: – Os meios de trabalho à disposição; – O tempo «real» aproveitável no decurso do dia, da semana, do mês e do ano. Dizemos aproveitável e, acrescentamos, razoável e justamente aproveitável. Não se pode, não é justo nem conveniente exigir dos colaboradores que ocupem, em benefício da empresa, horas extras, mesmo pagas, que deveriam consagrar às suas famílias, ao desenvolvimento da sua cultura e personalidade, ao necessário descanso e ao lazer.

«Órgãos... estreitamente coligados» O mais importante é a coordenação das funções. Por isso, é essencial que os vários órgãos sejam estreitamente coligados. Devem ter-se em conta os limites da responsabilidade de cada um, eliminando a tendência de encobrir, em defesa da paz e do bom relacionamento, erros próprios ou alheios, tendência que se manifesta quando os controlos não são eficientes.

«Órgãos... distintos entre si» A coligação e distinção entre órgãos é a tarefa mais complicada na atividade organizativa e a sua realização exige por parte do responsável uma grande capacidade de discernimento e omnipresença. Coligação não deve significar confusão.

«Órgãos... o mais perfeitos possível» No plano humano, a perfeição não existe. Mas se o responsável da organização tem em vista o resultado, sem se deixar condicionar por interferências, diretas ou indiretas, na escolha das Publindústria - Edições Técnicas [ 17 ]


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pessoas e dos meios de trabalho, chegará seguramente a uma conclusão positiva para a empresa.

«Criar e pôr em função» Criar não significa automaticamente pôr em função. É frequente o caso de empresas que, dispondo de ótimos meios, não obtêm resultados proporcionais aos gastos constituídos, porque aqueles não são aproveitados ou não o são na medida desejável e aceitável. O processo organizativo é, em primeiro lugar, um problema de «Homens»: PESSOAS E NÃO NÚMEROS. Muitas vezes, constata-se que elementos de grande valor são mal aproveitados e desmotivados por falta de uma eficiente política de relações humanas. Existem quatro palavras-chave na organização do trabalho: responsabilidade - corresponsabilidade - colaboração - conflitos de competências. Em relação aos meios de trabalho, acentuamos o princípio de que estes devem ser escolhidos tendo em conta a possibilidade real de aplicação, as suas limitações, as suas capacidades qualitativas e o período de amortização. Repetindo agora a definição dada por Harry Lorayne, capta-se melhor a grande amplitude e eficácia que, na sua simplicidade, manifesta: «Organizar significa criar e pôr em função órgãos o mais perfeitos possível, distintos entre si e ao mesmo tempo estreitamente coligados, com funções bem definidas, tendo em vista um objetivo a alcançar».

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[ Capítulo V ] Posto Individual de Trabalho

[ POSTO INDIVIDUAL DE TRABALHO ]

Vejamos agora como deve ser organizado o posto no qual cada trabalhador deverá satisfazer a sua tarefa com a máxima facilidade e agradabilidade. Num contexto de boa organização geral, as duas características darão, como resultante certa, a máxima rentabilidade, segundo a afirmação de Harry Lorayne, citada no início deste curso.

Comodidade de lnstalação Dois exemplos para aclarar a importância deste ponto:

1.° Um cortador, realmente dotado de boa vontade, não atingia os 70% da produção dos seus colegas. Um exame atento permitiu verificar que a mesa de corte não era apropriada. A estatura do cortador era de 1,80 m e a altura da mesa de 0,90 m, desproporcional, por defeito, em relação à sua exigência anatómica. Às 10.00 horas da manhã ele denunciava, sem ter coragem de o dizer, um cansaço evidente. Às 12.00 horas era-lhe já muito incómodo trabalhar e, ao fim do dia, insuportável. Além disso, estava convencido de que tinha uma doença renal pois, como mais tarde disse, sofria de dores progressivamente mais fortes ao longo de cada dia. Bastou aumentar 15 cm à altura da mesa para elevar instantaneamente a sua produção, obtendo efeitos positivos também no plano humano.

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2.° Uma maquinista encontrava-se em situação de insuficiente rendimento. A análise do posto permitiu descobrir que a sua cadeira tinha o eixo desviado. Isto repercutia-se sobre a sua coluna vertebral, provocando mal-estar e sofrimento, com a consequente baixa de rendimento. Mas não é só o assento e plano de trabalho que incidem sobre a rentabilidade do mesmo. Para transformar o trabalho «de série» em tarefa fácil e agradável deve-se ter em conta outros aspetos.

Tomar - Executar - Largar São estas as três fases nas quais se decompõe a ação produtiva. Cada uma delas deverá ser analisada escrupulosamente antes de se proceder à cronometragem.

Tomar É oportuna uma consideração sobre o sistema de alimentação do posto de trabalho, apesar de falarmos deste assunto mais adiante, chamamos assim a atenção para dois pontos: a) A alimentação pode ser realizada por meio de gavetões, carros simples ou com garras ordenadoras, com distribuidores automáticos ou utilizando a gravidade, o que sugere um desnivelamento dos postos de trabalho, como indica a figura seguinte, fazendo de cada posto a nível do chão um ponto de controlo e de reserva.

C

C

O importante é oferecer à produtora (operária) a máxima facilidade na recolha da peça que deverá ser manejada e transformada durante a fase a ela reservada. Tenha-se presente, não só o problema da alimentação no sentido do meio de transporte, mas também as exigências da «realimentação». Isto significa o seguinte: b) Cada operadora deve ser educada de forma a que, quando acaba a sua fase operativa, deve repor as peças por ela manipuladas na posição ideal para facilidade de recolha numa fase sucessiva. O que aqui dizemos não se refere só às fases de costura mas também à sala de corte, preparação e engomagem intermédia e final.

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[ Capítulo V ] Posto Individual de Trabalho

Cavalete

Torniquete

Carro

Mesa

Folha de Livro Bancada

Tapete Rolante

Execução Para correta execução deve-se ter em conta as seguintes normas: 1. Os instrumentos de trabalho e os acessórios, devem ocupar sítios determinados e constantes. 2. Tudo o que é necessário deve encontrar-se perto da operadora, dentro do seu ângulo visual. Notar que o ângulo visual pode ampliar-se até 180 graus quando, sem treino adequado, se reduz apenas a 90 graus. 3. O sítio onde uma mão deixa um objeto deve, quando possível, encontrar-se sobre a trajetória da mesma mão no ato de atingir outro. 4. Combinar mais utensílios num só. 5. Utilizar os comandos para os pés a fim de ter as mãos livres. Esta observação pode sugerir muitas ideias para transformar as máquinas de costura, as quais, na sua versão original, sobrecarregam o trabalho das mãos, esquecendo que a operadora tem também duas pernas e dois pés.

O Raio de Ação Na análise dos pontos anteriormente descritos, deve-se ter em conta o raio de ação dos braços, na sua extensão total ou dobrados.

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60°

50 35

30 40 50 Áreas de Trabalho: normais (tracejadas) e máximas

Na constituição de fases de trabalho é conveniente não misturar micro-fases que obriguem a estender os braços, com outras para as quais é suficiente o emprego dos braços dobrados ou, às vezes, só as mãos.

Largar O transporte interno deve ser organizado de forma a que nunca o trabalho executado se sobreponha ao executado anteriormente. Isto é um erro gravíssimo que se verifica muito frequentemente, com consequências negativas para a dinâmica da produção. Obtêm-se ótimos resultados quando a operadora, acabada a sua fase, descai a peça numa direção pré-estabelecida ou a mesma é aspirada para um aparelho convenientemente programado.

Meios Suplementares Está demonstrado que os meios suplementares podem aumentar de forma substancial o rendimento do conjunto «operador-máquina», sempre que sejam projetados e realizados com inteligência e

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[ Capítulo VII ] Tempo Teórico

Ou seja, X = (.55 x 100) : 60 = .92 Por consequência o tempo dedicado às fases impróprias deverá ser reduzido de .90 para .37 (.92 - .55 = .37). Isto representa uma redução de 37%, aproximadamente. A fase assim obtida definir-se-á como FASE MELHORADA. O mais importante é saber analisar as fases de produção com muita atenção e perspicácia, de modo a que, chegando ao final do estudo de uma microfase, se possa afirmar com toda a segurança, que é o TEMPO PURO, na total aceção da palavra. Só então se poderá passar à elaboração do T.S.T. e prosseguir na construção dos ciclos de produção.

A Atividade Um aspeto importante, e ao mesmo tempo muito controverso, na fixação dos tempos puros reais é o da «atividade». Damos uma ideia da influência deste dado sobre a fixação do T.S.T. real com os seguintes exemplos (com referência à mesma operação e diferentes operadoras):

Atividade

Tempo Controlado

Normalização

TST real /Normalizados

100%

.45

Tn = (TST x A) : 100

.45

120%

.37

Tn = (TST x A) : 100

.44

90%

.52

Tn = (TST x A) : 100

.47

Os problemas e as controvérsias, no caminho da normalização dos tempos, derivam do facto de a avaliação do grau de atividade ser absolutamente subjetiva. Não existem critérios infalíveis e quase sempre a opinião de dois técnicos é divergente em relação a uma mesma operadora.

Ficha Analítica Cronométrica A ficha que apresentamos na página seguinte serve para a análise cronométrica das fases. Pode empregar-se para analisar as microfases ou as macrofases indiferentemente. É uma ficha nominal, exclusiva para cada operadora e deve conservar-se em arquivo, dado o seu grande valor.

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Operadora:

Ficha Analítica Cronométrica N.° Data / /

Rpm:

Antig. Trab.:

Nome do Analista

Pontos/cm:

Antig. Fase:

Experiência: Classe de Máquina:

Controles

Acessórios: Código Elementos

Aparelhos: Código N.° 1 2 3 4 5 6 7

9

10

11

12

13

Obs.:

Croquis

Total N.° Média Coef. Média Leitura Leituras Leituras Habil. correta

Média Final

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8

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[ Capítulo VII ] Tempo Teórico

Esclarecemos apenas os títulos das 5 últimas colunas, dado os restantes elementos não necessitarem de qualquer comentário. – – – –

Total Leitura - Tempo que resulta somando todos os tempos úteis registados; N.° Leituras - Número de vezes úteis que se tomaram os tempos; Média Leituras - Tempo resultante da divisão do total pelo número de leituras; Coef. de Habilidade - Coeficiente de Atividade.

Ritmo, Atividade ou Desempenho Definição: É a maneira, mais ou menos rápida, como um executante efetua um movimento ou conjunto de movimentos necessários à execução de um trabalho. Cientificamente define-se o Ritmo, Atividade ou Desempenho de um operador como sendo a sua velocidade instantânea de produção de um efeito útil. Esta velocidade instantânea só deve ser tomada em consideração se a tarefa for executada segundo o método previamente definido: – Respeito pelo modo operatório definido; – Cumprimento das normas de precisão exigidas. O ritmo ou atividade resulta da ação conjugada de 3 fatores: – Velocidade; – Precisão; – Método.

Ritmo ou Atividade de Referência É a escala de que nos servimos para definir, por comparação, o ritmo do executante.

Avaliação do Ritmo ou Atividade É a estimativa pela qual um observador treinado define o ritmo de um operador em comparação com a representação mental que ele tem de RITMO NORMAL, sendo este definido de acordo com padrões universais de desempenho. Notas:

– A medida dos tempos de trabalho efetua-se de uma maneira objetiva, dada a utilização de um aparelho de precisão: o cronómetro; – A avaliação do ritmo, com a qual se define a rapidez de execução de um trabalho é subjetiva, dado que depende unicamente da apreciação do observador.

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10 9 8

5

120

100

80

60

4

1,8

220 1,6

1,6

1,4

1,4

1,2 1

0,8 40

0,4 0,2

140 133

140 120 100

100 80

200

0,2 20

60

160

180 140 160 140

180 160

120 140

Marcha a pé em km/h

Rendimento 125% em % 200

10 9 8 7

120

100

125 120

6

100

80

100

5

80

4

60

3

40

2

20

1

80

80 60

Rendimento 100% em %

BTE em %

USA (segundo Barnes) em %

160

40

20 1

180

0,6 0,4

2

180

120 0,8 0,6

3

200

200

160

1,2 1

CEGOS em %

STM em coeficiente

2

7 6

Maynard em coeficiente de nivelamento

Bedaux em pontos

Marcha a pé em k/h

Tabela de conversão de apreciações de andamento

60

60 40

40

40

20

20

20

0

0

Referências – Andamento normal; – Andamento médio estimulado (atividade otimizada BEDAUX). Segundo MAYNARD: o leveling = coeficiente de nivelado A A = H + E +1 H: coeficiente de habilidade; E: coeficiente de esforço; N.B. A zona útil da tabela acima está compreendida aproximadamente entre os valores 2, 5, e 7,5 da escala «marcha a pé».

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Ocorrência – Acumulação de trabalho em um ou vários postos; – Defeitos repetidos; – Detalhes de método não especificados; – Detalhes de fabricação mal especificados;

Motivo

Género de

do Estudo

Cronometragem

– Detetar os postos, de um ou vários setores produtivos, suscetíveis, direta ou indiretamente, de serem a causa de não funcionamento;

CRONOMETRAGEM DE DIAGNÓSTICO

Particularidades – Duas ou três observações por posto analisado;

Objetivos – Localizar o posto deficiente.

– Sem avaliação de ritmo.

– Tempo padrão da tarefa: 3min Tempo médio observado: 4min. Diferença: 1min Diagnóstico: anomalia de tempo de aproximadamente 33%; – Produção prevista em 8 horas: 160 peças Produção efetiva em 8 horas:120 peças Produção perdida: 40 peças.

– Processo incorreto de divisão do trabalho; – Manutenções;

– Esperas repetidas.

Exemplos

– Distribuição do trabalho; – Evacuação do trabalho; – Esperas; – Falta de formação do pessoal.

– Posto diagnosticado como tecnicamente ou profissionalmente insuficiente.

– Na sequência da cronometragem de diagnóstico aprofundar a análise, para descobrir as causas do mau funcionamento e encontrar remédio.

CRONOMETRAGEM DE ESTUDO

– Quinze a vinte observações por elemento de trabalho observado;

– Objetivo imediato: determinar o grau de deterioração do método;

– Tempo máximo observado: 110 centiminutos;

– Sem avaliação de ritmo.

– Objetivo a curto prazo: estudo detalhado do método atual (modo operatório, material e tempos); construção e aplicação de um novo método de trabalho.

– Tempo mínimo observado: 60 centiminutos; – Tempo médio: 70 centiminutos; – Dispersão: ± 71%; – Conclusão: posto não estabilizado.

– Posto estabilizado.

– Utilizar as vantagens de um posto estabilizado: exploração de tempos fiáveis.

CRONOMETRAGEM DE FIXAÇÃO DE TAREFA

– Cinco a quinze observações por elemento de trabalho estabilizado; – Com avaliação de ritmo; – Avaliação estatística das observações para determinação da dimensão da amostragem; – Fazer as observações determinadas como amostragem; – Fazer a avaliação estatística da amostragem para determinar se as observações feitas são suficientes.

– Confirmação dos tempos fixados pelo gabinete de métodos e tempos; – Queixa da operadora de não conseguir atingir as produções estabelecidas.

– Controlar a validade dos tempos fixados pelo gabinete de métodos e tempos; – Verificar a validade da contestação.

CRONOMETRAGEM DE CONFIRMAÇÃO

– Vinte a trinta observações por elemento de trabalho contestado; – Com avaliação de ritmo.

– Objetivo imediato: explorar os tempos dos elementos de trabalho estabilizados com referência ao ritmo 100%. – Objetivo a curto ou médio prazo: – fixar tarefas; – elaborar gamas de operações; – completar os catálogos de tempos; – equilibrar os sistemas de produção (setores e grupos de trabalho); – planear a produção; – calcular custos.

– No caso de uma contestação, rever esses tempos no local, tendo em conta as condições de trabalho; Em consequência os tempos podem ser alterados ou mantidos.


Antig. Fase: 2 meses

Nome do Analista: António Rego Antig. Trab.: 5a. Pontos/cm: 4

Ficha Analítica Cronométrica N.° 1518 Data 20 / 03 / 1985

Rpm: 4000

Operadora: Ana Maria Goretti Classe de Máquina: M.B/41 Acessórios: Código /

Experiência: Nenhuma anterior em costura Aparelhos: Código /

c

a

N.°

b

Croquis II

Total

Croquis I a

.3

.3

3

.6

.3

.3

4

.3

.4

.8

5

.3 .4

.4 .3

.2 .3

.5 .4

6

.3

.4

.3

.3

.4

.4

.3

.3

.3

.4

.3

.4

.4

.3

.4

.30

.33

.31

.26

.27

.31

.10

.10

.9

.8

.9

.8

.3

.3

.3

.3

.3

.4

.4

a

b

Croquis III

b

Média Coef. Média

.4 .10 .8

.3

.3 .4

.3

.10

10 Leitura Leituras Leituras Habil. correta

Tomar peça «a» e «b» .3 .8

.3 .10

.3

.3

.8

.4

9

Posicionar .3 .3

.3

.3

.78

.9

.10 .3 .3

8

1 Coser «b» sobre «a» .4 .3

.3

.3 .2

.9 .10 .18

.35

.10

.3

7

2 Tomar peça «c» posicionar

.3 .4

.3

.4 .14

.99

.10

Controles

3 Coser «c» com «a»

.2

.3

.15 .12 .10 .11 .9

.4

.10 .12 .10 .8 .10 .8

.28

2

4

Posicionar deslocando 1cm c/ costura aberta .2 .3

.6

.2

1

5

.9 .8

.5

.7

.2

Elementos

6 Coser lado longo «b» sobre «a»

.3 .2

.8

.2

N.°

7 Posicionar idem 6

.8 .8

.4

.5

8 Coser lado longo «c» com «a»

.3 .2

Total .46

T.S.T. correto

[ 66 ] Publindústria - Edições Técnicas

.3 .4

9 Largar

.3

10

Obs.:

Média Final

13

12

11

Organização da Produção em Confeção Têxtil


[ Capítulo VII ] Tempo Teórico

Comentário à Ficha Analítica Cronométrica Preenchida Croquis - O croquis é apresentado em 3 fases: 1. Peças que entram na fase; 2. Primeira parte. Costura das peças b e c sobre a na parte do lado menor; 3. Costura do lado longo de b e c sobre a. Tempos úteis - Todos os tempos que estão incluídos em © (círculo) não são contabilizados, como foi explicado anteriormente. Total leitura - É o total de centiminutos resultantes da soma dos tempos úteis. N.° de leituras - É o total de leituras úteis (n.° de contagem). Média de leituras - O total de tempo das leituras válidas dividido pelo número de leituras dá a média. Exemplo: 31 : 8 = 3.875 que se arredonda para 3.88. (quando o resultado supera 5 centésimas arredonda-se para o número superior) Coeficiente de habilidade - Aconselhamos a deixar esta coluna vazia e proceder à soma de todos os tempos das microfases obtendo o tempo TST da macrofase.

Trabalho para a Fábrica até à Próxima Aula Fazer várias fotocópias da ficha analítica cronométrica e tomar tempos registando como explicado no exemplo. Pode-se fundir o tempo de tomar e posicionar. Tenha-se presente que o tempo standard de TOMAR E POSICIONAR não deve superar 10 centiminutos nas fases simples (início da linha) e 15 centiminutos nas outras fases mais adiantadas onde a peça é mais completa e pesada.

Conselho Para estabelecer uma base de avaliação, é útil tomar só os tempos próprios (costura) de uma fase em exame. No caso do exemplo anterior seriam 3 - 5 - 7 - 9. O total destas 4 microfases representa o tempo mínimo necessário. A confrontação deste com o total resultante na ficha é indicativo e interessante.

Publindústria - Edições Técnicas [ 67 ]



[ CAPÍTULO VIII ] ELABORAÇÃO DOS TEMPOS PUROS OU TEÓRICOS



[ Capítulo VIII ] Elaboração dos Tempos Puros ou Teóricos

[ELABORAÇÃO DOS TEMPOS PUROS OU TEÓRICOS ]

Ficha Analítica Aclarados os conceitos que regem o processo pelo qual se chega à determinação da microfase ideal, correta e lógica, sob todos os pontos de vista, e tendo insistido sobre a necessidade, conveniência e possibilidade de fixar o tempo puro (T.S.T.) ao nível mínimo, passamos ao processo de elaboração científica. A finalidade deste estudo é aprender o método para saber determinar a quantidade da produção diária, individual e total, com a certeza de que será uma realidade concreta e não meramente uma ilusão. Para melhor proceder, fixamos aqui algumas definições que facilitarão o entendimento, simplificando a explicação. – T.S.T. define Tempo Teórico ou Tempo Puro. Ex. 1.00; – S.A.M. (T.S.T.+ Passividades) define Tempo Técnico ou Tempo Aplicado ou Tempo Efetivo. Ex. 1.00 + 20% = 1.20; – Tempo Económico é o tempo que resulta dividindo o total de minutos pagos pelo número de peças produzidas. Ex. A – Individual Total de minutos pagos: 540’ Produção efetiva de peças: 382 Tempo económico = 540’ : 382 1.42’

Publindústria - Edições Técnicas [ 71 ]


Organização da Produção em Confeção Têxtil

Ex. B – Grupo Total de operários: 80 Total de minutos pagos: 540’ x 80 43200’ Produção diária: 382 Tempo económico = 43200’ : 382 113’

O Processo de Elaboração Interessa conhecer as várias fases de elaboração dos tempos antes de descrever cada uma delas, a fim de aprender melhor a lógica que está na base do sistema. – I Fase - Aplicação das passividades. Consiste em acrescentar aos T.S.T. (tempos puros) o tempo relativo às várias passividades, segundo estudaremos a seguir (obteremos o tempo S.A.M.); – II Fase - Determinação do rendimento médio; – III Fase - Estabelecimento da produção diária em relação ao conjunto de pessoas; – IV Fase - Construção do ciclo de trabalho, equilibrando as fases e estabelecendo a produção de cada componente do grupo, a qual poderá ou não corresponder ao total da produção diária; – V Fase - Determinação da produção horária ou por períodos (periodificação).

DESCRIÇÃO DAS VÁRIAS FASES I Fase - As Passividades Damos, como exemplo, a indicação do conjunto de passividades relacionadas com a costura com máquina de ponto preso. N.° 1 2 3 4 5

Passividades Necessidades fisiológicas Dificuldades operacionais Fadiga Imprevistos vários Imprevistos de máquinas Total de Passividades

% 3 7 4 2 4 20

Deve-se salientar que os elementos 2, 3 e 4 podem oscilar bastante enquanto o n.° 1 é perfeitamente aceitável, em linhas gerais, tendo em conta a existência dos intervalos.

[ 72 ] Publindústria - Edições Técnicas


[ Capítulo VIII ] Elaboração dos Tempos Puros ou Teóricos

FICHA ANALÍTICA Data ......../............/........

N.°.........

Descrição do produto:

Cód. Descrição das microfases

*(1) - Pontos

Classe RPM Tipo de Pt. cm Código Código TST costura *(1) aparel. acess. máquina

P. % SAM **(2)

**(2) - Passividades

Publindústria - Edições Técnicas [ 77 ]


Organização da Produção em Confeção Têxtil

FICHA ANALÍTICA Data ........../........../..........

N.°..........

Descrição do produto: Polo-Shirt Modelo OM 100% Algodão 3 Botões

Cód. Descrição das microfases 01 Termocular Carcelas

Classe RPM Tipo de Pt. cm Código Código TST costura *(1) aparel. acess. máquina

P. % SAM **(2)

Prensa

.08

15

.09

02 Pespontar Beira do Bolso

P/P

.12

20

.14

03 Vincar Bolso

Prensa

.20

15

.23

04 Pregar Bolso

P/P

.72

20

.86

05 Pregar Carcela Direita

P/P

.18

20

.22

06 Preg. Car. Esq. Virar e Pesp.

P/P

.54

20

.65

07 Unir Ombros com Tiras

C/C

.27

15

.31

08 Fazer Bainha da Manga

C/C

.40

15

.46

09 Pregar Mangas

C/C

.42

15

.48

10 Fechar Lados

C/C

.62

15

.71

11 Fazer Bainha no Fundo

C/C

.41

15

.47

12 Pregar Gola com Tira

C/C

.56

15

.64

13 Pesp. Tira da Gola com Etiq.

P/P

.40

20

.48

14 Casear

Casear

.24

15

.27

15 Pregar Botões

Pr. Bot.

.14

15

.16

16 Embalar e Acabar

Manual

*(1) - Pontos

**(2) - Passividades

[ 78 ] Publindústria - Edições Técnicas

.74


[ Capítulo VIII ] Elaboração dos Tempos Puros ou Teóricos

FICHA ANALÍTICA Data ........../........../.......... Mod.: Berlinda - Prénatal

Cód.

N.°..........

Descrição das microfases

Classe máquina

Classe Pt / cm ponto

TST

P. % *

SAM

01

Chulear Gola

C/C

0,66

15

0,76

02

Chulear Manga

C/C

0,20

15

0,23

03

Pregar Renda na Manga

P/P

0,97

20

1,16

04

Virar renda e Pespontar

P/P

0,36

20

0,43

05

Pregar Elástico nas Mangas

P/P

0,31

20

0,37

06

Pregar Renda na Gola

P/P

1,32

20

1,58

07

Pespontar Gola

P/P

0,56

20

0,67

08

Vincar Frentes

F/V

0,26

15

0,30

09

Unir Ombros

C/C

0,17

15

0,20

10

Pregar Mangas

P/P

0,74

20

0,89

11

Casar Costuras nas Mangas

P/P

1,01

20

1,21

12

Fechar Lados

C/C

0,60

20

0,69

13

Franzir Gola

P/P

0,25

20

0,30

14

Pregar Gola

P/P

0,89

20

1,07

15

Pregar Tira na Gola

P/P

0,91

20

1,09

16

Pesp. Tira & Pregar Etiqueta

P/P

0,58

20

0,70

17

Rematar Mangas

P/P

0,32

14

0,38

18

Fazer Bainha

19

Casear

20

Pregar Botões

21

Rematar Linhas

22

Passar a Ferro & Colocar Cruzeta

23

Apertar Botões

24

Controlar & Dobrar

25

Colocar Etiqueta no Cartão

26

Embalar

P/P

0,48

13

0,58

Casear

0,28

10

0,32

Pr. Botões

0,21

15

0,24

TesMan

1,63

12

1,79

F/V

1,56

12

1,79

Manual

0,45

12

0,50

Manual

0,29

12

0,33

Manual

0,08

12

0,09

Manual

0,17

12

0,19 17,87

Publindústria - Edições Técnicas [ 79 ]


Organização da Produção em Confeção Têxtil

FICHA ANALÍTICA Data ........../........../.......... Camisa de Senhora

Cód.

N.°..........

Descrição das microfases

Classe RPM Tipo de Pt / cm Codigo do TST Pas. % SAM aparelho costura máquina

01

Fazer Golas

P/P

2500

301

6

1

20%

1,20

02

Pespontar Golas

P/P

2500

301

6

0,43

20%

0,52

03

Embainhar Carcelas

P/P

2500

301

6

0,29

20%

0,35

04

Pespontar Malhete Frente

P/P

2500

301

6

0,81

20%

0,97

05

Fazer Pregas nas duas Mangas

P/P

2500

301

6

1

20%

1,20

06

Fazer Pregas Frentes

P/P

2500

301

6

0,51

20%

0,61

07

Fazer Pregas Costas

P/P

2500

301

6

0,26

20%

0,31

08

Unir Escapulário

C/C

4000

516

5

0,8

15%

0,92

09

Pespontar Escapulário e Frentes

P/P

2500

301

6

0,7

20%

0,84

10

Pespontar Etiqueta ao Decote

P/P

2500

301

6

0,33

20%

0,40

11

Meter Golas

P/P

2500

301

6

0,89

20%

1,07

12

Cravar Mangas pelas Pregas

P/P

2500

301

6

0,78

20%

0,94

13

Sobrecoser Gola

P/P

2500

301

6

0,98

20%

1,18

14

Fechar Lados

C/C

4000

516

5

0,95

15%

1,09

15

Cravar Mangas

C/C

4000

516

5

0,76

15%

0,87

16

Pregar Punhos

P/P

2500

301

6

0,6

20%

0,72

17

Fazer Cantos Punhos

P/P

2500

301

6

0,71

20%

0,85

18

Pespontar Punhos toda volta

P/P

2500

301

6

1,61

20%

1,93

19

Fazer Bainha

P/P

2500

301

6

0,69

20%

0,83

20

Casear

Casear

2500

cas

0,87

20%

1,04

21

Pregar Botões

P/B

5000

P/B

0,35

20%

0,42

22

Inspeção e Corte de Linhas

Manual

1,52

12%

1,70

23

Vincar Frentes e Passar a Ferro

Fe+Man.

2,57

12%

2,88

24

Revista e Embalagem

0,455 12%

0,51

Total

23,35

[ 80 ] Publindústria - Edições Técnicas

Manual


[ Capítulo XIV ] Melhoramento das Fases e Reestruturação dos Ciclos já existentes

MELHORIA DOS MÉTODOS EXISTENTES Posto Estudado Posto de termocolagem de frentes de casaco Este posto não está integrado na Linha de Montagem; trata-se de um posto de preparação para o lançamento e está localizado entre o setor de corte e o setor de montagem. É um posto autónomo e, portanto, pode haver rotação de tarefas entre as 2 operadoras (redução da monotonia). Nota: As características do trabalho não permitem que o posto seja operado por um só trabalhador. Número de operadoras: 2 (Ana e Berta)

GAMA DAS OPERAÇÕES DE PREPARAÇÃO (Método Atual) N.°

Descrição

Tempo (cmn.)

1

Pegar no prato A, colocado na estante B, da mesa C

6

2

Colocar o prato A na mesa C

6

3

Pegar a frente D do cavalete M

7

4

Regressar à mesa C

6

5

Posicionar a frente D no prato A

28

6

Buscar a tela T ao cavalete N

7

7

Regressar à mesa C

6

8

Posicionar a tela T sobre a frente D

35

9

Pegar no reforço P na mesa F

4

10

Posicionar o reforço P sobre a tela T

19

11

Tomar o prato A e colocá-lo na mesa G

9

12

Regressar à mesa C

8

13

Registar o trabalho na ficha

6

Duração do ciclo de trabalho = 147 cmn

Publindústria - Edições Técnicas [ 147 ]


Organização da Produção em Confeção Têxtil

GAMA DAS OPERAÇÕES DE TERMOCOLAGEM (Método Atual) N.°

Descrição

Tempo (cmn.)

14

Pegar no prato A, na mesa G

10

15

Dirigir-se à prensa H orientando o prato A

6

16

Posicionar o prato A na prensa H

12

17

Apertar a prensa

12

18

Termocolagem

44

19

Desapertar a prensa

8

20

Retirar a frente termocolada

5

21

Colocar a frente na mesa

8

22

Retirar o prato A da prensa H, e colocá-lo na estante B da mesa C

25

23

Regressar ao posto, mesa H

17

Duração do ciclo de trabalho = 147 cmn

DISPOSIÇÃO DO POSTO DE TERMOCOLAGEM MÉTODO ATUAL I

G

H

F

P

B A

Porm. H

Área do posto: 9,45 m2 M

B operação nº 22

C

Símbolo de circulação

Porm.C Porm. M&D

[ 148 ] Publindústria - Edições Técnicas

N

A


[ Capítulo XIV ] Melhoramento das Fases e Reestruturação dos Ciclos já existentes

GAMA DAS OPERAÇÕES DE PREPARAÇÃO (Método proposto) N.°

Descrição

Tempo (cmn.)

1

Pegar no prato A, colocado na estante B da mesa C

6

2

Posicionar o prato A na mesa C

6

3

Buscar a frente D e a tela T, colocadas na mesa E

8

4

Regressar à mesa C

6

5

Posicionar a frente D no prato A

28

6

Posicionar a tela T sobre a frente D

35

7

Pegar no reforço P colocado na mesa F

4

8

Posicionar o reforço P sobre a tela T

19

Duração do ciclo de trabalho = 112 cmn

GAMA DAS OPERAÇÕES DE TERMOCOLAGEM (Método Proposto) N.°

Descrição

Tempo (cmn.)

9

Pegar no prato A, colocado na estante B da mesa C

10

10

Posicionar o prato A na mesa C

6

11

Buscar a frente D e a tela T, colocadas na mesa E

5

12

Regressar à mesa C

12

13

Posicionar a frente D no prato A

12

14

Posicionar a tela T sobre a frente D

44

15

Pegar no reforço P colocado na mesa F

8

16

Posicionar o reforço P sobre a tela T

5

17

Colocar a frente, estendida, na mesa I

8

18

Retirar o prato A e colocá-lo na mesa H

7

19

Pegar no prato A, da mesa H

8

20

Rodar � volta

6

21

Dirigir-se à mesa C, orientando o prato A

5

22

Arrumar o prato A na estante B da mesa C

10

23

Registar o trabalho na ficha

6

Duração do ciclo de trabalho = 152 cmn

Publindústria - Edições Técnicas [ 149 ]


Organização da Produção em Confeção Têxtil

DISPOSIÇÃO DO POSTO DE TERMOCOLAGEM MÉTODO PROPOSTO

E

T

C

D

A

B D T

A

Pormenor C Operação n.° 3 Pormenor E

H

B

A A

Pormenor H

ESQUEMA DO POSTO DE TERMOCOLAGEM MÉTODO PROPOSTO Área do posto: 8,45 m2

B

[ 150 ] Publindústria - Edições Técnicas

A



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