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“Você não fotografa com sua máquina. Você fotografa com toda sua cultura”
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Sebastião Salgado
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS CENTRO DE ESTUDOS FOTOGRÁFICOS E AUDIOVISUAIS (CEFAV) Trabalho final de graduação apresentado a Banca Examinadora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Univeridade Católica de Campinas
ORIENTADOR: Professor Mestre Pedro Paulo Mainieri
CAMPINAS 2015 ANA BASTOS CAPRINI
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“O mais importante não é a arquitetura, mas a vida, os amigos e este mundo injusto que devemos modificar.” (Oscar Niemeyer) Para todos aqueles que me apoiaram nessa etapa da minha vida, cinco anos de muita dedicação e esforço, não seria o mesmo sem vocês.
“Eu conheço o preço do sucesso: dedicação, trabalho duro, e uma incessante devoção às coisas que você quer ver acontecer.” (Frank Lloyd Wright) Para todos os professores, que ao longo desses anos me ensinaram a arte da arquitetura e urbanismo; em especial, meu orientador Pedro Paulo Mainieri, por toda atenção durante esse ano.
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Sumário: 1. OLHARES 1.1 A Cultura e a Educação Como Objeto de Desenho Urbano 1.2 Carências Da Região Estudada
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2. ENQUADRAMENTO 2.1 Inserção Urbana 2.2 A Quadra 2.3 Eixos e Sub-Eixos Urbanos 2.4 Definição do Programa 2.5 Volumetria e Partido do Projeto
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3. CAPTURA 3.1 Especificações Técnicas e Escolha dos Materiais 3.1.1 ESTRUTURA 3.1.2 FACHADA VENTILADA 3.1.3 BRISES E COBOGÓS 3.1.4 CISTERNA E ESPELHO D’ÁGUA 3.2 Acessos 3.3 Térreo 3.4 Primeiro Pavimento 3.5 Mezanino, Teto Jardim e Coberturas 3.6 Referências 4. BIBLIOGRAFIA
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1. OLHARES
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1.1 A Cultura e Educação Como Objeto De Desenho Urbano
Existem diversas maneiras de melhorar a vida urbana, uma delas é com a criação de equipamentos que possam trazer atividades para a cidade ou bairro. A opção de um equipamento cultural e educacional traz para o bairro atividades semanais ligadas à cultura, além de aulas para melhorar a educação na região. O equipamento cultural permite a troca de experiências entre pessoas de dentro e fora do bairro, aumentando o fluxo de pessoas, movimentando o comércio local e atuando como espaço de recreação, estudos e desenvolvimento cultural.
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1.2 Carências Da Região Estudada
IMPLANTAÇÃO DO PROJETO URBANO CONTRIBUIÇÃO PARA OPERAÇÃO SWIFT
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A região estudada no projeto urbano está localizada na cidade de Campinas no bairro Swift, próximo ao Parque Ecológico e a Rodovia Magalhães Teixeira. Ao estudar a região notou-se a falta de uma centralidade de bairro, assim o projeto viário e a distribuição dos equipamentos foram pensados para criar tal centralização. Para o traçado das novas quadras utilizou-se o conceito da ‘Quadra Aberta’ de Christian de Portzamparc, trazendo um desenho que recupera a importância da vida urbana, dando valor às ruas e às esquinas, criando praças e passagens internas às quadras, valorizando o pedestre e a vida no bairro. O conceito de ‘Quadra Aberta’ criou eixos urbanos no interior das quadras, conectando os equipamentos não só pelas vias de automóveis. Além disso, o projeto urbano possui, ao longo de toda a intervenção, um eixo verde que conecta a região e culmina no surgimento de praças e passagens.
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O estudo urbano da região notou a carência em três vertentes: cultura (1), educação (2) e moradia (3), as quais estruturam o projeto urbano e a escolha dos equipamentos. O CEFAV (Centro de Estudos Fotográficos Audiovisuais) faz parte dos equipamentos culturais, mas engloba também o viés educacional. 1)CULTURA Em conjunto com a Escola de Teatro, Música e Dança traz para a região um complexo sistema cultural com atividades semanais e aulas específicas para potencializar o acesso a arte no local, além de uma galeria de arte e um cinema ao ar livre. 2)EDUCAÇÃO A vertente educacional é preenchida pela Escola Profissional de Construção Civil (E.P.C.C.), pelo CEU, e pelo Centro de Educação Ambiental (CEA) e a Biblioteca. O CEFAV, junto desses equipamentos, reforça o leque educacional do projeto, uma vez que seu programa apresenta aulas de fotografia, cinema e televisão, além de ateliês livres que possibilitam oficinas de outros temas. Além disso, o CEFAV dispõe de uma biblioteca com amplo acervo de apoio. 3)MORADIA Para a moradia foram traçados dois programas: a reurbanização da favela e a criação de quadras de habitação de interesse social. Existe uma ligação direta do CEFVA com a população que ali já residia e com os futuros moradores, trazendo conhecimento, além de lazer e cultura.
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VIA CORREDOR DE ÔNIBUS VIA CICLOVIA VIA LINHA DE ALTA TENSÃO EIXO URBANO LIGAÇÃO EQUIPAMENTOS SUB-EIXO URBANO
IMPLANTAÇÃO URBANA ÁREA DE PROJETO
Com um caráter educacional e cultural, o CEFAV traz para região um espaço de estudos práticos e teóricos de artes ligadas à fotografia e ao áudio visual. Além de atividades semanais como filmes ao ar livre e palestras, o projeto conta com uma ampla área de exposições na qual podemos encontrar exposições de artistas de fora do Centro como também exposições dos próprios alunos, para ampliar esse espaço o primeiro pavimento, voltado para o uso particular da escola, também possuí áreas de exposição devido aos corredores largos e amplas áreas de convívio, ou seja, a circulação horizontal ganha um uso diferenciado.
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2.
ENQUADRAMENTOS
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2.1 Inserção Urbana
VIA CORREDOR DE ÔNIBUS VIA CICLOVIA VIA LINHA DE ALTA TENSÃO EIXO URBANO LIGAÇÃO EQUIPAMENTOS SUB-EIXO URBANO
IMPLANTAÇÃO URBANA ÁREA DE PROJETO SEM ESCALA
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A quadra escolhida fica na esquina de um dos principais cruzamentos do projeto, entre a via do corredor de ônibus e a via com ciclovia ambas cruzam o bairro como um todo. A primeira cruza o bairro e faz a conexão com importantes vias de acesso, como a Avenida Heitor Penteado, que segue do centro de Campinas até o distrito de Sousas, e a Avenida Engenheiro Antônio Francisco de Paula Souza, que conecta o Centro com a cidade de Valinhos. A segunda via, com canteiro central largo e ciclovia, é um importante elemento para o eixo verde, cruza o projeto urbano, passando pela centralidade e conectando o eixo verde. Com a proximidade dessas vias o acesso ao CEFAV é facilitado, não só para as pessoas do bairro, mas também para moradores de outras regiões. Além disso, o equipamento foi implantado na esquina da quadra, criando acessos diretos ao projeto a partir das duas vias, sendo eles nas cotas de nível 53, 55, 56 e 59 pela via do corredor de ônibus e pelas cotas de nível 55, 56, 57 e 59 pela via da ciclovia
PRINCIPAL EIXO URBANO CRUZA A QUADRA DO CEFAV
RELAÇÃO CEFAV, BIBLIOTECA E E.P.C.C. SEM ESCALA
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2.2 A Quadra
TOPOGRAFIA EXISTENTE
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A quadra na qual o CEFAV está implantado é caracterizada pela sua topografia de fundo de vale, ou seja, o escoamento da água da chuva é feito por ali, causando alagamentos em épocas de preciptação. O fundo do vale está localizado na cota 55 e sobe em uma extremidade até a cota 62 e na outra até a 59; no lado oposto o terreno cai até a cota 54 num extremo e no outro até a 53. A partir do projeto urbano os principais acessos são feitos pelas esquinas nas cotas 62, 59 e 53, além de um importante acesso na cota 55, sendo esta a mais explorada na implantação do projeto. O croqui a baixo mostra a inteção de projeto de cruzar a quadra, permitindo acessos em diversas cotas e um percurso sem barreiras para o pedestre.
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2.3 Eixos e Sub-Eixos Urbanos
IMPLANTAÇÃO URBANA COM EIXOS E SUB-EIXOS SEM ESCALA
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Aos eixos formados a partir do desenho das quadras são conectados os oito equipamentos, sendo alguns desses eixos o próprio desenho do projeto viário e, outras vezes, os eixos internos, praças e caminhos gerados pela utilização do conceito da “Quadra Aberta”. O eixo principal relacionado à quadra do CEFAV conecta o Parque Linear ao Posto de Saúde já existente na área, passando pelo Centro de Educação Ambiental, pela Escolta de Teatro, Música e Dança, pela E.P.C.C. e chegando ao CEFAV. Esse eixo conecta o equipamento diretamente com a E.P.C.C. na cota 55 e cria um sub-eixo de conexão entre esses equipamentos na cota 59. O mesmo eixo se divide na cota 55 e conecta o CEFAV aos demais equipamentos; passa pela E.P.C.C. em direção à Biblioteca, depois pela praça central ligando o CEU e a área de reurbanização de favela. Por último, as quadras de Habitação de Interesse Social e o Parque Linear.
IMPLANTAÇÃO CEFAV COM EIXOS E SUB-EIXOS
EIXO URBANO QUE CONECTA COM A E..P.C.C.
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2.4 Definição do Programa
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Para dividir o programa do CEFAV optou-se por alocar, no térreo, as funções semi-privadas, semi-públicas e públicas, a saber: o café, a galeria de arte e a recepção respectivamente. Ainda no térreo (cotas 53, 56 e 59), encontram-se banheiros e um depósito de apoio da galeria, além de uma extensa praça que cruza a quadra criando acessos, passagens, áreas de permanência com sombra e sem. No primeiro pavimento (cota 59), encontram-se as funções privadas, como a administração do centro e as salas de aulas. Os usos foram divididos em blocos, sendo eles: primeiro bloco com salas de aula de fotografia e salas de pesquisa e edição, o segundo bloco com as aulas de audiovisual (cinema e TV), sendo que duas dessas salas são tipo auditório e o terceiro bloco com as aulas práticas, sala de revelação de fotos, estúdio de fotografia e duas ilhas de edição e gravação de vídeos. Finalmente, o bloco que contêm os banheiros e sala de administração, além de uma sala de estudos com um acervo da escola. Os corredores são largos e criam espaços de permanência e convivência (cobertos e descobertos), além disso, esses espaços podem ser utilizados para exposições dos trabalhos dos alunos do centro. Para criar uma área de sombra no prédio e na praça interna foi projetado uma cobertura de chapa metálica possibilitando a criação do mezanino, destinado ao ateliê livre e à área de estudos. Além do programa dividido dentro do edifício, há também um cinema ao ar livre que funciona no teto jardim, alternativa que aproveita o espaço, criando um uso específico para a cobertura.
TABELA DE ÁREAS POR PAVIMENTO
IMPLANTAÇÃO CEFAV - DEFINIÇÃO BLOCOS SEM ESCALA
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2.5 Volumetria e Partido do Projeto
Um dos principais objetivos do projeto era possibilitar a passagem do pedestre por todos os níveis da quadra sem obstáculos. Assim, a praça foi pensada para que esse trajeto fosse percorrido e o térreo do edifício é incorporado pela praça, facilitando esse acesso e criando áreas de sombra. Ao trabalhar com a declividade do terreno foi possível criar as principais entradas e conectálas aos eixos urbanos. Há uma entrada na cota 59 que reforça o sub-eixo que existe com a E.P.C.C. e conecta os equipamentos diretamente, e outra na cota 55 ligando a praça do CEFAV com a praça da E.P.C.C. Existe, também, na cota 55 e na cota 53, acessos laterais à quadra conectando a via do corredor de ônibus ao projeto e facilitando o acesso ao equipamento e à praça.
Além de trabalhar com essas cotas de nível, a declividade do terreno possibilitou a criação de platôs que configuram as praças internas. Na cota 55 está a praça principal que vincula, no térreo, todo o projeto. Seu duplo caráter de permanência e circulação possui passagens que fortalecem os eixos. Na cota 56 reside uma praça com um caráter específico de permanência, enquanto a praça da cota 59 recepciona o acesso ao projeto. Para reforçar o eixo urbano foi criado uma escadaria que percorre a praça como um todo, criando acessos nos dois extremos da quadra e setorizando a praça interna do equipamento.
CONCEPÇÃO VOLUMÉTRICA
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O primeiro passo na volumetria do edifício foi a criação de uma área de permanência no primeiro pavimento (cota 59) paralelo ao eixo urbano, para assim reforçá-lo. Em seguida, no mesmo pavimento os blocos de salas de aula foram segregados, cada bloco possui a sua própria cobertura criando espaços de circulações diferentes e novas sensações para aqueles que caminham no edifício. Ao elevar a cobertura do bloco de salas de aula de fotografia, criou-se uma área arejada e com boa iluminação, dando origem a um mezanino e o acesso ao teto jardim. Como referência para esse processo foi utilizada a Biblioteca Brasiliana, na Cidade Universitária da Universidade de São Paulo (USP), projetada pelos arquitetos Eduardo de Almeida e Rodrigo Mindlin Loeb. Na Biblioteca, os arquitetos separam o projeto por blocos com coberturas segregadas, assim, por vezes a cobertura encosta no edifício e outras vezes são pilares que chegam à cobertura, criando espaços diferenciados. Além disso, a cobertura principal é uma grande treliça que conecta todos os blocos, criando uma união visual. Outro passo em relação à volumetria foi a utilização do pé direito duplo nas salas de aula tipo auditório, dando BIBLIOTECA BRASILIANA destaque à fachada. Optou-se por utilzar, também, o pé SITE: ARCHDAILY - Fotógrafo: Ricardo Amado direto duplo nos blocos das Campinas, SP - 12/11/2015 extremidades do projeto. Tais blocos configuram o setor administrativo, com banheiro e acervo, e o bloco de entrada do edifício. Assim temos um teto jardim na cota 65 devido ao pé direito duplo e um na 63, o que acarreta no cinema ao ar livre, uma vez que as escadas foram configuradas como arquibancadas e a parede da caixa d’água como projeção. Para criar uma área de sombra no prédio e na praça interna foi projetado uma cobertura de chapa metálica que integra os edifícios de maneira visualmente fluida. Além disso, essa cobertura possibilitou a criação do mezanino, destinado ao ateliê livre e à área de estudos. Como referência para essa cobertura foi utilizado o projeto do Centro Paula Souza, situado na cidade de São Paulo, projetado pelos escritórios Spadonni AA e Pedro Taddei Arquitetos Associados, no qual uma cobertura metálica vazada conecta visualmente o CENTRO PAULA SOUZA projeto. SITE: ARCHDAILY - Fotógrafo: Nelson Kon Campinas, SP - 12/11/2015
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3. CAPTURA
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3.1 Especificações Técnicas e Escolha dos Materiais 3.1.1 ESTRUTURA A laje de concreto nervurada com 40cm de altura e 80 cm de largura dá estrutura ao projeto. Este sistema possibilita maiores vãos entre os pilares, colaborando na criação da galeria de arte. Além disso, a laje nervurada funciona como apoio para as obras de arte na galeria, que ficam fixadas nas nervuras por meio de cabos de aço. As duas referencias citadas anteriormente, Biblioteca Brasiliana e Centro Paula Souza, utilizam esse tipo de laje. Ambas as referências optaram por pilares redondos, no CEFAV os pilares adotados são retangulares. As vedações de vidro das salas de aula encostam na laje nervurada, possibilitando que a laje seja vista como um plano contínuo e trazendo a plasticidade das nervuras para o projeto, no térreo as portas da galeria de arte não encostam na laje para dar essa noção de continuidade.
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BIBLIOTECA BRASILIANA SITE: ARCHDAILY - Fotógrafo: Ricardo Amado Campinas, SP - 12/11/2015
CENTRO PAULA SOUZA SITE: ARCHDAILY - Fotógrafo: Nelson Kon Campinas, SP - 12/11/2015
3.1.2 FACHADA VENTILADA A Fachada Ventilada consiste em um revestimento cerâmico o qual não é aderido a vedação do edifício. As placas cerâmicas são fixadas no edifício a partir de uma estrutura metálica composta por uma subestrutura reticulada de alumínio parafusada na vedação (ver detalhe 01). A partir de encaixes macho e fêmea as placas são unidas umas às outras, e esse encaixe facilita a manutenção, pois cada peça é fixada individualmente. A distância mínima entre a vedação e as placas cerâmicas é de nove (9) centímetros. Esse sistema de fachada cria uma câmara de ventilação entre o revestimento e o edifício, ocasionando o ‘efeito chaminé’, isto é, o ar resfria antes de entrar em contato com a vedação, o que resulta em um maior conforto térmico, diminuin- DETALHE 01 do a necessidade do uso de ar condicionado (ver IMAGEM TRABALHADA PELA AUTORA detalhe 02), economizando energia.
DETALHE 02 IMAGEM TRABALHADA PELA AUTORA
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3.1.3 BRISES E COBOGÓS Na fachada nordeste foi instalado um brise móvel para diminuir a incidência de sol, além disso nos blocos de aulas de áudiovisual e de aulas práticas foi instalado uma chapa metálica perfurada que funciona como brise fixo. Graças às aberturas de vidro que vão de laje a laje, o brise possibilita uma visão ampla do exterior e, ao mesmo tempo, diminui a incidência de luz. Além do brise, também foi utilizado o cobogó com dois tipos de função, por vezes ele funciona para esconder as aberturas das portas dos banheiros e outras vezes cria a sensação de que os ambientes internos e externos se misturam, além de diminuir a quantidade de luz que entra no projeto e ciar uma sombra diferenciada.
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3.1.4 CISTERNA E ESPELHO DÁGUA
Para resolver o problema de alagamento devido a declividade do terreno e seu caráter de fundo de vale foi criado um espelho d’água no nível 55, que faz a captação e controle da água da chuva para evitar o alagamento. Uma cisterna (ver detalhe 03) foi instalada no subsolo para, junto com o espelho d’água, evitar os alagamentos e ao mesmo tempo reutilizar a água da chuva no edifício. A água da chuva é captada pelas calhas do edifício e passa por um filtro que elimina impurezas presentes na água. Em seguida é feito armazenamento na cisterna, onde a água passa por uma bomba que a leva para ser utilizada principalmente nos banheiros, limpeza e irrigação das áreas arborizadas. Além do reuso, a água da cisterna alimenta o espelho d’água. Para isso existe um segundo conjunto de filtro e bomba. A água da cisterna passa por esse filtro e é bombeado para o espelho d’água, que a devolve, criando um ciclo de reutilização. O transbordo é levado para o esgoto.
DETALHE 03
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3.2 Acessos Devido as características do fundo de vale e a intenção projetual de cruzar a quadra toda por dentro e por fora do edifício, o CEFAV possui acessos em diversas cotas, assim as quatro fachadas do edifício são distintas e cada uma possuí um tipo de acesso diferenciado.
Fluxos de acordo com o eixo urbano, criando os principais acessos para a praça Fluxograma Térreo (cotas 53, 55, 56, 59) Sem Escala
Entrada principal na cota 59 e demais fluxos mostram os diferentes percusos que a circulação do primeiro pavimento possibilita Fluxograma Primeiro Pavimento (cota 59) Sem Escala
Acesso para mezanino e teto jardim Fluxograma Mezanino (cota 63 e 65) Sem Escala
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No térreo, pela via do corredor de ônibus, existem três acessos. O principal deles no meio da quadra, na cota 55 que leva à praça e à galeria de arte; à esquerda há o acesso pela cota 53 na esquina chegando até a galeria de arte; e à direita o acesso pela cota 56, que avança ao edifício. Nessa fachada o observador percebe parte do edifício enterrado e a ponta oposta sobrevoando, optou-se por um térreo livre, permeável para que o pedestre possa caminhar livremente por ele, criando diversos acessos. ELEVAÇÃO 01 ESCALA 1:750
Na via com canteiro central largo e ciclovia há um acesso direto ao edifício que leva às salas de aula na cota 59. Esse é o único acesso em nível para o primeiro pavimento do edifício e também o principal acesso do edifício, pois é conectado diretamente com o sub-eixo urbano e um acesso para a praça na cota 55. A partir dessa via o observador vê em nível a entrada principal e o restante do edifício fica quatro (4) metros abaixo, na cota 55. Além disso, observa-se o teto jardim.
ELEVAÇÃO 03 ESCALA 1:750
A partir da via local paralela à ciclovia há dois tipos de acesso. Na esquina pela cota 53 que leva para a galeria de arte e na cota 55 levando para o café e galeria de arte. Ao caminhar nessa via observa-se o edifício como um todo, notando mais uma vez uma das extremidades encostando no chão e o restante livre, apenas com os pilares.
ELEVAÇÃO 02 ESCALA 1:750
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3.3 Térreo - cotas 53, 55 e 56 O térreo está localizado principalmente na cota 55, mas também acontece nas cotas 53 e 56. A intenção era que a praça fizesse parte do edifício trazendo assim um grande fluxo de pedestres para o local, optou-se por alocar nesse pavimento a galeria de arte, o café, um balcão de recepção, banheiro públicos, além de um depósito da galeria e os acessos para os outros equipamentos. A principal intenção no térreo é criar um espaço fluido, sem obstáculos para o pedestre. Por outro lado a galeria de arte necessita de um ambiente fechado. Para conciliar esses dois pontos foi projetada uma área fechada para a galeria, mas sem usar alvenaria na vedação. A galeria de arte foi fechada com placas metálicas pivotantes, cujas portas não encostam na laje nervurada, deixando-a visível e contínua, valorizando sua plasticidade. Outro elemento importante do térreo é a praça que cruza a quadra por completo, na cota 55 possuí o espelho d’água que passa por dentro e por fora do edifício. Parte do edifício é enterrado, necessitando de uma solução para a circulação e entrada de luz. A solução adotada foi um jardim atrás dos banheiros, o qual tem aberturas no pavimento superior, possibilitando a entrada de luz e ventilação.
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CORTE AA
PLANTA TÉRREO
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3.4 Primeiro Pavimento - cota 59 O primeiro pavimento na cota 59 foi destinado para as necessidades da escola. Ao acessar o edifício pela entrada principal, na cota 59, há o primeiro bloco de salas de aula com ateliês livres, salas de aula de fotografia, salas de edição e de pesquisa. As salas de fotografia são modulares - a parede que as divide é móvel - possibilitando dois modelos de salas, sendo eles quatro salas ou duas salas maiores. Isso possibilita variar o tamanho das salas de acordo com a demanda das aulas. O segundo bloco é o das aulas de audiovisual com duas salas tipo auditório e duas normais, uma destinada para TV e outra para cinema. Para as salas auditório foi utilizado o pé direito duplo. Um corredor central nesse bloco leva até as quatro salas do bloco. O terceiro bloco é preenchido pela administração, banheiros, acervo e espaço para pesquisa. Esse bloco está situado de forma que as pessoas circulem livremente, criando acessos de todos os lados. O último bloco com as salas de aula práticas contém duas salas voltadas para a fotografia e duas para o audiovisual, sendo elas um estúdio de revelação de fotos, um estúdio de fotografia e duas ilhas de edição e gravação de vídeos. A partir desse bloco temos o segundo acesso ao pavimento térreo. A partir de toda a circulação do pavimento é possível observar a praça e a rua devido ao fato de que os blocos, em sua maioria, são cercados pela circulação, criando visuais e espaços de permanência dentro do edifício, fazendo com que o observador tenha a sensação de que a rua, a cidade e a praça façam parte do edifício. Todos os guarda-corpos que dão para a área externa possuem uma jardineira e um banco. Os diferentes tipos de circulação e altura dos blocos cria sensações diversas para aqueles que caminham pelo projeto, além de grandes aberturas de vidro que possibilitam que as aulas sejam vistas por fora, assim todos podem ter contato com diferentes tipos de arte e cultura. Para esconder as aberturas na laje, que criam a entrada de luz e ventilação no térreo, foi desenhado um banco no entorno dessas aberturas, assim cria-se mais um espaço de permanência na entrada principal na cota 59.
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CORTE BB
PLANTA PRIMEIRO PAVIMENTO (COTA 59)
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3.5 Mezanino, Teto Jardim e Coberturas Ao segregar os blocos de salas de aula, cada um possui uma cobertura independente o que possibilitou criar usos para as coberturas. No topo das salas de fotografia optou-se por criar um mezanino com áreas de estudo. Devido a distância da cobertura metálica o mezanino é arejado e com boa iluminação, quase como se fosse um espaço externo e coberto. Uma escada sai do mezanino e conecta-o com a passarela do teto jardim. A cobertura metálica é suspensa por pilares de concreto e possuí uma estrutura metálica para sustentar a chapa metálica que impede a entrada de chuva. O teto jardim está localizado em duas cotas de nível, 63 e 65. Para criar o cinema ao ar livre no teto jardim, foi projetado uma arquibancada em conjunto com uma rampa que funciona como plateia desse cinema e a parede da caixa d’água é utlizada para projeção, trazendo uma função arquitetônica para a caixa d’água. Além do cinema, a extensão do teto jardim possibilita áreas de permanência e circulação diferenciadas, além de possibilitar uma vista completa da quadra e do bairro.
40 CORTE CC
PLANTA MEZANINO (COTA 63, 65)
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42 CORTE DD
PLANTA COBERTURA
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3.6 Referências Como citado anteriormente o projeto teve duas referências, utilizadas tanto para a criação dos espaços internos quanto para a estrutura. A Biblioteca Brasiliana dos arquitetos Eduardo de Almeida e Rodrigo Mindlin Loeb, fica na Cidade Universitária da USP. O edifício possui cerca de de 20.000m2 e foi projetado para abrigar um grande acervo de livros com cerca de 17 mil títulos. Além da Biblioteca o edifício possuí um café, um auditório, área de exposição e uma livraria. A principal característica utilizada de referência a partir desse projeto é a cobertura com uma abertura de vidro laminado no centro. Além disso existem dois tipos de relação dos blocos do edifício com a cobertura: em alguns pontos a cobertura encosta nos blocos e em outros pontos a cobertura é sustentada por pilares, sem encostar nos blocos, causando diferentes tipos de sensações para quem está dentro do projeto. A segunda referência é o Centro Paula Souza dos escritórios Spadonni AA e Pedro Taddei Arquitetos Associados. Situado na capital de São Paulo o projeto concentra escolas e faculdade, tornando o Centro Paula Sousa a instituição responsável pelo ensino técnico de São Paulo. A cobertura desse projeto também foi tomada como referência para o CEFAV. Nesse caso ela conecta os dois blocos de uma maneira visual, integrando o projeto por uma cobertura de chapa metálica vazada. Outra característica do Centro Paula Souza utilizada como referência é o tipo de circulação que permite que a rua faça parte do projeto. Ambos os projetos usam como estrutura a laje nervurada com pilares de concreto circulares. Após exaustivas pesquisas, a solução foi adotada como definitiva e ideal para estruturar o CEFAV.
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CENTRO PAULA SOUZA - CORTE SITE: ARCHDAILY Campinas, SP - 12/11/2015
CENTRO PAULA SOUZA SITE: ARCHDAILY - Fot贸grafo: Nelson Kon Campinas, SP - 12/11/2015
BIBLIOTECA BRASILIANA SITE: ARCHDAILY - Fot贸grafo: Ricardo Amado Campinas, SP - 12/11/2015
BIBLIOTECA BRASILIANA CORTE SITE: ARCHDAILY Campinas, SP -12/11/2015
CENTRO PAULA SOUZA SITE: ARCHDAILY - Fot贸grafo: Nelson Kon Campinas, SP - 12/11/2015
BIBLIOTECA BRASILIANA SITE: ARCHDAILY - Fot贸grafo: Ricardo Amado Campinas, SP - 12/11/2015
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4. BILIOGRAFIA Livro:
“Reinvente seu bairro: caminhos para você participar do planejamento de sua cidade” Cândido Malta Campos Filho - 2003 “Cidade Vida - Curso de Desenho Ambiental Urbano” Luiz Alberto Gouvêa - 2008 Artigo: “Habitação coletiva e a evolução da quadra” Mário Figueroa Vitruvius: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.069/385 “Quadra Aberta” Abilio Guerra Vitruvius: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/11.124/3819 Projeto Executivo: Centro Educativo Burle Marx - Inhotim Autores do projeto: Alexandre Brasil, Paula Zasnicoff, Arquiteto Edmar Ferreira Junior e estudantes Ivie Zappellini e Rosana Pilo Doutorado: “O PROJETO FRENTE A QUESTÕES CONTEMPORÂNEAS DA CIDADE E DA ARQUITETURA o museo de la memoria de santiago do chile” Autor: Lucas Fehr
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Sites: Biblioteca Brasliana ArchDaily:http://www.archdaily.com.br/br/01-107652/biblioteca-brasiliana-slash-rodrigo-mindlin-loeb-plus-eduardo-de-almeida Revista AU: http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/229/biblioteca-brasiliana-com-mais-de40-mil-volumes-da-colecao-280805-1.aspx Centro Paula Souza: ArchDaily:http://www.archdaily.com.br/br/769776/paula-souza-center-spadoni-aa-plus-pedro-taddei-arquitetos-associados Vitruvius: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/14.159/5075 Cisterna: http://www.ecycle.com.br/component/content/article/43-drops-agua/3301-o-que-e-cisterna-tecnologia-projeto-sistema-solucao-alternativa-aproveitamento-reaproveitamento-reuso-captacao-coleta-agua-chuva-pluviais-reservatorio-armazenamento-deposito-caixa-de-agua-casa-condominio-consumo-humano-como-onde-encontrar-comprar.html Laje Nervurada: Techne: http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/192/forma-e-funcao-escolha-das-formas-plasticas-deve-se-288026-1.aspx Atex: http://www.atex.com.br/LajeNervurada Fachada Ventilada: Techne: http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/184/fachadas-com-revestimento-ceramico-nao-aderido-286935-1.aspx Techne: http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/176/fachada-ventilada-industrial-e-sem-desperdicio-de-residuos-sistema-287888-1.aspx Revista AU: http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/231/artigo290453-1.aspx Construção:http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacao-construcao/153/ fachada-ventilada-sistema-cuja-execucao-e-rapida-exige-cuidados-309960-1.aspx
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