A conceção pedagógica Introdução Aprender como fazer a programação didática implica adquirir conhecimentos e competências práticas imprescindíveis para criar ou adaptar ações formativas para a modalidade e-learning. Outros termos frequentemente utilizados na literatura que também se referem à conceção pedagógica são programação didática, desenho formativo, desenho pedagógico, etc. A necessidade de uma programação didática nesta modalidade de formação é de primeira instância. Ainda que na formação presencial a programação didática seja fundamental para assegurar a qualidade das ações, o facto de se tratar de uma ação presencial permite ao formador a introdução de ajustes à medida que apresenta os conteúdos pedagógicos. Em e-learning há pouco espaço para ajustes e para improvisos. Quando um formando inicia uma ação de formação os conteúdos e exercícios já estão preparados uma vez que a atividade didática deve desenhar-se previamente. Evidentemente que o formador tem de prever estratégias para ultrapassar problemas que possam surgir ao longo do curso e que poderão estar relacionados com o regime de e-learning propriamente. Neste caso, poderá haver desvios ao Plano de Tutoria traçado inicialmente. Este ponto, Identificação das fases de conceção pedagógica, foi incluído no nosso curso porque nos parece importante salientar que o processo de conceção de um curso de e-learning é acima de tudo um processo de conceção pedagógica. Um dos erros mais graves que se comete é fixar a atenção na tecnologia, esquecendo a integração da conceção pedagógica no processo de criação e adaptação de cursos de e-learning. Esta é uma das principais causas para que os formandos não aprendam e o curso seja um fracasso. A tecnologia não pode garantir o êxito do e-learning. Ficou patente que o desenho e desenvolvimento do e-learning requerem conhecimentos que vão mais além dos tecnológicos.
As Fases da Conceção Pedagógica A conceção pedagógica é um processo que supõe uma série de etapas. Analisemos a seguinte sequência:
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Análise e planificação A fase de análise só tem sentido quando enquadrada no plano de formação. Nesta fase é necessária uma centralização no produto a ser desenvolvido de modo a definir o tema, considerar as aplicações similares e os recursos disponíveis, colher dados e analisá-los. Não se deve esquecer de definir e caracterizar o público-alvo, para que posteriormente a fase de desenvolvimento possa ser desenvolvida de encontro às necessidades dos formandos. Ainda que nesta fase participem gestores de formação, diretores de projetos, responsáveis de formação, entre outros, é possível que os agentes responsáveis pela conceção pedagógica também participem nesta fase. Na planificação do curso deve prevalecer o bom senso em todas as situações, e não se deve acreditar em soluções mágicas, evitando o raciocínio simplista e as soluções milagrosas. Para auxiliar no processo de planificação deve-se tentar encontrar resposta a algumas questões:
Qual o objetivo do curso? Qual o conteúdo? Em que formato será apresentado? Qual o público-alvo? Qual o orçamento disponível? Quais os recursos necessários e quais os meios técnicos que possuímos? Quanto tempo dispõe para a execução do projeto até ao início do curso? Quais os resultados esperados? Como será efetuada a avaliação?
Deve-se prever um roteiro adequado ao estudante embutido na sequência dos conteúdos, observando os pré-requisitos e calcular o tempo gasto por um estudante em cada unidade/módulo.
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Assim, conhecer as características dos destinatários da formação permite-nos ajustar melhor o processo, não só atendendo às necessidades de formação como também à experiência na utilização de computadores, nível de formação, idade, capacidades de autoformação, etc. Feita a análise do projeto que desejamos desenvolver, deve-se começar a planificar o trabalho e a calendarizá-lo. A partir da análise dos recursos materiais e humanos disponíveis, procede-se à atribuição de grupos de trabalho (caso ainda não estejam formados) e suas responsabilidades. Também se desenha um calendário de trabalho com as datas previstas para cada etapa do projeto.
Desenvolvimento A fase de desenvolvimento tem como suporte a análise prévia do curso bem como a planificação de como ele irá decorrer. O objetivo da fase de desenvolvimento é gerar o plano de estudo e os materiais de apoio. Define-se quais os recursos multimédia que se irão utilizar, a documentação os métodos e ferramentas de avaliação. Podem ser incluídos também software de apoio e até mesmo hardware. Pela observação da figura acima apresentada verifica-se a existência de 3 modelos associados à fase de desenvolvimento:
Modelo Conceptual – refere-se ao domínio, ou seja, ao conteúdo do curso e de como esse conteúdo será disponibilizado ao formando; é um plano de ação ou um roteiro que mostra como será o desenrolar do curso. O modelo conceptual deve detalhar a divisão dos diferentes módulos/unidades que compõe a formação, quais os recursos didáticos multimédia utilizados. Deve também estar explícito o modelo de interação entre os formandos e as aplicações/recursos.
Modelo de Navegação – define as estruturas de acesso, ou seja, como será efetuada a navegação ao longo do curso. Esta deve ser intuitiva para evitar a desorientação do estudante e diminuir a sobrecarga cognitiva. O modelo define o uso de menus, índices, roteiros guiados, etc... São necessários mecanismos que equacionem a apresentação do conteúdo para que o estudante não se disperse mas que lhe confira um grau de liberdade de exploração que lhe garanta uma atitude reflexiva e de pesquisa em relação às matérias propostas.
Modelo de Interface – deve ser compatível com o modelo conceptual e de navegação, ou seja, o design de interfaces tem de estar em harmonia com o conteúdo. A interface cria a identidade visual do curso e pode ser definida como um conjunto de elementos que apresentam a organização das informações e as ações do estudante.
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Avaliação e Manutenção A verificação das informações e correção dos erros de conteúdo, de gramática, de desenho modular, de atividades propostas é absolutamente fundamental. A avaliação deve ser feita durante todas as fases do processo de conceptualização pedagógica de um curso.
Distribuição No caso em particular do âmbito desta formação, em que se está a tentar estabelecer os parâmetros da conceção pedagógica de um curso em regime de e-learning (ou blearning) a distribuição é via web. A World Wide Web criada no fim da década de 80 permitiu a inclusão dos avanços tecnológicos multimédia na rede, possibilitando a comunicação audiovisual na Internet. A WWW está a possibilitar o desenvolvimento e o acesso por parte de vários utilizadores a documentos hipermédia gerados em diferentes plataformas.
Produtos da programação didática São três os documentos resultantes da conceção pedagógica: Programa do curso: é um guião resumido onde se anunciam os objetivos do curso, os destinatários, os módulos/temas a desenvolver, uma breve descrição da metodologia e o sistema de avaliação a adotar. É o primeiro documento que será elaborado pelo coordenador pedagógico e a partir do qual se desenvolverá o guião formativo. Guião formativo: é um guião analítico, onde se descrevem com detalhe os objetivos, conteúdos, estratégias didáticas, atividades individuais ou colaborativas, recursos e tempos do curso. É o documento resultante da conceção pedagógica e guião de trabalho para o desenvolvimento do projeto. Plano de avaliação: é um conjunto de ações mediante as quais se determina a estratégia de avaliação ou o procedimento para levar a cabo a avaliação da aprendizagem numa ação formativa. Nota: Recomendamos que o curso tenha uma estrutura na qual uma atividade corresponde a um conteúdo que por sua vez corresponde a um objetivo de aprendizagem.
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