Exposição Colectiva Carlos Menino, Carlos Rodrigues, João Pereira
O Projecto Panaceia agradece às instituições e pessoas que possibilitaram a realização desta exposição, nomeadamente: Exposição Colectiva Carlos Menino, Carlos Rodrigues, João Pereira Câmara Municipal das Caldas da Rainha; Centro de Artes das Caldas da Rainha; Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha; Museu José Malhoa; Luísa Soares de Oliveira; José Antunes; Susana Gaudêncio; Rodrigo Silva; Fernando Poeiras; José Luíz Almeida Silva; Ângela Rodrigues; Rita Pereira; Hélder Alfaiate; Marta Pereira; Mónica Reis; A todos os que colaboraram activamente no neste projeto.
Coordenação, Projecto Panaceia
O artista agradece a:
Ementa Galeria Graça Brandão. Lisboa Galeria Nuno Centeno. Porto António Leal Andreia Poças Frederico Albuquerque Paula Freire
Fernando Poeiras e Júlio Silva
pag. 4 Novo ciclo José Antunes
pag. 8 ???? Rui Leal
pag. 9 ??? Carlos Menino
pag. 10 ??? Carlos Rodrigues
pag. 14 ??? João Pereira
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Ementa “O que há aqui para comer?”. Então, procuramos uma ementa. Os textos de apresentação de exposições tornaram-se um ritual frequente – maligno e/ou benigno – que antecede o encontro com as obras, ou se quisermos ceder ao vocabulário do tempo, com os trabalhos. São textos muito variados, tanto na sua função como na sua importância. Mas não se podem, como todos sabemos, substituir à refeição… Há muitas formas, algumas insuspeitas, de resistir à refeição. (A mais conhecida é contentar-se com a ementa.) Mas consideremos as resistências ao encontro com as obras. O olho anoréxico pergunta ironicamente “O que há aqui para ver?”. Mas a questão – longe de testemunhar da abertura de uma disponibilidade real traduz, na realidade, um preconceito, sob a forma de uma afirmação: não há nada aqui para ver. Não há nada para ver porque o que se vê não corresponde aos padrões do que haveria, ou deveria haver, para ver. Portanto, o olho anoréxico, não se alimenta. No extremo oposto, o olho bulímico. A questão “o que há aqui para ver? ” adquire outro sentido. Nivelam-se e uniformizam-se em imagens, para melhor as devorar. Eliminando qualquer resistência. Do olhar educado na Cultura do espetáculo,
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da imagem e da novidade, ao olhar erudito da Cultura das artes, e apesar das diferenças, uma mesma função bulímica do olho. Portanto, o olho bulímico também não se alimenta. Anorexia e bulimia são hipertrofias que transportamos em nós – deformações que substituem o exercício de olhar por um olho já qualificado - e que “projetamos” sobre os trabalhos. São muitas as formas de não se alimentar, de substituir à abertura da questão “O que há aqui para comer?” a afirmação prévia de um gosto, de um preconceito, de um juízo, de um ideal… São formas de não encontrar forma de realizar trocas entre si e o trabalho, de não o experimentar num exercício de reciprocidade, de não agir e ser agido, de não dar oportunidade à emergência em nós de novos órgãos, os ajustados ao trabalho. Uma das dificuldades colocadas na arte, sobretudo (?) contemporânea é a de compreender um objeto que constrói as suas próprias coordenadas, i.e., que distribui os seus comos e os seus porquês internamente ao trabalho. Alguns chamam a esse processo de trabalho experimentação. O facto significativo, é que é uma ação, construída de múltiplas formas, que exige do espectador uma disponibilidade ativa, também construída de múltiplas formas. O
que o trabalho exige é: aprender a ver. Aprender a ver não no sentido de percorrer as etapas de uma qualquer pedagogia edificante do olhar, mas de devolver o olhar ao seu exercício de ver. Esse exercício, se assim o podemos dizer, ocorre na oscilação permanente entre o ver e o ver-se vendo, (revendo reflexivamente aquilo que limita o ver, recolhendo impulsos no ver para uma compreensão, retirando consequências… Colocamos reticências porque não há modo de confirmar que esse exercício oscilante, mas a diferentes ritmos, chega a um termo definitivo). A procura do olho nu (aspiração de Burroughs), um olhar que possa efetivamente ver o que está lá, a obra nos seus comos e nos seus porquês, é, de facto, apenas uma das etapas e não o (eventual) culminar da refeição. É que nessa troca (no alimentar-se das obras), vamos digerindo e sendo digeridos… A metáfora alimentar da relação com a obra conheceu várias versões, e foi usada por muitos autores. De Kant a Nietzsche, passando por Kafka, Rilke ou Burroughs, para citar alguns. Roubámos de diferentes autores aquilo que nos parece essencial na metáfora. Mas, não a convertamos numa pedagogia do espectador: aferir a obra pelo seu valor nutritivo. As obras estão lá, e permanecem incólumes à digestão, e falam-nos frequentemente de coisas muito mais importantes do que qualquer redução alimentar, humana demasiado humana. Hannah Arendt, uma notável espectadora, mostrou que a relação adequada a uma obra é a pura disponibilidade ativa a esse ser sem fim da obra, por mais edificantes ou benignos que sejam os fins que lhe impomos. É preciso aceitar que não se sabe “onde se vai parar”. A crítica, como recomendava William Burroughs, pode seguir três etapas: o que está a ser feito? Está bem feito? É relevante? O impacto inicial dos trabalhos é diferente - da sedução sensível à estranheza familiar. Mas, escolhamos
outra porta de acesso: concentremo-nos no “que está a ser feito”, nas operações e passagens praticadas que parecem fornecer um acesso decisivo a estes trabalhos de João Gabriel Pereira, Carlos Menino e Carlos Alexandre Rodrigues. Regulemos a nossa atenção pela pintura: mergulhemos o nosso olho em vibrações de baixa intensidade; uma pintura de suaves vestígios e suaves tons construída por “defeito”, nenhum excesso. A pintura de JGP é feita em série. Assinala-se inicialmente este facto porque ele é determinante no desenvolvimento do trabalho: determinante porque a obra surge como reflexo de quem executa e da sua execução; e a série permite reunir todos os indícios dessas pequenas transformações. Desde os acidentes e acasos, às variações de disponibilidade e urgência do autor no fazer da coisa; estas vivências do quotidiano estão presentes, congelam-se na obra. O trabalho no atelier começa sempre com o alinhar de várias folhas sobre uma prancha vertical, originando uma composição em grelha, nas quais JGP vai, simultaneamente, pintando em todas elas. As tintas utilizadas são ora de natureza “artística”, como também de uso industrial, às quais se juntam ainda as de feitura própria, todas elas misturadas, revelando a crueza dos meios, a sua precaridade, mas sobressaindo dessa “esqualidez” uma poética. A cor por vezes respinga e a folha de papel recebe os resíduos do vizinho de cima; acumulam-se pó e impurezas, ora arrastados nos pinceis ora depositados propositadamente; são as vivências subtis do fazer da pintura que JPG faz questão de assumir. É uma pintura que, como se disse, adquire um lado delicado e pobre, uma combinação sensível que assenta em composições mínimas, traçadas sem desenho prévio. Embora haja na globalidade das composições de JGP reminiscências do efeito janela, ela é rapidamente transformada em muro intransponível; essa conceção tradicional não abre aqui 5
para outra realidade, mas reafirma o seu carácter bidimensional, sobre as quais a cor assume papel preponderante. E sobre o plano encontra-se, por vezes, apenas uma só cor aplicada, introduzindo um gesto lento, que se aparta do fundo, mas sem pretensões a marca virtuosa e espontânea. É com uma paleta reduzida a combinações cromáticas de cores pastel, recurso tradicionalmente utilizado para harmonizar cores, mas que, contudo, não dispensa a sensibilidade para o uso da mesma. Estamos perante um colorista cru, de cores opacas, de pincel sussurrante. Se há algum intimismo na pintura de JGP, o trabalho de CAR exibe operações objetivas, que resultam numa (ambígua) presença sensível. Essa ambiguidade é mais subterrânea do que a ostensiva ambiguidade de género; o que faz com que não nos seja permitido classificar, sem ambiguidades. Trata-se de desenho? Trata-se de pintura? A ambiguidade atinge, mais profundamente, a própria natureza sensível da presença. Sendo (paradoxalmente) resultado de operações objetivas, o objeto evade-se continuamente ao puro aqui e agora. Tudo se passa, como se o fazer do projeto (i.e., os modos de antecipação de um objeto ou casa) fosse rebatido sobre um outro plano de construção (mas, aqui e agora). A um primeiro olhar a cor uniforme que preenche a totalidade do suporte de papel é o mais pregante. Mas à medida que nos aproximamos verifica-se que a cor é sobretudo um recurso de preenchimento homogéneo de um plano, sem ter recebido do autor atenção especial no momento de pintar. A tinta não se torna aventura colorista, ela cobriu homogénea e uniformemente a superfície do plano com a isenção com que um pintor aplica um primário. Poderíamos dizer que toda a cor desenvolve uma atmosfera, mas a intensidade afetiva da cor está capturada pela objetividade da grelha. Da tinta fica também, não apenas a sua “objetivi6
dade” visual, mas a sua tangibilidade manual: a tinta fornece uma fina camada material, a ser finamente decapada ao longo das linhas guias, sobre o gume da folha material-dobrado. A linha não vai dar um passeio, ela é antes a linha-guia que geometriza o espaço, quadriculando a superfície numa grelha. No interior das linhas guias-grelha pintam-se formas. A ambiguidade destas presenças apresenta-se também pela consciência; a consciência que temos das correspondências entre o fazer do projeto e o fazer destes desenhos-quaseobjeto. É que eles rememoram as linhas de cota e chamada, os alçados, a cor-limite de superfície, a dobragem das maquetes. CAR é um arquiteto que reinventou o seu ofício num novo ofício, deixou de projetar e antecipar um objeto para passar a produzir um trabalho que é, em certa medida, um projetar do projeto sobre um plano tangível, visual e manual, que constrói o seu trabalho. O trabalho exposto por CM, para aqueles a quem os ready-made de Duchamp formulam várias e poderosas perguntas, mas não tanto afirmações sobre o “estatuto” da arte, coloca-se também sobre a linha que divide entre arte e não arte. Mas a comparação com Duchamp termina aqui. O ready-made era fundamentalmente um gesto, os objetos-intermédios de CM apresentam-se, através de diferentes operações, como estranhos familiares (uncanny). Onde queremos chegar é que essa experiência (uncanny) só é possível porque, e contra uma definição institucional da arte, a delimitação entre arte e não arte se alimenta de fronteiras muito mais profundas. Os objetos, os quotidianos e os domésticos em particular, são hoje um “médium” igual a qualquer outro na prática da arte. Isto é, configuram um conjunto de possibilidades estéticas e noéticas. Mas tudo depende do “trabalho” artístico que se lhes impõe. É ele que descobre, muitas vezes, o impensado e o não sentido dos objetos, ou que
pelo contrário, os faz deslizar em novas funções estéticas e noéticas. As operações aqui são apropriação, transformação e disposição. A apropriação faz a passagem de objetos cuja regra é a disponibilidade para o espaço público da exposição. Essa passagem não é sem resto, i.e., os objetos conservam marcas da sua biografia, do seu uso, da sua história. (Não são objetos industriais, “clean”). CM utiliza operações de transformação muito diferentes, tanto “físicas” como mentais, o que significa que são dificilmente sistematizáveis: a desconstrução de uma pipa, o corte diagonal de um armário, etc.. No conjunto, podemos dizer que, os objetos são afetados pela mão humana – sublinhemos pela mão humana - de um coeficiente entrópico que os inutiliza. Dizemos coeficiente porque a disposição (finalmente) reintroduz uma outra ordem: regularidade, simetria, tensão… O objeto útil tem, na vida quotidiana, uma presença entrevista. Talvez seja na fenomenologia de Heidegger que encontramos a descrição mais sistemática dessa forma de presença. Objeto à-mão, familiar e habitual; transitivo, encadeando-se no sistema e finalidades da vida quotidiana; reticular, inserindo-se numa rede funcional de relações com os outros objetos. Trata-se aqui de trazer à visibilidade, e com outras operações da mão, esses estranhos familiares, através de objetos-intermédios. Enquanto estamos entre os vivos as tarefas de alimentação e compreensão não conhecem termo. Servem para estarmos vivos. Esta ementa não é assim um ponto final, mas um início de relação com os trabalhos expostos…
Fernando Poeiras e Júlio Silva Panaceia
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Novo Ciclo
Entrados em 2014, nova equipa assumiu a coordenação do Projecto Panaceia e com ela surgem novas proposta para este ciclo que se inicia. Abrimos com uma exposição de alunos de mestrado em Artes Plásticas da ESAD. Pintura,
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escultura, instalação. Um novo espaço para intervir. Já não o museu Barata Feyo, mas o “Espaço da Concas”. Uma galeria que foi criada como homenagem a uma pintora que foi também docente da ESAD nos seus primeiros anos de existência e interveniente em muitos dos mais importantes eventos culturais da cidade (e. g. Bienais de Escultura e Desenho), até à sua morte inesperada, em 1991. Um equipamento cultural com características únicas de exposição e com a missão de servir como pólo dinamizador do Centro de Artes.
José Antunes Director do Centro de Artes
As Artes Plásticas como forma de comunicação e divulgação de sensações, emoções e sentimentos, alertaram e mobilizaram um conjunto de alunos da Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha do Instituto Politécnico de Leiria, para a necessidade de apresentação e divulgação de trabalhos de artistas anónimos, que de outra forma dificilmente seriam apresentados, aliados à apresentação de trabalhos de artistas consagrados. De modo a colmatar essa necessidade, suportada com uma grande motivação subjacente do contexto artístico, surgiu o lançamento do projeto Panaceia. Este projeto, apresentado por esse conjunto de alunos, não pretendia ser somente um projeto isolado, mas sim um projeto de continuidade ao longo dos anos por novos alunos, pelo que foi acarinhado e apoiado desde o seu início, pela Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha. Na sequência do excelente trabalho desenvolvido pelos mentores iniciais do projeto Panaceia, que viram o seu trabalho valorizado e reconhecido com a apresentação de diversas exposições e palestras, é com grande satisfação que se verifica a renovação da equipa do projeto Panaceia, esperando que dê continuidade ao trabalho levado a cabo pela equipa inicial.
Rui Leal Subdiretor da ESAD.CR
Novo Ciclo
O ano de 2013 no Centro de Artes foi marcado, no que à apresentação de exposições diz respeito, por duas iniciativas que resultaram de uma parceria que realizámos com o Projecto Panaceia. As exposições de João Jacinto e Albuquerque Mendes constituíram-se como dois momentos muito importantes na nossa oferta cultural. Não apenas por serem dois nomes inquestionáveis das artes plásticas em Portugal, mas porque ambos os projectos tiveram um enquadramento que permitiu uma valorização das respectivas mostras, que se manifestou quer ao nível dos suportes editoriais que o acompanharam, quer no debate que permitiram germinar, quer sobretudo porque favoreceu o envolvimento de vários intervenientes. Artistas, profissionais de museus, alunos com formações base diferenciadas e professores, envolvidos num projecto comum, trabalhando em equipa, procurando melhorar uma oferta cultural que demasiadas vezes é pouco consistente e trabalhada sem ser devidamente contextualizada.
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Carlos Menino O artista
Nesta exposição apresento objectos tridimensionais em madeira. O meu trabalho tem como ponto de partida a observação de um objecto, um reconhecimento da minha parte das características formais. Trabalhando a partir de um objecto normalmente utilitário e ao qual são atribuídas determinadas funcionalidades, a sua transformação proporciona um novo objecto o qual deixara de ter a sua função original mesmo que reconheçamos a origem da peça. A minha intervenção plástica actua como um roubo de identidade sobre o objecto. A relação entre objectos e forma é a base/estímulo para a criação das minhas obras. A partir desta situação procuro novos caminhos para uma reconstrução plástica do mesmo. Interessa-me evidenciar o processo de transformação como parte do meu modus opera. S/ Título #1, 2014 Madeira e outros materiais Dimensões variáveis promenor
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S/ Título #2, 2014 Madeira e malha de ferro Dimensões variáveis
S/ Título #3, 2013 Vídeo projecção monocanal cor, som, loop 1’11’’
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Carlos Rodrigues O artista
#ARC201403 - 03, 2014 Óleo e pastel s/ papel. 50x70cm promenor
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Nesta exposição apresento duas séries de trabalhos a óleo sobre papel. Na primeira série, o imaginário de um modelo, ou mesmo, arquétipo, de habitação está no centro da reflexão do meu trabalho. Não pretendo tratar a imagem enquanto ícone, antes uma imagem filtrada pela apreensão de momentos de observação quotidiana do edificado. A observação e posterior concretização é constantemente problematizada enquanto memória. Na segunda série de trabalhos, é possível não associar o meu trabalho a uma ideia imediata de arquitectura, contudo, a minha premissa de trabalhar pictoricamente um possível modelo poderá tornar permeável essa proximidade com o desenho arquitectónico. Esta procura do imaginário da construção que tento convocar poderá surgir ancorada ao sistema de estruturas radicado em noções espaciais. Partindo das formas, cada linha persegue a execução de uma ideia, ou memória, utilizando a sua multiplicação, repetição e sequência, aludindo à estrutura ou às imagens e lugares ambíguos da arquitectura. 15
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# STR201401 – 03, 2014 Óleo s/ papel 70x100cm
# ARC201403 - 04, 2014 Óleo e pastel s/ papel 50x70cm
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João Pereira O artista
Sem título, 2013 Gouache, acrílico e tinta plástica sobre papel 59.5x46.5 cm promenor
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O meu trabalho. Algum tempo passou desde a primeira tentativa. Tentar perceber porque se faz oque se faz. Tentar perceber como fazer e depois porque faço o que faço. E percebi algumascoisas, e acredito nas coisas que percebi: Que faço o que faço porque necessito de o fazer; que o trabalho artístico, que a pintura, só pode nascer dessa necessidade; que essa necessidade esteve sempre lá e só precisava de meios que a canalizassem para as folhas de papel; Que a folha de papel viria a ser a minha melhor amiga.(também me faltava uma amiga) E pelo caminho o trabalho foi surgindo e eu tentando descobri-lo. E conheci muita gente que também faz e sabe porque faz o que faz. O Lapa, o Tarkovski, O Beckett... Gente com quem falo e que fala comigo, todos os dias. Gosto do que tem para me dizer e acredito naquilo que me dizem. Depois, fui gastando as minhas forças a tentar arranjar palavras que descrevessem o que faço. Ao fim de um tempo disse-me o Beckett que nao era preciso, que mais valia estar calado. Porque as coisas, depois de feitas, deixam de ser nossas 19
e transformam-se noutra coisa. E aí essa coisa diz o que quer, a quem quer, quando quer. E eu acreditei que assim fosse, ainda acredito. E lá fui gastando as minhas forças noutras coisas, por exemplo, a tentar perceber o que faz ou nao sentido fazer, isso ocupava muito do tempo que entao dispunha para pensar. Um dia, diz-me o Tarkovski que também nao era necessário tal esforço, que bastava ser sincero com as coisas, com a matéria, com as imagens, com as cores. Que nao é fácil se-lo, mas que isso basta para que a necessidade da palavra nao se meta no caminho. Depois vi o O Espelho e acreditei, ainda acredito. Por fim entendi que precisava de trabalhar muito e com alguma rapidez para que as coisas pudessem surgir; que tudo é uma procura por algo que nao sei o que é, da qual vou encontrando alguns fragmentos; que é esse caracter que, em cada trabalho, dá à luz o seguinte; que essa procura tem de ser eterna pois, caso contrário, o trabalho morreria. O meu corpo de trabalho é, na sua maioria, constituído por pinturas sobre papel, de dimensões relativamente pequenas. Sao algumas dessas pinturas que pretendo apresentar nesta exposiçao.
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Sem título, 2013 Gouache, acrílico e tinta plástica sobre papel 12.2x8.5 cm Sem título, 2013 Gouache, acrílico e tinta plástica sobre papel 59.0x46.0 cm.
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Exposição Colectiva Carlos Menino, Carlos Rodrigues, João Pereira
Museu Barata Feyo, Centro de Artes. Caldas da Rainha 15 de Maio a 30 de Junho de 2014 Câmara Municipal das Caldas da Rainha Presidente: Fernando Costa Vereador da Cultura: Maria da Conceição Pereira Museu Barata Feyo, Centro de Artes das Caldas da Rainha Diretor: José R. Antunes Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha do Instituto Politécnico de Leiria. Diretora: Susana Rodrigues Subdiretor: Rodrigo Silva Subdiretor: Rui Leal
Textos: Fernando Poeiras, Hélder Alfaiate, José Antunes, Rodrigo Silva, Projecto Panaceia. Fotografia: Ângela Rodrigues. A fotografia da página 14 foi cedida por José Luíz Almeida Silva. Produção: Elsa Rainho Impressão e Montagem Oficina Digital, ESAD.CR Caldas da Rainha Depósito Legal: 360098/13 ISBN: 978-989-20-3884-1 Tiragem: 24 ex. Centro de Artes | Câmara Municipal de Caldas da Rainha, Projecto Panaceia, 15 de Maio de 2014
Projecto Panaceia Coordenação: Flávio Delgado, Carlos Rodrigues. Assessoria à Coordenação: Mónica Reis Equipa de Design Gráfico: Alexandra Barbosa, Anabela Gomes Exposição Curadoria: Projecto Panaceia Coordenação: José R. Antunes, Projecto Panaceia Projeto de Montagem: Albuquerque Mendes Montagem: Albuquerque Mendes, Ângela Rodrigues, António Leal, Hélder Gorjão, Júlio Silva, Rita Pereira. Catálogo Coordenação: Projecto Panaceia Conceção Gráfica: Alexandra Barbosa, Anabela Gomes 22
Organização
Parceiros