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inhotim
Motivos não faltam para conhecer o maior museu a céu aberto da América Latina escreve Rafaela Lima
Q
uando você vai contar pra alguém sobre Inhotim, não sabe bem como definir o lugar. Um museu? Um espaço cultural? Um jardim botânico? Um parque? Talvez tudo isso ao mesmo tempo. Você vai contar como se sentiu maravilhado, como as paisagens são de tirar o fôlego, como as obras são incríveis (ainda mais conversando com aquele espaço). Você vai contar tudo de uma forma eloquente, com os olhos brilhando, talvez com um olhar meio vago, extasiado, em um momento de saudosismo. Ou então efusivo, como quem diz “você tem que ir nesse lugar!”. E é por aí mesmo: Inhotim é ver pra crer, e estar lá pra sentir. Situado em uma cidadezinha chamada Brumadinho, a 60 km de Belo Horizonte, Inhotim possui um acervo de Arte Contemporânea com cerca de 500 obras de mais de 100 artistas de 30 nacionalidades diferentes, abrangendo os mais variados suportes. É muita Arte. Os artistas tem ainda a possibilidade de fazer um projeto site-specific, em que escolhem um lugar específico para sua obra, tendo ainda a liberdade de participar na concepção da galeria/lugar que ira abrigá-la. Aberto para o grande público desde 2006 (mas idealizado já na década de 80), o Instituto Inhotim é fruto de muito (leia-se muito!) investimento. Originalmente uma fazenda do empresário do ramo da
mineração Bernardo Paz, hoje está em pleno desenvolvimento, tendo em seu futuro a implantação de um albergue, hotéis e ainda um aeroporto! Lá são desenvolvidos também estudos botânicos além de ações educativas e de cidadania a partir da Arte e da natureza. Não dá pra conhecer todo o lugar em um dia só. Mas você nem se sente obrigado a isso. Muita gente não tem saco pra olhar todas as obras quando está em um museu, outras já se sentem pressionadas a conseguir ver tudo. Em Inhotim geralmente não se tem tais pretensões. Você anda, curte o lugar, e no caminho vão surgindo as galerias e obras. O caminho já é algo a ser visto e sentido. A cada curva, subida ou descida, você é surpreendido. Para pra sentar nos bancos de troncos, e às vezes vê um esquilo do seu lado. E tudo bem não conseguir ver tudo (em um dia é impossível), mais um pretexto pra voltar. As pessoas reagem de maneiras diferentes às coisas, mas eu arrisco dizer que há uma reação comum à Inhotim: “Que lugar é esse?!”. Lá tudo parece grandioso: a arquitetura das galerias, o jeito que as obras estão inseridas naquele paisagismo exuberante (com direito a dicas de Burle Marx), o contraste da Arte Contemporânea com aquele cenário bucólico, ou as obras por si só. E isso tudo no meio do Brasil.
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