ANA CLARA AZEVEDO DE AGUIAR
ANA CLARA AZEVEDO DE AGUIAR Orientador: Bráulio Veríssimo Cruz UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ FUNDAMENTOS PARA TFG Junho de 2019 Petrópolis - Rio de Janeiro
Fundamentos para TFG apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Estácio de Sá, como requisito parcial para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista. Banca Examinadora:
Orientador: Bráulio Veríssimo Cruz
Professor Convidado
Convidado Externo
Imagem ilustrativa Fonte: https://unsplash.com/photos/vnNFWKY7Tj4 Acesso em:10/03/2019
"O que é feito com amor é bem feito." VINCENT VAN GOGH
Imagem ilustrativa Fonte: https://unsplash.com/photos/qgHGDbbSNm8 Acesso em: 10/03/2019
AGRADECIMENTOS A Deus, por me guiar e me iluminar em todos os momentos. Aos meus pais, Carlos e Adriane, e meu irmão, Arthur, pelo amor e apoio ao longo desses anos e por todas as vezes que abriram mão de seus próprios caminhos para se dedicarem ao meu. Obrigada por tudo! Amo vocês! Ao Pedro, meu amor, por acreditar em mim, às vezes mais do que eu mesma, me apoiar e me incentivar todos os dias. Às minhas colegas de classe, Thays e Yasmin, que foram um grande apoio durante esses cinco anos de graduação, e fizeram com que tudo fosse mais leve e divertido. A todos os professores com quem tive oportunidade de aprender ao longo dessa caminhada. Ao meu orientador pelos conhecimentos transmitidos à mim. A todos os outros que contribuíram de alguma maneira para a realização deste trabalho.
Muito Obrigada!
"Gratidão é compartilhar a colheita com quem te ajudou a semear." MOISES CASTRO DANTAS
Imagem ilustrativa Fonte: https://unsplash.com/photos/4yK8iDaWnm8 Acesso em: 10/03/2019
RESUMO
ABSTRACT
Esta pesquisa de trabalho final consiste em propor a requalificação do Hortomercado Municipal de Itaipava, na cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro. O projeto busca tornar o Hortomercado uma referência gastronômica e turística, além de valorizar o setor agropecuário da região. Sendo assim, a intenção é trazer uma nova linguagem arquitetônica para o local existente, mais qualidade para os consumidores e produtores locais, tornando o mercado mais atrativo — uma vez que ele tem grande importância econômica e social para a cidade. Palavras-chave: Requalificação, Mercado Público, Espaço Público.
This paper consists of a requalification proposal for Hortomercado Municipal de Itaipava, located in Petrópolis, Rio de Janeiro. The objective of the project is to turn the market in a gastronomic and touristic reference for the region, to enrich its gastronomic culture and to develop its agricultural economy. For that reason, the purpose is to bring a new architectural language to the existing site, more quality for the users, consumers and local producers, turning the market more attractive — since it has an economic and social importance for the city. Keywords: Requalification, Public Markets, Public Spaces.
LISTA DE FIGURAS Figura 01 - Pontos de produção agrícola na cidade de Petrópolis
Figura 19 - Bar do Horto
Figura 02 - Benefícios dos Mercados Públicos
Figura 20 - Varanda do Bar do Horto
Figura 03 - Diferença entre mercados e supermercados
Figura 21 - Acesso banheiro
Figura 04 - Objetivos da Requalificação
Figura 22 - Banheiro feminino
Figura 05 - Diagrama de Metodologia
Figura 23 - Corredor Principal
Figura 06 - Horta
Figura 24 - Localização do Mercado de San Miguel
Figura 07 - Grand Bazaar, Turquia
Figura 25 - Mercado de San Miguel
Figura 08 - Planta da Ágora de Priene
Figura 26 - Mercado de San Miguel
Figura 09 - Mercado Público no Império Romano
Figura 27 - Mercado de San Miguel
Figura 10 - Mercado Público da Candelária
Figura 28 - Mercado de San Miguel
Figura 11 - Mercado Público de São Paulo
Figura 29 - Planta de acessos
Figura 12 - Museu Imperial
Figura 30 - Configuração interna
Figura 13 - Plano Koeler
Figura 31 - Mercado da Ribeira
Figura 14 - Construção da Estrada União e Indústria
Figura 32 - Mercado da Ribeira
Figura 15 - Entrada do Hortomercado Entrada do Hortomercado
Figura 33 - Vista Manteigaria pelo Mercado
Figura 16 - Vista Frontal do Hortomercado
Figura 34 - Vista Interna da Manteigaria
Figura 17 - Box de Verduras
Figura 35 - Planta Baixa da Manteigaria
Figura 18 - Box de Verduras
Figura 36 - Eataly
Figura 37 - Vista interna do Eataly
Figura 58 - Vazios urbanos
Figura 38 - Planta setorizada do Eataly
Figura 59 - Uso do solo
Figura 39 - Mercado da Boca
Figura 60 - Gabarito das edificações
Figura 40 - Mercado da Boca
Figura 61 - Velocidade e frequência dos ventos
Figura 41 - Área interna do Mercado da Boca
Figura 62 - Carta solar
Figura 42 - Área interna do Mercado da Boca
Figura 63 - Premissas do projeto
Figura 43 - Planta baixa do Mercado da Boca
Figura 64 - Setores
Figura 44 - Mercado Roma
Figura 65 - Pré-dimensionamento dos ambientes
Figura 45 - Mercado Roma
Figura 66 - Fluxograma
Figura 46 - Mercado Roma
Figura 67 - Referências Paisagísticas
Figura 47 - Mercado Roma
Figura 68 - Planta de Implantação
Figura 48 - Planta baixa do Mercado Roma
Figura 69 - Lista de Espécies
Figura 49 - Mapa esquemático de localização
Figura 70 - Esquema do painel vazado
Figura 50 - Localização do Hortomercado Municipal
Figura 71 - Volumetria
Figura 51 - Mapa de visadas
Gráfico 01 - Idade dos clientes
Figura 52 - Perspectivas do terreno
Gráfico 02 - Frequência com que vão ao Horto
Figura 53 - Perspectivas do entorno
Gráfico 03 - Motivo das compras no Horto
Figura 54 - Mapa Síntese
Gráfico 04 - Idade dos vendedores
Figura 55 - Hierarquia Viária
Gráfico 05 - Ramo de Vendas
Figura 56 - Trajeto BR-040 x Quitandinha
Gráfico 06 - Adequação do tamanho dos boxes
Figura 57 - Equipamentos urbanos
SUMÁRIO
01
02
INTRODUÇÃO
REFERENCIAL TEÓRICO
1.0 Introdução 1.1 Problemática 1.2 Justificativa 1.3 Objetivo Geral 1.4 Objetivo Específico 1.5 Metodologia
2.1 História dos Mercados 2.2 Mercados Públicos no Brasil 2.3 Petrópolis 2.4 Itaipava 2.5 O Hortomercado
03
ESTUDOS DE CASO
3.1 Mercado de San Miguel 3.2 Mercado da Ribeira 3.3 Eataly 3.4 Mercado da Boca 3.5 Mercado Roma
04
DIAGNÓSTICO DA ÁREA 4.1 Localização 4.2 Condicionantes Urbanísticas 4.3 Legislação Urbana 4.4 Resíduos da Construção Civil 4.5 Síntese do Diagnóstico
05
PROPOSTA
5.1 Conceito 5.2 Partido 5.3 Programa de Necessidades 5.4 Fluxograma 5.5 Implantação e Paisagismo 5.6 Estudo Volumétrico
06
CONSIDERAÇÕES FINAIS 6.0 Considerações Finais
Referências Bibliográficas
INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO O presente trabalho consiste na proposta de requalificação do Hortomercado Municipal de Itaipava, a fim de criar um espaço em que se faça presente importantes trocas econômicas, assim como a relação de encontro entre as pessoas, experiências e sensações. Desde a Antiguidade, o mercado público ultrapassa o papel de simples espaço comercial para simbolizar uma manifestação cultural,, palco da diversidade, dos costumes, e comportamentos de uma comunidade, identificados na troca de mercadorias, no consumo e na produção de artigos locais e artesanais. Entretanto, partir do final do século XX, com o surgimento da globalização, os avanços tecnológicos acarretaram numa série de mudanças no comportamento de consumo da população. O comércio se afastou da sua configuração inicial e se agrupou em centros comerciais, hipermercados e shoppings centers, distanciando a relação entre consumidor e produtor. Acredita-se que o mercado público pode ser um dos instrumentos de remodelação do espaço público tendo em vista sua característica de equipamento urbano que atende às demandas de abastecimento de produtos de um bairro, de uma cidade ou de uma região, além da possibilidade de proporcionar diversas atividades socioculturais.
“Há no mercado municipal, muitas vezes, o encontro entre o urbano e o rural, através de contatos diretos entre pessoas das duas diferentes realidades, assim como de diferentes classes sociais, tecendo relações interculturais, em alguns casos até mesmo de amizade.” CAVALCANTE (2018).
1.1 PROBLEMÁTICA Itaipava está localizada no terceiro distrito da cidade de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro. É uma região turística e com setor gastronômico bastante desenvolvido. Além disso, a cidade possui uma significante economia agrícola. Segundo dados do Censo Agro 2018 — realizado pelo IBGE — Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Petrópolis possui 768 produtores rurais. O Censo Agro também identificou a existência de 11 estabelecimentos produtores de mel e outros 23 de queijos e requeijão. Sendo assim, segundo dados da Prefeitura de Petrópolis, o Hortomercado Municipal de Itaipava é o principal local de comércio para os produtores agrícolas da região, sendo um importante elemento agregador de renda e potencializador das relações sociais e culturais da cidade. Entretanto, o prédio não supre as todas as necessidades e não explora ao máximo o potencial que o mercado, tão tradicional na cidade, possui. A falta de infraestrutura para os comerciantes e clientes é visível. Os boxes não possuem estrutura adequada para vendas, ao mesmo tempo que a estética não é agradável para quem visita. Dessa forma, torna-se necessário um projeto de requalificação para o Hortomercado, não apenas por ser instrumento de geração de emprego e desenvolvimento econômico, mas também como um espaço importante para as relações socioculturais da região.
Figura 01 - Pontos de produção agrícola na cidade de Petrópolis Fonte: elaborado pela autora com base nas informações do IBGE, 2019
1.2 JUSTIFICATIVA Petrópolis, comumente conhecida como Cidade Imperial, é um destino de grande procura por turistas nacionais e internacionais. Depois do Centro Histórico, Itaipava é a área mais visitada da cidade, além de ser um dos principais polos gastronômicos e de produção agrícola da região serrana. Sendo assim, o Hortomercado Municipal de Itaipava é um importante local de lazer para os turistas e moradores da região. Além disso, é responsável pelo reconhecimento e valorização dos produtores da região e é um importante elemento para o crescimento econômico da cidade. As figuras 02 e 03 expressam a importância dos Mercados Públicos, como
“Markets are complex spaces of commerce and sociability that often contradict the modern use of public spaces; they are remnants of the past lodge in the hearts of modern cities. At the same time, markets are living institutions rather than static heritage sites, and they exercise important social functions for the neighborhoods in which they are located. Market are places where people come in contact with each other, places that evoke the senses and often memory.” (Black, Rachel 2012). “Mercados são espaços complexos de comércio e socialização que muitas vezes contradizem o uso moderno de espaços públicos; eles são remanescentes do passado guardados no coração das cidades modernas. Ao mesmo tempo, mercados são instituições vivas, ao invés de patrimônios estáticos, e exercem importante função social para a comunidade em que estão localizados. Mercados são lugares onde as pessoas entram em contato uma com as outras, lugares que evocam os sentidos e muitas vezes a memória.” (Black, Rachel 2012). * Tradução livre pela autora. (2019)
apresentado no texto de Rachel Black ao lado. SUPERMERCADO X MERCADO PÚBLICO
Figura 02 - Benefícios dos Mercados Públicos Fonte: elaborado pela autora com base no Project for Public Spaces (2019)
Figura 03 - Diferença entre mercados e supermercados Fonte: BATISTA (2016)
1.3 OBJETIVO GERAL O objetivo do presente trabalho é promover uma requalificação do
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ●
Compreender como os Mercados Públicos podem se inserir como equipamento público e como instrumento de transformação do espaço público;
●
Compreender as necessidades dos comerciantes e as preferências dos visitantes atuais do Hortomercado;
●
Contribuir para a economia da cidade, valorizando os produtores rurais, o turismo e a gastronomia local;
●
Incentivar a troca de ideias, informações e encontros, fortalecendo a tradição de um espaço de boas compras e convivência;
●
Propor um projeto arquitetônico que se adeque às necessidades da região e de sua população;
●
Projetar um edifício com escala adequada à função proposta, atendendo a princípios de conforto ambiental e sendo esteticamente agradável;
●
Criar áreas verdes e sombreadas em seu entorno para que melhorem o microclima e a ambiência do local.
Hortomercado Municipal de Itaipava com o intuito de melhorar a infraestrutura do local, possibilitando melhores condições de uso para os visitantes, clientes e comerciantes. Além disso, pretende-se incentivar o turismo, a cultura e a produção agrícola da região, fazendo com que a arquitetura se harmonize com a história e tradição do mercado.
Figura 04 - Objetivos da Requalificação Fonte: elaborado pela autora, 2019
1.5 METODOLOGIA A metodologia deste trabalho se divide em três partes: A primeira etapa é o Referencial Teórico, que consiste na revisão bibliográfica e coleta de dados sobre Mercados Públicos, sua origem, evolução, práticas comerciais e a sua ligação com a sociabilidade urbana. Além disso, são apresentadas análises sobre a cidade de Petrópolis, o distrito de Itaipava e o Hortomercado Municipal, além de estudos de caso de mercados públicos nacionais e internacionais. A segunda etapa é o Diagnóstico, que consiste na coleta de informações sobre o local de estudo e avaliação do seu estado atual. Busca-se ter uma base consistente dos problemas, potencialidades e características do local, que possa auxiliar na elaboração do projeto. Por fim, será apresentada a Proposta de requalificação do Hortomercado, que utiliza como base as análises realizadas nas etapas anteriores.
Figura 05 - Diagrama de Metodologia Fonte: elaborado pela autora, 2019
REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 HISTÓRIA DOS MERCADOS Durante milhares de anos, as sociedades humanas eram formadas por caçadores e coletores que viviam de forma nômade e sobreviviam do que a natureza provia. Segundo Oliveira Junior (2006), o surgimento da agricultura, há 10 mil anos, marca a transição para um modelo de vida sedentário, desencadeando a formação das primeiras aldeias e de uma nova estrutura social. A partir do aperfeiçoamento das técnicas de cultivo e pecuária, observou-se um crescimento exponencial da produtividade. O homem passou a produzir alimentos em quantidades suficientes não só para o consumo próprio, mas também excedentes que poderiam ser comercializados.. Em séculos posteriores, com o crescimento das comunidades, o comércio aumentou de importância e foi formalizado em locais específicos., os mercados. A palavra “mercado” vem do latim mercatus, que significa a atividade de negociar, vender e comprar, assim como o local onde essas atividades ocorrem. Com a expansão das cidades, os governos perceberam a valiosa fonte de impostos existente nos mercados. Dessa forma, as barracas improvisadas foram substituídas por estruturas formalizadas e cobertas. Seus arquitetos tinham o objetivo de criar prédios seguros, higiénicos e atrativos para as mais variadas classes sociais.
Figura 06 - Horta Fonte: https://unsplash.com/photos/sFydXGrt5OA
O desenvolvimento dos mercados ocorreu de formas variadas ao redor do mundo. A seguir, serão explorados alguns dos mercados que tiveram grande importância histórica.
“Comer é um ato agrícola.” RINO SCARCELLI
No Oriente Médio, um expoente do comércio na antiguidade, os mercados cobertos (ou bazaar, em árabe) possuem enorme importância para os habitantes e são tidos como monumento público.. De acordo com Renoy (1986) a palavra bazaar significa mercadoria e por extensão passou a denominar o local onde as mercadorias eram expostas para a venda.. Os bazares, de forma geral, caracterizam-se pela forte relação entre moralidade e os negócios, já que estão situados em uma região islâmica, onde comércio e religião estão quase intrinsecamente ligados. É um espaço público por excelência, em que as diferenças sociais convivem harmonicamente. Outra particularidade são as recorrentes negociações de preço, que terminam somente quando comprador e vendedor estão satisfeitos (VARGAS, 2001, p. 107). O Grand Bazaar (Figura 07), mercado estabelecido em Istambul, Turquia, é um dos maiores e mais antigos mercados cobertos do mundo. Aberto em 1461, é muito conhecido principalmente pelo comércio de joalharia, cerâmica, especiarias e tapetes. Especula-se a existência de mais de 4000 lojas no seu interior.
Figura 07 - Grand Bazaar, Turquia Fonte: https://i.pinimg.com/originals/11/cd/e6/11cde6f5e7f82a15e121666d8392e6c8.jpg
Na Grécia, por conta da sua posição geográfica privilegiada, desenvolveu-se
uma
grande
vocação
para
os
negócios,
transformando-a na maior potência comercial do mundo antigo. As atividades comerciais gregas aconteciam na Ágora (Figura 08), local destinado ao discurso e a troca de ideias, que assumiam o mesmo grau de importância da comercialização de bens. Em evolução à forma retangular, os arquitetos gregos projetam a Ágora em forma de “U”, ou seja, circundada por colunatas em três de seus lados, e não totalmente fechada como era antes. Esta nova forma proporcionou uma maior permeabilidade ao seu centro, facilitando o acesso por meio de escadas e a visibilidade de seu interior (VARGAS, 2001 p.117).
Figura 08 - Planta da Ágora de Priene Legenda: 1 Stoa Sagrada; 2 Templo de Asclépio; 3 Ecclesiaterion; 4 Prytaneion; 5 Templo de Athena; 6 Ágora Fonte: Vargas (2001, p. 119)
No Império Romano, diferentemente da Grécia, o desenvolvimento do comércio se deu não por conta de sua posição geográfica, mas sim pelo seu poder militar. Ao construir novas cidades nos territórios ocupados, o Império Romano garantia a função comercial da área. Seus mercados públicos herdaram da cultura helenística a noção de espaço com usos combinados, surgindo assim os fóruns. O Fórum Romano era um espaço aberto monumental que combinava atividades comerciais, religiosas e políticas. Nos mercados romanos (Figura 09), que eram envoltos por grandes colunatas, as barracas dos pequenos comerciantes ficaram no andar térreo, enquanto no superior ficavam as sobrelojas.
Figura 09 - Mercado Público no Império Romano Fonte: Vargas (2001, p. 129)
2.2 MERCADOS PÚBLICOS NO BRASIL Os primeiros mercados e feiras livres surgiram seguindo o padrão europeu, sendo a cidade do Rio de Janeiro a primeira a receber um Mercado Público como espaço edificado no Brasil. O Mercado da Candelária (Figura 10) foi inaugurado em 1841 após uma série de ações que remodelaram a cidade, procurando substituir o comércio informal das bancas e barracas construídas em madeira. O mercado subdividia-se em três partes de acordo com o tipo produto vendido. Seu centro era destinado para a venda de verduras, aves e outros alimentos. A parte que ficava frente ao mar tinha como função a venda dos peixes frescos. Por último, a terceira parte era destinada a venda de cereais, legumes e outros produtos (MURILHA, 2011). Após a construção referida, outros três Mercados foram entregues à população carioca: o Mercado da Praça da Harmonia (1856), o Mercado da Glória (1858) e o Mercado Municipal (1907). O último, o maior da categoria, possuía área de 22.500m² e foi totalmente executado em ferro (ROMANO, 2004).
Figura 10 - Mercado Público da Candelária Fonte: https://www.flickr.com/photos/andre_so_rio/289443449
Além dos mercados citados anteriormente, outros começaram a serem construídos em diversas cidades brasileiras, tais como: o Mercado Modelo em Salvador (1836), o Mercado Público de Porto Alegre (1869) e o Mercado Municipal de São Paulo (1933) (Figura 11). Dessa forma, os séculos XIX e XX representaram o apogeu dos Mercados Públicos no Brasil. Entretanto, com o surgimento dos novos sistemas de varejo, na primeira metade do século passado, e a consolidação do mesmo, os supermercados destacaram-se frente aos mercados públicos em relação
à
distribuição
de
alimentos
e
o
abastecimento urbano. Os mercados brasileiros, assim como os Europeus, assumiram grande importância na dinâmica social das cidades, pois geraram espaços em que o comércio e o convívio social andavam juntos.
Figura 11 - Mercado Público de São Paulo Fonte: http://cidadedesaopaulo.com/v2/wp-content/uploads/2016/10/mercado-municipal.jpg
2.3 PETRÓPOLIS A fundação da cidade de Petrópolis está intimamente ligada ao Imperador D. Pedro I e ao Pe. Correia. O Imperador, de passagem pelo Caminho do Ouro que o levaria às Minas Gerais, ficou encantado com a exuberância da sua natureza e amenidade do clima da região. Foi seu desejo, então, adquirir a propriedade para seu uso pessoal. Em 1831, com a abdicação de D. Pedro I, que retorna à Portugal, seu filho, D. Pedro II, herda as terras. Em 1843, o Imperador assina um decreto e arrenda a fazenda ao Major Julio Frederico Koeler, para realizar o sonho de estabelecer uma povoação e construir o Palácio de Verão, hoje Museu Imperial (Figura 12). Koeler elabora um plano urbanístico, o Plano Koeler (Figura 13) com visão arrojada e ecológica, prevendo a construção das casas de frente para os rios
Figura 12 - Museu Imperial Fonte: http://www.aconteceempetropolis.com.br/2018/05/10/museu-imperial-com-vi sitacao-gratuita-no-domingo-em-homenagem-aos-130-anos-da-assinaturada-lei-aurea/
e com afastamento adequado, buscando preservar a natureza. Durante a longa temporada de verão, que durava cerca de seis meses, D. Pedro II transferiu para Petrópolis a sede de seu governo, o que atraiu nobres, diplomatas, intelectuais e empresários, que também construíram seus palacetes na cidade. Ao longo dos anos, o hábito de frequentar a região nas férias e em períodos de lazer transformou Petrópolis em uma das principais cidades turísticas do país, o que levou o Ministério do Turismo a credenciá-la como um dos 65 Destinos Indutores do Desenvolvimento Turístico Regional do país.
Figura 13 - Plano Koeler Fonte: http://realitas.joaosecocarmona.com/2015/07/planta-da-vila-imperial-de-petropolis.html
2.4 ITAIPAVA Conhecida como refúgio de inverno, Itaipava é distrito e um bairro de Petrópolis. Localizado na região Serrana, fica aproximadamente a 68 km do Rio de Janeiro. O desenvolvimento de Itaipava teve grande participação de imigrantes japoneses e portugueses, que dedicaram-se sobretudo à agricultura. Esse lavradores eram pequenos proprietários, e com a exceção de um pequeno grupo de japoneses, eram descendentes dos primeiros colonos ou de imigrantes vindos de Portugal e das Ilhas da Madeira e dos Açores. Os imigrantes portugueses radicaram-se por todo o Vale do Piabanha, como foreiros e arrendatários, dedicando-se à lavoura, à criação de gado bovino
Figura 14 - Construção da Estrada União e Indústria Fonte: KLUMB (1861)
e suíno e também ao comércio, deixando marcas de sua cultura, sobretudo no Vale do Cuiabá. (ARBOS, 2008 p. 202) O crescimento de Itaipava se deu, principalmente, pela construção da Estrada União e Indústria (Figura 14) em 1858 e, por isso, a região foi se desenvolvendo ao longo da via. Não há como negar que a construção desta estrada, aliada ao clima agradável e à criação da Estação Ferroviária, contribuiu para transformar um vilarejo pobre, que vivia da agricultura e da indústria de tijolos, num pólo de atração de veranistas, inclusive de grandes personalidades da vida política, econômica e social brasileira.
“A primeira família japonesa a residir em Itaipava foi a família Fukuda, cujo chefe, Kazuto Fukuda desembarcou em Santos, em outubro de 1913, e foi contratado como motorista pelo barão Schmidt Vasconcellos. Mais tarde adquiriu um terreno, tornando-se agricultor e convidou outras famílias a se estabelecerem na região, as quais se dedicaram ao cultivo de hortaliças”. NETTO (2010)
2.5 O HORTOMERCADO O Hortomercado Municipal de Itaipava (Hortomercado Municipal José Carneiro Dias) (Figura 15) foi inaugurado em 1989, durante a gestão do prefeito Paulo Gratacós, que também era arquiteto., com o intuito de intermediar os produtos hortifrutigranjeiros direto do produtor rural ao consumidor. O mercado funciona apenas de sexta-feira, sábado e domingo, podendo abrir também em datas especiais como Natal e Ano Novo, devido à demanda de compras nessa época do ano., e tem sua maior movimentação durante o final de semana, principalmente aos sábados.
“Trabalho com orgânicos e há doze anos estou no horto. Vendo o que meus filhos me ajudam a produzir, no Brejal. Brócolis, couve-flor, cenoura, couve e ovos caipiras são os preferidos dos clientes. Sou muito feliz por poder trabalhar no horto.” destaca Sandra Regina da Ponte, produtora rural da região. “O Horto é um ponto de visitação muito importante para a nossa cidade. Além da movimentação financeira, no local os produtores da agricultura familiar da cidade usufruem da venda direta com os consumidores. É muito importante que essa tradição tenha continuidade na cidade. Parabéns aos agricultores, responsáveis pela qualidade dos produtos que são vendidos no Hortomercado Municipal”, disse o secretário de Desenvolvimento Econômico, Marcelo Fiorini.
Figura 15 - Entrada do Hortomercado Fonte: acervo da autora, 2019
Figura 16 - Vista Frontal do Hortomercado Fonte: acervo da autora, 2019
Figura 17 - Box de Verduras Fonte: acervo da autora, 2019
Figura 18 - Box de Verduras Fonte: acervo da autora, 2019
Figura 20 - Varanda do Bar do Horto Fonte: acervo da autora, 2019
Figura 19 - Bar do Horto Fonte: acervo da autora, 2019
Figura 21 - Acesso banheiro Fonte: acervo da autora, 2019
Figura 22 - Banheiro feminino Fonte: acervo da autora, 2019
Atualmente, a estrutura do Hortomercado é composta por 38 boxes de vendas e outros 15 estandes estabelecidos nos corredores. Os boxes possuem 7,5m² cada, e 34 deles encontram-se funcionando. Os estandes nos corredores possuem 2,8m de largura, e 5 deles não estão sendo utilizados atualmente. Neles são vendidos produtos como verduras, frutas, legumes, laticínios, flores, entre outros. Dentro do mercado, existe apenas um estabelecimento de refeições, o Bar do Horto, bastante movimentado durante o dia. Além disso, existe a FEIRART, feira de decoração e artesanato, que acontece na área de estacionamento do mercado. A fim de entender melhor as necessidades e o funcionamento do mercado, foi realizada uma pesquisa com os vendedores e clientes do Hortomercado. Nela foram entrevistadas 30 pessoas no total, sendo 10 vendedores e 20 clientes. O questionário feito para os clientes continha um total de 4 questões, envolvendo perguntas que abordavam os motivos que os levavam a fazer compras ali, além de perguntas sobre a estrutura e conforto do mercado e com que frequência compravam no local. A seguir, são apresentados os dados obtidos na pesquisa. Em seguida, será realizada uma análise sobre a pesquisa realizada.
Figura 23 - Corredor Principal Fonte: acervo da autora, 2019
2.5.1 PESQUISA COM CLIENTES - RESULTADOS LIMPEZA
QUAL A SUA IDADE?
30% DOS ENTREVISTADOS CONSIDERAM COMO BOA
ODORES 35% DOS ENTREVISTADOS CONSIDERAM COMO BOM
ACESSIBILIDADE 40% DOS ENTREVISTADOS CONSIDERAM COMO BOA
BARULHO 60% DOS ENTREVISTADOS CONSIDERAM COMO BOM
VENTILAÇÃO 70% DOS ENTREVISTADOS CONSIDERAM COMO BOM
Gráfico 01 - Idade dos clientes Fonte: elaborado pela autora, 2019
COM QUE FREQUÊNCIA VOCÊ VEM AO HORTO?
POR QUAIS MOTIVOS VOCÊ FAZ COMPRAS AQUI?
Gráfico 02 - Frequência com que vão ao Horto Fonte: elaborado pela autora, 2019
Gráfico 03 - Motivo das compras no Horto Fonte: elaborado pela autora, 2019
2.5.2 PESQUISA COM VENDEDORES - RESULTADOS LIMPEZA
QUAL A SUA IDADE?
40% DOS ENTREVISTADOS CONSIDERAM COMO BOA
ODORES 35% DOS ENTREVISTADOS CONSIDERAM COMO BOM
ACESSIBILIDADE 50% DOS ENTREVISTADOS CONSIDERAM COMO BOM
BARULHO 40% DOS ENTREVISTADOS CONSIDERAM COMO BOM
VENTILAÇÃO 50% DOS ENTREVISTADOS CONSIDERAM COMO RAZOÁVEL
Gráfico 04 - Idade dos vendedores Fonte: elaborado pela autora, 2019
QUAL O SEU RAMO DE VENDAS?
PRODUTOS ARTESANAIS 13.06%
O TAMANHO DO BOX É ADEQUADO PARA AS VENDAS?
FRUTAS E VERDURAS 50%
FRIOS 11.4%
FLORES E PLANTAS 22.7% Gráfico 05 - Ramo de Vendas Fonte: elaborado pela autora, 2019
Gráfico 06 - Adequação do tamanho dos boxes Fonte: elaborado pela autora, 2019
2.5. 3 ANÁLISE DA PESQUISA A pesquisa demonstra que tanto vendedores quanto visitantes não encontram-se satisfeitos com a estrutura atual do Hortomercado.. Em relação aos clientes, observa-se que seu principal motivo de visita é a variedade e qualidade dos produtos vendidos. Dessa forma, a estrutura física do hortomercado é colocada em segundo plano, o que limita a diversidade de possíveis usos do seu espaço como um instrumento de lazer. De acordo com eles, iluminação precária e a falta de mobiliário (como bancos e mesas) geram um ambiente não convidativo à permanência do visitante. Além disso, o prédio é visto como “antiquado”, não possuindo uma estética agradável nem manutenção adequada. Reclamou-se também da baixa conservação da estrutura e da falta de limpeza, o que geram odores indesejáveis. Um outro ponto destacado foi a precariedade das instalações, em especial sobre os banheiros serem inadequados e a falta de opções de restaurantes Em relação aos vendedores, observa-se uma grande insatisfação em relação ao tamanho dos boxes. De acordo com eles, estes são pequenos, dificultando a exposição e estoque dos produtos. Além disso,, houveram diversas reclamações sobre a administração do Hortomercado, responsável pela manutenção e limpeza das instalações. Os vendedores afirmam que o potencial do mercado é subutilizado, o que deve-se ao seu aspecto estético e funcional pouco atraente.
ESTUDOS DE CASO
3. ESTUDOS DE CASO Neste capítulo, serão analisados projetos referenciais fazendo uso de experiências pessoais, assim como levantamentos gráficos e de sites de internet para aqueles que não foram analisados in-loco. Sendo assim, a avaliação projetual consistiu na análise de desenhos técnicos apresentados e por meio de ferramentas de mapeamento de livre acesso. Além disso, no estudo que se refere ao Mercado de San Miguel, em Madri, e ao mercado Eataly, em São Paulo, inclui-se também o olhar da autora obtido através da experiência no local. Dessa forma, as análises propostas visam apresentar contribuições positivas para as definições projetuais do tema proposto no que diz respeito a questões funcionais e estéticas, como integração do edifício com a paisagem, e definições de acessos e fluxos internos.
3.1 MERCADO DE SAN MIGUEL O Mercado de San Miguel é um mercado privado localizado no Centro de Madri, Espanha. Situado na Praça de San Miguel, entre a Praça Mayor e a Rua Mayor (Figura 24), tanto o nome do mercado, quanto o da praça, se relacionam com uma antiga igreja dedicada à São Miguel, que foi derrubada no começo do século XIX para a abertura de novos espaços urbanos. O Mercado de San Miguel foi construído entre 1913 e 1916 pelo arquiteto Alfonso Dubé y Diez. Com o tempo, a concorrência com as grandes redes de supermercado fez com que o mercado entrasse num período de decadência. Sendo assim, uma entidade chamada El gastrónomo de San Miguel adquiriu o local e se encarregou de recuperá-lo. Para tanto, foi criado um empório gastronômico, e o mercado foi novamente reabilitado, mas respeitando sua arquitetura original. O ferro forjado do teto e de sua estrutura exterior foram mantidos, colocando-se enormes vidros protetores.
Figura 24 - Localização do Mercado de San Miguel Fonte: JUAN (2015, p. 4) adaptado pela autora
LOCAL: MADRI, ESPANHÃ ARQUITETO: ALFONSO DUBÉ Y DIEZ ANO DO PROJETO: 2010 ÁREA: 1.200 m²
Figura 25 - Mercado de San Miguel Fonte: http://mercadodesanmiguel.es/
Figura 26 - Mercado de San Miguel Fonte: http://mercadodesanmiguel.es/
Figura 27 - Mercado de San Miguel Fonte: acervo da autora, 2018
O Mercado de San Miguel possui cerca de 1200m² com vinte e oito lojas que oferecem uma variedade enorme de produtos como as típicas tapas e produtos da gastronomia espanhola e internacional. A planta do edifício tem formato trapezoidal, quase retangular, com espaço interno organizado em oito ruas (Figura 13) que delimitam os espaços destinados à venda dos produtos. O acesso ao edifício se dá por sete entradas distintas (Figura 14), havendo originalmente uma oitava, que atualmente é utilizada como carga e descarga de mercadorias. Figura 29 - Planta de acessos Fonte: JUAN (2015, p. 4)
Figura 28 - Mercado de San Miguel Fonte: http://mercadodesanmiguel.es/
Figura 30 - Configuração interna Fonte: JUAN (2015, p. 4)
3.2 MERCADO DA RIBEIRA O Mercado da Ribeira, localizado no Cais do Sodré, Lisboa, é um mercado particular que foi revitalizado pela rede de mercados Time Out. O mercado foi inaugurado em 1 de Janeiro de 1882, e passou por sucessivas remodelações e ampliações. Em 7 de Junho de 1893 um incêndio destruiu parte do mercado, o que culminou na sua lenta decadência. Em 2010, o grupo Time Out ganha a concessão do mercado e renova o piso térreo e primeiro andar do mercado.. Hoje, totalmente revitalizado, o Mercado da Ribeira possui cerca de 40 espaços dentro de seus 10 mil metros quadrados de área coberta. Entre eles estão restaurantes, bares, pastelarias, entre outros. Além de uma sala de espetáculos, espaço para aulas e workshops de gastronomia, postos de flores e souvenirs. O Salão tem capacidade para mais de 750 pessoas. O interior do mercado é equipado com grandes mesas de madeira comunitárias, em que o visitante pode saborear sua comida e compartilhar momentos com outras pessoas, o que enriquece sua experiência. O foco do mercado é valorizar a comida típica de Portugal, embora também haja espaços em que se combinam pratos da cozinha portuguesa com a culinária de outros países.
Figura 31 - Mercado da Ribeira Fonte: https://www.viajoteca.com/mercado-da-ribeira-em-lisboa/
LOCAL: LISBOA, PORTUGAL ARQUITETOS: AIRES MATEUS ARQUITETURA ANO DO PROJETO: 2010 ÁREA: 10.000 m²
Figura 32 - Mercado da Ribeira Fonte: https://www.viajoteca.com/mercado-da-ribeira-em-lisboa/
A Manteigaria é uma fábrica de pastéis de nata situada no Mercado da Ribeira. O espaço, que ocupa uma área de 70m², segue o planejamento definido pelo arquiteto Francisco Aires Mateus. A lógica de continuidade estabelecida por ele prevê a utilização de materiais de revestimento pré-definidos, sendo obrigatória a utilização de azulejos de cor preta no revestimento de paredes e de pedra lioz no revestimento de tampos e balcões de trabalho.
Figura 33 - Vista Manteigaria pelo Mercado Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/883164/manteigaria-dd
Figura 34 - Vista Interna da Manteigaria Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/883164/manteigaria-dd
O conceito estabelecido para a Manteigaria gira em torno da concepção de um espaço que é composto por duas lojas
existentes
no
Mercado,
que
não
tinham
comunicação entre si. Partindo dessa premissa criou-se um espaço único com duas frentes de loja - uma virada para o interior do mercado e outra para a Av. 24 de Julho, existindo entre elas um espaço comum onde se faz a produção dos pastéis de nata. Este espaço central é separado dos dois pontos de venda por superfícies envidraçadas para que os clientes possam observar a fabricação dos pastéis. As divisórias de vidro permitem também que exista uma relação franca de transparência entre o interior e o exterior do mercado e se consiga percepcionar o espaço como um só. Figura 35 - Planta Baixa da Manteigaria Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/883164/manteigaria-dd
3.3 EATALY O Eataly é um complexo gastronômico de origem italiana, que concentra, em um só lugar, diversos tipos de ambientes, pontos de alimentação e mercado de produtos. Fundado e idealizado pelo empresário Oscar Farinetti, a marca possui 29 lojas pelo mundo. No Brasil existe uma localizada na cidade de São Paulo. O projeto é uma parceria de arquitetos que brasileiros e italianos. O edifício que abriga o empreendimento foi concebido pela equipe da Espaçonovo projetos de arquitetura, comandada pela arquiteta Jovita Torrano, diretora e sócia fundadora do escritório. O conceito padrão aplicado em todas as lojas foi projetado pela equipe interna de arquitetos do Eataly, liderada pelo arquiteto Carlos Piglione. Localizada no bairro da Vila Nova Conceição, o projeto está instalado em um edifício de 9.300 m² que se organiza em torno de um grande vazio central, com três andares e dois subsolos de estacionamento.
Figura 36 - Eataly Fonte: https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/espaconovo-arquitetura_/eatal y-sao-paulo/2933
LOCAL: SÃO PAULO, SP ARQUITETOS: ESPAÇO NOVO ARQUITETURA ANO DO PROJETO: 2014 ÁREA: 9.300 m²
Figura 37- Eataly Fonte: https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/espaconovo-arquitetura_/eataly-sao-paulo/2933
O espaço tem capacidade para até 768 pessoas, em que existem oito restaurantes, além departamentos de mercado, uma feira de alimentos e uma escola de gastronomia. Dessa forma, o mercado proporciona um experiência completa para os visitantes. Cada restaurante tem um design próprio, que dialoga com sua especialidade – peixe, pizza, carne ou massa. O último andar tem uma cobertura de vidro retrátil que possibilita mesas a céu aberto no principal bar e restaurante. O grande vazio central do edifício integra os três pavimentos, possibilitando a visualização dos diversos restaurantes, convidando ao passeio e promovendo o encontro. O acesso entre eles é feito pelas escadas rolantes e por dois elevadores panorâmicos.
Figura 38 - Planta Setorizada Fonte: https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/espaconovo-arquit etura_/eataly-sao-paulo/2933
3.4 MERCADO DA BOCA O Mercado da Boca trouxe um novo destino para os apaixonados pela gastronomia. O espaço de 4.000 m², projetado pelo escritório Gustavo Penna em parceria com a AR.Lo e a Bloc, traz um ar de quermesse ao seu interior. Foi no jeito mineiro de conviver e de comer que os arquitetos buscaram inspiração para os detalhes. No salão existem torres de panelas, estandes com chaminés, luzinhas de interior e arquibancada de horta, elementos que nascem como uma brincadeira e representam a dimensão lúdica da arquitetura. Batizado pelo próprio Gustavo Penna, o nome Mercado da Boca é simples, direto e potente e traz a palavra que resume tudo: a boca. É nela onde entra a comida e sai a conversa. Um nome que está na gastronomia de uma forma muito natural.. O prédio, já existente, abrigava o Jardim Casa Mall, idealizado pela BLOC Arquitetura e pela AR.Lo Arquitetos. A proposta é oferecer uma experiência única, democrática, com várias opções de comida, bebida e produtos em um ambiente confortável e descomplicado.
Figura 39 - Mercado da Boca Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/914895/mercado-da-boca-gustavo-penna
LOCAL: NOVA LIMA, MINAS GERAIS ARQUITETOS: GUSTAVO PENNA ARQUITETOS ANO DO PROJETO: 2018 ÁREA: 4.000 m²
Figura 40 - Mercado da Boca Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/914895/mercado-da-boca-gustavo-penna
Figura 41 - Ă rea interna do Mercado da Boca Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/914895/mercado-da-boca-gustavo-penna
Figura 42 - Ă rea interna do Mercado da Boca Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/914895/mercado-da-boca-gustavo-penna
Figura 43 - Planta Baixa Mercado da Boca Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/914895/mercado-da-boca-gustavo-penna
3.5 MERCADO ROMA Concebido como um espaço para abrigar expressões da rica cultura gastronômica mexicana contemporânea, o Mercado Roma possui ênfase especial no sentido de comunidade e colaboração. Projetado por Rojkind Arquitectos e conceitualizado por Cadena + Asoc. Concept design, o espaço foi criado para reunir seletos parceiros e vendedores para que eles possam oferecer os seus melhores produtos. O espaço também é projetado para favorecer encontros, intercâmbios, interações, relações, tornando a experiência mais significativa. O projeto é o resultado de um forte processo colaborativo que mescla vários campos de projetos: arquitetura, engenharia, design industrial e design gráfico, ilustradores, entre outros. Um espaço com estilo industrial, anteriormente ocupado pelo famoso León Bar e localizado na parte norte do bairro Roma, foi readaptado para este projeto. O nível da rua abriga cinquenta e três tendas de venda configuradas em caminhos orgânicos e fluidos, que reinterpretam a grade do mercado tradicional. Os dois níveis superiores abrigam dois restaurantes, um bar e um terraço. O projeto também inclui um espaço ao ar livre cercado por uma horta vertical totalmente funcional, a partir da qual os produtos frescos serão colhidos para serem vendidos no mercado, completando assim o ciclo de produção-distribuição-varejo.
Figura 44 - Mercado Roma Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/764382/mercado-roma-rojkind-arquitecto s-plus-cadena-y-asociados
LOCAL: CIDADE DO MÉXICO, MÉXICO ARQUITETOS: ROJKIND ARQUITECTOS ANO DO PROJETO: 2013 ÁREA: 1.750 m²
Figura 45 - Mercado Roma Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/764382/mercado-roma-rojkind-arquitectos-plus-cadena-y-asociados
Figura 46 - Mercado Roma Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/764382/mercado-roma-rojkind-a rquitectos-plus-cadena-y-asociados
Figura 47 - Mercado Roma Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/764382/mercado-roma-r ojkind-arquitectos-plus-cadena-y-asociados)
Figura 48 - Planta Baixa Mercado Roma Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/764382/mercado-roma-rojkind-arquitectos-plus-cadena-y-asociados
3.7 CONCLUSÃO DAS ANÁLISES Diante das análises apresentadas, nota-se a importância do Mercado Público estar inserido em meio a uma área central, que possua acessos bem definidos à partir da malha viária, priorizando sempre o pedestre, mas que também faça uso de espaços destinados à veículos. Sua relação com o entorno deve-se dar de forma harmônica e funcional, proporcionando uma estética que atraia a população. Nota-se também a relação dos acessos ao interior do edifício com seus fluxos internos e acessos bem definidos. A organização do espaço interno também é fundamental para a definição desses fluxos, o que pretende-se utilizar no projeto. Além disso, a materialidade presente nos mercados analisados, como o vidro e estruturas metálicas, também será incorporada no projeto do Hortomercado. O elemento vazado utilizado no Mercado Roma servirá de inspiração para uma releitura dos cobogós de tijolo presentes no Hortomercado atualmente. Por fim, as análises apresentadas servirão de apoio tanto no aspecto organizacional quanto estético para o projeto do Hortomercado Municipal de Itaipava.
DIAGNÓSTICO DA ÁREA
4.1 LOCALIZAÇÃO
Figura 49 - Mapa esquemático de localização Fonte: elaborado pela autora
O terreno escolhido está localizado na Estrada União e Indústria, em Itaipava, terceiro distrito da cidade de Petrópolis. Pertencente à Prefeitura de Petrópolis, hoje é ocupado pelo Hortomercado Municipal de Itaipava (Figura 50). O motivo pelo qual se deu a escolha desse terreno é a necessidade de se revitalizar o Hortomercado Municipal de Itaipava. O terreno possui formato trapezoidal e possui uma área total de, aproximadamente, 8.454m². Nele existe a construção principal do Hortomercado com aproximadamente, 1..000m², um Armazém do Produtor Rural de 170m² e um outro armazém de 200m², além de uma área livre para estacionamento de, aproximadamente, 4.000m² e área de carga e descarga de 1340m².. Juntos totalizam 1370m² de área edificada no terreno e 5.530m² de área livre..
Figura 50 - Localização do Hortomercado Municipal Fonte: Google Earth adaptado pela autora
As visadas identificadas (Figura 51) estão representadas nas imagens seguintes e mostram como os visitantes, pedestres e motoristas visualizam o terreno com o edifício. A imagem 01 mostra a visão dos pedestres e motorista que passam em frente ao Hortomercado. As imagens 02, 03 e 04 mostram os espaços pertencentes ao Hortomercado e as imagens 05 e 05 mostram o entorno do local. Faz-se necessário compreender essas imagens como importante peças para o desenvolvimento do projeto e dessa forma tirar partido dessas vistas na concepção do mesmo. Pode-se perceber com elas que o terreno possui um impacto visual marcante para aqueles que transitam em seu entorno, levando em consideração que a Estrada União e Indústria é a principal via de Itaipava e passagem para quem está chegando e saindo da região. Desta forma, a partir desta análise, fica clara a intenção de tirar partido da edificação existente no terreno para a criação de uma edificação mais atrativa tanto para o pedestre quanto para quem trafega em automóveis..
Figura 51 - Mapa de visadas Fonte: elaborado pela autora
1
2
3
4
Figura 52 - Perspectivas do terreno Fonte: acervo da autora
5 Figura 53 - Perspectivas do entorno Fonte: Google Earth
6
4.2 CONDICIONANTES URBANÍSTICAS Para compreender melhor a dinâmica da região em que se encontra o Hortomercado Municipal de Itaipava, foram elaborados uma série de mapas a fim de analisar questões como equipamentos urbanos, aspectos naturais do entorno, como vegetação, ventos e insolação, hierarquia viária, gabaritos das edificações, uso do solo, entre outros. O mapa a seguir (Figura 54) compreende a síntese de diversas informações necessárias para um entendimento inicial, Através dele, podemos identificar importantes aspectos naturais a respeito da área em que o Hortomercado encontra-se. A presença de vegetação em seu entorno é bastante evidente, assim como a proximidade ao Rio Piabanha. O mapa em seguida (Figura 55), compreende a classificação viária do entorno do terreno e possibilita compreender as suas relações de fluxo. O sistema viário presente no entorno do terreno é composto por vias classificadas em Rodovia e via Arterial, compreendidas no mapa pelas vias BR-040 e Estrada União e Indústria, respectivamente.. As demais vias classificam-se como vias locais.
Figura 54 - Mapa SĂntese Fonte: elaborado pela autora, 2019
Figura 55 - Hierarquia Viรกria Fonte: elaborado pela autora, 2019
Para garantir uma melhor compreensão em relação ao turismo em Itaipava, foi elaborado um mapa do trajeto (Figura 56.) feito desde à entrada da cidade de Petrópolis, no bairro Quitandinha, pela rodovia BR-040, até o Hortomercado. Através do mapa, pode-se considerar que o trajeto feito pelos turistas é relativamente curto., dado que é um percurso de, aproximadamente, 21km. Sendo assim, o Hortomercado pode ser facilmente acessado pelos turistas que chegam à cidade de Petrópolis.
Figura 56 - Trajeto Br-040 x Quitandinha Fonte: elaborado pela autora, 2019
Para garantir uma melhor compreensão em relação ao turismo em Itaipava, foi elaborado um mapa do trajeto (Figura 57.) feito desde à entrada da cidade de Petrópolis, no bairro Quitandinha, pela rodovia BR-040, até o Hortomercado. Através do mapa, pode-se considerar que o trajeto feito pelos turistas é relativamente curto., dado que é um percurso de, aproximadamente, 21km. Sendo assim, o Hortomercado pode ser facilmente acessado pelos turistas que chegam à cidade de Petrópolis.
Figura 57 - Equipamentos Urbanos Fonte: elaborado pela autora, 2019
A partir do mapa de vazios urbanos (Figura 58) podemos analisar que o entorno do Hortomercado é uma região que se desenvolveu às margens da Estrada União e Indústria, possuindo um maior adensamento ao longo da via. Nas áreas de entorno, pode-se observar um significativo espaçamento entre as construções, o que caracteriza a predominância de áreas vazias na região.
Figura 58 - Vazios Urbanos Fonte: elaborado pela autora, 2019
A partir do mapa de uso do solo (Figura 59) pode-se entender do ponto de vista urbano o entorno do terreno escolhido. É possível perceber que a região é predominantemente comercial e residencial, com alguns pontos institucionais, como o Fórum de Itaipava e posto de bombeiros, e área de lazer, como o Parque Municipal de Itaipava. A existência do Parque Municipal, localizado na Estrada União e Indústria, proporciona uma maior atratividade de público para o Hortomercado. Além disso, a predominância do uso residêncial traz uma demanda de público para a utilização do novo mercado. Os comércios próximos ao terreno possuem um horário de funcionamento predominantemente diurno, o que acarreta numa falta de urbanidade para o local ao fim do dia, proporcionando medo e insegurança para os pedestres. Por isso, se faz necessário propor um uso noturno para o Hortomercado, a fim de abranger eventos culturais e gastronômicos e, assim, trazer pessoas e incentivar a vivacidade do ambiente tto dia dia quanto à noite.
Figura 59 - Uso do Solo Fonte: elaborado pela autora, 2019
À partir do mapa de gabarito das edificações do entorno (Figura 60), nota-se a predominância da horizontalidade, com edificações de 1 a 4 pavimentos. A escala horizontal se mantém predominante ao longo de toda a malha urbana, com presença de verticalidade de maneira pontual, em edifícios residenciais e institucionais, não afetando o terreno em questão.
Figura 60 - Gabarito das Edificações Fonte: elaborado pela autora, 2019
As informações a seguir tratam das condicionantes naturais da região em estudo, como ventos e insolação. À partir dos esquemas abaixo (Figura 61), podemos identificar a predominância dos ventos Sudoeste, com a velocidade dos ventos acontecendo de forma equilibrada. Em seguida, também podemos analisar a insolação à partir da Carta Solar (Figura 62).
Figura 61 - Velocidade e frequência dos ventos Fonte: acervo da autora, 2019
Figura 62 - Carta Solar Fonte: elaborado pela autora, 2019
4.3 LEGISLAÇÃO URBANA Visando obedecer às normas urbanísticas exigidas a nível municipal, foram consultados o Plano Diretor de Petrópolis, instituído pela Lei nº 6.321, e a Lei nº 5.393 que dispõe sobre o Uso, Parcelamento e Ocupação do Solo. De acordo com o Plano Diretor, o Hortomercado Municipal de Itaipava está inserido no Setor de Uso Diversificado 2 (SUD2), que permite a construção de comércio, indústria, hotéis, residência unifamiliar e multifamiliar, entre outros. São parâmetros do SUD2: I - Gabarito Máximo: 15,5m (quinze metros e cinquenta centímetros); || - Afastamento Frontal: 3,00 m (três metros), além da faixa de domínio de 15,00m; ||| - Índice de Aproveitamento (IA): 1,8 (um vírgula oito); IV - Taxa de Ocupação (TO): 70 % (setenta por cento); V - Taxa de Permeabilidade: 10 % (dez por cento); VI - Altura de Implantação Máxima: 10,00m (dez metros).
Art. 11. - Setor de Uso Diversificado (SUD) é aquele que se caracteriza pela localização de atividades predominantemente comerciais, de serviços e indústrias de até Classe D, compatíveis com o meio urbano, subdividindo-se em duas Classes SUD 1 e SUD 2 que obedecerão a parâmetros específicos constantes dos Quadros de Parâmetros de Ocupação, de Parcelamento e de Usos e Atividades em função das características locais.
4.4 RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL Com o intuito de promover uma nova linguagem arquitetônica para
Seguindo a classificação de resíduos da construção civil de
o mercado existente, haverá a presença de resíduos provenientes
acordo com a norma, foram encontrados os seguintes tipos
da demolição de dois armazéns que se encontram fora do
de resíduos:
afastamento permitido para o Rio Piabanha.
I - Classe A: são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis
Além disso, também será retirado a cobertura do Hortomercado, o
como agregados;
qual foi classificado como contendo amianto, assim como as
II - Classe B: são os resíduos recicláveis para outras
paredes internas dos boxes, os quais não atendem ao tamanho
destinações, tais como: metais, vidros, madeiras e outros;
necessário para vendas, segundo visto nas pesquisas.
III - Classe D: são resíduos perigosos oriundos do processo
Sendo assim, a nova proposta para o Hortomercado seguirá
de construção, tais como: telhas e demais objetos e
aproveitando apenas a estrutura externa existente.
materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde..
Considerando que os resíduos da construção civil representam um significativo percentual dos resíduos sólidos produzidos nas áreas urbanas dos municípios, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) através da Resolução Nº 307 de 05/07/02- DOU de 17/07/02, estabeleceu diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais, tendo para esse fim definido as especificações de resíduos da construção civil.
Art. 1 - Estabelecer diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais.
4.5 SÍNTESE DO DIAGNÓSTICO
Forças
Fraquezas
Infraestrutura Urbana; Presença de vegetação; Área comercial e residencial; Trajeto BR-040 x Horto.
Área externa mal aproveitada; Área deserta no período da noite; Congestionamento do trânsito.
Oportunidades
Ameaças
Potencial turístico; Aumento da diversidade de usos do equipamento; Melhoria na experiência do consumidor.
Competição com os supermercados; Degradação do entorno; Aumento do congestionamento do trânsito.
PROPOSTA
5.1 CONCEITO O conceito do projeto do Hortomercado Municipal de Itaipava baseia-se na intenção de transformá-lo em um equipamento público que atraia visitantes mais variados e em um maior número de ocasiões, assim utilizando todo o potencial que o estabelecimento tem. Para isso, pretende-se criar um ambiente convidativo e agradável que proporcione aos visitantes uma experiência única. Serão utilizados espaços amplos, confortáveis e integrados, dando a oportunidade do visitante ter contato com toda a edificação e seu entorno. Além disso, o cliente encontrará o alimento em suas mais diversas fases e terá a oportunidade de conhecer e aprender novos métodos de preparo à partir de palestras, oficinas e workshops relacionados à gastronomia e ao cultivo de hortas.
5.2 PARTIDO A intenção do projeto é aplicar uma nova linguagem arquitetônica em contraponto à existente hoje no Hortomercado Municipal de Itaipava. Desta forma, busca-se o funcionamento do Hortomercado como um instrumento de requalificação do equipamento público à partir de três principais premissas: a permeabilidade, a interação social e o incentivo à economia através do turismo e lazer. A permeabilidade permitirá novos fluxos para o local e proporcionará a abertura do hortomercado para o entorno, fazendo com que o espaço interno e externo possuam uma ligação. Já a interação social busca a aproximação entre as pessoas e o mercado, promovendo diversas atividades e garantindo conforto para os que ali se encontram. Por fim, busca-se garantir o crescimento econômico da região à partir do incentivo à produção rural e à gastronomia, atingindo não só a população petropolitana, mas promovendo o turismo na região.
Figura 63 - Premissas do projeto Fonte: elaborado pela autora, 2019
5.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES O programa de necessidades é dividido em 4 setores que irão compor a nova conformação do Hortomercado Municipal de Itaipava, São eles: O setor público, composto pela área de entorno do Hortomercado, com praça, estacionamento e bicicletário O setor administrativo, composto pelas áreas de organização para o bom funcionamento do mercado. O setor de infraestrutura, composto por banheiros, vestiários, depósitos de lixo e limpeza e área de carga e descarga. O setor de comércio, composto pelos boxes de vendas, restaurantes e espaço multiuso para realização workshops, cursos e eventos.
setor público
1750m² Figura 64 - Setores Fonte: elaborado pela autora, 2019
setor adm
75m²
setor de infraest.
1390m²
setor de comércio
790m²
Figura 65 - PrĂŠ-dimensionamento dos ambientes Fonte: elaborado pela autora, 2019
5.4 FLUXOGRAMA
Figura 66 - Fluxograma Fonte: elaborado pela autora, 2019
5.5 IMPLANTAÇÃO E PAISAGISMO Seguindo as referências (Figura 67), a implantação foi pensada para que houvesse um maior aproveitamento da área externa do Hortomercado, atualmente composta apenas pelo estacionamento.. Para isso, foi proposto a criação de uma praça com bicicletário, mobiliário, canteiros e arborização. Assim como a criação de um deck com mesas para ser utilizado pelos clientes do Hortomercado. Além disso, foi mantida a vegetação existente às margens do Rio Piabanha. O piso intertravado que faz parte de toda a pavimentação do terreno. também foi mantido na sua maior parte, sendo retirado pontualmente para dar lugar aos novos canteiros.
Figura 67 - Referências Paisagísticas Fonte: Archdaily, 2019
Figura 68 - Planta de Implantação Fonte: elaborado pela autora, 2019
Figura 69 - Lista de EspĂŠcies Fonte: elaborado pela autora, 2019
5.6 ESTUDO VOLUMÉTRICO A volumetria (Figura 71) foi pensada para que houvesse a diferenciação entre o volume posterior e frontal, trazendo uma leveza para a construção, assim como a presença de grande varanda na fachada lateral. A concepção da fachada frontal é composta por um elemento vazado (Figura 70) que foi criado à partir de uma releitura dos antigos cobogós de tijolo encontrados no atual Hortomercado.
Figura 70 - Esquema do painel vazado Fonte: acervo da autora, 2019
Figura 71 - Volumetria Fonte: acervo da autora, 2019
CONSIDERAÇÕES FINAIS
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Desde as primeiras civilizações, o mercado público representa um importante papel no cotidiano de diferentes sociedades. Suas atividades, sejam em praças ou em edifícios, colaboram para o desenvolvimento econômico, com trocas comerciais, intelectuais, culturais e sociais. O processo de industrialização e urbanização desordenada das cidades impactaram negativamente os espaços públicos. Devido à globalização e à popularização dos supermercados, os mercados públicos foram sendo gradativamente esquecidos. Em vista disso, a proposta de requalificação para o Hortomercado Municipal de Itaipava consiste na estratégia de incentivar a permanência dos mercados públicos tradicionais na nossa sociedade. Ao mesmo tempo, busca-se oferecer um espaço com melhor infraestrutura, trazendo incentivo à economia local, apropriação da identidade petropolitana e valorização da produção rural da região. Por fim, espera-se ter contribuído para a discussão sobre a importância dos mercados públicos como elemento requalificador do equipamento público e propor uma arquitetura que contribua positivamente para a cidade de Petrópolis e para o distrito de Itaipava.
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