Quadrante 1
LEITURA URBANA INTEGRADA DO BAIRRO SÃO JOSÉ
Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP Curso: Arquitetura e Urbanismo Disciplina: Urbanismo I Professora: Léa Cavalcanti e Vera Freire
Amanda Hazin
Alunas: Amanda Padilha Amanda Hazin de Souza Ana Clara Trindade Amanda Padilha de Araújo Maria Catarina Lins Ana Clara Figueiras da Trindade Maria Catarina Cavalcante Lins
Sumário INTRODUÇÃO 1. CONCEITUAÇÃO 1.1. CIDADE PARA PESSOAS 1.2. ESPAÇO URBANO CIDADÃO 1.3. RUA CIDADÃ 2. O BAIRRO DE SÃO JOSÉ 2.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL 2.2. LOCALIZAÇÃO 2.3. ASPECTOS HISTÓRICOS 2.4. MAPA FIGURA FUNDO (NOLI) 2.5. LEGISLAÇÃO 2.6. A ÁREA DE ESTUDO 2.7. ELEMENTOS DE DESTAQUE DA PAISAGEM DA ÁREA DE ESTUDO 3. LEITURA URBANA LOCAL 3.1. POR UMA CIDADE PRESERVADA E PRODUTIVA 3.1.1 IDENTIDADE 3.1.2 PROPORCIONALIDADE 3.1.3 DIVERSIDADE 3.1.4 DENSIDADE 3.2. POR UMA CIDADE INTEGRADA E INCLUSIVA 3.2.1. CONECTIVIDADE 3.2.2. MULTIMODALIDADE 3.2.3. ACESSIBILIDADE 3.2.4. COLABORAÇÃO 3.3. POR UMA CIDADE HUMANIZADA, SEGURA E CONFORTÁVEL 3.3.1. CAMINHABILIDADE 3.3.2. PERMEABILIDADE 3.3.3. ILUMINAÇÃO 3.3.4. VEGETALIZAÇÃO 3.4. LEITURA INTEGRADA
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4. LEITURA URBANA GERAL 4.1. MAPAS TEMÁTICOS 4.2. QUADRO DE DESAFIOS, POTENCIALIDADES E DIRETRIZES
e s
5. REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
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1. Conceituação Este trabalho tem como objeto de estudo o bairro de São José, na Zona Centro da cidade do Recife, e possui como fundamento o Plano Centro Cidadão e o livro "Cidade para Pessoas" de Jan Gehl. Nesse sentido, foram elaborados estudos e análises a partir de diretrizes, com o intuito de identificar e contemplar as adversidades e potencialidades que envolvem a região, a fim de propor uma busca pelo desenvolvimento urbano das capacidades do bairro, tanto para a comunidade quanto para a cidade.
1.1 Cidades para pessoas Uma das grandes referências da literatura contemporânea do urbanismo é o livro Cidades para Pessoas, escrito pelo arquiteto Jan Gehl. Nessa obra, são discutidas formas mais humanitárias de pensar as cidades, de maneira que atendam, em primeiro lugar, às necessidades dos indivíduos, os quais são os principais atores da dinâmica urbana. Dessa forma, a obra encoraja o leitor a olhar para a cidade de acordo com a escala humana, questionando a primazia do automóvel que vem sendo adotada em muitas cidades da atualidade ao redor do mundo (GEHL, 1936). Segundo Gehl (1936), há quatro eixos que compõe uma cidade saudável: vitalidade, segurança, sustentabilidade e saúde. O primeiro deles diz respeito a uma cidade viva, ativa e dinâmica, o que só pode ser concretizado quando a população passa a frequentar o espaço urbano de maneira enérgica, ocupando os locais públicos e se movimentando pelas ruas. Uma estratégia para impulsionar a vitalidade é a conexão entre a interface dos edifícios com a rua, através de fachadas interessantes, com o andar térreo ativado por estabelecimentos comerciais que dialoguem com quem passa na calçada. Dessa forma, a variedade de uso dos edifícios e sua abertura ao espaço público é extremamente atrativa para as pessoas (GEHL, 1936). O segundo eixo diz respeito à segurança, pois, para que as pessoas possam se movimentar pela cidade, é essencial que elas se sintam protegidas da criminalidade. Nesse sentido, percebe-se que cidades seguras estão ligadas
intrinsecamente à vitalidade, uma vez que, quanto mais sujeitos estão na rua, a vigilância mútua que eles exercem entre si pode desencorajar atos de criminalidade públicos. Quando as interfaces dos edifícios tornam-se permeáveis ao exterior, pode-se atestar um aumento da interação de olhares entre público e privado, favorecendo a segurança (GEHL, 1936). O terceiro eixo diz respeito à sustentabilidade, aspecto fundamental para garantir o equilíbrio entre o desenvolvimento das cidades e o bem-estar do meio ambiente. Nesse sentido, é essencial falar de mobilidade, uma vez que, atualmente, muitas das grandes cidades mundiais são dominadas pelo uso de carros, um dos meios de transporte mais poluentes. Para transformar esse cenário, é preciso incentivar alternativas melhores de locomoção, em específico a bicicleta ou até mesmo caminhada a pé, investindo em mais ciclovias, calçadas amplas aos pedestres, e até a limitação das vias que podem ser frequentadas por carros na cidade. Dessa forma, contribui-se também para uma mobilidade mais democrática àqueles que não possuem um automóvel particular (GEHL, 1936). Por fim, há o quarto eixo, o da saúde. Uma cidade saudável presume que seus habitantes estejam em bom estado físico e mental, o que tornou-se um desafio atualmente em vista do estilo de vida predominantemente sedentário de muitos habitantes do meio urbano, especialmente quando leva-se em conta o uso majoritário do carro como meio de transporte. Assim, a mesma estratégia para o pilar de sustentabilidade pode ser aplicada aqui. O estímulo a uma mobilidade ativa, seja caminhando ou pedalando, contribui para as pessoas incluírem atividades físicas entre suas atividades do dia a dia.
Figura 01 - Marco Zero, um ponto com grande vitalidade e movimento de pessoas no Recife
Fonte: desconhecida
Figura 02 - Ciclofaixa no Recife, estimulando uma locomoção saudável e sustentável
Fonte: Folha PE
1.2 Espaço Urbano Cidadão O Espaço Urbano Cidadão compreende dois importantes conceitos, o da "Rua Cidadã" e o da "Arquitetura Urbana". Através do planejamento dos espaços públicos é que devem ser desenvolvidas as relações com os ambientes privados, colocando o primeiro sempre como o ponto de partida para um espaço urbano seguro tanto para quem está na rua ou fora dela. Para melhor entender como deve funcionar o Espaço Urbano Cidadão, foram criados os quatro elementos do desenho urbano, sendo eles a mobilidade urbana, a vegetação e a natureza, o mobiliário arquitetônico e as interfaces arquitetônicas. Por meio desses elementos se faz possível uma melhor análise e planejamento do espaço. A Arquitetura Urbana está ligada ao planejamento do espaço urbano e das quadras, tendo como elementos norteadores a permeabilidade, a proximidade, a proporcionalidade, a variedade e a viabilidade. (Portzamparc., Christian. L’ilot ouvert 2010). Esses conceitos abrangem os aspectos tanto físicos como econômicos da área de estudo. A seguir, aprofundaremos o conceito de Rua Cidadã.
1.3 Rua Cidadã O conceito de Rua Cidadã aborda um conjunto de elementos urbanos que precisam coexistir em harmonia a fim de manter a rua um lugar acessível, seguro, confortável e conveniente para toda a população, independente de idade, habilidade ou renda. Esse conceito quebra com o paradigma tradicional de rua, o qual muitas vezes foca mais na conveniência dos carros do que na dos pedestres e ciclistas. Uma rua completa precisa permitir um acesso seguro e conveniente a todos os seus usuários, independe se o meio de transporte for carro, ônibus, bicicleta ou a pé.
Os elementos que compõem uma Rua Cidadã são: - Interface Arquitetônica: se refere as fachadas voltadas para o lado da rua e a delimitação entre o espaço privado do público (ver figura 04). - Mobilidade: aborda os espaços dedicados a mobilidade das pessoas, incluindo seus espaços de permanência (ver figura 05). - Vegetação: diz respeito aos elementos vegetais da rua (ver figura 06). - Mobiliário Urbano: são os equipamentos e utilitários da rua, que também incentivam a permanência das pessoas nos espaços públicos (ver figura 07).
Figura 03 - esquema Rua Cidadã
Fonte: Plano Centro Cidadão
Figura 04 - Esquema Interface Urbana
Fonte: elaborado pela autora
Figura 06 - Esquema Vegetação
Fonte: elaborado pela autora
Figura 05 - Esquema Mobilidade
Fonte: elaborado pela autora
Figura 06 - Esquema Mobiliário
Fonte: elaborado pela autora
BAIRRO DE SÃO JOSÉ
2
2.1 Caracterização Geral Com construções antigas e atuais, o bairro de São José é muito diverso e memorável. O bairro é uma parte importantíssima da identidade recifense pois, além de outros fatores, foi lá onde surgiu, por exemplo, o maior bloco carnavalesco do mundo: o Galo da Madrugada. Além disso, abriga importantes exemplares da arquitetura religiosa do Recife, como a Igreja de São Pedro dos Clérigos e a Igreja de São José do Ribamar. Nesse bairro, localizam-se vários pontos turísticos importantes e ricos do Recife, entre eles estão: - O Mercado de São José - O Cais José Estelita - O Forte das Cinco Pontas - A Basílica de Nossa Senhora da Penha Atualmente, muitos edifícios de São José estão em más condições de conservação, e a qualidade das ruas precisa de melhorias consideráveis para torná-las mais seguras aos pedestres. Dentre as vias mais relevates da região, pode-se citar Rua Imperial, a Av. Dantas Barreto, Av. Engenheiro José Estelita, e a Av. Sul. Figura 08 - Rua Imperial e a sede do Galo da Madrugada
Fonte: Google Maps, 2022
Figura 09 - Av. Dantas Barreto
Fonte: Google Maps, 2022
Figura 10 - Mercado de São José e Basílica da Penha no fundo
Fonte: Google Maps, 2022
2.2 Localização O bairro de São José se localiza no centro da cidade do Recife, no estado de Pernambuco e, junto com os bairros de Santo Antônio, Cabanga e Ilha Joana Bezerra, compõem a Ilha de Antônio Vaz.
Pernambuco
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Recife
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Área de Estudo
2.3 Aspectos Históricos Na análise histórica do bairro de São José, sabe-se que um dos primeiros momentos de desenvolvimento da área foi durante o domínio holandês, quando era conhecida com "Cidade Maurícia" juntamente com o atual bairro de Santo Antônio (ver mapa da Figura 12). Nessa época, foram feitas muitas das pontes que fazem conexão com outras áreas de entorno. (DANTAS, 2018) Figura 12 - Mapa da Cidade Maurícia em 1639
Fonte: https://www.labtopope.com.br/cartografia-historica/
Após a saída dos holandes e com o decorrer do tempo, uma característica que solidificou-se no bairro é a atividade comercial, presente até a atualidade. Pode-se citar como marcos desse aspecto o comércio na Ribeira de São José, em 1787, e a construção do Mercado de São José em 1875, visto na Figura 15. (DANTAS, 2018). Já a modernização do bairro veio com a implantação da Av. Dantas Barreto desde a década de 30, e a consequente demolição da Igreja dos Martírios. Com isso, muitos dos moradores da região acabaram mudando-se para outra áreas. (DANTAS, 2018)
Comparando os mapas do bairro de São José nas Figuras 13 e 14, percebe-se que, apesar das mudanças, a área tende a manter um contorno estável ao longo do tempo. Em relação a uma de suas principais vias, a Rua Imperial, pode-se ver sua evolução nas Figuras 16, 17 e 18, observando que a paisagem urbana mostra uma constância entre a década de 40 e a atualidade, o que justifica-se porque partes do bairro são regiões de patrimônio histórico. Figura 13 - Mapa do Bairro de São José em 1956
Fonte: https://www.labtopope.com.br/cartografia-historica/ Figura 14 - Mapa destacando o Bairro de São José hoje
Fonte: Esig, 2022
Figura 15 - Mercado de São José no passado
Fonte: https://revista.algomais.com/8-fotos-do-bairro-de-sao-jose-antigamente/ Figura 16 - Rua Imperial no passado
Fonte: https://revista.algomais.com/8-fotos-do-bairro-de-sao-jose-antigamente/ Figura 17 - Rua Imperial na década de 40
Fonte: Revista Nordeste
Figura 18 - Rua Imperial hoje
Fonte: Google Maps, 2022
2.4 Mapa Figura Fundo (NOLLI) O Mapa Nolli foi criado por em 1748, o agrimensor italiano Giambattista Nolli em 1748 e a abordagem conhecida como iconografia foi desenvolvida e adaptada pelos planejadores urbanos desde então. Esse mapa consiste na representação da área em duas cores, sendo o preto para indicar as partes construídas, e o branco para os espaços vazios. Assim, ele pode ser um bom indicativo da densidade construtiva da região, e se ainda há muitos lotes vazios sem uso. Através do Mapa Nolli a seguir, o qual representa o recorte da área de estudo do Bairro de São José, percebe-se uma predominâcia de partes vazias sobre as cheias, estando esta com 43% e aquela com 57%. Tal fato justifica-se porque, embora algumas partes sejam densamente ocupadas, há grandes espaços vazios entre os aglomerados de construção, caracterizando a porcentagem aferida. Embora seja relevante a existência de zonas sem construção para garantir a permeabilidade da malha urbana, é válido atentar para que essas áreas não se sobreponham em demasia às edificações, pois isso pode indicar um prejuízo no desenvolvimento da região, e até mesmo a sensação de esvaziamento e insegurança. Por outro lado, os vazios mostram também a potencalidade da área em abrigar novos empreendimentos.
2.4 Mapa Figura Fundo (NOLLI)
43%
57%
ÁREA NÃO CONSTRUÍDA (VAZIO) ÁREA CONSTRUÍDA (CHEIOS)
2.5 Legislação De acordo com o zoneamento do Plano Diretor de 2020, verifica-se que o bairro de São José, indicado na Figura 19, é composto por 6 zonas: ZC (Zona Centro) - É a região central do Recife, intensamente construída, com enorme presença de elementos do patrimônio cultural da cidade, incidência de usos institucionais, de comércio e serviços, baixa incidência de usos residenciais, grande diversidade morfotipológica, dotada de infraestrutura urbana disponível e com alta obsolescência edilícia. ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Social) - definem as áreas urbanas destinadas à habitação (existente ou nova) para comunidades de baixa renda com um regramento específico mais flexível. No bairro, verifica-se a presença da ZEIS Coque. ZEPH Rigorosa (SPR) - são zonas com monumentos de expressivo valor histórico ou cultural, sendo necessário atenção à sua manutenção e restauração, além de integração com o conjunto de sítios do entorno. No bairro, há a ZEPH Santo Antônio/Sao José-SPR-4 e a ZEPH Casa da Cultura/ Estação Central-SPR. ZEPH Ambiental (SPA) - são as zonas entre as SPR, e representam a transição entre as áreas de preservação rigorosas e as regiões vizinhas. Identifica-se na área a ZEPH Santo Antônio/São José-SPA -11 e a ZEPH Santo Antônio/São José-SPA-2. MANC (ZDS) - A Macrozona do Ambiente Natural e Cultural (MANC) é composta pela Zona de Ambiente Natural (ZAN) e Zona de Desenvolvimento Sustentável (ZDS). A ZDS objetiva garantir o equilíbrio urbanístico-ambiental e a preservação dos recursos naturais e do patrimônio cultural, por meio da articulação entre os elementos do patrimônio cultural e do meio ambiente. UCN (Unidades de Conservação da Natureza) - São espaços territoriais e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente estabelecidos pelo Poder Público com objetivos de conservação e limites definidos, sob regimes especiais de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. Em São José, há a UCN Estuário do Rio Capibaribe. Na área selecinada para estudo dentro do bairro, foram encontradas apenas a Zona Centro e a ZEIS Coque, como mostra a Figura 20.
Figura 19 - Mapa Zoneamento Bairro de São José
4
6 5
2
1
2
3 8
Fonte: Esig, 2022
Legenda
1 ZC
4
ZEPH Casa da Cultura/ Estação Central-SPR
7
2 ZEIS Coque
5
ZEPH Santo Antônio/São JoséSPR-4
8 UCN
3 ZDS
6
ZEPH Santo Antônio/São JoséSPA -11
ZEPH Santo José-SPA-2
2 1
Fonte: Esig, 2022
Legenda
2 ZEIS Coque
Antônio/São
Limites do Bairro de São José
Figura 20 - Mapa Zoneamento Área de estudo
1 ZC
7
Limites da área de estudo
2.6 Área de Estudo
Bairro São José
a es d t n ra uad
Área de Estudo O presente trabalho, propõe-se a estudar uma área do bairro de São José em Recife-PE que foi dividida em nove quadrantes de forma a obter uma análise mais específica, detalhada e precisa de cada um deles. Ademais, vale salientar que a Área de Estudo está conectada com a Avenida Sul. Além disso, no atual estudo, serão apresentadas análises detalhadas realizadas no quadrante 1, segundo a metodologia do Plano Centro Cidadão, dos conceitos de Rua Cidadã e Espaço Urbano Cidadão e do livro Cidade para Pessoas.
Figura 21 - Vista de satélite da Área de Estudo Fonte: Google Earth, 2022
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6
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Quadrante 1
2.7 Elementos de Destaque da Paisagem da Área de Estudo A paisagem do bairro de São José é marcada por edifícios relevantes para a preservação do patrimônio histórico material do Recife, dos quais pode-se citar: o Mercado de São José, o Forte das Cinco Pontas e a Estação Central. O mercado é o principal ponto de comércio do bairro, com a venda de artesanato local e comidas regionais. Já o Forte das Cinco Pontas, que hoje funciona como um museu, foi construído no século XVII pelos holandeses para a defesa do litoral, e foi tombado em 1938 para fazer parte do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. No que tange à arquitetura religiosa, São José exibe uma significativa gama de obras, como a Basílica de Nossa Senhora da Penha, construída no século XIX pelo missinários capuchinhos franceses. Em adição, também há a Igreja São José de Ribamar, uma das mais antigas do bairro, datada do século XVIII, além da Igreja de São José. Também é válido citar a Praça Sérgio Loreto como outro marco no bairro, a qual fica na Rua Imperial. O local hoje encontra-se bastante degradado, precisando de reformas.
Basílica de N Senhora da P Estação Central
Praça Sérgio Loreto
Igreja de São José
Nossa Penha
Mercado de São José
Igreja São José do Ribamar
Forte das Cinco Pontas
LEITURA URBANA LOCAL - Quadrante 1
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A identidade diz respeito ao fator que distingue as características próprias de um objeto específico, tornando-o diferente dos demais, e igual em si mesmo. No presente estudo, será analisada a identidade das tipologias arquitetônicas no trecho urbano em questão, ou seja, as construções serão avaliadas de acordo com sua semelhança ou diferença em termos de composição volumétrica. Quanto maior a identidade de uma área, maior será a harmonia da paisagem urbana local. No trecho urbano estudado, é possível perceber a maior presença de sobrados (17,72%), casas com recuo frontal (17,72%) e casas geminadas (16,46%). Em menor escala, há as casas tipo porta e janela descaracterizada (8,86%) e galpão (6,33%). A distribuição dessas tipologias no quadrante se dá de forma que, ao longo da Rua Imperial, prevalece o grupo de edificações do tipo casa porta e janela e sua variação descaracterizada, além do sobrado, os quais, embora sejam de diferentes tipos, preservam certa semelhança morfológica entre si. Já no interior, aparecem mais as casas com recuo frontal e geminadas. Dessa forma, pode-se dizer que a zona preserva uma identidade regular, com tipos que se sobressaem, mas ainda sendo necessário maior constância na arquitetura da região. Ressalta-se que a análise desses dados foi realizada por informações obtidas do Google Maps, e, em vista da limitação dos dados virtuais, não foi possível identificar a tipologia de todas as edificações do local, estando indicado na legenda "não identificado" as que não puderam ser averiguadas. Figura 22 - Vista da Rua Imperial Fonte: Google Maps, 2022
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3.1.1 Identidade
Unidade de medida: Tipos Arquitetônicos Grau de identidade: Recorrência de tipos arquitetônicos similares
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3.1.2 Proporcionalidade A proporcionalidade de uma área é medida pelo gabarito de todas as edificações presentes no local. Uma área é proporcional quanto menor for o seu percentual de variação. Em outras palavras, quanto menos variar as alturas dos edifícios, maior a sua proporção. Assim, pode-se dizer que a proporcionalidade é um aspecto fundamental para o equilíbrio da paisagem urbana, sendo relevante para a composição do cenário urbano. A área estudada, enfim, apresenta um grau muito alto de proporcionalidade, tendo em vista que 57 unidades de edificações, ou seja, 74%, são de somente 1 pavimento (térreo). Dentro do espaço, 18 edifícios são de 2 pavimentos e apenas 2 são de 3 pavimentos, totalizando, respectivamente, 23,4% e 2,6%. Não existe volumetrias mais altas do que essas no local analisado. Nesse sentido, infere-se que zona em questão preserva a proporcionalidade entre a altura de seus edifícios, criando um skyline harmônico, predominantemente ocupado por edificações térreas.
Figura 23 - Vista de satélite do quadrante Fonte: Google Earth, 2022
Unidade de medida: Gabarito Grau de proporcionalidade: Percentual de variação de gabaritos (quanto menor a variação maior a proporcionalidade)
A diversidade contempla a variação de usos habitacionais e não-habitacionais, sendo fundamental que exista uma harmonia entre esses dois fatores, possibilitando à região uma mínima complexidade de usos relacionados ao desenvolvimento do local. Se, por um lado, a presença de setores habitacionais garante a permanência de pessoas, a existência de estabelecimentos comerciais e de serviço impulsionam o crescimento econômico da região. Em adição, ainda há outros usos que podem agregar qualidade de vida ao local, como o educacional e religioso. O estudo da região foi realizado através de informações obtidas pelo Google Maps e o mapa de usos do ESIG, avaliando se havia correspondência entre as duas fontes, e corrigindo quando necessário. Como não foi possível averiguar todas as edificações através do meio digital, algumas permaneceram no mapa em branco, indicando que seu uso não foi identificado. Assim, o resultado na análise mostrou que o recorte urbano em questão demonstra predominância de habitações unifamiliares, as quais representam 76,81% de todos os usos, enquanto setores de comércio e serviço reservam-se a 10,14% e 4,35%, respectivamente. Em minoria, estão os usos misto (serviço e residencial), religioso, e vazio/sem uso, estando cada um com 2,9%. Nesse sentido, a região demonstra um baixo grau de diversidade, pois, devido à evidente predominânica de residências, seria adequado que existisse uma maior variedade dos usos nas edificações do entorno, a fim de atender às demandas dessa população. Figura 24 - Vista da Rua Boa Esperança Fonte: Google Maps, 2022
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3.1.3 Diversidade
Unidade de medida: Variação de usos Grau de diversidade: Relação equilibrada do percentual de uso residencial e demais usos
A densidade é um fator que pode medir a concentração construtiva, habitacional ou populacional de uma área, sendo que, no presente estudo, está em foco a densidade populacional bruta, ou seja, a quantidade de pessoas que moram na zona analisada. Tal avaliação é extremamente relevante para entender quantos indivíduos, de fato, mantêm um vínculo de permanência no local, o que pode indicar a presença de demandas específicas da área para atender a essa população. Nesse contexto, quando há uma distribuição equilibrada em relação a população e a densidade construtiva tem-se um espaço urbano ativo, resultante da circulação de pessoas nas ruas potencializando a economia e oferta de serviços e comércios, promovendo maior infraestrutura e mobilidade, aumento na oferta de empregos, uso eficiente do solo, entre outros. Ao analisar a região predominantemente residencial, torna-se possível observar que há uma certa distribuição desiquilibrada com uma quadra com baixa densidade populacional, duas quadras de média densidade e uma quadra com uma alta densidade.
Figura 25 - Vista de satélite das quadras Fonte: Google Earth, 2022
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3.1.4 Densidade
Unidade de medida: Número de habitantes por quadra (densidade populacional) Grau de densidade: Valor maior ou menor da relação hab/ ha (ref: maior ou igual a 300 hab/ha é alta densidade; menor ou igual a 100 hab/ha é baixa densidade.
3
1 4 2
Por meio do estudo da conectividade, torna-se possível analisar como os indivíduos residentes de uma determinada região urbana se conectam entre si e com outras áreas de seu entorno através das suas vias (ruas e avenidas). De acordo com o Plano Centro Cidadão, quanto mais ampla for a escala de conexão da área, maior será a sua conectividade. Nesse contexto, foram verificados no presente estudo os seguintes graus e hierarquias das vias: Vias de eixo metropolitano; vias de eixo urbano; vias locais e vias microlocais. As vias de eixo metropolitano conectam os municípios de uma região metropolitana, já as vias de eixo urbano são responsáveis por interligarem diferentes bairros da cidade, enquanto as vias locais são vias entre um determinado bairro, em uma escala mais local e reduzida e, por fim, as vias microlocais servem de conexão entre as vias locais, sendo em geral ruas pequenas e sem saída. A partir da análise feita no mapa e no gráfico, observa-se que há apenas uma via de eixo urbano e as demais vias microlocais, considerando que a via de eixo metropolitano existente não apresenta acesso direto com a área de estudo por ser uma via ferroviária e pela existência de um limite físico e visual (muro) entre o quadrante e essa linha férrea. Dessa forma, entende-se que a região analisada é tida com uma baixa conectividade pois apresenta apenas articulação direta com quadras vizinhas, e não com o entorno em escala urbana.
Trilho Tv. do Távares
Tv. da Trindade
Rua Boa Esperança Rua Azul
Rua Imperial
Tv. Bela
Figura 26 - Vista de satélite das vias do quadrante Fonte: Google Earth, 2022
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3.2.1 Conectividade
Unidade de medida: Hierarquia de articulação das vias nas escalas da cidade (escalas: metropolitana, urbana, local e micro local) Grau de conectividade: Amplitude da hierarquia de conexão das vias do território com seu entorno.
A multimodalidade pode ser definida como a capacidade de uma rua de agregar todos os meios de transporte de acordo com sua hierarquia urbana. Enquanto as vias de maior porte (metropolitanas, urbanas e locais) deveriam contemplar ônibus, carros, bicicletas e pedestres, as microlocais se restringem a carro, bicicleta e pedestres. Na região analisada, foi realizado o mapeamento do porte das vias para a classificação de sua multimodalidade. Como a maioria delas é microlocal, esperava-se que pudessem atingir, pelo menos, os três modais que lhes correspondem. Através de imagens do Google Maps, obteve-se informações sobre o estado das ruas e que tipo de modais elas estão aptas a atender. O resultado foi que nenhuma apresentou multimodalidade. Em relação à passagem de pedestres, considerou-se que eles podiam a acessar todas as vias, embora não seja com total qualidade, pois nenhuma calçada asfaltada apresenta 1,5m. Para as bicicletas, elas passam nas microlocais, mas precisam disputar espaço entre os carros em movimento e a linha de automóveis estacionados nas extremidades. Já na Tv. Bela (microlocal), o estado de conservação é demadiadamente crítico, de forma que não há asfalto, sendo preciso, portanto, desconsiderar a passagem confortável de qualquer modal. A única via urbana é a Rua Imperial, a qual não contempla faixa específica de passagem de ônibus nem ciclofaixa. Portanto, diante desses fatores, foi atribuído multimodalidade à área na avaliação das pétalas.
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Figura 27 - Vista da Rua Imperial Fonte: Google Maps, 2022
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3.2.2 Multimodalidade
Unidade de medida: Metros lineares de ruas com multimodalidade. Grau de multimodalidade: Percentual de metros lineares de ruas com multimodalidade (que abrigam o máximo de modais em coerência com sua hierarquia viária).
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3.2.3 Acessibilidade A acessibilidade é um fator extremamente relavante na avaliação das vias na área de estudo, pois permite entender o grau de conforto e segurança que oferecem aos pedestres, especialmente àqueles que possuem necessidades especiais de locomoção. Há três variáveis que definem essa análise, sendo a primeira delas o estado de conservação das calçadas, que diz respeito à sua manutenção e integridade física. Em segundo lugar, está a continuidade, a qual diz respeito a obstáculos que possam inviabilizar ou dificultar severamente a passagem de pedestres em algum trecho, como postes e vegetação em posições inconvenientes, ou buracos. Por fim, é necessário avaliar também a largura das calçadas, dividindo-a em três tipos: estreita, média e larga. A obtenção dos dados foi feita por meio digital através do Google Maps, e, por isso, não foi possível ter acesso a um trecho em específico, a Rua Azul, a qual ficou marcada em cinza no mapa. Nas vias analisadas, a conservação do pavimento mostra-se precária, com 49,6% sendo classificado como ruim, e apenas 16,5% com bom, pois, em muitos trechos, o pavimento mostra-se danificado e com alguns remendos mal acabados, com mostra a figura 28. Outro ponto negativo é a largura, pois 77,4% das calçadas são classificadas como estreitas, ou seja, possuem menos de 1.20 metros de largura. Em trechos da Travessa do Taváres, por exemplo, a calçada não alcança nem 1 metro de largura, estando indicada no mapa como "estreita". Em contrapartida, a maioria das calçadas são contínuas (81,6%), estando os trechos com obstáculos em minoria (18,4%). Diante dessa análise, a acessibilidade do local foi avaliada como nula em vista dos dados que indicam que nenhuma calçada apresentou os níveis ideais de largura, conservação e continuidade simultaneamente.
Figura 28 - Calçada em estado de conservação ruim na Rua Boa Esperança
Fonte: Google Maps, 2022 Figura 29 - Calçada em estado de conservação regular na Rua Imperial
Fonte: Google Maps, 2022 Figura 30 - Calçada em estado de conservação bom na Rua Boa Esperança
Fonte: Google Maps, 2022
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Unidade de medida: Metros lineares de calçadas conservação, continuidade e la simultaneamente adequadas.
Grau de acessibilidade: Percentual de calçadas com conserv continuidade e largura simultaneam adequadas.
com argura
vação, mente
A colaboração é o conceito que se refere ao grau de cooperação entre a população local, com destaque para agentes que possam unir e representar a área, como associações ou entidades. Nesse sentido, é relevante localizar a presença de comunidades de moradores, de serviço, comerciais, religiosas e educacionais. A presença desses atores é de suma importância para aflorar o sentimento de parceria entre os sujeitos locais, estimulando seu engajamento com melhorias na região. Pelo mapa de colaboração do trecho urbano em estudo, é possível observar que há a predominância de uma comunidade de moradores. Além disso, foram encontradas duas entidades religiosas que podem desempenhar um papel importante na união da grupo local, sendo elas um Centro Espírita e uma Assembleia de Deus.
Figura 31 - Centro Espírita na Rua Boa Esperança Fonte: Google Maps, 2022
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3.2.4 Colaboração
Unidade de medida: Entidades ou grupos colaborativos Grau de colaboração: Quantidade de entidades ou grupos colaborativos.
A caminhabilidade é um aspecto fundamental para garantir o bem-estar dos pedestres na rua. Tal conceito depende de quatro pontos que definem a motivação, o interesse, segurança e conforto da caminhada (SPECK, 2016). Em relação à motivação, refere-se à necessidade do indivídeuo em deslocar-se de um local a outro para atender uma demanda específica, enquanto o interesse é o que torna o trajeto agradável e atraente, definido principalmente pela relação da arquitetura com a rua. Um aspecto que contribui para esse ponto é a permeabilidade das fachadas, a qual, quanto mais alta, viabiliza a visão do pedestre sobre o movimento no interior do edifício. Além disso, a permeabilidade também pode estar relacionada com a segurança, pois permite a troca de olhares entre público e privado, estabelecendo uma vigilância mútua para ambos. Em adição, a segurança, junto com o conforto, implicam na acessibilidade das calçadas, sendo necessário que estejam em bom estado para garantir condições adequadas. Nesse sentido, o mapa de caminhabilidade busca avaliar a acessibilidade das calçadas juntamente com a permeabilidade da interface arquitetônica. A partir desses parâmetros, avalia-se a largura, estado de conservação e continuidade das calçadas, e a visibilidade do interior dos edifícios pelos pedestres, respectivamente. Para o trecho urbano em questão, foi avaliada a caminhabilidade como baixa, pois nenhuma calçada é acessível, além de que a permeabilidade dos lotes é classificada como ruim em 25,5% dos casos, e baixa em 43,1%. Isso demonstra o quanto o trajeto do pedestre está comprometido.
Figura 32 - Vista da Travessa do Taváres
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3.3.1 Caminhabilidade
Fonte: Google Maps, 2022
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Unidade de medida: Metros lineares de
calçadas
com
conservação,
continuidade e largura simultaneamente adequadas e, ainda, com permeabilidade visual alta de sua interface. Grau de caminhabilidade: Percentual de calçadas com conservação, continuidade e largura simultaneamente adequadas e, ainda, com permeabilidade visual alta de sua interface.
O conceito de Permeabilidade Urbana propõe a integração entre os espaços privados e públicos, de maneira que uma pessoa que esteja andando na rua consiga interagir visualmente com o interior do lote ou da edificação. Um lote ou um edifício permeável mistura-se com a rua, fazendo com que haja uma interação da edificação com o seu entorno. Tal interação é de extrema importância para as pessoas que andam pelas calçadas ao redor, já que uma rua com alta permeabilidade tende a ser mais movimentada e, consequentemente, mais segura ao pedestre. Dos trechos analisados, apenas 18,2% dos lotes tem alta permeabilidade, sendo a maioria desses edificações recuadas no terreno ou espaços comerciais com amplas aberturas. Todo o resto dos lotes tem ou uma permeabilidade baixa (42,6%) ou nula (39,2%). A permeabilidade baixa consiste em lotes com uma pequena abertura ou um muro baixo, de modo que o pedestre tenha visão de uma pequena parte do lote ou precise se esforçar (ficar na ponta dos pés) pra enxergar o que há por trás do muro. Já a permeabilidade nula consiste em lotes completamente fechados por um muro ou aberturas vedadas por tapumes.
Figura 33 - Vista da Travessa do Taváres Fonte: Google Maps, 2022
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3.3.2 Permeabilidade
Unidade de medida: Metros lineares de interfaces com permeabilidade visual alta. Grau de permeabilidade: Percentual de interfaces com permeabilidade visual alta do lote
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3.3.3 Iluminação A iluminação é um fator essencial uma vez que possibilita a construção de espaços promotores de visibilidade, sensações de segurança e de conforto, que consequentemente garantem uma maior qualidade de vida urbana e a promoção de um livre exercício de cidadania noturna que contribui para o aproveitamento do espaço público e das atividades sociais e econômicas noturnas pelos cidadãos. Ademais, vale salientar a importância desse elemento para com o pedestre e a relação de como este vivencia os espaços da cidade quando as condições de iluminação são favoráveis, devido aos benefícios e promoções, anteriormente citadas, que este artificio urbano traz. Nesse contexto, no quadrante analisado, a iluminação apresenta problemas de diversas naturezas, como poluição visual devido as fiações, o sombreamento da vegetação que em alguns trechos age de forma negativa, pois faz com que a iluminação não aja de forma eficaz, locação e distribuição dos postes que dificultam o fluxo de pedestres uma vez que as calçadas já são estreitas e distantes uns dos outros ou até mesmo inexistente, como no caso da travessa da trindade. Logo, a iluminação pública do quadrante pode ser considerada de um grau baixo, uma vez que a partir do percentual de metros lineares de calçadas diretamente iluminadas, observa-se que apenas 15% das calçadas é diretamente iluminada. Dessa forma, a escala do pedestre não é tida de forma eficaz, e como consequência impossibilita o exercício da cidadania noturna, a integração social e a sensação de segurança do pedestre. Figura 34 e 35 - Rua Boa Esperança Fonte: Google Earth, 2022
Unidade de medida: Metro linear de calçada iluminada.
diretamente
Grau de iluminação: Percentual de metros lineares de calçadas diretamente iluminadas.
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3.3.4 Vegetalização Vegetalização é o conceito que diz respeito ao nível de arborização da rua. Uma via com uma presença significativa de árvores pode trazer diversos benefícios, especialmente ao pedestre. O principal deles é o sombreamento da calçada, permitindo uma caminhada mais agradável, fora da incidência solar direta. Ademais, a presença de espécies vegetais pode amenizar as altas temperaturas de uma região, beneficiando seu confoto ambiental. Além disso, altos níveis de vegetalização também trazem mais vitalidade à rua, tornando-a não só esteticamente bonita, como contrasta o verde dos elementos orgânicos com a frieza de fomas rígidas da cidade. Pode-se perceber a partir da análise que grande parte do sombreamento é proporcionado por árvores de médio a grande porte, outra parte por árvores dentro de lotes e que sombreiam a calçada, e, em minoria, árvores de pequeno porte. A vegetalização pode ser considerada baixa, devido à pequena quantidade de calçadas sombreadas (apenas 14%) quando comparado ao total de metros lineares de calçada. Figura 36: Travessa do Taváres
Fonte: Google Maps, 2022 Figura 38: Travessa do Taváres
Fonte: Google Maps, 2022
Figura 37: Rua Boa Esperança
Fonte: Google Maps, 2022 Figura 39: Travessa da Bela
Fonte: Google Maps, 2022
Unidade de medida: Metros lineares de calçadas sombreadas. Grau de vegetalização: Percentual de calçadas sombreadas.
3.4 Leitura Integrada
A análise da área de estudo a partir da metodologia do Espaço Urbano Cidadão faz uso de 12 critérios reunidos em 3 subgrupos (pétalas), construindo um diagnóstico detalhado do local. Tal abordagem tem o potencial de nortear possíveis intervenções, direcionando quais melhorias estratégicas podem ser implementadas. No quadrante estudado, a pétala amarela (Área Preservada e Produtiva) foi a que mais destacou pontos positivos, apresentando alto nível de proporcionalidade, indicando uniformidade na altura da arquitetura existente no quadrante. A identidade é considerada regular, assim como a densidade, uma vez que a região abriga muitas residências, o que reflete na sua baixa diversidade de usos, uma vez que há a grande predominância habitações unifamiliares em comparação a outros usos. Já a pétala vermelha (Área Integrada e Inclusiva) foi a que apresentou mais deficiência na análise, destacando o fator alarmante de que nenhuma calçada preencheu todos os requisitos necessários para ser acessível. Isso indica a mal preservação do calçamento e a desconsideração com o pedestre. Na multimodalidade, foi averiguado que nenhuma via conseguiu atender com plenitude aos modais que correspondem a sua hierarquia, quase sempre apresentando empecilhos à passagem confortável e segura do pedestre. Por outro lado, um ponto positivo foi o nível de colaboração, indicando um bom potencial das entidades locais na associação com possíveis intervenções. Na pétala verde (Área Humanizada, Segura e Confortável), fica em evidência a carência de iluminação e arborização no quadrante. Já a permeabilidade da arquitetura ao redor pode ser considerada regular, embora a caminhabilidade seja baixa em vista da falta de acessibilidade das calçadas. Nesse sentido, o trajeto do pedestre fica extremamente comprometido. Por fim, conclui-se que a avaliação geral da área mostra que, dos 12 critérios, 7 são considerados baixos ou nulos, e apenas 2 atendem plenamente ao seu propósito. Isso mostra a necessidade de intervenções para melhorias na área que possam aproximá-la a um Espaço Urbano Cidadão.
Bairro de São José: Quadrante 1 Leitura Local Integrada
Apesar do território possuir alto nível de proporcionalidade, carece de maior diversidade de usos e de densidade, necessitando respectivamente de maior variedade de usos e de uma melhor distribuição da população. Também se faz necessário que a identidade possa ser melhorada, a fim de atingir níveis maiores de uniformidade nas tipologias arquitetônicas existentes.
Embora a área tenha um bom nível de colaboração, ela apresenta um nível de acessibilidade e multimodalidade praticamente nula e conectividade baixa, fazendo com que não seja um local devidamente integrado e inclusivo.
Ainda que o nível de permeabilidade do local seja aceitável, a área de estudo carece no que diz respeito à caminhabilidade, vegetalização e iluminação, possuindo níveis baixos. Esses fatores fazem com que a área não seja tão favorável aos pedestres.
Considerando a análise integrada do quadrante 1, é evidente que ainda faltam muitas qualidades para ter um "Espaço Urbano Cidadão". Dentre as características mais urgentes é possível destacar
+ diversidade de usos + acessibilidade + multimodalidade + vegetalização + iluminação pública
LEITURA URBANA GERAL
4
Por um Centro Preservado e Produtivo 4.1.1 Mapa Temático - Identidade
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4.1.2 Quadro de desafios, diretrizes e potencialidades Identidade Conclusão A identidade é detectada através dos tipos arquitetônicos que compõem o lugar a partir do reconhecimento e da coerência visual desses tipos por parte do visitante. O que define o grau de identidade é a repetição das tipologias, ou seja, quanto mais uniforme (maior a repetição de um tipo em relação aos outros) mais alto será o grau de identidade. De acordo com a análise geral da área de estudo, foi concluído que o grau de identidade é regular, devido à existência significativa de certos tipos arquitetônicos semelhantes entre si, como casa de porta e janela e suas derivações (adapada e descaracterizada), sobrado e sobrado adaptado. Juntos, esses tipos totalizam 59,25% da morfologia arquitetônica do local, indicando regularidade na identidade de suas edificações . Uma vez que o bairro de São José é uma região de patrimônio histório, é relevante que o grau identidade seja o mais alto possível, a fim de asseguar a preservação da individualidade histórica do lugar.
Desafios Algumas edificações estão em estado precário e necessitam de revitalização Conservação do patrimônio existente no local Chegada de novos empreendimentos, que podem descaracterizar a identidade da área caso não se atentem para os padrões tipológicos previamente estabelecidos
Figura 40 - Vista da Rua Imperial Fonte: Google Maps, 2022
Potencialidades Presença de edificações históricas Aproveitar o potencial do patrimônio histórico do local para turismo e consequente desenvolvimento da região
Diretrizes Incentivo à conservação de edifícios que compõem o patrimônio Revitalizar as construções Conscientização do patrimônio da região para a população local e a necessidade de preservação
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4.2.1 Mapa Temático - Proporcionalidade
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4.2.2 Quadro de desafios, diretrizes e potencialidades Proporcionalidade Conclusão A proporcionalidade de uma área é definida pelo equilíbrio do gabarito das edificações presentes no local. Em outras palavras, uma área é de alta proporcionalidade quando ela tem um skyline harmônico e sem muitas variações de altura, sendo esses pontos fundamentais para manter o equilíbrio da paisagem urbana. Foi analisado, então, que a área estudada é de alta proporcionalidade, já que 95,61% das edificações presentes são de no máximo 2 pavimentos. Como a área de estudo é de grande importância para a conservação do patrimônio histórico, é extremamente relevante que os edifícios apresentem tal uniformidade no gabarito, com a presença marcante de edificações térreas (63,33%).
Desafios Garantir a manutenção da proporcionalidade do território em vista do desenvolvimento, já que é notória a chegada de grandes construtoras em lugares próximos a área analisada
Potencialidades Pode-se identificar na área geral de estudo, após a análise da leitura integrada a existência de uma alta proporcionalidade e consequentemente um gabarito proporcional, no qual as edificações desse território privilegiam e respeitam a escala humana e do olhar cidadão O gabarito baixo na maioria da área contribui para uma boa ventilação
Figura 41 - Imagem da Rua Imperial Fonte: Google Maps, 2022
Diretrizes Criação de lei para manter o gabarito da região baixo, de forma a ser condizente com o entorno Construções futuras ou utilização de terrenos vazios com um menor gabarito para dialogar melhor com a escala de massas construídas existentes na região
Por um Centro Preservado e Produtivo 4.3.1 Mapa Temático - Diversidade
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4.3.2 Quadro de desafios, diretrizes e potencialidades Diversidade Conclusão O estudo de diversidade indica a variação de usos existentes no local, e quanto mais variados forem os usos da região, maior o nível desse parâmetro. No trecho urbano em estudo, foi identificada a predominância de residências unifamiliares, alcançando os 50,47%. Em segundo e terceiro lugar, encontramse, respectivamente, serviço e comércio, com 16,66% e 11,95% de ocorrência. A presença de residências é positiva, pois indica que há um contingente significativo de pessoas fixas na área. Entretanto, é fundamental atentar para o equilíbrio desse fator com os demais, pois outros usos, como serviço e comércio, podem agregar desenvolvimento à região. Analisando os tipos de comércio e serviço locais, percebe-se que a maioria é do setor industrial ou automobilístico, os quais dificilmentem atendem à necessidades diárias dos moradores. Também é válido atentar para a carência de usos importantes para a qualidade de vida dos habitantes locais, como o educacional e religioso. Em adição, percebe-se que há uma gama considerável de lotes sem uso (9,3%), indicando o potencial de tranformação da área. Portanto, conclui-se que a diversidade é baixa, sendo necessário uma maior variedade de usos que compense a predominância de residências unifamiliares.
Desafios Predominância demasiada de residências Comércio e serviço não atendem demanda local, carecendo de setores voltados para necessidades dos habitantes da região Baixa variedade de usos, carencendo de uso educacional religioso e institucional Poucos edifícios de uso misto
Figura 42 - Vista de residências na Rua Boa Esperança Fonte: Google Maps, 2022
Potencialidades Terrenos vazios com alto poder de transformação Grande contingente de moradores locais, existindo demanda para receber novos usos mais variados
Diretrizes Transformação dos vazios urbanos em novos usos Incentivar aumento de edificações de uso educacional Estimular edifícios de uso misto entre residência e comércio/ serviço Diversificação do comércio e serviço para atender os moradores
Por um Centro Preservado e Produtivo 4.4.1 Mapa Temático - Densidade
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4.3.2 Quadro de desafios, diretrizes e potencialidades Densidade A densidade populacional, contribui para promover a dinamicidade social, o fluxos de pessoas e para um espaço urbano mais sustentável. Nesse contexto, compreende-se que, uma vez que há um equilíbrio entre o número de indivíduos e das edificações existentes na área, se obtém uma maior diversidade de atividades e usuários, segurança, o crescimento econômico, a promoção da mobilidade e do investimento em transportes públicos e em infraestrutura. Dessa forma, entende-se que a vivacidade se faz presente no espaço urbano também como consequência de uma densidade harmoniosa. Após análise da leitura urbana integrada geral pode-se identificar na área de estudo uma distribuição desequilibrada, uma vez que possui um total de onze quadras com baixa densidade populacional, nove quadras com densidade média e apenas quatro com alta densidade. De maneira geral, obtemos um total de 104,15 hab/ha na área de estudo, não sendo suficiente para ser considerada uma densidade qualificada.
Desafios Contraste entre áreas muito e pouco populosas Quadrantes com baixa densidade habitacional Locais com densidade má distribuída
Potencialidades Área de patrimônio histórico Residência numa área estratégica do centro Algumas quadras com densidade populacional média e alta equilibrada
Figura 43 - Vista de satélite da Área de Estudo Fonte: Google Earth, 2022
Diretrizes Assentamento de população nas áreas vazias Ocupar terrenos vazios com novas habitações Utilização
dos
terrenos
vazios
ou
lotes
abandonados
para
diferentes usos a fim de ocupar a área. Estimular uso misto nos edifícios de comércio existentes Melhoria na multimodalidade das vias Melhor distribuição das novas habitações para evitar concentração numa só área
REFERÊNCIAS
5
5 Referências GEHL, Jan. Cidades Para Pessoas. 2ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2013. DUARTE, Clarissa; CÂMARA, Andrea; MACIEL, Paula; et al. Diretrizes Urbano-Arquitetônicas para o Centro Expandido Continental. Recife: UNICAP, 2018. Ebook (75p.) Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1sVnmzokPm_xIf7-Pk1m9ptm3s9nTnNfW/view. Acesso em: 12 de abril de 2022. DUARTE, Clarissa; CÂMARA, Andrea; MACIEL, Paula. Estudo Preliminar de Desenho Urbano para
o
Setor.
Recife:
UNICAP,
2018.
Ebook
(75p.)
Disponível
em:
https://drive.google.com/file/d/1L3gqVOWUuLZeoOhrr69KulfFLi6ApILQ/view. Acesso em: 12 de abril de 2022. COSTA, Glauber Carvalho. Cartografia Histórica. LABTOPOPE. Disponível https://www.labtopope.com.br/cartografia-historica/. Acesso em: 9 de abril de 2022.
em:
SANTOS, Claudia. 8 fotos do Bairro de São José Antigamente. Algomais, 2018. Disponível em: https://revista.algomais.com/8-fotos-do-bairro-de-sao-jose-antigamente/. Acesso em: 9 de abril de 2022. DANTAS, Rafael. São José e Santo Antônio: Região de história. Algomais, 2018. Disponível em: https://revista.algomais.com/sao-jose-e-santo-antonio-regiao-de-historia/. Acesso em: 9 de abril de 2022. CICLOFAIXA de Turismo e Lazer. Folha PE. Disponível https://www.folhape.com.br/noticias/ciclofaixa-de-turismo-e-lazer-do-recife-recebeprogramacao-especial-de/216864/. Acesso em: 19 de março de 2022.
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IGREJA de São José do Ribamar. ipatrimônio. Disponível em: http://www.ipatrimonio.org/recife-igreja-de-sao-jose-doribamar/#!/map=38329&loc=-8.06975675885766,-34.876978397369385,15. Acesso em: 23 de março de 2022. NOSSA Senhora da Penha. Arquidiocese de Olinda e Recife. Disponível em: https://www.arquidioceseolindarecife.org/nossa-senhora-da-penha/. Acesso em: 23 de março de 2022. FORTE de São Tiago das Cinco Pontas. Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Forte_de_S%C3%A3o_Tiago_das_Cinco_Pontas. Acesso em: 26 de março de 2022. GIAMBATTISTA Nolli. Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Giambattista_Nolli. Acesso em: 20 de abril de 2022.