E se fosse eu? Poemas do 8ºC

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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE MONTEMOR-O-VELHO

E SE FOSSE EU?

COLETÂNEA DE TEXTOS POÉTICOS DO 8ºC


No âmbito da iniciativa “E se fosse eu”, e para aprofundar a reflexão sobre a temática dos refugiados, os alunos foram convidados a escrever breves textos poéticos. O resultado final é esta coletânea.

A professora Ana Cristina Fontes


OS NOSSOS AUTORES


Ana Leonor

E se fosse eu?

E se fosse eu a ter que fugir das pessoas do nosso país?

E se fosse eu a dormir numa tenda, sem comida, nem condições numa autêntica pobreza?

E se fosse eu à deriva no mar, sozinho nos meus pensamentos, num pequeno barco de borracha?

E se fosse eu a ter que viver neste sofrimento sem fim, uma guerra, uma luta sem sentido?

E se fosse eu a responsável por mudar o mundo, pois tenho fé que tudo mude!

Afonso Correia Com apenas uma mala Ia eu em direção a uma vida


Deixando tudo para trás: Minha vida, Meu mundo, Minha família…

A fome que passamos, A dor que sentimos, A injustiça na qual vivemos,

Gostavam de passar por isso? Acham que isto é uma vida? Uma forma de viver?

Não! Rute Pimentel

Sofrimento, solidão, tristeza… Sentimentos que toda a gente tem. Mas os refugiados Sabem melhor do que ninguém!

Caminhamos sem parar, exaustos e cansados. Dias e noites frias teremos que suportar.


É uma viagem de ida, mas pode não ser de volta. Quando está muita gente, eu penso… Que poderá haver uma reviravolta!

Só uma mochila podemos levar, Com poucas lembranças. Mas o nosso coração, Vai cheio de esperanças!

João Coelho

E se fosse eu? Um assunto da atualidade Que, por casualidade, me fez pensar.

Fazer a mala e partir, Fugir, sumir, Sobreviver ao caos sem fim

Que levaria? Talvez comida, bebida, recordações de uma vida já esquecida:

Medicamentos, ligaduras, sabonete, pasta, escova de dentes, canivete suíço, pois este iria dar jeito, de certeza.


Mas… Como fugir? Como escapar àquele motim sem fim? Não sei… Mas, verdade seja dita, Não podia levar nada disto. Talvez sim… Talvez não, Pois ninguém sabe O que é a guerra. Com tanta pressa, nem saberia O que havia de levar, Correria “a sete pés”, Para uma nova vida encontrar.

Davide Silva

Se fosse eu partir, para um país desconhecido, tinha que fugir apenas com uma mochila comigo.

Queria a família levar, queria nunca a perder. Podia deixar o lar, mas nunca o iria esquecer.

E será que me iriam aceitar? Será que me iria habituar? Seria alvo de maldades e de várias atrocidades?

Tantas perguntas por responder,


Tantos caminhos a percorrer!

E se fosse eu? Não sei como iria ser.

Flávia Machado Eu, um refugiado. No meu país ser ameaçado, na minha fuga desprezado, apenas alguém de passagem...

Aquele que amou e perdeu tudo numa só viagem. Sem rumo, sem destino, apenas um pobre clandestino. Será que sobreviverei? Para quê esta luta constante pela liberdade, se não há igualdade? Para quê tantas lágrimas? Se fosse realmente eu… não sei como seria com tanta falta de humanidade.

Francisco Branco E se fosse eu a fazer a mochila e partir? E se fosse eu


a ter de fugir?

O que levava? O que deixava? A minha ”casa” ficaria! Com a Guerra, alguém a destruiria.

E se eu fosse uma criança? Levava esperança no meu coração, Faria de uma tenda a minha casa e usava a imaginação. Encontrava de “novo” os meus amigos, a minha escola e o meu lar, e podia de novo brincar.

Seria feliz por um momento, até se ouvir no ar um novo lamento!

Joana Fonseca

E se fosse eu?

Se fosse eu, não desistias de ser feliz. Se fosse eu, não perdia a esperança.


Se fosse eu, ajudava os outros. Se fosse eu, tinha saudades de ser feliz.

Se fosse eu, lutava por uma vida melhor. Se fosse eu, apesar de tudo, preferia viver do que morrer.

Ana Rita Nobre Os medos que carregam, a dor que sentem, a luta que atravessam, a fome que passam.

Não podem amar, não podem sentir, não se podem divertir, não podem ser eles mesmos.

Desesperados por viver, sem rumo ou direção, sem razão para continuar.

Os sonhos que tinham,


a vontade de viver, e o amor pelos seus, tudo se perdeu!

Leonardo Costa Eu não seria capaz de imaginar que teria de partir, deixar a minha família e os meus amigos. Se eu tivesse de partir, levava comigo uma muda de roupa; água; comida; primeiros socorros; uma manta; uma almofada; dinheiro; telemóvel com carregador portátil e os meus documentos pessoais. Não conseguiria andar dias e dias sem condições favoráveis, muito menos, andar de barco a saber que mais minuto menos minuto poderíamos morrer todos. Se eu chegasse a outro país, as pessoas ir-me-iam olhar de lado, chamar-me-iam nomes, gozariam comigo, entre outras coisas.

Catarina Morgado E se fosse eu? E se fosse eu, a fazer a mochila e a partir? A partir e a seguir, a ir e a não vir

Sair do país Com a guerra à perna, abandonar os meus país e não os ver mais.

Ser uma criança refugiada é ser uma criança com sonhos,


é ter pesadelos e não ficar aterrorizada e, no dia seguinte, se deitar a pensar.

E se fosse eu a preparar uma mochila? E se fosse eu a fugir da guerra? E se fosse eu? Se fosse eu… Levava uma mochila cheia de sonhos.

Mafalda Reis

Se eu fosse um refugiado, teria medo de perder a minha família, a minha casa, os meus objetos e os meus amigos. Se eu fosse um refugiado, teria medo de não sobreviver. Medo de ir para um país estranho, de não ser bem acolhido, dos modos de vida serem diferentes, de ficar em campos de refugiados sem condições, de não ter comida e de ver gente a morrer ao meu lado… Enfim, acho que é difícil imaginar ser um refugiado. Espero nunca ter que passar por uma situação semelhante.

Beatriz Dentinho

E se fosse eu que estivesse naquela situação horrível em que só pudesse trazer uma mochila com poucas coisas.


E se fosse eu a ter que fazer a mala e a ter que ir embora, a ter que deixar a minha família, a terra onde vivi e onde cresci.

E se fosse eu que tivesse de deixar tudo aquilo em que eu acredito.

E se fosse eu que estivesse naquela situação e soubesse que as pessoas me iram criticar.

Ó minha vida, eu preferia morrer, naquela cidade em guerra, a ter que ir para uma terra ou cidade onde não conhecesse ninguém. E se fosse eu?

Tiago Caiado Se fosse eu a viver esta situação não saberia o que fazer, não saberia o rumo a seguir,


não saberia partir, não sabia para onde fugir.

Só queria estar longe, só queria vencer o medo, só queria encontrar a Paz, encontrar um refúgio seguro.

A vida por um fio, a família aterrorizada, a casa que já não temos, a fuga imperiosa, e a busca de um novo rumo …

Seria preciso partir, esquecer fantasmas, acreditar que é possível, chegar a um outro destino. Perde-se a noção do perigo, Viajar é preciso! Sair dali é urgente. Então, ignoram-se obstáculos, não se vê a morte.

No horizonte, à nossa espera, está a Paz e o aconchego, está a salvação, a nossa e a dos nossos.


HĂĄ um mundo novo Ă nossa espera.


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