ANA JÚLIA CORNÉLIO RIBEIRO
No Calor das Emoções
ANA JÚLIA CORNÉLIO RIBEIRO
No Calor das Emoções
FRANCA/SP 2021
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Ribeiro, Ana Júlia Cornélio No calor das emoções/ Ana Júlia Cornélio Ribeiro. – Franca (SP): Ribeirão Gráfica e Editora, 2017. 152 p ISBN 978–85–7681– 304-0 ISBN Ebook 978-65-89271-24-6 1. Literatura brasileira – Poesia 2. Poesia brasileira CDD 869.915
© 2017 by ANA JÚLIA CORNÉLIO RIBEIRO Todos os direitos reservados.
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Fiz durante os anos, poemas, músicas e meros desabafos. Motivada pelo ápice do amor, da dor, ternura, paixão ou raiva. Extravasei em poesia, tudo aquilo que sentia. Aliviei emoções extensas, que não podia suportar. Chorando em verbos coisas que não sei lidar.
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Meu primeiro contato com a poesia foi de pequenina, chamavam-me de “pacotinho, peteca, coisa mais linda do meu coração do céu”. Joaquim, “Mirico” é assim que ele se chama. Para mim sempre será “Vovô”. Que me ensinou a declamar Casimiro de Abreu bem antes dos “meus oito anos”. Mostrou-me os tesouros da Música Nacional Brasileira como “Asa Branca”, e assim me encantei pela mania de falar de amor, de dor, e pensar sobre natureza. Minha primeira música no piano foi para ele, e com meu primeiro livro não seria diferente. Dedico aos meus pais, amigos, familiares, e ao meu avô. Obrigada por todas as melhores experiências da minha existência, devo tudo a vocês. Dedico também aos que me acusam de Niilismo (vocês têm uma certa razão), e aos que não têm medo de sentir.
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Quem tanto critiquei Foi quem me tornei. Cuidado, uma raposa pode ser bela e fatal Ainda assim Não chega aos pés de uma vingança em ritual. Afaste das pessoas a quem você fez algum mal. E não confie nem em si. (recado àqueles do mal, que já foram homens de bem.)
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Doce olhar que eu nunca vi Tão diferente... Pra sua doçura eu consigo me entregar Por trás de tudo isso, vejo uma luz a brilhar Alguém de carne e osso que se arrisca até errar Ousadia assim encanta Tô chegando a endoidar... Quero calor do seu corpo Dominando meus sentidos Ver, qual é o jeito seu de sussurrar no meu ouvido Olharmos um pro outro Sem termos nada pra dizer Silêncio preenchido pelas almas em prazer... Você A personalidade que eu sempre procurei Nos caras tão otários que na vida eu enganei... Quero o calor do seu corpo Enlouquecendo os meus sentidos Pra ver O choro em pecado delirando de prazer.
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Ao Ruivo de Cabelos Castanhos Um susto lindo arremessou um boné em mim, sem querer... E eu senti que precisava dele. Ruivo, mas nem tanto, atrapalhado e roliço. Lindo! Na minha maneira de ver, lindo! Ele: era aquele que anda entre a batida e o contratempo. Desengonçado, para quem não ouve o som do coração. A chama que ele exala aquece o frio que me rodeia. Eu gosto do seu jeito engraçado, das suas piadas malditas, dos seus olhares que ninguém sabe o que significam. Eis que finalmente eu tenha encontrado... Do meu jeito, todo errado, o tal peixinho, da bolha linda que parece a minha. E nem sabe que eu existo. e eu sempre querendo amor a cada esquina... O cabelo dele nunca foi ruivo, nem colorido era. O amor nunca existiu. Minha mente Mais uma vez Pra mim, Mentiu.
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Quando me pedem pra falar de sonhos... Seu olhar ocupa minha mente. Quando me questionam do que gostar... De Você, No imediatismo e em longo prazo... Mas quando me pedem pra falar de amor, Eu olho no espelho... E não vejo Nada.
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Corpos podem me tocar pessoas se aproximarem outras bocas eu beijar... Não importa. Não sei amar Nunca aprendi. Sei quem prendeu minha atenção, Meu interesse, Pensamentos e Paladar. Jamais vou esquecer a sintonia de encontrar semelhante. A você eu me doei, primeiramente, Por completo.
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Um vai lento, o outro cantando pneu aos quatro cantos. Ambos adoidados. Ansiedade e depressão em guerra, urrando desesperada, à procura de paz E eu choro. Angustiada por estar presa, num mundo que não é meu. Mundo fingido que não aceito. Eu não ME aceito. Não gosto do que vejo. Nunca me senti bem comigo. Tenho sede de sono. A luz do dia aqui não é boa aos meus sentidos. A claridade me faz ver quem é, sinto vergonha disso. Tornei-me tudo aquilo que ele não gosta... Dondoqueira, preguiçosa, gastadeira, despesa eterna, adiplomada, um mero peso, sem utilidade por não saber seguir seus passos. Pedaço de carne e promiscuidade. Polêmica, aparecida, vulgar nos olhos. Sou tudo aquilo que não quiseste que eu fosse.
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Me dói muito ser assim. Dói mais fingir ser o que não sou. Me mato ao teu lado porque te amo. Não vou te ofender. Não quero. E gosto de ser quem sou. O que não gosto é que te incomodas muito com isso... Por tanto, vivo melhor longe... A saudade dói menos que a reprovação do teu olhar. Me desculpa não saber te agradar, ser rebelde e vulgar... Me escondo num buraco negro de olhos fechados Prometo não machucar mais quem tanto amo. Perdão.
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Por que escrevo? Por ser escrava de mim Na escrita minha mente Grita R E L A X A Exala... Toda fumaça que impede minha paz. Preciso da escrita. Sem ela não me alimento, não como e não existo. Como eu preciso disso, Sossego e alivio no coração... “Anorexia lexical” me dá quando escrever Não posso.
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Vivemos num mundo Onde Sensatez É chamada de grosseria. (Ah! Como isso me dá preguiça. Eu gosto mesmo é dos mal educados; eles normalmente, estão falando a verdade.)
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Colecionei histórias... Boas. Ruins. Sobre bem e mal... Histórias que me encontraram que procurei com minhas próprias mãos. Criatividades juvenis de uma alma serelepe Posso dizer que vivi ao menos um pouco até aqui. Não levo comigo o peso de nada... MENTIRA! Levo ônus e risadas Deboches pessoais divertidíssimos Memórias hilárias de instantes absurdos... E ao fundo do poço eu cheguei, mais de uma vez... Voltei de lá mais leve, renovada. E você? Viveu o que nessa sua vida de merda? Se não viveu, comece agora. Desligue a TV e escreva um livro. Estão em toda parte os que querem a carcaça de algo que não sabe se existe. Deve ser delírio, memórias de instantes de uma outra vida.
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Anseio para que sonho seja Pesadelos não. Basta a realidade. No meu mundo cabem tantos como tu, que não julgo adequada permanência. No meu inferno, homens assim estão presentes, arde em mim a obrigação do enlace. Isso não está no meu sangue, mas eu permito machucar sempre que surge um novo olhar belo, e mais atento a mim. Egoísta? E você por um acaso é diferente?
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Às vezes choro me sentindo abandonada. Às vezes fecho-me do mundo para fazer a solidão me amar. Às vezes meu peito sofre hemorragias de medo, e chora. O choro é naufrágio do coração que cansou de amar. O amor dilacera, deprime, repele. O amor afasta-nos da verdade. Mesmo assim escolhemos ser amor. Estar só, esse é o único abraço a que podemos recorrer. Só Sozinhos somente, driblando as não verdades ao redor. Acanhados, assustados e desconfiados... Queremos um colo pra deitar. Eis que o travesseiro vem... honesto, fiel e presente sem resquício de interesse. Confie no seu travesseiro, pois o sono Cura tudo.
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Maldade mundana com roupa de ironia é dentre todas elas a que mais me intriga. Será realmente cabível falar de amor quando o ódio é quem chama? Amor é choro, Noite mal dormida Amizade mal resolvida... Teus olhos de afeto são facadas no meu peito. Teu chamado de amor: Minha sentença de morte.
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Como um brinquedo que não serve mais A vida sempre se desfaz No passar breve do tempo. Morrer, dormir...William disse. Mas em cada um de nós está o fardo de viver Dia após dia Aguardando a única verdade da vida Que sempre será Somente a morte. Parece pesado e insuportável Olhar de frente as leis da existência. No entanto, pior que saber da morte é morrer estando vivo e padecer no esquecimento.
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O estágio mais patético da vida... O famoso que se foda. O tanto faz. Você se cansa de observar, de agir... Nada muda, Nem você. Todos enganam, Mentem, Traem, Ressentem O ressentimento é o que mais me irrita em todos esses. Pois somos sim um bando de: Recalcados! Curumins mal doutrinados. E estamos na exaustão. Intolerantes ao perdão. Perdão de cu é rola. (e não me faça ter vergonha de falar assim, que eu sei bem o que você pensa, mande todos à puta que pariu e seja o que você é, um nada como todos nós)
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Voltando... João sem braço, Pai de família, Tia do Culto, Crente do cu quente, Vagabundo Delinquente. Sei lá mais o quê, pode escolher. Mas se atente que não são as pessoas, O discurso delas é que irrita. Pregadores de valores que nem eles sabem, Mas dão palestra! Vamos lá, convenhamos, somos todos Humanos, Enchendo o rabo de dinheiro, recalque, Pra morrer entupidos no que mais odiamos. Burros.
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A cama é grande sem você Que alívio descansar em paz. Somente com as delícias do amor próprio. A solidão é meu melhor amasso, Maior sorriso e descaso ao olhar pro ser humano.
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Parem de vigiar, observar, tentar segurar e invadir a liberdade. Parem de se preocupar, de se importar, de vir atrás, parem de falar, parem de olhar de amar e stalkear. Desistam de entender, compreender, domesticar, envolver. Tenho ódio, dos abraços de carinho, de sorrisos, casórios, presentes, namoros. São serpentes. Falsos.
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Carnaval de máscaras que não me enganam nem agradam. Odeio sua falsidade Alegria medíocre. Parem de fingir ser gente simples, Pessoas do “bem” Gente honesta (quando convém) Vocês roubam a vida toda. Não se façam de sérios se a realidade é suja Pérfida Nojenta. Como qualquer coisa é. Nós não merecemos perdão Nem almejar solução, Parem de rezar e mergulhem na consciência.
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Durabilidade é passageira Parece estranho, mas pense... As pessoas passam pela nossa vida, de um instante a outro não faz mais sentido estarem ali. O que permanece? Normalmente a família. Confie em seus familiares, Ame-os E sempre agradeça a eles o fato de você estar vivo. Tudo cai por terra, seu emprego, seu romance, suas mentiras, o patrimônio. A família fica. (seja lá como ela for) Permanece. Nada mais importa, é a intuição que protege a alma.
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Preciso falar aos homens Meus caros, Onde está o respeito? Onde anda a compaixão? Existe mesmo amizades sem segundas intenções? Existe boca sorrindo sem língua nojenta? Onde estão o entendimento e a aceitação em ouvir um NÃO!? Me deprime, esse bando de soldados arrombando a muralha do limite. Castrem-se dessa mania de achar que pertencemos a vocês. Que existimos para servir. Amadureçam com urgência. Principalmente aos que se dizem compreensivos. Só aí já não há igualdade. Acordem.
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Lobotomia sem razão Entende da pequena traição Salvação suja de todos os dias. Úteis são as encíclicas para se fazer fogo. Entregue à tentação divina de ser sua... Sem nunca ter sido.
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Que preguiça Eu tenho muita preguiça E tenho vergonha de dizer que tenho. Então vamos odiar? Ódio aos bonzinhos, Limpinhos, Fofinhos que não sentem preguiça nem dor nas costas. Eles são do bem. Normalmente fodem com sua mente com sua autoestima também. Jogando na sua cara a preguiça que eles não têm. Não têm? Será? Pau no cu dessa gente são robôs dementes. Peidam pó de uma vez só e vem falar do meu pudim. Larguem de fingir que a preguiça teve fim.
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Relevâncias?! NÃO! Eles fecham os olhos. Entretenimento mal feito encanta. Fico triste, por mim, por você, por eles. Nós escolhemos varrer pra debaixo do tapete Fingindo que o mundo é belo Pra continuar vivendo. “quem começa com a pergunta errada, não encontra resposta certa.”
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Diga pra mim que não sou só seu passatempo Que nossa canção terá meu nome em reconhecimento. Que eu não sou um breve escape desse seu momento. Diga pra mim Que a realidade é outra Que não sou mulher para ser feita de trouxa. Que é de bom grado reconhecer Que a parte fogo sua tem sede da minha saliva. Eu sou aquela que sem pretensão dá nó em suas tripas pra acalmar seu coração. Portanto diz pra mim Em mentira a forma mais limpa da nossa verdade. No mais apenas isso.
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Uns sabem lidar com a vida... Outros contemplam a morte. Mas... O que é viver se não estar vivo num só plano? A verdade que resta uma só: Ninguém sabe coisa alguma.
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O que me encanta em você é sua sabedoria. Você me ataca quando me faço frágil, é disso que gostamos. De jogar. Dominar, Humilhando aos seus pés aquela que o liberta. Quando frio você está, eu tiro chamas de calor de seu corpo. Com meus olhos almejo sua depravação. Eu sei sugar você Você vive disso, Do poder que dou em suas mãos. O poder supremo de um olhar entregue. Somos mundanos, Belos e profanos... É isso que nos torna depentendes, A liberdade. Você o único e melhor demônio que já conheci.
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Vida tão curta Foge comigo? Vida tão cinza Eu quero me cremar com você. Vida só. Uma só vida. E mesmo que houvesse outras Eu amaria você em todas elas.
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É complicado amar uma presença em vão... Eu no amor Você tesão A imatura e o durão, Você caralho eu coração Fiquei sozinha sem saber... No mais vou aprendendo que a saudade é doce, triste, de suspiros meigos e lágrimas secas sussurando a dizer: “ah se sua eu pudesse ser.” Tô adestrando repousar minha emoção e a ausência sua ao meu lado permanece. Sei lá eu por quê Desisti de entender que meu carinho é pra você. Não importa onde esteja, Se invade ou não Se é caralho ou coração. Quero-lhe livre, bem. Mesmo que tenha sido nada, Pra mim é. Não sei o que vejo em você. Anseio que sejam verdades, Alucinações seriam meu completo Fim.
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Me pego pensando em renúncias que fiz Família, amigos, amores, colo, namoros, companhias. Festas, faustos, pó, putas, porres, pregações. Renunciei faquezas, preguiças, medos, dores, inseguranças...
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Me sobrou: Fé na vida. Sou forte, Sou gana, cigana Ana Guerreira de olhos tarados, com sede de vida. De alma, De arte. Vou só seguindo sempre em frente.
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E não te darei sorrisos A não ser que mereças Eu é que perdi a vontade. Não que pelas minhas costas não pudeste fazer o que bem entendes. Mas isso matou em mim algo que te queria bem, O mal não é desejo meu, se arruinado ficares, Compaixao minha não será algo a contares... Se caires Não te ajudo a levantares. E se morreres, Não farás a menor falta. Desculpa-me ter ficado assim, não saber perdoar o que fizeste pra mim. Aqui dentro tem alguém que a luz dos olhos foi vedada por almas como a tua. E se Deus existir, que tenha misericórdia de nós.
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Gostaria de reencontrar você Num outro tempo longe das horas e distante das intenções. Eu olharia pra você pra ver somente seu sorriso, Sonhos... Para sentir que confia em mim. Gostaria de me apaixonar pelos seus defeitos, chatices, chiliques... Cheguei a sentir saudade de viver com você! Mas nem ao menos o conheço Mal sei seu endereço Mania besta essa minha, de escrever roteiro lindo, Pra mundo cabreiro.
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Já amei tanto tudo. Infinitas vezes. Mas nunca gostei de mim. Não aprendi ter amor próprio, nem a ser feliz sozinho. E pensando em você eu vou vivendo arrastado, todo santo dia. Por que a vida fica linda ao seu lado? Pra que sentir, se saudade dói? Não sei viver, sem abraço, sem afeto, sem amor. Eu amo. Não consigo não amar. Você. Quero-lhe bem, mesmo distante, que se mantenha assim, sendo feliz enfim. Longe da minha loucura De não viver sem amor, E Existir sem me amar. 65
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Crianças são adultos Num estado Permanente De Embriaguez.
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Seus lábios nos meus completando instantes de carinhos bem guardados. Pequeno sorriso no canto dos lábios. Memórias doces que o amor conhece. Tocar nos seus cabelos com afetos que não são de agora... Ternura em toque é uma espécie de memória. Não o conheço de agora... E preciso mencionar o quão foi bom de ter por hora... Talvez sua presença já viveu ao lado meu, Numa vida dessas que chamei de sonho.
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A estrada descansa a mente Que gostoso mudar de lugar Faz a alma nascer de novo Tenho talento pra isso, fugir, sumir, mudar... De humor, de lugar, de amor, de estar... Eu mudo. Amo quem me faz mudar, eu sou e sei me adaptar... Só não me obrigue a ficar Deixe-me ir e voltar quantas vezes eu bem achar Pra enganar meu coração. Viajo pra mudar, tornando viajar minha permanência de tranquilidade. Mudar, Mudando tudo o tempo todo... Permanecendo no meu devido lugar, mudança. 71
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Não que eu ame tanto assim as pessoas, Mas eu beijaria todas elas. Só pra receber amor em troca. Carente isso... De querer doar pra ganhar amor dos outros. Devo ter aprendido na igreja antes de ser expulsa por questionar... se viemos do sexo, estamos a pecar quando nisso pensamos o tempo todo? Doa a quem doer, Somos frutos do “pecado”, e fazemos o bem pra ganhar algo em troca.
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Gosto também daquele que não me dá bola Vezes sempre me ignora Escorregando para sair fora. Me apaixono pelo desafio: de fazer querer quem não me quer. Tenho audácia de fingir que amo a quem odeio, só pra ganhar amor e chutar desprezo em retribuição. Sou refém do ego, ego id, idiota. Não sou santa como eles, como a dona Maricota. Ela sabe o terço de cor! Eu não. Aprendi a rezar com fé. De pulsos cortados, já amei homem casado e falei verdades na cara de quem não devia... Quando me definem, chamam-me de ousadia.
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Homo, hetero, misto, brocha. Pode ser outras coisas se quiser também... Só Não dá pra ser burro. E é isso que escolhem ser.
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Somos humanos e aprendemos a passar fome. Anoréxicos de peso, De Saúde, De Fé e De Amor.
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Aprender a lidar com a tristeza é fundamental para existir. É assim que temos prova de estar vivos e não sonhando em momentos irreais. É na tristeza que a verdade é revelada, Sentida. Longe das mentiras que a felicidade finge. Felicidade é perigosa, traiçoeira, viciante. A felicidade inventa o impossível na nossa cara, e quando começamos a crer, ela some, deixa buraco. Vivemos sabendo que vamos morrer, Só daí já dá pra ver Que felicidade não é o caminho.
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“Autoria Conjunta” Não posso ficar no poço... Por isso eu quero mergulhar Na sua alma o seu pescoço... Da carne até o osso... Dou laço em seu pescoço. Mas todo mundo vai morrer... De câncer raiva ou Frustração, Hérnia de disco em Sant Tropé Endinheirados sem ação. Mas todo mundo vai morrer Foram vivendo a vida em vão. Fazem regime e sem comer Não dão espaço ao Coração.
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Não é saudável estar por cima ou por baixo É de bom tom andar Lado a lado. Principalmente quando se trata de amor.
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Sinto vontade de choro constante É bem diferente de sentir solidão. Eles fazem tanto barulho que incomodam além do que consigo suportar. Falam demais, cobram demais, invadem além da conta. Não respeitam opiniões. Opiniões que não são as minhas. E quem se incomoda sou eu, penso sempre estar incomodando. Por isso não gosto de companhia Quero silêncio mental Paz espiritual. Nem homem, nem mulher, Isso não importa! Eu só quero sentir que o amor existe em cada esquina. Quero paz com harmonia. Quero ser de uma família.
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Mulher Normalmente se define pelo desconforto em andar só. É que a terra é de ninguém e a roupa que se usa num cenário escuro, interfere no ataque. Bizarro, não? E ainda por cima se dizem cristãos. Desde a infância preferi ser homem, não sei por quê, ninguém me ensinou isso, mas notei que tudo ali era mais simples. Me senti vezes viva e amaldiçoada por ser mulher, e ser castrada em opinião num mundo de machos bichos violentos sem ação. O problema não é esse. É a sensação de impotência que existe mesmo longe das diferenças, mesmo quando os direitos fingem estar iguais. A sensação persegue, e dá nojo seus olhares em nossas pernas. Admiração é bem diferente.
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Ser mulher não é esperar homens mamar em quantas tetas desejarem. Isso é falta de humanidade. Acordem, vejam a realidade. Queremos igualdade pois todos somos almas, e não uma presa fértil ao seu instinto de ataque. Respeitem, minha saia não tem a ver com seu pau, tem a ver com minha roupa. E nascemos todos nus. Um corpo é só um corpo, mate já sua mente suja.
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Cansei de ser humilhada por aqueles que têm dinheiro Poder, E acham que educação é fazer o que eles querem. Quanto mais direita sou mais esquerda eu fico. E não tem a ver com política. Parem de se ofender por dinheiro Dinheiro Sempre ele, rezo para que um dia vocês não tenham mais. Quem sabe assim aprendem tudo o que me ensinaram... Quando não temos nada nos resta ter amor. Que assim seja. E que o amor chegue enquanto ainda há saúde, para que o último abraço de afeto exista em vida.
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Por que são pessoas más? Por que haveriam de ser boas? O mundo não foi justo, muito menos belo. Quem quis justiça, fez com as próprias mãos. Para comer, caçar. E para aprender amor? Nunca souberam o que é amar. Dessa fonte sublime ninguém mais bebeu. Ah, o amor, Que não traz princípios de igualdade derradeira, E se faz bonito quando para sempre dura. E eu que desejei tanto amor, amando estou não sei o quê. Perdida, sinto a imensidão de um coração. Mas se não for o amor, seria a vida em vão? Não. Seria fria, salgada e sombria, como as pessoas de alma gelatina...
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Não sabem ser Não são amor Muito menos sabem o que é provocar dor, Não sentem nada, além do gosto amargo que exalam. Não enxergam o espelho de Deus, pois temem energia tamanha. Medíocres de fé Luz, Fertilidade, Tenham piedade deles.
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Existe um lugar em mim onde O sagrado é profano e tudo que é solido desmancha no ar. Existe em mim por vez um lugar Que o medo é separado, a loucura é meu agrado O pecado é fuga, mentiras verdades, Venenos vaidades, e amar É droga das boas.
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Faltam sonhos... Lucidez tamanha que beira a loucura Tampando sol com peneira velha. Por que tudo tão triste? Qual é a verdade? Eu quero saber, seja ela a pior de todas... Ninguém tira a alegria de tocar na realidade, na verdade nua e bruta... Se é que ela existe...
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Batem panelas na janela... Mas na própria cara ninguém joga água gelada.
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Um grande autor escreve amor. Na melodia de almas criadas... Entre afetos, gritarias, desavenças desvairadas... Um grande autor faz com que a Arte nos convença de que a vida vale a pena.
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Peço perdão Pois estou infeliz. Infeliz e solitária. Onde a maioria gostaria de estar... Onde o sol brilha, e me faz querer gritar. Para não matar os outros, Estou pensando em me matar. Só meu corpo vai morrer, assim a alma vai vagar. Minha alma vai vagar? Se vagar nesse lugar não sei para onde vou migrar. Tenho nojo das pessoas, Tenho medo de falar. Se isso for sucesso, eu gosto muito do fracasso.
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O som da sua voz Me faz surda. Me faz fria Fraca Nua. Triste cinza e feia. Seu olhar me recrimina, e não sei quem é você. Deve ser parte de mim que não falei na terapia.
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Eu só quero Dançar, ao som de uma doce paixão... Não importa o tempo... Quero olhar nos seus olhos, e bailar... Dançar, a doce valsa do amor... O mais perverso dos tangos... Dançar Como se o nosso sonho pudesse existir... E durar por toda a vida Dançando...
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Sou a destruição dos lares O diabo que você procura como opção, depois teme. Eu sou aquela que dá nó na fumaça melhor que você. Sou homem de saia que arrepia os alphas. Mete medo no desejo e o devora sem medo. Sou aquela que você gostaria de matar e não consegue. A que você deseja tanto que prefere ignorar. Sou a verdade aberta que você tenta tocar... Ninguém nunca assume. Sou aquela com quem você não casaria, mas no altar vai lembrar... Que sou a única que fez você chorar feliz. Sei que teme suportar o furacão cintilante, Teme minha inconstância e meu lado macho além do seu.
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Desinteressante, Olhar se torna Desinteressante. Angústia da noite não dormida, Da canção não cantada. E da paz mal resolvida. Camuflada com sorrisos de desespero, da criança que viu, sentiu, o que mais temia. Olhos que não brilham mais por alguém que existiu. Olhos que sentem verdade como um tapa repentino e breve desassosego. Olhos que cintilaram num breve instante e me fizeram sonhar. E eis que não seria permitido levar a vida assim... De sonho em sonho... Por favor não me peça pra acordar no cemitério, da realidade. Me engane direito e sem dignidade. Para que eu nunca desconfie que haja algo ali que foi sonho e não verdade.
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Tenho sede de ti Tenho sede de ti E mato-me aos poucos Cometendo meus pecados... Querendo-te ao meu lado de um jeito todo errado... Desavergonhada. Sou menina, e das levadas... Tenho noção nenhuma do perigo que és. Tenho sede, Não te enganes não te iludas com o superficial. Tudo que é da aparência te engana como tal. O tal... Que me seca a garganta e abusa da inocência que eu nunca tive.
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O meu olhar, pra você eu entreguei o meu olhar... Reflexo da alma já descrente no amor mais uma vez se apaixonou. Você tem parte do meu coração, e o mais doce dos venenos faz com que eu não resista. E eu não tenho vontade de me vestir nunca mais. Paralisada de amor, apenas pra você estou. Não temo sua força, seu ataque e invasão. Me despi e aceitei sua possessão. Não há outro alguém que me inebrie assim Perigosos, envolventes, fervemos em busca de sangue quente. Vamos embriagar e quanto mais perigoso for Mais gostoso há de ficar. Case-se com ela Para vir me visitar.
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Os olhos brilham em êxtase profundo. A alma revela-se quando o amor transborda... Viva, sensível a cada gota de orvalho que refresca as manhãs. Feliz de amor. No caminho da minha lucidez.. Gosto de poucos Gosto dos loucos... E me conforta estar em seus braços. Assim me agrada viver.
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Paciência me falta ou está sobrando imbecil no mundo? Cansada e exausta, Meus olhos choram quando olho pro mundo. Uma vontade de amar de abraçar... De sentir alguém que não existe... Triste fim daqueles que se sentem que amam que veem tudo aquilo que vejo. Quero distancia de tudo. Quero fugir de mim Me isolar do mundo e afogar no amor. Desse jeito sim, seria um lindo fim.
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Eu só quero que o natal chegue que os dias voem pra memória falhar e eu esquecer você. Esquecer de tudo. Inclusive esquecer que você mentiu pra mim. Dói de um jeito diferente dói com peito cheio com a solidão ausente. Eu me sinto tão em paz sem sua cobrança constante todo tempo. Me sinto leve sem enganos, me sinto com direito à vida, às escolhas, me sinto viva. E não um animalzinho de apartamento ansioso pros donos chegarem logo para uns poucos minutos de atenção que fazem a alegria da vida dele. Até agora fico pensando como é que você foi capaz de mentir pra mim? Por que você é mau? Porque fingiu ser bom? Pra que me envenenou de uma forma horripilante? Por que está buscando um lugar onde não é seu meio, pra quê?
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Por que tão marcado, silicone e chatas loiras que não sabem nada além de querer dinheiro? Por que eu fui gostar de você? E por que me deixei levar tão Fácil? A resposta eu sei, e não importa. Que coisa mais bizarra, eu confiei em você. Isso me dá preguiça. A vida real é tão sem graça quanto a certeza que você me dava de que éramos sim uma exceção no mundo. Como Aladim diz para Jasmin que seu nome é príncipe Aly você mentiu pra mim. Dissimulado com minha família e comigo que sempre estive ali. Você não merece meu olhar. Eu cuidei da sua saúde. dei-lhe casa, dei-lhe família quando a sua desabou . Eu fui a pessoa que sempre esteve ali pra você confiar e você não quis preferiu me enganar isso é horrível demais pro meu coração suportar. Até agora estou pensando, que merda! E a raiva o ódio se misturam 122
com pena de um Menino de mentira que pra mim era verdade. Que merda, quero que você morra ao mesmo tempo queria acreditar que caráter se muda. Por que você destruiu tudo aquilo? Por que eu fui tão idiota? Por que sua família é tão escrota? Por que você é como eles? Sério. Quero que você morra. Levando na cara, do mesmo jeito em que atirou em mim (eu não lhe desejo o mal com o fundo da minha alma, mas a raiva me domina muitas vezes) só quero justiça no mundo, eu paguei meus erros. O que mais me enlouquece é imaginar você mentindo além da mentira base, inventando cenários que não existiram, contando palestra, me enganando no seu baile de formatura, mentindo tendo mil rolos com mil meninas pelo celular, mantendo sacanagens no snapchat, almoço com uma amiga que vai lhe ferrar nessa vida, rolo com as professoras, você não esconde as coisas da maneira excelente como imagina, eu sempre soube, aceitei por um motivo que só eu sei 123
e não valeu a pena! Você é a pessoa mais suja que eu já conheci. Eu tenho pena da sua alma, tenho convicção que paguei os meus pecados nessa vida. Vá à caça de mais uma Vítima imbecil como eu. Que ela seja rica loira como você gosta ou que seja as crianças com quem você adora transar. Acima de todas as coisas que existem no mundo eu só quero que você morra. Você me traiu da maneira mais escrota, mais fétida. Judas. E tem coragem de vir falar comigo, você é dissimulado demais pro meu gosto. Case-se com alguém como você. Eu compreendo você querer lugares que não são seus, Por que ser uma pessoa como você é triste é péssimo é degradante, então vamos imitar o outro o bom, sua intenção está correta, imite o bom, sabendo que isso nunca será quem você é. Isso nem você deve saber, tenho pena de um menino sem identidade. Volte ao seu mundo de lutas baixas, meninas chatas, garotos baladeiros burros que não sabem nada, como você. Volte para copos de vodka com energético 124
para aquele cigarro nojento na boca para pessoas que perdem tempo tomando cerveja e jogando vídeo game ao invés de evoluir. Volte pro inferno de onde veio. Presente? Dê para qualquer pessoa que você vai flertar por aí. Não quero seu amor não quero presente não quero me lembrar que você existiu, me machucou demais. Você nunca amou: nem a mim nem a ninguém além de si mesmo, então não diga que me ama, isso me derrota ainda mais, eu sinto inconformismo das suas mentiras do seu comportamento dissimulado, O destino me ajudou mais uma vez e tirou você da minha vida, ter um menino preguiçoso encostado interesseiro e mentiroso do lado lhe passando a perna em toda e qualquer oportunidade é triste demais, não me procure sendo que já esteve com outras pessoas que você pode enganar, não me procure tendo essa cara de pau absurda isso só demonstra que 125
além de sem caráter você é cara de pau. Sua alma pobre me dá pena, que em algum momento haja salvação. Se bem que você não se importa com isso, me esqueço que pra você é um relógio caro que vale, é um título de merda; é uma mentira como sair por aí num carrão pra pegar mais vagabundas tão interesseiras quanto você. Chega, não mereço você perto de mim. Abrace os podres que te rondam e vá ser feliz no meio do inferno. Você matou qualquer resquício de amor que havia em mim. Não há o que fazer, aceite e siga seu caminho. Pare com essa posição de vítima quem mentiu foi você, a ferida é minha dela eu sei como sarar muito bem. Os bons sabem cair e levantar, os maus sobem nos outros para sugar a luz que não possuem. Coloque os pés no chão, olhe sem titubear para a realidade, veja o que fez e compreenda o motivo de que não há volta, aceite e siga em frente como preferir sendo alguém um pouquinho mais humano 126
ou sendo quem você é. Entenda que você não gerou um problema grave para mim mas para aqueles que eu amo, é muito mais sério e grave do que sua consciência ainda muito imatura pode entender, você é a espécie que atira pedra no carro dos outros, menino mimado, birrento, que mente para obter sucesso, que só anda com pessoas que podem lhe fornecer algo, você não pensa que sua presença faz mal pra mim? Pense um pouco, olhe o mal que você me causou, olhe a gravidade do trauma que você provocou não só a mim, coloque os pés no chão. Pare de delírios! Coloque-se no seu lugar, assuma seus erros e não me venha chorar com sua falsidade brilhante. Seu golpe não deu certo comigo. Siga em frente, com mais maturidade pra não pegar mais uma doença além das que você já tem ou vá simplesmente se ferrar. A escolha é sua e eu não faço parte disso, tentei e dei o meu melhor com todo amor que há em mim. 127
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Mija na minha cara deixa eu sentir teu gosto mais banal. Cuspa, suavemente em minha língua com as mãos no meu pescoço, eu gosto do jeito que nossos olhos se devoram. É o seu olhar que faz escorrer mel entre minhas pernas, é a sua língua que eu desejo dentre minhas pernas, e foi teu halo que me envenenou gostoso. Da forma mais profana sublime e pura posso dizer entregue a você eu gosto de estar.
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Tenho tesão na vida Principalmente de olhar nos olhos dele. Azuis tímidos sem serem. Suas vergonhas não existem pra mim. Eu vejo um sábio, belo Sua voz é doce, grave e me conta causos que ainda não sei. Tenho tesão na vida Nas horas que passo ao seu redor.
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Irritas quando digo que não há verdade absoluta Aprendi assim na vida E não é pra te afrontar. É praga do destino, fazer conosco assim, Somos submetidos a conviver com aquilo que nos irrita. Se Deus existe ele está rindo de nós o tempo todo... Achando meigo os soldadinhos divagarem sobre aquilo que não sabem. E quando eu penso isso volto sem prova nenhuma achar: Que a verdade é que não existe verdade nenhuma. Somos um bando de gente que tem que ser crente pra continuar vivendo. Não existe certo e errado. Não há verdade absoluta. E eu ando lendo demais, leitura causa problema, descubro que não sei nada e invento que a verdade é relativa. Rsrsrsrs...
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Normalmente quando temos pouco Muito aproveitamos Tornando farto o que era escasso. Quando temos muito desperdiçamos sem notar o quão medíocre isso nos torna. Mais vale um sorriso do coração Que uma gargalhada paga. Mais vale um retrato na alma Que uma foto mal tirada. O melhor dos registros é a memória mesmo quando ela se apaga. A sensação permanece de ter vivido algo ali. Uma lousa escrita não será virgem de novo. Cuidado ao educar crianças elas não merecem ser poluídas tão depressa.
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Fui estuprada tantas vezes que perdi a conta Eles se dizem gentis, amigos cordiais que agem conosco da maneira como “gostaríamos”. Têm a capacidade de dizer que a culpa é nossa: de provocar sensações e instintos assim. Me sinto culpada e com medo de mim É triste saber que eles não dão a mínima para minha mente. E destroem o pouco de sanidade que resta. Fui estuprada tantas vezes E ninguém sabe, pois tive vergonha de dizer o que eles faziam... Violentada de tal forma que minha cabeça entendeu como elogio a pior das ofensas. E eles não se envergonham. Sentem orgulho de agir assim. Tem que existir uma forma de parar, Falta de respeito... Gera consequências irreversíveis. Fui estuprada tantas vezes que não tenho medo de matar ninguém. A pior prisão é o silêncio recebendo olhares indiscretos em lugares públicos.
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Um Conto teatral para finalizar Humanamente Humanos Edilaine e Rodiney começam a conversar... Edi - Eu só queria entender… Diney - Entender o quê? Edi - Por que o ser humano tem essa mania besta... Diney - Qual delas? Edi - A mania besta de querer ser bom. Diney - Ser bom? Edi - Ser “do bem” Diney - Você tem essa mania? Edi- Internamente devo ter, finjo que não porque acho cafona. Diney - Ser burro ok, cafona jamais! ( risos) Edi E não é? Burro todos somos, não tem muito o que fazer, agora cafona é outro lugar, ser cafona envolve usar sentimentos de brechó, não as roupas, que são até que bem melhores do que vejo por aí. Diney - Tendencioso, não? (risos), desculpa mas eu não consigo lidar. Edi - Lidar com o quê? Diney - Com porra nenhuma. Sempre tem alguma coisa dentro de algum bendito canto com que eu não sei lidar, e quando aprendo, surge uma bosta maior pra eu ter preguiça de entender, aí passo por cima mesmo.
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Edi - Passar por cima... (contemplativo, pensativo) Diney - Que, que é tá com delay? Edi - Já percebeu que a humanidade talvez só exista pelo fato de passar em cima de outras coisas? Diney - Já. Edi - Não responde assim, se não isso acaba. Passe por cima pra ter o que falar. Diney - Ok. Nossa “a humanidade só existe pelo fato de uns passarem em cima dos outros” ( bate palmas). Genial!!! Tipo ninguém disse isso antes, realmente você é gênio. Edi - Puta merda, tá me tirando por quê? Diney - Tirando não, passando em cima, do seu ego inclusive, chamando-o do que você mais odeia... Edi - O que eu odeio? Diney - Ser burro, ser humano. Edi - O ser humano é complicado: indivíduos coletivos, começa por aí e ninguém sabe lidar com isso. Diney - Ah! Eu sei, eu faço terapia! Edi - Pra suportar o fato de que você é um imbecil, e como cresceu, não pode mais dar birra que sua mãe já até morreu pra pegá-lo no colo. Diney - Precisa falar desse jeito? Edi - Ah tá ? tá vendo ? Somos melindrosos demais, nos achamos tão importantes que ninguém pode falar de qualquer jeito conosco, que nos magoamos. Diney - Magoar é natural. Edi -Não é coisa nenhuma, coisa de ressentido! Um leão na selva não fica magoado porque foi traído, a vida dele é mais que isso, ou menos que isso, enfim não importa. 140
Diney - Deus não gosta que magoem seus filhos. Edi - Meu amor, que Deus? Deus está morto, se é que um dia nasceu. Inventamos até nisso pra não sentir o abandono. Diney - O que é que existe então, se inventamos tudo? Edi - A fome. Diney - Porra, eu tô perguntando sério Edi - O que você sente quando está com fome? Diney - Vazio Edi- Oco? Diney- Oco. Edi - Intenso e profundo? Diney - Exato, que às vezes dói, às vezes é uma delícia... Edi - Pronto, é isso! Diney - Isso o quê? Edi - Isso que existe. Fome existe. Sentimos, ela ajuda e atrapalha. Diney - Lá vem... Edi -O que você quer ser? Magro, não interessa nada além disso, queremos ser magros, fingimos não estar nem aí, quando estamos gordos demais pra ser magros. Diney - E fome ajuda em quê? Edi - Quando você sente fome, quer ser magro e não pode comer bosta nenhuma. Aí então você procura se distrair com qualquer outra coisa, tudo serve, até ter amigos, isso te mantém magro. E em contato com uma verdade, inquestionável que se chama fome. Diney - Meu Deus! De onde você tirou isso? Edi -Pesquisando salários nutricionais. Diney - Oi? Edi - As pessoas não conseguem mais fazer amigos de verdade como antigamente, que diziam verdades sobre você que você 141
não vê sozinho, aí então inventaram Nutricionista, um amigo pago pra mandar você parar de mastigar tudo o que vê na frente e ir fazer outra coisa. Tipo, academia. Diney - Academia ? Edi - Coisa de rico que pobre achou legal e se espalhou. Se observar na história, os humanos se mantém em movimento pra sobreviver, então por que raios imaginam que podemos ficar parados? Sai andando pela rua, faça força, caça coleta, qualquer merda pra se mexer, até cross fit. Diney - Cross Fit ( risos)!! Edi -Já percebeu o que é Cross fit? Pessoas pagando muito dinheiro pra se arriscarem a fazer coisas que são diferentonas, se machucarem, sentirem superação e a melhor parte: SEREM MAGRAS! Eu chamo de desculpa de medroso pra brincar na rua. Diney - Para de falar bobagem que eu não estou aguentando (rindo muito). Edi - E por que você tá escutando? Tá matando tempo pra que? Diney - Pra ir almoçar. Edi - Tá com fome? Diney - Pra caralho. Edi - Tá vendo? Você só está aqui me ouvindo dar palestra porque tá se achando gordo, foi ao nutricionista e ele disse que tu tem que almoçar sopa, às 13 horas. Como ainda tá cedo, você não sabe o que fazer com sua fome, e fica aqui enchendo linguiça. Diney - Verdade. Edi - Os humanos querem somente 3 coisas, ou 4. Diney - O quê ? Edi - Comer, trepar e comprar umas coisas. 142
Diney - As pessoas querem muito mais que isso. Edi - Querem porra nenhuma, é que hoje em dia a volta que tem que se dar pra chegar aonde se quer é maior que antes. Diney - Explica. (de saco cheio) Edi -Se temos fome, precisamos comer, e não é qualquer comida; e caçar não pode mais, então pra comer temos que trabalhar, pra ganhar dinheiro e comprar umas coisas tipo: comida. Diney - Faz sentido, mas sobrou uma, o sexo... Edi - A sim, o sexo, serve pra libertar. Diney - Oi? Edi - O único instante que o indivíduo é objetivo naquilo que deseja é no sexo, desejamos gozar, vamos em busca disso. E não importa o resto. Diney - Que resto? Edi - Não importa se você é casado, se você tem filhos, se sua mulher é gorda ou magra, se a pessoa com quem você vai transar tem doença ou não, se você vai pular cerca, afinal não é traição, é um instinto seu que precisa ser aliviado. E, assim, você consegue voltar pra vida merda que te escravizou com uma sensação de: eu quem mando nessa vida UHUl! Diney - Ai que egoísta! Edi - Isso, somos egoístas, e por que raios ficamos fingindo que não? Ninguém pensa no outro antes de si, e finge que sim, isso me irrita. Me dá preguiça. Diney - Eu me importo com quem eu amo. Edi - Você ouviu o que acabou de dizer? “eu me importo com quem eu amo”. Cacete, se isso não é egoísta tenho medo de pensar o que é. Diney - Pior, que eu não percebi. 143
Edi - Ninguém percebe, eu fico reparando nisso porque estou com fome, não quero comer, preciso matar tempo ate a hora de qualquer porra. Diney - Você está me usando, então? Edi - Obviamente. Não existe jeito mais legal de lidar com ser humano, invente uma utilidade pra ele, chame de amigo e segue em frente matando seu tempo até morrer. Diney - Se acha que morrer resolve, não se mata por quê? Edi - Porque todos iam começar a fazer isso e não ia sobrar ninguém. Eu ainda quero rir dos outros, poxa! adoro rir dos outros. Diney - Que coisa feia... ficar zombando das pessoas... Edi - Não sei porquê as pessoas tinham que ter vergonha de ser idiotas e não de rirem da cara delas. Diney- Cansei. Edi -Também. Diney - Quer café? Edi - Prefiro chocolate, tem? Diney - Não , só tem café. Edi - Então, não quero nada. (silêncio prazeroso) Edi - Você é feliz? Diney - Sim. Edi - E quando não é? Diney - Quando me enchem o saco, cortando minha brisa. Edi - Isso acontece sempre? Diney - Todo tempo. Edi - Então você é triste. Diney - Não! Porra! (irritado) Eu sou feliz, já disse. Edi - Não parece. 144
Diney - Mas puta que me pariu! Como eu consigo ser feliz com você enchendo o saco, perguntando isso? Edi - Tomando prozac. Diney - Tem aí? Edi - Tem. Diney - Quero. Edi - Por quê? Diney - Porque as pessoas me enchem a porra do saco o dia todo, todo tempo, em todos os lugares e eu não aguento mais, sou feliz. Mas quando me enchem assim não dá, tenho staffa, não gosto de gente, nunca gostei, dizem que é impossível ser feliz sozinho. Porra nenhuma, impossível é aguentar esse inferno dos outros ao nosso lado. Edi - Por isso eu gosto de silêncio, me acalma. Me deixa feliz. Na madrugada, quando escrevo, sinto uma paz tão boa que me emociona, como se minha alma fizesse carinho em meu ego, onde existe apenas eu e mais nada. Onde digo o que quero, não negocio nada com ninguém, não sou educada, não preciso usar roupa nenhuma nem feia nem bela, não importa se é gordo ou magro, nada importa, só existir. Gosto de existir ali, comigo mesma. No vazio do amor, feliz somente. Simples e em silêncio, gosto de ficar assim. Mas pra isso ser bom não pode ser toda hora. Diney - Por isso existem os outros, pra fazerem da sua vida um inferno e você ficar feliz quando fica sozinha. Quem fica sozinho muito tempo, deprime. Edi - Eu não deprimo. Diney - Claro que não, tu toma prozac. Edi - Melhor prozac que você que toma gente, fica inventando rolé de amigo dos outros pq não gosta de estar com você. 145
Diney - Eu nunca estou sozinho, tenho meus demônios comigo. Edi -Como assim? Diney - Não paro de pensar, fico matutando coisas, entre certo e errado, fico causando comigo mesmo, questionando a porra toda; às vezes fico obsessivo e penso numa só coisa, e essa coisa fica ali furando meu peito por horas, machuca, e eu não consigo parar, continuo pensando no que me faz sangrar. Penso também em coisas que não devo fazer, adoro imaginar cada cena , cada morte que eu queria ver na minha frente. Aí paro, vejo que estou pensando um monte de coisa errada, fico mal, me culpo, tomo rivotril e apago. Edi - Mas quem te disse que são demônios que fazem isso com você? Diney - E não são? Edi - São partes de você, meu bem, que você não resolve. São coisas que você teme fazer por não peitar o seu rolé nas consequências. Se meu pai, um dia, me deu um conselho foi esse: “peite seus roles”. Consiste em assumir suas vontades e atos. Se você não assume, não faça. Você tem medo de quê? Diney - De dar cadeia pow, não quero ser preso. É errado. Edi - Você não quer ser preso por que é errado? Errado é você querer matar todo mundo o tempo todo, não ter coragem de fazer isso , fingir que é uma pessoa boa, mesmo sendo escrota, e, ainda por cima, ir à igreja falar de Jesus. Isso sim é ter demônios, lobos em peles de cordeiro...oh raça! Não gosto de gente. Mas gosto menos ainda de gente morna, assim. Como eu odeio gente morna, “gente boa”, pra mim é tudo um bando de crente do cu quente. Diney - Para de falar assim, é feio, Deus castiga. 146
Edi - Quem tá castigada sou eu de lidar com esse lixo, não aguento mais, sério. Diney - Não aguenta, então, se mata! Edi - Não posso, porra. Diney - Não pode por quê? Claro que pode. Edi - Não posso não, eu tenho mãe. (um abraça o outro, como mãe e filho ) (quebra quarta parede ) Edi - O único amor que existe alem do próprio, é amor de mãe e filho. Unidade que se prolifera, um corpo que faz brotar outro, um fluido que alimenta outro. Pulsão. De vida sublime, que torna fio condutor ligado e dependente. Amor que é. Além de ego, amor biológico. Amor que existe. Amor de mãe pra filho. Diney - Você tem filhos? Edi - Não. Diney - Então você é solitária. Edi - Sou nada, porra! Eu tenho mãe. Diney - Então você é infantil. Edi - Sabe que eu adoro escrever carta de amor, mesmo sem amar, acho bonito se apaixonar... Diney - Você finge que ama por que acha bonito? Edi - É. Mas uma vez amei de verdade... Diney - E como foi? Edi - Não foi, amor de verdade nunca é, a gente quer que seja a todo custo, faz de um tudo, mas não dá, nunca dá . E dói, dói. Não viver isso dói, e não tem sentido doer assim. Aparentemente, você está normal só que já não presta mais nada ali dentro. Que nem câncer, quando descobre já foi. Diney - Caralho. 147
Edi - Ele tinha um caralho lindo, mas não era por isso. Diney - Maravilhoso. Não foi por isso que disse caralho...( rindo sem cabimento). Mas já que tu falou é por isso, tu se viciou num caralho e pensou que era amor? Edi - Acabei de falar que não era por isso. Ok era por isso, mas não era só isso. Diney - Era o quê, então ? Edi - O jeito, dele, sei lá , era diferente... eis que é uma das pessoas que eu gostaria de reencontrar,num outro tempo, longe das horas, das máscaras e também distante das intenções. Eu só queria olhar, ver os sonhos, sorrisos, ver que confia em mim. Sentir que também me ama, mesmo que não seja verdade. Diney - Você queria sentir algo que não é verdade? E tá aqui há 8 anos me falando de verdades, hipócrita, uma bela de uma hipocrisia isso aqui. Edi - Exatamente, prefiro chamar de escrota, me sinto bem sendo escrota. Sinto que sou real. Diney - Você tá me torrando a paciência. Edi - E eu ainda nem comecei, agora você vai ficar aí e escutar. Diney - Se eu não quiser, não ouço. Edi - Vai ouvir sim, tô pagando você pra isso. Não quero dinheiro, eu só quero amar. Diney - Se isso fosse um musical, Tim maia entraria agora, com bailarinos animados e a plateia ia ficar feliz... Edi - Ainda bem que não é... Diney - Por quê? Edi - Por que todo ídolo que alegra muita gente, na verdade é triste e morre na merda. Diney - Mas tu toma prozac. 148
Edi - Cacete e tu acha que resolve? Diney - Não resolve? Edi - Não. Diney - Então, por que tu toma? Edi - Por que alivia. Diney - Alivia o quê? Edi - O meu saco , alivia a porra da minha paciência que já não existe mais, por ficar nessa mania besta de olhar, ver tudo e não fazer nada a respeito. Ver dia após dia, o mundo ficando fétido, pobre, cheio de gente chata pra caralho. Já percebeu quanta gente chata do caralho? E pra me dar bem e não morrer de fome, eu preciso lamber o saco deles, mesmo sem querer. E isso não acontece comigo, acontece com todo mundo. E não há nada que possa ser feito? Além de fingir, fingir que ama, que se importa, que é do bem, que tem humildade, que tem respeito, que admira, francamente inveja agora é admiração. Puxa saco é o quê? É a tendência do oportunista não, é meio sujo de sobrevivência, e eu não gosto, não sei lidar, tenho nojo de quem sabe, tenho raiva também. Enfim, não sei o que fazer comigo, muito menos com essa humanidade. Diney - Para de surtar e não faz nada, só vive. Edi - Uma vida bosta? Diney - Bosta não, poxa, normal! Edi - Normal é bosta. Quero viver de verdade, viver amar foder. Eu quero existir. Diney - Então você vai sofrer muito. Edi - E existe outra opção? Desculpe, pra mim não. FIM
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R. Estevam Marcolino, 561 – Vl. Santos Dumont 14405-333 – Franca, SP – Pabx (16) 3722-8237 fernandarge@hotmail.com.br
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Quando não consigo guardar emoções, escrevo. Este livro é uma seleção de poemas, músicas, delírios e cartas, uma obra ficcional para aliviar, memórias e alucinações, para mandar recados que não seriam de bom grado, para colocar em arte algo que senti olhando o mundo. No calor das emoções é um alento para quem sabe sentir, quem não teme amar, e gosta de falar verdades. Recomendo: uma obra ao dia. Doses exageradas provocam revolta, e ironia em excesso.