Sombras da Alma Humana

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ANA JÚLIA CORNÉLIO RIBEIRO

Sombras da Alma Humana


ANA JÚLIA CORNÉLIO RIBEIRO

Sombras da

Alma Humana

FRANCA/SP 2021


Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Ribeiro, Ana Júlia Cornélio Sombras da Alma Humana/ Ana Júlia Cornélio Ribeiro. – Franca (SP): Ribeirão Gráfica e Editora, 2018. 116 p ISBN 978–85–7681– 340–8 ISBN Ebook 978-65-89271-26-0 1. Literatura Brasileira – Poesia 2. Poesia Brasileira CDD 869.915

© 2018 by ANA JÚLIA CORNÉLIO RIBEIRO Todos os direitos reservados.

Ribeirão Gráfica e Editora Rua Estevam Marcolino, 561 14405-333 – Franca-SP Pabx (16) 3722-8237 fernandarge@hotmail.com


Reflexões sobre as sombras da alma humana que habitam todos os seres e normalmente ao manifestarmos nada de bom vem à tona a não ser a realidade.


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Sumário 9

FASES DO AMADURECIMENTO

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O SUCESSO E O FRACASSO

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HONESTIDADE

27

VIDA ADULTA

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O INIMIGO

33

AOS

35

EXPOR PARA CONHECER

37

LEI DA

39

TO KNOW

41

SOBRE SENTIR

43

MISTÉRIO

45

AMOR CONTEMPORÂNEO

47

TRABALHADOR BRASILEIRO

49

VIDA

51

AOS PREGUIÇOSOS

53

LIBERDADE

55

PROPÓSITO

57

EXPERIÊNCIA

59

HISTÓRIA DE AMOR REAL QUE ACONTECE NAS NOVELAS

63

PARA MUDAR O MUNDO

65

NOJO DA HUMANIDADE

67

SOBRE

69

CORAÇÃO DE GELO

IMATUROS

SOLIDÃO

DA ALMA HUMANA

ESTÉTICA

AMOR

7


71

QUEM SOU E QUEM VOCÊ QUER QUE EU SEJA

73

ALMA

75

SOMBRAS

77

MENTIRAS

79

AOS

81

“SOU RESPONSÁVEL PELO QUE DIGO, NÃO PELO QUE VOCÊ ENTENDE”

83

MOSTRE-SE

85

ALMAS PERDIDAS COM MENTES

87

MALDIÇÃO

89

RECATADA E DO LAR

91

ANARQUISTAS DOS BONS

93

CUIDADO COM ABRAÇOS FALSOS E “ELOGIOS SINCEROS”

95

DO PÓ AO NADA

97

MORADIA

99

PARE DE FINGIR QUE SABE

DE SOLIDÃO HUMANAS

QUE FALAM PELAS COSTAS

NU

101 NÃO ENTENDEM 103 ME CHAMOU DE PUTA 105 DEVIA TER ATRAVESSADO A RUA 107 EMPODERAMENTO FEMININO 109 DESEJOS E SONHOS 111 TRISTEZA 113 PULSOS CORTADOS 115 SOMBRAS DA ALMA HUMANA

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PEQUENAS


Fases do amadurecimento Quando se é muito jovem, e não me refiro à idade biológica me refiro ao comportamento, existe a tendência nata à impulsividade por natureza. Os impulsivos fazem o que dão na telha, atiram-se sem medo nas experiências, quebram a cara na maioria das vezes, no entanto, os que sobrevivem às derrotas, têm histórias para contar. Quando já se viveu tempo suficiente para quebrar a cara algumas poucas vezes, a dor das cicatrizes anteriores te impedem de seguir adiante com a impulsividade, posto que você sabe consciente ou inconscientemente das consequências das coisas que faz e sabe também que cair toda hora não dá tempo de esconder ferida exposta. Aí surge o problema humano que é temido pelos destemidos: O famoso ato de ser bunda mole, não levar as coisas a ferro e fogo, ficar na maciota, pensar antes de agir e ao meu ver a pior das catástrofes situacionais de um indivíduo que é: ficar em cima do muro. Nem para lá, nem para cá. Literalmente observando as situações com receio de tomar atitudes, com medo de errar, posto que o erro já é parte do reconhecimento da experiência anterior e traumática. O que seria então o “acerto”? Ficar sentado na cadeira empoeirada, vendo sua barriga crescer, seus glúteos necrosarem, esperando algo dar certo, posto que talvez o errado fosse o que você precisaria para acertar um dia? 9


O certo será sempre ter cautela em toda e qualquer ação? De onde nasceriam os bebês então?! A cautela é pedra no sapato que tenho, sei que está lá, e no fundo de minha alma tenho vontade de jogar logo o sapato inteiro fora, por não saber o que fazer com ela, como não sei fico em cima do muro, dominada por algo que deveria dominar e decidir coisas que qualquer indivíduo precisa em certas etapas da vida. As etapas da vida se esgotam e por isso passam, sentir cada uma delas deve ter uma função maior. Bem, nem sempre creio que exista a maior parte das vezes, acho que humanos são frutos do acaso que para o acaso vão quando morrem. Pensar assim não me faz bem. Tenho inveja daqueles que possuem fé, quero ter também e tento. Não consigo. Tento novamente e me entristeço, posto que sinal nenhum do universo me faz sentir o que seria a função real de existir... Gosto de crer que tenho uma missão na Terra, para permanecer nela, e procuro dia após dia o que será que eu, indivíduo, vim fazer aqui... Falar é a primeira coisa que me vem em mente, sempre, e até agora não entendi porque estou escrevendo, se deveria estar falando... Talvez, porque mentimos para nós mesmos e nos escondemos em cima do muro, onde achamos que estamos protegidos, quando na realidade estamos sozinhos, correndo perigo desnecessário, posto que uma decisão e uma ação já fariam grande parte de um processo de evolução. Evolução ou retrocesso? Se quando jovens humanos tendem a não pensar muito para tomar decisões, depois 10


de maduros têm que criar coragem para tomá-las, pois se não tomam padecem infelizes na mediocridade. Cada vez que começo um livro novo, penso o que será que me trouxe aqui de novo? E são milhares de motivos diferentes, que por situações diferentes me trazem a um mesmo lugar, lugar esse de conforto. Conforto em falar, escrever, questionar, esvaziando mente e alma, jogando nos leitores perguntas que cotidianamente me faço. Talvez ninguém responda, e eu não ligo, gosto que pensem em alguma coisa para não me sentir só, matutando sobre aquilo que não se vê, não se sabe e não se vive. Gostaria de dizer também sobre o constrangimento de um autor ao ser lido: é desconcertante quando falam que leram, quando mencionam que gostaram, é chato quando questionam demais ou quando não expressam que odiaram. Não escrevo para ser lida por todos, não escrevo para expor ninguém. Escrevo porque minha alma escolheu isso para fazer em vida e eu respeito. Quando fujo, não durmo direito. Preciso estar em contato com a ferramenta mais clara que a comunicação me permitiu dominar, para me sentir viva, e seja lá de qual forma, dizer o que muitos pensam e poucos falam. A vida das pessoas é sempre tão banal, tão igual, tão sem sal, que quando se olha de longe parecem pequenos bonecos bobos viciados na programação mal feita de um game qualquer. Ainda não entendi se o sistema quer que sejam todos burros como ovelhas no rebanho, gados na engorda, ou se os humanos não suportam não ser parte de algo que faça algum sentido. 11


Trabalho, amor, religião, saúde quando não se tem, pois quando temos nem lembramos que ela existe. A “geração saúde” que me poupe desse papo furado, de que queremos ser saudáveis, tudo o que fazem é por vaidade, ninguém se importa com porra nenhuma, a não ser com o próprio reflexo no espelho e que ele seja magro, feliz e saudável. Nas mídias sociais todos são assim, até os obesos fingem ser magros, e os depressivos brincam de engraçados para passar o tempo, assistindo que são bem melhores do que realmente são. Não consigo acreditar na inocência da natureza humana. Primeiro porque me conheço e sei bem do que sou capaz, e não venha você leitor se fazer de santo, lendo a frase anterior que sabemos bem, tanto eu como você, que “bonzinho” ninguém é. Basta alguém mexer em algo, que você protege muito, que já sabemos o que acontece... Não poderia me esquecer de escrever sobre a inveja. Só para você invejoso, que está se dando ao trabalho de ler esse livro, saber que eu sei exatamente o que esse sentimento é, que eu também sinto, provavelmente não de você, mas certamente de pessoas que têm paz de espírito. São cada vez mais raras de se encontrar, ainda bem que aí quem fica em paz sou eu. Não é um livro de teorias, nem somente de poesia, faço uma autobiografia sentimental e analítica, sobre ações que são não só de meu comportamento individual, como também parte de um comportamento coletivo. Conhecer a si mesmo será possível, posto que mudar é ocorrência para além do tempo? Não estou aqui para responder, estou para perguntar, cutucar e refletir, lado a lado, com quem desejar. 12


Menina, porém mulher, vou de encontro às dúvidas saio da zona de conforto, jogo questões no céu e levo para o inferno também, às vezes sei o que estou fazendo, já tomei partido, comprei briga, fui para guerra, voltei e posso falar: meu lado preferido não é em cima do muro. Amadurecer é dolorido, demanda esforço e se faz por meio de um processo, no qual olhar no espelho interior provoca sentimentos tristes, pois observamos atentamente nossa alma, que está distante de ser boa e que já errou muito. Reconhecer que erramos da boca para fora é fácil e como seres infantis, fazemos isso desabafando para nossa família, amigos e às vezes em casos mais narcísicos nas redes sociais. Esse tipo de reconhecimento não é válido posto que o que está em evidência não são os erros cometidos e o processo de evolução necessário para não agir da mesma forma, mas sim a doce mania humana de se colocar como vítima da situação e refém dos acontecimentos externos. É impressionante o quanto gostamos de nos fazer de vítimas e competimos com as demais pessoas numa disputa de quem sofre mais, de modo que fingimos que estamos analisando as situações, mas na realidade estamos todos em busca de uma única coisa: um colo materno de onde não gostaríamos de ter saído. Crescer e amadurecer demanda primeiramente o rompimento com o cordão umbilical e isso causa medo, insegurança e sentimento de perda total de referências, por isso quando passamos por alguma espécie de problema ou desafio que não queremos enfrentar, nós nos deitamos em posição fetal e choramos querendo colo. 13


A preguiça é minha maior inimiga para a evolução, a sensação de comodidade e conforto por depender dos pais causa sentimentos dúbios de vergonha, depressão, conforto e uma falsa aceitação de permanência, em função de um tempo cronológico que não faz nenhum sentido, a não ser como desculpa de entrar na vida adulta por completo. O mundo não é dos ambientes mais amáveis ou belos que existem, quem o vê dessa maneira está além da realidade e talvez viva melhor por isso... Eu escolhi a verdade dos fatos ,e por isso, a infelicidade me assombra com frequência. O ser humano busca armadilhas para escapar da angústia que é estar vivo, quando o colo materno não funciona, a religião pode ser eficaz, os relacionamentos afetivos, produzindo frutos como filhos, e ainda o mercado do consumo, em que se você tiver dinheiro pode comprar e adquirir bens de consumo, que de maneira mentirosa e instantânea vão parecer produzir alguma espécie de sentido maior para sua vida. O fato é que nada disso é real e para sempre, sua família pode desmontar seu dinheiro, a religião pode não explicar, e o que vai por fim restar? Você com você mesmo. Seu autoconhecimento, sua própria companhia, e controle emocional, para superar que tudo ao redor se foi. Portanto, amadurecer é se conhecer, para fazer da sua mente sua casa, e mesmo que tudo ao redor desabe, ainda existe esperança para continuar vivo, mesmo sabendo que a morte é certa.

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O sucesso e o fracasso Sensações ambivalentes e complementares para o amadurecimento humano, individual e coletivo. Quando se fala de sucesso, tudo flui com mais facilidade, posto que nele estão as glórias e vitórias alcançadas, os aplausos daqueles que amamos e inclusive a inveja de quem odiamos, que dependendo do grau de sucesso são obrigados a reconhecer nossas qualidades e virtudes em fazer algo que a maioria não faz. É bom estar em sucesso, e porque digo “estar” e não “permanecer”? Pois como tudo, até mesmo a existência, o sucesso passa rápido, durando tão pouco quanto a felicidade. A indescritível sensação de que Deus existe e está ao seu lado, a sensação de gratidão à vida e ao Universo que proporcionou sua dádiva. Ser santificada e devidamente alcançada, afinal, o ser humano tem mania de achar que é bom, esforçado e, por isso, merece algo em troca. Adestrados como cães, nós humanos achamos que se tivermos determinadas condutas movidas pela religião ou pela cultura mereceremos, sim, algo a mais por agir assim, merecemos sucesso, conforto, felicidade e paz de espírito. Não é preciso ter mais de 6 anos de idade para saber que não é assim que funciona. Falando em sombras (tema deste livro), o sucesso possui a sua, chamada fracasso, que fica ali ao lado esperando para vir à tona. O fracasso sempre chega, morremos no fim da vida, e não há niilismo que lide 15


com isso. Para além dos fracassos naturais, existem os fracassos banais, normais que fazem a vida ter sentido e valer a pena, pois são nos fracassos que o aprendizado chega a galope e que a maturidade atrelada à condição de realidade molda a consciência do sujeito, que quando está em sucesso tende a se alienar da realidade, da sua condição bestial e medíocre de ser. Quando se consegue executar um feito significativo, pode ser desde comprar a própria casa, concluir um curso, conseguir aquela vaga de emprego almejada, passar no vestibular, conquistar a pessoa amada, fazer a viagem desejada, conseguir chegar à meta idealizada, nós nos deparamos com a sensação de sucesso. Ficamos satisfeitos, felizes e nos sentimos capazes, nada melhor que isso para sair da depressão e da melancolia. Para alcançar o sucesso, precisamos fracassar no ato da estagnação, qualquer conquista exige esforço, movimento, repetição e disciplina, por essas e outras, que o sucesso é para os fortes assim como o fracasso também é, pois quem não tenta não falha. Até alcançarmos o momento de glória, lutamos bravamente, vamos além dos nossos próprios limites e ainda assim não significa que faremos sucesso... Fazer das tripas coração e dar com os burros na água é a forma mais simples e objetiva que me vem em mente para explicar o fracasso. Não estou dizendo que você que está lendo não saiba o que é derrota, você sabe, assim como eu, que a derrota existe e que ela pode ser inclusive cômica dependendo do nosso grau de esportividade, sendo humanamente infantis, quando perdemos de fato, não 16


conseguimos rir de nós mesmos. Vemo-nos injustiçados ou nos sentimos culpados por adentrar com tamanha facilidade a condição mais comum: a condição de perdedor. Desde crianças aprendemos que ganhar é melhor, quando crescemos isso não muda o que muda é que nossas expectativas são maiores que nossas capacidades e acabamos perdendo bem mais do que ganhamos. Só quem vive o fracasso é que se permite amadurecer e na pós-modernidade a tendência é evitar qualquer resquício de fracasso que exista, pois não há resistência narcísica suficiente para manter viva a pessoa que se mostra o tempo todo em sucesso nas mídias sociais, a humildade de compartilhar os seus fracassos com os outros e até com si mesmo. Portanto, estamos na era de indivíduos que preferem ignorância, mentira, uma foto bem tirada á uma vida bem vivida. Como o fracasso é solitário, dolorido, escuro, cheio de lágrimas, de noção da consciência e condição real dos fatos, a sociedade pós-moderna consegue fracassar ainda mais, fingindo que ele não existe e que se existe não está em sua vida. Pessoas capazes de fracassar, levantar e seguir adiante, são pessoas de sucesso. Pessoas que estão vivendo somente o sucesso, são fracassadas, mentirosas e com egos maiores que a realidade. Digo tudo isso baseada na experiência de vida que tive, escolhendo uma carreira profissional de altos e baixos, em que o fracasso é certo e o sucesso dura uns 3 minutos, que me fazem continuar em movimento, fracassando e fazendo pequenos sucessos ao longo da vida. 17


Imagine-se com vontade de ser um cantor de sucesso. Você vai à luta, faz suas aulas de canto, ensaia exaustivamente e no dia da apresentação você, diante de milhares de pessoas que você considera, desafina maravilhosamente bem do início ao fim da canção. No momento que você está ali, de pé sozinho no palco, desafinando, você sabe que está fazendo errado e não para, pois desistir e sair correndo seria o fracasso do fracasso, você portanto tem sim noção de seu desastre artístico, mas o faz até o fim, pois se comprometeu a se apresentar. Encarar a plateia te olhando com pena é uma das sensações que jamais vou esquecer por toda vida, eu ri do meu fracasso de estreia, depois de chorar bastante e entender que não adiantava de nada querer ser a Whitney Houston com 6 meses de aula de canto. Se talento não garante espetáculo bom, o que dirá a ausência dele com pouca prática, que para mim era muita, dei meu melhor e não foi suficiente, saí dos bastidores aquele dia com vergonha de encontrar a plateia para tirar fotos. Fiz tudo o que precisava fazer (todas as incumbências teatrais), alguns amigos foram educados, outros disseram a verdade e eu prefiro os que dizem a verdade, com eles eu posso debochar de mim mesma, posso me divertir com a derrota para deixar aquela sensação traumática menos cruel para minha estreia. Sim, nós humanos fugimos da dor e do enfrentamento... Mesmo assim continuei... Depois de sofrer meu fracasso total e reconhecer aonde falhei, eu me levantei e me fiz um desafio: fazer algo que eu fosse capaz de fazer, cantar uma canção que fosse própria para 18


minha condição vocal e trabalhar na realidade da minha mediocridade como cantora, mediocridade que não me impediria de cantar mas me impediria de ser brilhante de acordo com as minhas expectativas. Troquei meu número musical por completo, pedi ajuda aos professores que me preparavam, ensaiei horrores e vamos lá mais uma vez dar a cara a tapa, para mim mesma e para a plateia que me ouviria naquele dia. Ufa, entrei em cena segura do que estava fazendo, sabia o caminho que ia percorrer e que eu daria conta de seguir por ele até o final da canção. Concentrei-me, calculei os riscos e fui passo a passo construindo a apresentação que havia planejado nos ensaios. Os aplausos vieram e eu os escutei como se viessem de dentro de mim dizendo: “aí, garota, você não deixou a peteca cair”. Chorei de novo, como no dia do fracasso, mas dessa vez com sentimento de dever cumprido, bati minha própria meta e fiquei contente comigo mesma. Dias depois, tivemos uma reunião de avaliação com um renomado diretor que, ao mencionar meu número, disse: “numa boa, já assisti essa canção em varias partes do mundo e sua versão foi a pior delas. Você leva jeito, mas está longe de chegar lá”. Ouvindo aquilo cheguei à primeira análise, de sucesso e fracasso, profissional propriamente dita. Para mim o trabalho estava ótimo, eu me senti no sucesso e para ele um fracasso com borda de esperança para não derrubar o sonho alheio de vez... (risos). Portanto, o sucesso e o fracasso são variáveis, sucesso para uns fracasso para outros, o importante é ser consciente do que de fato é a realidade da sua vivência 19


individual e não estagnar, nem por um único momento de sucesso e nem por se amedrontar na primeira escorregada do fracasso.

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Honestidade Um dos segredos de um cotidiano mais fluido e menos massacrado pela dor da existência finita é preservar o amor, os afetos e o espírito de renovação e conexão que as crianças têm quando descobrem um mundo novo. Mudanças acontecem todo tempo, portanto, do momento em que nascemos até o instante atual em que estamos envelhecendo, o mundo e os ambientes em nossa volta - mesmo que você tenha permanecido na mesma casa, cidade, rotina social - se modificam. Nenhum dia é como outro, então a maneira com a qual nos comportamos perante os dias, as situações, também se moldam e se modificam de acordo com fatores externos e internos, inerentes ao controle de nossa alma e proveniente do nosso instinto. Quando foi a primeira vez na sua vida que um gatilho acessou determinada emoção sua? Nos esquecemos de observar esses detalhes fundamentais que são o mapa para nos conhecermos. Motivados pela emoção x, agimos y, e raramente essas emoções aliadas aos gatilhos se modificam... Quando digo que devemos nos lembrar de forma cotidiana o que um dia nos fez ser uma criança feliz que cantarolava e dançava sem razão aparante pelos cantos da casa está relacionado a esse fato: somos capazes de compor acervos de memórias emotivas e motivados para acessá-las pelos movimentos externos e internos. Quando 21


usamos de maneira adequada, no exemplo mais bestial de todos, sabemos que uma panela quente pode machucar se encostarmos nela de maneira inadequada, quando chegamos perto de uma tomamos cuidado. Com as boas emoções não funciona diferente, o que motiva um sorriso normalmente vai continuar motivando, se seu amor materno motivou seus primeiros sorrisos, sua memória afetiva guarda tamanha sensação de êxtase e corre atrás dela a vida toda para sentir conforto. O cotidiano da vida pós-moderna é ácido, mais rápido que o tempo humano com conexões múltiplas, porém rasas, doenças novas, antibióticos mais fortes e uma lista de funções que para ser bem sucedidos decidimos executar mesmo que isso custe mais caos que ordem, mais sofrimento que amor. Praticar exercícios físicos diariamente, ter uma alimentação equilibrada, estar bem informado sobre o mundo, ler além de seus interesses profissionais, trabalhar, trabalhar, trabalhar, transar independente de como e com quem ( se disseram que é saudável, a gente faz), tomar uma taça de vinho ao dia (e não importa se você odeia vinho, no fim você se pega tomando, afinal disseram que é bom). Dormir, meditar, manter a vida social em ordem, economizar para fazer planos e mimimi... A medicina nos fornece informações privilegiadas que ajudam sim a vida dos seres humanos, o que me assusta é a mania da humanidade de se escravizar achando que só porque “faz bem para a saúde” você tem que fazer, mesmo que não faça parte de nada que você tenha feito na sua vida toda. Se conhecer (função primordial da terapia que 22


recorda para nós mesmos quem somos) é uma arte que merece mais atenção que os modismos da medicina, do novo produto orgânico, ou do glúten free. Se você, indivíduo, souber quem você é, onde está, e o que coloca um sorriso no seu rosto, terá mais saúde física e mental do que em uma vida toda sem contato com o glúten. Acho hilária essa moda do glúten: para mim são modismos que querem que você consuma determinada coisa. Pois não precisa ser gênio para saber que no mundo passado nós plantávamos a própria comida e ingeríamos uma quantidade de nutrientes maior em função disso, além do que não existia Mc Donald’s, coisas para comprar e coisas para desejar. Existia você homem e a natureza. Portanto, uma vida “natural” é parte da essência humana, e sim sentimos desejo de voltar para ela, mesmo que seja inconsciente. O modismo das chamadas “confort foods” na era em que vivemos não está aqui em vão. Ele promove sensações que nós perdemos ao nos distanciarmos da natureza (não sou nenhuma pesquisadora ainda, mas observo muito as relações homem e universo, homem e homem, leio e me conecto com expectativas e realidades, portanto, não estou inventando nada disso, está aí na rotina de quem quiser observar e identificar). O segredo do cotidiano mais fluido, retomando, é nada além do que você, ao menos por algumas horas tomar consciência e propriedade da realidade em sua volta e da sua humanidade. O modo avião existe e foi inventado por nós, não usamos somente quando entramos num avião. As crianças são mais atentas às emoções e choram se querem chorar, dançam quando 23


precisam dançar e em sua maioria exteriorizam sentimentos e vontades. Os adultos não fazem isso o tempo todo por uma infinidade de questões e responsabilidades, porém quando se trata da vida particular, olhar no espelho e estar sozinho, não podemos nos esquecer que um dia fomos crianças e que determinadas coisas nos fazem sorrir, por mais simples que sejam, como deitar na grama, olhar o céu e ver anjos nas nuvens. O romantismo não vai sair de mim, então nem tente ler minhas palavras com sua cabeça adulta puramente racional, leia com o coração, é para os corações que eu escrevo e quero ser lida por pessoas que riem, que choram e que se lembram que foram crianças. Na geração infantil, pós-moderna, não podemos ostentar somente o comportamento mimado das crianças, somos capazes de acessar nossa sabedoria de infância e quando não fazemos o uso dela tentando ser durões e maduros o tempo todo, somos mais infântis do que um bebê que se joga no chão do supermercado. Abra os olhos e se permita enxergar as mudanças e descobertas da rotina a sua volta, enfrente ela com a curiosidade que a infância te fez herdar, cante, ria alto, pule de alegria pelo fato de estar vivo, seja um bobo alegre e saiba disso. Não fique fingindo costume com a maturidade e tecnologias, pois assim como eu, você indivíduo está morrendo de medo, inseguranças anseios e desejos. Como eu sei? Pois sou de carne e osso e o que você esconde que sente, eu sei, pois invariavelmente sinto também... E chamo de sombras da alma humana. Sejamos honestos, já passou da hora de assumir 24


que somos imaturos e por mais inteligentes que possamos ficar, vamos seguir vivendo a vida inseguros, mentido para ser feliz e sem saber absolutamente nada.

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Vida adulta Fico me questionando a partir de quando se inicia a vida adulta, de fato, na pós-modernidade. Com base em demasiados teóricos contemporâneos e na experiência analítica da convivência, confirmo a cada instante que: cada dia, mais tarde, a vida adulta se inicia... Se é que ela, de fato, é alcançada nos tempos atuais. Vida adulta pode ser definida de inúmeras formas: morar sozinho, pagar as próprias contas, casar, ter filhos, fazer parte do mercado de trabalho... Mas nenhuma dessas formas é datada como a maioridade penal e fazer 18 anos de idade, cronológica, atualmente está bem distante de vida adulta. Ser adulto consciente dos próprios atos, hábitos e dono da própria trajetória, demanda uma espécie de maturidade, superação que não tenho visto, nem em velhos, nem em jovens, muito menos nos que chamo de “galera da meia idade”. Não são adultos, nem adolescentes e estão distantes de ser velhos... Esse núcleo imaturo cresce com frequência na cadeia mundial e a saúde mental das convivências vem sendo dilacerada por relacionamentos infantis, como se crianças de 7 anos pudessem casar e destruir a sublime natureza sagrada chamada família. Relacionamentos egoístas, compostos por pessoas mimadas, que ficam medindo forças opostas, ao invés de celebrar a arte santificada de poder amar. 27


Acredito que muito desses fracassos emocionais, nos tempos atuais, são devidos a essa recusa à vida adulta. E, quando digo vida adulta, quero me referir ao instante em que o indivíduo para de sonhar, começa a se encantar com a realidade de fato e se concentra em fazer o que tem que ser feito, independente da sua vontade inicial. O mundo está mimado, somos treinados pelas mídias sociais, pelas tecnologias para estarmos parados que tudo virá ao nosso alcance, como crianças que quando pequenas não se alimentam sozinhas. Quando nos unimos, queremos controlar a vida dos que estão ao nosso lado, pois nossas vontades sempre são mais importantes que as dos demais. Para além, os bens de consumo colaboram muito bem para que os endinheirados, birrentos e chatinhos desse planeta, que dão birra, fazerem de tudo para comprar o que desejam, como se aquela determinada coisa fosse realizar um sonho de infância perdido... Existem alguns ambientes propícios para notar as infantilidades dos humanos que se dizem crescidos. Vou contar uma breve história... Certa vez na minha adolescência reconhecida como adolescência natural, aquelas cenas de puberdade transformando o corpo e as nossas ações - estava eu em uma loja que na época o público em sua maioria era de meninas e mulheres, eu havia me encantado com um pequenino vidro de esmalte cor de rosa, óbvio, pois eu estava determinada a usar essa palheta de cores por toda minha vida (fase essa que passou). Seguindo... Estava eu lá, com meu vidrinho novo de esmalte, feliz da vida, 28


estava feliz por estar feliz, o esmalte era uma cor a mais na alegria imbecil de ser adolescente. Chegou na loja uma mulher com 55 anos mais ou menos e eu com 13 (só para constar), ela olhou o vidro de esmalte em minhas mãos e pediu à vendedora da loja um vidro igual para ela. A vendedora meio sem jeito (vendedoras sempre ficam sem jeito, eu fico sem jeito de ver que elas estão sem jeito e uma onda de falsidade e mal-estar invade ambientes de lojas que me fazem ficar completamente desconfortável) disse à mulher que o único vidro do esmalte rosa já havia sido vendido, por acaso, vendido para mim! E a mulher pareceu não compreender. Esbravejou, deu birra, fez discurso de injustiça, ficou reclamando, fazendo jogos emocionais sem sentido até chegar até mim e dizer: “Menina, quanto você quer ou o que da loja você quer para me vender esse seu esmalte? A tia precisa dele.” Eu achei aquilo bem bizarro e até hoje me pergunto se essa situação foi mesmo real. Eu disse que não queria nada. Mas, que se ela queria tanto o esmalte, poderia levar... A dona da loja achou absurdo, entrou no meio da conversa desconcertante, e disse “Ana Júlia, não precisa vender o seu esmalte, pois vou pedir um igual para ela. Pode ser, fulana?” Pasmem, a mulher disse não, pois ela queria naquela hora e aquele produto, segundo ela, a cor seria alterada em outra embalagem. Vamos rir juntos, nesse momento, em que um ser humano, de mais de meia idade, dá birra por querer a porcaria de um vidro de esmalte importado e rosa, que foi comprado por uma pivete, no caso eu, que 29


não entendeu até hoje absolutamente nada daquele tipo de comportamento infantil, proveniente de uma, até então no meu conceito de adulta. Contei essa história, mas me ocorreu nesse momento que tenho em minhas memórias inúmeros eventos semelhantes de adultos que se comportaram como crianças e quando olho ao meu redor nas atuais circunstâncias, vejo que essas atitudes só se alastram. Em crianças, adolescentes, adultos e idosos. E a verdade? Somos uma sociedade egoísta, mesquinha, estamos distante do amor e não sabemos crescer... Quanto mais dizer que somos ou fomos adultos... Somos um bando de jovens que não sabem para onde ir ou o que vai ser de cada um de nós nesse planeta tão mutável. Ser adulto está bem longe de somente morar sozinho ou ir ao banco... Ser adulto é algo que não alcançamos, infelizmente.

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O inimigo O maior inimigo que há é o lado oculto de cada um. Nele estão nossas destruições e também a capacidade de conhecer profundamente as noções de nossas fraquezas. No entanto, como é dito em A arte da guerra: “Se você conhece a si mesmo e ao seu inimigo, não temerás cem batalhas”. Quem tem a capacidade de saber quem realmente é e encarar o espelho do infinito, que é a alma humana, pode realmente se vencer ou se derrotar, é uma questão de amor próprio.

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Aos imaturos Se você não amadurece, repete os mesmos erros e atitudes do passado, você sabe que o sentimento “sou um merda” surge depois de cada derrota pós prazer e certamente é seu melhor amigo. Sublimar os desejos é tarefa difícil para aqueles que pensam na vida como uma só. E o perigo mora em cada esquina para aqueles que têm vícios. Frases como “um dia após outro’’ são clichês, pois são verdades... A cada dia que a tentação esfregar na sua cara aquilo que te quebra as pernas, você, indivíduo, que quer ter virtude, precisa aprender a renunciar ao seu maior prazer. Ele vira buraco na página dois e os buracos têm facilidade mórbida de evolução...

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Expor para conhecer Entendo que as pessoas prefiram a ignorância em massa. Ela é mais simples, fácil, e provavelmente faz você mais rir do que chorar... Quem ri de tudo sente desespero. E já que o desespero, portanto, é inevitável, que ele venha por razões verídicas de enfrentar a realidade. Escrever, por exemplo, para mim, não é tarefa fácil, preciso ler mais que o normal para alimentar meu texto e quando dou início ao processo, sei que vou mexer em lugares sombrios, questões sem resposta e mesmo assim o faço, pois para mim é uma espécie de produzir sentido à vida. Não vejo razão para não dizer verdades que observo, olhando o mundo externo, e expor meu interior humano e selvagem, lido melhor com ele, quando faço assim... Me incomoda escrever, isso me causa desconforto, faz romper pensamentos dogmáticos, criando outros, e expõem minha mente perturbada por inteiro. Não me sinto abençoada, enquanto escrevo esse livro, não é alegre e nem confortável, mas, nas minhas condições, é algo necessário para minha própria evolução e aprimoramento, por isso o faço. Parar seria fugir da incumbência que me propus, quando fiz lá no início meu primeiro livro. Não escrevi por hobby escrevi por que sentia que precisava fazê-lo, para sobreviver, e conseguir dormir me sentido um ser humano melhor do que aqueles que fogem de suas obrigações.

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Lei da solidão Conte somente consigo. Tudo pode e vai abandonar você, inclusive a existência, que é efêmera. Aprenda conviver consigo, encontrar seus medos, permanecer com eles, e não desista da vida antes que ela termine. Também não perca seu tempo convivendo em sociedade para fugir de si.

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To know Se você quer conhecer uma pessoa, transe com ela.

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Sobre sentir Eu sinto uma vontade de choro constante, uma saudade doida que não passa, uma vontade de falar com alguém que não existe ao meu alcance. Tenho falta de amigo para além da alma, tenho um buraco no peito que cresce, ecoando a palavra saudade. É assim que vivo, sem saber até quando essa tristeza há de durar.

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Mistério da alma humana Preciso deixar meus monstros saírem daqui, libertar os demônios que vivem aqui dentro, para não matar ninguém. Preciso esvaziar essa carga que pesa sobre os meus ombros. Deixe-me libertar minhas sombras, vai fazer você sangrar também, mas antes eu do que você, para lidar com a realidade que está longe de ser boa.

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Amor contemporâneo O amor me faz desconhecer as linhas do limite, seu olhar no meu me faz sem chão, esqueço da vida, perco minha concentração. Você mexe comigo além do bem e do mal, tem-me nas mãos e escolhe não fazer nada.

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Trabalhador brasileiro Quem reclama de barriga cheia, infeliz, triste e raivoso, um anjo aprisionado na terra, vivendo a vida de realidade, sendo que cresceu nos sonhos, sempre deu jeito para tudo. É por isso que dói, e por isso que não faço nada, e já morro de sono, de raiva e cansaço. Odeio que mandem em mim, nasci e cresci mandando, e hoje abaixo a cabeça, para homens mais burros que eu. Que ódio, tenho vontade de mandar tomar no cu, me dão um feriado e me esqueço de considerar que quem fica na merda sou eu.

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Vida A vida esmaga minha existência, pouco a pouco, tentando afundar minha luz no breu. A vida esmaga minha sensibilidade, que chora sozinha como uma criança com medo. A vida é cheia de inveja, que derruba meu ser até quase padecer e volta mais forte, respirando fundo e de peito aberto com asas de anjo, para seguir adiante e continuar saboreando a derrota de cada dia.

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Aos preguiçosos Trabalho se chama trabalho, porque dá trabalho. Se trabalho não desse, chamaria-se férias.

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Liberdade A sensação de andar pelado na praia, correndo suave com o a brisa batendo na alma, aliviando o coração... Sair por aí sem questionar a realidade, sem depender de regras ou convívio com humanidade (sendo poeta vou rimar até o fim, é inevitável a mim, fugir de minha essência. Voltando...). Liberdade é o sonho almejado e nunca alcançado, vivemos em sociedade, doutrinada, castrada e regulamentada, reféns de moedas de troca, reféns do tempo, da tecnologia dos medicamentos, se analisarmos por esse viés, nunca seremos livres, e é por isso que não quero falar dele. Afinal, “liberté, egalité, fraternité”, foi papel da encantadora revolução francesa. A liberdade que interessa aqui é a criativa e artistas são bem sucedidos na vida, pois usam esse tipo de liberdade como matéria-prima. Nise da Silveira tirou seus pacientes da lobotomia e os deu a “liberdade” de expressão, por meio de arte: papel em branco, tintas coloridas e nenhuma restrição para colocar no mundo afora aquilo que se sente. Aliviar a alma assim é como estar carregado e tomar um banho de sal grosso daqueles, é como tirar uma roupa apertada e espreguiçar, é existir e poder opinar. Liberdade assim faz a vida valer a pena, quem é artista entende e precisa disso, quem não é tenta aprisionar numa gaiola o artista que está ao lado. 53


Nos relacionamentos (na maior parte deles, estou tentando não ser radical, mas sou) essa liberdade individual vai sendo comprometida, recalcada, apagando a chama do criativo, de estar em seu mundo real, pensando. A liberdade individual, principalmente criativa, faz falta na vida daquele que já viveu só e não quer abrir mão dela para estar com outras pessoas. E aí a liberdade vira exílio, reclusão e sua aversão ao namoro, família, casamento, vai virando fobia e liberdade não combina com medo, liberdade transcende tudo isso. É por isso que ela não existe, mas se pode sentir o cheiro dela quando se cria materialmente algo que foi sonhado. Liberdade é um conceito que Friedrich Nietzsche alcançou quando escreveu o Ubermensch. Estar em um relacionamento, para aqueles que temem perder a sua (mesmo que falsa) sensação de liberdade, é se anular da vida pouco a pouco até alcançar a depressão. Portanto, ao se relacionar, poupe seu maior tesouro de saúde física e mental: a individualidade. Muitos chamam de privacidade e pode ser também, desde que seja sua. Um quarto seu, para viver você, sem ninguém para intrometer: nem amor, nem fé, nem lei.

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Propósito Não é sobre estar feliz ou triste, é sobre estar em movimento, seguindo o fluxo vital do universo, (que não é estagnado), para sentir-se em paz, para estar em casa.

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Experiência estética A maior parte da humanidade não está interessada no conhecimento, está em busca de experiência estética, que não demande profundidade iminente para olhar para si. Que seja paga, que custe caro e use roupas de retiro espiritual. A maior parte da humanidade gosta de mentir, ser enganada. Fingem simplicidade, buscando o luxo. A maior parte da humanidade não tem nada de humana. Bebe nas fontes do selvagem instinto de sobrevivência e matam até os próprios filhos.

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História de amor real que acontece nas novelas Certa vez, num dia de cotidiano com cheiro de amaciante, tédio, cabelo preso e roupas largas, ele apareceu. Não foi a primeira vez que se viram, ela já o havia notado faz algum tempo, pouco tempo, na academia. Ele fazia academia de legging e short por cima, ela achou bonito, ele gosta que o achem bonito. É leonino de nascença. Voltando ao cheiro do amaciante... Ela estava lá, sentada, esperando o tempo passar para lavar sua roupa suja, e pensava que seria bom se a única roupa suja a ser lavada, fosse aquela que se joga na máquina. Ela gosta de lavar roupas em todos os sentidos, o desconforto de depositar no cesto, é conformista, é preguiçoso para ela. Roupa suja se lava onde quer que seja, o importante é que fica limpa para ser sujada de novo. Ele entrou com sua bacia para lavar roupas ali também e foi desconcertantemente agradável para ela a presença dele num momento inesperado. Ela carregava o celular, sentada numa das poltronas de espera da lavanderia com os pés em uma outra poltrona e cantarolava uma espécie de hit popular, que nem ela sabia qual era e cantava pois ouviu na rádio. Ambos confortáveis, vestidos de si mesmo e distante das máscaras sociais que levam por aí para 59


sobreviver... Ele disse: — Olá (num aceno com a cabeça). Ela correspondeu da mesma forma e por dentro pensou: Que delícia. Ele foi em direção às máquinas para depositar suas roupas e acredito que todas estavam ocupadas, algumas máquinas ocupadas por roupas que eram de uma mesma egoísta pessoa que não era ela. Ele ficou puto e não se sabe ao certo se foi para puxar assunto com ela ou não, que ele disse: — As pessoas precisavam ter mais empatia na comunidade. Só pensam em si, isso prejudica o todo. Ela concorda, achando engraçado um discurso “comunista humanitário” naquela hora, vindo de alguém como ele, que tem jeito de egoísta sem ser. Ele deixou sua roupa numa das máquinas e depois saiu... Ela continuou lá, no tédio construtivo de uma dona de casa, dessa vez pensando nele. Minutos depois ele surge novamente, dessa vez para secar a roupa que já havia sido lavada. Ela seguia ali plantada, esperando a própria roupa secar também ele achava hilário ela estar lá “até agora”. Ela fica sem jeito de não ter nada melhor para fazer do que estar ali esperando o clima estar... Ops! Esperando a roupa secar. Foram embora cada um para o seu cativeiro, que ousam chamar de apartamento, sem nem se quer saber o nome um do outro. Ela que é abusada e metida a besta não conseguia não saber o nome dele, não conseguia também por vergonha, orgulho, ou sei lá mais o que, perguntar para ele o nome dele... Foi então que surgiu a idéia stalker com fantasia de serial killer que ataca em motel de estrada 60


americano: ir até a portaria e perguntar para o segurança o nome dele. Ela o descreveu para o porteiro como ela imaginava que ele fosse. O porteiro não entendeu coisa alguma, ela entrou então com a melhor pior hipótese para descobrir o nome de alguém: consultar as câmeras de segurança do prédio com hora e local do “encontro” deles na lavanderia. Batata! O porteiro se animou na investigação, deu nome do sujeito, apartamento e cor do carro... Ela ria muito, por dentro, primeiro por estar agindo pateticamente daquela forma, segundo por que antes da ideia brilhante de consultar a portaria para saber o nome do cara, ela baixou pelo menos uns três aplicativos de relacionamentos para tentar “esbarrar nele sem querer”. Como não obteve sucesso, partiu para o ataque à moda antiga. Deu certo. Nome em mãos o Facebook faria o resto do trabalho. Que trabalho era esse? O de procriar. Biologicamente falando, as pessoas se interessam umas pelas outras com sede na perpetuação da espécie. E por mais floreios que o romantismo tenha trazido à nossa cultura, a essência da realidade é essa. Ela adicionou ele, que aceitou rapidamente, e conversaram de um jeito que não faço a menor ideia. Mas era divertido. Ela o convidou para ir até a sua casa, e ele foi numa noite qualquer, onde ela abriu a porta de peruca Chanel e fantasia de dominatriz, não para impressioná-lo. Infelizmente, ela tinha veia artística e trabalhava como podia entre conhecer aqueles nobres olhos de jabuticaba ou tomar banho e por pijama ela o recebeu fantasiada. 61


Ele riu e pensou que ela era louca. Ela viu isso na cara dele e riu ainda mais pois quem não sabe que é louco está provavelmente desequílibrado de verdade. Ele entrou, para nunca mais sair. Ela o recebeu, para que ele ficasse... E nessa noite não aconteceu nada, além do amor real, pautado em olhos nos olhos, sorrisos tímidos e prosa boa.

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Para mudar o mundo Certa vez me perguntaram o que eu faria para mudar o mundo. Primeiramente pensei em não fazer nada, afinal o mundo está fadado ao caos e quanto antes acabar melhor. Em seguida mudei de ideia e quando me perguntam, eu penso, mas não digo... Que para de fato mudar o mundo, eu faria um filho.

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Nojo da humanidade Eu tenho nojo da humanidade, são carregados de maldade e o que fazem é interesse. Eu tenho medo dessa vaidade, que sem medida comete fraude no coração dos inocentes. Eu tenho nojo da humanidade e sendo humana, só me resta quebrar espelhos.

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Sobre amor Existe uma experiência chamada paixão que muitos sabem, alguns vivem... Existe uma experiência chamada amor. Ela é rara. É diferente e, se acontecer contigo, você saberá. Não é sobre querer estar o tempo todo grudado em outro ser. Não é sobre ter posse ou necessidade de controle. Não é sobre querer alguém, é sobre ser alguém e se importar com bem-estar alheio. Independentemente se isso inclui você ou não. É sobre estar conectado por algo que não se sabe o quê. Algo que faz da distância indiferente... Algo que quando presente é de fato real. Algo capaz de não precisar matar saudade simplesmente colocá-la para dormir e cuidar dela por também ser boa. Quando se ama, a liberdade acontece na sincronia natural da cia e da solidão. Quando se ama não importa o que, como, quando, onde... Não importa e se... Só se ama independente do que seja, acontece. Quando se ama, se ama e não existem pretensões, planos, interesses... Existe amor puro e simples que não vai rumo a lugar nenhum, pois não é algo para ir ou vir, é um instante que chega e permanece independente do resto. Amor é um sentimento individual que afeta coletivos... 67


Amor nos deixa em paz. E não sabia que seria tão fácil. Independente de ir, vir ou permanecer, o amor está em mim por ti.

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Coração de gelo Minha alma hoje é fria como pedra, gélida, não sente nada, não era assim. Mas foi ficando com a sua ausência, com minha carência de depositar em outros, o amor próprio que não tive.

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Quem sou e quem você quer que eu seja Existe uma diferença muito grande entre quem eu sou e quem você espera e quer que eu seja. Não existe uma regra para personalidade humana, apenas a de que muitas pessoas acreditam em determinados teatros feitos por aí... Vou exemplificar: uma pessoa que fala bonito tem um discurso erudito, bem pautado e sério, não significa que aquela pessoa é de fato daquela forma. Significa somente que em determinada ocasião ela está agindo de tal maneira... Que pode agradar você ou não. Mas, lembre-se, o que você pensa dos outros não é tão importante assim, às vezes as pessoas não estão preocupadas com seus conselhos e opiniões. Portanto até para elogiar alguém diga, somente o necessário e não jogue os adjetivos que você considera importantes nas costas da outra pessoa. Às vezes ela não quer saber, e para além, o que é legal para você pode ser terrível para o outro. Portanto, a dica do dia é: cuide sempre da sua própria vida.

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Alma de solidão Você pode escolher dentre milhares delas, não são como eu, eu sou o diamante cintilante, que inebria seus olhos com encanto, encanto que nenhuma outra tem. E não pense que estou a cometer desdém digo por que sei que alma boa me convém, quando estou a sorrir assim. Sorriso que você desperta em mim. Por quanto tempo!? Não sei... Espero que tempo suficiente para essa música acabar, o show tem que continuar e eu não sou mulher que pode se apaixonar. A arte me escolheu com ela vou ficar. abrindo mão de cada amor assim para viver de ficção. Triste essa maldição, uma artista sem perdão, com alma, fogo e coração, voltados ao teatro e a solidão.

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Sombras humanas Não vou me abrir para ninguém. Da minha angústia cuido eu. Dia após dia, chorando pelos cantos. Ninguém imagina que a luz dos olhos, que leva alegria, padece a noite em tristeza profunda, por sentir, as injustas profanas do mundo, diariamente, bem aos pés do meu nariz, sem poder fazer nada. Luz imprestável essa minha que não alivia a escuridão de ninguém.

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Mentiras De forma sublime você soube conduzir todo meu afeto ao seu olhar. Sublime você levou meu ser aos seus braços, exatamente como havia imaginado. De forma fatal você arrebatou meu coração, com um sorriso do melhor presente que se pode dar. De forma tímida você ganhou meu toque de ternura desconhecida a todos os outros com os quais estive. Na cidade luz você brilhou além na minha alma transcendente em expectativas, que meu coração costuma inventar. De forma mágica você fez eu me apaixonar, para sumir depois e me fazer ter certeza que o único amor que deve existir, é o próprio.

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Aos que falam pelas costas Sei dos Meus defeitos, não precisa me contar. Sei dos Meus pecados, não precisa encher minha paciência. Reconheço Meus venenos, sei dos Meus feitiços, estou aprendendo a gostar de mim, exatamente assim, com cicatrizes e loucuras, aprendendo a gostar de mim. Isso me faz bem, me deixa feliz. É triste existir judiando de si. Não acho justo viver infeliz consigo, finalmente estou aprendendo a gostar de mim, como era na infância só que diferente. Estou aprendendo, e a vida tem sido mais bela desde então.

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“Sou responsável pelo que digo, não pelo que você entende” Muitas coisas que disse não fui eu quem falei.

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Mostre-se nu Mostre-se nu diante daquele que quer cativar, mostre se despido das banalidades carnais do mundo, olhe nos olhos e entregue todo fluxo terno do afeto àquele que deseja amar. Essa é a verdadeira função da fusão dos corpos, conectar no físico o que já está entrelaçado no espiritual. Mostre-se sem pressa e como o sábio Jung disse: “Ao tocar uma alma humana, seja apenas uma outra alma humana”. Precisamos ficar despidos urgentemente e não tem a ver com corpo físico.

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Almas perdidas com mentes pequenas Aos que pensam na arte como loucura, eu só lamento. Não entendem nada de arte, nem compreendem a loucura. Aos que julgam almas artísticas desprovidas de consciência, juízo e caráter, lamento novamente... Não alcançam o significado de existir, estar vivo e em conexão com as transcendências do planeta Terra. Não veem nada diante de seus olhos e se esquecem que, para além de corpo e carne, somos luz, fogo e espírito.

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Maldição Nasci amaldiçoada com o demônio da luxúria. É por isso que me veem assim, é por isso que te deixo desse jeito, com fogo nas pernas e lábios sedentos. É por isso que você me julga, que não entende nada, e que te faço confuso. É trabalho árduo compreender a essência da sombra de um ser, é difícil lidar com quem mergulha, sem medo em suas profundidades. Sou eu quem está mais perto da verdade e levo a vida na humildade de ser mediocremente humana.

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Recatada e do lar Não sou recatada, não falo baixo, só quando precisa. Não aprendi a ser discreta como me aconselharam, nasci para fazer barulho e faço estardalhaço. Nao tenho medo de ouvir meu nome, que ja está na boca dos sapos, que diante de mim se calam, que na minha presença se afastam. Não sei fazer chacota e aprendi com a vida a espalhar rodinha de fofoca. Aprendi com a vida a não ser dondoca, a te olhar nos olhos e jogar verdades bem na sua cara.

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Anarquistas dos bons Quando não se sabe o que é, os demais podem dizer mentiras sobre você e te fazer acreditar, que você é o que eles querem que você seja. Mas na realidade não funciona desse jeito, e desse jeito que eles querem que funcione. Querem controlar o que não entendem, querem recalcar o que não conhecem. Chamam república para roupa ficar bonita, a essência é ditadura com venenos e tortura. Até os anarquistas chegarem. Até os anarquistas chegarem. Com alma tesão e vitória, com sorriso no rosto, peito aberto e coragem, para fazer o que não fazem, para dizer o que não dizem, para viver de verdade. Viver de verdade e enlouquecer quem não sabe.

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Cuidado com abraços falsos e “elogios sinceros” Elogio não traz bons ventos, que nem mar calmo não faz bom marinheiro... Os bajuladores não querem a luz da humanidade florescendo, querem apagá-la com sua mediocridade. Ninguém gosta de quem faz sucesso, de quem alcança o que não foi feito, de quem ousa sem receio, erra e acerta. Elogiam para tentar parar o fogo que corre na veia dos insatisfeitos. Elogiam como se fosse o destino atingido, para acalmar os corações de quem segue adiante. Não me dou por elogios, dei-me por inteiro à experiência chamada vida. É nela e por ela, que faço aquilo que quero. Não gosto dos bajuladores, eles não entendem nada, são seres que não se emocionam diante de nada. Eu gosto é dos que mergulham fundo, que como eu acumulam derrotas e em função disso celebram cada amor do não fracasso. Eu gosto de quem anda ao meu lado, nem em cima nem em baixo, sem elogio ou estardalhaço. 93


Gosto de gente e não precisa falar a mesma língua, pois todos somos filhos de Deus.

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Do pó ao nada Jogam pedras nas costas, pensam que não sei, desviam assuntos sérios e faltam com respeito. É lamentável o poder da vaidade nos indivíduos, é devastador o que a realidade fará com isso, viemos do nada e para ele voltamos, vale lembrar todos os dias.

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Moradia Você é sua própria casa no mundo, ninguém mais vai morar com você, além de você mesmo. Portanto, aprenda a viver sozinho e não depender de nada, nem de ninguém, para seguir adiante.

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Pare de fingir que sabe Pare imediatamente de definir qualquer coisa que não seja material. Você não é capaz de identificar, por mais inteligente que seja, a complexidade de uma alma. Pare diante de si, comece a se conhecer, pare de fingir que sabe, eu não sei e nem você. Somos humanos e nos surpreendemos diariamente com o que somos capazes de fazer e pensar. Pare de mentir para si, fique despido para falar de ti.

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Não entendem Eles não entendem nada, veem arte como ego, humanos como homens e mulheres, dividem e separam ricos e pobres e não sabem tocar a luz divina do afeto. Eles não entendem nada, separam pais e filhos, puxam armas e gatilhos, desrespeitam seus amigos, que habitam a mesma Terra, que são feitos da mesma matéria. Falam de cor, sexo e poder, esqueceram de falar de amor, esqueceram que para afastar a dor, um abraço ainda é o melhor remédio. Falta afeto no mundo, falta parte de uma educação, que não se aprende nas escolas. Se aprende quando se abre os olhos e se respira pela primeira vez numa coisa que chamamos vida.

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Me chamou de puta Olhou em meus olhos, chamou-me de prostituta e queria eu ser uma delas, para ganhar algo de bom, com envolvimentos carnais desprezíveis como o seu. Ganhei experiência de observar de perto a maldade mundana, a alma machista e profana, que habita em maioria o universo. Olhar você de perto, dá-me vontade de morrer, para ver se nascendo de novo, conheço algo que não seja humano e seja bom de viver. Infelizmente tem momentos que o dinheiro se torna a parte boa de algo. Naquela noite prostituta queria eu ser, para pelo menos fingir, para mim, que não estava ali por gostar de alguém como você. Para tirar de mim o peso de amar alguém, que não conhece afeto, não respeita o próximo e os trata como objeto. Naquela noite olhei nos seus olhos, e vi de perto que o demônio existe, e não tem nada de bom para oferecer.

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Devia ter atravessado a rua Andando na rua te vi na calçada, não tinha como atravessar, você estava ali e eu só tinha que passar. Na realidade para mim é indiferente, mas vi que tu foi indigente e deu as costas para comigo não falar. Entendo teus motivos, eu também não sou amigo, nem pretendo te levar comigo, aonde quer que eu queira estar. Com bons modos dei bom dia, derrotada em aflição, de falar com quem não quero e ouvir coisas em vão. Seu sorriso me dá nojo, encheu minha alma de desgosto, e eu preferia ter passado aquilo em branco, ter seguido adiante, para esquecer das suas mentiras cativantes.

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Empoderamento feminino Todos adoram mulheres independentes e empoderadas, desde que não sejam elas suas esposas.

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Desejos e sonhos Tudo aquilo que você deseja, fica logo ali, do outro lado do medo.

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Tristeza Tem dias que fico tão triste, que não consigo decifrar as cores que estão ao meu redor. Tão triste, que as lágrimas não fluem, a angústia não existe, e o vazio está distante. Tem dias que vivo sem existir e outros que só existo vivendo. Tem instantes na vida que eu preferia não ter nascido.

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Pulsos cortados Tenho vontade de cortar os pulsos e sei que essa vontade não é minha, é daqueles que não me querem bem, daqueles que sugam a luz de alguém, que se entristece ao ver o mundo como é. Tenho vontade de matar em mim coisas ruins que vejo em ti, recolho-me em quarto escuro, fecho os olhos e rezo, para que Deus exista e me mantenha viva, num mundo onde o amor está morrendo, viva num mundo onde o ego vai crescendo, e minha alma padece a cada dia, e meu coração se fere com cada olhar maldoso que recebo por amar demais.

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Sombras da alma humana Quando falo de sombras, falo também de tudo aquilo que está por trás das falsas intenções que os humanos insistem em colocar para camuflarem seus desejos... Quando falo de sombras, falo exatamente que consigo decifrar de fato aquilo que você diz e o que realmente quis dizer... Quando olho nos seus olhos, nem sei ao certo porque, mas consigo ver quem você é de verdade. Isso não me faz feliz, nem triste, faz-me apenas compreensiva, e com verdade estampada na face, causo temor naqueles que mentem... Inseguros, com medo, ofendem-me, tentando disfarçar que não estão despidos diante do que vejo. Eu sei que vejo o que não é para ser visto e insisto em dizer o que dizem que não é para ser dito... É por isso que quem deve, teme diante da minha presença, nua de convenções e teorias, e que não acredita em nada construído pelos homens, a não ser uma outra vida.

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impresso por:

R. Estevam Marcolino, 561 – Vl. Santos Dumont 14405-333 – Franca, SP – Pabx (16) 3722-8237 fernandarge@hotmail.com.br

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Reflexões sobre as sombras da alma humana que habitam todos os seres e normalmente ao manifestarmos nada de bom vem à tona a não ser a realidade.


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