MEMÓRIA SOBRE intervenção urbana na área central de Bocaina-SP
NOVOS
TRILHOS
MEMÓRIA SOBRE intervenção urbana na área central de Bocaina-SP
NOVOS
TRILHOS
Professores CAP David Sperling. Francisco Sales. Lucia Shimbo. Luciana Schenk Professora GT
Aline Sanches
Universidade de São Paulo Instituto de Arquitetura e Urbanismo
Trabalho de Graduação Integrado ANA LAURA ASSUMPÇÃO
São Carlos 2015
Agradeรงo
aos meus pais, pelo amor, apoio e compreensão às minhas irmãs, pelo incentivo e descontração ao Fernando, pelo conforto, carinho e presença constante às Chellys, pela amizade verdadeira construída na graduação aos professores do TGI, em especial, Sales e Aline, pelo acompanhamento ao longo do ano ao professor Castral, pelo conhecimento dado durante esses anos
[...]qualquer obra arquitetônica, não importa a técnica utilizada em sua feitura, se relaciona com o espaço (e com a sociedade) em que está inserida, é elemento participante das transformações ali ocorridas ao longo do tempo, por vezes provocando mudanças profundas, e é parte integrante da percepção de uma dada realidade. O que seria, por exemplo, de Bananal sem a sua estação, de São Paulo sem o viaduto Santa Ifigênia, de Paris sem a Torre Eiffel? (KÜHL, 2010, p. 08)
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MEMÓRIA SOBRE NOVOS TRILHOS
Índice
TGI 2015. ANA LAURA ASSUMPÇÃO
Introdução
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Referências Projetuais 17 Contexto
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Bocaina-SP
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Projeto
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O programa
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A intervenção
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As quadras
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Bibliografia
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INTRODUÇÃO
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Uma área já consolidada, dentro de um centro histórico, pode ser potencializada de modo que o conjunto que a envolve possa ter um sentido de urbanidade. Essa é a ideia-chave do meu TGI. Por se tratar de uma região central, há por trás memórias, marcas de um passado histórico, espalhadas no tempo. Recuperá-las, de alguma maneira, é o que estruturará tal potencialidade citada. Diante de edifícios remanescentes da época da ferrovia e do local em que estão inseridos é possível estabelecer aí uma vitalidade. Sem dúvida as moradias de um distrito (como qualquer outro uso do solo) precisam ser complementadas por outros usos principais, de modo que haja uma boa distribuição de pessoas nas ruas em todas as horas do dia. Esses outros usos (trabalho, diversão ou o que seja) devem promover um uso intenso do solo urbano a fim de contribuir efetivamente para a concentração populacional. Se eles simplesmente ocuparem um espaço físico e envolverem poucas pessoas, contribuirão muito pouco ou quase nada para a diversidade ou vitalidade. (JACOBS, 2000, p. 222)
Um lugar onde diferentes relações ocorram, onde diferentes públicos se encontrem, onde uma atividade complemente a outra.
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Isto é, apenas “lugar” na visão de Antonio Arantes (2009) , o qual afirma que lugar é espaço apropriado pela ação humana, um conjunto de articulações entre sujeitos (identidades pessoais e sociais), práticas (atividades cotidianas ou rituais) e referências espaços temporais (memória e história). Não é criar uma nova vida, mas sim reafirmar suas características , por meio de uma memória, de certa maneira, perdida. Mais do que isso, é compreender a importância dos edifícios remanescentes de outra época, por meio da preservação e da incorporação à cidade contemporânea. Em síntese, o respeito pelo conjunto é o fator primordial, entretanto, inserido dentro de uma linguagem atual. O surgimento de edifícios anexos vem para potencializar não só a preexistência como também os espaços entres, não como uma tentativa de retormar a algo que existiu ou mesmo falsear. Pelo contrário, como uma tentativa de integração entre antigo e novo, utilizando-se de tecnologias e materiais atuais, de modo que o novo se distinga do existente, mas não se sobressaia, criando uma harmonia entre eles e o novo espaço construído.
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
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Um novo centro histórico para São Leopoldo . Brasil Arquitetura O projeto pretende requalificar a zona central da cidade de São Leopoldo a partir de sua relação com o rio dos sinos e de sua memória, histórica, simbólica e urbanística. O trabalho é pautado pela busca de soluções para maior conforto urbano da vida cotidiana no centro considerando o patrimônio edificado de maior valor, o meio ambiente e a forte história da construção da cidade. A proposta segue a ideia de uma intervenção mais cultural, pensando na recuperação de antigos edifícios, como o mercado municipal e antiga sede do colégio jesuíta, realocação de programas, criação de novos programas, recuperação paisagística da praça do imigrante, dando visibilidade ao seu projeto original, criação de uma grande praça no interior da quadra conectando à praça tiradentes e à quadra do atual cpc, que abrigará outros usos e a criação de pavilhões que abrigarão diversos usos culturais.
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Potencializar um espaço que um dia teve seu valor e que hoje está carregado de memória. Incluí-lo na vida da sociedade atual. Aproveitar os edifícios ainda existentes. Qualificá-los. Possibilitar um uso para que não caia no esquecimento e na degradação. Projetar novos edifícios, para que corroborem com a vida ativa do espaço. Trazer vitalidade.
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Museu Rodin, Bahia . Brasil Arquitetura O projeto descreve a ideia de ‘’convivência’’, convivência entre dois edifícios que possuem um século de diferença. Cada qual expressando uma técnica, um modo de construir, de usufruir do espaço relativo a sua época. O que a proposta busca é criar algo que irá se somar ao existente, formando um conjunto articulado. O edifício novo se soma ao antigo, mas não se sobressai. Há todo um cuidado em fazer com que o novo não interfira na paisagem de Salvador.
CONTEXTO
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Essa proposta é para a cidade de Bocaina-SP, mais precisamente, para o centro, na região onde se localiza a estação ferroviária, desativada desde a década de 1960. As quadras do entorno seguem uma lógica diferente da encontrada no restante do centro, a malha quadriculada. Tal diferenciação coincide justamente com a inserção da linha férrea . Além disso, a área de intervenção pode ser considerada uma zona limiar, em que a norte desenvolveu-se a cidade mais nova e a sul encontra-se o centro histórico, o início da cidade. De um extremo a outro, no que diz respeito a delimitação do que é considerado centro, situa-se duas igrejas principais, a Igreja Santa Luzia, presente na área de intervenção e a Igreja Matriz, onde nasceu Bocaina.
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A área de intervenção, localiza-se entre as principais ruas da cidade, as paralelas Quinze de Novembro e Floriano Peixoto, Treze de Maio e Aquilino Pacheco, as quais são cortadas pelas perpendiculares, Marechal Deodoro e Afonso Honório Lacerda.
Armazém Ferrovia Estação Ferroviária
Casa do chefe da Estação
Casa dos funcionários
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Nela, o que mais chama atenção é a perda de qualquer resquício da linha férrea, no curto período desde a sua desativação. De tal época restaram apenas três edifícios, dentre eles, a própria estação, a casa do chefe da estação e o armazém, além de algumas casas, hoje bastante alteradas, pertencentes aos funcionários da ferrovia. Atualmente, funcionam como equipamentos da prefeitura e estão em bom estado de conservação. Entretanto, não é possível visualizar uma relação entre eles, um dos motivos é a construção de outros edifícios, como o da rodoviária, o qual cria uma outra configuração para a área, descaracterizando a inicial.
BOCAINA-SP
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Bocaina foi fundada em 1891 e teve sua origem na época dos grandes plantios de café. Com a rápida expansão da lavoura cafeeira, a cidade possuía muitos barões, os quais cresceram rapidamente no setor econômico. Esta é uma das razões por Bocaina ter um grande conjunto de casarões, cerca de 250, remanescentes dos tempos áureos do café. Nesse período chegou a ferrovia, inaugurada no dia 08 de junho de 1910, pela Companhia de Ferro Dourado (Douradense). Bocaina pertencia ao ramal de Bariri. Partindo de Bariri, o trem passava por Bocaina e seguia para Trabiju, onde seguia para Dourado e, posteriormente, São Carlos. Na cidade também existia outra estação, no Pedro Alexandrino, hoje um bairro afastado. Na época o coronel, cujo nome foi dado ao bairro, doou parte das suas terras para a construção da estação. Sua inauguração aconteceu também no dia 08 de junho de 1910. O complexo ferroviário pertence ao município desde 1985, mas a estação do Pedro Alexandrino, não. Esta, hoje, encontra-se abandonada e foi invadida por famílias que não
Ao lado: Vista da Rua Floriano Peixoto
colaboram com sua conservação.
na década de 1920.
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As fotos mostram a Estação Ferroviária de Bocaina em 3 períodos distintos: 1933, 1989 e 2015.
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As fotos mostram a Estação Ferroviária do Bairro Pedro Alexandrino em 3 períodos distintos: 1962, 2001 e 2015.
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Além disso, ao redor dos edifícios ferroviários, há um conjunto de espaços livres com praças e um bosque, que qualificam ainda mais a centralidade da área. É também, uma região muito ativa, bastante utilizada pela população. Isso porque, os próprios eventos culturais e de lazer promovidos pela prefeitura ocorrem aí. São eventos como Cinema de Rua, Férias Literárias, Ato Cívico, Show na Praça, que acontecem mesmo sem ter um espaço apropriado. Esse estudo acerca do que ocorre na região e quais seus usos, foi o que definiu a escolha dos programas a serem inseridos na nova intervenção. Muitas de suas características serão mantidas, intervindo em melhorias para a região e não em substituição de programas. Diferentemente do que passam os centros urbanos hoje, esta área tem uso e vitalidade. Muito disso, diz respeito à predominância de habitações na região. Por mais que seja centro, a parte comercial localiza-se mais abaixo, em torno da Igreja Matriz, por onde começou a Ao lado: Eventos de dança de rua, música e literatura, respectivamente.
nascer a cidade e onde se encontra a maioria dos casarões históricos.
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A análise sobre os mapas de levantamento, esclareceu algumas situações que devem ser levadas em consideração, como por exemplo a proposta para o novo trajeto do ônibus intermunicipal e a escolha pela implantação nas quadras, através do levantamento de fluxos. Também a escolha por uma intervenção, de certa maneira, mínima, tentando conciliar a proposta com as características da área: majoritariamente com construções de 1 pavimento e poucos de 2 pavimentos. E a questão de ser uma área predominantemente institucional e com áreas livres.
MAPA DE FLUXOS
legenda fluxo alto fluxo médio fluxo baixo
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A área de intervenção conta com uso predominantemente institucional: os três edifícios remanescentes da ferrovia que pertencem a prefeitura, a Igreja Santa Luzia, a rodoviária e as duas escolas, uma estadual e outra municipal. Além disso, no entorno o que predomina é o uso residencial, o qual contribui sobremaneira para a vida ativa da área.
MAPA DE USOS
legenda residencial comercial/serviço institucional misto com habitação terreno vazio área verde
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MAPA DE GABARITOS
legenda 1 pavimento 2 pavimentos terreno vazio
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4 3 2 1
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Ao lado: Fotos da área de intervenção e do entorno atualmente.
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Ao lado: Fotos da área de intervenção e do entorno atualmente.
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PROJETO
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Minha proposta tem como base compreender as particularidades do local, para consequentemente, ser o ponto de partida do projeto. As diretrizes partem do usuário, das suas necessidades e da melhoria de um espaço de [con]vivência, levando em consideração a memória do lugar. Esta que se constitui como uma memória coletiva, intimamente relacionada à vida da população. Como complementa Beatriz Kühl (2013), sobre a intervenção em patrimônio industrial, devem-se levar em consideração os valores entendidos de maneira ampla, inclusive os de natureza memorial e simbólica, que são de interesse para a coletividade, e não simples aspirações setoriais e imediatistas. Em síntese, o projeto se pauta em duas frentes, uma referente aos edifícios e outra, às áreas livres. A área, com interesse histórico, com parte da memória da cidade e com grande utilização pela população, vem a se tornar um conjunto potencializado. Pontencializado no sentido de criar melhores condições e qualidades, fazendo do todo mais que um conjunto harmonioso, um
Ao lado: Estudo de como, possivelmente,
lugar marcado pela vivacidade e identidade local.
era a região na época da ferrovia.
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Ao lado: Estudo da área de intervenção térreos e massas arbóreas existentes.
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Agropecuária Biblioteca Igreja Santa Luzia Praça Ângelo Diegues
Almoxarifado municipal Rodoviária Acessa São Paulo
Bosque Praça Zeca Livino
Praça Remígio Diegues
Residências
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O Programa
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Como visto, a área de intervenção é quase integralmente de uso institucional, sendo dois deles escolas, uma de ensino infantil e outra de ensino fundamental e médio. A proposta de uma escola técnica nessa região é, além de atender esses alunos, proporcionar estudos mais específicos para o mercado de trabalho da própria cidade. Bocaina se destaca por ser a capital da luva de raspa - luva como equipamento de segurança feita de couro -, nesse sentido, além de várias fábricas de luva, há também cortumes. Outra atividade de grande importância é a usina de açúcar e álcool, a qual emprega grande parte da população. Em relação à rodoviária, sabendo da sua importância para a área atualmente e pelo seu processo de consolidação, a idéia foi repensar uma implantação diante das novas proposições, uma vez que a rodoviária já se encontrava na região. Entretanto, segundo minha visão, criando uma barreira para a reativação da memória da época da ferrovia.
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Diagrama de programas espaço livre e área construída
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Sua aproximação com um edifício antigo,onde antigamente funcionava uma indústria privada, do mesmo período do complexo ferroviário-, permite uma integração com a área toda sem se sobressair. Além de um novo programa para parte do edifício existente, abrigando as secretárias municipais, visto que é um local que pode abrigar diversas secretarias e também é de fácil acesso tanto para a população local quanto para pessoas de outras cidades. A área de intervenção segue a linearidade da linha férrea. Entretanto, a proposta é trabalhada a partir de um centro, que por sua vez se ramifica. Este pensamento vem desde o início, de potencializar um espaço consolidado que, antigamente, se desenvolveu com a chegada da ferrovia. Por conseguinte, o trajeto da linha férrea no entorno mais imediato desse espaço, passou a ter importância: possibilitando novos espaços que são extensões da centralidade do projeto.
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Igreja Santa Luzia Agropecuária (Secretarias Feiras
Praça Ângelo Diegues
EXTENSÃO Escola Estadual
legenda existente ( ) novo uso a construir a demolir
Acessa Biblioteca São Paulo (Museu) Anexo
Espaço 3ª Idade . Quadra
Biblioteca
Municipais) Rodoviária
Almoxarifado Bosque
(Escola Escola Infantil
Residências
Rodoviária Dep. Trânsito
Técnica)
Anexo
Praça
EXTENSÃO
Escola
CENTRALIDADE
Diagrama de programas panorama da área de intervenção
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Ainda sobre a rodoviária, foi preciso levar em consideração outro fator, o trajeto do ônibus. Embora sua localização atual seja interessante do ponto de vista atrativo e da facilidade de acesso para o meio de transporte, o edifício não estabelece diálogo algum com seu entorno, tanto em questão de linguagem, quanto de implantação na paisagem. A minha proposta projetual busca conciliar ambas as questões , e para tal, a rodoviária no seu novo espaço, ainda dentro dessa região, mantém seus pontos positivos e se insere na unidade e linguagem da intervenção.
Ao lado: O trajeto do ônibus hoje e no projeto, respectivamente.
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O prédio da estação abrigará o museu da cidade. Há um tempo a estação possuía essa função, mas depois trocou de prédio e hoje em dia não existe mais. O que resta do museu, encontra-se encaixotado no cinema municipal. Com sua reativação, a memória da ferrovia e da cidade voltarão a ter destaque. Para a praça que a circunda, Remígio Diégues, a ideia é ampliar o espaço e proporcionar melhores condições para as atividades que já acontecem lá. Essa grande praça não se restringe a apenas o quarteirão da estação, mas sim abrange, de certa maneira, todas
Abaixo: A linha férrea, os edifícios
as quadras da intervenção.
existentes e o projeto, respectivamente.
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A conexão entre elas se dá por meio dos espaços construídos e das áreas livres, através dos usos, dos acessos , das visuais privilegiando os prédios do período da ferrovia, da sugestão de um percurso por onde passava a linha férrea, ou seja, da unidade criada. O mais relevante é propiciar dentro das quatro quadras do centro, uma certa urbanidade, por meio de sua configuração, atratividade e vivência. E também, pensando em um atrativo para os jovens das escolas ao redor, é criada uma quadra poliesportiva, um espaço de convivência e lazer. Além da integração entre jovens, propõem-se uma integração entre diversas idades, neste caso, criando em um anexo, o espaço para o grupo da Terceira idade, que atualmente não tem lugar fixo.
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A Intervenção
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Os novos edifícios conectados à preexistência e a articulação entre os espaços livres criam uma unidade constituída por quatro quadras. Essa unidade tem como relevância o cuidado com o que existe e com o que, de certa maneira, foi esquecido. Com base na arquitetura singela da área e no que ela representou para a formação da cidade é que foi pensada a intervenção. Com respeito à região, alguns princípios foram norteadores no momento das escolhas projetuais, como: o posicionamento dos anexos em relação à existência - seja na altura ou no alinhamento, de modo que não se sobressaia, mas que haja harmonia entre ambos; as visuais estabelecidas - na tentativa de privigeliar o que é mais relevante em cada local; a escolha do sistema construtivo deixando evidente a criação do novo ao ponto de não deixar dúvidas quanto a sua época ou até mesmo ser confundido com o que já existe; a escolha do programa - através da melhoria da vitalidade da região; o cuidado com a vegetação local - com a mínima intervenção no solo e buscando pontos mais livres para a ocupação do solo; a posição da antiga linha férrea - numa tentativa de liberar essa passagem, não só para criar um percurso de pedestres, mas também para possibilitar uma nova sensibilidade para quem usufrui, diferente da que existiu, entretanto, numa mesma localização.
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IMPLANTAÇÃO
legenda edifícios existentes edifícios novos deck de madeira piso drenante de concreto piso intertravado piso pedra portuguesa grama 1 grama 2
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Agropecuária
Secretarias Rodoviária
Municipais
Acadêmia ao ar livre Espelho Espaço Terceira Idade
Árvores Biblioteca
d’ água
realocadas
Praça Seca Passeio
Anexo
Táxi
Museu da Cidade
Biblioteca
Anexo
Escola Técnica Área
Área
de Estar
‘Anfiteatro’ Árvores
Árvores
Quadra Poliesportiva
existentes Playground
propostas
Escola Técnica
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CORTE AA
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CORTE BB
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CORTE CC
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As Quadras A lógica dos espaços, tanto construídos quanto livres, é a mesma. Nos espaços construídos, para a intervenção nos edifícios existente, procurou-se manter as qualidades e o que era mais remanescente da época da ferrovia, porque muito já foi alterado, principalmente a casa do chefe da Estação e a própria estação. Nas fachadas, a escolha por preservar o que era real resultou em novas ações, deixando evidente uma nova intervenção e não simulando algo que já foi. Assim, para as aberturas foram propostas esquadrias que dialogam com os edifícios projetados, de forma a estabelecer uma unidade entre eles. As esquadrias de treliça de madeira, assim como os grandes paineis das fachadas dos novos edifícios, funcionam como gelosias. Busca-se a ideia de ‘ver sem ser visto’, observar o entorno de dentro da construção sem perder a privacidade, além de agir como brise.
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Os anexos foram projetados em estrutura metálica, de maneira que transpareçam uma leveza diante do já construído e mostrem a distinção entre o antigo e o novo com evidência. Já nos espaços livres, o projeto se volta para áreas de estar sobre deck de madeira, em que os próprios bancos seguem a mesma linguagem como se fossem extensões do piso; para um percurso por onde passava a linha do trem, conectando os três edifícios da época da ferrovia; para um percurso alternativo, onde possa acontecer atividades como caminhada e corrida e para áreas verdes, como espaços de permanência.
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QUADRA
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A Quadra 1conta com o prédio da antiga casa do chefe da Estação ferroviária e com o Bosque da cidade. Essa quadra se insere dentro da quadra da Igreja Santa Luzia.
Além da importância da
preexistência e de como o novo se une a ela, as áreas livres aqui se destacam, devido a intensa arborização.
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O conjunto da Biblioteca Municipal é formado pelo edifício já existente (antiga casa do chefe da estação ferroviária) e por mais dois anexos. A intervenção buscou enriquecer esse espaço por meio de modificações e programas complementares. O edifício da própria Biblioteca quase não sofreu mudanças. Junto a ele, foi acrescentado um anexo para sala de leitura, deixando a parte de acervo, gibiteca e leitura numa grande área conjunta. No outro anexo foram inseridas a midiateca e a sala de cinema, além de um café. A sala de cinema especificamente visa atender não só aos eventos da cidade como também as atividades escolares.
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O espaço para o grupo da Terceira Idade foi criado com o intuito de trazer para essa região diversos tipos de público, além de o grupo ser bastante ativo na cidade e atualmente não ter um lugar próprio. Conciliando tais questões, uma Quadra Poliesportiva foi criada ao lado.
Mais
ainda, o apoio para essa quadra foi inserido no mesmo edifício da Terceira Idade, de maneira que otimizem o espaço livre, ocupando o mínimo o solo do Bosque. Sem conexão interna, os usos se voltam para norte e para sul.
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Biblioteca e Anexo
PLANTA
legenda 1. recepção 2. sanitários 3. copa 4. administração 5. poço de luz 6. acervo 7. gibiteca 8. leitura
9. cobertura 10. midiateca 11. sanitários 12. café 13. cozinha 14. depósito 15. apoio cinema 16. cinema
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Espaço Terceira Idade Quadra Poliesportiva
PLANTA
legenda 1. salão 2. cozinha 3. despensa 4. lixo 5. sanitários 6. depósito 7. vestiário 8. depósito 9. vestiário
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playground
Outro programa que já existia no local, era um playground. A criação desse novo espaço, privilegia não só a sua localização em relação ao edifícios, como também facilita os olhares dos acompanhantes, no sentido de criar em um deck ao redor dos brinquedos, uma área de estar bastante arborizada.
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academia ao ar livre Ainda no espaço aberto do bosque, propõemse outro equipamento a conciliar com as áreas de estar. O deck de madeira que, em todo o conjunto de espaços livres da intervenção, funciona como estar, aqui ganha também outro caráter. Atende a academia ao ar livre que para a cidade já tem papel importante no bem estar, principalmente, da população idosa - quem mais a utiliza hoje em dia. Além disso, a proximidade com o espaço da Terceira Idade pode atraí-la ainda mais.
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QUADRA
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A Quadra 2 corresponde a quadra central, onde está localizada a antiga Estação ferroviária. O seu prédio abrigará o Museu da cidade, tornando-se ainda mais, um símbolo para Bocaina. Quanto ao espaço livre da quadra, pode-se dizer que é o mais distinto dos demais por conter uma grande praça seca, reforçando o local para o acontecimentos de eventos e grandes atividades.
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A Quadra 2 corresponde a quadra central, onde está localizada a antiga Estação ferroviária. O seu prédio abrigará o Museu da cidade, tornando se mais ainda, um símbolo para Bocaina. Quanto ao espaço livre da quadra, pode-se dizer que é o mais distinto dos demais por conter uma grande praça seca, reforçando o local para o acontecimentos de eventos e grandes atividades.
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museu da cidade
PLANTA
legenda 1. recepção 2. exposição 3. sanitários 4. depósito 5. arquivo/copa
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área de estar
As áreas de estar se formam ao longo do percurso alternativo. São formadas por áreas verdes e por decks de madeira um pouco elevado do solo, que dão espaço para que ocorra a percolação da água no solo. O mobiliário se volta tanto para dentro quanto para fora, possibilitando duas ambiências.
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espaço ‘anfiteatro’
Também considerado uma área de estar, esse espaço funciona para além. Foi projetado para o acontecimento de pequenas atividades ao ar livre, como apresentações, saraus, brincadeiras, encontro de jovens, etc.
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QUADRA
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Na Quadra 3 é onde está localizado o antigo Armazém da ferrovia. Nele se implantará uma Escola técnica para atender a toda a população, já que na cidade não existe nenhum ensino para além do ensino médio. No edifício existente ficarão, principalmente, as salas de aula, enquanto que no anexo projetado, o programa de estenderá para convivência e administração, contando com espaço para funcionários, como sala dos professores e diretoria.
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escola técnica
PLANTA
legenda 1. recepção 2. laboratório 3. sala multiuso 4. sala de aula 5. sanitários 6. cantina 7. sanitários
8. xérox 9. diretoria 10. sala professores 11. sanitários func. 12. depósito 13. copa 14. almoxarifado
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4 4
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QUADRA
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A Quadra 4 possui o edifício de uma antiga indústria privada, não relacionada a ferrovia, mas da mesma época, como até mesmo mostra sua arquitetura semelhante. Junto a esse edifício está a rodoviária, que possui a mesma linguagem dos demais edifícios novos, porém levando em consideração a sua peculiaridade de escala. Tal escala não se sobressai na paisagem, uma vez que dialoga com seu entorno imediato. Há também aí os táxis, que se encontram na rodoviária do lado oposto aos ônibus.
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rodoviária e táxi
PLANTA
legenda 1. guichê 1 2. apoio guichê1 3. guichê 2 4. apoio guichê 2 5. administração 6. depósito
7. lanchonete 8. sanitários 9. espera táxi 10. espera ônibus 11. (des)embarque
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MEMÓRIA SOBRE NOVOS TRILHOS
Perspectiva. Quadras 1 e 2
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MEMÓRIA SOBRE NOVOS TRILHOS
Perspectiva. Quadras 3 e 4
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BIBLIOGRAFIA
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Novembro. 2015