Rev. ABO Nac. - Vol. 18 nยบ 1 - Fevereiro/marรงo 2010
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Rev. ABO Nac. - Vol. 18 nยบ 1 - Fevereiro/marรงo 2010
ISSN 0104-3072
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NACIONAL Revista da Associação Brasileira de Odontologia
Do passado para o futuro
Conselho Editorial Científico Presidente: Newton Miranda de Carvalho Diretor científico: Fernando Luiz Tavares Vieira Secretário-executivo: Marco Aurélio Blaz Vasques Conselho Consultivo Carlos de Paula Eduardo, Edela Puricelli, Edmir Matson, Geraldo Bosco Lindoso Couto, Heitor Panzeri, José Mondelli, Luciano Loureiro de Melo, Maria Carméli Correia Sampaio, Maria Fidela de Lima Navarro, Ney Soares de Araújo, Nilza Pereira Costa, Orivaldo Tavano, Orlando Ayrton de Toledo, Roberto Vianna, Salete Maria Pretto e Tatsuko Sakima. A Revista ABO Nacional é uma publicação bimestral da ABO Nacional. Sede administrativa: Rua Vergueiro, 3153, conjs. 82 e 83 - Vila Mariana - São Paulo - SP - CEP 04101-300 Telefax. (+55 11) 5083.4000. Web: www.abo.org.br E-mail: abo@abo.org.br Adress to correspondence: Rua Vergueiro, 3153, conjs. 82 e 83 - São Paulo - SP - Brasil - CEP 04101-300 Web: www.abo.org.br Registrada no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), sob o Número Internacional Normalizado para Publicações Seriadas (ISSN) 0104-3072. A Revista ABO Nacional está indexada nas bases de Filiada à dados Bibliografia Brasileira de Odontologia (BBO) e Literatura Latinoamericana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs).
Produção e Redação: Edita Comunicação Integrada Alameda Santos, 1398 - 8º conj. 87. Telefax (+11) 3253.6485. CEP 01418-100. São Paulo (SP) - Brasil.Email: edita@editabr.com.br Diretores: Joaquim R. Lourenço e Zaíra Barros. Editora responsável: Zaíra Barros (MTb:8989). Repórter: Antonela Tescarollo (MTb: 41547), Diego Freire (MTb: 49614). Copydesk: Ricardo Palmiéri Barros. Imagens: Davi de Barros/Fotoabout. Diagramação/artes: Edita/Victor Cruz. Diretor de Produção Gráfica: Joaquim R. Lourenço. Publicidade: MN Design (+11) 2975.3916. Impressão: Vitor Mango. Tiragem: 30 mil exemplares. Os conceitos e opiniões emitidos em artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não expressam necessariamente a posição da ABO Nacional. A ABO Nacional não se responsabiliza pelos produtos e serviços das empresas anunciantes, as quais estão sujeitas às normas de mercado e do Código de Defesa do Consumidor. É permitida a reprodução dos artigos não científicos desde que citada a fonte. Os artigos científicos ficam sujeitos à autorização expressa dos autores. Solicita-se permuta – Requests exchange – Si solicita lo scambio – Se solicita canje – On demande l’ èchange – Wir bitten um Austausch
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ara seguir em frente com nossa proposta de definir novos rumos para a ABO e a Odontologia brasileira, dedicamos as páginas desta edição histórica da Revista ABO Nacional ao resgate da trajetória quase centenária da entidade odontológica de maior representatividade do Brasil – trabalho que demandou intensa pesquisa nos registros anteriores dos nossos veículos de comunicação e entrevistas com importantes atores do longo e memorável processo de construção da entidade e da nossa Odontologia. Isso porque cada passo da ABO ao longo dos seus 93 anos foi dado pelos mesmos agentes que construíram as bases para o ideal de promoção ampla e irrestrita da saúde bucal perseguido hoje em dia. Cientistas, professores, clínicos, todos dedicando tempo e esforço pessoais para causas que ultrapassavam os limites de seus consultórios, clínicas, faculdades... Assim foi escrita a história da ABO e de todas as suas realizações – algumas delas contadas em retrospectiva nesta edição, como seus veículos de comunicação e o Selo de Qualidade. Essa multiplicidade resultou no olhar amplo e acurado com que a ABO desenvolve suas ações, e é um verdadeiro patrimônio da entidade – assim como a igualmente ampla diversidade cultural de suas células, espalhadas por todo o território nacional. Uma das principais diretrizes da nossa gestão à frente da ABO Nacional é, como faz esta edição, resgatar o que julgamos ser a essência da entidade, e que não só não deve ser esquecida como precisa, diariamente, ser cultivada: a descentralização de sua identidade. A ABO nasceu descentralizada: muitas das nossas Seções já se organizavam em entidades próprias antes da criação da instituição nacional. É nessa diversidade de sotaques, cores e, especialmente, olhares que reside nossa força. Dessa forma, convocamos a todos os filhos dessa história – goianos, brasilienses, mineiros, amazonenses, catarinenses, paraibanos, pernambucanos, paulistas, capixabas, potiguares, gaúchos... – a, mais uma vez, unir forças em torno de um mesmo objetivo: o desenvolvimento da nossa Odontologia e a construção de uma nova realidade para a saúde bucal de nossa população. O exemplo nos é dado nas páginas a seguir, pelos ilustres colegas que, a despeito de todas as restrições territoriais de uma época de recursos tecnológicos limitados, derrubaram barreiras e deram as mãos, formando essa corrente continental de promoção da Odontologia e da saúde bucal que é a ABO Nacional. É fortalecendo os elos dessa corrente que seguiremos em frente, rumo a um futuro de novas conquistas. Newton Miranda de Carvalho Presidente da ABO Nacional
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D I R E T O R I A
A B O
N A C I O N A L
Mur ilo Oliveira da Fontoura Jr./RJ , Lucila Janeth Esteves Pereira/PA, Júlio Medeiros Barros Fortes/PI
Associação Brasileira de Odontologia - ABO Nacional, registrada no Conselho Nacional Serviço Social sob nº 110.006/54, em 12 de janeiro de 1955. Filiada à FDI e à Fola/Oral. Conselho Executivo Nacional (CEN) Presidente: Newton Miranda de Carvalho/MG Vice-presidente: Manoel de Jesus Rodrigues Mello/CE Secretário-geral: Marco Aurélio Blaz Vasques/RO 1ª secretária: Daiz da Silva Muniz/AP Tesoureiro-geral: Wesley Borba Toledo/DF 1o tesoureiro: Carlos Augusto Jayme Machado/MG Suplentes: Dilto Crouzeiles Nunes/RS, Paulo
Conselho Fiscal Nacional (CFN) Ef etivos: José Silvestre/SP, José Barbosa Por to/ CE, Paulo Jorge Alves Martins/RO Suplentes: Rafael de Almeida Decurcio/GO, Alberto Tadeu do Nascimento Borges/AM, Stanley Sandro da Silva Mendes/AC
Diretores do Departamento de Avaliação de Produtos Odontológicos (Dapo) Oscar Barreiros de Carvalho Jr./SP Diretor científico da Revista ABO Nacional Fernando Luiz Tavares Vieira/PE
Coordenadoria Geral da UniABO Coordenador:Inácio da Silva Rocha/RJ; vice-coord.: Daniele Tupinambá/PA; secr.-geral:Sérgio Pedrosa/DF Vice-presidentes Regionais Conselho Nacional de Saúde Norte: Luiz Fernando Varrone/TO; Nordeste: Efetivo: Geraldo Vasconcelos/PE Tiago Gusmão Muritiba/AL; Sudeste: Osmir Luiz Oliveira/MG; Sul: Nádia Maria Fava/SC; Centro- Conselho Deliberativo Nacional (CDN) Presidente: Osiris Pontoni Klamas/PR oeste: Jander Ruela Pereira/MT Vice-presidente: José Barbosa Porto/CE Assessorias Internacional : Paulo Murilo Oliveira da Fontour a Jr./RJ Mar keting: Antonio Inácio Ribeiro/RS Planejamento estratégico: Plínio Tomaz/SP e Sinval Santos Pereira Silva/ES
A B O
N O S
E S T A D O S
ABO/Acre Pres. Stanley Sandro da Silva Mendes R. Marechal Deodoro, 837, s.4 69900-210 - Rio Branco - AC Telefax(+68) 3224.0822
ABO/Maranhão Pres.Marvio Martins Dias Av. Ana Jansen,73 65051-900 - São Luiz - MA Tel. (+98) 3227.1719/Fax 3227.0834
ABO/Rio de Janeiro Pres. Paulo Murilo O. da Fontoura Rua Barão de Sertório,75 20261-050 - Rio de Janeiro - RJ Tel.(+21)2504.0002 /Fax 2504.3859
ABO/Alagoas Pres. Tiago Gusmão Muritiba Av.Roberto M. de Brito, s/n.-Jatiuca 57037-240 Maceió - AL Telefax(+82) 3235.1008
ABO/Mato Grosso Pres. Jander Ruela Pereira Rua Padre Remeter, 170 78008-150 - Cuiabá - MT Telefax(+65) 3623.9897
ABO/Rio Grande do Norte Pres. Pedro Alzair Pereira da Costa Rua Felipe Camarão, 514 59025-200 - Natal - RN Tel.:(+84) 3222.3812/Fax: 3201.9441
ABO/Amapá Pres. Daiz da Silva Nunes Rua Dr.Marcelo Cândia, 635 CP 635 68906-510 - Macapá - AP Tel. (+96) 3244.0202/Fax 3242.9300
ABO/Mato Grosso do Sul Pres. Paulo Cezar R. Ogeda Rua da Liberdade, 836 79004-150 Campo Grande - MS Telefax (+67)3383.3842
ABO/Rio Grande do Sul Pres. Flávio Augusto Marsiaj Oliveira Rua Furriel L. A. Vargas, 134 90470-130 - Porto Alegre - RS Tel.:(+51) 3330.8866/Fax: 3330.6 932
ABO/Amazonas Pres. Alberto Tadeu do N. Borges Rua Maceió, 863 69057-010 - Manaus - AM Tel.(+92) 3584. 5535/3635-231
ABO/Minas Gerais Pres. Carlos Augusto Jayme Machado Rua Tenente Renato César, 106 30380-110 - B.Horizonte - MG Tel. (+31) 3298.1800/Fax 3298.1838
ABO/Rondônia Pres. Paulo Jorge Alves Martins Rua D.Pedro II, 1407 78901-150 - Porto Velho - RO Tel.: (+69) 3221.5655/Fax: 3221.6197
ABO/Bahia Pres. Antístenes Albernaz Alves Neto R.Altino Serbeto Barros, 138 41825-010 - Salvador - BA Tel.(+71) 2203.4066/ Fax 2203.4069
ABO/Pará Pres. Lucila Janeth Esteves Pereira Rua Marquês de Herval, 2298 66080-350 - Belém - PA
ABO/Roraima Pres. Luiz Carlos Schwinden R. Barão do Rio Branco,1309 69301-130 - Boa Vista - RR Tel. (+95) 3224.0897/ Fax 3224.3795
ABO/Ceará Pres. José Barbosa Porto R. Gonçalves Lêdo, 1630 60110-261 - Fortaleza - CE Tel.(+85) 3311.6666/Fax 3311.6650
ABO/Paraíba Pres. Patrícia Meira Bueno Av. Rui Barbosa,38 58040-490 - João Pessoa - PB Telefax(+83) 3222-7100
ABO/Santa Catarina Pres. Nádia Maria Fava Rua Dom Pedro I, 224 - Capoeira 88090-830 - Florianópolis- SC Telefax (+48) 3248.7101
ABO/Distrito Federal Pres. Marcelo Henrique de Negreiros SGAS 616 - lote 115-L/2 Sul 70200-760 - Brasília - DF Tel.(+61) 3445.4800/Fax 3445.4848
ABO/Paraná Pres. Osiris Pontoni Klamas Rua Dias da Rocha Filho, 625 80040-050 - Curitiba - PR Tel.(+41)3028.5800/Fax 3028.5824
ABO/São Paulo Pres. José Silvestre Rua Dr. Olavo Egídio, 154 - Santana 02037-000 - São Paulo - SP Tel.: (+11) 2950.3332/Fax: 2950.1932
ABO/Espírito Santo Pres. Luiz Carlos Bourguignon dos Santos R. Henrique Rato, 40 - Fátima 29160-812 - Vitória - ES Telefax(+27) 3337.8010
ABO/Pernambuco Pres. Fernando Luiz Tavares Vieira Rua Dois Irmãos, 165 52071-440 - Recife - PE Tel.(+81) 3442.8141
ABO/Sergipe Pres. Martha Virgínia de Almeida Dantas Av. Gonçalo Prado Rollemberg, 404 49015230 - Aracajú - SE Tel: (+79) 3211.2177 Fax: 3214.4640
ABO/Goiás Pres. Jorivê Sousa Castro Av.Itália, 1184 74325-110 - Goiânia - GO Tel.(+62) 3236.3100/Fax 3236.3126
ABO/Piauí Pres. Júlio Medeiros Barros Fortes Rua Dr. Arêa Leão, 545 - SUL 64001-310 - Teresina - PI Tel.(+86) 3221.9374
ABO/Tocantins Pres. Luiz Fernando Varrone Av.LO15 602 Sul-Conj. 02 Lote 02 70105-020 - Palmas - TO Tel.: (+63) 3214.2246/Fax: 3214.1659
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S . . . .U. . . .M. . . .Á. . .R . . . .I . . O .. Summary
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25 Artigo original
HISTÓRIA
Linha do tempo 93 anos de história HISTORY
93 years of history
7 Contribuição para a Odontologia brasileira
49 Artigo original
Indicação profissional e disponibilidade dos principais instrumentos para o controle mecânico do biofilme dentário
Avaliação dimensional dos modelos de gesso provenientes de moldes de poliéter desinfetados com nebulização de hipoclorito de sódio
Professional indication and availability of the main instruments for mechanic plaque control
Dimensional assessment of gypsum models from polyether impressions disinfected using sodium hypochlorite nebulization
Jairienne Antunes Guimarães Mário Sérgio Fonseca Cláudia Valéria de Sousa Resende Penido Roberval de Almeida Cruz
Carmem Dolores Vilarinho Soares de Moura Janaína Cordeiro Oliveira Castro Antonio Luiz França da Silva Thalita Karenyne Xavier Alves da Silva Lorenna Bastos Lima Verde Nogueira
9 Um marco no mercado 33 Artigo original
de higiene bucal
Avaliação clínica de duas técnicas de 55 Relato de caso clareamento de dentes desvitalizados Implantes -Resultados estéticos em agenesias de incisivos laterais Clinical evaluation of two bleaching superiores techniques for nonvital teeth Implants - Esthetics findings of Cássio Rodrigo Cavalcanti Santos Rogério de Aguiar Gomes dental agenesis
11 ABO integrada nas páginas do JABO Patrimônio da ciência odontológica
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Ana Luísa de Ataíde Mariz Claudio Heliomar Vicente da Silva
38 Artigo original Influência do armazenamento de dentes extraídos sobre a adesão de resina ao esmalte
59 Relato de caso Carcinoma espinocelular invasivo de boca - Relato de caso Mouth squamous cell carcinoma Case report
Influence of storing extracted teeth on resin adhesion to teeth enamel
16 Descentralizar para seguir em frente
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INSTRUÇÕES AOS AUTORES INSTRUCTIONS TO AUTHORS
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ARTIGOS CIENTÍFICOS SCIENTIFIC ARTICLES
Evonete Maria de Oliveira Marra Henner Alberto Gomide
Fabiano de Sant’Ana dos Santos Hélio Massaiochi Tanimoto Miguel Alfredo Isper Felipe Gai Isper Renata Barcelo de Andrade
44 Artigo original
Artigo original O ensino das faculdades de Odontologia brasileiras retrata a Odontopediatria praticada nos consultórios? Does the teaching of Brazilian Dental Schools reflect the Pediatric Dentistry applied in clinics? Luciana Monti Lima Cristiane Motisuki Lourdes Santos-Pinto
Estudo comparativo entre a fixação interna e a fixação intermaxilar no reparo ósseo de fraturas mandibulares por meio da avaliação da média dos níveis de cinza em radiografias digitalizadas A comparative study between internal fixation and intermaxillary fixation on bone repair of mandible fractures using gray´s levels analysis in digital radiographics Christiano Sampaio Queiroz Viviane Almeida Sarmento Sara Juliana Abreu de Vasconcellos
INDEXADA BBO Lilacs
Michele Elias Contin Mansur Fabiano Mendes Silveira Antonio Elias Mansur Elizabete Brasil dos Santos
1998 1998
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AGENDA DENTAL CALENDAR
CAPA nº 1, jul/set.1993: Avaliação de escovas brasileiras. Produção: EditaVictor Marcílio
CAPA nº 100, fev./mar. 2010: História da ABO. Produção - capa e linha do tempo: Edita-Victor Leão
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93 anos de história
1929: um dos primeiros registros da história da ABO, no Rio de Janeiro
Desde 1917, ela foi Federação Odontológica Brasileira, União Odontológica Brasileira, até se tornar ABO Nacional. Nesta longa história muitos fatos ainda estão perdidos, mas o que foi resgatado mostra uma entidade sempre articulada, de atuação abrangente no País e voltada ao cirurgião-dentista e à saúde bucal da população. Neste caminho, foram construídos congressos, escolas de educação continuada, jornal, revista, selo de qualidade, entre outras conquistas, que já indicam o presente e o futuro de sucesso alcançado e pretendido pela ABO Nacional. Antonela Tescarollo e Diego Freire 46
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1944: página do Manifesto aos Cirurgiõesdentistas do Brasil
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ragmentada e imprecisa. Estas são duas características muito marcantes quando se trata da história da Associação Brasileira de Odontologia, a ABO Nacional, pois as referências que se tem são de dados esparsos, alguns controversos, de fontes diversas e cujas relações são difíceis de estabelecer com segurança, evidenciando a ausência de elos importantes que permitam enxergar melhor o passado. Problemas até aceitáveis quando se leva em consideração uma história que remete ao início do século XX. Mas, destas informações, mesmo que imprecisas, é possível também resgatar fatos que deram início ao que hoje são importantes pilares da entidade: forte atuação política e classista; representação e defesa do cirurgião-
dentista, da Odontologia e da saúde bucal da população; preocupação em promover o ensino e atualização científica; presença nas diferentes regiões do País; união e respeito entre todas as unidades que formam a associação nacionalmente. Por isso, a pretensão aqui não é de apresentar um trabalho consolidado, mas apenas relembrar algumas passagens de que se têm notícia e que parecem ter sido relevantes e, assim, tentar reconstruir trechos da memória da ABO Nacional e desta trajetória tão bem-sucedida. A história real do que serviu de alicerce para a entidade, bem como seus passos até assumir a atual identidade, ainda precisa ser mais bem contada. Para o resgate completo de todos os detalhes, é preciso, sem dúvida, um trabalho extenso mais adequado ao perfil de pesquisadores profissionais. Federação, União e Associação A origem da ABO Nacional está ligada à Federação Odontológica Brasileira (FOB), que foi provavelmente fundada por volta de 1917. A referência que permite apontar essa data foi a criação no Chile, nesse mesmo ano, da Federação Odontológica Latino-americana (Fola). A indicação do brasileiro Augusto Coelho e Souza para ocupar a vicepresidência da entidade parece ter incentivado os profissionais daqui a trilhar caminhos associativos, fundando algo equivalente e já com abrangência nacional. Considerando esta data, a entidade nacional estaria completando 93 anos em 2010.
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Anos depois, mas sem haver uma data exata, a Federação Odontológica Brasileira passou a se chamar União Odontológica Brasileira. A razão da mudança estaria relacionada com a necessidade de se diferenciar a natureza do trabalho associativo da atividade mais especificamente sindical, exercida pela Federação Nacional dos Odontologistas (FNO). Em 1949, a entidade adotou oficialmente o nome de Associação Brasileira de Odontologia (ABO Nacional), conforme está no artigo 1º de seu próprio estatuto: “A Associação Brasileira de Odontologia (ABO Nacional), sucessora da União Odontológica Brasileira, constituída em 22 de janeiro de 1949 na cidade de São Paulo, é o órgão máximo da Odontologia Nacional, de caráter científico e cultural, sem fins lucrativos, tem caráter federativo e é composta por Seções estaduais a ela associadas, tendo personalidade jurídica, sede e foro na cidade de São Paulo.” O que se tem conhecimento é que esta mudança foi aprovada no decorrer da 2ª Semana Internacional de Endodontia Mário Badan, realizada em Poços de Caldas (MG), com apoio da Associação Mineira de Odontologia – que depois tornou-se ABO/MG. Paulo Amaral, então presidente da entidade mineira lançou a proposta durante reunião do Conselho Deliberativo, defendendo a designação do termo “associação” como algo mais representativo e forte do que “união”. Esta identidade, na verdade, foi gentilmente cedida pela ABO/ RJ, que já a utilizava desde 1943, quando deixou de ser denomina-
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da Casa do Dentista Brasileiro, existente desde 1937. A Seção carioca, portanto, foi a única que não precisou mudar de nome e, ao mesmo tempo, a primeira a automaticamente a se enquadrar na sistemática de padronização. Articulação pelo CD No entanto, antes mesmo da mudança oficial em 1949, há indícios de que a entidade já usava o nome Associação Brasileira de Odontologia. Isso é verificado em dois documentos que levam o nome da ABO e estão arquivados no Museu Salles Cunha, da ABO Rio de Janeiro: os originais do “Manifesto aos Cirurgiões-dentistas do Brasil” e do convite para a posse da nova diretoria, na sede da Associação Brasileira de Imprensa, no Rio de Janeiro. Ambos os documentos são datados de 1944. Segundo Thales Ribeiro de Magalhães Filho, coordenador do museu, o fato destes documentos trazerem o nome de Francisco Degni, que era paulista, lhe dá quase certeza de que se trata do início da ABO Nacional, e não de
documentos da entidade carioca. Há referência também ao mineiro Pedro Paulo Penido, que presidiu a entidade nacional, e também de CDs do Distrito Federal, Ceará, Bahia e Paraná. O conteúdo do Manifesto mostra uma entidade preocupada em se estruturar melhor institucional e cientificamente, para, além de se fortalecer, agregar mais cirurgiões-dentistas e oferecer mais serviços e benefícios a eles. “O documento trata-se de uma proposta de organização administrativa, possivelmente idealizada pelo Prof. Coelho e Souza, em que propõe um fichário completo com endereços dos profissionais, o que hoje é chamado cadastro ou mesmo arquivo. E prevê também uma sede própria”, explica Magalhães. O Manifesto cria ainda um setor voltado a atividades culturais, serviços administrativos, laboratório físico-biológico, sociedade especializada, biblioteca e arquivo de revistas, museu odontológico e prevê a instalação de um Hospital Dentário Modelo. Entre os serviços previstos
RÉSUMÉ - HISTORY
93 years of history Since 1917, it was Brazilian Dental Federation, Brazilian Dental Union, until being ABO National (Brazilian Dental Association). In this long history many facts are still missing, but what was rescued always shows an articulated entity, having comprehensive performance in the Country and addressed to the dentist and population’s oral health. In this path, many congresses, continuing education schools, newspaper, magazine, quality seal, among other achievements were built indicating it has already reached success in the present and the future that ABO National aspires.
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para o cirurgião-dentista está também um setor social e um departamento de beneficência, nos moldes do existente na ABO/RJ da época, que amparava o CD idoso sem recursos, e que era obrigado a trabalhar para se manter. No convite original para a posse da nova diretoria da ABO Nacional em 1944 também já há indícios de uma entidade bem organizada e articulada e que buscava integrar e representar a Odontologia em todo o País. Isso porque ela já tinha definidos em seu Conselho Administrativo os Departamentos de Finanças, Publicidade, Científico, Social, Expediente, Exterior, além de um Conselho Legal com sete conselheiros e representantes de diversos Estados.
Criação das Seções Prováveis datas de criação de algumas ABOs, segundo informações fornecidas ao JABO pelas Seções em edição especial de 1998 Amazonas – 1945 Ceará – 1931 Distrito Federal – 1958 Espírito Santo – 1943 Goiás – 1947 Mato Grosso – 1966 Minas Gerais – 1942* Pará – 1932 Paraíba – 1923 Paraná – 1919 Pernambuco – 1922 Piauí – 1987 Rio de Janeiro – 1937 Rio Grande do Norte – 1930 Rio Grande do Sul – 1964 *Informação de Osmir Luiz Oliveira
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Contribuição para a Odontologia brasileira
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Anos 40: Pedro Paulo Penido, atuante presidente da ABO Nacional
Toda a trajetória da ABO Nacional é marcada por acontecimentos e ações que foram definindo e formando o que é a entidade até os dias atuais: presente em todo o País, atuante politicamente, voltada à capacitação e atualização do CD e sempre em defesa da Odontologia e da saúde bucal da população
m fator importante para a construção e formação do que é a ABO Nacional hoje foi a capacidade de unir diferentes grupos, de diferentes realidades, em torno de interesses comuns. Assim, foi alcançada uma importante meta e também um dos principais motivos de sua força: crescer até fincar sua bandeira associativa em todos os Estados brasileiros, chegando nos dias atuais a 321 células, entre 27 Seções e 294 Regionais em todo o território brasileiro. Este grande feito, ainda maior quando considerados a idade da entidade e o tamanho do Brasil, foi possível graças ao empenho de cirurgiões-dentistas empreendedores e ousados, que começaram a se organizar associativamente e ergueram, em diferentes regiões, entidades pioneiras, que deram origem às representações locais da ABO, muitas delas antecedendo, inclusive, a constituição de uma ordenação nacional. Neste processo, há que se reconhecer também o papel da entidade mater da Odontologia, que sempre incentivou e apoiou todas as suas unidades, mantendo-as unidas. Com presença e atuação desta amplitude, a ABO Nacional, sem dúvida, tem contribuído, ao longo de toda sua trajetória, para o crescimento e fortalecimento da Odontologia e do cirurgião-dentista brasileiros, e, por conse-
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quência, da saúde bucal da população. Isso se deu tanto no campo político e institucional, quanto na área científica, de ensino e aperfeiçoamento profissional. A forte vocação para influenciar os destinos da profissão vem de longe e, neste ponto, merece destaque o período em que a entidade nacional foi presidida pelo mineiro Pedro Paulo Penido, figura de peso na história da Odontologia brasileira. Sob sua direção, na década de 40, a entidade parece ter experimentado um dos momentos mais dinâmicos e estimulantes de sua história. Catedrático em Odontopediatria, Penido foi reitor da Universidade de Minas Gerais e acredita-se que foi o primeiro cirurgião-dentista a ocupar este posto no Brasil. Entre outras iniciativas, o dirigente participou, em 1942, da fundação do Centro de Estudos Odontológicos de Minas Gerais, atual ABO/MG. Posteriormente, entre as décadas de 50 e 60, Penido foi ministro da Educação e da Saúde, no governo de Juscelino Kubitscheck. Nesta época é atribuída a ele uma exposição de motivos que levou o presidente Kubitschek a criar o Conselho Federal de Odontologia e suas regionais. Hoje a ABO Nacional continua bastante atuante nas questões políticas que envolvem a Odontologia. Presença forte em Brasília, representantes da enti-
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Augusto Coelho e Souza, fundador da Federação Odontológica Brasileira, predecessora da ABO Nacional
dade acompanham o andamento de projetos de lei que interferem na profissão do cirurgião-dentista e na saúde bucal da população, mantendo contato com senadores e deputados. No fim do ano passado, a ABO Nacional também conquistou uma vaga efetiva no Conselho Nacional de Saúde (CNS), instrumento que permite o controle das políticas públicas de saúde pela sociedade. A ABO Nacional também consolidou outro tipo de representação da Odontologia, diante da imprensa e da opinião pública. Através do trabalho desenvolvido em assessoria de imprensa, a entidade, seus diretores e consultores científicos tornaram-se fonte confiável quando a pauta é saúde bucal em jornais, rádios, revistas e TV, inclusive para che-
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car a seriedade de outras informações divulgadas. A visibilidade da ABO nos meios de comunicação é notada pela frequência de notícias publicadas que a citam: 25 notícias por mês, segundo levantamento feito em 2009. Ciência e formação Desde os tempos em que se chamava Federação Odontológica Brasileira (FOB) e as Seções e Regionais ainda não estavam bem organizadas sob o guardachuva da ABO Nacional, a entidade já valorizava e incentivava o aperfeiçoamento científico e a capacitação do profissional, através de cursos, palestras, congressos, entre outros eventos. A dedicação à esta área foi tanta que formou duas das principais forças motoras dentro da ABO: o
Calendário Oficial de Congressos e as Escolas de Educação Continuada da UniABO. Há relatos, por exemplo, da realização em 1947, em Pernambuco, do Congresso Brasileiro de Odontologia, naquela época já em sua quarta edição. Na ocasião, a entidade nacional ainda realizou uma reunião deliberativa para debater e definir diversas questões, evidenciando a importância institucional que estes eventos tinham. Nos arquivos da Revista Brasileira de Odontologia, que foi doada à ABO/RJ em 1943 e é produzida até hoje pela Seção, há várias referências a muitos eventos científicos promovidos, como a mesa redonda sobre “Pontes Móveis”; mesa clínica “Interelação dos Fatores Articulares” e a conferência “Biologia e Odontologia”, entre outros ocorridos entre julho e agosto de 1951. E da mesma forma, outras Seções e Regionais têm em sua história a realização de muitos congressos, conferências, palestras e cursos, como a ABO Minas Gerais, que em 1963 promoveu o I Congresso Mineiro de Odontologia. Com o passar dos anos, a ABO Nacional continuou promovendo eventos de peso para a ciência odontológica brasileira. Em 1981, trouxe ao Rio de Janeiro o Congresso Mundial da Federação Dentária Internacional (FDI). Um grande feito, que mostra o respeito da entidade no mundo e que se repete agora em setembro de 2010, em Salvador (BA). Outro destaque foi a realização, em São Paulo, do 1º Congresso Internacional de Saúde Bucal em 1994, quando se comemorava o Ano Mundial da Saúde Bucal.
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Um marco no mercado de higiene bucal Com o Selo de Qualidade ABO, a entidade impulsionou a normalização e a certificação de produtos de higiene bucal no Brasil, beneficiando indústria, consumidores, a pesquisa na área e cirurgiões-dentistas
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m 1985, a ABO Nacional, presidida por Nicolau Tortamano, criou o Selo de Qualidade ABO para ser concedido a escovas e fios dentais, dentifrícios e enxaguatórios bucais, segundo informação de Dilto Crouzeiles. Assim, encarou com coragem o desafio de ingressar na espinhosa área de normalização e controle de qualidade, que ainda era privilégio de poucos especialistas internacionais. Com isso, a entidade ganhou respeito em todo o mundo e a indústria brasileira de produtos de higiene bucal foi estimulada a se aprimorar e se adequar à realidade do País, se colocando hoje entre as mais avançadas. Junto com o selo foi criado o Departamento de Avaliação de Produtos Odontológicos da entidade (Dapo), coordenado pelos pesquisadores Heitor Panzeri e Elza Helena Guimarães Lara já especialistas, na época, nesta área e que ainda hoje realizam os estudos para a concessão do selo. “Esta foi a maneira inteligente da ABO contribuir com a classe odontológica, com os fabricantes e com os consu-
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midores. A análise é baseada em princípios universais de qualidade, em conformidade com normas ou especificações, e também nos regulamentos da Anvisa. É a garantia expressa para o uso de determinado produto e que remete ao fabricante o mérito do seu papel na sociedade”, avalia Panzeri. Os dois pesquisadores explicam que as normas de controle de qualidade definem ou caracterizam materiais e produtos por meio de ensaios físicos (mecânicos), químicos e biológicos, avaliando características como pH, densidade, consistência, abrasividade, espuma, entre outros. Estes ensaios são elaborados de maneira que os dados obtidos a partir deles possam ser interpretados de modo que os materiais satisfatórios, ou em conformidade, sejam valorizados e os insatisfatórios, descartados. Este tipo de normas existe há muito tempo e no Brasil a responsável pela manutenção dos arquivos delas é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que é afiliada à International Organiza-
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tion for Standardization (ISO), instituição que mantém um grupo técnico específico para a área odontológica, o ISO TC 106. O início das normas brasileiras Na gestão de Pedro Martinelli na ABO Nacional, no início dos anos 90, o selo ganhou força e consagrou-se como parâmetro nacional para qualificar os produtos brasileiros, saindo da sombra do Selo de Qualidade da ADA, que já era bem conhecido por dar conformidade a produtos odontológicos e tido como padrão de qualidade. “Ficou demonstrado o alto interesse da ABO em participar do crescimento das indústrias do setor no Brasil, favorecer o usuário e os cirurgiões-dentistas, implementando uma série de medidas necessárias a criar o impacto desenvolvimentista”, diz Panzeri. Um dos propulsores do Selo ABO foi o Fórum Nacional de Normatização de Produtos Odontológicos e Afins, realizado em setembro de 1992 e organizado em
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parceria pela ABO Nacional e pela Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratório (Abimo). O evento, presidido pelos pesquisadores Heitor Panzeri e Elza Helena Guimarães Lara, contou com a participação de representantes das faculdades de Odontologia, da indústria, da ABNT, do Grupo Brasileiro de Materiais Dentários e pesquisadores da área, como Roberto Vianna, também do Dapo. “Dada a repercussão do evento, foi criado um clima favorável e, como primeira ação, a ABO determinou critérios para a criação de normas”, conta Elza. De fato, pouco tempo depois, os dois pesquisadores do Dapo elaboraram a primeira das normas específicas para produtos em higiene bucal, focada em
Documentos históricos
dentifrícios. Saiu também do departamento da ABO a norma para escovas dentais, que se transformou na Portaria nº 97/SVS, de 26 de junho de 1996, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Elza e Panzeri participaram também, por muitos anos, da análise de processos para aprovação ou liberação de produtos junto ao Ministério da Saúde e ao ISO TC 106, enaltecendo ainda mais o valor do Selo de Qualidade ABO. “Podemos afirmar, com certeza, que os principais objetivos com o selo foram alcançados. Com a evolução dele, fabricantes e consumidores desfrutam de produtos de ótima qualidade. Hoje, todos são conscientes dos benefícios surgidos a partir destas normas”, conclui Panzeri. Mas ainda há mais o que fazer. Recentemente nomeado para ser diretor do Dapo, o CD Oscar Barreiros de Carvalho Júnior, doutor em Dentística com Opção em Materiais Dentários pela Faculda-
de de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOBUSP) e professor da UniABO, tem planos para melhorar os processos de certificação. Atualmente, cerca de 370 produtos levam o Selo ABO, mas Oscar acredita que esse canal de comunicação com a população pode ser ampliado. Outra mudança que o novo diretor pretende implementar diz respeito à comunicação com as empresas. “Atualmente, os produtores entram em contato com a ABO para que a certificação seja feita, o que é muito positivo, pois mostra a credibilidade da entidade junto à iniciativa privada. Mas é importante que nós também tomemos a iniciativa de contatar as empresas, ampliando nossa atuação e a presença do selo no mercado.” Com isso, a ABO espera que o selo seja ainda mais valorizado e reconhecido por seus ricos serviços prestados à indústria, à Odontologia e à saúde bucal no Brasil.
A valorização da história Museus são instituições que têm a finalidade de recolher, conservar, pesquisar e valorizar de diversas maneiras um conjunto de elementos de importância cultural, científica, histórica e ambiental. Sem dúvida alguma, a Odontologia se encaixa bem entre estes relevantes elementos, o que é reconhecido pelos museus mantidos pelas ABOs Rio de Janeiro e Bahia e pelo projeto Memória da ABO/MG. O Museu Salles Cunha, da ABO/RJ, dirigido por Thales Ribeiro de Magalhães Filho, é uma referência para os estudiosos e profissionais de Odontologia, com um acervo valioso de documentos e objetos, acessível não só aos cirurgiõesdentistas, mas também ao público em geral. Na Bahia, o museu leva o nome de Mirian Cléa Barreto Rocha, homenagem a uma das pioneiras da Odontopediatria baiana, e possui um acervo de mais de 1500 itens, doações da classe odontológica. O
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museu é coordenado por Lauriano Baqueiro. Sabendo da importância de se conhecer e valorizar a história, a ABO Minas Gerais comemorou seu aniversário de 67 anos em 2009 criando a Comissão de Memória da ABO/MG. Composta por Osmir Luiz Oliveira, atuante na entidade desde 1953, Mauro Ivan Salgado e Maria de Lourdes Portugal Jorge, a comissão está levantando a história da Seção, buscando informações em atas de reuniões, livros de registros, fotos e nas conversas com expresidentes e diretores. “Queremos divulgar não só a trajetória da ABO, mas também grandes acontecimentos e o trabalho especial dos CDs dedicados à entidade”, afirma Oliveira. Mais informações: www.abo-ba.org.br, www.aborj.org.br e www.abomg.org.br
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ABO integrada nas páginas do JABO
Evolução editorial do JABO em 3 décadas
O diálogo permanente e continental promovido pelo Jornal ABO Nacional unifica a entidade e fortalece sua identidade, fazendo do periódico, desde o seu primeiro número, lançado em outubro de 1987, um dos principais eixos de integração da ABO e da Odontologia nacional
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riado em 1987 em formato tablóide, papel jornal e com oito páginas, o Jornal ABO Nacional (JABO) atravessou duas décadas de evolução gráfica e editorial dedicado a fortalecer a identidade nacional da ABO ao mesmo tempo em que mantém seus milhares de leitores informados so-
bre os panoramas profissional, político, econômico e social da Odontologia brasileira e internacional. Hoje com 24 páginas, todas em papel couché e em cores, formato germânico, o JABO é distribuído bimestralmente em todo o território nacional, aliando notícias institucionais da en-
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tidade a assuntos diversos de interesse público. Berço mineiro A solidez do maior veículo de comunicação da ABO teve sua fundação construída em solo mineiro, através do cirurgiãodentista Mauro Ivan Salgado,
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JABO sem fronteiras
hoje professor assistente da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em 1987, quando dirigia a EAP da ABO/MG, Salgado levou ao então presidente nacional da ABO, Nicolau Tortamano, uma proposta ousada. “Falei para ele que a ABO não tinha identidade única e que o jornal poderia ajudar a construir esta unidade”, conta. À época, várias Seções mantinham seus próprios jornais, mas a entidade nacional não dispunha de um veículo de comunicação próprio para divulgar seus ideais e suas ações. Ideia aceita, Salgado arregaçou as mangas e convidou para ajudá-lo no projeto o colega de ABO/MG Dagoberto da Costa Fernandes, que trabalhara em redação de jornal antes de se graduar em Odontologia e estava envolvido com o Correio ABO, veículo de comu-
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nicação da Seção mineira. Uniuse à ousada equipe o cirurgiãodentista Hélio Serrano de Moura Leite, na função de tesoureiro, e, no mês de outubro do mesmo ano, com a coordenação de Salgado e textos de Fernandes, saiu a primeira edição do JABO. A redação do recém-nascido jornal funcionava nas instalações de um laboratório de prótese de Fernandes. “Fazer um jornal a cada dois meses, nas condições em que fazíamos, era mais que um desafio: era insano”, lembra o redator. Salgado e ele respondiam por toda a produção do jornal: editorial, reportagem, fotografia, diagramação, arte-final, revisão e até criação de anúncios. “Fazíamos por idealismo, por amor mesmo, e para manter vivo o sonho de ver a ABO com uma cara, uma identidade nacionalmente difundida”, declara Fernandes. Tamanha motivação teve resultados imediatos: a primeira edição do JABO teve tiragem de 100 mil exemplares, e a redação recebia cerca de 400 cartas de leitores por mês. A equipe de reportagem correspondia: já em uma das primeiras edições foi publicada entrevista com o então presidente da Federação Dentária Internacional (FDI), Carlton Williams. Modernização Em 1992, com a reeleição de Pedro Martinelli à Presidência da ABO, a produção do JABO foi terceirizada, dando início a uma nova etapa. Sob a supervisão de Martinelli, a Edita Comunicação Integrada, que responde pela produção do jornal desde então, promoveu reformulação editorial e
gráfica no periódico, migrando-o às modernas tendências da comunicação de então. As atualizações estéticas e de conteúdo se sucederam nas gestões seguintes, sempre acompanhando as novas tecnologias gráficas e na vanguarda da comunicação organizacional. JABO para todos O diálogo promovido pelo JABO ganhou proporções continentais ao longo dos anos, até que, em 2004, o título passou a contar com versões em outras línguas para atender ao crescente interesse da comunidade internacional na Odontologia brasileira e no trabalho da ABO. O JABO em inglês e em espanhol é distribuído em congressos, feiras e demais eventos internacionais e em compromissos oficiais dos representantes da ABO. Além de notícias sobre as atividades da entidade, os periódicos informam os demais países e organismos internacionais sobre como o Brasil está lidando com a saúde bucal da população. A relação da ABO com a iniciativa privada também foi fortalecida pelo JABO, e, em 2008, em parceria com a Colgate, nasceu o JABO/ Futuro Profissional, dedicado aos estudantes de Odontologia. Através do JABO, a ABO coloca seus diversos leitores a par dos principais acontecimentos do setor, engajando a classe odontológica nos grandes temas científicos, políticos, sociais e econômicos do País e do mundo, inserindo-a em uma grande rede de colaboração que envolve todos os atores da Odontologia nacional em nome do fortalecimento da área.
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Patrimônio da ciência odontológica Ao longo de quase duas décadas, a Revista ABO Nacional tem publicado artigos científicos e grandes reportagens sobre as principais novidades em ciência e inovações tecnológicas, atualizando o cirurgião-dentista e contribuindo com a promoção da saúde bucal na população brasileira Série especial antecipa o futuro nas páginas da Revista
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s vésperas de a Revista ABO Nacional completar 18 anos de existência, seria incoerente dizer que a publicação, que carrega a marca da vanguarda científica desde o seu nascimento, em julho de 1993, alcança agora a maioridade. Isso porque, chegando à sua 100ª edição, o periódico pode se orgulhar de, diante de todas as dificuldades que se impõem à divulgação científica em um País em desenvolvimento, contribuir com o fortalecimento e a qualificação científicotecnológica da Odontologia nacional e com o fomento de uma cultura científica na sociedade brasileira. Através de suas páginas, mais de dois mil profissionais e pesquisadores da Odontologia e de diversas outras áreas foram entrevistados, ajudando na democratização da informação científica em um País tão carente de iniciativas nesse sentido. Da mesma forma, outros dois mil autores publicaram seus trabalhos nas páginas da Revista
ABO Nacional, consolidando o veículo como uma das principais vitrines da produção científica brasileira em Odontologia, servindo de fonte de pesquisa para trabalhos acadêmicos e reflexões das mais diversas naturezas. Durante 17 anos, a Revista ABO Nacional tem contado não só a história da Odontologia, mas também a trajetória da saúde bucal brasileira, da entidade e da profissão do cirurgião-dentista, em paralelo à publicação da produção científica dos pesquisadores nacionais neste setor. Nascida na vanguarda Lançada em julho de 1993, durante o 11º Congresso Internacional de Odontologia do Rio de Janeiro (CIORJ), na capital fluminense, pelo então presidente nacional da ABO, Pedro Martinelli, a Revista ABO Nacional representava um passo pioneiro no entrosamento da classe odonto-
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lógica e da indústria do setor com a produção científica nacional. O primeiro ano de vida da publicação já mostrava a que ela viera. Com o objetivo ousado de traçar um panorama da Odontologia brasileira de então, seus repórteres pesquisaram mais de 500 páginas de documentos e entrevistaram técnicos do Ministério da Saúde, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Sistema Único de Saúde (SUS) e de entidades do setor, entre outros. Em poucos meses, estudantes, professores e clínicos passaram a recorrer à revista em busca de dados, dando início à sua consolidação como fonte de informação odontológica qualificada. Ao completar seu primeiro ano, a Revista ABO Nacional reforçou a inovação de seu conteúdo e de seu projeto gráfico, trazendo reportagem sobre a população indígena do Xingu inserida em programa de saúde bucal. Este número
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Portal ABO: versões digitais em flash de todas as publicações
chegou a figurar entre as selecionadas pelo respeitado Prêmio Aberje, fato inédito para uma publicação técnica. Foi um árduo caminho construído durante os primeiros 12 meses da revista, com afinco e primando pela qualidade dos 36 artigos científicos e 38 matérias publicadas. Ao longo dos anos, a publicação foi se adaptando às exigências e aos interesses dos leitores, iniciando uma série de reportagens que abriu as portas da Odontologia mundial para os cirurgiões-dentistas brasileiros, trazendo experiências e testemunhos de locais tão diferentes como Cuba, Hong Kong, Coreia, China e Canadá. Opiniões de personalidades de renome internacional, como Makoto Nakao, então presidente da gigante International Dental Manufacturers (IDM), dividiram espaço com nomes brasileiros igualmente reverenciados e temas atuais, do combate ao estresse à preservação do meio ambiente, além de assuntos específicos da Odontologia. Em 1995, assumia a Presidência da ABO o prof. Henrique Teitelbaum, do Rio Grande do Sul, que,
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além de dar continuidade à revista, priorizou a publicação de artigos científicos em maior quantidade. Em 1998, meses após ser reeleito presidente da Federação Odontológica Latino-americana (Fola), morreu o grande mentor da Revista ABO Nacional, Pedro Martinelli, e a publicação lhe rendeu homenagem em edição especial, contando sua trajetória e marcando o exemplo de vida que ficou. No mesmo ano, foi publicada a primeira série especial de reportagens da revista, em comemoração aos 50 anos “oficias” da ABO, abordando também os 500 anos da Odontologia no Brasil e a história mundial da profissão. Mais edições esgotadas. Naquele período, com o desenvolvimento da produção científica odontológica, cresceu a quantidade de artigos científicos recebidos para publicação na revista. Foi nesse período, também, que a publicação foi indexada (Adsaud, BBO, SDO e Lilacs) e passou a contar com resumos das reportagens em inglês, além do tradicional Abstract dos artigos científicos. A partir de 2000, a indexação
ganha o formato englobado BBO/ Lilacs, 1998. Registrada com o International Standard Serial Numbers (ISSN) 0104-3072, que a coloca no catálogo internacional de publicações seriadas, hoje a Revista ABO Nacional tem qualificação máxima entre as publicações odontológicas brasileiras pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes): Qualis B. O estilo Vancouver, adotado mundialmente, passou a fazer parte da padronização exigida dos autores de trabalhos científicos candidatos à publicação. Atualmente, cerca de 90% dos trabalhos publicados são originais. Muito além da ciência As páginas da Revista ABO Nacional não só divulgam a produção científica brasileira como chamam a atenção para a sua função social. Seguindo este princípio, entre 2005 e 2006 foi publicada uma série especial de reportagens sobre saúde bucal, que, em quatro edições (75, 76, 77 e 78), abordou os mais modernos métodos de diagnóstico da cárie dental e as mais modernas técnicas de tratamento que têm como principal objetivo a preservação das estruturas naturais do elemento dental. “Pela vida, contra a cárie” (Especial I), “Mais prevenção, menos intervenção” (Especial II), “Novavelha Odontologia” (Especial III) e “Água benta” (Especial IV) foram as quatro edições que trataram em profundidade do tema. O trabalho foi reconhecido e “Água benta”, que enfocava o papel no flúor, ficou em 2º lugar no Prêmio ABO/ Colgate de Imprensa, concorrendo com veículos da grande mídia im-
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pressa, como o Jornal do Commercio, de Pernambuco, e a Folha de S. Paulo. Não por acaso, duas edições mais recentes (81 e 82) abordaram em suas reportagens aspectos da saúde integral relacionados com a saúde bucal. Este enfoque está em consonância com medida da Organização Mundial da Saúde (OMS), que, com o apoio da Federação Dentária Internacional (FDI), decretou a inclusão da saúde bucal nas suas políticas de saúde pública. Em 2008, o assunto voltou a ser tratado em nova série especial de seis reportagens, dessa vez enfocando o futuro da Odontologia, em entrevistas com 40 dos mais renomados profissionais do setor como Samuel Jorge Moysés, Paulo
Capel Narvai, Bente Nyvad (Dinamarca), Jaime Cury, José Luiz LageMarques, Maria Fidela de Lima Navarro, Edela Puricelli, Mayana Zatz, entre outros Força institucional e política A abordagem vanguardista da Revista ABO Nacional também foi responsável pela formulação de políticas públicas, como aconteceu após a publicação da reportagem “A Odontologia chega à UTI”, em 2007, que deu origem a projeto de lei que obriga a inclusão de cirurgiões-dentistas nas equipes das UTIs dos hospitais brasileiros. Mais recentemente, em 2009, reportagem da revista abordando o tabagismo como epidemia global que precisa ser combatida através de
medidas de saúde pública levou a Aliança de Controle do Tabagismo (ACT) a consultar a ABO sobre estratégias para engajar a Odontologia nacional em suas campanhas. “É essa interdisciplinaridade, tão cara à ciência contemporânea, que a ABO se orgulha de promover através da Revista ABO Nacional. Através da ciência, estamos contribuindo com o fortalecimento institucional da ABO e com transformações verdadeiras na vida da população brasileira”, alegra-se o presidente nacional da entidade, Newton Miranda de Carvalho. Hoje, a Revista ABO tem como diretor científico Fernando Luiz Tavares Vieira e Cláudio Heliomar Vicente da Silva como secretárioexecutivo (ambos de Pernambuco).
ABO em tempo real Nos últimos anos, a ABO rompeu todas as barreiras que poderiam se impor à comunicação com seus diversos públicos, usando modernas tecnologias de informação As primeiras incursões da ABO no mundo digital começaram às vésperas do século XXI, em 1999, e desde então vem se consolidando, inclusive com uma nova ferramenta, o ABO On-line, boletim digital enviado a mais de 150 mil profissionais da Odontologia, entre docentes, pesquisadores, acadêmicos, dirigentes, especialistas, clínicos, gestores públicos e privados e executivos do comércio, indústria e serviços. Desde sua criação, já foram produzidos cer-
ca de 200 boletins, ultrapassando a marca de 30 milhões de e-mails enviados à classe odontológica. O alcance do ABO On-line já ultrapassa fronteiras. Reconhecido internacionalmente como importante canal de comunicação com o cirurgião-dentista brasileiro, o boletim recebe frequentemente informações de entidades internacionais interessadas em divulgar suas ações entre os profissionais do Brasil. Ao mesmo tempo, os veículos de comunicação destas entidades têm no ABO On-line importante fonte de informação, repercutindo internacionalmente divulgações promovidas através dele – como o site e o jornal on-line da FDI, o Worldental Comunniqué. A proficiência da entidade com
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o meio virtual resultou na criação do Portal ABO (www. abo.org.br), ampliando ainda mais o alcance de suas informações e oferecendo uma série de serviços e ferramentas para aproximar ainda mais a entidade do profissional e vice-versa. Constantemente aperfeiçoado, o portal vem acompanhando a rápida evolução das tecnologias da informação. Uma de suas mais recentes inovações é a disponibilização dos veículos impressos da ABO em formato flash, que torna possível ao usuário “folhear” as páginas do JABO e da Revista ABO Nacional on-line, tendo acesso integral a reportagens, artigos científicos e demais conteúdos dos periódicos.
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Descentralizar para seguir em frente ABO inicia década com nova Diretoria e olhares focados na descentralização de ações para superar obstáculos e avançar rumo ao ideal de uma entidade unida e de uma Odontologia forte e coesa em todo o território nacional timar as dificuldades. No caso da ABO, é clara a percepção de que é preciso redirecionar os focos
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pós quase um século de história, o que o futuro pode guardar à entidade odontológica de maior representatividade dentro e fora do País? Para o presidente nacional da ABO, Newton Miranda de Carvalho, que assumiu o cargo em janeiro deste ano, sucedendo Norberto Lubiana, é hora de autoavaliação. “As conquistas e os desafios são cíclicos, e é leviano, para qualquer liderança, acomodar-se com as vitórias e subes-
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para suas Seções e Regionais, revitalizando suas funções, buscando novas parcerias com o poder público, empresas e entidades, sempre com vistas ao exercício de sua função social plena”, acredita. Com a responsabilidade de coordenar as mudanças que se fazem necessárias ao avanço da ABO na representação da Odontologia nacional, Miranda defen-
de que as ações nesse sentido sejam descentralizadas, respeitando as necessidades de cada região. Para isso, sua gestão, eleita ao final do ano passado através de chapa única de nome sugestivo – ABO de Todos –, investe no trabalho dos vicepresidentes regionais: Luiz Fernando Varrone, do Norte; Tiago Gusmão Muritiba, do Nordeste; Jander Ruela Pereira, do Centro-oeste; Nádia Maria Fava, do Sul; e Osmir Luiz Oliveira, do Sudeste. “O Brasil é um país continental, com grande diversidade. Isso faz com que as demandas prioritárias sejam diferentes. Quem melhor para diagnosticálas e capitanear soluções do que o vice-presidente regional, que está em contato direto com sua realidade?”, argumenta Miranda. Bom para a ABO, melhor para o Brasil Para a nova Diretoria, a descentralização também é o caminho para um futuro melhor para a Odontologia nacional e a saúde bucal da população brasileira. Segundo dados do Conselho Federal de Odontologia (CFO), cerca de três quartos dos cirurgiõesdentistas do País se concentram nas regiões Sul e Sudeste, o que
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leva a grandes distorções no atendimento à população. “A má distribuição geográfica dos cirurgiões-dentistas no Brasil é multifatorial, mas fruto especialmente da gestão equivocada do poder público em locar faculdades em profusão nos grandes centros e de não ter uma política de Estado que, em médio e longo prazo, contemplem a saúde bucal de todos os brasileiros”, considera Miranda. Além da equidade da distribuição dos profissionais no território nacional, o presidente da ABO defende o investimento em ações de prevenção e promoção da saúde bucal para que o ideal de amplo acesso da população à Odontologia seja alcançado num futuro não tão distante. “A ação governamental tem sido paternalisticamente direcionada ao tratamento das doenças bucais, em vez de centrar esforços na prevenção, como todos os manuais de história da doença ensinam, e como convém a um país com poucos recursos destinados à saúde. É especialmente aí que atuaremos: faculdades boas e localizadas de acordo com o interesse social e pressão para que o governo adote políticas de prevenção”, declara Miranda. Assim como do poder público, o futuro da Odontologia também dependeria da sua relação com a iniciativa privada, acredita o presidente da ABO. “É preciso convencer o poder público de que ele não pode transferir para as empresas a sua obrigação constitucional de promover a saúde a todos que dela precisarem. Não é ‘espichando’ obrigações aos planos
de saúde que vamos resolver o problema”, defende. Para ele, a ampliação do rol de procedimentos odontológicos obrigatórios às operadoras de planos “penaliza as empresas, empobrece o cirurgião-dentista e exclui os pobres, que não suportarão o aumento do custo, além de levar a inexorável queda na qualidade”. Entre as medidas públicas, Miranda defende a volta do ‘Dentista da Escola’,
“que previne e educa para a saúde”, e a melhoria das políticas já iniciadas, com investimento governamental maciço em saúde bucal e salários justos. O resultado, prevê o novo presidente da entidade de maior representatividade da Odontologia nacional, será uma ABO de todos os cirurgiões-dentistas brasileiros e uma Odontologia de toda a sociedade, com saúde bucal ampla e irrestrita.
Unidade Com a mudança estatutária da década de 80, as ABOs passaram a adotar, gradativamente, a nomenclatura Seção, seguida pelo nome do Estado. Hoje, tem identidade única e universal, alcançando a atuação profissional e junto à sociedade.
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JUNHO ABO Pará
MARÇO ABO Pernambuco
XX Congresso Pernambucano de Odontologia 25 a 28 de março Recife - PE Informação: (+81) 3441.0678 scdp@hotlink.com.br www.abo-pe.org
IX Congresso Internacional de Odontologia da Amazônia 3 a 6 de junho Belém – PA Informação: (+91) 3276.0500 agmaneschy@amazon.com.br www.abopa.org.br
JULHO ABO Rio Grande do Sul
MAIO ABO Piauí
V Congresso Internacional de Odontologia do Piauí 27 a 30 de maio Teresina – PI Informação: (+86) 3221.9374 abopi@uol.com.br www.ciopi.com.br
2010, ano do FDI’Salvador
XVIII Congresso Odontológico Rio-grandense 14 a 17 de julho Porto Alegre - RS Informação: (+51) 3330.8866 eventos.abo@terra.com.br www.abors.org.br
Um congresso que vale por muitos. Trata-se do FDI’2010, que acontecerá em Salvador, Bahia, trazendo para o Brasil a sede internacional da Odontologia no período de 2 a 5 de setembro deste ano. Para concentrar forças e maximizar a participação, a Rede ABO tomou a decisão de concentrar seus congressos do Calendário Oficial apenas no primeiro semestre de 2010.
Informações: www.fdi2010.com.br
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Dental Calendar
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Cingapura (Ásia)
International Dental Exhibition and Meeting 16 a 18 de abril Local: Cingapura (Ásia) Informações: www.idem-singapore.com
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Rio de Janeiro (Brasil)
46º Meeting Anual da ISO/TC-106 25 de setembro a 2 de outubro Local: Hotel Intercontinental, Rio de Janeiro (Brasil) Informações: www.isotc106.com.br
2010, ano do FDI’Salvador
Gramado (Brasil)
Orlando (EUA)
Colaob 2010 6º Congresso Latinoamericano de Órgãos Artificiais e Biomateriais 17 a 20 de agosto Local: Gramado (Rio Grande do Sul - Brasil) Informações: www.ufrgs.br/colaob2010
ADA’ 2010 151ª Annual Session - ADA 9 a 12 de outubro Local: Orlando (EUA) Informação: www.ada.org
Um congresso que vale por muitos. Trata-se do FDI’2010, que acontecerá em Salvador, Bahia, trazendo para o Brasil a sede internacional da Odontologia no período de 2 a 5 de setembro deste ano. A programação científica já está disponível no site da FDI.
Informações: www.fdi2010.com.br
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