São Paulo Outlook 2012 - Cidade Criativa - Português

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ÍNDICE

São Paulo

Outl o ok

cidade CRIATIVA

10 apresentação Chegou a vez da criatividade no processo histórico de transformação da metrópole

06 EDITORIAL A força criativa que move a metrópole desmonta o conceito monolítico de ricos e pobres

19 são paulo em números Mais de 500 indicadores para explicar o tamanho e a relevância da metrópole

32 São Paulo em MOVIMENTO Os projetos e as iniciativas que estão impulsionando o crescimento da cidade

40 Sistema viário 42 Urbanização 48 Esporte e lazer 50 Ensino e segurança 56 Iniciativas sustentáveis

66 A Opinião De Quem Vive em São Paulo Levantamento com mais de 50 profissionais mostra como eles avaliam a economia criativa

74 Áreas mais relevantes hoje 76 O cenário na próxima década 78 Criatividade global 81 Panorama para os negócios

4

São Paulo OUTLOOK

90 o perfil dos visitantes Os turistas que visitam São Paulo também procuram a cidade para o lazer

112 Economia Criativa em são Paulo Entenda como surgiu o conceito e como ele se transformou em uma tendência mundial

93 O perfil do turismo

120 A opinião dos especialistas

96 A estrutura para

124 As iniciativas criativas

em São Paulo megaeventos

100 A agenda da cidade

brasileiros e estrangeiros que despontam

132 Os setores criativos www.analise.com



EDITORIAL

exemplo de atuação criativa

A

visão mais comum quando se olhos neste levantamento jornalístico é pensa em uma grande cidade é uma cidade efervescente, vibrante e que a de um aglomerado sufocante demonstra ter uma energia infinda para cidade de prédios, automóveis, fumase transformar e se reinventar. ça, barulho e gente, muita genE de onde vem essa energia? Vem te. É a imagem do caos, do ambiente das pessoas. Uma cidade é um conjunopressor, inóspito. Uma visão reforçada to de pessoas que se relacionam. Isso a por cientistas sociais, que costumam torna especial. São Paulo tem as suas analisar os grandes centros urbanos por mazelas e paga o preço de ser o sétimo seus contrastes. Por essa ótica, granmaior conglomerado do mundo, mas é des cidades cuidam bem da minoria também a décima cidade mais rica do rica, que desfruta de uma grande oferglobo. Pode oferecer aos seus habitanta de tudo o que é bom, enquanto para tes um equipamento social, cultural e a maioria pobre sobra pouco ou quase econômico acima da média do Brasil. nada. São Paulo, nessas discussões, é o Isso a distingue. A volúpia com que próprio ícone dos contrastes. suas pessoas se conectam com o munEsta edição de SÃO PAULO do, pesquisam as coisas e as tendências traz para a cidade inovações que antes OUTLOOK, entretanto, mostra que essa visão da cidade é estreita, para não permaneciam muito tempo circunscritas CREATIVE dizer ultrapassada. Há os contrastes, as às mecas da vanguarda, como Londres CITY diferenças, e todos os demais desafios ou Nova York. Isso a impulsiona. São que grandes concentrações produzem. Paulo hoje também lidera movimentos Mas há uma força criativa movimentando e são as pessoas que a tornam tão via economia e produzindo inovações que brante. Daí porque há tantos exemplos desmontam o conceito monolítico de a ser apresentados. ricos e pobres. No cruzamento das artes, A organização e a análise de mida cultura, dos negócios e da tecnologia lhares de dados estatísticos, presensurgem atividades econômicas, que tes nas próximas páginas, desvendam hoje respondem por 10% da riqueza uma cidade que já vive o novo salto produzida pela economia paulistana. No do desenvolvimento, ao mesmo tempo final das contas, dá-se razão a William em que se prepara para enfrentar seus Shakespeare, que vaticinou por meio de maiores desafios. Os exemplos e os Hamlet: “há muito mais entre o céu e a personagens garimpados pelos jornaTerra do que supõe nossa vã filosofia”. listas Irene Ruberti, Vinicius Cherobiciudad Abra-se um parêntese: o teatro é, aliás, no e Vivian Stychnicki, os executivos uma das fontes da energia criativa que entrevistados pela equipe de pesquisa vêm transportando essa megalópole chefiada por Ligia Donatelli, as imaincrível e desengonçada para a gens de tirar o fôlego, algumas delas organização socioeconômica do século clicadas pelos fotógrafos Claudio Rossi 21, da chamada era do conhecimento. e Guilherme Gomes, e o capricho do Vale ressaltar que a discussão sobre projeto gráfico coordenado pelo desigessa nova forma de organizar e valorar ner Cesar Habert Paciornik emprestam a produção é muito recente. Coisa do vida e leveza aos números. O resultado fim dos anos 1990, estando a sua maé uma edição primorosa, coordenada terialização mais adiantada no Reino pelo editor executivo Gabriel Attuy, Unido. O próprio conceito de economia sob a direção de Alexandre Secco. É criativa ainda não está nem muito bem definido. Uma vi- um trabalho que nos enche de orgulho e que serve, ele são bem-aceita é a que engloba nessa categoria atividades próprio, de exemplo do que a era da economia criativa é econômicas que se utilizam do capital intelectual para a capaz de produzir. Esperamos que você também encontre criação, a produção e a distribuição de bens e serviços. muita motivação e utilidade nesta edição. Aproveite!  0 A radiografia que chega às suas mãos confirma que uma SILVANA QUAGLIO Publisher nova São Paulo está surgindo. A São Paulo que salta aos

São Paulo anuário 2012

Outlook

CRIATIVA

UMA ANÁLISE DETALHADA DO CRESCENTE RAMO DA ECONOMIA QUE VAI IMPULSIONAR SÃO PAULO

Retrato paulistano

A terceira edição da publicação traz o raio X da metrópole como a décima maior economia do mundo

Transformações

31 PROJETOS E OBRAS EM CURSO QUE VÃO MUDAR A CIDADE Os paulistanos

AVALIAM OS NEGÓCIOS NA METRÓPOLE E SEU POTENCIAL CRIATIVO 500 indicadores

ECONÔMICOS E SOCIAIS MOSTRAM COMO A CIDADE DE SÃO PAULO FUNCIONA

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São Paulo yearbook 2012

Outlook

AN OVERVIEW OF THE BUSINESS SECTOR THAT WILL SPUR SÃO PAULO’S GROWTH

Overview

The third edition of the publication offers an x-ray of the city that is the 10th largest economy in the world

Transformation

31 URBAN PROJECTS UNDER WAY THAT WILL TRANSFORM SÃO PAULO São Paulo’s citizens

ASSESS THE CITY’S BUSINESS AND ITS CREATIVE POTENTIAL 500 economic facts

AND SOCIAL INDICATORS THAT EXPLAIN HOW THE METROPOLIS WORKS

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São Paulo anuario 2012

Outlook

CREATIVA

UN ANÁLISIS DETALLADO DE LA CRECIENTE VERTIENTE DE LA ECONOMÍA QUE VA A IMPULSAR A SÃO PAULO Retrato paulistano

La tercera edición de la publicación trae el rayo X de la metrópoli con la décima mayor economía del mundo

Proyectos

31 PROYECTOS EN CURSO QUE VAN A TRANSFORMAR LA CIUDAD DE SÃO PAULO Los paulistanos

EVALÚAN LOS NEGOCIOS DE LA METRÓPOLI Y SU POTENCIAL CREATIVO 500 indicadores

ECONÓMICOS Y SOCIALES QUE EXPLICAN CÓMO FUNCIONA EL MUNICIPIO

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6

São Paulo OUTLOOK

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apresentação

Metalúrgico trabalha em fábrica em São Paulo: cidade é responsável por 12% do PIB do país

lalo de almeida/folhapress

apresentação




apresentação

...a metrópole criativa A

economia criativa é um conceito que engloba uma série de atividades que, no seu cerne, giram em torno da criação e execução de novas ideias. O setor começou a ser discutido de forma estruturada no fim da década de 1990, na Europa. As estimativas mais recentes apontam que, em 2011, as atividades relacionadas à economia criativa representavam entre 7% e 10% do PIB global, e a expectativa é que essa fatia dobre até 2020. A partir da página 112, é possível ter um panorama nacional e global das atividades criativas. Uma análise detalhada de 13 ramos de atuação criativos que já se estabeleceram e criaram raízes em São Paulo pode ser consultada a partir da página 124, além de algumas iniciativas pioneiras da cidade, como a Virada Cultural. Em 2012 o evento reuniu mais de quatro milhões de pessoas em 24 horas ininterruptas de atrações culturais e shows em diversos pontos da cidade. A principal referência usada por esta publicação para definir o que é economia criativa em São Paulo foi o estudo produzido pela Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap) para a Prefeitura da Cidade de São Paulo e lançado em 2011. Foi a primeira análise aprofundada do assunto na capital paulista. As estimativas apontam que 2,5% do PIB brasileiro é resultado da economia criativa – o Reino Unido, um dos maiores expoentes, chega a 5,6%. O estado de São Paulo está acima da média, com uma taxa de 3,7% e a capital tem 10% da sua riqueza oriunda da criatividade, equiparada à vizinha Buenos Aires. Londres conta com 15% e Barcelona,

que desenvolve um programa voltado para setores criativos desde que sediou os Jogos Olímpicos em 1992, registrou 25% em 2011. Começando na página 144 é possível conferir alguns exemplos de iniciativas bem-sucedidas em seis cidades pelo mundo. Entre os maiores desafios para que São Paulo possa chegar a níveis similares está o desenvolvimento da mão de obra criativa. Alguns profissionais e empreendedores souberam aproveitar a diversidade cultural e o público consumidor da cidade para criar e gerir negócios de destaque que ganharam o Brasil e são produto de exportação. Um ensaio fotográfico que começa na página 156 destaca algumas dessas pessoas e suas histórias. Esta terceira edição de SÃO PAULO OUTLOOK – além de trazer o panorama da economia criativa paulistana – continua sendo o guia definitivo para entender a metrópole, que é a sétima maior e a décima mais rica do planeta, disponível em português, inglês e espanhol. Nas páginas a seguir é possível encontrar um infográfico de dez páginas que explica como a cidade funciona em mais de 500 indicadores (página 19), mais de 30 entre os principais projetos e obras em andamento que vão fazer a diferença na próxima década (página 32) e um panorama do setor turístico paulistano e as perspectivas até a Copa do Mundo e além, na página 90. A partir da página 66, estão os resultados de uma pesquisa de opinião com alguns dos principais empresários que atuam na cidade para entender o que São Paulo tem de melhor e quais são os principais obstáculos para a atração de novos negócios.  0


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COLABORADORES

a contribuição dos paulistanos

Acacio Queiroz Filho, presidente & CEO da Chubb Seguros; Adalberto Bueno Netto, presidente do Grupo Bueno Netto; Adhemar Altieri, diretor de comunicação corporativa da Unica - União da Indústria de Cana-de-Açúcar; Airton Carlini, CEO da Pritchett Brasil e vice-presidente de relacionamentos da Rede de Executivos; Alex Weiss, economista da Iedi;Alexandra Penhalver, assessora de imprensa da Presidência na Câmara Municipal de São Paulo; Alexandre Bamberg, CEO da Thyssenkrupp

Airton Carlini, CEO da Pritchett Brasil e vice-presidente da Rede de Executivos

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São Paulo OUTLOOK

Bilstein; Ana Carla Fonseca Reis, administradora pública, economista e especialista em economia criativa; Ana Garnier, assessora de imprensa da Choque Cultural; André Glogowsky, presidente do conselho da Hochtief do Brasil; Andrea Portella, coordenadora da área de comunicação e imprensa da Secretaria Municipal de Educação; Andrew Frank Storfer, presidente da Interacta Participações e diretor da Anefac; Anrafel Vargas, diretor executivo da Inova Gestão de Serviços Urbanos; Antonio Ferraiuolo, CEO da De’Longhi; Aurílio Sérgio Costa Caiado, coordenador do projeto “Economia Criativa na Cidade de São Paulo: Diagnóstico e Potencialidade, São Paulo, Fundap, 2011; Baixo Ribeiro, criador da Choque Cultural; Camila Moreti, assessora de imprensa da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente; Cao Hamburger, cineasta; Carlos Alberto Jr., diretor da Vega Engenharia Ambiental; Carmem Campos Pereira, presidente da Rede Energia; Celso Kamura, maquiador e cabeleireiro; Chieko Aoki, presidente do Blue Tree Hotels; Christian de Almeida, gerente de estratégia e marketing da Vitopel; Cláudia Leitão, secretária da Economia Criativa do Ministério da Cultura (MinC);Claudio Oliveira, diretor comercial da construção civil da Eucatex; Claudio Wilberg, diretor comercial da TechTeam; Cleodato Moisés Nascimento, porta-voz do Comando de Policiamento da Capital; Daniela Dahrouge Alves, assessora de imprensa da Lew’Lara\TBWA; Dante Alario Jr., sócio-diretor da Biolab; Edna dos Santos-Duisenberg, chefe do Programa Economia Criativa da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento – UNCTAD; Edson Luiz Vismona, presidente executivo do Instituto Brasil Legal e do Fórum Nacional Contra a Pirataria e Ilegalidade; Elisete Felix, assessora de imprensa da Secretaria Municipal de Transportes; Emiliano de Castro, integrante da diretoria executiva da Associação Brasileira das De-

senvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames); Enrique Avogadro, diretor geral de comércio exterior e de indústrias criativas do governo da cidade de Buenos Aires; Érica de Paula, assessora de imprensa da Palavra Cantada; Erika Sena, assessora de comunicação da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente; Esmeralda Rizzo, decano acadêmico da Universidade Presbiteriana Mackenzie; Eva Emenlauer-Blomers, diretora de projetos da Secretaria de Economia, Tecnologia e Pesquisa de Berlim e diretora do Projeto Futuro (para a reconstrução de Berlim); Fátima Silvana Furtado Gerolin, superintendente assistencial do Hospital Alemão Oswaldo Cruz; Fernanda Souza, assessora de imprensa da Palavra Cantada; Fernando Altério, presidente da T4F; Fernando Santos-Reis, CEO da Foz do Brasil; Francisco Amaral, diretor acadêmico do Centro de PósGraduação da Fiap; Gabriel Guimarães, assistente do produtor de eventos e sócio do Grupo Luminosidade, Paulo Borges; Gastão Mattos, CEO da Braspag; Gil Giardelli, CEO da Gaia Creative; Gustavo Murad, diretor de negócios IT - Airlines Latam da Amadeus IT Group; Helio Noguei-

Fotos: divulgação

Esta terceira edição de SÃO PAULO OUTLOOK contou com a colaboração de dezenas de profissionais, especialistas, consultores e acadêmicos, brasileiros e estrangeiros, que nos ajudaram a compor um panorama atualizado da cidade e das perspectivas da economia criativa. Além das entrevistas para produção de reportagens, a revista traz os resultados de uma pesquisa de opinião conduzida pela equipe da Análise Editorial que contou com a contribuição de 57 executivos paulistanos. Por sua disposição em compartilhar o seu conhecimento, deixamos nossos sinceros agradecimentos.

Edson Luiz Vismona, presidente executivo do Instituto Brasil Legal www.analise.com


COLABORADORES COLABORADORES

ra da Cruz, vice-reitor da USP; Horácio Lafer Piva, conselheiro da Klabin; Isabel Silvares, assessora de imprensa do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP); Isabela Salgueiro, assessora de imprensa da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP); Isay Weinfeld, arquiteto; Jack Fahrer, designer e sócio proprietário da Sergio Fahrer & Jack Fahrer; Januário Soares Dolores, diretor-geral - divisão de hidrogeração da Alstom Brasil; Jarbas Antonio de Biagi, presidente do Banesprev; Jenny Mbaye, sócia do Centro Africano de Cidades da capital da África do Sul, Cidade do Cabo; João Carlos Gomes de Oliveira, presidente da DT Engenharia de Empreendimentos; John Howkins, criador do termo ‘economia criativa’ e autor do livro Creative Economy, lançado em 2001; José Alberto Lovetro, assessor de imprensa da Mauricio de Sousa Produções; Juan Muzzi, artista plástico e empresário; Juliana Vieira, assessora de imprensa do Celso Kamura; Julio Cezar Alves, consultor jurídico; Luciana Alvarez, gerente de sustentabilidade da AES Brasil; Leonardo Brant, consultor em planejamento cultural; Lidia Goldenstein, economista; Luana Raggio, assessora de imprensa da Ticket for Fun; Luciana Canuto, coordenadora de imprensa da Companhia

Sueli Cristina Marquesi, reitora da Universidade Cruzeiro do Sul www.analise.com

de Engenharia de Tráfego (CET); Luiz Flávio Borges D’Urso, presidente da OAB SP; Luiz Lara, presidente e sócio da Lew’Lara\TBWA e presidente da Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap); Luiz Pastore, diretor-presidente do Grupo Copper Trading; Luiz Paulo Pompéia, diretor da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp); Marcelo Mendonça, diretor de assuntos corporativos da TAM Linhas Aéreas; Marcos Rodrigues Penido, diretor técnico do CDHU; Mari Gradilone, sócia-diretora do Grupo Virtual Office; Maria do Rosário de Atouguia, secretária da diretoria da Faculdade de Economia (FAAP); Mario Luiz do Nascimento Oliveira, gerente de relações corporativas da Emae - Empresa Metropolitana de Águas e Energia; Mario Oliveira, diretor-executivo da Auto Sueco São Paulo; Marivaldo Carvalho, assessor de imprensa da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano; Maurício Curi, CEO da Educartis; Mauricio de Sousa, criador da Mauricio de Sousa Produções; Mauricio Sacramento, assessor de imprensa do cineasta Cao Hamburger; Omar Santana da Silva Jr., CFO da MetLife Seguros e Previdência; Otávio Zarvos, criador da Idea!Zarvos; Miresh Kirtikumar, diretor de estratégia corporativa do Grupo Estado; Moise Politi, diretor e sócio-fundador da BFRE; Paola Alambert, diretora de marketing da Abyara Brokers; Paula Nader, superintendente executiva de marketing do Banco Santander; Paulo Borges, produtor de eventos e sócio do Grupo Luminosidade; Paulo Cidade, diretor da Ipsos; Paulo Luis Santos, proprietário da Flux Games Studio; Paulo Ricardo Baqueiro de Melo, diretor da Odebrecht Realizações Imobiliárias; Paulo Tatit, músico da Palavra Cantada; Pierre Moreau, sócio-fundador do Ideabank, fundador da Casa do Saber e sócio-fundador do Moreau & Balera Advogados; Rafael Mussi, assessor de imprensa da Secretaria Municipal de Serviços; Roberto Duailibi, sócio-fundador da DPZ Propaganda; Roberto Quiroga Mosquera, sócio-diretor do Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advoga-

dos; Roberto Y. Homma, gerente de contabilidade da Ecourbis Ambiental; Rodrigo Alberto Correia da Silva, presidente da filial São Paulo da Britcham; Rose Koraicho, presidente da Koema Empreendimentos e Participações; Rubens Ricupero, embaixador; Sandra Peres, música da Palavra Cantada; Sergio Fahrer, designer e sócio-proprietário da Sergio Fahrer & Jack Fahrer; Sérgio Milano Benclowicz, diretor da Brasil Franchising; Sérgio Sesiki, diretor-superintendente da Companhia Melhoramentos de São Paulo; Sueli Cristina Marquesi, reitora da Universidade Cruzeiro do Sul; Talita Passos Prenholato, assessora de imprensa da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel); Thiago Paes, assessor de imprensa da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop); Uirassú Ribeiro dos Santos, head of local institutional relations do HSBC; Valéria Maria Marcondes Perito, sócia-diretora da Ketchum; Vanessa Decicino, assessora de imprensa da Idea!Zarvos; Wania Torres, assessora de imprensa das Secretarias de Governo e Negócios Jurídicos; Werner Grau, sócio do Pinheiro Neto Advogados; Wilson Oliveira, responsável pela área de novos negócios da Gaia Creative; Yves Besse, diretor-presidente da Cab Ambiental.  0

Yves Besse, diretor-presidente da Cab Ambiental São Paulo OUTLOOK

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metodologia

os Critérios adotados Fontes de informação – As fontes utilizadas para dados referentes ao PIB, população, serviços públicos e outras informações relacionadas a indicadores oficiais do município, região metropolitana, estado de São Paulo, além do Brasil, são os órgãos oficiais ligados às respectivas esferas governamentais. Os principais consultados estão listados a seguir: Municipais – Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Empresa de Turismo e Eventos da Cidade de São Paulo (SPTuris), São Paulo Convention & Visitors Bureau, São Paulo Transportes (SPTrans), além das secretarias municipais. Estaduais – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap), além das secretarias estaduais. Federais, autarquias e empresas estatais – Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Banco Central (BC), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além dos ministérios. Levantamento de dados – Em relação ao retrato da economia criativa na capital, o anuário SÃO PAULO OUTLOOK teve como principal parâmetro o estudo “Economia Criativa na Cidade de São Paulo: Diagnóstico e Potencialidade”, lançado em 2011. O levantamento foi coordenado pela Secretaria do Governo Municipal em parceria com a Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap). O documento traz, também, uma análise completa sobre o papel dos criativos no município de São Paulo, geração de empregos e os segmentos mais inovadores da cidade. Também foram consultados o “The Creative Economy Report 2008” e “The Creative Economy Report 2010”, elaborados por meio de uma parceria entre a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) e o Pro-

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São Paulo OUTLOOK

grama das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Os relatórios trazem dados sobre o desenvolvimento da economia criativa no mundo, entre 2000/2005 e 2002/2008, e citam, dentre outros temas, o papel dos criativos na economia global, as principais atividades criativas e casos de sucesso de cidades inovadoras. O Banco Mundial, International Data Corporation (IDC) e o International Congress & Convention Association (ICCA) também foram utilizados como fontes de informação. Pesquisas, relatórios e profissionais de instituições de ensino e governamentais também foram consultados, como a Faculdade de Economia (Faap), a Secretaria de Economia Criativa do Ministério da Cultura (MinC) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Os dados referentes a setores específicos da economia foram apurados com entidades de classe e empresas privadas. Os principais consultados foram a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih), Associação Brasileira de Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), Associação Brasileira de Gastronomia, Hospedagem e Turismo (Abresi), Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), BM&FBovespa, Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio (Embraesp), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Sindicato da Indústria da Construção Civil (SindusCon), Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi), União Brasileira dos Promotores de Feiras (Ubrafe), Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames) e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP). Pesquisa de opinião – A pesquisa de opinião, cujos resultados estão apresentados na seção “A Cidade Segundo os Paulistanos” (pág. 66) foi realizada com 57 entrevistados entre os principais empresários, empreendedores e personalidades que vivem em São Paulo. Os entrevistados foram procurados pela equipe de SÃO PAULO OUTLOOK entre 16 e 30 de abril de 2012 e responderam a um questionário por telefone ou e-mail. Os nomes de todas as fontes entrevistadas na pesquisa podem ser consultados na página 16.  0

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Conselho editorial Eduardo Oinegue, Silvana Quaglio e Alexandre Secco

Diretora-presidente Silvana Quaglio

Diretor de conteúdo Alexandre Secco

Diretor comercial Alexandre Raciskas Rua Major Quedinho, 111, 16° andar CEP 01050-904, São Paulo-SP Tel. (55 11) 3201-2300 Fax (55 11) 3201-2310 contato@analisecom

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São Paulo Outlook PUBLISHER Silvana Quaglio EDITOR Alexandre Secco Editor executivo: Gabriel Attuy Gerente de pesquisa e distribuição: Ligia Donatelli Coordenadores de conteúdo: Irene Ruberti, Vinicius Cherobino e Vivian Stychnicki Coordenadora de pesquisa: Valquíria Oliveira Coordenadora de distribuição: Juliane Almeida Coordenador de arte: Cesar Habert Paciornik Equipe de conteúdo: Abrahão de Oliveira, Bruna Abjon, Patrícia Silva e Sumaya Oliveira Equipe de pesquisa: Adrieli Garzim, Alberto Barbosa, Ana Carolina Marquez, Ana Claudia Coelho, Anna Carolina Romano, Bianca Barros, Claudia Barbosa, Daniela Trindade, Danilo Souza, Fernanda Chiarato, Iuri Salles, Jessica Cidrao, Juliana Colognesi, Lucas Rodrigues, Paula Moreira, Raquel Aderne, Ricardo Borges, Taiane Silva, Tais Souza, Thaís Bueno, Vinícius Oliveira, Yasmin Gomes e Yuri Damacena Designers: Bruna Pais, Danilo Pasa e Régis Schwert Coordenador de TI: Cristiano Carlos da Silva Equipe de TI: Felipe Cavalieri e Leandro Akira Colaboradores: Alex Argozino, Ana Cláudia Marques, Claudio Rossi e Guilherme Gomes Revisão: Mary Ferrarini Tradução: Sogl Traduções Publicidade/Gerentes de negócios: Alessandra Soares e Márcia Pires Assistente: Felipe Ricelle Atendimento e apoio administrativo: Fábio Lopes e Giseli Monteiro São Paulo Outlook é uma publicação independente, desenvolvida pela Análise Editorial com apoio da Prefeitura de São Paulo e SPTuris

Auditoria

ISSN 1808-9240

Tiragem: 15.000 Impressão: IBEP Gráfica Impresso em maio de 2012 Operação em Bancas: Assessoria: EdiCase www.edicase.com.br Distribuição Exclusiva em Bancas: FC Comercial e Distribuidora S/A Manuseio: FG Press www.fgpress. com.br Distribuição Dirigida: Door to Door www.d2d.com.br

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SÃO PAULO EM NÚMEROS 1

POPULAÇÃO

11 mi População flutuante 11,2 mi População residente 5,3 mi (47%) Homens 5,9 mi (53%) Mulheres 0,75 Crescimento populacional ao ano (2000/2010) 15,6/mil hab. Taxa de natalidade 6,1/mil hab. Taxa de mortalidade 75 anos Expectativa de vida (dados de 2010 referentes a 2009) 0,841 IDH 0,45 Coeficiente de Gini

6% da população do Brasil

2 SÃO PAULO ENTRE AS DEZ MAIORES CIDADES

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 3

Cidade Xangai Istambul Karachi Mumbai Pequim Moscou São Paulo Cantão Nova Délhi Seul

País População China 22 mi Turquia 13,2 mi Paquistão 13 mi Índia 12,5 mi China 11,7 mi Rússia 11,5 mi Brasil 11,2 mi China 11 mi Índia 11 mi Coreia do Sul 10,5 mi

PIRÂMIDE ETÁRIA DE SÃO PAULO Homens

Idade

Igual à população da Grécia

4

Mulheres

100 ou mais 95 a 99 90 a 94 85 a 89 80 a 84 75 a 79 70 a 74 65 a 69 60 a 64 55 a 59 50 a 54 45 a 49 40 a 44 35 a 39 30 a 34 25 a 29 20 a 24 15 a 19 10 a 14 5a9 1a4 Menos de 1

Maiores colônia japonesa, espanhola e portuguesa fora dos países

(média do Morumbi, Mooca, Tatuapé)

em milhares

600 500 400 300 200 100 0

100 200 300 400 500 600

Orçamento municipal em 2011

Área

1.500 km

2

R$ 35,6 bi

É a maior cidade em área do Hemisfério Sul Fuso GMT

Investimento público em 2011

R$ 3 bi

–3 horas

SÃO PAULO

Densidade demográfica

7,4 mil hab./km

2

20

QUANTO CUSTA

R$ 24 mil Carro mais barato R$ 80/dia Aluguel carro (compacto) R$ 750/hora Aluguel de limusine R$ 259 Estacionamento mensal R$ 13 Estacionamento avulso R$ 90 Táxi do aeroporto ao centro R$ 3,00 Bilhete de ônibus R$ 3,00 Bilhete de metrô R$ 1.600 Motorista (média mensal) R$ 1.800 Cozinheiro (média mensal) R$ 1.800 Babá (média mensal) Empregada doméstica (média mensal) R$ 850 R$ 3,20 Café no Starbucks R$ 2,34 Coca-Cola 500 ml R$ 10 Big Mac R$ 18 Ingresso de cinema R$ 30/mês Banda larga 1MB R$ 2,6 mil iPhone 4S R$ 3,5 mil Terno Ermenegildo Zegna R$ 329 Show do Roger Waters R$ 1 mil Mensalidade escolar

São Paulo OUTLOOK

Arrecadação anual em 2011

R$ 31,7 bi www.analise.com


A população e a economia

7

5

ECONOMIA

R$ 389 bi (US$ 192 bi) PIB (em 2009) R$ 230 bi Serviços (em 2008) R$ 63 bi Indústria (em 2008) R$ 64 bi Comércio (em 2008) R$ 19 mi Agricultura (em 2008) 6,9% Variação anual (2009/2010) R$ 36,7 mil PIB per capita R$ 2,2 mil Renda familiar (média em 2010) Renda do trabalhador (média em 2010) R$ 1,4 mil R$ 622 Salário mínimo 1 mi Empresas 115 mil Novas empresas (em 2010) US$ 3,6 bi Exportações (em 2010) US$ 14,1 bi Importações (em 2010)

12%

Igual

do PIB do Brasil

ao PIB da Argélia

21

6

às exportações da Tailândia

30

bilionários, a 6ª cidade no mundo

mil milionários, 60% do Brasil

DISTRIBUIÇÃO DE RENDA

Salário mínimo Até 1 De 1 a 2 De 2 a 3 De 3 a 5 De 5 a 10 De 10 a 20 Mais de 20

Igual

População 11% 19% 17% 23% 18% 9% 3%

3ª maior

bolsa de valores do mundo

PEA

Serviços Indústria Comércio Outros Motoboys Advogados Contadores Médicos Catadores Flanelinhas Arquitetos Eleitores

10,7 mi 4,9 mi (52%) 1,7 mi (18%) 1,5 mi (16%) 1,3 mi (14%) 300 mil 224 mil 141 mil 50 mil 20 mil 15 mil 10 mil 8,5 mi

8

SÃO PAULO ENTRE AS DEZ CIDADES MAIS RICAS

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Cidade Tóquio Nova York Los Angeles Chicago Londres Paris Osaka Cidade do México Filadélfia São Paulo

País PIB (US$ bi)(1) Japão Estados Unidos 792 Estados Unidos 574 Estados Unidos 565 Inglaterra 564 França 417 Japão 390 México 388 Estados Unidos 388 Brasil

1.479 1.406

(1) Estimativas da PricewaterhouseCoopers para as regiões metropolitanas em 2008

Câmara Municipal em 2011

Número de vereadores

55

Projetos de lei apresentados

772

www.analise.com

Leis que entraram em vigor

163

Orçamento da Câmara

R$ 472 mi

5 Regiões 31 Subprefeituras 96 Distritos 58 Zonas Eleitorais São Paulo OUTLOOK

21


SÃO PAULO EM NÚMEROS

11

9

COMÉRCIO

Total de lojas (de rua e centros comerciais) Pet shops Farmácias Padarias Postos de combustíveis Agências bancárias Academias de ginástica Feiras de rua Supermercados e hipermercados Lojas McDonald's Lojas Starbucks Lojas Mont Blanc Concessionária Ferrari Shoppings Lojas em shoppings Área locada em shoppings Vendedores ambulantes (registrados na Prefeitura)

59 ruas com

comércio especializado

10

São Paulo tem a

3a maior

central de abastecimento

12

HABITAÇÃO

Domicílios Favelas (dados de 2009) Domicílios em favelas (dados de 2009) Moradores de favelas (dados de 2009)

3,9 mi 1.636 400 mil 1,3 mi

864 mil transações com cartão de crédito por dia

SANEAMENTO

Residências atendidas Água Coleta de esgoto Tratamento de esgoto Coleta de lixo

22

240 mil 5 mil 4 mil 3,2 mil 1,7 mil 2,4 mil 1 mil 900 840 147 21 5 1 53 12 mil 1,9 mi m2 2,1 mil

MERCADO IMOBILIÁRIO

37 mil Imóveis residenciais construídos (em 2011) 28 mil Imóveis residenciais comercializados (em 2011) 7,3 mil Imóveis comerciais construídos (em 2011) R$ 22 Aluguel m2 residencial (média em abril de 2012 no centro) Aluguel m2 comercial (média da Faria Lima, Itaim, Paulista, Vila Olímpia e Berrini) R$ 145 Aluguel m2 comercial por região R$ 145 Faria Lima R$ 135 Itaim R$ 120 Paulista R$ 107,5 Berrini R$ 135 Vila Olímpia 5% Vacância em imóveis comerciais 18% Avanço preço aluguel residencial (2010/2011) 18% Avanço preço aluguel comercial (2011/2012)

100% 97% 75% 100%

São Paulo OUTLOOK

Lixo coletado/dia (em toneladas) 19 mil Comum 214 Coleta seletiva 91 Hospitalar 84 Papel e papelão (em 2010)

Vidro (em 2010) Plástico (em 2010) Alumínio (em 2010) Número de coop. de recicláveis

25 29 16 21

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Comércio e serviços

16 13

SAÚDE

Estabelecimentos de saúde Hospitais Leitos Doses de vacina aplicadas (em 2010) Médicos Médico por mil habitantes Vagas em hospitais Sistema privado Sistema público Transplantes de órgãos (em 2010) Hospitais habilitados a fazer transplantes

2,5 mil 205 35 mil 15 mi 49 mil 4,3 61% 39% 2,5 mil 60

Em São Paulo: Hospital que mais realiza transplantes de

Em São Paulo: Hospital que mais realiza transplantes de

no mundo

no mundo

rim 14

ÁREAS VERDES E BIODIVERSIDADE

81 Número de parques 29 km2 Área dos parques 2% Fatia do território 6 mil Praças públicas 2 Número de APAs 341 km2 Área das APAs 23% Fatia do território 260 mil Árvores plantadas por ano 38,6% Cobertura vegetal da cidade 21% Cobertura de mata atlântica original

Espécies de fauna 372 Aves 126 Insetos 83 Mamíferos 45 Anfíbios 40 Répteis 23 Peixes 9 Aracnídeos 2 Crustáceos

fígado

EDUCAÇÃO

Creches Instituições de ensino infantil Instituições de ensino fundamental Instituições de ensino médio Escolas técnicas CEUs (Centro Educacional Unificado) Instituições de ensino superior Cursos de ensino superior a distância Formados ao ano (em 2009) Vagas Creche (em 2011) Pré-escola (em 2011) Ensino fundamental (em 2011) Ensino médio

15

1.418 467 1.545 632 249 45 200 31 260 mil 196 mil 186 mil 1,2 mi 475 mil

CRIMES (POR 100 MIL HABITANTES)

Homicídio Furto Roubo Furto e roubo de veículo

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São Paulo 9 1.740 964 732

Los Angeles 8 1.492 317 478

17

Nova York 6 1.339 221 127

Londres 2 450 160

SEGURANÇA

Policiais militares Policiais civis Guardas municipais Viaturas Delegacias Bases móveis da PM Câmeras na cidade

São Paulo OUTLOOK

25 mil 20 mil 7 mil 3,4 mil 93 96 272

23


SÃO PAULO EM NÚMEROS 18

TURISMO

20

Razão da visita Negócios Eventos Outros Turistas brasileiros Permanência média Gasto médio/dia Origem dos brasileiros São Paulo Rio de Janeiro Minas Gerais Paraná Rio Grande do Sul Turistas estrangeiros Permanência média Gasto médio/dia

45% 24% 31% 10,01 mi 2,6 dias R$ 570

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

29,40% 16,00% 9,50% 7,20% 7,20% 2,15 mi 4,8 dias R$ 464,00

OS 10 MAIORES EVENTOS Público 4 mi 4 mi

Evento Virada Cultural Parada GLBT Réveillon na Paulista Salão do Automóvel 750 mil Bienal do Livro 740 mil Bienal Internacional de Arte 530 mil Salão Duas Rodas 255 mil Mostra Internacional de Cinema 200 mil GP Brasil de Fórmula 1 144 mil Carnaval 110 mil

2,4 mi

5o maior

zoológico do mundo Origem dos estrangeiros Em %

Realiza um evento a cada

6 minutos

22,7 45,5 Estados Unidos

9,8 8,7

Argentina Japão

19

São Paulo tem a maior parada GLBT

Outros 7,6 5,7

Alemanha

Espanha

HOTELARIA

Hotéis Apartamentos Taxa de ocupação Diária média Locais mais visitados Parques Casas noturnas Teatros Casas de shows Museus

410 42 mil 69% R$ 240

24o no ranking mundial de cidades

por eventos de negócios internacionais

81% 67% 56% 37% 3%

21

EVENTOS

Eventos por ano Receita Área destinada a eventos Empresas expositoras Visitantes

24

São Paulo OUTLOOK

www.analise.com

90 mil R$ 2,9 bi 700 mil m2 35 mil 4,3 mi


Turismo, lazer e cultura

22

GASTRONOMIA

Restaurantes Bares Pizzarias Churrascarias Restaurantes japoneses Opções de entrega

12,5 mil 15 mil 1,5 mil 500 250 2 mil

23

1 milhão de pizzas produzidas por dia

10,4 milhões de

pães produzidos por dia

Em 2012, o restaurante paulistano DOM o foi eleito o 4 melhor do mundo

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LAZER E CULTURA

Centros de esporte e lazer Estádios de futebol Campos de golfe Autódromo Teatros Salas de teatro Espetáculos teatrais por ano Salas de shows e concertos Museus Bibliotecas Cinemas Salas de cinema Grandes casas de espetáculos

631 9 12 1 160 280 600 294 110 131 55 260 7

24

COMUNICAÇÃO

Emissoras de TV Emissoras de rádio Tiragem do maior jornal diário Provedores de banda larga Provedores de TV a cabo Celulares por habitante (em 2011) Ligações de telefone fixo

São Paulo OUTLOOK

11 14 286 mil exemplares 80 4 1,37 4 mi

25


SÃO PAULO EM NÚMEROS

25

TRANSPORTE

Frota Automóveis 7 mi Motos 890 mil Vans e caminhonetes 718 mil Caminhões 190 mil Ônibus 42 mil Táxis 33 mil Helicópteros 452 Trens de metrô 150 Viagens diárias Transporte coletivo 13,9 mi (55%) Transporte individual 11,3 mi (45%) A pé 12,6 mi Automóveis 10,4 mi Ônibus ou lotação 9 mi Metrô 2,2 mi Veículo escolar 1,3 mi Trem 815 mil Moto 721 mil Ônibus fretado 514 mil Táxi 91 mil Congestionamento no 108 km horário de pico (média em 2010)

Vagas de estacionamento especiais Zona azul Vagas para idosos Vagas para pessoas com deficiência Fiscalização Fiscais da CET Multas aplicadas Veículos guinchados Radares de velocidade Lombadas eletrônicas Aeroportos Empresas áereas Aeroporto de Congonhas Pousos e decolagens (em 2011) Passageiros (em 2011) Campo de Marte Pousos e decolagens (em 2011) Passageiros (em 2011)

32 mil 1787 785 2.450 9,5 mi 455 423 153 2 44 209 mil 16,7 mi 133 mil 388 mil

Passageiros diários Ônibus (em dias úteis) Metrô (em dias úteis) Trens (em dias úteis) Idade dos carros Até 1 ano 2 a 5 anos 6 a 10 anos Mais de 10 anos Estacionamento de carros Própria Patrocinada Na rua Pago mensal Pago avulso Zona azul

9,8 mi 4 mi 2,7 mi 9% 23% 27% 41% 3,2 mi 1,7 mi 1,5 mi 259 mil 143 mil 40 mil

Um ônibus biarticulado pode carregar 190 passageiros

Transporte público Ônibus Empresas operadoras Terminais de ônibus Corredores de ônibus Linhas de ônibus Extensão Paradas Estações de metrô Linhas de metrô Extensão linhas de metrô Estações de trem Linhas de trem Extensão linhas de trem

26

São Paulo OUTLOOK

15 mil 26 31 10 1,3 mil 4,4 mil km 19 mil 67 5 74,3 km 98 6 260 km

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Mobilidade e transporte

6,1 mil cruzamentos com semáforos

4.200 carros e 200 ônibus passam por hora na avenida Paulista (horário de pico)

26

EMISSÃO DE CO2

CO2 emitido (referência inventário

27

de 2005 em toneladas equivalentes)

15 mil 200 60 250 mil 38 54,4 km 67 km 156 mil

MORTES NO TRÂNSITO

1.505 1.463 1.382

1.357

1.365

2010

1,2 mi

28

2011

2,7 mi 2,7 mi

Motos

26,7 mil

266 mil 268 mil

Caminhões

67 mil 21 mil

30

1.566

1.487

2009 Carros

Ônibus que usam combustíveis renováveis Biodiesel Elétricos Etanol Ciclistas Bicicletas Bicicletários Ciclovias Ciclofaixa Viagens diárias

29

INSPEÇÃO VEICULAR

15,7 mi toneladas

INFRAESTRUTURA

Vias pavimentadas Pontes Viadutos Consumo de energia Total Residencial Comercial Industrial Outros Iluminação pública Distância do porto de Santos

17,2 mil km 47 136 27,3 mil GWh 11,1 mil GWh (41%) 9,2 mil GWh (34%) 4 mil GWh (15%) 3 mil GWh (10%) 570 mil lâmpadas 77 km

53 mil

TÁXIS

Carro/ 1.000 hab. São Paulo 3 Buenos Aires 10 Londres 3 Nova York 1,5

Bandeirada R$ 4,10 R$ 2,20 R$ 5,70 R$ 4,00

Por km rodado R$ 2,50 R$ 1,10 R$ 7,20 R$ 3,00

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

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São Paulo OUTLOOK

27


SÃO PAULO EM NÚMEROS 31

EMPRESAS CRIATIVAS

8.438

São Paulo

Brasil

63.633 60.707

7.863 7.094 7.276 2006

2007

58.663

58.458 2008

2009

2006

32

2007

2008

2009

SETORES DA ECONOMIA

34

EMPREGOS NO SETOR Cidade de SP, em mil

Informática 2.496 Edição e Impressão 1.344 Publicidade e Propaganda 1.266 Arquitetura e Design 803 Audiovisual 723 Ensino e Cultura 662 Artes Visuais, 540 Plásticas e Escrita Artes Performáticas 466 Pesquisa e Desenvolvimento 102 Patrimônio 36

134,5 109,8

114,9

2006 35

140,5

2007

2008

2009

POLOS DE PRODUÇÃO Concentração de empregados por setor

33

FUNÇÕES CRIATIVAS Informática Publicidade Audiovisual Arquitetura e Design Edição e Impressão Ensino e Cultura Pesquisa e Desenvolvimento Moda Patrimônio Artesanato Artes Visuais, Plásticas e Escrita Artes Performáticas

28

São Paulo OUTLOOK

Itaim 91,9 mil

19,6 mil 16,2 mil 15,9 mil 14,9 mil 14,9 mil 10,4 mil

Arquitetura e Design 19,6% Informática 24% Publicidade e Propaganda 39,3%

Bela Vista

Artes Performáticas 11,4%

Vila Leopoldina

Artes Plásticas, 7% Visuais e Escrita

Jaguaré

Audiovisual 35,4% Edição e Impressão 11,3% Patrimônio 35,4%

8,4 mil 8 mil 4,3 mil 2,8 mil

República

Ensino e Cultura 9,3%

1,7 mil

Cambuci

Pesquisa e 31,2% Desenvolvimento

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Economia criativa

36

MEGAEVENTOS DA CIDADE VIRADA CULTURAL 24 horas de atividades 4 milhões de participantes 1 mil atrações gratuitas 13 palcos 45% do público com idade entre 18 e 24 anos

384 mil pessoas de fora da capital 3 pernoites é a permanência média dos turistas 1.088 reais é quanto os visitantes gastam na cidade 158 milhões de reais movimentados com o evento em 2011 3,4 mil seguranças

VIRADA SUSTENTÁVEL

CAMPUS PARTY

VIRADA ESPORTIVA

500 mil participantes 482 atividades culturais e educativas 78 espaços com programação 27 mil quilos de lixo eletrônico coletados

7.500 participantes 160 mil visitantes 500 horas de atividades 64 mil metros quadrados de área do evento

3,5 milhões de participantes 2,5 mil atividades esportivas 1 mil locais com atrações 18 opções para crianças na Viradinha Esportiva

Edição 2012 foi a

maior do mundo

5ª maior semana

FASHION WEEK Edições por ano Desfiles por evento Turistas Público desde a criação em 1996 Mídia espontânea no Brasil Negócios Profissionais envolvidos

de moda do mundo

2 50 38 mil 3,5 mi 350 mi/ano 1,5 bi 3 mil

CARNAVAL Escolas de samba e blocos Escolas do Grupo Especial Empregados Investimento das escolas Integrantes dos desfiles Turistas

78 14 5,4 mil 48 mi 106 mil 23 mil

www.analise.com

São Paulo OUTLOOK

29


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São Paulo em

Movi

mento

A capital paulista não para de se transformar e se remodelar. Conheça, a seguir, algumas das principais obras e projetos em curso que estão mudando a cidade

Iniciativas

Expansão

Renovação

Panorama completo dos projetos que estão redefinindo a metrópole  página 40

As melhorias nos três principais centros de negócio da cidade  página 47

As obras do estádio em Itaquera e como elas podem mudar a região  página 52


alexandre rezende/folhapress

SP EM MOVIMENTO

Passageiros na linha amarela do Metrô: mais de 4 milhões de pessoas usam o meio de transporte diariamente na cidade

34

São Paulo OUTLOOK

www.analise.com


sp em movimento

A CIDADE QUE

SE renova A capital paulista está em constante transformação e crescimento. Nesta seção, SÃO PAULO OUTLOOK destaca as maiores obras, ações e projetos em andamento e como eles vão mudar a cara da cidade

S

étima maior cidade do mundo, com mais de 11,2 milhões de habitantes, São Paulo enfrenta desafios e desenvolve projetos proporcionais ao seu tamanho. A metrópole tornou-se a décima mais rica do planeta em 2009, com PIB de quase 400 bilhões de reais – se fosse um país, seria a 40ª maior economia do planeta, à frente de Israel, Egito e Chile. É o município com a maior área do Hemisfério Sul, 1,5 mil quilômetros quadrados, conta com frota de sete milhões de automóveis, a maior frota de helicópteros da América Latina e tem a maior bolsa de valores da América do Sul. Simplesmente por sua magnitude, São Paulo é uma cidade em constante movimento: reformas no sistema viário, obras para a construção de novos edifícios e complexos imobiliários, a ampliação das linhas de metrô, reformas de aeroportos e os preparativos para receber a próxima edição da Copa do Mundo ocorrem siwww.analise.com

multaneamente. Nas próximas páginas, é possível conferir 31 dos principais projetos, obras e programas que vão contribuir para o desenvolvimento da cidade e ajudar a construir o futuro da metrópole. Uma das mais recentes e importantes conquistas ocorreu na área da segurança pública, com a obtenção de um reconhecido indicador de redução da violência. Pela primeira vez, o número de assassinatos na cidade ficou abaixo de dez por 100 mil habitantes, patamar considerado aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A taxa vinha em queda acentuada desde o início da década passada. Caiu de 51 homicídios, em 2000, para nove por 100 mil habitantes em 2011, resultado atribuído ao policiamento preventivo e a políticas de combate à criminalidade. A média brasileira é de 22,3 por 100 mil habitantes. Assim como reverteu sua imagem no setor de segurança, a capital persegue outros indicadores de qualidade de vida. Um dos grandes desafios é melhorar a mobilidade urbana. A cidade é conhecida por seu sistema de tráfego complexo e sobrecarregado. Nesse sentido, um dos investimentos

10ª

é a posição de São Paulo entre as cidades mais ricas do mundo

São Paulo OUTLOOK

35


sp em movimento

ocorre na expansão da rede de metrô, que deve passar dos atuais 74 quilômetros de extensão para 137 quilômetros, com investimento planejado de 40 bilhões de reais até 2015. Outra frente para melhorar o transporte público e a fluidez do tráfego é o investimento em corredores exclusivos de ônibus e na renovação da frota. Para tirar o transporte de carga da malha viária da capital, o investimento tem ocorrido na construção de anéis estruturais circundando a cidade. O Rodoanel já tem dois trechos em operação e sua conclusão está prevista para 2014, facilitando o acesso a rodovias, ao Porto de Santos e ao Aeroporto Internacional de São Paulo. Outra iniciativa nesse sentido é a construção do Ferroanel, com 211 quilômetros de malha ferroviária interligando a Região Metropolitana ao litoral e ao interior. Além de obras para desafogar o trânsito, como a construção e a ampliação de avenidas, principalmente nas zonas sul e leste da capital, a prefeitura paulistana também tem investido em uma série de medidas para ordenar o tráfego. Uma delas foi a

proibição da circulação de caminhões na Marginal do Tietê nos períodos de maior congestionamento, adotada em 2012. Levantamento preliminar apontou que a lentidão caiu mais de 10% na cidade e 24% na Marginal, pela manhã, com a saída dos caminhões. A prefeitura já havia regulamentado a circulação de veículos fretados na capital. Foi criada uma zona de restrição e bolsões de embarque e desembarque de passageiros, para evitar pontos de parada irregulares em grandes avenidas, que atrapalhavam a fluidez do trânsito. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) também reduziu o limite de velocidade nos principais corredores de tráfego, com o objetivo de diminuir a incidência de acidentes graves. A cidade também está investindo em ações de conscientização e educação no trânsito para aumentar a segurança dos pedestres. Para enfrentar o desafio dos congestionamentos, uma série de propostas vem sendo discutida nos últimos anos. A capital já conta com o rodízio de veículos, que desde 1997 obriga os motoristas a deixar seus carros

CIDADE EM CONSTRUÇÃO

36

3 shoppings

39,3 km de corredores de ônibus

1estádio de futebol

1terminal para 7 mi de

em Itaquera

passageiros/ano em Cumbica

62,7 km de linhas do metrô

192

14,5 mil unidades habitacionais

4

São Paulo OUTLOOK

escolas públicas municipais

centrais de triagem de lixo reciclável

em casa uma vez por semana. A criação de um pedágio urbano no centro expandido da cidade já chegou a ser avaliada, assim como a cobrança de uma taxa para circulação nas Marginais do Tietê e Pinheiros. Mas as duas medidas são consideradas polêmicas e continuam em discussão. Sustentabilidade – Outro tema que ganha importância na agenda das grandes cidades, a sustentabilidade, também está cada vez mais integrada ao planejamento de São Paulo. A capital é uma das pioneiras na adoção de uma política de combate às mudanças climáticas e está preparando um novo inventário sobre a emissão de gases causadores do efeito estufa. Entre os programas paulistanos bem-sucedidos está a produção de biogás em aterros sanitários desativados que, além de produzir energia elétrica, geram créditos de carbono. A cidade estava organizando o terceiro leilão de créditos para ser realizado em 2012, que tem recursos revertidos para projetos ambientais. São Paulo também tem investido no uso de combustíveis limpos no transporte público, incentiva o uso da bicicleta com a ampliação de ciclovias e ciclofaixas e combate o desperdício com reúso de água e a adoção de lâmpadas mais eficientes na iluminação pública. A capital tem ganhado cada vez mais áreas verdes: já conta com 81 parques e tem um plano para chegar a 100. Em 2012, por meio de um acordo com o governo de São Paulo, as redes de supermercados suspenderam a distribuição de sacolas descartáveis para acondicionar as compras. Diante das queixas dos clientes, foi firmado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público e Procon para dar mais tempo de adaptação à medida. Agora, as compras na cidade são feitas com sacolas reutilizáveis, como já é tendência em várias cidades do mundo. Nos Estados Unidos, São Francisco foi a primeira cidade a banir as sacolas, em 2007. Foi seguida por Washington D.C., Los Angeles e Seattle. Em Berlim, as embalagens são vendidas. A faceta sustentável vem se somar a outras características paulistawww.analise.com


Itaci Batista/AE

sp em movimento

Vista aérea de ipês rosas na região central de São Paulo: mais de 260 mil árvores são plantadas por ano na capital nas cada vez mais consolidadas. São Paulo é conhecida por sua diversidade cultural, que oferece uma grande variedade de atrações para todos os gostos e bolsos. A Virada Cultural se tornou um dos maiores eventos da cidade, atraindo até quatro milhões de participantes em suas atividades gratuitas realizadas durante 24 horas, em diversos pontos da cidade. Renovação urbana – Novas obras

e empreendimentos redesenham a cidade. Cartão-postal da cidade, a Avenida Paulista ganha novo fôlego com a inauguração de novas torres corporativas e a construção de mais um shopping e um museu. Na região da Faria Lima, um novo complexo reúne shopping de luxo, escritórios e opções de lazer. Para dar conta da demanda por salas comerciais, as construtoras anunciam novos empreendimentos na zona sul da capital, expandindo o centro econômico da região da Aveniwww.analise.com

da Luís Carlos Berrini em direção ao Morumbi. Antigos galpões cedem lugar a prédios modernos de uso misto. Ao mesmo tempo em que a cidade se expande para ocupar terrenos vazios em áreas mais afastadas, o centro volta ser valorizado. Projetos urbanísticos com o objetivo de revitalizar e adensar a área já começam a apresentar os primeiros sinais positivos. A oferta de unidades habitacionais já aumentou, prédios históricos estão sendo restaurados e opções de cultura e lazer se ampliam, atraindo os paulistanos para o centro. Em uma cidade de tão grandes distâncias como São Paulo, uma das soluções é aproximar emprego e moradia para reduzir, ao máximo, os deslocamentos. Esta é justamente uma das preocupações dos paulistanos identificadas em pesquisa sobre como a cidade deve ser em 2040. O levantamento faz parte de um trabalho de planejamento estratégico, o SP 2040, para preparar a cidade para o futuro. Os moradores da

capital esperam que até lá a cidade se torne mais fluida, justa e sustentável. No cenário de 2040, São Paulo aparece como centro de comando empresarial da América Latina e precisa estar preparada para novos desafios e demandas. Os preparativos para sediar jogos da Copa do Mundo de 2014 também já movimentam a cidade. O Mundial deve atrair 15 milhões de turistas para a capital paulista. Os investimentos necessários para a realização dos jogos e também para facilitar a circulação dos torcedores pela cidade incluem adequação dos aeroportos, melhora da infraestrutura viária e obras em estádios. Com a construção de uma nova arena na zona leste da capital, o Itaquerão, e a reforma do Morumbi e do Palestra Itália, o Mundial deixará como legado para a capital três arenas modernas e de grande porte, além do tradicional estádio do Pacaembu. Confira, a seguir, os projetos que estão construindo o futuro de São Paulo. 0 São Paulo OUTLOOK

37


PARA ENTENDER Sテグ PAULO

rogテゥrio montenegro/editora abril

CIDADE EM REnovaテァテ」o



SÃO PAULO EM MOVIMENTO

Sistema viário Além do Rodoanel, novo anel interligando ferrovias pode ajudar a melhorar o tráfego da cidade; zona sul ganha pacote de obras e transporte público tem investimentos

Transporte de carga

anéis viários para reduzir número de CAMINHÕES em SP

S

ão Paulo aposta em dois anéis estruturais para desafogar o tráfego, tirando, principalmente, o transporte de cargas das principais avenidas. Um deles é o Ferroanel de São Paulo, um conjunto de 211 quilômetros de trilhos ligando a Região Metropolitana a Campinas e ao litoral. Outra obra é o Rodoanel Mário Covas, que já tem dois trechos em operação e chegará a 176,5 quilômetros de extensão quando estiver concluído. Os estudos preliminares para a implantação do anel ferroviário já começaram, e a previsão era de que o projeto fosse apresentado no primeiro semestre de 2012. Além de reduzir os congestionamentos, a obra deve diminuir o tempo e o custo do transporte de carga. O tramo Sul articulará as ferrovias, facilitando a interligação dos estados de Minas e Rio com o Sul do país. Hoje, o fluxo de cargas, principalmente madeira, produtos siderúrgicos e gêneros alimentícios, depende das rodovias e do sistema viário. Já o tramo Norte facilitará o acesso entre o litoral e a região de Campinas, que concentra cerca de 70% da produção de contêineres para o Porto de Santos. A obra do Rodoanel, do governo do estado, começou em 1998. O trecho Oeste foi o primeiro a ser aberto, em 2002. O Sul ficou pronto em março de 2010. Os ramos Norte e Leste devem entrar em operação em 2014.

VOCÊ SABIA QUE…

12 mil novos

ônibus entraram em circulação entre 2005 e 2011 na capital

40

…o número de veículos para pessoas com deficiência saltou de

297 para 7,5 mil

São Paulo OUTLOOK

Intervencões viárias

PACOTE DE OBRAS NA ZONA SUL para DESATAR nÓ nO TRÂNSITO

A

prefeitura apresentou, no início de 2012, um plano viário para melhorar o tráfego na zona sul, que prevê investimento de 1,8 bilhão de reais em quatro anos. Uma das obras mais importantes é na margem direita da Marginal do Pinheiros, que vai ganhar 8 quilômetros de pista na região de Interlagos. O prolongamento da Marginal, com três faixas de tráfego, será da Ponte Transamérica até as proximidades do Autódromo de Interlagos. O plano prevê, ainda, uma nova ponte sobre o rio e outra sobre um dos canais da Represa de Guarapiranga. Também está planejada uma ciclovia com 8 quilômetros de extensão. Apenas as obras na Marginal totalizam investimento de 470 milhões de reais. O projeto também inclui intervenções em vias de grande movimento da região, como a Avenida Guarapiranga e as estradas da Cachoeirinha e do M'Boi Mirim. Outra obra importante é o prolongamento da Avenida Jornalista Roberto Marinho até a Rodovia dos Imigrantes, que servirá para desafogar o tráfego na Avenida dos Bandeirantes. A avenida terá dois túneis, que somarão 2.350 metros de extensão. A Avenida Chucri Zaidan será prolongada por 3,4 mil metros até a Avenida João Dias, com duas passagens subterrâneas.

Transporte público

mais corredores de Ônibus e plano para 137 km de metrô

S

ão Paulo está investindo em novos corredores de ônibus para agilizar o transporte público e melhorar o trânsito. Ainda no primeiro semestre de 2012, estava prevista abertura de licitação para a implantação de quatro novos corredores, totalizando 39,3 quilômetros de vias exclusivas. A licitação, avaliada em dois bilhões de reais, prevê, ainda, a reforma de outros dois corredores e a construção de cinco terminais e duas rodoviárias intermunicipais. Desde 2005, a prefeitura renovou 80% da frota de ônibus da capital. Entraram em circulação 12 mil novos veículos até dezembro de 2011. Com as substituições, aumentou também o número de ônibus com acessibilidade. Entre 2005 e 2011, a quantidade de ônibus adaptados saltou de 297 para 7,5 mil veículos com rampa ou elevador. O Plano Plurianual do governo do estado prevê investimentos de cerca de 39,4 bilhões de reais no Metrô e na Companhia de Trens Metropolitanos (CPTM) até 2015. As linhas do metrô devem passar dos atuais 74,3 quilômetros para 137 quilômetros. A inauguração do primeiro prolongamento da Linha 2-Verde, em construção entre Vila Prudente e Oratório, está prevista para 2013. www.analise.com


anderson barbosa/folhapress

Dia útil na Avenida Paulista, na zona oeste da cidade: mais de 32,5 mil táxis transitam pelas ruas da metrópole www.analise.com

São Paulo OUTLOOK

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SÃO PAULO EM MOVIMENTO

urbanização Os primeiros resultados das ações para recuperar a região central começam a aparecer, e intervenções transformam favelas em bairros; enquanto isso, a cidade planeja o seu futuro

Plano de ação

renovação atrai moradores de volta para o centro

A

região central de São Paulo voltou a receber investimentos para recuperação de áreas públicas, e os primeiros resultados começam a aparecer. Importantes planos urbanísticos preveem a revitalização da área. A região viu crescer a oferta de novos imóveis em 2011, principalmente unidades diferenciadas de um quarto, como flats e lofts. Foram lançadas 4,1 mil unidades, crescimento de 32% em relação ao ano interior. No segmento de um dormitório, o aumento foi de 111%, mais que o dobro. A revitalização da Praça Roosevelt é um dos projetos mais simbólicos do processo de recuperação. Com investimento de 37 milhões de reais, a obra tinha previsão de ser concluída no segundo semestre de 2012. O projeto Nova Luz é um plano ambicioso, a longo prazo, para o centro. Planeja recuperar 500 mil metros quadrados da região. O governo do estado anunciou, ainda, a construção de um complexo artístico na Luz, com custo de 500 milhões de reais, e que só deve ficar pronto em 2016. O Hotel Ca’D’Oro e o seu entorno, na Rua Augusta, também passa por remodelação. O projeto, iniciado em 2009, vai culminar com a transformação do prédio em condomínio de uso múltiplo, com áreas corporativas, residenciais e hospedagem. A obra terá o custo de 100 milhões e deve ficar pronta para a Copa em 2014.

Transporte aéreo

CONCESSÃO federal AGILIZA OBRAS EM AEROPORTOS

C

om o leilão de concessão dos aeroportos, foram anunciadas importantes obras e reformas no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica, e de Viracopos, em Campinas. Um novo terminal com capacidade para sete milhões de passageiros/ano será construído em Cumbica. Também estão previstas obras de ampliação de pistas, pátios, estacionamentos e vias de acesso. O consórcio Invepar-ACSA, que reúne as empresas Invepar e Airports Company South Africa SOC Limited terá a concessão de Cumbica por 20 anos, período no qual deve investir 4,6 bilhões de reais. Com o aumento de fluxo de passageiros previsto com a realização dos jogos da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, foi anunciado um pacote de obras urgentes. Os investimentos até o Mundial serão da ordem de 1,38 bilhão de reais em Cumbica. O Aeroporto Internacional de Viracopos se destaca pelo transporte de carga aérea e se tornou referência em logística no cenário nacional. A 100 quilômetros da capital e com acesso fácil por grandes rodovias, o aeroporto é uma alternativa para atender, também, o transporte de passageiros. Viracopos registrou 7,5 milhões de passageiros em 2011, alta de 39% em relação ao ano anterior. A previsão é de que o consórcio Aeroportos Brasil, formado pelas empresas Triunfo, UTC e a francesa Egis Airport Operation, invista 8,7 bilhões de reais no período de 30 anos de concessão. Os investimentos até a Copa serão da ordem de 873 milhões de reais. Também está prevista a construção de uma segunda pista de pouso. O Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, ganhou uma nova torre de controle em fevereiro de 2012, com 40 metros de altura.

NOVO TERMINAL NO MAIOR AEROPORTO DE SP

7 milhões

de passageiros/ano é a capacidade do novo terminal que será construído no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica, Guarulhos

1,38 bilhão de reais

é o investimento na construção do terminal e ampliação de pistas, pátios e estacionamento

873 milhões de reais

serão investidos até a Copa em Viracopos, que fica na vizinha Campinas e também atende a demanda da capital

16

milhões de passageiros passaram pelo Aeroporto de Congonhas em 2011

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São Paulo OUTLOOK

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COMO OS PAULISTANOS DESEJAM SP EM 2040 Pesquisa ouviu moradores Competitiva 7%

Fluida 25%

Habitação

FAVELAS se tornam bairros com planos de urbanização

A

Fácil 9% Engajada 10% Policêntrica 13% Justa 15%

Sustentável 20%

Planejamento

Paulistano quer CIDADE FLUIDA, JUSTA E SUSTENTÁVEL

S

ão Paulo está traçando um plano de longo prazo com metas a serem atingidas nos próximos anos, o SP 2040 - A Cidade que Queremos. A primeira fase do levantamento foi a realização de uma consulta pública para identificar as características mais valorizadas da cidade e quais os principais desafios para o futuro. Os resultados, divulgados no início de 2012, mostram que os participantes querem uma cidade fluida, sustentável e justa. Entre os maiores desafios, está oferecer infraestrutura urbana adequada, recuperar a qualidade ambiental e aproximar moradia e emprego. O documento deverá nortear as políticas públicas do município.

Eventos

EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL NOS PLANOS DA CIDADE para 2020

C

apital brasileira das feiras e dos eventos de negócios, São Paulo é candidata a sediar a Expo 2020, considerado o terceiro maior evento do mundo, atrás apenas da Copa e das Olimpíadas. A candidatura da capital foi apresentada no ano passado e, se a cidade for escolhida, será a primeira vez que o evento vai ser realizado na América Latina. A Expo é considerada referência em ideias inovadoras de gestão pública e promove o intercâmbio de ideias entre os países. São Paulo disputa a sede do evento em 2020 com outras quatro cidades, e o anúncio da vencedora deve ocorrer em 2013. www.analise.com

prefeitura mantém um programa para urbanizar favelas. Além de melhorar as condições de moradia, o plano busca integrar o assentamento à cidade formal por meio da regularização urbanística e fundiária. O objetivo é dar condições para que se torne um bairro, com obras de infraestrutura, melhoria da mobilidade urbana e instalação de redes de água, esgoto e iluminação. Os projetos também incluem espaços públicos, como creches e postos de saúde, e áreas de lazer e recreação. A Favela de Heliópolis, a maior da cidade, com 70 mil moradores, está passando pela urbanização desde 2005. Está prevista a entrega de 3,8 mil unidades habitacionais em uma área de 1 milhão de metros quadrados, na região do Ipiranga, zona sudeste da cidade. O investimento total é de 570 milhões de reais. Um dos destaques do plano são os edifícios circulares projetados pelo arquiteto Ruy Ohtake. A segunda maior favela de São Paulo, Paraisópolis, também está sendo urbanizada. Localizada na região do Morumbi, tem 60 mil habitantes. As obras começaram no ano de 2006. Ao final do programa, serão 2,9 mil novas unidades habitacionais na região, sendo que 1,1 mil já foi entregue. Cerca de três milhões de pessoas vivem atualmente em situação precária na capital. Os programas de urbanização de favelas e o de mananciais já entregaram 6,8 mil unidades, e mais 14,5 mil estão em construção. Os dois programas contam com investimentos de 3,5 bilhões de reais. Desde 2005, 150 mil famílias já foram beneficiadas. A prefeitura também abriu um concurso de arquitetura para urbanizar 17 áreas da cidade. As obras do Renova São Paulo vão atender 50 mil moradias e remodelar 120 assentamentos, entre favelas, loteamentos e núcleos urbanizados.

SP QUER SER SEDE DA EXPO 2020 Megaevento é o 3º maior do mundo

6 meses

é o tempo de duração do evento

18 milhões

de turistas são esperados na cidade em 2020

502 hectares

é a área projetada para exposições

75%

das feiras de negócios no Brasil são realizadas na capital

São Paulo OUTLOOK

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Eduardo Anizelli/Folhapress

Sテグ PAULO EM MOVIMENTO

Ibirapuera une lazer e cultura: museus de arte moderna e contemporテ「nea em uma das maiores テ。reas verdes da cidade

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Sテ」o Paulo OUTLOOK

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UM ACERVO DE 15 MIL OBRAS NO PARQUE Transferência do MAC consolida polo cultural

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Auditório

Pavilhão ão Japonês

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Bienal de Arte

A 30a edição da será realizada no parque em 2012

O auditório do Ibirapuera pode comportar até

800 pessoas

Dois museus e três centros de exposição no Ibirapuera

C

om a transferência do Museu de Arte Contemporânea (MAC) para a regiã o do Parque do Ibirapuera, o local se consolidou como um dos principais complexos culturais da cidade. Inaugurado em 1954, o Ibirapuera tem projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer e paisagismo de Roberto Burle Marx.

MAC

A transferência do MAC, da Universidade de São Paulo para o prédio onde funcionou o Departamento de Trânsito (Detran), foi oficializada em 2012 e será gradual. Uma exposição de esculturas marcou o início da mudança. A implantação deve ser concluída em 2013, quando o museu completa 50 anos. O MAC conta com acervo de dez mil obras, considerado um dos mais importantes do Hemisfério Sul.

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MAM

O Museu de Arte Moderna (MAM) possui acervo de cinco mil obras e abriga exposições brasileiras e internacionais. Inaugurado em 1948, foi o primeiro dedicado à arte moderna na América Latina. Também oferece visitas monitoradas, conta com cinema, biblioteca, auditório e restaurante com vista para o parque.

Oca e Bienal

O prédio da Oca, projetado por Niemeyer, abriga exposições e mostras itinerantes. A Bienal de Arte de São Paulo, realizada no pavilhão instalado no parque, chega à 30 edição em 2012. A exposição internacional contabiliza, em 29 edições, a participação de 13 mil artistas, de 159 países, com 60 mil obras de arte. Já o Museu Afro Brasil é dedicado à cultura brasileira.

Marquise

A Marquise, que interliga vários pontos do parque, está passando por restauração e tinha previsão de ficar pronta no início do segundo semestre de 2012. A recuperação incluiu reforma do piso, impermeabilização, troca de luminárias e demolição de estruturas em desacordo com o projeto inicial.

Auditório

Projetado nos anos 1950, o auditório só começou a ser construído para as comemorações dos 450 anos de São Paulo, sendo inaugurado em 2005. O espaço tem capacidade para 800 lugares, com palco reversível para shows ao ar livre. A programação é dedicada à diversidade musical. O Ibirapuera conta, ainda, com o Jardim das Esculturas, Pavilhão Japonês, Viveiro Manequinho Lopes e planetário.

São Paulo OUTLOOK

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SÃO PAULO EM MOVIMENTO

Paulista

Berrini

MUSEU, SHOPPING E TORRES REVITALIZAM cartão-postal

área da zona sul DESPONTA COMO NOVO CENTRO ECONÔMICO

A

U

venida símbolo de São Paulo, a Paulista passa por um processo de revitalização com o anúncio de novos empreendimentos. Em um dos últimos grandes terrenos disponíveis na região, serão construídos a Torre Matarazzo e o Shopping Cidade São Paulo. As obras começaram em 2011. A torre de escritórios, com 13 pavimentos, será integrada ao shopping, que terá 142 lojas distribuídas por cinco pisos. A conclusão da obra está prevista para 2015. No terreno está planejada uma área verde, aberta ao público, de 2,3 mil metros quadrados. O estacionamento contará com sete subsolos e terá 1,5 mil vagas. Próximas da avenida, as instalações do Hospital Umberto Primo serão transformadas em um hotel de luxo com complexo cultural integrado por cinemas, teatros, lojas e restaurantes. A Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) vendeu a área por 117 milhões de reais à holding WWI e ao grupo francês Allard, em 2011. O designer francês Philippe Starck fará o projeto. O imóvel é tombado e estava abandonado havia 18 anos. A avenida vai ganhar mais um centro cultural. O museu do Instituto Moreira Salles (IMS) será aberto entre as ruas Bela Cintra e Consolação, em um terreno onde havia um estacionamento. O prédio terá três andares só para exposições, cinema e auditório para 200 pessoas, biblioteca de fotografia e salas para cursos. O antigo prédio da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), sobre o Shopping Center 3, dará lugar a duas torres de 20 e 21 andares, no primeiro semestre de 2012. O Paulista Corporate, com 19 andares, foi inaugurado em 2012.

m novo polo de expansão está se desenvolvendo na zona sul e já é apontado como futuro centro financeiro e econômico da capital. Com a consolidação da região da Avenida Luís Carlos Berrini, no Brooklin, como centro de negócios, o crescimento está se encaminhando em direção ao bairro do Morumbi, às margens da Marginal do Pinheiros. A região da Berrini concentra a maior parte dos imóveis comerciais de luxo de São Paulo, e as estimativas são de que será a campeã em lançamentos comerciais de alto padrão até 2013. O trecho de prolongamento da Berrini deve ganhar, entre 2012 e 2013, mais de 100 mil metros quadrados de escritórios dos tipos A e AA. A região passou a chamar a atenção das construtoras pela disponibilidade de áreas livres ou ocupadas por galpões e fábricas antigas. O novo polo marca mais uma fase da migração da concentração financeira na cidade. Com a saturação do centro nos anos 1970, as empresas se mudaram para a Avenida Paulista. O movimento seguinte foi a transferência para a região da Faria Lima, e depois Berrini. Com a taxa de vacância de salas comerciais baixa e demanda forte, o potencial construtivo às margens da Marginal chamou a atenção das construtoras. As projeções são de que a região pode se tornar, em 2016, o maior polo de escritórios da cidade. No antigo terreno de uma empresa será erguido o complexo Brookfield Towers, com duas torres corporativas. O projeto tem valor total de 703 milhões de reais. Em outro terreno, que costumava ser um galpão de fábrica, será erguido um complexo de uso misto.

Faria Lima

ESCRITÓRIOS, COMPRAS E VIDA NOTURNA EM UM COMPLEXO único

U

m conjunto de empreendimentos mudará, em breve, o perfil da região compreendida entre a Marginal do Pinheiros, Avenida Juscelino Kubitschek e Faria Lima, no Itaim-Bibi. Com inspiração no Rockfeller Center de Nova York, um complexo imobiliário reunirá em uma área de 60 mil metros quadrados shopping center, torres comerciais, teatro e restaurantes badalados. O bairro, na zona sul, tem o metro quadrado para comercialização mais valorizado de São Paulo. Um dos destaques do projeto WTorre JK é a transformação do edifício da grife de luxo Daslu em um moderno prédio de escritórios. O estilo neoclássico da fachada será substituído por vidros espelhados e revestimento branco. Mais seis andares serão erguidos, totalizando 11 pavimentos, que serão ocupados por escritórios. No térreo, funcionarão quatro restaurantes, que, juntamente com o teatro que está sendo construído, devem

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São Paulo OUTLOOK

intensificar a vida noturna da região. O teatro com 1,2 mil lugares será voltado, principalmente, para a exibição de musicais. A obra toda está avaliada em 125 milhões de reais e tem previsão para ser concluída em 2013. O Shopping JK Iguatemi tinha inauguração prevista para o primeiro semestre de 2012. O projeto do centro de compras investiu em átrios suspensos, iluminação natural e paredes de vidro com vista para o Parque do Povo, área verde municipal com mais de 30 mil metros quadrados vizinha ao empreendimento. Serão 230 lojas, com destaque para as grifes internacionais. Também estão sendo erguidos dois edifícios empresariais. Na região, fica ainda a Torre Santander, um prédio inacabado que ficou abandonado durante anos até ser vendido e reformado em 2009. O complexo inclui seis mil vagas de estacionamento e uma ciclovia de 4,8 quilômetros às margens do Rio Pinheiros. www.analise.com


A CIDADE SE REINVENTA COMPLEXO NO ITAIM

EXPANSÃO NA ZONA SUL

Hípica Paulista

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de escritórios A e AA até 2013

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60 mil m2– terá

teatro, restaurantes e shopping center

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SÃO PAULO

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NOVIDADES NA REGIÃO DA PAULISTA 1 2 3 4 5 6

Empreendimentos E P Paulista Tower Torre T Matarazzo e Shopping Cidade São Paulo Paulista P Corporate W Wtorre Paulista Museu M do Instituto Moreira Salles (IMS) Hotel H e complexo cultural

www.analise.com

Localização Paulista, 91 Paulista, 1230 Paulista x Rua Plínio Figueiredo (ao lado do Masp) Paulista, 2064 Paulista, entre Bela Cintra e Consolação Quadrilátero da rua Itapeva com Alameda Rio Claro

Fase Inauguração em 2012 Obras iniciadas Concluído em 2012 Inauguração em 2012 Em projeto Em projeto

São Paulo OUTLOOK

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SÃO PAULO EM MOVIMENTO

ESPORTE E LAZER Cidade sede dos jogos da Copa do Mundo 2014, São Paulo prepara seus estádios e investe na melhoria do transporte público e do sistema viário para receber os torcedores

Mundial

COM A COPA, CAPITAL PASSA A CONTAR COM QUATRO ESTÁDIOS

S

ão Paulo é uma das cidades sede para os jogos da Copa no Brasil, em 2014, e prepara seus estádios para o Mundial. Com as obras de construção e ampliação, a cidade terá quatro arenas modernas de grande porte. Além da Arena Corinthians, apelidada de Itaquerão, na zona leste, São Paulo tem outros nove estádios, sendo três deles para mais de 35 mil pessoas: a Arena Palestra, do Palmeiras, o estádio do Morumbi e o tradicional Pacaembu. O Itaquerão receberá seis partidas da Copa, com destaque para o jogo de abertura e uma das semifinais. A arena terá capacidade para 48 mil pessoas, mas serão instalados 20 mil assentos removíveis para atingir a capacidade exigida pela Fifa no jogo de abertura. Orçada em 820 milhões de reais, a arena deve ficar pronta até o fim de 2013. Com investimento de 330 milhões de reais, o antigo estádio Palestra Itália, na zona oeste, vai se transformar numa arena multiuso, com 45 mil assentos cobertos. As obras devem terminar em 2013. O Morumbi, na zona sul, foi descartado para sediar os jogos, mas passará por obras que incluem cobertura das arquibancadas, ampliação do estacionamento e construção de um hotel.

Itaquerão

Obras viárias vão facilitar acesso a jogos na zona leste

C

om a construção do Itaquerão, foram anunciadas várias obras para adequar o sistema viário dos bairros de Itaquera, Arthur Alvim e Cidade Líder, na zona leste. O plano prevê a construção de novas avenidas, alças de ligação e vias de acesso às estações do Metrô e da CPTM. O governo do estado e a prefeitura firmaram um convênio para realizar as intervenções, avaliadas em 478 milhões de reais, sendo 346 milhões de reais do governo do estado e 132 milhões de reais municipais. O plano inclui novas alças no cruzamento das avenidas Jacu Pêssego e José Pinheiro Borges, a Nova Radial. Também está projetada a construção de uma nova via entre a Avenida Itaquera e a Nova Radial, incluindo transposições em desnível sobre as linhas do Metrô e da CPTM. Haverá, ainda, uma avenida articulando a ligação Norte-Sul com a Avenida Miguel Inácio Curi e uma passagem em desnível no trecho em frente às estações do Metrô e da CPTM. O sistema de transporte coletivo também está sendo reformulado. Os trens e o sistema de sinalização da Linha 3-Vermelha do Metrô estão passando por reforma, que diminuirá o intervalo entre os trens. O Expresso Leste, da CPTM, que sai da Estação da Luz e vai até a Estação Corinthians-Itaquera, já foi batizado de Expresso da Copa, porque realizará a viagem até o estádio sem fazer as paradas intermediárias, durante o Mundial. Mesmo com a mudança da sede dos jogos, do Morumbi para o Itaquerão, foi mantida a obra do monotrilho da zona sul (Linha 17-Ouro). A autorização para o início das obras foi dada em março de 2012.

Programação cultural

sistema de financiamento único para cultura destaca o SESC

A

s unidades do Serviço Social do Comércio (Sesc) se consolidam cada vez mais como opção de lazer e cultura em São Paulo. O projeto foi criado por empresários em 1946 e introduziu um novo modelo de ação cultural. Além de oferecer grande variedade de eventos e atividades, um dos objetivos da entidade é apresentar atrações de boa qualidade, com preços acessíveis. Para isso, trabalha com uma política de subsídios que garante ingressos com preços abaixo dos de mercado. Há, ainda, espetáculos gratuitos. As despesas são custeadas por uma contribuição mensal dos estabelecimentos comerciais. Trabalhadores no comércio podem se matricular e ter descontos, mas os espaços são abertos ao público em geral. Entre as opções culturais oferecidas estão peças de teatro, shows, sessões de cinema, espetáculos circenses, a arte de contar histórias para crianças e dança, além de cursos e espaços para leitura. A rede conta com 15 unidades na ca-

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São Paulo OUTLOOK

pital e está em expansão. A próxima a ser inaugurada será a 24 de Maio, no segundo semestre de 2013. Duas unidades do Sesc foram inauguradas em 2011: Bom Retiro, no centro, e Santo Amaro, na zona sul. Mais uma unidade já foi anunciada com o projeto de reurbanização do Parque Dom Pedro II. O Sesc Mercadão, como está sendo chamada, será erguido no terreno onde ficava o edifício São Vito, que foi demolido. O modelo do Sesc foi tema de reportagem do jornal The New York Times em março de 2012. O jornal diz que a entidade é um “grupo cultural único”, com orçamento de 600 milhões de dólares por ano, que cresce 10% anualmente, enquanto organizações do mundo todo enxugam seus gastos. O sistema de financiamento foi considerado único por se tratar de uma entidade privada, sem fins lucrativos, com aval constitucional e orçamento proveniente de uma taxa de 1,5% da folha de pagamento das empresas. www.analise.com


Clayton de Souza /AE

Desfile no Elevado Costa e Silva, na zona oeste: São Paulo é a única cidade da América Latina entre as capitais da moda www.analise.com

São Paulo OUTLOOK

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SÃO PAULO EM MOVIMENTO

Ensino e segurança

ÍNDICE DE HOMICÍDIOS CAI EM SP Taxa de assassinatos por 100 mil habitantes

60

51,2

A cidade aumenta a oferta de vagas na rede pública com a construção de novas escolas; na área de segurança pública, a capital obtém melhor índice com redução de homicídios

50

43,7

40

31,5

30

Educação

plano prevê mais 192 escolas públicas até o final de 2012

A

prefeitura anunciou a construção 192 escolas até o fim de 2012. Para agilizar as obras, 155 unidades serão erguidas com estruturas de concreto pré-moldadas. O tempo médio de construção de cada escola será de oito meses. O uso de concreto moldado facilita o levantamento de paredes e a colocação de lajes. O valor do investimento será de 731 milhões de reais. Serão construídos, com a estrutura pré-moldada, 59 Centros de Educação Infantil (CEIs), 67 Escolas Municipais de Ensino Infantil (EMEIs) e 29 Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEFs). Trinta e sete escolas serão erguidas pelo método convencional de construção. A zona sul será a região da capital mais beneficiada pelo Programa de Construção de Escolas e Creches Pré-Moldadas, com 71 novas unidades, o equivalente a 45% do total programado. A zona leste, segunda maior contemplada, contará com 53 novas unidades. A distribuição das unidades foi feita de acordo com a necessidade regional de vagas. Entre 2005 e 2010, foram criadas, na cidade, mais de 71 mil matrículas na rede pública de educação infantil.

VOCÊ SABIA QUE...

192 novas

escolas serão construídas em São Paulo em 2012 Entre 2005 e 2010, a cidade abriu mais de

71 mil vagas em educação infantil

50

São Paulo OUTLOOK

18,4

20

índice aceitável 10 segundo a OMS 0 2000

11,5

10,6 9

2002

2004

2006

2008

2010

2011

Menos violência

TAXA DE HOMICÍDIO CAI, E PELA 1ª VEZ, ATINGE PADRÃO DA ONU

O

índice de homicídios registrado na cidade de São Paulo em 2011 ficou, pela primeira vez, abaixo da taxa de dez assassinatos para cada 100 mil habitantes, patamar aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A taxa ficou em 9 por 100 mil, com 1.023 homicídios registrados, queda de 14,4% em relação ao ano anterior. A taxa média do Brasil é de 22,3 por 100 mil. A redução na criminalidade fez com que a capital fosse citada no Estudo Global de Homicídios, da Agência para Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês), da ONU, em 2011. A publicação comparou a evolução nos índices de homicídios de São Paulo e do Rio de Janeiro e mostrou que a capital paulista saiu de um patamar mais alto em 2001 e conseguiu uma redução maior no índice de homicídios. Em 2001, a capital paulista registrava 49,30 mortes intencionais a cada 100 mil habitantes. A taxa entrou em queda acentuada até atingir 9/100 mil em 2011. O índice da OMS é considerado o principal indicador de criminalidade. Com mais de 11 milhões de habitantes, a cidade de São Paulo registrou 1.023 homicídios em 2011, 173 casos a menos que em 2010, o que coloca a metrópole entre as cidades com menor número de homicídios do Hemisfério Sul. A diminuição da criminalidade é atribuída à intensificação do policiamento preventivo e às políticas públicas de combate à violência. A segurança passou a receber uma fatia maior do orçamento e foram adotadas medidas específicas para combater a criminalidade, como ações para tirar armas ilegais das ruas. A cidade de registrou, ainda, queda nos índices de roubo. Em 2011, houve 964 ocorrências na capital, ante 986 no ano anterior. A capital alcançou, no primeiro bimestre de 2012, o menor número de sequestros desde 2001. www.analise.com


Carlos Cecconello/Folhapress

Laboratório farmacêutico em Sâo Paulo: 86 mil pessoas se formam em graduação e pós-graduação por ano na cidade

Pesquisa e ensino

usp é responsável por 25% da produÇão científica do país

A

cidade de São Paulo concentra as mais importantes universidades e centros de pesquisa do país. A Universidade de São Paulo (USP) tem sido responsável, em média, por um quarto da produção científica do Brasil nos últimos dez anos. A universidade está entre as 70 instituições de ensino superior com melhor reputação no mundo e é a única da América Latina no ranking do Times Higher Education, publicado em Londres. A instituição está na linha de frente nacional em várias áreas do conhecimento. Desde que iniciou pesquisas com células-tronco, em 2005, o Centro de Estudos do Genoma Humano (CEGH), ligado ao Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, tornou-se referência nacional e internacional. O centro faz pesquisa de ponta sobre doenças genéticas e células-tronco. A USP adquiriu, em 2012, por 1,3 milhão de reais, um supercomputador, considerado um dos cinco mais rápidos www.analise.com

do país. A máquina será usada pelos pesquisadores do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG). Cerca de 10% do tempo de funcionamento será destinado à comunidade astrofísica do país. Em 2012, a cidade se tornou centro de referência para os físicos teóricos da América do Sul. Foi inaugurado na cidade o Instituto Sul-Americano de Pesquisa Fundamental, primeira unidade fora da Europa do Centro Internacional de Física Teórica, vinculado à Unesco. O estado de São Paulo conta com 1.656 pesquisadores científicos, trabalhando em 19 institutos de pesquisa ligados às secretarias de Agricultura, Saúde, Meio Ambiente e Planejamento, sendo que 14 ficam na capital. O dispêndio em pesquisa e desenvolvimento (P&D) do estado de São Paulo atingiu 19,8 bilhões de reais em 2010. O investimento paulista supera o da Espanha, Itália, Rússia e dos principais países latino-americanos. São Paulo OUTLOOK

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AS OBRAS QUE VÃO MUDAR... CONHEÇA ITAQUERA E A ZONA LESTE População

São Paulo

11,2 milhões

CIDADE LÍDER

Pátio de manobras no Metrô

Zona Leste

4,5

milhões

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524 mil 52

São Paulo OUTLOOK

www.analise.com


COMO ESTÁ HOJE

ARTUR ALVIM

ITAQUERA

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Estação Corinthians-Itaquera Shopping Metrô Itaquera

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São Paulo OUTLOOK

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...O FUTURO DA ZONA LESTE AS INTERVENÇÕES 1 NNOVA RADIAL N Novas alças de ligação no cruzamento da avenida Jacu Pêssego com a avenida José Pinheiro Borges.

OBRAS DE MOBILIDADE URBANA 478 milhões de reais devem ser investidos pelo governo e a prefeitura de São Paulo para cinco intervenções viárias na zona leste.

POLO INSTITUCIONAL ITAQUERA O polo educacional e tecnológico vai incentivar a renovação urbanística de Itaquera. Uma série de prédios será construída.

2 NNOVA AVENIDA NORTE-SUL VVaii ffazer a ligação entre a avenida Itaquera e a Nova Radial, incluindo as transposições em desnível sobre as linhas do Metrô e da CPTM. 3 PPASSAGEM SUBTERRÂNEA RRadial di Leste vai passar em desnível na frente das estações do Metrô e da CTPM.

CIDADE LÍDER

4 TTERMINAL RODO RODOVIÁRIO ITAQUERA Instalado junto à Estação Corinthians/Itaquera, o terminal vai consumir 18 milhões de reais.

Pátio de manobras no Metrô

5 CCORREDOR RADIAL LESTE FFaráá a ligação da região até o centro da cidade por um eixo exclusivo de transporte público com 14 km de vias. O projeto vai consumir 150 milhões de reais.

Faculdade de Tecnologia (Fatec) Terá investimentos de 30 milhões de reais

6 BBATALHÃO DE TÁXIS A lloteria ote federal sorteou 1.200 alvarás de táxis para reforçar o atendimento durante a Copa do Mundo. 7 IINCUBADORA E LABORATÓRIOS T ã espaços voltados ao Terão fomento de pesquisas e desenvolvimento tecnológico. 8 CCENTRO DE CONV CONVENÇÕES E EVENTOS Vai abrigar feiras, exposições e eventos.

Incubadora e Laboratórios

9 AAMPLIAÇÃO DA C CLO CIC CICLOVIA RADIAL LESTE A ciclovia “Caminho Verde” de 12,2 km, entre Itaquera e Tatuapé, será ampliada até o centro de São Paulo chegando aos 19,2 km. A obra tem previsão de entrega em 2014. 10 PPARQUE RIO VERDE S á uma nova área verde para Será região, ao longo do rio de mesmo nome, que será interligada ao Parque do Carmo.

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São Paulo OUTLOOK

Batalhão da Polícia Militar

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Obra Social Dom Bosco

10 Parque Rio Verde

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7


COMO VAI FICAR

ITAQUERÃO Custo estimado: 870 milhões Tamanho da área: 200 mil m2 Capacidade: 68 mil lugares (20 mil assentos removíveis) Prazo de entrega: 2013 Número de trabalhadores na obra: 2 mil

ARTUR ALVIM

Fórum Judiciário Será ampliado para aumentar a capacidade de atendimento.

OS EFEITOS DA COPA EM SÃO PAULO Geração de empregos: 34 mil empregos diretos e 39 mil temporários Total de turistas estrangeiros: 190 mil, com gasto total de 1,2 bilhão de reais Total de turistas nacionais: 270 mil, com gasto médio por pessoa de 1,7 mil reais

Aires Luís R. Dr.

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Senai Itaquera Vai formar 20 mil alunos ao ano e terá investimentos de 50 milhões de reais

2 Nova avenida Norte-Sul

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São Paulo OUTLOOK

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SÃO PAULO EM MOVIMENTO

iniciativas sustentáveis

Ecofrota

transporte público amplia uso de cOMBUSTÍVEIS LIMPOS

Para garantir um futuro mais verde, a metrópole investe em medidas para reduzir a poluição e o desperdício e adota práticas para preservar o meio ambiente

Duas rodas

BICICLETA GANHA ESPAÇO COMO OPÇÃO DE TRANSPORTE E LAZER

S

ão Paulo possui 54,4 quilômetros de ciclovias, que, somados às ciclofaixas de lazer, ciclofaixas definitivas e rotas de bicicletas totalizam 172,7 quilômetros de malha cicloviária. Estão em andamento projetos para a instalação de mais 55 quilômetros de novas ciclovias. As ciclovias são pistas exclusivas para a circulação de bicicletas, situadas no canteiro, na calçada ou na própria pista de tráfego. A maior é a da Marginal do Pinheiros, com 14 quilômetros, seguida pela da Radial Leste. Os locais escolhidos para receber as novas ciclovias foram definidos de acordo com a Pesquisa Origem e Destino, realizada pelo Metrô em 2007, porque são áreas que registram mais viagens de bicicletas por motivo de trabalho. A ciclofaixa de lazer foi criada para oferecer uma opção de lazer e estimular o uso da bicicleta. Ela funciona aos domingos e feriados, das 7 às 16 horas. A principal ciclofaixa liga os parques do Ibirapuera, das Bicicletas, VillaLobos, do Povo e segue até a Avenida Jornalista Roberto Marinho, totalizando 45 quilômetros de extensão. Já a proposta das rotas é incentivar o uso da bicicleta em deslocamentos curtos. As rotas somam 48 quilômetros.

A

cidade conta com o Programa Ecofrota, lançado em 2011, que tem por meta reduzir progressivamente o uso de combustíveis fósseis no transporte público de São Paulo. No fim de 2011, começaram a circular na cidade os primeiros 160 veículos movidos com a mistura de 10% de diesel de cana-de-açúcar ao B5 (adição de 5% de biodiesel ao diesel). Testes apontam que o uso de 10% desse tipo de combustível misturado ao biodiesel tradicional reduz em mais de 40% a emissão de fumaça preta pelos veículos. A frota da cidade também conta com outros 60 ônibus movidos a etanol. Além de São Paulo, apenas a capital da Suécia, Estocolmo, possui ônibus movidos a etanol em operação comercial. Os ônibus movidos a etanol reduzem em até 90% a emissão de material particulado na atmosfera em relação aos veículos movidos a diesel. Além disso, a utilização de álcool diminui, também, 80% a emissão de gases responsáveis pelo aquecimento global, 62% a emissão de óxidos de nitrogênio (NOx) e não libera enxofre, o principal causador da chuva ácida. Há, ainda em operação, 1,2 mil ônibus abastecidos com uma mistura de 20% de biodiesel de grãos e 80% de diesel B5, o B20. O uso desse tipo de combustível reduz em até 22% a emissão de material particulado, 13% de monóxido de carbono e 10% de hidrocarbonetos. O restante da frota é abastecido com o B5 S50, uma mistura de diesel de petróleo e 5% de biodiesel, que possui menos enxofre. Também estão sendo realizados testes com ônibus híbridos e movidos a energia elétrica. A prefeitura também tem um plano para renovar 140 dos 200 trólebus que circulam em São Paulo. Treze veículos já foram substituídos e estão em operação com emissão zero.

MAIS VIAS EXCLUSIVAS PARA BICICLETAS

40 mil

pessoas circulam pelas ciclofaixas todos os domingos

67 km

ciclofaixas de lazer

3,3 km

ciclofaixa de Moema

54,4 km ciclovias

48 km

rotas de bicicleta

172,7 km é o total da malha cicloviária da cidade 56

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Coleta seletiva

Varrição

Capital expande a TRIAGEM DE COM NOVO SISTEMA, LIMPEZA DE materiais para RECICLagem RUAS DEVE SER MAIS EFICIENTE

O

serviço de coleta seletiva de lixo na cidade é mantido pela prefeitura. Desde que foi criado, em 2003, o volume de material coletado cresceu oito vezes. A prefeitura está investindo em centrais de triagem para reciclagem. No fim de 2011, foi inaugurada uma unidade no Butantã, na zona oeste, e mais quatros estão projetadas. A central de triagem do Butantã tem capacidade para tratar 460 toneladas de material reciclável por mês e área de 2 mil metros quadrados. Com investimento de 1,6 milhão de reais, o galpão é o maior do sistema. O espaço é utilizado por uma cooperativa, que beneficia cerca de 60 famílias. A central abriga um centro pioneiro para capacitação de trabalhadores cooperados. A prefeitura pretende implantar outras quatro novas centrais de triagem. A unidade da Lapa, na zona oeste, estava em fase final de construção no início de 2012. As outras centrais serão instaladas nos bairros de Santo Amaro e Interlagos, na zona sul, e no antigo aterro sanitário Bandeirantes, na zona oeste. A cidade gera, diariamente, 19 mil toneladas de lixo, que são enviadas para aterros controlados ambientalmente. Não há descarte de resíduos em lixão na cidade. O programa de coleta seletiva atende 75 dos 96 distritos da capital. A prefeitura mantém convênio com 21 cooperativas – incluindo uma de material eletrônico – para separação dos materiais. Cerca de 1,2 mil cooperados estão inclusos no programa, com renda média mensal de 800 reais. A média diária de materiais recicláveis coletados é de 214 toneladas, equivalente a 9% do passível de reciclagem. A cidade conta com 3,8 mil Pontos de Entrega Voluntária (PEV) de recicláveis e mais 1,5 mil serão instalados até o fim de 2012.

A

cidade adotou um novo sistema de limpeza pública em 2012, para garantir mais qualidade e eficiência. A varrição passou a ser feita também aos domingos em locais de grande movimento e 150 mil novas lixeiras serão instaladas, todas dotadas de chip ou código de barras para fiscalização da manutenção por leitura óptica. Antes, o serviço era realizado por cinco empresas e a cidade era dividida em cinco áreas. Os trabalhos de manutenção de lixeiras e a limpeza de bueiros ficavam a cargo das subprefeituras, que também eram responsáveis pelo recolhimento de recicláveis nos ecopontos e pelas Operações Cata-Bagulho, que percorrem os bairros recolhendo grandes objetos. Agora, a cidade foi dividida em duas áreas, como no serviço de coleta de lixo. Além da varrição e remoção de entulho, os serviços de manutenção de lixeiras e desobstrução de bueiros passaram a ser feitos por dois consórcios. As empresas também são responsáveis pela lavagem de vias, capinação e pintura de guias. Em locais de grande movimento serão usadas máquinas para aspirar a sujeira. O serviço de limpeza abrange 7,8 mil quilômetros de vias por dia. O trabalho é feito por 10,8 mil pessoas, com 660 veículos. Outra novidade é o uniforme dos trabalhadores, que contará com proteção aos raios solares UV em 50% de sua composição. A avaliação mensal dos serviços, feita pelas subprefeituras, ficará disponível no site da prefeitura para acompanhamento da população. Na região central da cidade, uma parceria entre a iniciativa privada e o poder público criou uma equipe de zeladores que verificam a limpeza e manutenção das vias do chamado Triângulo Histórico, que tem como vértices a Praça da Sé e os largos São Bento e São Francisco.

Saneamento

recuperação DE CÓRREGOS BENEFICIA MAIS DE 2 MI DE PESSOAS

A

cidade de São Paulo adota medidas de limpeza, revitalização e recuperação dos córregos contaminados. No fim de 2011, a prefeitura anunciou a terceira fase do Programa Córrego Limpo, que vai despoluir 50 córregos até o fim de 2012. A extensão total chega a 66 quilômetros. Criado em 2007, o programa já despoluiu 97 córregos, numa área de 152 quilômetros quadrados, beneficiando 1,6 milhão de moradores. A vazão de esgoto que vai ser retirada dos córregos diariamente, na terceira fase, chegará a 780 litros por segundo, o que corresponde ao volume de 24 piscinas olímpicas. Além da canalização de alguns córregos, os recursos serão aplicados na urbanização de favelas e implantação de parques lineares. A prefeitura faz a limpeza dos córregos, conwww.analise.com

tenção das margens e fiscalização das ligações de esgoto. Cerca de 770 mil habitantes serão beneficiados. A prefeitura vai investir 753 milhões de reais na limpeza. A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) vai arcar com mais 42,5 milhões de reais para obras de prolongamento e manutenção de redes. O Projeto Tietê, de responsabilidade da Sabesp, é outra iniciativa importante para diminuir os níveis de lançamento de carga poluidora nos rios. O objetivo do programa, que começou em 1992, é coletar e tratar o esgoto de cerca de 18 milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo. O projeto está na terceira fase, que tem previsão para ser concluída em 2015, ampliando para 87% o índice de coleta de esgoto. São Paulo OUTLOOK

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alécio cezar/futurapress

SÃO PAULO EM MOVIMENTO

Ciclistas andam às margens do Rio Pinheiros: São Paulo conta com 173 quilômetros de ciclovias, ciclofaixas e ciclorotas

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São Paulo OUTLOOK

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Biogás

CRÉDITOS DE CARBONO geram Verba PARA PROJETOS AMBIENTAIS

A

cidade de São Paulo possui duas usinas de biogás instaladas em aterros sanitários desativados. As usinas produzem créditos de carbono que, leiloados internacionalmente, já arrecadaram 74 milhões de reais. Um novo leilão estava programado para ocorrer no primeiro semestre de 2012, com 530 mil Reduções Certificadas de Emissão (RCE). O primeiro leilão, realizado em 2007, vendeu 810 mil créditos e rendeu 33 milhões de reais. No ano seguinte, foram ofertados 710 mil créditos, e a arrecadação foi de 41 milhões de reais. Cada crédito equivale a 1 tonelada de dióxido de carbono que deixou de ir para a atmosfera. Os recursos obtidos são aplicados em projetos ambientais no entorno dos aterros: região de Perus e Pirituba, na

zona norte, no caso do Bandeirantes; e São Mateus e Cidade Tiradentes, bairros da zona leste próximos do aterro São João. Desde 2008, já foram inaugurados novos parques e praças com a verba dos leilões e um centro de acolhimento de animais silvestres está sendo erguido. Os aterros foram desativados após atingirem o limite de 25 milhões de toneladas de resíduos. Por meio do tratamento do lixo, as usinas geram cerca de 7% da eletricidade consumida por residências no município. As unidades geram energia por meio da captura e queima do gás metano. Dessa maneira, a cidade deixará de lançar na atmosfera 11 milhões de toneladas de carbono até o fim de 2012, volume que corresponde à poluição gerada por cerca de dois milhões de veículos movidos a combustíveis fósseis.

Iluminação pública

Ambiente

economia e LUMINOSIDADE COM a troca de lâmpadas

Com novos parques, cidade já conta com 81 áreas verdes

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N

prefeitura está ampliando a renovação da iluminação pública com a substituição de lâmpadas antigas por modelos mais eficazes e econômicos. A meta é trocar 255 mil lâmpadas até o fim de 2013 – mais de 11 mil pontos já foram reformulados. Além disso, 19,3 mil unidades de iluminação devem ser instaladas até o fim de 2013 – cerca de 8% desse total já estava funcionando no início de 2012. Nove túneis receberam, em 2011, luminárias de vapor metálico, que proporcionam uma distinção maior dos contrastes e cores, e LED, que aumentam os níveis de luminosidade. Essas luminárias são mais econômicas e têm vida útil maior. Com a reabertura do Teatro Municipal, após obras de restauração, a iluminação da região também foi renovada. As áreas do centro beneficiadas pelas intervenções foram a Praça Ramos de Azevedo e as ruas Conselheiro Crispiniano e Vinte e Quatro de Maio. No total, mais de 40 lâmpadas de vapor de sódio foram substituídas por lâmpadas brancas de vapor metálico e de mercúrio. Também foi concluída a revitalização da iluminação da Avenida Paulista, que recebeu lâmpadas de vapor metálico. A prefeitura reformulou a iluminação da Rua José Paulino, no centro, da Praça Campo de Bagatelle, na zona norte, e da ciclovia da Radial Leste, entre as estações do metrô Tatuapé e Guilhermina-Esperança. O viaduto estaiado D. Luciano Mendes de Almeida, na zona leste, recebeu, no fim de 2011, iluminação especial. Além do sistema convencional, foi instalada iluminação cênica, como na ponte estaiada Octavio Frias de Oliveira, na zona sul. O viaduto recebeu 16 projetores de LED e pode ser iluminado em tons de várias cores. www.analise.com

ovas instalações de áreas verdes estão previstas para a cidade de São Paulo. Em 2005, o município contava com 34 parques. Atualmente, já estão abertos ao público 81. Outros 30 parques estão em fase de implantação. A abertura de novas áreas verdes faz parte do Programa 100 Parques para São Paulo, que além dos espaços urbanos contempla os parques lineares e os naturais. Um dos objetivos da criação de parques lineares é evitar ocupações em áreas de risco e ajudar no combate às enchentes, além de colaborar para preservar e recuperar áreas de proteção ambiental. Já os parques naturais têm a importante função de preservar a biodiversidade. Com o programa municipal de criação de parques, a distribuição das áreas verdes na capital ficou mais equilibrada. Hoje, cada subprefeitura possui pelo menos um parque aberto, em implantação ou em projeto. Na zona leste, por exemplo, o número de parques saltou de sete para 27, de 2005 para cá. As áreas verdes municipais protegidas passaram de 15 milhões de metros quadrados, em 2005, para 29 milhões de metros quadrados. A meta é atingir 50 milhões de metros quadrados com a abertura de todos os parques previstos no município. O parque linear Várzeas do Tietê será o maior do mundo, com 75 quilômetros de extensão e 107 quilômetros quadrados de área, cortando São Paulo e mais oito municípios da Região Metropolitana. O projeto já foi iniciado e só deve estar totalmente concluído em 2016. O Parque da Cantareira, na zona norte da cidade, é considerado a maior floresta urbana do mundo, com 80 quilômetros quadrados. Mais da metade da área do parque fica na capital. São Paulo OUTLOOK

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SÃO PAULO EM MOVIMENTO

Clima

NOVO INVENTÁRIO SOBRE EFEITO ESTUFA VAI DIRECIONAR AÇÕES

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cidade de São Paulo é pioneira na adoção de uma política municipal sobre mudanças climáticas. A elaboração de um novo inventário de emissão de gases de efeito estufa foi anunciada no fim de 2011 para adequar as ações de monitoramento e planejamento. O estudo anterior media só a quantidade de gás carbônico e metano. Agora, todos os gases cobertos pelo Protocolo de Kyoto serão incluídos. Uma empresa foi selecionada, entre 14 propostas, e está fazendo o inventário, com termos de referência definidos pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. O prazo para a entrega do novo inventário é de 14 meses. O ano-base do levantamento é 2009 e trará dados desde 2003. A Lei de Mudanças Climáticas, sancionada em 2009, reúne metas ambientais, como a redução de 30% das emissões dos gases que causam o efeito estufa até o fim de 2012. Países como Inglaterra e Alemanha prometem esse desempenho para 2015 ou 2020. Também foi instituído o Comitê Municipal de Mudança do Clima e Ecoeconomia, que tem a missão de propor, estimular, acompanhar e fiscalizar a adoção de planos e programas ambientais. A lei estabelece redução progressiva do uso de combustíveis fósseis na frota de ônibus. São Paulo faz parte da direção mundial do Conselho Internacional para Iniciativas Ambientais (Iclei) e da Comissão Executiva do C40 Cities Climate Leadership Group. Em 2011, a capital sediou a quarta edição do encontro bianual de prefeitos do C40. A reunião contou com a participação de 75 cidades e a presença de 17 prefeitos. =

Inspeção veicular

66% DA FROTA TEM A EMISSÃO DE POLUENTES CONTROLADA

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Programa de Inspeção Veicular Ambiental verifica, todos os anos, os níveis de emissão de poluentes dos veículos da cidade. O objetivo é identificar veículos com emissão acima do nível aceitável para que a regulagem seja feita. A Prefeitura de São Paulo é responsável por fiscalizar e determinar as normas das inspeções realizadas pela concessionária Controlar, que ganhou a licitação para a implantação e operação do programa. A iniciativa foi criada em 2008, por uma lei aprovada em São Paulo, e passou a ser adotada gradativamente até se tornar obrigatória para toda a frota a partir de 2010. O Programa de Inspeção Veicular vistoriou, em 2011, 3,1 milhões de veículos, totalizando 66% da frota-alvo estimada no município, de 4,7 milhões de veículos licenciados. A frota total da cidade é de sete milhões. A diferença existe por causa de veículos em situação irregular. O índice foi maior entre os carros, com 70% da frota de

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São Paulo OUTLOOK

3,9 milhões de veículos inspecionada. Em relação às motos, passaram pela avaliação 47% da frota esperada. Entre os ônibus o índice foi de 64% e o dos caminhões, 44,5%. Quem não fizer a inspeção fica sujeito a multa. A poluição que deixa de ser emitida com as manutenções equivale à retirada de 750 mil automóveis de circulação. Os veículos são submetidos à inspeção de emissão de gases e também de ruídos. Um estudo realizado por um grupo de pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) concluiu que a inspeção feita nos veículos a diesel, durante o ano de 2010, reduziu em 7% a quantidade de material particulado no ar. O levantamento aponta, ainda, que a medida municipal tirou de circulação a poluição emitida por, aproximadamente, 1,3 milhão de carros. Além disso, revela que o programa evitou a internação de 298 pessoas por problemas respiratórios e 252 mortes na capital. www.analise.com


diego padgurschi/folhapress

Ônibus passa por fiscalização no Tatuapé, zona leste de São Paulo: frota de veículos da cidade é de 7 milhões

Economia

CONTRA O DESPERDÍCIO, ÁGUA É REAPROVEITADA NA LIMPEZA

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limpeza pública da cidade utiliza água reaproveitada com o objetivo de combater o desperdício e preservar a água potável. Cerca de 550 mil litros de água reutilizada são empregados diariamente na lavagem de ruas, calçadões, logradouros públicos e vias onde são realizadas feiras livres. As empresas responsáveis pela limpeza das vias, contratadas pela Secretaria Municipal de Serviços, utilizam para lavagem a água não potável produzida nas Estações de Tratamento de Esgoto (ETE). A reutilização garante economia de 80% nos gastos com o uso de água no município, se for comparada com a mesma quantidade de água potável, além de contribuir para a preservação dos mananciais. Os procedimentos realizados nas estações de tratamento tornam a água de reúso inerte do ponto de vista bacteriológico. Além da limpeza pública, a água reutilizada pode ser www.analise.com

aproveitada para geração de energia, refrigeração de equipamentos, processos industriais, lavagem de veículos, irrigação de áreas verdes e desobstrução de redes de esgoto. A lavagem de ruas é necessária porque nem sempre a varrição é suficiente para a limpeza, principalmente no caso de feiras livres e situações de alagamentos. Para realizar a lavagem são utilizados caminhões-tanque com capacidade para armazenar até 12 mil litros de água. Para combater o desperdício, foi criado o Programa de Uso Racional da Água (Pura) em prédios públicos, começando pela Secretaria Municipal da Educação. Mais de 1,3 mil edificações passaram por diagnóstico para detectar vazamentos e avaliar a necessidade de reparos hidráulicos para economia de água, como a troca de torneiras. Em seguida, foram incorporadas ao programa cerca de 600 unidades de saúde, como hospitais, postos e ambulatórios. São Paulo OUTLOOK

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SÃO PAULO EM MOVIMENTO

Cidade limpa

Responsabilidade ambiental

NOVA LEI LIBERA ANÚNCIOS EM iniciativa privada faz acordo RELÓGIOS E ABRIGOS DE ÔNIBUS para FIM Da SACOLA PLÁSTICA

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cidade de São Paulo conta com a Lei Cidade Limpa para combater a poluição visual. Desde que entrou em vigor, em 2007, ficou proibido o uso de outdoors, painéis publicitários, faixas e distribuição de panfletos nas ruas da capital. Em 2011, a Câmara Municipal aprovou projeto que prevê a exploração de publicidade no mobiliário urbano, como relógios digitais e abrigos de ônibus. A prefeitura abrirá licitações para a instalação, em até seis anos, de 7,5 mil novos abrigos e 14 mil pontos de ônibus. Mil relógios devem ser entregues em até três anos. A lei aprovada em 2007 previa publicidade no mobiliário urbano, mas era necessária uma nova lei para autorizá-la, que foi enviada à Câmara pelo Executivo em 2009. As concessionárias que ganharem a licitação poderão vender espaços determinados pela Lei Cidade Limpa nos abrigos e relógios para a veiculação de anúncios. Conforme a lei, os pontos de ônibus não poderão ter propaganda. Parte da renda obtida com a venda de publicidade retornará para a prefeitura. As empresas poderão fazer a exploração do mobiliário urbano por 25 anos. Desde que a lei entrou em vigor, estabelecimentos comerciais só podem exibir placas que obedeçam a uma série de critérios, como a dimensão proporcional à fachada. Já foram removidos, nesse período, cerca de 1,4 milhão de peças publicitárias, entre placas, faixas, banners e cartazes. Ao todo, foram aplicadas 8.454 multas. Em 2011, a prefeitura criou um grupo especial de fiscalização, e a quantidade de faixas e placas recolhidas triplicou em relação ao ano anterior. A lei se tornou um marco na regulamentação de publicidade externa e um case mundial, com o modelo copiado por outras cidades.

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o longo de 2011, São Paulo discutiu maneiras de reduzir o uso de sacolas plásticas na cidade. O resultado foi a aprovação de uma lei municipal que impedia a distribuição das sacolinhas em supermercados a partir de janeiro de 2012. A indústria de materiais plásticos, contrária à decisão, contestou a norma e conseguiu uma liminar na Justiça suspendendo os efeitos da lei em junho de 2011. Mesmo sem obrigatoriedade legal, os principais supermercados do estado de São Paulo fecharam em dezembro de 2011 um acordo com a prefeitura de São Paulo e o governo estadual para suspender a entrega de sacolas. A medida provocou um debate sobre os direitos do consumidor e a real eficiência ambiental da decisão. O objetivo é reduzir o descarte de plástico no meio ambiente e o volume de lixo que vai para os aterros. As sacolas tradicionais são feitas com derivado de petróleo e levam até 100 anos para se decompor. A estimativa é de que antes da proibição eram usados 2,4 bilhões de sacolinhas por mês. Os supermercados se dispuseram, a princípio, a oferecer caixas de papelão para armazenamento das compras e sacolas biodegradáveis por R$ 0,19 – além de vender ecobags, sacolas reutilizáveis de pano. Diante das queixas dos consumidores, foi firmado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre a associação dos supermercados, o Ministério Público e o Procon, dando mais tempo para que os clientes se adaptassem à medida. As sacolas biodegradáveis passaram a ser distribuídas gratuitamente por 60 dias. O estabelecimento que descumprisse a regra ficaria sujeito a multa. Além de ter de buscar uma alternativa para carregar as compras, muitos consumidores reclamaram da medida porque reutilizavam os sacos plásticos para acondicionar o lixo doméstico.  0

NOVAS REGRAS PARA PUBLICIDADE EM VIAS PÚBLICAS

1 mil

7,5 mil

1,4 milhão

8,4 mil multas

relógios de rua serão instalados com espaço para anúncios

abrigos de ônibus também terão publicidade

de peças publicitárias, entre placas, faixas, banners e cartazes, já foram removidas desde que a lei entrou em vigor

foram aplicadas por propaganda irregular

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São Paulo OUTLOOK

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daniel marenco/folhapress

Mulheres descansam em parque em São Paulo: capital paulista conta com 29 km² de áreas verdes nos 81 parques www.analise.com

São Paulo OUTLOOK

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cristiano mascaro/sambaphotos

Bienal de Artes Plásticas, no Parque do Ibirapuera, zona sul de São Paulo: Pavilhão de Exposições foi inaugurado em 1951


a opinião de quem

VIVE em

são paulo A Análise Editorial entrevistou empresários, acadêmicos e executivos para saber a sua opinião sobre a economia criativa e seus desdobramentos para o futuro da cidade

Criatividade

Metrópole

Investimentos

A opinião dos entrevistados sobre o futuro dos ramos criativos  página 74

Cidades emergentes e desenvolvidas na comparação com a capital  página 78

Os maiores atrativos do município para captar novos negócios  página 81


OPINIão

o futuro

criativo

da cidade Terceira edição da pesquisa quis saber dos mais de 50 entrevistados que atuam na cidade de São Paulo a sua percepção sobre o desenvolvimento criativo da metrópole

S

ão Paulo é uma cidade com vocação para ter uma indústria criativa potente e consolidada, como já acontece em outras grandes metrópoles globais. Ainda que haja pela frente desafios a ser vencidos, a perspectiva é positiva rumo à transformação da capital paulistana numa cidade criativa. Esta é a impressão dos 57 entrevistados pela Análise Editorial para a edição de 2012 do anuário SÃO PAULO OUTLOOK. É o terceiro ano que convidamos acadêmicos, empreendedores, advogados, sócios, médicos, economistas, executivos e diretores da linha de frente dos negócios que representam para opinar sobre o tema tratado no anuário e seus desdobramentos no desenvolvimento da cidade, nos negócios e no seu futuro. A primeira conclusão interessante da pesquisa refere-se aos pilares da economia criativa paulista. De acordo com o levantamento, as áreas de ensino e cultura, e arquitetura, apontadas como as mais relevantes nos dias atuais, também serão as de maior destaque daqui a dez anos. Chama a atenção no levantamento o alto índice de confiança

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São Paulo OUTLOOK

em informática e TI para a próxima década. O setor, que não está na lista das áreas mais importantes atualmente, já aparece entre as cinco áreas mais promissoras dos próximos dez anos. Por sua vez, o artesanato é a atividade que menos impressiona os entrevistados economicamente. Agora e no futuro, a atividade não apresenta peso significativo entre os setores criativos do município. A pesquisa também revelou um otimismo no desenvolvimento econômico da economia criativa na cidade de São Paulo. Aproximadamente 90% da amostra afirma que o setor pode apresentar crescimento igual ou até superior ao da média dos demais segmentos tradicionais de mercado. Quando o assunto é a comparação com metrópoles desenvolvidas, São Paulo aparece como uma cidade que apresenta as mesmas características de regiões mais ricas. Entre os entrevistados, metade considera que a metrópole está no mesmo patamar de Nova York e Londres. Em relação às cidades emergentes, três quartos dos executivos entrevistados expressaram que São Paulo está à frente das cidades que são suas concorrentes diretas. Desse grupo, três em cada dez entrevistados afirmaram que a atividade criativa paulista é ainda superior à das economias em desenvolvimento. www.analise.com


fotos: divulgação

Opinião

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Carmem Campos Pereira, presidente da Rede Energia 2 Horácio Lafer Piva, conselheiro da Klabin 3 Antonio Ferraiuolo, CEO da De’Longhi 4 Roberto Duailibi, sócio-fundador da DPZ Propaganda 5 Sérgio Sesiki, diretor-superintendente da Companhia Melhoramentos de São Paulo 6 João Carlos Gomes de Oliveira, presidente da DT Engenharia de Empreendimentos 7 Claudio Oliveira, diretor comercial da construção civil da Eucatex 8 Chieko Aoki, presidente do Blue Tree Hotels 9 Julio Cezar Alves, consultor jurídico 10 Fátima Silvana Furtado Gerolin, superintendente assistencial do Hospital Alemão Oswaldo Cruz 11 Gustavo Murad, diretor de negócios IT - Airlines Latam da Amadeus IT Group 12 Esmeralda Rizzo, decano acadêmico da Universidade Presbiteriana Mackenzie 13 Anrafel Vargas, diretor executivo da Inova Gestão de Serviços Urbanos 14 Paula Nader, superintendente executiva de marketing do Banco Santander 15 Marcelo Mendonça, diretor de assuntos corporativos da TAM Linhas Aéreas 16 Pierre Moreau, sócio-fundador do Ideabank, fundador da Casa do Saber e sócio-fundador do Moreau & Balera Advogados 1

www.analise.com

São Paulo OUTLOOK

69



Opinião

a PERCEPÇÃO DE HOJE e do futuro A tabela a seguir destaca a percepção dos entrevistados a respeito das atividades criativas hoje e daqui a 10 anos na economia da cidade

Hoje em 10 anos

55%

Ensino e cultura

63%

54%

Arquitetura

59% 50%

Publicidade e propaganda

46% 48%

Pesquisa e desenvolvimento

55% 45%

Artes performáticas

30% 39%

Informática e TI

50% 39%

Moda

27% 38% 41%

Design

29%

Edição e impressão

16% 25%

Rádio e televisão

13% 23%

Artes visuais e escrita

29% 21% 25%

Cinema

20%

Patrimônio

30% 9%

Artesanato

4%

Os pontos fortes da cidade A tabela indica os cinco principais atrativos do ambiente de negócios da cidade e a sua variação durante as três edições do levantamento

Centro financeiro

Centro de consumo

Qualidade da mão de obra

Proximidade dos clientes

60%

2010

69%

67%

2011

80%

76%

60%

74%

77%

68%

71%

81%

82%

80%

90%

2012

91%

nos próximos dez anos. É possível, ainda, consultar a variação dos cinco principais atrativos do ambiente de negócios da capital paulista nas três edições do levantamento, segundo a percepção dos 57 entrevistados, que foram procurados pela equipe de SÃO PAULO OUTLOOK entre os dias 16 e 30 de abril de 2012. Nesta apresentação, aproveitamos a oportunidade para agradecer aos empresários, executivos e diretores (veja a lista dos nomes dos entrevistados na pág. 69) por terem respondido a nossa pesquisa (veja metodologia na pág. 18), instrumento importante dentro desse raio X da cidade de São Paulo, que começa a despertar para o desempenho econômico e, principalmente, para o criativo.  0

Rede de relacionamentos

São Paulo OUTLOOK

71


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opinião | São Paulo O ut l o o k

As áreas criativas mais expressivas para São Paulo

1

Quais áreas criativas são as mais relevantes

para a economia da cidade

S

ão Paulo vive um grande momento criativo, com uma diversidade cultural igualável à das maiores metrópoles mundiais. Aliado a isso, cresce na cidade o empreendedorismo que processa o conhecimento, estimula o talento e gera riquezas. É o celeiro de oportunidades ligadas à economia criativa que tem ajudado o maior centro econômico do Brasil a consolidar sua posição de cidade global, centro de negócios, serviços financeiros e polo cultural. O levantamento realizado pela Análise Editorial com exclusividade para esta edição de

55%

54%

50%

48%

hoje?

45%

SÃO PAULO OUTLOOK revelou uma forte conexão entre

os empresários que atuam na cidade de São Paulo e o desenvolvimento urbano utilizando os setores criativos. Entre os interessantes aspectos abordados na pesquisa, está a percepção das atividades criativas, consideradas as mais expressivas para a economia da cidade hoje, além daquelas com menor importância na atual conjuntura de São Paulo. Segundo os entrevistados, as cinco atividades mais relevantes são ensino e cultura (55%), arquitetura (54%), publicidade (50%), pesquisa e desenvolvimento (48%) e artes performáticas (45%). Na contramão, as de menor interesse são artesanato (91%), patrimônio (80%), cinema (79%), artes visuais e escrita (77%) e rádio e TV (75%).

Artes Ensino Arquitetura Publicidade Pesquisa e Desenvol- Performáe Cultura vimento ticas

2

Quais áreas criativas são as menos relevantes

para a economia da cidade 91% 80%

hoje?

79%

77%

75%

Aumentar o investimento na educação e qualificação é primordial para a cidade João Carlos Gomes de Oliveira presidente da DT Engenharia de Empreendimentos

74

São Paulo OUTLOOK

Artesanato Patrimônio

Cinema

Artes Rádio e TV Visuais e Escrita

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divulgação

divulgação

Incentivos aos negócios relacionados ao urbanismo e desenvolvimento de apreciação do patrimônio tornarão a cidade mais amistosa

Pierre Moreau fundador da Casa do Saber e sócio-fundador da Moreau & Balera Advogados

Com seu gigantismo, efervescência e uma população vinda de diferentes lugares, São Paulo tem um potencial enorme para dar mais espaço à economia criativa Chieko Aoki

presidente da Blue Tree Hotels www.analise.com

São Paulo OUTLOOK

75


opinião | São Paulo O ut l o o k

O papel da criatividade na economia paulista para os próximos dez anos

S

e a opinião dos entrevistados se confirmar, daqui a dez anos, os pilares da indústria criativa da cidade de São Paulo serão praticamente os mesmos apontados nos dias atuais pelos pesquisados. Ou seja, na próxima década, as duas áreas de maior destaque continuarão sendo ensino e cultura, citadas por 63%, e arquitetura, mencionada por 59%. O diferencial fica por conta do setor de informática e TI, citado pela metade dos entrevistados. O número de profissionais no setor de informática, em 2009, ultrapassou a marca de 90 mil,

correspondendo a 44% dos empregos criativos na cidade, que já é sede de 100 das 200 principais empresas de tecnologia do país. A capital paulista tem ainda seis instituições de ensino que já possuem cursos ligados à área de pesquisa e desenvolvimento. Em relação aos setores menos importantes nos próximos dez anos, o artesanato aparece com 96% das intenções. Na lista dos menos relevantes na próxima década estão, ainda, rádio e TV (88%), edição e impressão (84%), cinema (75%) e moda 73%.

O poder público deve incentivar investimentos e fortalecer o aperfeiçoamento da educação e da pesquisa

Edson Luiz Vismona, presidente executivo do Inst. Brasil Legal e Fórum Nac. Contra a Pirataria e Ilegalidade

Daqui a 10 anos,

quais as áreas criativas

3

Serão mais importantes

4

Serão menos importantes

96% 88%

63%

59%

55%

50%

São Paulo OUTLOOK

75%

73%

Cinema

Moda

46%

Ensino Arquitetura Pesquisa e Informá- Publicidade e Cultura Desenvol- tica e TI vimento

76

84%

Artesanato

Rádio e TV

Edição e Impressão

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Impacto positivo no futuro da cidade

O

s entrevistados foram praticamente unânimes em relação aos ganhos econômicos com o desenvolvimento das atividades criativas na capital paulista. Foi de 89% a parcela dos pesquisados que apontaram que a economia criativa pode apresentar crescimento igual ou até superior ao da média dos demais setores. Em 2010, as atividades criativas contribuíram com 104 bilhões de reais na economia brasileira, o equivalente a 2,84% do PIB nacional, número superior ao de alguns subsetores tradicionais de atividade econômica, como a indústria extrativa, responsável por 79 bilhões de reais, e a produção e distribuição de eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana, que movimenta 103 bilhões de reais. O setor também empregou quase 800 mil traba-

5

Quanto a cidade

ganha hoje com a

economia criativa?

Muito, porque a área cresce mais que outras atividades

Não ganha

2%

44,5%

Pouco, porque a área cresce menos que outras atividades

9%

O mesmo do que com outras atividades

lhadores formais, com remuneração 45% superior à média salarial brasileira.

44,5%

6

Quanto a cidade vai ganhar com a

economia criativa em 10 anos?

Muito, porque a área cresce mais que outras atividades

São Paulo poderá se tornar um centro de referência e excelência na área de economia criativa, gerando estímulo e intercâmbio de conhecimento, tecnologia e novas oportunidades Rose Koraicho

presidente da Koema Empreendimentos e Participações

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Pouco, porque a área cresce menos que outras atividades

2%

77%

O mesmo em relação a outras atividades

21%

São Paulo OUTLOOK

77


opinião | São Paulo O ut l o o k

São Paulo já é uma metrópole criativa na comparação com outras cidades globais

A

economia criativa paulista pode, sim, ser equiparada a essa indústria moderna e inovadora presente há mais tempo em centros mais desenvolvidos do globo. Um pouco mais da metade dos entrevistados demonstrou confiança sobre a vocação de São Paulo nas boas iniciativas. Entre os que afirmaram que o avanço foi expressivo, ou ao menos moderado, a taxa foi de 36%. Em comparação com as nações em desenvolvimento, o cenário é ainda mais próspero. Mais de sete a cada dez entrevistados (75%) apontaram que São Paulo está à frente das economias emergentes no que tange aos setores criativos. Desse grupo, 30% afirmaram que a economia paulista critiativa é superior à das cidades em desenvolvimento. Estima-se que, se este crescimento tiver continuidade, em menos de uma década a economia criativa paulistana chegará ao patamar atual de Londres.

São Paulo é comparável a qualquer cidade de países desenvolvidos quando pensamos em disponibilidade de material humano

Januário Soares Dolores

diretor-geral da Alstom Brasil

Como a

economia criativa paulista se compara à das principais

cidades desenvolvidas

7

Pior

8

Muito melhor

46%

4%

cidades em desenvolvimento Moderadamente melhor

Pior

9%

45%

Igual

Igual

18%

Moderadamente melhor

32%

78

São Paulo OUTLOOK

16%

Muito melhor

30%

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divulgação

divulgação

Duas medidas são fundamentais para o crescimento da economia criativa na cidade de São Paulo: mais segurança e menos trânsito

Carmem Campos Pereira

presidente da Rede Energia

Disponibilizar internet gratuita na cidade tornaria a educação e a cultura acessíveis a todas as pessoas

Jarbas Antonio de Biagi presidente do Banesprev www.analise.com

São Paulo OUTLOOK

79


opinião | São Paulo O ut l o o k

Influência crescente da criatividade nos negócios da cidade

S

ão Paulo conta com 38% das maiores empresas privadas nacionais e 63% dos maiores grupos empresariais estrangeiros sediando os seus negócios na cidade. Esses entrevistados já perceberam a necessidade de estarem engajados com a economia criativa. Foram 52% os que afirmaram que essa força motriz é muito relevante para o seu negócio nos dias atuais. Outros 37% disseram que as questões criativas têm importância moderada nos negócios. Ao pensar como poderá ser a situação daqui a dez anos, os entrevistados mostraram uma visão ainda mais otimista. Cerca de 70% deles indicaram que as ideias inovadoras e vanguardistas terão peso muito maior em seus negócios. Ao todo, nove em cada dez entrevistados declararam que seus negócios, em algum grau, estão envolvidos com alguma atividade criativa.

9

O avanço da

economia criativa é relevante

para o seu negócio hoje?

Muito relevante

Não é relevante

2%

52%

Pouco relevante

9%

Moderadamente relevante

37%

10

Qual será a relevância da economia criativa

para o seu negócio em 10 anos?

Muito relevante

Pouco relevante

70%

9%

É preciso valorizar o tema e mostrar que ele está intimamente ligado ao empreendedorismo Airton Carlini

Moderadamente relevante

CEO da Pritchett Brasil e vice-presidente de relacionamentos da Rede de Executivos

80

São Paulo OUTLOOK

21%

www.analise.com


Para a maioria, a alta renda per capita é o principal atrativo para novos negócios

A

pesquisa também quis saber como andam os atrativos da cidade para a condução de negócios. Nesta edição do levantamento, a maior vantagem da cidade, citada por quase 80% dos entrevistados, é a alta renda per capita dos habitantes do município. O segundo ponto forte da cidade, que mais seduz os investidores, citado por 68% dos entrevistados, foi a oferta da mão de obra qualificada. Vale destacar que nos dois levantamentos anteriores – 2010 e 2011 – o item foi o mais votado, apontado por sete em cada dez ouvidos.

Os entrevistados também responderam sobre as razões que levam uma empresa a se instalar ou a se manter em São Paulo. A maioria, 91% das intenções, cita o fato de a cidade ser o principal centro financeiro do país e um dos maiores do mundo, mesmo índice apontado na pesquisa anterior. A cidade como o maior centro do consumo do país foi outra razão citada por 82% do campo de pesquisa. Entre as respostas novas dos entrevistados neste ano foi destacada a oferta de serviços de tecnologia da informação de excelência, o que facilita a gestão empresarial.

A vocação natural de São Paulo é ser o centro financeiro, não somente do Brasil, mas da América do Sul

Yves Besse, diretor-presidente da Cab Ambiental

Quais os

pontos fortes da cidade?

11

Infraestrutura e social Alta renda per capita

Qualidade da mão de obra Infraestrutura para eventos

12 O que mais beneficia seu negócio

79%

68%

64%

Centro financeiro Centro de consumo

82%

67%

Networking

Alto nível de escolaridade

61%

Proximidade de clientes

Infraestrutura de comunicação

59%

Serviços de TI

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91%

60%

38%

São Paulo OUTLOOK

81


opinião | São Paulo O ut l o o k

Os problemas mais lembrados continuam sendo o trânsito e a segurança na cidade

A

pesquisa, mais uma vez, apontou que os vilões da cidade de São Paulo continuam sendo o trânsito e a segurança, embora a fatia de ambos tenha diminuído quando comparada com os resultados da pesquisa de 2011. Neste ano, 89% apontaram a mobilidade urbana como o principal inimigo da cidade, ante 93% no ano anterior. Cerca de 75% citaram a segurança como segundo adversário de São Paulo. A fatia diminuiu em relação aos 77% registrados na edição anterior do levantamento. Continuaram sendo citados os itens

preços dos imóveis, 66% ante 62% em 2011, custo da mão de obra, 46% ante 43% na pesquisa anterior. Em relação aos pontos que afetam os negócios, os executivos citaram os mesmos itens da pesquisa de 2011: são quesitos adversos o custo dos serviços, a carga tributária tanto municipal como estadual, e a qualidade dos serviços. É fato que a única fatia que cresceu foi em relação aos tributos estaduais, que passou de 53%, em 2011, para os atuais 56%. A maior queda foi em tributos municipais, de 52%, em 2012, para 60% no estudo do ano passado.

Um dos grandes entraves está na infraestrutura urbana; faltam transporte de qualidade e hotéis com variedade de serviços a preços acessíveis

Gustavo Murad, diretor de negócios IT-Airlines Latam do Amadeus IT Group

Em que pontos a cidade

precisa melhorar?

13

14

Infraestrutura e social

O que mais afeta o seu negócio

89% 82% 75% 66% 56% 46%

52%

28%

Trânsito e locomoção

82

Segurança

São Paulo OUTLOOK

Preço dos imóveis

Custo da mão de obra

Custo de serviços

Carga tributária estadual

Carga tributária municipal

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Qualidade dos serviços


divulgação

Melhorar o aspecto urbano de acessibilidade e mobilidade é uma medida que a cidade deve tomar para aumentar o consumo da economia criativa

Esmeralda Rizzo

decano acadêmico da Universidade Presbiteriana Mackenzie

Investir em educação e conscientização ambiental implicaria uma inovação nos modelos de gestão de resíduos da cidade

Carlos Alberto Jr. divulgação

diretor da Vega Engenharia Ambiental

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83


opinião | São Paulo O ut l o o k

Restaurantes estão no topo da lista na comparação com grandes metrópoles

N

a comparação com as metrópoles de países desenvolvidos, São Paulo se destaca, no segmento de gastronomia, resultado idêntico nas três edições da pesquisa. Os restaurantes ficaram no topo da lista e foram citados por 59% ante 48% da amostra no estudo de 2011. Os 12,5 mil restaurantes e 15 mil bares que funcionam na cidade ajudam a atrair os 11,7 milhões de turistas que visitam São Paulo por ano. A cidade também aparece em vantagem na prestação de serviços jurídicos, médicos e de publicidade, além da

oferta de imóveis. Continuou a figurar na lista das principais desvantagens de São Paulo, em relação às cidades desenvolvidas, a preocupação com a mobilidade e a segurança. O que chama a atenção é a troca de posição entre esses dois principais problemas da cidade. Neste ano, transporte aparece no topo da lista, com 79% das intenções, enquanto em 2011 figurava em segundo lugar, com 82% de lembrança. Por sua vez, segurança, que foi a principal preocupação em 2011, com 84%, caiu para a segunda posição neste levantamento, com 78%.

O principal é o aprofundamento das medidas no sentido de mais segurança ao cidadão e melhores condições de deslocamento na cidade

Andrew Frank Storfer, presidente da Interacta Participações e diretor da Anefac

Como a cidade

se compara às

metrópoles

de países 15 Vantagens

16

59%

Restaurantes

84

desenvolvidos?

Desvantagens 79%

Transporte

Serviços advocatícios

32%

Agências de publicidade

32%

Custo de aquisição de imóveis

66%

Oferta de imóveis

30%

Custo de aluguel de imóveis

66%

Serviços médicos

29%

78%

Segurança

São Paulo OUTLOOK

Banda larga

59%

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Paula Nader superintendente executiva de marketing do Banco Santander

Investir em rede de dados mais rápidas é um dos caminhos para São Paulo ampliar a relevância da economia criativa na cidade

Horácio Lafer Piva conselheiro da Klabin

divulgação

divulgação

É necessário promover novos modelos de negócios, que considerem as potencialidades locais e a produção de valor com base na criatividade e inovação


opinião | São Paulo O ut l o o k

Em relação às cidades emergentes, São Paulo tem a melhor prestação de serviços

C

omparada com as cidades emergentes, São Paulo se destaca pela gastronomia e pela prestação de serviços jurídicos, médicos e de publicidade. A rede hoteleira, que apareceu nos levantamentos de 2010 e 2011, não entrou na lista dos cinco serviços mais relevantes neste ano. Quem ganhou notoriedade foi o item infraestrutura para eventos, citado por 49% dos entrevistados, como ponto positivo da cidade. Segundo os executivos consultados, entre as principais questões que desfavorecem a metrópole paulista em com-

paração com outras de países em desenvolvimento estão os altos custos em relação à mão de obra, à compra e ao aluguel de imóveis. Vale destacar que as três principais preocupações mencionadas também foram apontadas na pesquisa anterior. Apenas suas posições foram trocadas, a exemplo do custo de mão de obra, que trocou de lugar com o custo de aluguel de imóveis, que subiu da terceira para a primeira posição. A preocupação com segurança e transporte se manteve, respectivamente, em quarto e quinto lugares na lista das desvantagens. 0

A cidade tem uma enorme vocação para comércio e serviços. As ruas temáticas deveriam ser ampliadas e mais bem planejadas

Roberto Duailibi, sócio-fundador da DPZ Propaganda

Como a cidade se compara

a metrópoles

de países em 17

Vantagens

18

71%

Restaurantes

Desvantagens Custo de mão de obra

71%

Serviços advocatícios

55%

Custo de aquisição de imóveis

66%

Agências de publicidade

54%

Custo de aluguel de imóveis

66%

Serviços médicos Infraestrutura para eventos

86

desenvolvimento?

São Paulo OUTLOOK

52%

49%

Segurança

Transporte

64%

61%

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divulgação

São Paulo está no caminho certo, mas precisa de mais iniciativas para disseminar a questão da economia criativa Antonio Ferraiuolo CEO da De’Longhi

Eventos como o São Paulo Fashion Week, SPA Week e Restaurante Week são grandes destaques de economia criativa na cidade de São Paulo

divulgação

Mari Gradilone sócia-diretora do Grupo Virtual Office www.analise.com

São Paulo OUTLOOK

87


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stringer brasil/reuters

Prova de F贸rmula Indy em S茫o Paulo: os dois dias do evento foram acompanhados por mais de 60 mil pessoas


o perfil dos

viSI

tan

tes Os turistas que visitam a capital paulista, a cada ano esticam mais a estadia e começam a agregar, cada vez mais, o lazer ao trabalho

Turistas

Negócios

Agenda

Conheça o perfil dos visitantes que vêm à cidade de São Paulo  página 93

A infraestrutura que recebe as feiras e os congressos na capital  página 96

As principais feiras e eventos que atraem os maiores públicos página 100


turismo

TURISMO

trabalho e

lazer em SP O turismo de negócios continua sendo a principal razão pela qual os visitantes vêm a São Paulo, mas as viagens a lazer estão ganhando mais espaço. Em 2011, 12,5% vieram à cidade para relaxar e se divertir, 40% mais do que em 2009

O

Em 2011, a receita total obtida com atividades relacionadas ao turismo na cidade foi de mais de 10 bilhões de reais. Com o movimento crescente, a arrecadação do Imposto sobre Serviços (ISS) do setor de turismo foi 26% mais elevada em 2011 em relação ao ano anterior, com a entrada de 200 milhões de reais em tributos nos cofres municipais. A cidade registrou 448 mil empregos no setor de turismo em 2011, crescimento

de 7% em relação ao ano anterior. A condução de negócios é a principal razão que leva os turistas a visitar São Paulo, seguida pela participação em feiras e eventos. Entre as opções de lazer, os estrangeiros dão preferência à boa comida, e os turistas brasileiros se interessam pelas compras. A maioria dos visitantes tem menos de 49 anos, é do sexo masculino e com nível de instrução elevado. PAULO FRIDMAN/CORBIS

ano de 2011 foi um período de avanço para o turismo em São Paulo. A cidade recebeu 12,1 milhões de visitantes. Os aeroportos que atendem a cidade registraram crescimento anual de passageiros da ordem de 13,6% em 2011. Os hotéis também contabilizaram uma taxa de ocupação média anual de 69,3% – a maior da série histórica desde 2005.

Skyline da Marginal Pinheiros, zona oeste de São Paulo: previsão é que turistas cheguem a 16,5 milhões em 2020

92

São Paulo OUTLOOK

www.analise.com


turismo

1 EM CADA 4 VÊM A SP PARA PARTICIPAR DE EVENTOS Em % Eventos

Negócios

Lazer

Estudos

56,1

Saúde

Visita a amigos/parentes

51

Outros

45 12,2

22,4

10,9

2009

4 2,5 2,6 1,4

25,3

11,3

2010

De onde vêm os turistas nacionais*

29,4 16,0 9,5 São Paulo

Rio de Janeiro

Minas Gerais

7,2 Paraná

7,2

Rio Grande do Sul

Os turistas que vêm à cidade estão ficando mais tempo, gastando mais dinheiro e aproveitando cada vez mais a cidade para se divertir, buscar tratamentos médicos e fazer cursos

Quem vem de fora

ESTRANGEIROS passam cada vez mais tempo na cidade esde 2009, o número de pernoites de visitantes estrangeiros em São Paulo está aumentando. A média foi de quase 5 em 2011 ante 4,2 pernoites no ano anterior e 3,7 em 2009. O total de turistas de fora nos hotéis paulistanos passou de 8,9% em 2009 para 17,6% no segundo semestre de 2011. Os turistas estrangeiros em visita à cidade gastam menos que os brasileiros: têm despesas diárias na cidade de 465 reais, enquanto os nacionais deixam na capital cerca de 570 reais por dia. O motivo predominante da viagem são os negócios para 58% dos visitantes estrangeiros. Em seguida, vem a participação em feiras e eventos, com 21%. Quando decidem passar alguns dias a mais na cidade além do planejado, o trabalho é a principal razão para 41% dos turistas. Nas horas livres, os visitantes aproveitam para fazer compras, conhecer os restaurantes e a vida noturna de São Paulo. Entre os estrangeiros hospedados na cidade no primeiro semestre de 2011, 59% vieram da América do Norte e da Europa. Os Estados Unidos são o principal emissor de turistas, cerca de 31% do total, seguidos pela Argentina. www.analise.com

24,4

2011

6,7 3 5,2 3,2

De onde vêm os turistas internacionais*

O perfil dos visitantes

D

4,4 2,5 3,3 1,9

22,7 9,8 Estados Unidos

Argentina

8,7 Japão

7,6

Alemanha

5,7

Espanha

* segundo semestre de 2011

Visitantes brasileiros

TURISTA nacional estica estadia para se divertir

G

rande parte dos turistas brasileiros que visitam São Paulo chega para tratar de assuntos relacionados a trabalho. Os visitantes que vêm em razão dos negócios ou para participar de feiras e eventos corporativos somam quase 67% do total. Mas quando conseguem permanecer na capital por mais alguns dias, a principal motivação para as diárias extras não é o trabalho. Entre os que ampliam a estadia, 52% querem aproveitar as opções de lazer e entretenimento que a capital oferece ou fazer compras. São 30% os que ficam mais tempo para negócios. Entre os turistas brasileiros, os paulistas ocupam o primeiro lugar no ranking dos visitantes. Moradores das cidades de Campinas, Ribeirão Preto e Sorocaba são os que mais visitam a capital. Entre os outros estados brasileiros, o Rio de Janeiro lidera o número de turistas, seguido por Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. Quem fica mais tempo na cidade quer, principalmente, fazer compras, ir a restaurantes e aproveitar a vida noturna da capital. Há ainda quem aproveite o tempo livre para passear em parques, museus e no centro histórico. Os brasileiros estão gastando cada vez mais em São Paulo. Em 2009, cada viajante deixava, por dia, 350 reais. O valor passou para 400 reais em 2010, e chegou a 570 reais em 2011. Pesquisa realizada em 2011 com passageiros brasileiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, mostrou que os serviços mais bem avaliados na cidade de São Paulo foram a gastronomia, as opções de compras e os atrativos culturais e entretenimento. De acordo com o levantamento feito no aeroporto, o principal meio de hospedagem dos turistas é o hotel, embora a permanência em casas de parentes e amigos também seja comum entre os visitantes nacionais. São Paulo OUTLOOK

93


turismo

Referência em saúde

40% MAIS VISITANTES EM 8 ANOS

SERVIÇO MÉDICO de ponta atrai turista que gasta mais

20

A

15

ampla estrutura médica da cidade tem atraído cada vez mais visitantes em busca de consultas ou tratamentos especializados. No primeiro semestre de 2011, 3,4% dos turistas viajaram para São Paulo por motivos ligados à saúde. Em 2009, esses pacientes representavam 2,1% do total de visitantes, um crescimento de 62%. O Brasil recebe, por ano, cerca de 31 mil turistas estrangeiros em busca de tratamento médico, e quase metade deles se dirige à capital paulista. Os estrangeiros vêm principalmente de Angola, Estados Unidos, Espanha, França e Indonésia. Além de contar com atendimento de alta qualidade, é mais vantajoso para quem vem de fora pagar o tratamento em reais do que em dólares ou euros. O gasto médio diário dos turistas desse segmento foi de 623 reais, valor 54% maior que a média do visitante que vem à cidade por outros motivos. Com a permanência média de 3,5 pernoites, o valor desembolsado no período chega a 2.180 reais. Com 2,5 mil estabelecimentos de saúde e 50 mil médicos, São Paulo é referência internacional em áreas importantes da medicina. Os visitantes buscam laboratórios de ponta, serviços de tecnologia avançada e clínicas especializadas para realizar consultas, procedimentos médicos ou simplesmente fazer um check-up. Destacam-se os tratamentos de doenças do coração e cirurgias plásticas, entre outros ramos de alta complexidade. O setor hospitalar dispõe de serviços de primeira linha e há ainda uma extensa rede de diagnósticos à disposição dos pacientes. Além da ampla estrutura médica, os turistas aproveitam a oferta turística da cidade. Pesquisa aponta que as atividades secundárias dos turistas do segmento saúde na cidade são compras e gastronomia.

RECEITA TURÍSTICA DOBRA EM 15 ANOS Em bilhões de reais 15

13,5 12,9

12

11,3 10,5

11,4

9,7 9

8,3

7,1 6

2005

94

2008

2010

2012

São Paulo OUTLOOK

2014

2016

2018

2020

Em milhões de turistas

16,5 15,1

14,9 14,9

11

11,8

12,6

10

9,5 5

2005

2008

2010

2012

2014

2016

2018

2020

Esporte e cultura

10 megaeventos trazem à capital público de 13 mi

A

lém dos negócios e feiras, São Paulo tem atraído cada vez mais visitantes interessados nos destaques de sua agenda de eventos esportivos e culturais. Grandes espetáculos, shows de música e atrações como o Grande Prêmio de Fórmula-1 e a Parada LGBT também trazem turistas à capital. Os eventos esportivos atraem um público predominantemente masculino, com mais idade, renda mensal maior, que se hospeda em hotéis e tem gastos maiores na cidade. Entre os espectadores do Grande Prêmio de F-1, por exemplo, realizado em 2011, 47% tinham curso superior completo e 27% declararam renda de dez a 15 salários mínimos. O gasto médio na viagem foi de 1.612 reais e 74% ficaram em hotéis ou flats. Em 2011, o mês de novembro foi o que registrou a melhor ocupação hoteleira do ano, com um índice de 75,6%. Parte desse resultado é atribuída a megaeventos, como o GP Brasil de F-1, que reuniu 144 mil espectadores, e o Salão Duas Rodas, com 255 mil visitantes. O público que vem para shows musicais é mais jovem, formado, em grande parte, por estudantes com idades entre 18 a 24 anos e tem renda menor. No show da banda Red Hot Chili Peppers, por exemplo, 49% eram estudantes, com gasto médio de 448 reais. O número de estrangeiros é pouco expressivo nos eventos musicais e prevalecem visitantes de cidades próximas a São Paulo ou de estados vizinhos. Tanto nos eventos esportivos como nos musicais, a média de permanência é de três pernoites. São Paulo é uma das cidades-sede da Copa do Mundo, e a previsão é que receba 15 milhões de turistas em 2014. Entre os estrangeiros, mais de 90% declararam que gostariam de retornar a São Paulo para assistir aos jogos. www.analise.com


luludi/luz

turismo

Museu do Futebol, no estádio do Pacaembu, zona oeste: Copa do Mundo deve trazer 14 milhões de turistas à cidade www.analise.com

São Paulo OUTLOOK

95


turismo

Hospedagem

OCUPAÇÃO DOS HOTÉIS É DE 69%

REDE HOTELEIRA REGISTRA TAXA DE OCUPAÇÃO RECORDE

Em % 80

70

O

setor hoteleiro de São Paulo atingiu 69% de taxa de ocupação em 2011, índice 1,4% acima da média registrada em 2010, e que também foi recorde da série histórica registrada desde 2005, quando era de 58%. A cidade de São Paulo possui mais de 410 hotéis, sendo que 68% deles são midscale, 24% econômicos e 8% se enquadram na categoria luxo. O valor médio da diária nos hotéis paulistanos em 2011 foi de 319 reais. Na cidade, grandes cadeias internacionais, como Hyatt, Sheraton e Hilton, disputam a clientela com opções exclusivas e de luxo, como Fasano, Emiliano e Unique. Além de oferecer cerca de 42 mil unidades para hospedagem, a hotelaria paulistana dispõe de eficiente estrutura para abrigar convenções. De um total de 390 hotéis e flats, 194 dos estabelecimentos têm espaços para realização de eventos, totalizando 939 salas. Um indicador importante para demonstrar o crescimento do setor de turismo é a arrecadação do Imposto sobre Serviços (ISS), tributo municipal sobre atividades de empresas e profissionais autônomos. O total arrecadado pelo grupo que engloba as áreas turísticas em 2011 foi de 199,6 milhões de reais, acréscimo de 25,7% em relação a 2010. O valor correspondeu a 2,5% do total de ISS arrecadado no ano pela administração municipal. Outra opção de hospedagem na cidade são os hostels, que registraram taxa média de ocupação de 64% em 2011. A cidade possui 23 albergues, que cobram diária média de 41 reais. Pesquisa realizada nas Centrais de Informações Turísticas (CITs) traçou o perfil dos turistas que optam por ficar na casa de amigos e parentes. A maioria é formada por mulheres, com menos de 40 anos, procedentes de diversas cidades brasileiras, principalmente de São Paulo.

64,7

67

68,3

67,3

69,3

60

61,4

58,7 50

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

Valores médios das diárias em 2011 Em reais Econômico Midscale Luxo Superluxo

103 163 244 535

Entretenimento

viagens de lazer na cidade aumentam 40% em dois anos

S

ão Paulo é conhecida como destino de negócios e eventos, mas o perfil do turista tem mudado. No primeiro semestre de 2009, 9% dos visitantes estavam em São Paulo em viagem de lazer. Dois anos depois, o índice subiu para 12,5%, um aumento de 40%. Mais de 30% dos turistas que se programam para passar mais tempo em São Paulo decidem ficar por motivos de lazer. Em 2012, estava sendo preparado um city tour oficial da cidade. O trajeto terá nove pontos de destaque: Luz, Mercado Municipal, República, estádio do Pacaembu, Avenida Paulista, Ibirapuera, Liberdade, Pátio do Colégio e Theatro Municipal.

AEROPORTOS RECEBEM 50 MILHÕES DE PASSAGEIROS Em milhões de passageiros

Aeroportos

Terminais rodoviários

Cumbica, Congonhas e Viracopos 16,0

60

54,2 15,8 50

33,7

15,6

35,0

35,0

2006

2007

35,1

96

15,5 15,4

15,2

30

2005

15,6

15,4

38,7

40

15,7 15,6

47,7

15,3

15,2

15,0

2008

São Paulo OUTLOOK

2009

2010

2011

2005

2006

2007

2008

2009

www.analise.com

2010

2011


ludovic maisant/corbis

Instalação em loja na rua Oscar Freire, na zona oeste da cidade: São Paulo possui 59 ruas de comércio especializado

O que leva os turistas a SP

NEGÓCIOS E EVENTOS são a razão de 70% Das VISITAS à capital

S

ão Paulo é o principal destino de turismo no Brasil. Os negócios aparecem em primeiro lugar, com 45%, entre os motivos da viagem para a capital paulista. Em segundo lugar, estão as feiras e eventos, com 24,4%. Além de concentrar as maiores empresas do Brasil, a capital conta com ampla rede hoteleira em várias faixas de preços, bons bares e restaurantes, além de estrutura para a realização de grandes eventos corporativos. A cidade possui 2,5 milhões de metros quadrados de área de exposição para a locação e conta com uma infinidade de prestadores de serviços para a organização de convenções. São Paulo concentra 75% do mercado brasileiro de feiras. A capital registra a realização de 90 mil eventos por ano, que geram quase 4 bilhões de reais de receita. Em São Paulo é realizado um evento a cada seis minutos, o que torna o município o 12º destino do mundo para eventos internacionais. A cidade ganhou, em 2012, o site Mice São Paulo – Meetings, Incentives, Conventions and Exhibition (www. cidadedesaopaulo.com/mice), que reúne mais de 200 espaços para eventos na capital. O objetivo é ajudar empresas a encontrar locais para convenções e feiras. Em 2012, foi sancionada a lei que institui o Parque de Eventos Expo-SP, um complexo para eventos de grande porte no bairro de Pirituba, na zona oeste da capital. A área será dotada de pavilhões de feiras e exposições, centro de convenções, shopping center, centro empresarial, hotéis www.analise.com

e salas comerciais. A criação do polo é estratégica para a candidatura de São Paulo como cidade-sede da Exposição Universal de 2020, a Expo 2020. Se a cidade for a escolhida, será a primeira vez que o evento vai ser realizado na América Latina. O complexo compreende uma área de 5 milhões de metros quadrados, quatro vezes maior que o Parque Anhembi, atualmente o maior da América Latina. 0

RECUPERAÇÃO DE EMPREGOS NO TURISMO Em mil 600

526 500

448

427 400

396 399

412

396

419

300

2005

2006

2007

2008

2009

2010

São Paulo OUTLOOK

2011

2020

97




agenda

AGENDA

Cidade ĂŠ

palco

joel silva/folhapress

de megaeventos


agenda

S

ão Paulo tem caJaneiro lendário concorriCampus Party do. A cada seis minu- www.campus-party.com.br Reúne usuários, empresas e membros tos, um evento é realizado da administração pública para a troca de conhecimentos e atividades relacionadas na capital, que concentra a novas tecnologias. Em 2013, terá sua 75% das feiras de negócios sexta edição. do país. Mas a cidade tam- Público 160 mil bém tem espaço na agenda Periodicidade Anual para megaeventos de esSÃO PAULO Fashion Week www.ffw.com.br portes, como as corridas A semana de moda está entre as mais de Fórmula 1 e Fórmuimportantes do mundo, ao lado de la Indy; e de cultura, como Londres, Milão, Nova York e Paris. Ocorre duas vezes por ano, em janeiro e junho. a Bienal de Arte. A seguir, Em 2013, será realizada a 33ª edição. confira os principais acon- Público 100 mil Periodicidade Duas vezes por ano tecimentos da capital.

Couromoda

www.couromoda.com Feira Internacional de Calçados, Artigos Esportivos e Artefatos de Couro. Conta com mais de mil expositores e importadores de 64 países.

Público 85 mil Periodicidade Anual

WORLD BIKE TOUR

www.worldbiketour.net Desde 2009, o evento reúne, nos aniversários da cidade, cerca de 7 mil ciclistas, que percorrem um trajeto de 10 quilômetros pelos principais pontos turísticos e históricos da capital paulista.

Público 7 mil Periodicidade Anual

Fevereiro

Carnaval

www.spturis.com/carnaval A maior festa popular paulistana acontece desde 1935 na cidade. Mais de 30 escolas de samba desfilam e disputam o prêmio que avalia diversos pontos da apresentação.

Público 110 mil Periodicidade Anual

Osesp

www.osesp.art.br Desde 2000, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo realiza temporadas entre março e dezembro, com concertos a preços populares e ensaios abertos.

Público 120 mil Periodicidade Anual Data Março

São Paulo OUTLOOK

101


Virada CULTURAL

Março

É tudo verdade

www.etudoverdade.com.br Festival Internacional de Documentários que premia longas e curtas-metragens e chega a sua 18ª edição em 2013.

Público 40 mil Periodicidade Anual

www.viradacultural.org O evento proporciona, desde 2005, 24 horas ininterruptas com mais de mil atividades culturais gratuitas. As apresentações são distribuídas em palcos, teatros, centros culturais e escolas. Em 2013, a capital vai realizar a nona edição da Virada.

Abril

Público 4 milhões Periodicidade Anual

Hospitalar

Casa Cor São Paulo

Reúne produtos, serviços e tecnologias para unidades de saúde. São 1.250 expositores, 60 países visitantes, que geram 6 bilhões de reais em 4 dias de evento. Em 2013, será a 20ª edição, destinada aos profissionais da saúde.

É o segundo maior evento de arquitetura e decoração do mundo, atrás apenas do Salão de Milão. Possui 21 franquias, quatro delas internacionais. Em 2013, completará 27 edições.

www.hospitalar.com

Público 90 mil Periodicidade Anual

Fórmula Indy

www.saopauloindy300.com.br

www.casacor.com.br

Público 150 mil Periodicidade Anual

Expo CIEE

www.ciee.org.br

Desde 2010, São Paulo faz parte do calendário internacional da Fórmula Indy. A prova é realizada no circuito de rua do Anhembi, na zona norte da cidade. A quarta edição na capital será em 2013.

Feira de estágio e trainee que reúne estudantes, empresas e instituições de ensino. Em 2012, completa sua 15ª edição, com a presença dos estandes da Universidade de São Paulo, Fundação Vunesp, entre outros.

Público 50 mil Periodicidade Anual

Público 60 mil Periodicidade Anual

Adventure Sports Fair

www.adventuresportsfair.com.br Dedicado aos esportes e ao turismo de aventura, é o mais importante evento de seu tipo na América Latina. Reúne as principais marcas e destinos do mercado. A 14ª edição será em 2013.

Público 67 mil Periodicidade Anual

Maio

Dia do desafio

www.sescsp.org.br/diadodesafio O evento reúne pessoas de toda a capital para atividades físicas e competições nas unidades do Sesc. O Dia do Desafio completou 15 anos em 2010.

Público 2,8 milhões Periodicidade Anual

102

São Paulo OUTLOOK

virada SUSTENTÁVEL

www.viradasustentavel. com

Evento para promover práticas ambientalmente conscientes. Na sua primeira edição, em 2011, contou com 480 atividades culturais e educativas, distribuídas em 78 espaços pela capital.

Público 500 mil Periodicidade Anual Data Junho


carlos cecconello/folhapress


lalo de almeida/folhapress

Junho

parada do orgulho lgbt www.paradasp.org.br

Desde 1997, a cidade sedia a Parada do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Trangêneros), considerado o maior evento do gênero no mundo. Realizado na Avenida Paulista, terá a 17ª edição em 2013.

Público 3,5 milhões Periodicidade Anual Data Junho

104

São Paulo OUTLOOK

Fispal Tecnologia

ABF Franchising Expo

Maior feira do setor de embalagens, processos e logística para as indústrias de alimentos e bebidas da América Latina. O evento, que terá a 29ª edição em 2013, apresenta novidades e tendências do mercado.

Considerada a maior feira de franquias da América Latina, apresenta mais de 500 expositores e coexpositores de diversos segmentos, além de ministrar palestras e cursos. Em 2013, o evento vai completar 22 edições.

Público 65 mil Periodicidade Anual

Público 50 mil Periodicidade Anual

Francal

Maratona de SP

A Feira Internacional da Moda em Calçados e Acessórios conta com mais de mil expositores, que apresentam os lançamentos de sapatos de todos os gêneros, bolsas e acessórios. Terá sua 45ª edição em 2013.

Com percurso de 42 quilômetros, a corrida reúne cerca de 20 mil atletas, todo ano, desde 1995. Tem sua largada na Ponte Estaiada Octavio Frias de Oliveira e chegada no Parque do Ibirapuera. Em 2013, terá sua 19ª edição.

Público 60 mil Periodicidade Anual

Participantes 20 mil Periodicidade Anual

www.fispaltecnologia.com.br

www.feirafrancal.com.br

www.abfexpo.com.br

www.maratonadesaopaulo.com.br

www.analise.com


agenda

Julho

Setembro

Salão do Turismo

Anima Mundi

Bienal de Arte de São Paulo

Apresenta o turismo brasileiro para quem quer viajar ou fechar negócios. Promovido pelo Ministério do Turismo. O evento completará sua oitava edição em 2013.

O Festival Internacional de Animação aborda linguagens e técnicas variadas. Exibe filmes de todos os continentes e oferece oficinas e workshops. Terá sua 21ª edição em 2013.

A exposição internacional de arte da capital chega à 31ª edição em 2014. Até 2011, foram realizadas exposições com a participação de 13 mil artistas e quase 7 milhões de visitantes.

Público 115 mil Periodicidade Anual

Público 95 mil Periodicidade Anual

Público 530 mil Periodicidade Bienal

www.salao.turismo.gov.br

www.animamundi.com.br

www.bienal.org.br

bienal do livro

www.bienaldolivrosp.com.br Terceiro maior evento editorial do mundo, atrás apenas da Feira do Livro de Frankfurt e da Feira Internacional do Livro de Turim. Oferece livros e programação cultural. Completará 23 edições em 2013.

silvia zamboni/folhapress

Participantes 730 mil • Periodicidade Bienal • Data Agosto


agenda

BEAUTY FAIR

www.beautyfair.com.br É o terceiro maior evento de beleza, saúde e bem-estar do mundo. Atende toda a cadeia produtiva do segmento e oferece, também, serviços de aperfeiçoamento e qualificação para profissionais. Em 2013, chegará à sua nona edição.

Público 130 mil Periodicidade Anual

Equipotel

www.equipotel.com.br Voltada para os setores de hotelaria, gastronomia e turismo, é a maior feira de seu tipo na América Latina. Reúne mais de 1,3 mil empresas em 672 estandes de 60 segmentos da economia. Completará 51 edições em 2013.

Público 50 mil Periodicidade Anual

Outubro

Salão do Automóvel

www.salaodoautomovel.com.br É maior feira da indústria automotiva da América Latina. O evento alcançará a 28ª edição em 2014 e contará com mais de 100 expositores, apresentando novidades em modelos esportivos, utilitários e carros-conceito.

Público 750 mil Periodicidade Bienal

Salão duas rodas

www.salaoduasrodas. com.br Mais de 400 expositores apresentam as novidades em motocicletas, além de apresentações para o público. Completará 12 edições em 2013.

divulgação

Público 240 mil Periodicidade Bienal Data Outubro 106

São Paulo OUTLOOK

www.analise.com


Danilo verpa/folhapress

virada esportiva www.viradaesportivasp.blogspot.com Promove 24 horas ininterruptas de atividades esportivas, recreativas e de lazer. São mais de mil pontos e 2.500 atividades gratuitas espalhadas pela cidade. A sétima edição será em 2013.

Participantes 3,5 milhões • Periodicidade Anual • Data Setembro

Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Fenatran

www.fenatran.com.br

Apresenta um panorama da produção mundial de cinema durante duas semanas, com 400 filmes. Os filmes são exibidos em 22 salas, entre cinemas, museus e centros culturais espalhados pela capital paulista. Em 2013, terá sua 37ª edição na cidade.

O principal evento brasileiro do setor de transportes ferroviários e um dos cinco maiores do mundo na área de produtos e serviços para transporte urbano, de cargas e logística, além de equipamentos de segurança e rastreamento. São, em média, 365 expositores de 15 países, entre eles Scania, Renault e Mercedes-Benz. A 19ª edição será realizada em 2013.

Público 20 mil Periodicidade Anual

Público 50 mil Periodicidade Bianual

www.mostra.org

www.analise.com

Novembro

GP Brasil de F-1

www.gpbrasil.com.br O Autódromo de Interlagos é palco do Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1. A maior parte do público internacional vem da Argentina, do Chile, do Equador, do México e da Inglaterra. Em 2012, a Fórmula 1 completará 41 anos no país e 31 na capital paulista.

Público 140 mil Periodicidade Anual São Paulo OUTLOOK

107


Almeida Rocha/folhapress


agenda

Dezembro

ONG BRASIL

www.ongbrasil.com.br Evento sem fins lucrativos que tem por objetivo apresentar as melhores práticas sociais. Em 2012, sua 4 a edição traz uma vitrine brasileira do Terceiro Setor, de responsabilidade social empresarial e de políticas públicas. São mais de 196 palestras e workshops simultâneos em três dias de evento e conta com a participação de 500 ONGs, fundações e entidades públicas e privadas.

Público 10 mil Periodicidade Anual

RÉVEILLON NA PAULISTA

www.reveillonnapaulista.com.br A virada do ano é comemorada com uma grande festa na Avenida Paulista, cartãopostal da cidade, com shows musicais e queima de fogos de artifício. De 2012 para 2013, será realizada a 16ª edição.

Público 2,4 milhões Periodicidade Anual

São Silvestre

www.saosilvestre.com.br Corrida de rua mais famosa do país. Realizada no último dia do ano, tem 15 quilômetros de percurso, saindo do Masp, localizado na Avenida Paulista, passando pelo centro velho da cidade e com sua chegada no Obelisco de São Paulo, no Parque do Ibirapuera. Conta com 21 mil atletas e, em 2013, terá sua 89ª edição.

Público 21 mil Periodicidade Anual Data Dezembro

São Paulo OUTLOOK

109


Anúncio: DUPLA PG 07


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PAULO GUERETA/FUTURAPRESS

Pianista suspenso na Virada Cultural: evento atrai, durante as suas 24 horas, mais de 4 milh천es de pessoas


os

caminhos

CRIATIVos

de são paulo A economia criativa será um dos motores do crescimento econômico global na próxima década. Entenda o que ela é e como pode alavancar o desenvolvimento da metrópole

Conceito

Promissoras

Modelo

O que é a economia criativa e a posição da cidade de São Paulo  página 114

Novas áreas criativas ganham espaço na capital paulista  página 124

As cidades e as estratégias que são referência pelo mundo  página 144


ECONOMIA CRIATIVA

A

criatividade impulsiona o pib O conceito da economia criativa, que nasceu na Austrália e foi popularizado no Reino Unido, ganhou o mundo e chegou a São Paulo. Entenda o que é e como esse segmento pode contribuir para o avanço da economia paulistana

Mural na Vinte e Três de Maio, na zona sul, feito por OsGemeos, entre outros grafiteiros: irmãos já expuseram no MoMA de Nova York


Economia criativa

D

“O setor das indústrias criativas está no cruzamento entre artes, negócios e tecnologia, em um relacionamento próximo que se reforça mutuamente”, diz o documento na edição de 2010. De maneira geral, a economia criativa envolve atividades econômicas focadas na geração de conhecimento que nasce da criatividade e do talento individual, com potencial de produzir riqueza e criar empregos ao explorar a propriedade intelectual produzida. São vários os nichos associados: arquitetura e design; artes performáticas, plásticas e visuais; artesanato; edição e impressão; moda; multimídia (cinema, vídeo, televisão e rádio); música; patrimônio cultural; pesquisa e desenvolvimento; publicidade e propaganda; e tecnologia e games. Para alguns

ricardo nogueira/folhapress

efinir o que é economia criativa não é tarefa das mais simples. Há um grande debate nas universidades e nos vários governos do mundo sobre o que, de fato, constitui o setor. Aliás, o próprio nome do conceito – às vezes definido como economia criativa, indústrias criativas ou indústrias culturais – é motivo de discussão. A definição que chegou mais próxima do consenso foi a da Unctad, agência da ONU focada no Comércio e Desenvolvimento entre países, que realizou dois levantamentos mundiais sobre o tema.

países, como o Brasil, os setores de gastronomia e de brinquedos também compõem as listas. Para cada um desses segmentos, há atividades relacionadas ou de apoio, formando a cadeia do setor que amplifica o seu potencial. “Pode haver a impressão que as atividades de economia criativa são ‘apenas’ arte, algo leve. Isso é completamente errado, é um trabalho duro”, disse John Howkins, criador do termo ‘economia criativa’ e autor do livro Creative Economy (sem edição em português), lançado em 2001. Um dos primeiros acadêmicos a tratar do tema, Howkins ressalta: “Não é simples conseguir ganhar dinheiro com base em ideias”. Ideias que já geram bastante dinheiro pelo mundo. Estimativa da Unctad dá conta que o setor globalmente, aumentou de 831 bilhões de dólares para 1.3 trilhão de dólares, entre 2000 e 2005, com uma taxa média de crescimento de 7% ao ano. Dados mais recentes são escassos, mas estimativas de especialistas dão conta que as criativas foram responsáveis por 9% do produto interno bruto mundial em 2009 e a previsão é que o setor dobre sua participação no PIB mundial nos próximos dez anos. Criatividade no Brasil – Com menos de 20 anos em discussão, a economia criativa já está consolidada em vários países pioneiros pelo mundo. Quando se fala no tema no Brasil, o cenário é diferente. O governo brasileiro está dando os primeiros passos institucionais no tema. A Secretaria Nacional de Economia Criativa foi criada em dezembro de 2011. O primeiro desafio, de acordo com Cláudia Leitão, secretária de Economia Criativa do governo federal, está em mapear o setor em todo o país. Para isso, a entidade promete criar, em junho de 2012, o Observatório Nacional de Economia Criativa em parceria com o IBGE. A ideia inicial é unificar a metodologia de avaliação e as áreas da economia criativa no país e definir com mais eficácia sua contribuição para o PIB no país. Está prevista, também, a criação de unidades estaduais dos observatórios que serão responsáveis pelo fomento dos setores de criatividade pelo país. Ainda não há prazos para o lançamento do plano

www.analise.com

São Paulo OUTLOOK

115


Economia criativa

Brasil Criativo, com investimentos estimados em 30 milhões de reais, e deve abordar desde a redução de impostos para pequenos e médios empresários criativos até a melhoria na formação dos profissionais criativos brasileiros. “O conceito da economia criativa é recente e estamos começando agora. Temos pressa, o Brasil precisa ocupar a liderança em criatividade”, afirma Cláudia Leitão. Ainda sem os efeitos de uma política estruturada para o setor, a economia criativa brasileira segue sem avanços na relação da participação do faturamento ante o PIB. Em 2010, os criativos brasileiros movimentaram 93 bilhões de reais, o que representa 2,5% do PIB brasileiro, de acordo com estudo da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). Em 2006, a representatividade dos setores criativos para o PIB foi praticamente a mesma – 2,4%. Apenas a título de comparação, o Reino Unido – uma das referências mundiais no tema – possui 5,6% da participação dos criativos na soma das riquezas do país. “Há a sensação de que o brasileiro é criativo e que, por isso, tudo está resolvido. Não é o caso, precisamos de formação, investimentos e tecnologia para ter melhor desempenho na economia criativa”, disse Ana Carla Fonseca, falando em evento no Sesi, em São Paulo, em abril de 2011, sobre economia criativa. O desempenho brasileiro em rankings internacionais de criatividade traduz essa lacuna. De acordo com Index de Criatividade Global, feito pelo think tank Martin Prosperity Institute, o Brasil está na 46ª posição entre os países mais criativos do mundo, ficando atrás de países como Cingapura, em nono; Taiwan, em 18º; e Rússia, em 31º. O que nem sempre é lembrado quando se discute indústrias criativas, afirma Lidia Goldenstein, economista especialista em economia criativa, é que elas estão profundamente relacionadas com a economia de maneira geral sendo um braço fundamental para alavancar a modernização de todo um país. “A mentalidade , tanto no setor público quanto no privado brasileiro, ainda está focada no setor industrial tradicional, pré-sociedade da informação”, disse.

116

São Paulo OUTLOOK

ECONOMIA CRIATIVA NO MUNDO

Participação da economia criativa no produto interno bruto mundial

21%

7% 4% 1999

2008

2020*

* previsão

Criatividade em São Paulo – A falta de uma política nacional não impede que algumas regiões tenham bom desempenho em economia criativa. São Paulo é o principal polo do país no tema. É o estado com o maior índice de participação da economia criativa em seu PIB, 3,7%, ante 2,5% da média, segundo a Firjan. Quando se fala apenas na cidade, esse valor salta para 10% – o que representou 40 bilhões de reais em 2010. Isso não é coincidência. A capital paulista conseguiu destaque em várias áreas da economia criativa. Em tecnologia, uma das principais indústrias criativas da cidade, São Paulo possui 2,5 mil empresas entre as subsidiárias de gigantes do setor que escolheram a cidade para atuar em toda a América Latina, e pequenas empresas envolvidas com desenvolvimento de software, games e tecnologias para web. Outro ponto forte paulistano está em

publicidade e propaganda. São Paulo concentra as 43 maiores agências de publicidade do Brasil, em um ranking das 50 principais de acordo com o Ibope. Ao todo, 1.270 agências de todos os tamanhos têm sua sede na capital, o que representa 25% das cerca de cinco mil agências espalhadas pelo Brasil. A capital paulista foi, também, o principal destino dos recursos investidos em publicidade, ao ficar com 25 bilhões de reais em 2011, o que equivale a 28% do total do setor. A moda também é um setor criativo de destaque paulistano. Capitaneada pela São Paulo Fashion Week, a quinta maior feira do setor no mundo, com expectativas de vendas de dois bilhões de reais em suas duas edições de 2012, a moda paulistana possui 8,7 mil companhias e emprega, contabilizando as posições da indústria têxtil e de vestuário, 500 mil profissionais. A presença de empresas criativas bem-sucedidas culminou com a chewww.analise.com


ludovic Maisant/corbis

Economia criativa

Oca, no Ibirapuera, abriga exposições itinerantes: SP tem o maior mercado consumidor de produtos criativos gada, em massa, da classe criativa a São Paulo. A capital paulista concentra 15% do total de profissionais criativos do país, de acordo com a Fundação do Desesnvolvimento Administrativo (Fundap). O ritmo de crescimento das vagas criativas foi maior que o registrado na economia tradicional. As posições criativas formais subiram 28%, entre 2006 e 2009, para chegar a 141 mil, segundo a Fundap, enquanto as vagas tradicionais subiram 18% no período, para chegar aos 4,6 milhões. Os profissionais criativos de São Paulo recebem o segundo maior salário de todo o Brasil. O valor médio mensal de 2.775 reais por mês é 75% maior que a média de ganhos dos empregados de setores tradicionais. A cidade do Rio de Janeiro oferece o maior salário aos criativos, impulsionada pelo setor de televisão, 90% a mais, para 3.014 reais mensais. O desafio para o futuro de São Pauwww.analise.com

lo, segundo afirma Edna dos SantosDuisenberg, economista-chefe do programa de Economia Criativa da Unctad, será aproveitar as vantagens de ser o polo industrial brasileiro para se transformar no polo pós-industrial do país. “São Paulo já tem o maior mercado consumidor de produtos criativos do país, por conta do maior poder aquisitivo dos paulistanos e o grande número de pessoas que consomem cultura, lazer e entretenimento”, afirma. “A cidade precisa usar isso como plataforma para a transição para a criatividade”, acrescenta. Benefícios além do dinheiro – O crescimento econômico e o aumento das contratações são os primeiros resultados do investimento em economia criativa. Como é composta de setores muito dinâmicos que são alimentados por novos projetos, a economia criativa depende de pes-

soas para atuar, o que gera contratações e dinamismo econômico. Mesmo com o faturamento estagnado, o número de contratados pela economia criativa aumentou no Brasil. Em 2006, esse número era de 599 mil, valor que foi para 771 mil em 2010, uma média anual de avanço de 8,5%, taxa superior ao total registrado para as vagas comuns, que ficou em 5,8%. E não se trata de contratar mais gente, mas também de ter uma renda salarial maior. Os trabalhadores das indústrias criativas brasileiras têm salários mais altos que os empregados de outros setores. Em 2010, a renda média mensal dos profissionais contratados formalmente pelo setor criativo no Brasil foi 45% superior se comparado com os tradicionais, com o valor médio de 2.296 reais por mês ante 1.588 reais por mês. Os resultados econômicos diretos são apenas parte do que a economia criativa pode oferecer a uma cidade. São Paulo OUTLOOK

117


Economia criativa

A facilitação da criatividade colabora para a chegada (e, mais importante, permanência) da classe criativa. São os profissionais desses vários setores que passam a viver na cidade. Além de serem fundamentais para garantir para a cidade uma fonte contínua de inovação, criam novos empreendimentos que ajudam na melhoria de regiões degradadas. A força das classes criativas é muito evidente em projetos de reurbanização de áreas degradadas. Nas zonas pobres industriais abandonadas, como o Poblenou de Barcelona, o Shoreditch londrino ou em Barracas em Buenos Aires, os criativos não só aceitaram morar nas áreas degradadas como, além disso, trabalharam a região para, aos poucos, ajudarem na sua revitalização. Os exemplos citados acima (você encontra mais informações sobre eles na página 144) são apenas alguns dos casos de resgate de bairros inteiros baseados na classe criativa. Outro benefício fundamental da economia criativa em relação aos setores tradicionais é a sua resistência às crises. Estudo da Organização das Nações Unidas aponta que a exportação global dos setores criativos sofreu impactos menores da crise econômica do que a venda de produtos manufaturados tradicionais. As exportações criativas mais que dobraram entre 2002 e 2008, atingindo 600 bilhões de dólares no mundo. A taxa média anual de crescimento criativo foi de 14% no período, mesmo quando o comércio exterior de produtos tradicionais registrou queda de 12% em 2008. Além disso, a economia criativa abre espaço para a inovação, simplificando os processos engessados das cidades tradicionais. “Não é surpresa para ninguém que o principal fator da economia criativa é a criatividade humana. E isso está ligado à sociedade da informação de hoje”, afirma Rubens Ricupero, diretor da Faculdade de Economia da Faap e embaixador. “Antigamente, as empresas com maior valor de mercado nas bolsas de valores pelo mundo eram as siderúrgicas, as empresas automobilísticas. Hoje isso mudou, as companhias mais valorizadas na bolsa são aquelas que trabalham de maneira bem-sucedida com a inventividade humana”, acrescenta.

118

São Paulo OUTLOOK

Os primeiros passos da economia criativa no mundo – A velocidade

com a qual o conceito de economia criativa se espalhou pelo mundo é ainda mais impressionante ao se notar que, historicamente, a discussão sobre o tema tem menos de duas décadas. Uma política para as áreas criativas vinculadas à economia só foi oficialmente definida e desenvolvida, pela primeira vez, pelo governo da Austrália, em 1994, com a Creative Nation. O projeto australiano envolvia a valorização das manifestações culturais das várias etnias do país, investia pesado nas concessões de bolsas e patrocínios para artistas de diversas áreas e oferecia isenção de impostos para setores como televisão e tecnologia. O investimento anual governamental no setor é, até hoje, de 740 milhões de dólares, divididos entre as iniciativas governamentais e os subsídios. Pioneiro, o programa australiano se destacou por vincular as ações do governo aos resultados econômicos do setor. “A cultura cria riqueza, emprega, agrega valor. O nível da nossa criatividade determina a nossa capacidade para se adaptar a novas realidades econômicas,” afirma o documento do lançamento do projeto. Desde então, os resultados para os australianos foram bastante positivos. A economia criativa representa 31 bilhões de dólares do PIB do país, valor equivalente a 4% do PIB. Os setores criativos cresceram, em média, o dobro da economia da Austrália, registrando 5,8% ao ano. Com os investimentos, as indústrias criativas passaram a empregar meio milhão de pessoas, mas com um detalhe – a renda média do profissional é 30% maior Mas a economia criativa só ganhou o mundo quando chegou ao Reino Unido. Os bons resultados australianos atraíram a atenção britânica e, três anos depois da implementação da economia criativa na Austrália, em 1997, foi criada a política britânica para incentivar os setores criativos (informações mais detalhadas sobre a economia criativa britânica você encontra na página 150 em Londres, Referências Globais). Foi criado um departamento nacional de cultura com estratégias para desenvolver o setor e restaurar várias indústrias britâni-

cas que estavam perdendo espaço, em especial o setor audiovisual e de tecnologia. Com o tempo, os resultados positivos chegaram. Os setores criativos foram responsáveis por 3% do valor agregado adicionado inglês (equivalente ao PIB, mas com os impostos descontados), ou 59 bilhões de dólares e 1,5 milhão de empregos. Em 2011, as exportações das indústrias criativas foram responsáveis por 11% do total vendido pelo Reino Unido, salto perante aos 4,5% de 2005. Os pré-requisitos para a economia criativa – Para trazer os benefí-

cios descritos, as indústrias criativas se alimentam de uma série de características que são fundamentais para o seu desenvolvimento. A principal delas é o mercado consumidor. De nada adianta a criação em série de produtos criativos se não há gente disposta a www.analise.com


charles platiau/reuters

Grafite ao lado de uma catedral em Paris, na França: economia criativa já está consolidada na Europa comprá-los. Outro ponto importante, especialmente delicado em um tópico recente como a economia criativa, está na necessidade de reconhecer as características próprias dos negócios criativos. Neste tipo de indústria, o nível de incerteza em um projeto é muito maior que na produção direcionada ao consumo de massa. Na prática, é muito difícil prever o comportamento dos consumidores perante um produto criativo. Soma-se a isso a importância ainda mais crítica da equipe criativa - a saída de um funcionário pode culminar em um produto final bastante diferente (ou pior), o que faz situações corriqueiras de negócios como o turn-over tornarem-se particularmente preocupantes. Isso sem contar a necessidade de se estabelecer ferramentas para controlar direitos autorais, fator crítico em áreas como tecnologia e multimídia. “Há muito mais fracassos em ecowww.analise.com

nomia criativa do que em setores tradicionais, como a mineração, por exemplo”, afirma John Howkins. “É uma atividade muito mais difícil de entender e de acertar.”. Isso ajuda a explicar a aversão que muitos governos têm ao tema. “Construir um hospital, por mais complexo que seja, é muito mais simples do que investir em economia criativa. Há a garantia de sucesso – o prédio vai estar lá. É um desafio fazer os políticos entenderem o risco do negócio criativo”, acrescenta. Acima de tudo, é preciso ter a consciência de que a economia criativa não resolve todos os problemas. “A transformação da economia criativa em um termo preferido de marketing contribui para isso”, afirma Jenny Mbaye, pesquisadora de pós-doutorado do centro africano de cidades da Universidade da Cidade do Cabo, África do Sul. “Como conceito e prática, a economia

criativa oferece perspectivas promissoras, em especial para competitividade global, emprego e geração de receitas, mas ela não é uma panaceia”, afirma. É isso que Berlim está descobrindo. Mesmo depois de passar 15 anos investindo pesado em economia criativa e de se tornar um polo em comunicações e tecnologia, a cidade não conseguiu acabar com a taxa de desemprego de 12% - o dobro da média nacional - ou diminuir os 22% da sua população que recebe assistência social. “O futuro de Berlim depende de fomentar a economia tradicional ao mesmo tempo em que continuamos a avançar nas indústrias criativas. Elas precisam andar juntas”, resume Eva EmenlauerBlomers, diretora de projetos da Secretaria de Economia, Tecnologia e Pesquisa de Berlim e uma das diretoras do Projeto Futuro – o programa de economia criativa da capital alemã. 0 São Paulo OUTLOOK

119


Economia criativa

os criativos precisam reconstruir as suas cidades Estrangeiros falam à Análise Editorial sobre a atual fase da economia criativa em São Paulo

DIVULGAÇÃO

Até hoje, os governantes de São Paulo não viam criatividade como uma grande prioridade. Mas isso começa a mudar, e São Paulo tem potencial.

John Howkins

O inglês John Howkins é um dos acadêmicos mais importantes do mundo em economia criativa. Ele cunhou o termo ao lançar, em 2001, o livro Creative Economy (sem edição em português), discutindo o tema e mostrando as vantagens da criatividade e a inovação para a

sociedade da informação. Ele participa de eventos e seminários ao redor do mundo e esteve no Brasil, em 2012, ministrando palestra. Howkins é professor visitante da Universidade de Lincoln, Inglaterra, e vice-reitor da Escola de Criatividade de Xangai, na China.

A indústria da construção está determinando como São Paulo funciona; os engenheiros não podem criar a cidade sozinhos.

Charles Landry

O arquiteto e urbanista inglês Charles Landry é uma referência mundial em economia criativa. Ele é o autor do livro The Creative City: A Toolkit for Urban Innovators (ainda sem edição em português), lançado em 2000, que virou um best-seller mundial e fomentou o debate

sobre a necessidade das cidades buscarem a criatividade. Laundry esteve em São Paulo, pela primeira vez, em 2012, para ministrar palestras. Na capital paulista, ele destacou o grande potencial da Rua Augusta, e disse que é um exemplo a ser seguido por toda a cidade.

Os resultados da economia criativa só acontecem se for política de estado, não algo meramente partidário. E, na América Latina, isso é um grande desafio.

Enrique Avogadro 120

São Paulo OUTLOOK

Enrique Avogadro é diretor-geral de comércio exterior e de indústrias criativas do governo da cidade de Buenos Aires. Palestrante recorrente em eventos de economia criativa pelo mundo, entre eles o TED brasileiro, Avogadro acumula, também, o cargo de diretor

do Centro Metropolitano de Design – base para a criação da bem-sucedida política criativa da capital portenha. Ele atuou, também, como jurado em vários prêmios de design pelo mundo, como o Idea/Brasil, em 2010 e o Observeur French Design Award, em 2011. www.analise.com


Economia criativa

o desafio de desenvolver o talento paulistano Especialistas brasileiros destacam os pontos positivos e obstáculos que a cidade enfrenta

Na economia criativa, o talento humano é o grande diferencial. Mas, para ele se desenvolver, é necessária a participação dos setores privados, públicos e da sociedade civil.

Ana Carla Fonseca

Ana Carla Fonseca é professora convidada da Fundação Getulio Vargas/SP, da Universidade Candido Mendes/RJ, da Universidad Nacional de Córdoba (Argentina), da Universidad Rey Juan Carlos (Espanha) e membro de várias associações mundiais, incluindo o La-

boratório Iberoamericano para Pesquisa e Inovação em Cultura e Desenvolvimento (Unesco). É conferencista internacional em cinco idiomas, tendo palestrado em todos os estados brasileiros e em 22 países, além de ser autora de livros sobre cultura e economia criativa.

São Paulo tem pontos fortes para a economia criativa. Um deles é a diversidade cultural. Ter mais gente produzindo arte, cultura, trabalhando com criatividade, é algo que faz muita diferença.

Leonardo Brant

Leonardo Brant é consultor estratégico em economia criativa e empreendedor criativo. É profissional reconhecido em planejamento cultural e em consultoria para empresas tradicionais, empresas de mídia e organizações culturais. É autor do livro O Poder da Cultura, lan-

çado em 2010, e dirigiu o documentário Ctrl-V. Brant é editor do site Cultura e Mercado e idealizador do Cemec – centro de formação especializado em negócios criativos no Brasil. Ele atua como palestrante e conferencista em eventos sobre empreendedorismo criativo.

Fotos: claudio rossi

Em 2011, empresas estrangeiras de games acordaram para o Brasil, principalmente por causa da crise. Três grandes vieram para São Paulo e isso ajuda a cidade a ser o grande hub de jogos do país.

Emiliano Castro www.analise.com

Emiliano Castro é uma das maiores referências do segmento de games no Brasil. Fundador da produtora de jogos 2Mundos, Castro é vice-presidente de relações institucionais da Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames), entidade

de classe que representa o setor. Apenas em 2011, o segmento brasileiro de games movimentou 300 milhões de reais. Entre as principais bandeiras da entidade está a redução dos impostos para os games, que, atualmente, está em 80%, um dos mais altos do mundo.

São Paulo OUTLOOK

121


OS SETORES DA ECONOMIA CRIATIVA Saiba quantos funcionários cada um dos principais segmentos da economia criativa em São Paulo possui, quantas empresas atuam e os bairros em que eles estão inseridos

PERCENTUAL DE VAGAS CRIATIVAS EM SÃO PAULO TECNOLOGIA

EDIÇÃO E IMPRESSÃO

35 35

18

EMPREGOS FORMAIS CRIATIVOS

49.985

26.425

23.730

17.463

8.424

EMPRESAS

2.496

1.344

1.266

723

8.700

EMPRESAS CRIATIVAS NA CIDADE

29,6%

15,9%

15%

8,6%

29%

FUNÇÕES DO SETOR

Desenvolvimento de software; consultoria; provedores de serviços de software e serviços de hospedagem na internet; portais; provedores de conteúdo e outros.

Edição de livros, jornais e revistas; edição integrada à impressão de cadastros, listas e outros produtos gráficos; agências de notícias.

BAIRROS QUE MAIS EMPREGAM

Jardim Paulista

Sé Liberdade

Santa Cecília Jaguaré

Agências de publicidade

Fabricação de instrumentos musicais; produção, pós-produção e exibição cinematográfica, de vídeos e de programas de televisão; atividades de gravação de som e de edição de música; atividades de rádio; atividades de televisão aberta e por assinatura; aluguel de fitas de vídeo, DVDs e similares.

Alto de Pinheiros

Mandaqui Perdizes Barra Funda

Pinheiros

Jardim Helena

Itaim Bibi

Morumbi

Itaim Bibi

Morumbi

Cidade Dutra

122

São Paulo OUTLOOK

www.analise.com

Estilistas; técnicos; modelos; alfaiates e costureiros.

Barra Funda Bom Retiro Itaim Bibi

Brás


PUBLICIDADE

14

ARTES PERFORMÁTICAS

ARQUITETURA E DESIGN

CULTURA E ENSINO

ARTESANATO

MODA

ARTES VISUAIS, PLÁSTICAS E ESCRITA

AUDIOVISUAL

PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

12

4 4 4

3 2 2 11

PATRIMÔNIO

6.161

5.198

4.701

4.348

2.832

2.579

1.425

662

466

803

Não divulgados

540

102

36

7,8%

5,5%

9,5%

Não divulgados

6,4%

1,2%

0,4%

Ensino de idiomas; ensino de arte e cultura.

Artes cênicas, espetáculos e atividades complementares; gestão de espaços para artes cênicas, espetáculos e outras atividades artísticas; atividades de organizações associativas ligadas à cultura e à arte.

República

Santa Cecília Vila Mariana

Santo Amaro

Bela Vista Itaim Bibi

Serviços de arquitetura, design e decoração de interiores; lapidação de gemas e fabricação de ourivesaria e joalheira; fabricação de bijuterias e artefatos semelhante.

www.analise.com

Bom Retiro

Pinheiros Sé

Ipiranga

Campo Limpo

Atividades artesanais; atividades de construção de mosaicos; atividades de tecelagem; atividades de criação de jóias.

Itaim Bibi

Atividades fotográficas e similares; criação artística.

Vila Leopoldina Santana

Pesquisa e desenvolvimento em ciências físicas e naturais; pesquisa e desenvolvimento experimental em ciências sociais e humanas.

Atividades de bibliotecas e arquivos, atividades de museus e de exploração, restauração artística e conservação de lugares e prédios históricos e atrações similares, atividades de jardins botânicos, zoológicos, parques nacionais, reservas ecológicas e áreas de proteção ambiental.

Cambuci

Freguesia do Ó

Sé Campo Belo

Saúde Santo Amaro

Itaim Bibi

Parque do Carmo

Itaim Bibi

São Paulo OUTLOOK

Jaguaré

123


iniciativas

LABORATÓRIO DE

novas ideias

e NEGoCIOS São Paulo está na vanguarda da economia criativa e surpreende com novos produtos e serviços; iniciativas bem-sucedidas movimentam a economia, atraem turistas e renovam bairros

Feira de games E3, em Los Angeles: os jogos foram reconhecidos como ramo cultural em 2011 e podem obter patrocínio pela lei Rouanet

124

São Paulo OUTLOOK

www.analise.com


iniciativas

C

entros de produção de conhecimento e referência em várias áreas da cadeia criativa, São Paulo é um laboratório a plena carga, sempre testando novas fórmulas. A capital se mantém atenta às novas tendências e mostra que ideias criativas podem virar grandes negócios. Um dos nichos em ebulição é o de jogos eletrônicos e aplicativos móveis. Empresas paulistanas oferecem soluções para as novas demandas do munMARIO ANZUONI/REUTERS

do digital, criadas pelo uso cada vez mais constante de tablets e celulares. Os jogos não são mais apenas para diversão, também treinam funcionários de empresas e são usados pela publicidade para vender produtos. Da cidade saem exemplos bem-acabados da importância que a economia criativa conquistou. Uma vez por ano, a cidade é tomada por atrações artísticas, simultâneas e gratuitas, que mobilizam quatro milhões de espectadores. É a Virada Cultural, megaevento que promove a cultura e azeita as engrenagens da cadeia criativa, atraindo turistas e gerando receita. Outro case de sucesso é o centro cultural aberto na zona norte da capital,

em bairro populoso e carente de lazer, que dá aos jovens a oportunidade de entrar em contato com os setores criativos. Mais do que educação e cultura, o Centro Cultural Ruth Cardoso é a porta de entrada para a qualificação em ocupações criativas. Antigos bairros industriais renascem com a ocupação de galpões por empresas de setores criativos. Ateliês e galerias dão novo colorido à Barra Funda, na zona oeste. Cluster de empresas de audiovisual garantiram à Vila Leopoldina, também na região oeste, o apelido de Sampaullywood. Na região central, rodas de samba e teatro alternativo animam a região da República e atraem moradores de volta.

índice 125 CRIATIVIDADE EM ALTA

138 Gastronomia

Novos negócios mostram o potencial criativo

139 Informática

126 Games

139 Moda

126 Centro cultural

140 Patrimônio

128 Virada Cultural

140 Pesquisa e desenvolvimento

129 Clusters criativos

141 Publicidade e propaganda

132 SETORES DA ECONOMIA CRIATIVA Papel das atividades criativas e seus indicadores

144 referências globais Grandes metrópoles apostam na criatividade para crescer

132 Arquitetura e design

146 Berlim

133 Artes performáticas

148 Buenos Aires

134 Artes visuais, plásticas e escrita

150 Londres

135 Artesanato

151 Amsterdã

135 Audiovisual

152 Montreal

136 Edição e impressão

153 Barcelona

137 Ensino e cultura www.analise.com

São Paulo OUTLOOK

125


iniciativas

Games

EMPRESAS INVESTEM EM JOGOS E APLICATIVOS MÓVEIS

I

mportante polo de desenvolvimento de jogos eletrônicos, São Paulo agora está atenta também às exigências que surgem com o crescimento de novas mídias. O desenvolvimento de aplicativos móveis é a grande tendência para os próximos anos, tanto para jogos como para ferramentas de trabalho. São Paulo tem, pelo menos, dez grandes empresas trabalhando no desenvolvimento de aplicativos para tablets e smartphones. Cerca de três mil profissionais estavam diretamente envolvidos no desenvolvimento de games e outros aplicativos só na cidade de São Paulo, de acordo com dados de 2009 da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Foram identificadas 300 empresas locais atuando nesse ramo. Além dos profissionais de desenvolvimento de software, o setor de games também emprega designers gráficos e programadores visuais. Uma alteração na Lei Rouanet, em novembro de 2011, beneficiou o setor de games e o tornou ainda mais promissor. Por meio de uma portaria, os jogos eletrônicos passaram a ser reconhecidos como segmento cultural para o recebimento de doações e patrocínios. A demanda por desenvolvimentos de jogos também aumentou com as redes sociais. Os jogos costumam ser a porta de entrada das empresas no setor. Jogos populares têm a vantagem de já possuir regras preestabelecidas, que são transportadas para o mundo virtual. Com isso, as empresas conseguem criar musculatura e desenvolver a sua parte logística para poder se dedicar a novos segmentos. São Paulo se destaca pela quantidade de empresas desenvolvedoras de jogos e também pela quantidade de publicadoras. Os estúdios criam os jogos e as publicadoras cuidam do business, compram direitos e fazem tradução, se neces-

NOVAS MÍDIAS

3 mil 300

empresas atuam no ramo na capital

3 bi

de reais é o potencial do mercado de games no país

40 mi 12 bi

126

pessoas trabalham com games e aplicativos em SP

de consumidores é o mercado de games no Brasil de reais é quanto os games movimentam no mundo

São Paulo OUTLOOK

sário. Publicadoras de outros países estão abrindo escritórios na capital, de olho no mercado da América Latina. As empresas de tecnologia precisam atender, ainda, a uma nova demanda do mundo corporativo. Um nicho que está crescendo em São Paulo é o de jogos de aprendizado e treinamento. Em vez de reunir os funcionários e fazer apresentações em PowerPoint, empresas utilizam jogos para dar informações aos empregados. Também cresce a procura por advergames, estratégia de marketing que utiliza games para divulgar marcas e produtos. As agências de publicidade costumam terceirizar o desenvolvimento desses jogos para atender seus clientes. São Paulo concentra as principais agências do país, o que facilita as parcerias com empresas paulistanas de tecnologia. Além disso, os sites das empresas agora têm de ser adaptados para atender usuários de tablets e smartphones, o que requer trabalho de empresas especializadas. Com os tablets ganhando cada vez mais espaço, está crescendo o número de empresas que alugam esses aparelhos. Executivos não querem mais carregar laptops e pastas cheias de papéis; escolas levam o aparelho para a sala de aula; e até restaurantes estão trocando seus cardápios de papel pelos aparelhos. O cliente pode ver os pratos, seus ingredientes e fotos, mas ainda é o garçom quem anota o pedido. O próximo passo será o próprio cliente encaminhar seu pedido para a cozinha.

Centro cultural

INICIATIVA ATRAI JOVENS PARA ATIVIDADES CRIATIVAS

O

Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso (CCJ), administrado pela prefeitura de São Paulo, é considerado um caso bem-sucedido de política pública para a juventude. A iniciativa foi avaliada em levantamento feito pela Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap), sobre o impacto positivo de experiências paulistanas em setores da economia criativa. Erguido no local onde funcionava um sacolão, na Vila Nova Cachoeirinha, zona norte da capital, o centro cultural tem ajudado a difundir expressões culturais em uma região densamente povoada e desprovida de equipamentos de lazer. Com oficinas e atividades, consegue atrair jovens para atividades vinculadas à economia criativa. O centro foi criado em 2006, com a proposta de abrigar atividades gratuitas de cultura e lazer e também oferecer espaço para debater temas ligados ao universo jovem, como saúde, educação e emprego. Conta com biblioteca, anfiteatro, teatro de arena, acesso livre à internet de banda larga, laboratório de idiomas, estúdio para gravações musicais, ilhas de edição de vídeo e de áudio, ateliê de artes plásticas, sala de oficinas e galeria para exposições. O quadro de empregados é constituído de uma equipe jovem de monitores e por estagiários que frequentam aulas práticas e teóricas no Instituto Tomie Ohtake, centro cultural na zona oeste da capital, que mantém exposições e prowww.analise.com


DANILO VERPA/FOLHAPRESS

Show da banda Man or Astro-man na Virada Cultural, no centro de São Paulo: evento trouxe 1.000 atrações gratuitas gramas de ação educativa, com cursos e seminários. Cerca de 600 pessoas frequentam o centro cultural diariamente. Em 2009, foram realizados 497 eventos, com 80 mil vagas em várias oficinas. As atividades para aprendizado de idiomas e culturas estrangeiras estão entre as mais procuradas pelos frequentadores. Pesquisa realizada em 2010, com usuários do centro Ruth Cardoso, mostrou que 90% dos entrevistados consideravam bom ou ótimo o serviço, indicando que a iniciativa conseguiu se firmar como um espaço diferenciado para os jovens. A grande parcela dos usuários tem entre 19 e 29 anos, mas o centro também se tornou uma opção de cultura e lazer para menores de 18 anos que têm as tardes livres. O centro cultural tem passado por ajustes na programação e no modelo de gestão, para atender às necessidades e demandas dos frequentadores. Além de facilitar o acesso dos jovens a espaços artísticos e culturais, a intenção é dar qualificação ao mercado de trabalho em economia criativa. www.analise.com

APRENDIZADO E LAZER

600 54% 80 mil

pessoas frequentam o centro cultural por dia dos jovens vão ao espaço para acessar a internet vagas são oferecidas em oficinas de multimeios

48%

dos usuários têm menos de 18 anos

8 mil

m2 é a área do centro cultural

São Paulo OUTLOOK

127


iniciativas

Virada Cultural

EVENTO PROMOVE CULTURA, GERA RECEITA E INCENTIVA TURISMO

O

impacto da Virada Cultural em São Paulo vai além da ampla oferta de atividades artísticas gratuitas durante 24 horas. O evento tem impacto econômico, com geração de receita, e afeta positivamente o turismo na cidade. Em 2012, foi realizada sua oitava edição, que reuniu quatro milhões de espectadores. O evento é promovido pela prefeitura desde 2005, uma vez por ano. Em 2012, ofereceu, durante as 24 horas ininterruptas de duração, 1,2 mil atrações, entre shows de música, teatro, circo e outras atividades culturais. Os espetáculos foram apresentados em 253 pontos diferentes da capital, incluindo palcos ao ar livre, centros culturais, cinemas e teatros, tanto durante o dia quanto atravessando a madrugada. Para atrair o público para o centro da cidade, a região concentra boa parte das grandes atrações. Em 2012, a Virada expandiu sua área na região central, com pistas de dança no bairro Nova Luz, e barracas de chefs de cozinha renomados instaladas no Elevado Costa e Silva, na zona oeste. Na edição de 2009, avaliada por estudo da Fundap, as despesas da prefeitura de São Paulo com a realização do evento foram de 4,8 milhões de reais. Houve, ainda, investimentos de 400 mil reais, feitos pelo governo do estado e pelo Serviço Social do Comércio (Sesc). O evento tem mobilizado visitantes tanto do interior de São Paulo como de outros estados. Em 2009, a Virada Cultural atraiu 400 mil turistas, sendo que 59,9% deles vieram para São Paulo em razão do evento. A média de gastos dos turistas na cidade foi de 349 reais, entre hospedagem, alimentação, transporte e compras. Isso significa, que os visitantes deixaram na cidade 83 milhões de reais durante a realização da Virada Cultural. Uma pesquisa foi realizada durante a Virada Cultural em 2011, para traçar o perfil do público e avaliar o evento. O levantamento foi coordenado pela equipe do Observatório de Turismo, da São Paulo Turismo (SPTuris). De acordo com a pesquisa, 9,7% do público é formado por pessoas de fora da cidade, sendo 99,4% desses visitantes de outros estados brasileiros, principalmente do Rio de Janeiro, Santa Catarina, Minas Gerais e Bahia. Há ainda, participantes que vêm de cidades do interior do estado de São Paulo, como Campinas, Limeira, Jundiaí, Sorocaba e Bragança Paulista. Metade dos visitantes mostrou interesse em ficar mais tempo na cidade, sendo que 51,9% deles queriam aproveitar as opções de lazer que a capital oferece. A programação noturna foi citada por 54,5% dos entrevistados. De acordo com a pesquisa da SPTuris, a Virada Cultural tem grande repercussão nas redes sociais. Em 2011, houve quase 98 mil menções ao evento entre os dias 11 e 18 de abril, sendo 78,3% no Twitter. A repercussão desses posts atingiu 90,5 milhões de usuários da rede. A movimentação financeira não se limita à contratação dos grupos de música, companhias de atores e demais artistas envolvidos com as apresentações simultâneas da Virada Cultural. Para que um megaevento desse porte ocorra de

128

São Paulo OUTLOOK

forma bem-sucedida, há um grande trabalho de produção que envolve centenas de profissionais de diversos setores. Na edição de 2011, o trabalho de estrutura e logística envolveu 700 pessoas, entre contratados para limpeza, bombeiros e carregadores. Para a produção das atrações e dos palcos foram chamados 250 colaboradores e 150 montadores. Cerca de 300 técnicos supervisionaram o som, a luz, e as projeção dos espetáculos. Só no centro foram instalados 12 telões. Para atender à demanda por energia elétrica, foram necessários 56 geradores. O megaevento também exige um plano estratégico de segurança e atendimento médico. Foi criada uma base de coordenação, com mapeamento de toda a área da Virada. Dessa central, foram controlados 250 brigadistas e o deslocamento das 38 ambulâncias e 15 Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) móveis. Postos de policiamento e quatro postos médicos também foram instalados em pontos de maior movimento para atendimento do público. Além de policiais militares e agentes da Guarda Civil Metropolitana, cerca de 900 seguranças particulares trabalharam no evento. O sucesso da iniciativa motivou a criação de outros dois eventos realizados uma vez por ano durante 24 horas: a Virada Esportiva, com atividades gratuitas de várias modalidades de esportes, e a Virada Sustentável, com atrações culturais e de lazer sobre o meio ambiente. A Virada Esportiva, que chegou à quinta edição em 2011, atraiu 3,5 milhões de participantes, número recorde desde a criação da iniciativa. Foram, ao todo, 2,5 mil atividades esportivas, espalhadas por mil pontos diferentes da cidade. Houve, ainda, 18 atrações para crianças no projeto chamado de Viradinha Esportiva. Além disso, cerca de 500 mil pessoas participaram da primeira edição da Virada Sustentável em 2011. A programação contou com 480 atrações, em 78 espaços espalhados pela capital.  0

24 HORAS DE ARTE E DIVERSÃO

400 mil

turistas são atraídos pela Virada Cultural

98 mil

menções ao evento foram feitas em redes sociais

4,8 mi

de reais foram investidos pela prefeitura*

83 mi 52,3%

de reais foi o gasto dos turistas na capital* dos turistas mostraram interesse em ficar mais

* em 2009

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maria do carmo/folhapress

iniciativas

Tablets substituem cardápios em restaurante paulistanos: gastronomia na cidade emprega 14 mil pessoas

Bairros se tornam clusters criativos Concentração de empresas ajuda a renovar áreas que estavam degradadas e transforma distritos da capital em circuitos alternativos de arte e cultura

A

instalação de atividades criativas ajuda a mudar o perfil dos bairros nos quais elas se concentram. O bairro da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, é um exemplo dessa transformação. Antiga região industrial, os velhos galpões começaram a dar lugar a galerias de arte, ateliês, baladas e escritórios ligados a profissões criativas, como arquitetura e design. O renascimento do bairro como circuito cultural alternativo é explicado pela combinação de oferta de terrenos com preços menores do que no centro, fácil acesso pelo metrô e localização estratégica entre a Marginal do Tietê e bairros nobres, como Higienópolis. A região conta, ainda, com importantes centros culturais, como o Memorial da América Latina e o Theatro São Pedro. Um plano urbanístico prevê o adensamento populacional às margens da malha ferroviária que corta a região. O projeto de reurbanização prevê 60 mil moradores a mais no bairro no prazo de 15 anos. A região da Praça da República, no centro da cidade, também está se consolidando como uma área de teatro alternativo e bares com shows musicais. Nos anos 1960, a região concentrava joalherias, agências de viagens e

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era frequentada por artistas da MPB. Foi perdendo o prestígio e entrou em decadência. Entre 1980 e os anos 2000, perdeu 13 mil de seus 61 mil moradores. O renascimento cultural começou a trazer esses moradores de volta a partir de 2007. Um dos cartõespostais da cidade, o edifício Copan, superou o processo de degradação enfrentado nos 1970 e o perfil de seus moradores mudou. Hoje é endereço procurado por artistas, arquitetos e outros profissionais criativos interessados em morar no centro, que conta com rede de transporte eficiente e cada vez mais opções culturais. Outro edifício que se destaca na região é Louvre, projetado pelo arquiteto Artacho Jurado. Em 2011, a Biblioteca Mário de Andrade reabriu, após reforma que recuperou sua fachada, seus móveis e restaurou o acervo. A Mário de Andrade é a segunda maior biblioteca pública do Brasil e recebe cerca de mil usuários por dia. A seu lado, fica a Praça Dom José Gaspar, que tem bares e rodas de samba aos sábados. O bairro da Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo, também está passando por um processo de mudança. A área industrial se transformou em um polo de produção cinematográfica, com a instalação de empresas de vídeo, estúdios e escritórios de fotógrafos e de profissionais multimídia. O distrito audiovisual já foi até apelidado de Sampaullywood.

São Paulo OUTLOOK

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SETORES CRIATIVos Arquitetura e design

Caio Esteves/Folhapress

ESCRITÓRIOS PAULISTANOS IMPRIMEM sua MARCA E CRIAM GRIFES O SETOR EM SP número de Profissionais FATIA DOS EMPREGOS CRIATIVOS número de Empresas FATIA das EMPRESAS CRIATIVAS

16 mil 7,7% 803 9,5%

A

cidade de São Paulo formou alguns dos arquitetos mais influentes do país nas últimas décadas, que ajudaram a moldar a capital e o Brasil com suas criações. Esses profissionais também têm deixado sua marca no exterior, convidados para planejar edifícios, bares e hotéis. Mais recentemente, uma nova geração de arquitetos paulistanos começou a chamar a atenção pela inovação dos projetos e pelos métodos construtivos. Um exemplo de sucesso é Arthur Casas, formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Mackenzie de São Paulo. Ele mantém escritório na capital paulista e em Nova York. Entre seus trabalhos de destaque, Casas assinou o projeto do World Bar, em Nova York, e do restaurante C-House, em Chicago. Em 2012, foi tema de reportagem da revista francesa Artravel. Já o paulistano Ruy Ohtake tem entre seus trabalhos desde o hotel Unique, um dos mais luxuosos da cidade, até conjuntos habitacionais na favela de Heliópolis, uma das maiores de São Paulo. Assim como Ohtake e Casas, outros escritórios de arquitetura de São Paulo têm sido procurados para desenvolver projetos no exterior. O escritório Anastassiadis Arquitetos ampliou sua área de atuação para o mercado internacional em 2000. A arquiteta Patrícia Anastassiadis já foi contratada para projetos em Portugal, Espanha, Angola e Estados Unidos. Com sede na cidade de São Paulo, a Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (AsBEA) iniciou a promoção da arquitetura brasileira no exterior. Uma das iniciativas é a criação de um portal internacional, com um catálogo virtual dos principais escritórios e seus projetos. As ações têm

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São Paulo OUTLOOK

Hotel Unique em São Paulo, projeto do arquiteto Ruy Ohtake: cidade conta com mais de 800 escritórios de arquitetura, quase 10% das empresas criativas apoio da Apex-Brasil, agência de fomento à exportação federal. Em 2011, sete escritórios da nova geração da arquitetura paulistana expuseram seus projetos em Nova York, dentro do programa New Practices (Novas Práticas, em tradução livre) desenvolvido pelo American Institute of Architects (AIA). O convite para a mostra surgiu depois que um representante do instituto esteve em São Paulo, surpreendeu-se com o que viu e considerou que os novos escritórios paulistanos, com menos de dez anos de atividades, têm muito a ensinar, principalmente no que diz respeito a métodos construtivos. O setor de arquitetura e design responde por 7,7% dos empregos criativos da capital paulista. São cerca de 16 mil profissionais – entre arquitetos, urbanistas, designers e decoradores

– em mais de 800 escritórios paulistanos, que representam quase 10% de todas as empresas criativas do município, segundo levantamento divulgado em 2012 pela Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap), com dados de 2009. Em número de empregos criativos, é o quarto setor mais relevante, atrás de informática, ensino e audiovisual. O estudo da Fundap considera que a classe de atividades inclui serviços de arquitetura e produção de maquetes. No caso do design, são classificados como atividades criativas a decoração de interiores, trabalhos com jóias como lapidação de gemas e fabricação de ourivesaria, e design de mobiliário. Os bairros com maior número de empresas são Pinheiros, na zona oeste, Jardim Paulista, Itaim Bibi e Moema, na zona sul. www.analise.com


SETORES CRIATIVos

Artes performáticas

efervescência cultural é alimentada por shows e peças O SETOR EM SP número de Profissionais FATIA DOS EMPREGOS CRIATIVOS número de Empresas FATIA das EMPRESAS CRIATIVAS

1,7 mil 0,8% 466 5,5%

O

em grandes shows do Cirque du Soleil. A capital está incluída na turnê internacional da trupe franco-canadense. A temporada de 2011, a quarta montagem do Cirque du Soleil em São Paulo, atraiu 250 mil espectadores. O Carnaval paulistano ganha cada vez mais destaque e tem atraído mais turistas ano a ano. Em 2012, reuniu público de 110 mil pessoas no Sambódromo, sendo 10,3% turistas. O investimento na produção artística, como fantasias e alegorias, foi de 35,3 milhões de reais, 31,2% superior a 2011. São consideradas criativas as empresas do setor que atuam nos ramos de artes cênicas e espetáculos, como produção de peças de teatro, musicais, shows circenses e eventos populares. Fazem parte dessa categoria não apenas os espetáculos em si, mas também as atividades de gestão de espaços em que eles acontecem, como teatros. Também estão englobadas as atividades como clubes literários e associações de colecionadores.

tuca vieira/folhapress

setor de artes performáticas é um dos que mais contribuem para a efervescência cultural da cidade, com sua grande oferta de shows e espetáculos. Além das peças de teatro, que vão de grandes montagens a apresentações de grupos alternativos, os palcos da cidade, cada vez mais, dão espaço aos musicais, o que fez São Paulo ganhar o título de Broadway brasileira. Há, ainda, as festas populares, como o Carnaval, que têm recebido mais investimento e atraído um público maior ano a ano. São Paulo oferece cerca de 600 peças teatrais por ano. Conta com 280 salas de teatro e sete casas para gran-

des espetáculos. Há espaços para textos clássicos e experimentações. Com 54 anos de atividade, o Teatro Oficina é um dos destaques da atividade artística paulistana. O grupo ajudou a revolucionar a dramaturgia brasileira com montagens polêmicas, com várias horas de duração e participação do público. Em 2011, encenou a Macumba Antropófaga, inspirada no Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade. Os grandes musicais caíram no gosto dos paulistanos e se tornaram destaque na cena teatral da cidade. Em 2012, entraram em cartaz grandes produções, como Priscila, Rainha do Deserto, que chegou à capital paulista depois de passar por Nova York, Austrália e Londres. A Família Addams, Um Violonista no Telhado, Hair e Tim Maia – Vale Tudo também foram aplaudidos pelo público da capital. A tradição circense se mantém viva na cidade, seja por meio de apresentações de pequenas companhias, que resgatam histórias do picadeiro, como

Teatro Municipal, no centro de São Paulo: reforma do principal palco da capital em 2011 custou 28 milhões de reais www.analise.com

São Paulo OUTLOOK

133


SETORES CRIATIVos

Artes visuais, plásticas e escrita

ESPAÇO PARA ACOLHER as CRIAÇÕES DE VÁRIAS LINGUAGENS número de Profissionais FATIA DOS EMPREGOS CRIATIVOS número de Empresas FATIA das EMPRESAS CRIATIVAS

2,8 mil 2% 540 6,4%

D

o grafite de rua às obras de artistas consagrados expostas em galerias, São Paulo abre espaço para as mais variadas criações artísticas. São Paulo tem um importante mercado de arte. É sede da Bienal de Arte Contemporânea e realizou, em 2012, a oitava edição da SP-Arte, que colocou a cidade no circuito internacional de feiras de artes. O grafite, antes visto como vandalismo, conquistou status de arte e conta com galerias especializadas, que convivem com casas renomadas e tradicionais. Uma tela da artista Beatriz Milhazes, representada pela Fortes Vilaça, foi colocada à venda por 5,5 milhões de reais na SPArte. Desde 2010, 20 galerias foram abertas na capital. A Bienal de Arte Contemporânea, que tem sede na cidade, é uma das mais importantes do mundo. Desde que foi criada, em 1951, já recebeu mais de sete milhões de visitantes e contou com a participação de mais de 13 mil artistas. Em 2012, será realizada a 30ª edição do evento. A SP-Arte, principal feira de arte do país, triplicou de tamanho desde que foi criada, em 2005. Em maio de 2012, foi realizada a oitava edição do evento, com 110 galerias, sendo 27 estrangeiras. O público superou as expectativas e passou de 20 mil pessoas. A feira inspirou o surgimento de outros dois eventos similares e a criação da Associação Brasileira de Arte Contemporânea (Abact). Pesquisa da associação mostra que dos 18,6 milhões de dólares exportados pelas galerias em 2011, 16,4 milhões de dólares foram negociados pelas casas paulistanas. A arte contemporânea brasileira tem sido cada vez mais solicitada no exterior e São Paulo também produz ar-

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São Paulo OUTLOOK

tistas globais. Os irmãos Humberto e Fernando Campana são os únicos brasileiros com peças expostas no MoMa, em Nova York, e no Museu de Artes Decorativas, de Paris. Além de gostar de testar novos materiais nas suas criações, a dupla aposta na utilização de insumos sustentáveis em seus trabalhos de design. Os irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo, conhecidos como OsGêmeos, são outro exemplo disso. Eles foram criados no centro da cidade e iniciaram sua carreira com grafites nos muros paulistanos. Suas obras têm, agora, repercussão internacional. Em 2003, fizeram a primeira exposição-solo em São Francisco (EUA). Dois anos depois, seus trabalhos ganharam espaço na galeria Deitch Projects, de Nova York. Em São Paulo, fizeram mostra na Galeria Fortes Vilaça.

A Galeria Choque Cultural tornouse referência em cultura pop e arte urbana. Atenta às novas linguagens usadas pelos jovens, apresenta trabalhos de novos gêneros artísticos e foi uma das responsáveis pelo reconhecimento do grafite como arte. De acordo com a Fundap, são consideradas criativas no setor de Artes Visuais, Plásticas e Escrita as empresas que atuam no ramo de criação artística nas suas mais diferentes formas, como pintura, escultura, criação de desenho animado, escrita de textos técnicos e literários, e também fotografia. A capital paulista conta com 540 empresas na área, cerca de 6,4% das unidades criativas da cidade. Os bairros que registram maior concentração de empresas do setor são Pinheiros e Perdizes, na zona oeste, e Jardim Paulista e Itaim Bibi, na zona sul da capital. divulgação

O SETOR EM SP

A SP-Arte colocou a capital no circuito internacional de feiras de arte: a oitava edição do evento recebeu público de 20 mil pessoas, em 2012 www.analise.com


SETORES CRIATIVos

Artesanato

PRODUÇÃO ARTESANAL VARIADA É OPÇÃO A MAIS PARA COMPRAS O SETOR EM SP número de Profissionais FATIA DOS EMPREGOS CRIATIVOS

4,3 mil 2,1%

A

s feiras de artesanato fazem parte do roteiro turístico da capital paulista. Em uma cidade com tantas opções para compras, as feiras representam uma alternativa para quem busca produtos exclusivos e diferenciados. São, ao todo, 43 feiras realizadas nos fins de semana, com a produção dos artesãos da cidade. Uma das maiores é a da Praça da República, no centro, que começou a ser montada no fim dos anos 1950 e atualmente reúne mais de 600 expositores. A Feira da Liberdade é uma das mais tradicionais, realizada há 30 anos, no reduto da colônia oriental da cidade.

Entre os artigos vendidos, estão bijuterias, almofadas, luminárias japonesas e bonsais. Há, ainda, barracas de alimentação, com pratos típicos como yakisoba e tempurá. Além da feira de antiguidades do Masp, a Avenida Paulista conta ainda com a feira de artesanato do Parque Trianon, que oferece enfeites, objetos esculpidos em madeira e bijuterias, entre outros artigos. São considerados artesãos os profissionais que atuam como mosaístas, tecelões, joalheiros, entre outros que atendem aos critérios da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). O trabalho artesanal normalmente está ligado à produção de um profissional que atua sozinho ou em cooperativas, muitas vezes não formalizadas. Por isso, as classificações brasileiras de atividades econômicas não permitem definir o artesanato do ponto

de vista das empresas. Os bairros da capital que apresentam maior número de profissionais atuando na área de trabalhos artesanais são Bom Retiro e Sé, no centro, e Santo Amaro e Campo Belo, na zona sul. Além das produções artesanais tradicionais, vem se destacando um novo tipo de atividade, que utiliza materiais recicláveis. O chamado artesanato urbano reaproveita resíduos, como plástico e alumínio, para dar origem a novos objetos. A originalidade dos produtos que utilizam materiais reciclados é um dos diferenciais da Loja Social, que faz parte do Programa de Incentivo à Rede de Comércio Solidário, da prefeitura de São Paulo. Localizada no centro, a loja vende artigos criados por usuários da rede municipal de serviços assistenciais e entidades sociais.

Audiovisual

PAISAGENS PAULISTANAS SÃO CENÁRIO DE FILMES E NOVELAS O SETOR EM SP

16,2 mil FATIA DOS EMPREGOS CRIATIVOS 7,8% número de Empresas 723 FATIA das EMPRESAS CRIATIVAS 8,6% número de Profissionais

C

enário de filmes, novelas e peças publicitárias, a cidade de São Paulo tem um importante mercado audiovisual. Um conjunto de fatores favorece as gravações na capital: paisagens diversificadas, profissionais capacitados e bom parque técnico. As opções de cenários vão do antigo ao moderno, passando por favelas, construções de luxo e parques. Para desburocratizar a produção de filmes, a cidade conta com um órgão para facilitar o contato entre os produtores e o poder público. O auxílio do Escritório de Cinema (Ecine), criado pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, é opcional. Para filmar www.analise.com

na cidade é preciso solicitar alvará de autorização, pagar taxas pré-fixadas e comunicar a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) se o trânsito for afetado ou comprometido. Em 2010 e 2011, foram realizadas 50 filmagens na cidade em cada ano, incluindo curtas, longas e documentários. Entre os longa-metragens recentemente filmados na capital, estão 2 Coelhos, Ensaio sobre a Cegueira e Linha de Passe. No mercado internacional, São Paulo é valorizada por seus contrastes, podendo passar por cidade de Primeiro Mundo. De acordo com levantamento sobre economia criativa em São Paulo, realizado pela Fundap, os serviços ligados ao setor audiovisual abrangem, além da produção e exibição cinematográfica, as atividades de rádio e televisão e locação de vídeo. O setor engloba, ainda, a gravação de CD e DVD e a fabricação de instrumentos musicais, produzidos tanto artesanalmente como em larga escala por fábricas.

O setor possui, na cidade de São Paulo, 16.232 profissionais, entre cenógrafos, locutores, comentaristas, compositores, técnicos de áudio e vídeo, luthiers e músicos. Os vínculos formais de trabalho representam 7,8% dos empregos criativos da cidade. São Paulo possui 723 empresas do ramo audiovisual, concentradas, principalmente, nos distritos de Moema, Jardim Paulista e Itaim Bibi, na zona sul, e Pinheiros, na zona oeste. O número de unidades representa 8,6% das empresas criativas da capital. A região da Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo, transformou-se em um importante polo audiovisual da capital. A antiga área industrial deu lugar a grandes galpões que abrigam estúdios e centrais com equipamentos para filmagens e edição de som e imagem. A região foi escolhida pelas empresas devido à oferta de grandes terrenos e acesso fácil de caminhões de grande porte, necessários para o transporte de materiais. São Paulo OUTLOOK

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rogério montenegro/editora abril

SETORES CRIATIVos

Leitores em livraria na Avenida Paulista, zona oeste: setor editorial conta com 1,3 mil empresas na cidade

Edição e impressão

MERCADO EDITORIAL PRODUZ PARA O BRASIL E O EXTERIOR

D

o parque editorial paulistano saem publicações para todo o país e até para o exterior. Circulam na metrópole 21 jornais diários. Na área de revistas, são 220 títulos só entre as publicações filiadas ao Instituto Verificador de Circulação (IVC). Há revistas direcionadas para diferentes segmentos de leitores, especializadas em temas tão variados como pesca, automobilismo e decoração. Sete das dez revistas mais lidas do país são da Editora Abril, que fica na capital paulista. A Abril publicou 54 títulos em 2010, com circulação de 196 milhões de exemplares. A Abril Gráfica é a maior gráfica de revistas da América Latina em volume de produção. Outro destaque é a Editora Globo, que publicou 14 revistas em 2010, com 3,3 milhões de exemplares publicados por mês. Com sede em São Paulo, o Grupo Folha é um dos maiores conglomerados de mídia do país. Controla a Folha

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São Paulo OUTLOOK

de S. Paulo, jornal de maior circulação, e tem a maior gráfica comercial do Brasil, a Plural. O mercado de livros também é forte na capital paulista. A 22ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, prevista para ocorrer em agosto na cidade, tinha expectativa de receber 800 mil visitantes. Durante os 11 dias de evento, são apresentados os principais lançamentos editoriais e uma grande variedade de títulos. Além de juntar os representantes da cadeia produtiva do livro facilitando a realização de negócios, a programação cultural paralela atrai o público em geral, principalmente crianças e jovens. A criação de histórias em quadrinhos é um exemplo de sucesso. Os gibis da Turma da Mônica venderam mais de um bilhão de exemplares no Brasil e em 80 países até 2011. As aventuras da Mônica e seus amigos são lidas por crianças chinesas desde 2008. Mauricio de Sousa já criou 200 personagens

e tem 2,5 mil produtos licenciados. Seu estúdio é o quarto maior do mundo, com mais de 100 artistas, que produzem cerca de mil páginas de quadrinhos por mês. O setor de edição e impressão engloba as atividades da cadeia de produção de todos os tipos de material impresso, como livros, jornais e revistas. Também estão incluídos os serviços de agências de notícias, por causa da sua ligação direta com a produção de impressos e por ter profissionais com o mesmo perfil dos que atuam na edição de jornais e revistas.

O SETOR EM SP número de Profissionais FATIA DOS EMPREGOS CRIATIVOS número de Empresas FATIA das EMPRESAS CRIATIVAS

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15 mil 7,1% 1,3 mil 15,9%


SETORES CRIATIVos

Ensino e cultura

OFERTA DE CURSOS ATRAI ESTUDANTES E AMANTES DAS ARTES O SETOR EM SP número de Profissionais FATIA DOS EMPREGOS CRIATIVOS número de Empresas FATIA das EMPRESAS CRIATIVAS

15 mil 7,2% 662 7,8%

S

seis mil vagas em toda a cidade, com atividades como dança e capoeira, entre outras. Na zona oeste, fica o Tendal da Lapa, casa de cultura que funciona em galpões de um antigo entreposto de carnes, que conta com cursos de gêneros variados de dança, além de ensinar artes plásticas. No setor de ensino e cultura estão incluídas como criativas as atividades relacionadas ao ensino de arte e cultura, como cursos de dança, teatro, música e artes plásticas. Os bairros que mais concentram instituições de ensino e cultura são Moema, Vila Mariana, Itaim Bibi e Jardim Paulista, todos na zona sul da capital. São 662 instituições e escolas, que representam 7,8% das empresas com atividades criativas de São Paulo. Em relação ao lado ocupacional, trabalham na área 14.974 profissionais, entre professores e instrutores de cursos. Esse número corresponde a 7,2% dos empregos criativos da cidade.

Eduardo Knapp/Folhapress

ão Paulo se destaca pela oferta de cursos nas mais variadas áreas do conhecimento. Universidades, escolas especializadas e cursos livres atraem estudantes de várias partes do país e até do exterior. Quem quer aprender ou se aperfeiçoar em atividades ligadas às artes encontra várias opções na capital. O ensino de idiomas, que também se insere nas atividades consideradas criativas, está em franca expansão na cidade. Com a ascensão da classe C, motivada pelo bom momento econômico que o país atravessa, o investimento em educação é cada vez maior. Além

disso, a proximidade da realização da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, tem provocado aumento na procura por cursos de idiomas. A previsão é de que o setor de cursos de idiomas cresça de 30% a 40% ao ano até 2014. Os cursos de inglês e espanhol são os mais procurados, com muitas opções de duração e preços. Mas São Paulo se destaca também pela variedade de idiomas que se podem aprender por aqui. O Centro de Língua e Cultura Chinesa e o Instituto Mandarim Yuan De oferecem cursos de mandarim, língua bastante valorizada pelo mercado, graças ao bom momento chinês. Quem quer aprender russo, pode recorrer ao Clube de Cultura Russa ou ao Yázigi. A prefeitura também oferece opções gratuitas de cursos de idiomas nas 20 Casas de Cultura que existem na capital. São oferecidos cursos gratuitos de línguas, desenho, pintura e música. Nesses espaços são realizadas, ainda, oficinas que disponibilizam cerca de

Aula de trapézio em escola circense: capital tem grande oferta de escolas especializadas e cursos criativos www.analise.com

São Paulo OUTLOOK

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SETORES CRIATIVos

Gastronomia

PREMIAÇÃO CONFIRMA VOCAÇÃO DE CAPITAL DA BOA MESA

O

O SETOR EM SP

131 mil FATIA DOS EMPREGOS CRIATIVOS  2,85% número de Empresas  12,5 mil número de Profissionais

de botecos a casas contemporâneas com drinques e petiscos sofisticados. Tradicional ponto de encontro paulistano, as padarias estão cada vez mais diversificadas e sofisticadas. Além do pãozinho francês, oferecem lanches e refeições. São 3,2 estabelecimentos na capital, que vendem 10,4 milhões de pães diariamente. Quem não quer sair da comodidade da sua casa para comer fora também tem muitas opções. São dois mil serviços de entrega de comida em domicílio. Só de pizzarias, São Paulo tem 1,5 mil casas, que produzem um milhão de pizzas por dia. A cidade comemora até o Dia da Pizza, em 10 de julho.

O setor de restaurantes e outros serviços de alimentação e bebidas registra 140,5 mil empregos formais na cidade de São Paulo, participação de 3,04% no total da população empregada na capital. Embora a gastronomia não esteja relacionada como um dos setores criativos no levantamento realizado pela Fundap, a área é considerada um indicador de criatividade de cidades por sua capacidade de gerar novos produtos e serviços, sendo fomentada pela criatividade dos chefs. A Rede de Cidades Criativas, criada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), apresenta sete setores, sendo que um deles é a gastronomia. Atualmente, a rede é formada por 28 cidades, de quatro continentes. Mais de 20 outras cidades aguardam avaliação para se juntar à Rede de Cidades Criativas. São Paulo tem potencial para se integrar ao grupo como cidade da Gastronomia. zé carlos barretta/folhapress

que São Paulo, Copenhague, Modena e Madri têm em comum? As quatro cidades sediam um dos cinco melhores restaurantes do mundo, segundo o ranking da revista britânica Restaurant. Em 2012, o restaurante paulistano D.O.M, do chef Alex Atala, subiu da sétima para a quarta posição na lista. Foi a primeira vez que um restaurante latino-americano ficou entre os cinco melhores do mundo. A França, historicamente tida como um exemplo de boa culinária, não tem nenhum representante na lista dos dez mais. A premiação dá preferência a chefs inventivos e ousados. Outro restaurante paulistano melhorou sua colocação na lista. O Maní, de Heleza Rizzo e Daniel Redondo, passou do 74º lugar, em 2011, para a 51º posição. São Paulo conta com nada menos que 12,5 mil restaurantes, que representam 52 cozinhas de todo o mundo. Há, ainda, 15 mil bares, que vão

Ambiente interno da Taberna 474, na região central de São Paulo: cidade oferece mais de 27 mil bares e restaurantes

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São Paulo OUTLOOK

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SETORES CRIATIVos

Informática

SETOR DE TECNOLOGIA DETÉM 44,1% DOS EMPREGOS CRIATIVOS O SETOR EM SP número de Profissionais FATIA DOS EMPREGOS CRIATIVOS número de Empresas FATIA das EMPRESAS CRIATIVAS

92 mil 44,1% 2,4 mil 29,6%

O

setor de informática é o maior destaque na economia criativa paulistana. De acordo com levantamento realizado pela Fundap, a área ocupa o primeiro lugar no ranking de pessoal empregado em ocupações criativas. Quase a metade de todos os trabalhadores criativos da cidade está empregada em empresas ligadas à informática. Em 2009, havia 92 mil profissionais trabalhando, entre engenheiros de software, analistas de sistemas, programadores e técnicos de informática, totalizando 44,1% dos empregos criativos na capital. Uma combinação de fatores favo-

rece as empresas de tecnologia na capital paulista. Além de contar com importantes universidades e grande oferta de mão de obra especializada, a cidade favorece o intercâmbio e a parceria com empresas de outros setores. Em São Paulo, por exemplo, as empresas estão próximas do mercado publicitário, que tem investindo muito em conteúdo eletrônico para propagandas e buscam empresas parceiras. Um dos fatores que estimulam a abertura de empresas é o investimento baixo que o negócio exige, como central telefônica e computadores, porque parte do trabalho pode ser realizada remotamente. Um dos principais destaques do setor é a produção de games. Em São Paulo, estão localizadas as maiores empresas. Com a crise financeira internacional, a partir de 2011 empresas estrangeiras começaram a se interessar por investir na cidade. Grandes empresas abriram escritórios na capital, que servem de ba-

se para atuar no mercado brasileiro e da América Latina. Com o uso cada vez mais intenso da tecnologia, a tendência é que o setor continue em expansão. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB brasileiro cresceu 2,7% em 2011 em relação ao ano anterior, enquanto o setor de sistemas da informação foi o que teve maior crescimento, com 4,9%. A prefeitura de São Paulo está elaborando uma legislação para melhorar a competitividade das empresas sediadas na cidade de São Paulo em áreas como as de pesquisa tecnológica. A principal iniciativa é Lei Municipal de Inovação que pretende, entre outros projetos, cadastrar laboratórios de pesquisa parceiros, que atuariam juntos com pequenas empresas. O trabalho está sendo realizado pelo Conselho Municipal de Ciência, Tecnologia & Inovação, que já deu encaminhamento para a preparação de uma minuta.

Moda

CIDADE integra O CIRCUITO INTERNACIONAL DE DESFILES O SETOR EM SP número de Profissionais FATIA DOS EMPREGOS CRIATIVOS

8,4 mil 4%

A

São Paulo Fashion Week consolidou o calendário de moda e transformou a capital em um polo irradiador de tendências. Além de movimentar a cadeia produtiva do setor, gerar negócios e empregos, o evento tem caráter cultural. Com a SPFW, a capital passou a integrar o circuito internacional da moda, ao lado de Paris, Milão, Londres e Nova York. Com duas edições por ano, o evento reúne as criações dos mais renomados estilistas. A primeira semana de moda brasileira, realizada em 1996, teve quatro desfiles e público de 300 pessoas. Desde então, evolui e se profissionalizou. São realizadas duas edições www.analise.com

anuais, para apresentação das coleções primavera-verão e outono-inverno. Cada uma conta com cerca de 50 desfiles, acompanhados por 100 mil convidados, em média. Em 2008, o grupo foi comprado pela InBrands, holding de grifes de luxo. O negócio sinalizou a profissionalização e o crescimento do mercado. O evento movimenta cerca de 1,5 bilhão de reais na cidade. Cerca de 38 mil turistas, do Brasil e do exterior, vêm para São Paulo acompanhar o evento e deixam na cidade cerca de 85 milhões de reais. A SPFW recebe, a cada edição, cerca de 150 representantes de grandes redes de varejo da Europa, Estados Unidos, Oriente Médio e América Latina. Os investimentos em infraestrutura são de 11,7 milhões de reais por ano, mais 15 milhões de reais de investimentos diretos das grifes e estilistas. A produção do evento envolve quase

quatro mil profissionais de diferentes áreas, como transporte, segurança e iluminação, além de dois mil profissionais de imprensa, como cinegrafistas, jornalistas e fotógrafos. Os estilistas paulistanos fazem sucesso também no exterior. Carlos Miele já apresentou suas coleções nas semanas de moda de Nova York e de Londres. Alexandre Herchcovitch também participa do evento nova-iorquino e da semana de Paris. O setor de moda inclui os técnicos envolvidos no desenvolvimento dos produtos, costureiras, alfaiates, modelistas e os modelos que apresentam as peças e acessórios. Trabalham na área de moda 8.424 trabalhadores formais. Os bairros que apresentam a maior concentração de trabalhadores no setor são Barra Funda, na zona oeste, Bom Retiro e Brás, no centro, e Itaim Bibi, na zona sul. São Paulo OUTLOOK

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SETORES CRIATIVos

Patrimônio

SERVIÇOS DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO AJUDAM A PRESERVAR MEMÓRIA DA CIDADE O SETOR EM SP número de Profissionais FATIA DOS EMPREGOS CRIATIVOS número de Empresas FATIA das EMPRESAS CRIATIVAS

8 mil 3,9% 36 0,4%

S

ão Paulo foi fundada por padres jesuítas, em 1554, com o nome de Piratininga. Transformou-se na Província de São Paulo e hoje na metrópole de 11 milhões de habitantes. Da sua fundação, mantém as construções do Patio do Colégio, no centro. Várias outras edificações erguidas nos últimos 458 anos ajudam a contar a história do povoado que virou metrópole. São Paulo tem cerca de dois mil imóveis tombados. São Paulo conta com 110 museus e 131 bibliotecas. A história da cidade é preservada no Arquivo Histórico de São Paulo, que guarda os documentos considerados os mais antigos da América Latina, que são as Atas da Câmara de Santo André da Borda do Campo datado de 1555. A instituição mantém

sob custódia quatro milhões de documentos. É difícil precisar a data de criação do órgão, mas estima-se que tenha surgido em 7 de janeiro de 1899, com a instituição da Secretaria-Geral. Para a formação de profissionais, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) oferece o curso de Tecnologia de Conservação e Restauro, que forma especialistas para supervisionar trabalhos de proteção ao patrimônio histórico. A cidade também conta com a Escola Paulista de Restauro, que tem cursos profissionalizantes para a formação de mão de obra e cursos livres para quem quer se especializar no assunto. A Universidade de São Paulo (USP) mantém o Centro de Preservação Cultural, que trabalha com coleta, conservação e pesquisa de patrimônios culturais. São consideradas criativas no setor as atividades ligadas à preservação e conservação de bens, abrangendo bibliotecas, arquivos, museus e serviços de restauração artística. Também estão incluídos trabalhos de preservação de zoológicos, jardins botânicos e áreas de proteção ambiental.

Pesquisa e desenvolvimento

CAPITAL É CENTRO DE REFERÊNCIA EM PESQUISA CIENTÍFICA O SETOR EM SP

10,4 mil FATIA DOS EMPREGOS CRIATIVOS 5% número de Empresas 102 FATIA das EMPRESAS CRIATIVAS 1,2% número de Profissionais

A

cidade de São Paulo concentra as mais importantes universidades e centros de pesquisa do país. Apenas a Universidade de São Paulo (USP) responde por um quarto da produção científica do Brasil. A instituição figura entre os 70 centros de ensino superior com melhor reputação

140

São Paulo OUTLOOK

no mundo. No Instituto de Biociências da USP, o Centro de Estudos do Genoma Humano, que faz pesquisas sobre doenças genéticas e células-tronco, é referência na área. Na esfera privada, a cidade conta com polos de excelência. O Hospital Sírio-Libanês mantém centros de pesquisa na área de células-tronco, diagnóstico e tratamento de câncer, e dor. Além dele, o Hospital Albert Einstein também conta com um setor de pesquisa experimental. O setor de pesquisa e desenvolvimento está incluído entre as atividades consideradas criativas porque produz conhecimento, bens e serviços sobre

os quais incide propriedade intelectual. São consideradas como criativas, no setor de Pesquisa e Desenvolvimento, as empresas que atuam nos ramos de pesquisa em ciências físicas e naturais, como Medicina, Biologia, Física, Farmácia, Astronomia, Agronomia e Geociências, entre outras. Também abrange as pesquisas em Ciências Sociais e Humanas, como Sociologia, Economia, Psicologia, Direito, Linguística, Artes e Arqueologia. Dessa forma, engloba ainda a produção das instituições de pesquisa e laboratórios em todas as áreas de conhecimento. Na cidade de São Paulo, setor contabiliza 10.432 vínculos formais. www.analise.com


Fernando Donasci/Folhapress

SETORES CRIATIVos

Estátua de bronze na fachada do Teatro Municipal: patrimônio cultural da cidade tem 110 museus e 131 bibliotecas

Publicidade e propaganda

SEDE DE UMA DAS PUBLICIDADES MAIS PREMIADAS DO MUNDO O SETOR EM SP

19,6 mil FATIA DOS EMPREGOS CRIATIVOS 9,4% número de Empresas 1,2 mil FATIA das EMPRESAS CRIATIVAS 15% número de Profissionais

S

ão Paulo é a sede da publicidade brasileira. Em 2011, as agências nacionais receberam um número recorde de Leões no Festival de Cannes: ao todo, conquistaram 67 prêmios, sendo seis de ouro. Com escritório na zona sul da capital paulistana, a AlmapBBDO foi escolhida a agência www.analise.com

do ano pelo segundo ano consecutivo. As cinco maiores agências de publicidade globais – WPP, Omnicom, Publicis, Interpublic e Dentsu – possuem escritórios na cidade. Ao todo, a cidade de São Paulo possui 1,2 mil empresas de publicidade, cerca de 15% de todas as empresas criativas com sede no município, segundo dados do levantamento realizado em 2009 pela Fundap. Os bairros do Jardim Paulista, Itaim Bibi e Moema, na zona sul, e Pinheiros, na zona oeste, são os que mais concentram agências de publicidade. No ranking dos setores criativos que mais empregam, a publicidade ocupa o segundo lugar no município de São

Paulo, atrás apenas do segmento de informática e tecnologia da informação. São 19.633 profissionais formais entre agentes publicitários, analistas de pesquisa de mercado, redatores de publicidade e gerentes. O setor é composto de agências de publicidade e também inclui atividades diretamente relacionadas com a propaganda, como promoção de vendas, criação de estandes para feiras e consultoria. Os números de profissionais empregados pelo setor seria maior se fosse considerado os serviços relacionados à comercialização de espaço publicitário, mas eles são desconsiderados, por não representarem trabalho criativo.  0 São Paulo OUTLOOK

141


O MAPA DA CRIATIVIDADE PAULISTANA Entenda os motivos que fazem de São Paulo uma das capitais globais em artes visuais, gastronomia, entretenimento, cultura, moda e muitas outras áreas

EDUCAÇÃO

SÃO PAULO

11,2 milhões de habitantes 389 bilhões de reais do PIB em 2009 12% da riqueza produzida no Brasil 10% Economia Criativa no PIB

E

AD SID

ER

OP AR AC

RIA TIV

IDA

OR 26 25 24 23 23 22 21 20 19 18 17

Índice de vibração cultural avalia fatores como qualidade e variedade de apresentações teatrais, cinemas, gastronomia, entre outros. Fonte: PriceWhiterhouseCoopers.

142

São Paulo OUTLOOK

IVID ADE

ES PA Ç

A capital paulista possui as maiores colônias da Itália, do Japão, do Líbano e de Portugal.

PRINCIPAIS CIDADES DO MUNDO EM VIBRAÇÃO CULTURAL New York Londres Los Angeles Berlim Pequim Paris Tóquio San Francisco Sydney Chicago São Paulo

MENTOS

EPT

SUMID

N CO CO

Das 59 ruas de comércio especializado, a mais popular da capital é a 25 de março. A circulação diária chega a 1,5 milhão de pessoas em datas comemorativas.

E FINANCIA REC

DIV

420 milhões de reais.

PÚBLI

Mais de 21 milhões de pessoas foram às 240 salas de cinema da capital gerando

INCENTIVOS

DE

DESCENDENTES DAS MAIORES COLÔNIAS PAULISTANAS 6 milhões

O final dos anos 1990 marcou a chegada de imigrantes de países sul-americanos como Bolívia e Paraguai. São Paulo é a casa de 250 mil bolivianos e 80 mil paraguaios.

2 milhões 1 milhão 160 mil Italianos

Libaneses

www.analise.com

Japoneses Portugueses


Tecnologia é o curso mais popular entre os criativos, oferecido por 61 universidades paulistanas.

MAIOR PRODUÇÃO CIENTÍFICA NO MUNDO São Paulo 2003 2008

43 instituições graduam em Publicidade e Propaganda e o setor é referência em São Paulo. Além das 404 premiações em Cannes, a capital tem 43 das 50 maiores agências do país.

38ª cidade 17ª cidade

TOTAL DE PESQUISAS GLOBAIS Brasil 2003 2008

A Universidade de São Paulo é responsável pela maioria da produção científica em São Paulo e por 25% da brasileira.

1,3% 1,6%

Fonte: Academia de ciência britânica Royal Society.

12,5 milhões de reais será o investimento para construção de nove Fábricas de Cultura em São Paulo para abrir 1,4 mil vagas em ateliês culturais para crianças e jovens de 8 a 19 anos de idade.

$%

OS GRANDES EVENTOS AO AR LIVRE RECEBEM MILHÕES: A Parada do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais) chegou a 15ª edição com 4 milhões de participantes. A oitava Virada Cultural recebeu 4 milhões de pessoas. Quase 12 milhões de turistas visitam São Paulo por ano, 1,6 milhão de estrangeiros.

O SESC em São Paulo recebeu, em 2011, 17,5 milhões de pessoas nas suas 36 unidades. PRINCIPAIS DESTINOS DA LEI ROUANET EM 2011 Centro-Oeste: 2,9%, Sul: 11% 33 milhões de reais 124 milhões de reais VISITANTES NO MUNDO Em milhões de turistas 20 18

Londres

Paris

12

São Paulo

Norte: 0,4% 4,2 milhões de reais

Nordeste: 5,5%, 62 milhões de reais

Sudeste: 80,3% SP: 43%, 487 milhões de reais RJ: 28%, 315 milhões de reais

900 feiras de artesanato, arte e antiguidades acontecem em São Paulo. EXPOSITORES NA FEIRA DE ARTE SP ARTE 2005 2011

41 110

EVOLUÇÃO DE PÚBLICO DA SP ARTE Público em mil 15 12

20

7 A lei Cidade Limpa mudou em 2011 para permitir grafites e murais em fachadas de prédios.

www.analise.com

2006

2008

2010

São Paulo OUTLOOK

2012

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REferências Globais

Em busca

dos polos criativos Como algumas das principais metrópoles do globo estão investindo em atividades criativas para impulsionar o seu desenvolvimento

A

economia criativa é responsável por 7% de toda riqueza produzida no mundo e cresce, em média, 10% ao ano, segundo dados da Unctad, agência da Organização das Nações Unidas (ONU) responsável por comércio e desenvolvimento. Segundo avaliação do órgão, as atividades criativas também são pouco aproveitadas “desperdiçando o grande potencial de geração de recursos econômicos e de empregos da indústria, apesar da rica herança cultural e de uma base de talentos inexaurível”, além de proporcionar menor produção de lixo e poluição na comparação com segmentos mais tradicionais de atividade econômica, e contribuir para a reurbanização de regiões metropolitanas degradadas. O potencial de avanço e as vantagens dos segmentos criativos são atrativos que fizeram com que muitas cidades incluíssem uma política agressiva de incentivos em seu planejamento de longo prazo. Entre elas, algumas criaram modelos de desenvolvimento criativo – principalmente a partir de

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São Paulo OUTLOOK

meados da década de 1990 – servindo de exemplo para outras partes do mundo. Nas próximas páginas apresentamos seis desses exemplos que ganharam destaque. As experiências das cidades de Berlim, Buenos Aires, Londres, Amsterdã, Montreal e Barcelona indicam uma série de possíveis caminhos. Algumas cidades possuem leis de incentivo para os setores criativos e políticas públicas estabelecidas, enquanto outras agem mais apoiadas na iniciativa privada e contam com a força de empreendedores, empresas e segmentos econômicos inteiros que buscam financiamento e o estabelecimento de novos mercados. Independente da maneira, as consequências da guinada criativa são bastante interessantes para as cidades. Entre os vários efeitos colaterais positivos, especialmente se combinadas com outras políticas públicas, está a chegada e expansão das instituições de ensino e melhora na qualificação de mão de obra, a chegada de novos moradores e empresas que ajudam na recuperação de áreas degradadas, tudo isso colaborando para o difícil processo de reurbanização. O reforço em áreas próximas como turismo e o aumento de exportações de produtos e serviços criativos podem, também, justificar o esforço de mudança nas cidades. www.analise.com


juergen richter/getty images

REferências Globais

Casa Batló, do arquiteto Antoni Gaudí, na cidade espanhola de Barcelona: Olimpíada foi trampolim para revitalização www.analise.com

São Paulo OUTLOOK

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REferências Globais

Criatividade após a queda do muro a cidade Em números Habitantes PIB 2010 (US$) Economia criativa no pib

3,5 mi 126 bi 16%

A

queda do Muro de Berlim, em 1989, unificou uma cidade destruída. Os dois sistemas de governo que rachavam a mesma cidade geraram consequências econômicas nefastas para a capital alemã. A saída das tradicionais indústrias berlinenses, de setores como engenharia mecânica, máquinas e equipamentos e de alimentos, foi especialmente traumática. A década de 1990 viu a capital alemã conviver com o desemprego em massa. Estimativas apontam o desaparecimento de 300 mil a 400 mil postos de trabalho entre 1990 e 1995. Nesse momento, a cidade tomou uma decisão arriscada – buscar o futuro, em vez de resgatar o passado. O foco da reconstrução não estava em trazer de volta a Berlim de antes da Segunda Guerra Mundial, que viveu a pujança da indústria pesada, mas de uma metrópole criativa que conseguisse gerar resultados e trazer empregos investindo em iniciativas de setores quase ignorados anteriormente – como moda, design, música e artes. A guinada começou em 1997. Neste ano, os governantes da cidade criaram o Projekt Zukunft - Projeto Futuro, que contava com reduções e isenções de impostos, melhoria na infraestrutura da cidade e a criação de grupo multidisciplinar para aumentar a criação de empregos em nichos criativos interessantes para a cidade. Ainda que discretamente, o objetivo era, também, restaurar a aura da Berlim que, na década de 1920 e pouco antes da Segunda Guerra Mundial, era uma das capitais culturais da Europa e do mundo. De acordo com Eva Emenlauer-Blömers, diretora de projetos da Secretaria de Economia, Tecnologia e Pesqui-

146

São Paulo OUTLOOK

sa de Berlim e uma das diretoras do Projeto Futuro, o maior desafio era abrir espaço para outros setores, como tecnologia, comunicações e mídia, florescerem na cidade. “Berlim precisava fazer a transição do modelo industrial para a sociedade da informação, e foi nesse sentido que caminhamos”, acrescentou, falando em evento sobre economia criativa no Sesi em São Paulo, realizada em abril de 2012. Dividido em três grandes fases, o projeto começou com a modernização das entidades públicas berlinenses, entre 1997 e 1999. Escolas, hospitais e órgãos governamentais passaram por um processo de modernização com base em parcerias público-privadas e receberam novos equipamentos, especialmente hardware de informática para dar acesso à internet. Depois, de 2000 a 2003, entraram em vigor as políticas para o favorecimento da chegada de novas empresas da economia criativa na cidade e investimento em novas tecnologias, como televisão digital, segurança da informação e abertura de espaço para empresas como call-centers, produção multimídia, comércio eletrônico e governo eletrônico. A partir de 2004, o governo de Berlim passou a apostar na adoção de clusters: uma rede de fabricantes e fornecedores que atendem várias áreas de um mesmo nicho dentro da economia criativa, reforçando-se mutuamente.

Ao todo, as etapas consumiram 12 milhões de euros. Todas as fases foram acompanhadas pelo grupo de trabalho com profissionais de várias formações. O objetivo era garantir que, pela interdisciplinalidade, vários pontos de vista fossem abordados em busca da multiplicidade de visões. Depois de 14 anos em prática, o Projeto Futuro conseguiu resultados importantes – especialmente porque a mudança de gabinete não significou o seu abandono. O faturamento da economia criativa na cidade mais que dobrou, para 22,4 milhões de euros, 16% do total da receita bruta produzida pela cidade, enquanto as empresas quadruplicaram em número para chegar às atuais 30 mil corporações e os funcionários contratados pelo setor subiram de 65 mil para 222 mil no período. Hoje, 40% de todas as verbas públicas de Berlim são direcionadas diretamente para o cluster de economia criativa – seja em tecnologia, mídia, comunicação, design e outras. Um dos símbolos desse momento de retomada da capital alemã é o Velotaxi, uma evolução do indiano Rickshaw que combina design arrojado, melhoria do trânsito, geração de empregos e e o fato de ser sustentável ambientalmente. Ele é usado desde 2003 para transportar visitantes pelos pontos turísticos e marcos históricos de Berlim, aproveitando tanto a força do conduthomas peter/reuters

berlim

Galeria de arte em região central da cidade que passa por uma revitalização www.analise.com


Thomas peter/REUTERS

Designer em loja de chapéus no centro de Berlim: economia criativa foi responsável por gerar 22,4 bilhões de dólares tor – ele usa a energia das pedaladas – quanto um pequeno motor elétrico. O Velotaxi tem seu corpo formado por polietileno reciclado e conta com 21 marchas para aproveitar melhor o esforço do taxista/pedalador. Se o peso for demais, o motor elétrico entra em ação, e pode chegar à velocidades de 11 quilômetros/hora. Semana de moda alemã apoia novos estilistas — Um dos princi-

pais sucessos da Berlim criativa foi na criação da sua semana de moda. Concorrendo com competidores de porte, como as quatro maiores, Londres, Milão, Nova York e Paris, a capital alemã conseguiu ótimos resultados ao se focar mais na moda de rua, que poderia ser usada diariamente por seus habitantes, em vez da exploração em alta-costura, que marca as semanas dos rivais do mundo inteiro. O lema da semana berlinense tem sido o foco em www.analise.com

novos talentos e, a sua edição de 2012, parece mostrar que o direcionamento deu certo. O evento bateu recebeu 400 mil visitantes e gerou receita de 250 milhões de dólares, apresentando

40%

de todas as verbas públicas de Berlim são direcionadas para o cluster de economia criativa os novos entrantes no mercado que teriam dificuldade em aparecer em outras semanas, mas também recebendo as principais marcas do mundo. Hoje, o setor emprega cerca de 50 mil pes-

soas. Destas, há cerca de 600 estilistas que – apoiados pelo Projeto Futuro – tiveram o caminho facilitado para vender suas coleções nas redes varejistas berlinenses ou para abrir suas lojas próprias. O setor é alimentado pelas nove escolas de moda que existem na capital alemã, o que faz de Berlim a cidade com maior concentração de universidades para o tema na Europa e uma das cinco maiores do mundo. O foco em novos profissionais e empresas também abre espaço para que a semana de moda atue em temas problemáticos para o mundo fashion. Um dos principais tópicos da semana de moda de Berlim, em 2012, foi a ecofashion e design sustentável. A discussão sobre o consumo responsável em um setor que lucra com a compra por impulso é delicada, mas encontrou na capital da Alemanha um terreno fértil para exploração – e para o surgimento de novas empresas especializadas. São Paulo OUTLOOK

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REferências Globais

buenos aires   Design portenho como base da criatividade a cidade Em números Habitantes PIB 2010 (US$) Economia criativa no pib

12,8 mi 110 bi 10%

O

ça de uma estratégia que conseguiu revitalizar a área, que tinha uma série de prédios abandonados, ao garantir o influxo de profissionais criativos que abriram empresas e trouxeram novos negócios para a cidade. Apesar do relativo pouco tempo em prática, as políticas de economia criativa já conseguiram trazer uma série de empresas criativas para a região de Buenos Aires. “Em 2004, não havia nenhuma empresa de tecnologia naquela região. No fim de 2011 já eram 107”, afirma Avogadro, que ministrou palestra em evento de economia criativa no Sesi em São Paulo, em abril de 2012. “O sul de Buenos Aires é muito mais pobre que o restante da cidade, por isso estamos trabalhando em vários bairros para tentar trazer a renovação urbana que o centro de design gerou em Barracas”, acrescentou. Entre 2004 e 2009, último ano com detalhamento das indústrias criativas divulgado pela prefeitura, o setor registrou crescimento de 54%, taxa sergey rusakov/shutterstock

envolvimento de Buenos Aires com a economia criativa é recente, as políticas oficiais para o setor só começaram em meados da década de 2000. Ainda assim, em pouco menos de dez anos, eles já conseguiram 11 bilhões de dólares de faturamento criativo e a participação do setor no produto interno bruto duplicou, para chegar aos 10%. O coração do projeto criativo portenho é o Centro Metropolitano de De-

sign (CMD), inaugurado completamente no fim de 2010, e que consumiu 60 milhões de pesos (13,6 milhões de dólares) em nove anos de construção e reformas. O prédio de 14 mil metros quadrados substituiu o antigo mercado de peixe no bairro de Barracas, na empobrecida região sul da cidade, a poucos metros da principal favela da Argentina, a Villa 21, e do poluído Rio Riachuelo. Além do espaço dedicado ao design, o CMD também sedia o escritório de comércio exterior e indústrias criativas da prefeitura, 70 escritórios criados para incubação de empresas iniciantes (start-up criativas), salas de aula, biblioteca, auditório para eventos e apresentações, sala para exibições e uma cafeteria. Ao todo, 1,5 mil pessoas trabalham no prédio. Em pouco mais de um ano, conta Enrique Avogadro, diretor-geral de indústrias criativas e comércio exterior do governo de Buenos Aires e diretor responsável pelo centro de design da Argentina, o CMD foi a ponta de lan-

La Flor Gigante, marca do design em Buenos Aires: as empresas criativas geraram 11 bilhões de dólares em receita

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São Paulo OUTLOOK

www.analise.com


maior que os 39% de alta acumulados pela economia portenha no período. Em 2009, as indústrias criativas produziram, em Buenos Aires, 23 bilhões de pesos (5,2 bilhões de dólares), valor mais de três vezes maior do que os 7,1 bilhões de pesos (1,6 bilhões dólares) em 2004. Entre os setores criativos que mais cresceram no período de cinco anos estão audiovisiual (67%), serviços criativos e culturais relacionados (64%), editorial, gráfico e fonográfico (28%) e artes cênicas, fotografia e visuais (25%). Mas o CMD é só parte da estratégia de Buenos Aires rumo à economia criativa. Políticas de incentivos e isenções fiscais para esses setores da economia marcaram o início da busca pelas indústrias criativas na cidade argentina. O projeto atual de maior destaque é a multiplicação dos clusters por várias áreas da cidade. A estratégia, que combina economia criativa com remodelação urbana e incubação de novas empresas, aposta na oferta de isenção de uma série de impostos e nos subsídios oferecidos pelo Banco da Cidade de Buenos Aires para incentivar a chegada de empresas iniciantes. As startups conseguem apoio do banco para pagar metade dos custos das certificações de qualidade, por exemplo. A iniciativa começou com o cluster de tecnologia que trouxe, em pouco mais de dois anos, 80 empresas de TI criativas para a região de Parque Patricios. Com o objetivo de transformar Buenos Aires na capital latinoamericana de tecnologia, o cluster de TI espera empregar – no fim de 2012 30 mil pessoas. Atualmente, o cluster possui oito mil funcionários. O setor seguinte foi o de audiovisual. Em meados de 2010, o governo argentino aprovou a lei que exige que os canais de televisão argentinos dediquem três horas diárias à programação infantil e que metade desse total seja produzida na Argentina – o que reforçou a indústria audiovisual local, aumentou as exportações do setor, que chegaram a 500 milhões de dólares em 2010 e abriu espaço para a criação do distrito Audiovisual. Especificamente para o setor musical, o governo promove anualmente a Bafim - Buenos Aires Feria Internacional de la Musica. Iniwww.analise.com

Enrique Marcarian/reuters

REferências Globais

Casal dança na rua em Buenos Aires durante festival de tango a céu aberto ciada em 2006, a feira abriu espaço para que as 160 empresas locais fechassem negócios com as 84 companhias de música do mundo inteiro convidadas. Outro setor da economia criativa que teve a criação de um cluster apro-

9%

é a participação das indústrias criativas na oferta de empregos da cidade de Buenos Aires vada foi o de design que vai ser localizado ao redor do CMD em Barracas. “Estamos pensando a cidade para os próximos 50 anos. Queremos que a cidade compreenda que o compromisso criativo não pode ser apenas de um partido”, acrescenta Avogadro.

Capital do design – Em 2005, Bue-

nos Aires foi a primeira de dez cidades definidas pela Unesco, agência da Organização das Nações Unidas dedicada a iniciativas culturais e educacionais, como patrimônio do design. Dois anos depois, em 2007, a capital portenha recebeu novamente o título pela mesma agência. O capital humano é o principal responsável por isso. Os cursos de formação, tanto na graduação quanto na pós-graduação, explodiram em Buenos Aires, e estimativas dão conta de que há mais de 15 mil estudantes de design apenas nas universidades públicas da capital da Argentina, o que representa o maior contingente de estudantes do setor em qualquer parte do mundo. Além das escolas públicas, há ainda mais 30 centros privados de educação em design. É por isso que, hoje, os designers argentinos espalharam-se pelos bairros da cidade oferecendo novas maneiras de ver e produzir roupas, móveis, produtos industriais, brinquedos, produção editorial, entre outras atividades. São Paulo OUTLOOK

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REferências Globais

Andrew Winning/REUTERS

LONDRES  Berço da economia criativa a cidade Em números Habitantes PIB 2010 (US$) Economia criativa no pib

7,6 mi 694 bi 15%

L

ondres foi uma das primeiras cidades do mundo a adotar uma política estruturada de economia criativa. As primeiras iniciativas de redução e isenção de impostos para os nichos do setor começaram em 1997 e, hoje, a capital britânica colhe os resultados positivos . As criativas representam o segundo setor mais importante da sua economia, com 15% do total do gerenciamento do valor agregado (valor equivalente ao produto interno bruto, mas descartados os impostos), o que significou 32 bilhões de dólares em 2011. Hoje, a cidade concentra quase 40% de todas as empresas criativas do Reino Unido – 38 mil das 107 mil companhias inglesas do setor registradas em 2011. Londres acumula uma série de projetos criativos bem-sucedidos no setor que emprega, hoje, 400 mil pessoas. Entre os principais está a London Fashion Week. O evento bianual, uma das quatro maiores feiras de moda do mundo, teve o seu início em 1984 e faturou, em 2011, 162 milhões de dólares, além de ter apresentado 150 estilistas e recebeu mais de cinco mil compradores. Outra indústria criativa de grande sucesso em Londres é a audiovisual. O hub multimídia da cidade emprega 77 mil pessoas e gerou investimentos na cidade de 1,1 bilhão de dólares apenas para a produção de filmes. Londres ofereceu mais de 130 milhões de dólares de isenção de impostos entre 2008 e 2009 e conseguiu atrair blockbusters como Homem de Ferro e Sherlock Holmes. O setor começou a ser abordado diretamente no governo trabalhista com o secretário da Cultura Chris Smith em 1997 e, desde então, mais de 1,6

150

São Paulo OUTLOOK

Casa decorada com grafite em Londres: cidade é berço da economia criativa bilhão de dólares foi investido no setor. A maior alavanca de investimentos foi a National Lottery. Com a loteria, Londres conseguiu reformar e melhorar a infraestrutura de seus museus e galerias, como o Museu Britânico, o Museu de Ciência e a Tate Modern, e aumentar investimentos para a criatividade em teatros, como o Globe do Shakespeare, e nas suas companhias de teatro, ópera, orquestras e balé. Os projetos criativos em Londres também registram sucesso na reurbanização. A renovação das docas em Shoreditch, que já foi um polo portuário na cidade no século 19, garantiu que a região voltasse a ser importante no início do século 21 ao investir em empresas de tecnologia. O bairro passou a ser a sede de 15 companhias de alta tecnologia em 2008, número que saltou para 512 em 2011. Entre as empresas na região está a Last.fm. Há promessa de ainda mais desenvolvimento. Projeto do governo prevê, até 2015, financiamento com capital de risco de 200 milhões de libras para negócios com altas taxas de crescimento.

Novas oportunidades com os Jogos Olímpicos – Londres quer dar

mais um passo em economia criativa, desta vez aproveitando as Olimpíadas. Inspirada no exemplo de Barcelona, Londres quer aproveitar enxurrada de investimentos públicos e privados para acabar com o ciclo vicioso de abandono e de degradação que domina região leste da cidade: de um polo de indústrias pesadas no século 19 para se tornar um aglomerado de lojas de bugigangas e prédios abandonados. Com recursos de quatro bilhões de dólares, as obras para a preparação das Olimpíadas envolvem a construção do parque olímpico com 2,8 mil novos apartamentos que depois serão vendidos para atrair e estabelecer novos moradores para a região. A infraestrutura de transporte público também vai ser refeita com trens de alta velocidade saindo da estação internacional de Stratford para o continente europeu, novos serviços de trens internos saindo do parque olímpico e a linha de metro específica para a região – que só contava com os trens sobre a terra. www.analise.com


REferências Globais

Criatividade sustentável a cidade Em números Habitantes PIB 2010 (US$) Economia criativa no pib

790 mil 50 bi 4,5%

C

om uma participação da economia criativa no produto interno bruto menor que a de São Paulo, Amsterdã não parece ter os números que a qualificariam para estar entre as cidades-modelo no tema. A capital da Holanda só começou recentemente a atuar com projetos oficiais em economia criativa, apenas em 2007, e não dispõe da montanha de recursos financeiros com que os rivais europeus contam. A prática da economia criativa em Amsterdã mostra que resultados positivos podem acontecer mesmo assim. No início da política de benefícios e isenções fiscais para as empresas criativas em Amsterdã, o setor representava 2% do produto interno bruto da cidade – valor que mais do que dobrou em três anos para chegar aos 4,5% do PIB em comparação com os 10% de São Paulo – que adiciona o faturamento de setores como gastronomia, que não fazem parte da conta holandesa. Além do resultado em faturamento criativo, Amsterdã viu o número de empresas do setor duplicar para chegar a 2 mil companhias. Apenas em 2011, mais de 50 mil empregos foram gerados no segmento, aumento de 6% em relação a 2010. A marca que Amsterdã escolheu para os seus projetos criativos está na sustentabilidade ambiental. A semana de moda, que acontece duas vezes por ano na cidade, desencadeou uma série de iniciativas para levar as duas bandeiras – criatividade e sustentabilidade – pela cidade. O projeto Ecofab foi um dos que obtiveram os melhores resultados. Criado em 2010, ele foi pensado para reciclar roupas velhas via vários pontos de doação espalhados pela cidade. O Ecofab alimenta a economia www.analise.com

criativa ao conceder pontos por doação que podem ser trocados nas lojas de moda Ecofabs – que são alimentadas pelos estilistas que se apresentam na semana de moda. Outra iniciativa interessante é a competição de "moda verde". Primeiro projeto criado no mundo, o concurso iniciado em 2011 busca encontrar novos talentos e estimular o uso de tecidos sustentáveis. Entre os vários exemplos, a empresa de design Krejci ganhou destaque por recuperar pneus velhos que iriam para o lixo nas centenas de lojas de manutenção de bicicletas da capital holandesa – o maior polo de ciclovias do mundo. Depois de participar da Amsterdã Fashion Week, a Krejci conseguiu criar a sua loja online e entrar no mercado holandês. Os bons resultados levaram a empresa para feiras de design ao redor do mundo para apresentar as suas bolsas. A capital holandesa conta com um festival de filmes e documentários verdes, o Strawberry Earth. O evento anual apresenta películas sobre o tema e oferece seminários e palestras para

discutir maneiras de transformar a indústria audiovisual em uma atividade mais sustentável. O ponto alto do Strawberry Earth é o concurso “Filme Verde do Ano”, que premiou os realizadores de curtas-metragens de dez minutos com 20 mil euros. Moda verde – Os produtos verdes criados pela Fashion Week de Amsterdã já estão chegando ao mercado. O calçado ambientalmente sustentável, criado em 2011, é um dos principais exemplos. O tênis biodegradável desenvolvido na capital da Holanda ficou com o segundo lugar do Prêmio Green Fashion como produto inovador. Os calçados da marca OAT Shoes podem ser enterrados após o envelhecimento e, o melhor, não causam danos ao meio ambiente. Os tênis possuem sementes em seu solado, assim, ao ser enterrado e entrar em decomposição, o produto dá origem a uma árvore. Desde o seu lançamento, a coleção já faturou mais de 15 mil euros. O produto é vendido na internet e custa, em média, de 140 a 150 euros. Helen King /Latinstock

Amsterdã

Ciclista em Amsterdã: cidade é referência mundial em criatividade sustentável São Paulo OUTLOOK

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REferências Globais

Montreal   Tecnologia e ciência a cidade Em números Habitantes PIB 2010 (US$) Economia criativa no pib

3,8 mi 103 bi 14%

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ontreal apostou em tecnologia avançada para incorporar a economia criativa. As primeiras iniciativas começaram em meados da década de 1990 com a construção de um complexo com duas torres para abrigar as primeiras empresas de tecnologia e ciência. O projeto envolvia a oferta de isenção de impostos para as empresas que se mudassem para lá. Em 2005, 2,7 mil companhias destes setores foram atraídas para a área. Valor que subiu para cinco mil em 2010 e gerou um faturamento estimado de nove bilhões de dólares. Ao longo de duas décadas, o setor de tecnologia avançada, em Montreal, floresceu sob o nome Montréal Technopole e conseguiu ocupar uma área de 15 quarteirões, substituindo os prédios velhos e galpões abandonados por escritórios criativos. A partir de 2008, Montreal passou a ganhar destaque na produção de games, recebendo subsidiárias para o desenvolvimento de grandes empresas do setor, como Ubisoft, Eidos e Electronic Arts. Um dos principais atrativos para as companhias é a facilidade de encontrar mão de obra especializada, problema enfrentado pelos fabricantes de games em praticamente todos os mercados. Isso porque Montreal conta com mais de 15 cursos de pós-graduação em games. Está planejada para 2013 a primeira feira internacional de games na cidade, a Montreal Video World Games, que tem expectativa de atrair 50 mil visitantes e mais de dois mil participantes do setor, o que deve gerar negócios avaliados em oito milhões de dólares. A partir de 2012, a prefeitura de Montreal vai levar esse modelo de de-

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senvolvimento criativo para outra área: pesquisa e desenvolvimento científico. Para isso, serão investidos de dois bilhões de dólares até 2015 na criação do Quartier de l’innovation (distrito da inovação). O objetivo é criar um cluster composto de empresas privadas, universidades e entidades científicas para incentivar o aparecimento de novas tecnologias e start-ups inovadoras, facilitando o contato entre ciência, academia e negócios – inspirada pelo Vale do Silício californiano. Design é o próximo passo — O de-

sign tem a segunda maior fatia dentre os nichos da economia criativa de Montreal ao movimentar, em 2010, 750 milhões de dólares e empregar 22 mil pessoas. Os resultados foram ob-

tidos por conta de uma política para o design iniciada em 1991. Em 2006, foi criada a Secretaria de Design em Montreal, com políticas de isenção fiscal. Além disso, Montreal premia as melhores ideias em design na competição Commerce Design Montréal, criada em 1995, recebe a mostra internacional Montreal International Interior Design Show e tem, anualmente, em maio, o Mês do Design, com uma série de eventos. A dedicação gerou reconhecimento internacional. Em 2006, a cidade se tornou uma das dez escolhidas pela Unesco, agência da ONU dedicada a iniciativas culturais e educacionais. Desde então, Montreal se mantém como uma das dez cidades do design do mundo, acompanhada por Buenos Aires e a japonesa Nagoia.

Festival de jazz em Montreal em 2011: criativos faturaram 9 bilhões de dólares www.analise.com


REferências Globais

Barcelona Revitalização a partir das Olimpíadas a cidade Em números Habitantes PIB 2010 (US$) Economia criativa no pib

3,2 mi 177 bi 25%

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guinada criativa de Barcelona começa com os Jogos Olímpicos de 1992. A enxurrada de investimentos foi focada na mudança da infraestrutura da cidade, como a revitalização imobiliária na área de qua-

Perry Mastrovito /Latinstock

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tro milhões de quilômetros próxima das praias – antes repleta de galpões abandonados e fábricas de baixa produtividade. Depois de uma série de obras de reurbanização, com destaque para a construção de apartamentos olímpicos, a região ganhou outra aparência. A cidade de Barcelona – que em 2011 contava com cerca de 25% do seu PIB proveniente de atividades criativas – usou as Olimpíadas como um trampolim para iniciar um processo de recuperação de áreas degradadas da cidade, com foco na reforma de antigos bairros industriais por meio do incentivo à vinda de profissionais e empresas criativas. Os primeiros passos governamentais aconteceram em 1996 com uma série de políticas de isenção e redução de impostos para os vários nichos criativos. A cidade passou a destinar 8% de sua arrecadação total para as indústrias criativas, tanto nas várias entidades governamentais de apoio como via aportes diretos de capital de risco financiados pela própria prefeitura de Barcelona. Iniciado em 2000, o projeto @22Barcelona tornou-se uma referência mundial de revitalização urbana. Com foco no resgate de Poblenou – bairro industrial que sediou grandes fábricas até a década de 1970 e pode ser comparado ao Brás, em São Paulo – o governo da cidade espanhola investiu 180 milhões de euros para remodelar a área. No começo da iniciativa, eram cerca de 3,5 mil empresas instaladas na região. Em 2011, o número passou para mais de sete mil, sendo que 4,5 mil são empresas iniciantes, também conhecidas como start-ups. Estima-se que o bairro tenha recebido, desde 2000, 56 mil trabalhadores para atuar nas indústrias criativas, total que deve chegar aos 150 mil até 2015. A valorização da antiga área industrial gerou um efeito positivo já que o bairro de Poblenou sofreu um verdadeiro boom populacional: aumento de 26 mil moradores em 2000 para cerca de 90 mil em 2011. Com 12 anos de vida, o projeto segue na meta de transformar o local em um polo de criatividade e tecnologia. E a medida parece estar dando certo. O processo de revitalização atingiu mais de 70% do bairro de Poblenou. Nele, três em cada dez companhias são da

área de pesquisa científica, pesquisa e desenvolvimento ou tecnológica. O volume de atividade econômica dessas novas empresas chega a 12 bilhões de dólares por ano. De acordo com Jordi Pardo, coordenador do Laboratório de Turismo e Cultura de Barcelona Media, as Olimpíadas foram a base da mudança criativa que ainda está em curso na cidade. Ele ressalta, contudo, que os resultados positivos só foram atingidos porque os Jogos foram vinculados a uma visão de longo prazo. “Em vez de se priorizar uma zona olímpica, algo que acaba em poucos meses, trabalhamos para que toda a região se beneficiasse. E, mais importante, a personalidade de Barcelona foi respeitada”, destacou. A capital catalã quer levar o modelo de desenvolvimento urbanístico e econômico para bairros além de Poblenou. Com investimentos de 4,5 milhões de euros, projeto do governo quer ampliar os setores de logística e transporte da região oeste e leste da cidade catalã. A primeira fase da iniciativa pretende expandir o aeroporto internacional El Prat, integrar os demais meios de transporte da cidade com a estação Sagrera e ampliar a infraestrutura ferroviária. A ideia é transformar toda a cidade em um polo de inovação. Prefeitura investe em cobertura total de fibra óptica – A criati-

vidade em Barcelona agora ruma para a tecnologia. Em 2011, a prefeitura, em parceria com a Universidade da Catalunha e empresas privadas, investiu em fibra óptica para oferecer velocidade até dez vezes maior que o cabo tradicional. A expectativa é que toda a cidade esteja conectada com fibra óptica até o segundo semestre de 2012. O projeto surgiu no cluster de tecnologia da cidade. Criado em 2008, o cluster de TIC é um dos mais bemsucedidos em Barcelona e é coordenado pelo centro tecnológico Barcelona Digital. Combinando um centro de treinamento com incubadora de start-ups, ele possui, atualmente, 50 projetos de pesquisa e desenvolvimento nos setores de tecnologia voltada para a saúde, energia sustentável e meio ambiente. Ao todo, o projeto consumiu três milhões de euros.  0 São Paulo OUTLOOK

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CRIATIVOS

As histórias de profissionais de destaque que usaram a criatividade para construir carreiras e empresas de sucesso em São Paulo

O CARTUNISTA O cartunista Mauricio de Sousa começou sua carreira em 1954, como repórter policial da então Folha da Manhã. No centro de São Paulo, onde ficava a segunda maior redação de jornal do país, ele criou o bairro fictício do Limoeiro e a Turma da Mônica, grupo de personagens que pavimentaram o caminho para a criação do quarto maior estúdio de histórias em quadrinhos do mundo e o maior do Brasil. Em 1959, quando decidiu iniciar sua carreira como cartunista, participou da criação do suplemento in-

fantil da Folha de S. Paulo, a Folhinha, e do Estado de S. Paulo, os dois maiores jornais de circulação nacional. A Mauricio de Sousa Produções conta com cerca de 200 desenhistas, mais de 400 personagens, produção de desenhos animados para redes nacionais e internacionais, além do licenciamento de produtos. O estúdio também já abarcou parques temáticos e filmes de longa-metragem. Aos 76 anos e pai de dez filhos, Mauricio já viu suas criações ser traduzidas para mais de 50 idiomas.


Guilherme Gomes/Anรกlise Editorial


Claudio Rossi/Análise Editorial

OS CONSTRUTORES A cidade de São Paulo é uma metrópole de quase 12 milhões de habitantes, em crescimento constante, e nos últimos anos viu um salto na atividade imobiliária. Apenas em 2011, foram 30 bilhões de reais em vendas. A necessidade de renovação e construção de novas residências gera um crescimento urbano desordenado, fenômeno comum em centros de rápido crescimento e ampliação de renda. Otávio Zarvos (à esq.), proprietário e um dos criadores da incorporadora Idea!Zarvos, é um dos empresários pau-

listanos que desde 1990 está colocando um pouco de ordem no avanço urbano e, ao mesmo tempo, criando uma nova geração de edifícios para a cidade. Muitos dos projetos da empresa são assinados pelo arquiteto Isay Weinfeld (à dir.), reconhecido internacionalmente e vencedor de importantes prêmios, como o concedido pela revista inglesa Architectural Review. O edifício W305, na foto, é um desses projetos em conjunto, que fica no bairro da Vila Madalena, zona oeste de São Paulo.


Rodrigo Schmidt

Criativos paulistanos

OS MÚSICOS Entreter e educar crianças não é uma tarefa fácil, mas a Palavra Cantada sabe como tornar tudo muito mais divertido. Em quase 20 anos de carreira, Paulo Tatit e Sandra Peres criaram a marca, que se tornou referência em entretenimento infantil. A dupla tem mais de 12 prêmios no currículo, entre eles o de melhor CD infantil no Prêmio da Música Brasileira, em 2008. Mesmo antes do projeto, os sócios já trabalhavam com produção musical. Tatit integrou o Grupo Rumo, um dos www.analise.com

destaques na vanguarda paulista da década de 1980. Sandra era pianista e desde os 17 anos já se apresentava em concertos. Em 1994, eles decidiram se dedicar ao público infantil e criar músicas que respeitam a inteligência da criança e estimulam o seu aprendizado. Ao todo, foram produzidas mais de 150 músicas, 14 CDs e seis DVDs. Uma das canções da Palavra Cantada, Criança Não Trabalha, é resultado de uma parceria com o cantor e compositor Arnaldo Antunes.

Por trás de um pequeno fã de Palavra Cantada há sempre um pai ou uma mãe antenado, atento ao que seus filhos pensam, sentem e consomem

Paulo Tatit São Paulo OUTLOOK

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A economia criativa estimula os profissionais a aprimorarem seus trabalhos, além de ser uma ótima estratégia de desenvolvimento

Sergio Fahrer

OS DESIGNERS Os paulistanos Sergio Fahrer (à esq.) e seu irmão Jack estão entre os nomes mais expressivos do design contemporâneo brasileiro. Sergio ganhou os prêmios Bienal de Design, em 2006, e o IF Awards 2006/2007, pelo traço dos móveis que desenha em seu ateliê, na Vila Madalena, e produz em sua fábrica, na Barra Funda. Com 15 anos de experiência, seu trabalho é pautado pelo design orgânico e por usar madeira e outros materiais certificados. Sergio já expôs peças em feiras na Alemanha, Argentina, Estados Unidos, França e Inglaterra. Uma de suas principais criações é a cadeira Blues, feita com base em uma técnica de multilaminação da madeira. Em São Paulo, é possível encontrá-lo à tarde em sua loja na Vila Madalena, bairro que concentra grande parte das atividades criativas da cidade, com mais de 90 opções de lojas, ateliês e oficinas.

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Guilherme Gomes/Anรกlise Editorial

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Guilherme Gomes/Análise Editorial

Criativos paulistanos

O CURADOR Desde os anos 1980, boa parte das ruas de São Paulo se transformou em galerias abertas de arte, graças ao trabalho de grafiteiros como Alex Vallauri e Gustavo e Otávio Pandolfo, conhecidos como OsGêmeos. Recentemente, o grafite conquistou espaço em gale-

rias de arte especializadas, passou a ser valorizado como obra de arte e ganhou valor de mercado. Um dos primeiros espaços a incentivar e divulgar a arte de rua foi a Choque Cultural, fundada em 2003, em Pinheiros. Na galeria, as paredes nunca são brancas, a informa-

lidade é constante e os preços variam de 50 reais para gravuras a 50 mil reais para obras originais. Até 2011, 120 exposições foram realizadas no local. Um dos fundadores é Baixo Ribeiro, profissional de moda, apaixonado por skate, rock e grafite.

A Choque Cultural nasceu para conectar artistas e colecionadores. Com o colecionismo é possível incentivar a arte de rua e ampliar a produção

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Baixo Ribeiro São Paulo OUTLOOK

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Claudio Rossi/Análise Editorial

O PUBLICITÁRIO São Paulo concentra a sede das principais agências de publicidade nacionais e internacionais. E quando falamos nesse universo, Luiz Lara é um dos principais nomes a ser lembrados. Ao lado de Jaques Lewkowicz, fundou a Lew’Lara\TBWA, terceira agência que mais conquistou novos clientes em 2011, segundo levantamento do Meio & Mensagem. Responsável pelo posicionamento de grandes marcas, como Nokia, Banco Real e TIM, a Lew’Lara se associou à TBWA, do grupo Omnicom, e hoje conta com mais de 200 colaboradores. O executivo ainda preside a Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap), considerada a maior organização do setor na América Latina. Em 2012, Lara esteve à frente do V Congresso da Indústria da Comunicação, que reuniu líderes da área para discutir políticas e normas publicitárias.


A CONSULTORA seca Reis. Com 15 anos de experiência em administração, economia e cultura, ela decidiu estudar economia criativa e se tornou referência no assunto. Ana já participou de conferências em mais de 20 países e publicou diversas obras, entre elas, Economia da Cultura e Desenvolvimento Sus-

tentável - O Caleidoscópio da Cultura, vencedora do Prêmio Jabuti, em 2007. Além disso, fundou a Garimpo de Soluções, consultoria que viabiliza programas e negócios em economia, cultura e desenvolvimento. Também é consultora especial da ONU e professora da FGV-SP.

Cidades criativas têm três características: inovação nas soluções de problemas, conexões entre diversas áreas e cultura

Ana Carla Fonseca Reis

Guilherme Gomes/Análise Editorial

O conceito de economia criativa surgiu na Austrália, mas só ganhou popularidade no Reino Unido. No Brasil, a primeira menção foi no encontro promovido pela Unctad, agência da ONU focada em Comércio e Desenvolvimento. Uma das especialistas no tema é a paulistana Ana Carla Fon-


Fábio Guinalz/Fotoarena/Folhapress

O PRODUTOR Em menos de 20 anos, a São Paulo Fashion Week (SPFW) tornou-se a quinta maior semana de moda do mundo, ficando atrás apenas de Paris, Milão, Nova York e Londres. Com duas edições por ano, o evento apresenta mais de 60 estilistas, reúne quase um milhão de pessoas e fatura cerca de dois bilhões de reais. Um dos maiores responsáveis pela SPFW é Paulo Borges. Desde a sua primeira

edição, em 1993, com o nome Phytoervas Fashion, o evento deve as suas proporções atuais ao empenho do produtor. Borges nasceu em 1963, em São José do Rio Preto, cidade do interior de São Paulo, e começou a trabalhar com moda na revista Vogue. Hoje, é sócio do Grupo Luminosidade, empresa nascida em 1995, responsável pela produção da SPFW, do Hot Spot, do Fashion Rio e do Rio Summer.


Germano Luders

O EMPRESÁRIO São Paulo é o maior polo cultural do país, com mais de 90 mil eventos por ano. E um dos grandes responsáveis pela indústria do entretenimento na metrópole é Fernando Altério, diretor-presidente da Time For Fun. O empresário inspirou-se no Canecão, no Rio de Janeiro, e construiu a primeira grande casa de espetáculos da cidade, o antigo Palace. Também inaugurou o Credicard Hall, a maior casa de shows da América Latina, com capacidade para receber cerca de 4,5 mil pessoas. Altério foi o responsável por trazer grandes atrações internacionais para o Brasil, como U2, Pearl Jam, Roger Waters e Paul McCartney. Além de apresentações do Cirque du Soleil e grandes musicais da Broadway, como O Fantasma da Ópera. Em 2011, a T4F promoveu 396 apresentações ao vivo e vendeu mais de dois milhões de ingressos.

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Fernanda Calfat Studio/LatinContent/Getty Images

O EXPERT DA BELEZA Celso Kamura é um dos profissionais da beleza de maior destaque no Brasil. Com mais de 30 anos de carreira, ele coordena cerca de 140 pessoas em dois salões, um no Jardim Paulista, zona oeste de São Paulo, e outro na Galleria Shopping, em Campinas. Celso sabe como valorizar e produzir visuais de acordo com o estilo de vida, rotina e profissão dos clientes.

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Além de atender personalidades da televisão, do teatro e da música, foi o responsável pela mudança de visual da atual presidente do país. Desde 2010, o hair stylist valoriza a feminilidade de Dilma Rousseff, sem perder o tom de seriedade e firmeza. Além disso, também leva seu talento e experiência para as passarelas da São Paulo Fashion Week (SPFW), do Fashion Rio e editoriais de moda de diversas publicações. Celso possui ainda uma linha de beleza com produtos de maquiagem e para o cabelo.

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