Oficina
Cine Celular
Caderno de Apoio Campanha de Comunicação Social dos Parques Eólicos de São Bento Energia S.A.
ÍNDICE
Apresentação
2
Etapas da produção Audiovisual
4
Fotografia e Planos Angulação Iluminação Movimentos da câmera Estética Som e Trilha sonora Texto e Roteiro
Glossário Referências Anotações
6 12 13 15 17 19 21
25 28 30
apresentação Este é o seu guia prático da “Oficina Cine Celular”, material formativo da Segunda Campanha de Comunicação Social dos Parques Eólicos da São Bento Energia S.A.. Aqui você encontrará informações de apoio para a produção audiovisual em dispositivos móveis, ou seja, dicas de como produzir um vídeo pelo seu celular. As Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs) estão cada vez mais presentes em nossas vidas, possibilitando a produção e o consumo de informações de forma mais interativa. As NTICs podem ser entendidas como uma junção de recursos tecnológicos (softwares e hardwares, ou seja, programas e aparelhos) que modificam antigos processos comunicacionais e possibilitam outros novos. O celular é um exemplo. Nos últimos anos ele tem se popularizado no Brasil, tornando-se acessível à maior parte da população. No início eram aparelhos grandes, caros e poucas pessoas podiam ter. Com o passar dos anos, eles estão se tornando cada vez menores, agregando recursos como vídeo, foto, música, acesso à internet, microfone, dentre outros. Com estas possibilidades, o celular deixou de ser útil apenas para realizar chamadas telefônicas e passou a servir para o lazer (escutar música), para o trabalho (gravação de entrevistas) e para a produção de conteúdos (filmagens). A grande novidade das NTICs é que, através de plataformas de fácil uso (como as dos celulares), você pode tornar-se um produtor de conteúdo, deixando de ser um simples consumidor. Agora você não precisa contentar-se em ver um filme na televisão, você pode fazer um! E o melhor, sem grandes custos financeiros. Estas tecnologias de fácil acesso têm sido utilizadas na educação. Várias escolas já inserem o computador, a internet e os celulares no processo de ensino-aprendizagem. Outra grande vantagem é que elas potencializam a comunicação comunitária, isto é, a produção e o compartilhamento de cultura e informação por grupos que não têm voz na sociedade.
4
Antes, poucas pessoas podiam realizar filmes. Eram necessários equipamentos caros, equipes especializadas em imagem, som, luz e de uma sala de cinema para exibi-los. Agora, com as câmeras portáteis e os celulares, milhões de vídeos de qualidades diferenciadas são produzidos e compartilhados na internet por pessoas comuns. Essas pessoas eram apenas espectadores e passaram a ser também produtoras de conhecimento e informação. Assim, de espectador, as pessoas se tornaram produtoras de filmes e fotos, dividindo as impressões, o ponto de vista e a realidade da sua cidade ou do seu estado para milhões de pessoas no universo virtual, por correio eletrônico (e-mail) ou em DVD/CD. Toda esta popularização do acesso às ferramentas de produção de conteúdos e informações tem transformado as linguagens. O cinema e outros meios de comunicação de massa como televisão, os jornais impressos e o rádio têm passado por alterações significativas em suas dinâmicas com a chegada das novas mídias. E, para aproximar as realidades e as novas linguagens, apresentamos a você experiências teóricas e práticas sobre as novas tecnologias da informação e da comunicação por meio do “Caderno de Apoio Cine Celular”. Aqui você encontrará orientações importantes para realizar suas produções audiovisuais de forma intencional, prática e criativa.
Que bons ventos nos levem nessa nova jornada!
5
etapas da produção audiovisual Antes de tudo, para fazer um vídeo, você precisa ter uma ideia e escrever um roteiro, que significa detalhar cada cena a ser filmada. O roteirista deve indicar o local e o período do dia em que ocorrerão as gravações, a ação de cada personagem (se existirem), os objetos que aparecem na cena (árvore, telefone, comida) e as imagens que precisam ser captadas. No roteiro pode-se prever qual música será utilizada na cena e quais barulhos precisam ser captados. Posteriormente você terá mais detalhes de como é produzido um roteiro. A segunda etapa é a produção. O produtor faz a preparação para as gravações. Ele é o responsável por garantir a chegada de toda a equipe, personagens ou entrevistados no local de gravação, bem como dos equipamentos de filmagem. É ele quem vai conseguir os objetos necessários para a filmagem (como um chapéu que o personagem utilizará, por exemplo) e o cenário. Se o filme vai ser realizado na casa de alguém, é o produtor que precisa ir até lá, marcar a gravação e arrumar o local para as filmagens. A terceira etapa são as gravações. Nesta etapa são essenciais a presença do câmera, que vai fazer a gravação e do diretor, que é a pessoa responsável por colocar em cena aquilo que foi escrito no roteiro. É função do diretor transformar as descrições do roteirista em linguagem audiovisual, isto é, pensar quais os movimentos e planos de câmera devem ser utilizados para representar as ideias e os sentimentos da cena. Depois de tudo gravado, é hora da edição e finalização do vídeo. Esta última etapa é muito importante, pois é nela que o sentido geral do filme é formulado. Os planos são agrupados, dando lugar a uma história. É a hora em que se juntam todas as cenas, colocam-se as músicas, os ruídos e os efeitos especiais.
6
Nos vídeos amadores é comum que uma mesma pessoa desempenhe quase todas as funções ou que partilhe algumas funções com outras pessoas.
s C U R io
id a d e
Como explicamos logo acima, para produzir um filme são necessárias várias etapas, que vão desde a elaboração da ideia a ser filmada até a sua finalização. Estas etapas variam de acordo com o que se pretende filmar. Em uma produção audiovisual, você tem uma história e precisa escrevê-la com a linguagem do vídeo. Isso ficará fácil de compreender se você pensar nos planos de câmeras como palavras, nas sequências de imagens como frases e na junção das frases (que acontece na hora da edição) como o texto final.
veja como isto acontece:
Estrelado por Gene Kelly. Repare que, no filme, e especialmente na sucessão de imagens de Kelly cantando e dançando na chuva, há uma sequência de planos: o caminhar, o encontro com o policial e a despedida. Ou seja, a história contada em cenas uma após a outra.
Cantando na Chuva, Stanley Donen e Gene Kelly (1952, EUA).
7
FOTOGRAFIA e PLANOs Você sabia que os estudos de fotografia são a base do cinema e das produções audiovisuais? Quando falamos de fotografia, podemos pensar em uma linguagem que precisa relacionar o olhar, a imaginação e a habilidade técnica. É interessante pensarmos na fotografia como um desenho de duas dimensões: altura e largura. Uma terceira dimensão, a profundidade, pode ser criada de acordo com a organização dos elementos neste plano de altura e largura. Vários elementos influenciam no impacto e no significado da fotografia: a cor, a ausência de cor, o enquadramento, a disposição dos objetos e até mesmo o lugar para onde a pessoa fotografada está olhando. Composição e enquadramento são elementos fundamentais da fotografia. A composição tem a ver com a montagem do cenário ou paisagem que você quer fotografar. É o fotógrafo quem vai definir o conjunto de elementos que serão fotografados. Olhando para uma paisagem você pode pegar apenas uma árvore, várias árvores ou ainda as árvores e o céu. Já o enquadramento define de que forma os elementos de uma imagem estarão dispostos entre as quatro margens da fotografia.
Basicamente o enquadramento é a moldura da foto. E a composição é a mensagem que você gostaria de passar com a fotografia.
8
Algumas técnicas fotográficas podem ajudar você a dar ênfase às suas ideias e sentimentos.
Sebastião Salgado é um fotógrafo brasileiro que trabalha com fotografias em preto e branco. Marcada pelo olhar original e pela preocupação com a desigualdade social, suas fotos já conquistaram prêmios no Brasil e em todo o mundo.
Sebastião Salgado, "Trabalhadores", 1993. PRETO E BRANCO
Steve McCurry, “A menina-afegã: uma vida revelada”, 1984. RETRATO
A garota Afegã, foto de Steve McCurry, foi considerada a mais reconhecida da história da National Geographic, uma Site oficial de São Bento do Norte (RN) “Praia do Farol”. PAISAGEM
importante revista norte-americana.
9
Observe no box ao lado a aplicação da regra dos três terços e das linhas guias. imagem com a regra dos terços
A imagem ao lado pode ser dividida de forma imaginária em três partes iguais horizontais e três verticais (traçando um jogo da velha em cima da foto). Ao fotografar, coloque o tema e outros motivos de interesse nos pontos de interseção das linhas para deixá-los em destaque. Outro truque é buscar direcionar o olhar do espectador através de linhas guias. Na figura, os fios de eletricidade e a margem da estrada servem Gabriella Coutinho, 2012
como linhas que guiam o nosso olhar para o ônibus.
E como funcionam essas regras para o vídeo? No cinema, todos os enquadramentos realizados são denominados planos cinematográficos e dizem respeito à distância entre a câmera e o objeto filmado. Quanto mais próximo a câmera estiver do objeto filmado, mais fechado será o plano. E quanto mais longe do objeto filmado estiver a câmera, mais aberto será o plano. Existem diversas classificações para os tipos de planos. O mais importante é saber que eles podem mostrar desde uma perspectiva mais ampla da cena até um detalhe. Um plano geral evidencia, por exemplo, um jardim com as flores, árvores e passarinhos (plano aberto). Essa mesma cena poderia ser recortada, mostrado apenas um beija flor e uma flor (plano fechado). Observe as imagens ao lado, que pertencem ao filme Abril Despedaçado, de Walter Salles (2001, Brasil).
10
Plano Geral: mostra toda a cena. Tem uma função descritiva, apresentando para o espectador onde a história se desenvolve. Neste plano que aparece logo no início do filme, nos é apresentado o
Close: dá destaque para um objeto ou parte do corpo do personagem. Cria uma proximidade entre o personagem e o espectador. Tem um caráter mais subjetivo e dramático.
sertão brasileiro, onde vive o personagem Tonho (Rodrigo Santoro).
Plano médio: mostra os personagens da cintura para cima. É utilizado para dar ênfase no diálogo dos personagens.
Plano Aberto: Não mostra a cena toda, mas dá uma visão geral do personagem ou de um ambiente fechado.
O tipo de plano escolhido pode influenciar os espectadores e ressaltar elementos objetivos e subjetivos da cena. O audiovisual e a fotografia podem ser maneiras de guardar memórias, de se expressar artisticamente, de se fazer crítica social, política, ou até mesmo serem usados para diversão. Assim, podemos trabalhar elementos subjetivos ou objetivos de forma intencional, mostrando ou ocultando as situações que queremos.
11
Observe os planos abaixo, retirados de diferentes filmes, e pense sobre estas questões:
La Teta Assustada, Claudia Llosa (2008, Peru). Peacock, Michael Lander (2010, EUA) Terra Sonâmbula, Teresa Prata (2007, Moçambique)
LAGAAN: Once Upon a Time in India, Sachidanand Pathak (2001, India)
12
Terra Deu, Terra Come, Rodrigo Siqueira (2010, Brasil)
XXY, Lucía Puenzo (2007, Argentina)
CONTINUIDADE A continuidade de um vídeo significa a harmonia ou a narrativa que deve haver entre as diversas cenas que o compõem. Este elemento é essencial para a linguagem audiovisual. Sem ele o vídeo torna-se apenas uma série de cenas justapostas. Quando a continuidade de um filme é bem feita, o espectador, ao assisti-lo, chega a ter a impressão de que ele tem uma única cena, e isso faz parte do grande truque do cinema. Mas, fique atento! Nos vídeos celulares, a questão da continuidade pode ser diferente, afinal os vídeos são pequenos e muitas vezes podem ser finalizados sem um trabalho de montagem tão elaborado.
IDEIAS GERAIS SOBRE FOTOGRAFIA E PLANO NO VÍDEO Na hora da escolha dos
A fotografia no audiovisual dá lugar aos planos, que é uma à sequência de fotos que nos permitem ter a ideia de
planos, fique atento: é
movimento. Quando falamos de planos é como se pensássemos em que parte da cena vamos mostrar, é decidir o que
importante pensar que
mostrar e o que não mostrar. Tudo vai depender da ideia que você deseja construir e das sensações que você quer
eles serão encadeados
causar no seu espectador.
e, por isso, deve haver uma continuidade
Se você vai filmar uma árvore, isto pode ser feito de diferentes planos. Com a câmera bem próxima à árvore você pode
entre eles.
filmar o seu tronco e uma formiga que passeia por ele. Se você se posicionar um pouco mais longe dela, você pode pegar o tronco e as folhas. Se colocar a câmera ainda mais longe dela, poderá filmar o céu, a grama e toda a árvore.
13
ANGULAÇÃO A angulação é o ponto de vista criado pela câmera em relação ao objeto, e serve para criar diferentes tipos de impressões e sensações no espectador. Depois de decidir o que se pretende mostrar, ou seja, quais planos serão usados, você precisa pensar sob qual ângulo irá construir uma cena. Pense ainda no exemplo da árvore. Ela pode ser filmada de diferentes ângulos. Se quiser expressar na cena, a beleza e o balanço das folhas ao vento, pode se posicionar com a câmara bem abaixo da árvore, apontando a lente da câmera para a sua copa. Mas, se pretende filmar alguma cena que está se passando próximo ao tronco ou aos “pés” da árvore, como por exemplo, seu avô sentado numa cadeira à sombra, pode subir em seus galhos e filmar o que acontece lá embaixo. As fotos a seguir, do documentário Caramujo Flor, de Joel Pizzini, nos dão dois exemplos destes truques de ângulos. Mas lembrem-se,
use sua criatividade !
estas angulações não são regras, os sentidos de uma cena dependem de inúmeros fatores.
Contra Plongée (de cima para baixo): pode ser usado para enfatizar uma posição subalterna ou de sofrimento do personagem
Plongée (de baixo para
(oprimindo-o). Neste plano, retirado do
cima): um personagem
documentário Caramujo Flor, o contra
filmado de baixo para
plongée, enquadrando o homem o e
cima cria a impressão de
largato, coloca ambos no mesmo
que é maior e superior.
patamar, de animais rastejantes.
14
Caramujo Flor, Joel Pizzini (1998, Brasil)
ILUMINAÇÃO: ADICIONANDO LUZ À PRODUÇÃO... O cinema e a fotografia consistem, também, na harmonização de imagens através do contraste entre a luz e a sombra existentes na natureza ou criadas pelo homem. A iluminação é a matéria prima da fotografia e do vídeo, e pode ser utilizada de inúmeras formas, ajudando a criar o sentido o “clima” da cena. Você pode aproveitar a luz do sol ou iluminar os objetos/personagens artificialmente, seja com uma luminária de mesa ou com uma lanterna. O escuro e a iluminação fraca também podem ser estratégias interessantes para a filmagem.
As Cinzas de Ângela, Alan Parker (1999, EUA/Irlanda)
Glacial Inferno, Caetano Grippo (2011, Brasil)
Deus e o Diabo na Terra do Sol, Glauber Rocha (1964, Brasil)
Neste filme, a iluminação é elemento chave na narrativa, pois cria o tempo e as características dos personagens.
O filme Glacial Inferno trabalha o tema do exorcismo em preto e branco, dando mais dramaticidade ao assunto.
Em Deus e o Diabo na Terra do Sol, o cineasta Glauber Rocha utiliza uma luz quase “estourada” isto é, imagens muito claras. Isso serve para criar a sensação de luminosidade do sol no sertão nordestino.
15
Você pode também produzir efeitos e controlar a intensidade da luz ao colocar obstáculos entre ela e o objeto iluminado.
O papel manteiga colocado na frente da luz torna-a mais difusa e o papel celofane colorido pode produzir efeitos interessantes de cores, funcionando como filtros.
O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus, Terry Gilliam (2009, França/Reino Unido/Canadá).
Luz direta (ou luz dura): a luz atinge o assunto diretamente.
Luz difusa: a luz não incide diretamente sobre o objeto. Sua luminosidade pode ser difundida através da utilização de filtros ou rebatedores.
Abril Despedaçado, Walter Salles (2001, Brasil)
16
OS MOVIMENTOS DA CÂMERA No início da história do cinema, a câmera de vídeo ficava estática capturando as imagens, somente as pessoas e os objetos se moviam diante dela. Depois a câmera passou a captar imagens em movimento de dentro de alguns veículos como barcos e trens. Surgiam assim os movimentos de aproximação e afastamento das cenas e o travelling.
Panorâmica horizontal e panorâmica vertical: deslocamento da câmera paralela ao eixo do filme. Serve para dar uma visão geral do ambiente.
Travelling: deslocamento da câmera, que entra ou sai da cena. Dá ao espectador a sensação de que ele está se movendo, de que está entrando na casa do personagem ou pulando de um muro.
Zoom: aproximação ou afastamento da imagem pelo uso do jogo de lentes no momento em que gravavam. O espectador se sente parado diante da cena, ao contrário do traveling, em que ele tem a sensação de estar em movimento. Zoom–in: É a aproximação da imagem pelo jogo de lentes.
Zoom–out: É o afastamento da imagem pelo jogo de lentes da câmera.
ZOOM IN
ZOOM OUT
17
Além de escolher o plano e o ângulo, você também pode utilizar os movimentos de câmera descritos anteriormente. Voltando ao exemplo da árvore e do seu avô sentado debaixo dela, antes de filmá-lo, você poderia começar a filmar outra coisa. Por exemplo, poderia filmar o céu, a cadeira de seu avô ou até um cachorro atravessando a rua e só depois mostrar o seu avô. Também seria interessante se você amarrasse o celular próximo ao guidão da bicicleta e pedalasse por sua comunidade. Você terá uma cena de algo em movimento e o público terá a sensação de dinamismo e rapidez.
De nada adianta compreender a fotografia, os planos, os ângulos, os movimentos de câmera, a iluminação e a trilha sonora se você não pensá-los como partes de um todo. Um vídeo precisa ter uma estética geral, isso significa que sua ideia precisa estar trabalhada cuidadosamente na fotografia, na escolha dos planos, ângulos, nos movimentos de câmera, na iluminação e na trilha sonora. Todos os elementos necessitam ter coesão e sintonia entre si.
ESTÉTICA Este é o elemento que garante identidade e unidade ao filme. Para a produção de um vídeo é importante se preocupar com os elementos gráficos e estéticos que o compõe, como o figurino, o cenário, os créditos, a arte, a fotografia, etc.
18
É um filme cheio de paisagens do sertão nordestino. Através da viagem de um geólogo é mostrado o vazio e o abando
De Salto Alto, Pedro Almodóvar (1991, Espanha)
de alguns locais do
O cineasta Pedro Almodóvar é conhecido
nordeste.
pela sua estética de cores fortes e Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo; Marcelo Gomes e Karim Aïnouz
figurinos ousados.
(2009, Brasil)
No Filme Waking Life a estética dos quadrinhos ganha espaço na tela. Depois de filmadas, as cenas foram trabalhadas em computação gráfica, dando o aspecto de animação para o longa-metragem. O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus, Terry Gilliam (2009, França/Reino Unido/Canadá)
Waking Life, Richard Linklater (2011, EUA)
Jogo de Cena é um documentário que questiona a verdade através de depoimentos de atores e personagens reais. As filmagens ocorreram em um teatro, contribuindo para reforçar a relação entre representação e realidade.
19 Jogo de Cena, Eduardo Coutinho (2007, Brasil)
SOM E TRILHA SONORA
O som tem grande importância nos vídeos. Assim como as imagens, ele também é responsável pela criação de sentidos, sensações e significados. Um barulho de saltos no assoalho sem mostrar uma pessoa andando pode indicar que alguém se aproxima, criando um clima de suspense. O barulho de alguém levando um soco pode, por exemplo, substituir a cena da pessoa sendo agredida e facilitar as filmagens. A trilha sonora apóia a transição de tempo e espaço, valorizando as passagens de uma cena para outra e evitando os cortes abruptos na montagem. Além disso, ela ajuda a reforçar o sentido de uma cena. Uma música romântica enquanto um casal se beija cria um o clima de romance. Uma música de suspense enquanto são mostrados os pés de uma pessoa andando, deixa o espectador apreensivo para saber quem é e aonde o personagem vai. Na realização de um vídeo, é sempre aconselhável prever a composição de trilha sonora adequada ao roteiro e à sequência de planos e cenas. Existem vários sites que disponibilizam músicas que podem ser baixadas e usadas gratuitamente nos seus vídeos.
Veja um deles no endereço: O áudio ou som pode ser captado, registrado e armazenado digitalmente em vários formatos e padrões.
http://www.freeplaymusic.com/
Quanto maior a qualidade do som, maiores são os arquivos.
http://freemusicarchive.org/ http://dig.ccmixter.org/ http://www.jamendo.com/ http://opsound.org/
20
O MP3 é um formato de som desenvolvido para uso na internet, é leve e possui boa qualidade. O AMR é um formato usado em celulares e, apesar de não ter uma qualidade excelente, cria arquivos muito pequenos e fáceis de trabalhar.
DICAS PARA A GRAVAÇÃO DE ÁUDIO Para uma boa gravação de áudio usando aparelhos celulares devemos tomar alguns cuidados. Aí vão algumas dicas: - Antes de gravar, verifique o nível de gravação e se o sinal que está entrando no celular está muito baixo ou alto (som distorcido). Faça um teste de gravação e ouça o volume do som gravado para checar. - Lembre-se! Os microfones estão embutidos no aparelho celular. Antes de gravar, procure localizá-los antes de iniciar a gravação. Neste momento, você deve apontar o microfone em direção à fonte sonora (pessoa que você quer gravar a voz, ou o som do ambiente que gostaria de gravar, como por exemplo, o barulho do mar, do vento, do trotar dos cavalos ou o sino dos bodes). - É importante você ter certeza que não existem obstáculos entre a fonte sonora e o microfone. Fique atento ao som de fundo, do ambiente de onde quer gravar. Se o local for muito barulhento, e isso não é parte da sua escolha de áudio, é melhor procurar outro local. - Experimente outros ambientes para tentar minimizar a quantidade de ruído. Mesmo em uma sala fechada você pode testar o melhor posicionamento. - Cuide também para que a fonte sonora emita o som mais alto possível (peça para a pessoa entrevistada “projetar” bem a voz). - Certifique-se de que o seu aparelho não está com limitação de tamanho para gravar os arquivos. - O formato dos arquivos de áudio dos celulares é em geral diferente dos usados normalmente em computadores. Para fazer uma edição é preciso convertê-los.
21
O TEXTO O texto é um recurso que pode ser usado nos vídeos de diferentes formas. A maneira mais comum é o off, que é o texto narrado em cima das imagens e sem que o interlocutor apareça. Outra forma é o diálogo entre os personagens, mas construí-lo de uma maneira que entretenha o espectador é um desafio e tanto! O roteirista deve escrever uma cena tendo em mente que os diálogos elaborados serão falados e, sendo assim, devem parecer o mais natural possível. Vale lembrar que um bom ator também é parte importante de um sucesso ou fracasso do filme, pois ele é quem vai trazer naturalidade à cena descrita pelo roteirista.
Quando for escrever textos em off ou diálogos, pense na clareza da comunicação, ou seja, pense na mensagem que quer passar através do filme, quais são as suas intenções estéticas e de conteúdo. Lembre-se que o tempo e o espaço geralmente são mais curtos
ROTEIRO
no celular, portanto por isso seja objetivo e sintético.
O roteiro de um vídeo é um documento que indica os acontecimentos da história, a ordem das cenas, os cenários, as falas dos personagens e a sonoplastia (utilização de sons, ruídos e músicas). Ao lado você vê uma cena do consagrado filme Cidade de Deus, de Bráulio Montovani.
22
Imagine a cena descrita e assista o filme, que é um exemplo de bom roteiro. Escrevendo um Roteiro: Basicamente, o roteiro deve apresentar três elementos: (1) descrição das cenas (e dos locais de gravação); (2) a sequência de ações; (3) as falas dos personagens. Estas etapas podem variar de acordo com a proposta de cada vídeo.
Cidade de Deus, Bráulio Montovan (2001, Brasil)
EXT. CASA DE ALMEIDINHA – DIA 1 Abrimos com a imagem de um FACÃO sendo afiado. CARACTERES em superposição: 1981 Ouve-se o murmúrio de VOZES alegres, vozes CANTANDO um samba acompanhado de um BATUQUE. Não vemos as pessoas. Mas os sons deixam claro que se trata de um ambiente festivo.
23
A letra do samba tem como tema: comida. MÃOS NEGRAS amarram com um barbante a PERNA de um GALO. O galo é imponente e vistoso. Alternamos o galo --incomodado por ter a perna amarrada -- a imagens que sugerem a preparação de um almoço: ÁGUA FERVENDO numa enorme panela. O galo parece reagir à imagem anterior. Batatas sendo descascadas por MÃOS de uma mulher negra. O galo reage como se entendesse a situação: vai virar comida. GALINHAS MORTAS sendo depenadas por MÃOS de mulheres negras. O galo reage. Ele tenta libertar a perna amarrada ao barbante. MÃO masculina negra percute o couro de um pandeiro. A letra do samba faz referência explícita ao tema comida. O galo parece entender que seu fim está próximo. Um FACÃO sendo afiado por mãos negras masculinas. A faca vai CRESCENDO, tornando-se cada vez mais ameaçadora. O galo se desespera. Luta. E escapa. ALMEIDINHA, o negro que segura o facão, percebe a fuga do galo e dá o alarme. ALMEIDINHA O galo fugiu! Pela primeira vez, vemos a casa de Almeidinha do lado de fora.
24
Trata-se de um lugar pobre, uma casa de alvenaria da Cidade de Deus. A festa está acontecendo no quintal. A fuga do galo provoca um grande ALVOROÇO entre os convidados: na maioria homens, JOVENS, NEGROS e MULATOS. Apenas alguns são BRANCOS. Estão quase todos de calção e chinelo. Dezenas de bandidos saem correndo atrás do galo. Eles fazem parte da quadrilha de Zé Pequeno. Todos berrando: Pela primeira vez, vemos a casa de Almeidinha do lado de fora. Trata-se de um lugar pobre, uma casa de alvenaria da Cidade de Deus. A festa está acontecendo no quintal. A fuga do galo provoca um grande ALVOROÇO entre os convidados: Na maioria homens, JOVENS, NEGROS e MULATOS. Apenas alguns são BRANCOS. Estão quase todos de calção e chinelo. Dezenas de bandidos saem correndo atrás do galo. Eles fazem parte da quadrilha de Zé Pequeno. Continua ...
CUIDADOS COM O EQUIPAMENTO 1. Mantenha o aparelho longe de lugares sujos e/ou empoeirados. 2. Os aparelhos celulares são sensíveis a oscilações de temperatura. Portanto, mantenha-o longe de superfícies muito quentes ou muito frias. 3. Na praia, tome cuidados extras. 4. Não derrube nem bata o celular. Além de estragar a carcaça do aparelho, estes impactos podem romper circuitos internos e danificar a bateria. 5. Ele caiu na água. E agora? A primeira atitude a se tomar ao molhar o aparelho é a de tirar sua bateria. Nessas horas, a dica é mergulhar o celular em um potinho com arroz e deixar ele lá por alguns dias. O arroz é ótimo para absorver a umidade e pode ajudar a secar os componentes eletrônicos do aparelho.
25
glossário AÇÃO - Termo usado para descrever a função do movimento que acontece frente à câmera. ÂNGULO: ponto de vista criado pela câmera em relação ao objeto. BOOM: haste na qual é suspenso o microfone, utilizada para seguir os movimentos dos atores. CENOGRAFIA - arte e técnica de criar, desenhar e supervisionar a construção dos cenários de um filme. CLICHÊ - uso repetitivo de diálogos e soluções cênicas em qualquer tipo de produção artística. CLÍMAX - Ponto culminante da ação dramática. CLOSE-UP - Plano que enfatiza um detalhe. Tomando a figura humana como base, este plano enquadra apenas os ombros e a cabeça de um ator, tornando bastante nítidas suas expressões faciais. CRÉDITOS - Qualquer título ou reconhecimento à contribuição de pessoas ao filme. Relação de pessoas físicas e jurídicas que participam ou contribuem para a realização de um produto audiovisual. Geralmente, é mostrada no final da produção. DECUPAGEM - Planificação do filme definida pelo diretor, incluindo todas as cenas, posições de câmara, lentes a serem usadas, movimentação de atores, diálogos e duração de cada cena. DOLLY - Veículo que transporta a câmara e o operador, para facilitar a movimentação durante as tomadas. ENQUADRAMENTO: o que está sendo mostrado, o quadro que é filmado. FADE IN - O surgir da imagem a partir de uma tela escura ou clara, que gradualmente atinge a sua intensidade normal de luz. FADE OUT - Escurecimento ou clareamento gradual da imagem partindo da sua intensidade normal de luz. GANCHO - Momento de grande interesse que precede a um comercial. Pequeno ou grande clímax, arranjados de modo tal que não permitam que o telespectador abandone a história. GELATINA: folha de material transparente e colorido utilizado para modificar a luz dos refletores.
26
LOCUÇÃO EM OFF - Texto que acompanha a ação do filme, pronunciado por um locutor ou locutora que não aparecem em cena. O mesmo que off. OBJETOS DE CENA - São todos os itens utilizados para decoração do cenário: cinzeiros, vasos, telefones, objetos de arte, etc. OBTURADOR: disco metálico circular e plano com setores abertos destinados à passagem da luz durante o movimento do filme na câmera. OFF - Vozes ou sons presentes sem se mostrar a fonte emissora. PANORÂMICA (pan) - Câmara que se move de um lado para outro, dando uma visão geral do ambiente, mostrando-o ou sondando-o. PLANO - refere-se a distância entre a câmera e o objeto filmado. RITMO - Cadência de um roteiro. Harmonia. ROTEIRO - Forma escrita de qualquer espetáculo audiovisual. Descrição das cenas, sequências, diálogos e indicações técnicas do filme. SCRIPT - Roteiro quando entregue à equipe de filmagem. Plano completo de um programa, tanto em cinema quanto em televisão. É o instrumento básico de apoio para a direção e produção, pois contém falas, indicações, marcas, posicionamentos e movimentação cênica, de forma genérica e detalhada. Expressa as idéias principais do autor, do produtor e do diretor a serem desenvolvidas pela equipe que o realiza. SET - Local de filmagem. SINOPSE - Vista de conjunto, narração breve que resume uma história. No cinema, é chamada de argumento. SONOPLASTIA: comunicação pelo som. Abrange música, ruídos e fala. TAKE (tomada) – Inicia-se no momento em que se liga a câmara e vai até quando ela é desligada. É o parágrafo de uma cena. TRAVELLING - Câmara em movimento. ZOOM - Efeito óptico de aproximação ou distanciamento. Serve para dramatizar ou esclarecer lances do roteiro. ZOOM-IN - Aumento na distância focal da lente da câmara durante uma tomada, o que dá ao espectador a impressão de aproximação do elemento que está sendo filmado. ZOOM-OUT - Diminuição da distância focal da lente durante uma tomada, o que dá ao espectador a impressão de que está se afastando do elemento que está sendo filmado.
27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS WOHLGEMUTH, Júlio. Vídeo Educativo: uma pedagogia audiovisual. Brasília: Senac-DF, 2005. DOMINGUES, Anderson. A linguagem do cinema. http://www.scrib.com
WEBGRAFIA Projeto Cultural Minha Vida Mobile – MVMob. Disponível em: <http:\\www.mvmob.com.br>. Acesso em 5 jul. de 2012. Projeto MnemoCine. Disponível em: <http\\www.mnemocine.com.br>. Acesso em 5 jul. de 2012. http:\\www.freeplaymusic.com. Acesso em 5 jul. de 2012. Núcleo de Antropologia Visual e Estudos de Imagem (UFSC). Disponível em <http:\\navi.paginas.ufsc.br>. Acesso em 5 jul. de 2012. Blog Pensando Imagem e Som. Disponível em: <http://pensandoimagemesom.blogspot.com>. Acesso em 5 jul. de 2012. Fórum Vídeo BR. Disponível em <http://videobr.pro.br>. Acesso em 5 jul. de 2012. Roteiro de Cinema. Disponível em: <http://www.roteirodecinema.com.br>. Acesso em 5 jul. de 2012.
28
FILMOGRAFIA Abril Despedaçado,
Glacial Inferno,
Terra Deu, Terra Come,
Walter Salles (2001, Brasil)
Caetano Grippo (2011, Brasil)
Rodrigo Siqueira (2010, Brasil)
As Cinzas de Ângela,
Jogo de Cena,
Terra Sonâmbula,
Alan Parker (1999, EUA/Irlanda)
Eduardo Coutinho (2007, Brasil)
Teresa Prata (2007, Moçambique)
Cantando na Chuva,
La Teta Assustada,
Viajo porque preciso, volto porque te amo
Stanley Donen, Gene Kelly (1952, EUA)
Claudia Llosa (2008, Peru)
Marcelo Gomes, Karim Aïnouz (2009, Brasil)
Caramujo Flor,
LAGAAN: Once Upon a Time in India,
Waking Life,
Joel Pizzini (1988, Brasil)
Sachidanand Pathak (2001, Índia)
Richard Linklater (2011, EUA)
Cidade de Deus,
Melancolia,
Xingu,
Bráulio Montovani (2001, Brasil)
Lars Von Trier (2011, Dinamarca),
Cao Hamburger, (2012, Brasil)
De Salto Alto,
O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus,
XXY,
Pedro Almodóvar (1991, Espanha)
Terry Gilliam (2009, França/Reino Unido/Canadá)
Lucía Puenzo (2007, Argentina)
Deus e o Diabo na Terra do Sol,
Peacock,
Glauber Rocha (1964, Brasil)
Michael Lander(2010, EUA)
29
anotações
30
31
32
33
equipe técnica
34
Aqui tem investimento do Governo Federal.