A História da Literatura

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História As fases da literatura portuguesa

Atualidade Fazendo o ponto da situação

#2.15.Maio.2015. TRIMESTRAL. ESTA REVISTA É PARTE INTEGRANTE DO JORNAL LUSO RÚSTICO NOTÍCIAS Nº1. NÃO PODE SER VENDIDA SEPARADAMENTE.


Nota das autoras Missão cumprida! A primeira edição deste suplemento foi um sucesso. Como tal, agarrámos mais uma oportunidade de colocar os leitores a refletir, viajando no tempo. Além do mais, estamos a trabalhar para marcar uma posição enquanto modelo de revista, ao nível da forma, mas sobretudo ao nível do conteúdo. Isto porque, para nós, é fundamental estabelecer uma relação de proximidade com os leitores. Como fazê-lo? É simples. Basta encontrar um bom equilíbrio entre a quantidade de informação científica, isto é, produto da pesquisa, e a quantidade de textos de reflexão próprios. Assim, oferecemos um tema, tentamos tomar uma posição sobre o mesmo ou simplesmente dissertar e convidamos o leitor a fazer o mesmo. Nesta edição escreveremos sobre a literatura enquanto causa e enquanto consequência. Separaremos o tema em duas partes, que apesar de divididas, se relacionam inevitavelmente. As letras têm um poder imenso na sociedade: as pessoas leêm, refletem e, finalmente, reagem, mudando ou não de opinião, alterando ou não o seu comportamento. Por outro lado, funcionam como reflexos da sociedade, na medida em que transmitem as vivências daqueles que escrevem. Percorrendo a linha do tempo, tentámos estabelecer o máximo de relações possível entre autores (mais precisamente, os seus estilos e intenções de escrita), épocas históricas e géneros literários. Não alterámos os factos, contudo, no espaço de reflexão, fizemos “especulações saudáveis” sempre que se justificou, ou seja, propusemos explicações para alguns dos mesmos. Escrever é, realmente, o nosso ponto forte.

Tanto o tempo como o espaço tiveram, têm hoje e terão sempre um forte impacto na literatura. Sabe-se que o caráter de um indivíduo depende, em grande parte, do seu processo de socialização. Desde o momento em que nasce até ao momento em que morre, vai-se moldando, consoante as condições caraterísticas do meio em que vive. O escritor não nasce com essa profissão. Difere do “indivíduo comum” apenas porque transparece a sua personalidade, expressando as suas ideias, num suporte palpável. A intenção com o que o faz transporta-nos para a outra parte do tópico em questão. Imagine-se um autor que escreve sobre a forma de organização da sociedade da sua época, criticando-a ou louvando-a. Em ambos os casos, o seu objetivo poderá ser apenas desabafar e partilhar uma opinião, assim como poderá consistir na tentativa de levar os seus conterrâneos a fazer uma tomada de consciência (no caso da crítica) seguida de uma alteração de atitude, ou elogiá-los devido à sua boa conduta (no caso do louvor). Reflita, desta vez, sobre aquilo que poderá estar por detrás da origem de alguns géneros literários, independentemente de serem do seu agrado e do seu tempo. Encare alguns autores como responsáveis por certos comportamentos que observa quando sai à rua. Descubra o que está escrito nas entrelinhas do livro que está a ler neste momento. A literatura é uma arma fortíssima, apesar das condicionantes, e os escritores não podem perder a esperança na mudança, nem deixar de acreditar no seu poder. Contribua para a propagação desta mensagem. Reflita com a sua revista, dando asas ao seu pensamento.

A redação da Temas com Asas.


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DE 15. MAIO A 15. AGOSTO 2015

Fontes de pesquisa 4 Os dicionários e as enciclopédias

Cronologia 6 Os mestres escritores

Factos e argumentos 9 O impacto do tempo e do espaço na literatura 13 Inversão: O impacto da literatura no tempo e no espaço

Opiniões 16 O papel da literatura na atualidade


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Os dicionários e as enciclopédias O ser humano tem uma forte tendência para catalogar e organizar tudo, sobretudo por ordem cronológica. É um trabalho que pode funcionar como uma profissão, no caso de ser realizado por especialistas, mas também como um hobby, no caso daqueles que são simplesmente apaixonados ou se interessam pela área das letras. Independentemente da situação, o que importa é o valor dessa atividade.

chama adquirir novos conhecimentos deve passar também pela recolha de informação que, à partida, parece não ter utilidade e a substituição da internet pelos “calhamaços”, sobretudo os mais poeirentos, é um dos melhores meios para atingir tal fim.

A composição deste género de livros torna possíveis as viagens no tempo, relativamente ao assunto em questão. Começa-se pelas enciclopédias, percorrem-se os grandes períodos históricos e encontram-se, finalmente, os movimentos literários. Esses, não se distinguindo de outros (como os revolucionários) escondem entidades individuais ou coletivas, isto é, aqueles que detêm a função de motor de arranque. Por norma trata-se de indivíduos que ficaram saturados dos cânones caraterísticos da sua época e quiseram quebrar a regra, concretizando a mudança. Nas enciclopédias, por vezes, encontra-se uma espécie de instruções ou indicações de consulta de outros suportes, dos quais os dicionários são um exemplo excelente. Neste contexto pode referir-se uma enciclopédia que contenha informação sobre o romantismo (um movimento literário) e, nas últimas referências, uma sugestão de consulta de um dicionário de biografias, de forma a conhecer a vida de Almeida Garrett (um dos impulsionadores do romantismo). Assim, torna-se fácil para o autor da pesquisa, ir para além do seu objetivo inicial, se for essa a sua intenção. Imagine-se agora esta ação repetida inúmeras vezes. Sempre que um indivíduo encontra a informação que pretende, dá uso àquilo que pode ser considerado um arquivo da história. De cada vez que se abre um separador desse arquivo, de facto, dá-se sentido ao trabalho notável de quem o compôs. Mas para além disso, dá-se vida às personagens que nele constam, tal como um crítico literário afirmou sobre a leitura de Anna Karénina, de Tolstoi, em relação à personagem principal. Reside uma importância extrema na revivência do passado pois essa impede o esquecimento daqueles que o construíram ao mesmo tempo que recorda a necessidade de propagação do legado por eles deixado. “O passado é uma ferramenta fundamental para a manutenção do presente e para a projeção do futuro”, frase que, apesar de ter ganhado a forma de cliché, nunca deixou de ser uma verdade indiscutível. Mesmo no contexto particular das letras o seu significado não se perde, uma vez que a evolução da literatura ocorre em paralelo com a evolução das sociedades. Aquilo a que se FontesdePesquisa

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O que diz a D. Zília?

Zília Fernandes, funcionária que já soma 30 anos de trabalho na Esateca (biblioteca da Escola Secundária de Albufeira), não precisa de ouvir metade da explicação de um aluno que lhe pede ajuda para a consulta de livros porque descobre, em três tempos, exatamente aquilo de que eles precisam.

Para concluir, mostrámos interesse em conhecer a relação pessoal da funcionária com os livros propriamente ditos e ficámos a saber que aquilo que aprendeu “não foi na escola de certeza” pois conta apenas com a segunda classe, nas suas habilitações. Aprendeu o que sabe porque faz o que gosta, que é precisamente ler. Não se considera uma adepta dos computadores, utilizando-os apenas para ver as notícias, quando tem necessidade. Afirma que “tem de folhear o jornal” para sentir que está a assimilar a informação. Tudo o que aprende, transmite – é a sua vida.

Quando lhe perguntámos se os dicionários e as enciclopédias são uma boa ferramenta para os alunos, afirmou que sim, no contexto de pesquisa, mas que, no contexto de preparação para as avaliações, os manuais eram um melhor partido pois continham informação mais sintetizada. Comprovámos que, por iniciativa própria, a maioria dos alunos utilizam mais a internet enquanto fazem trabalhos, recorrendo às enciclopédias apenas quando a própria D. Zília as procurava (num ápice, diga-se de passagem). Uma das razões que justificam esta realidade é o facto de as leituras dos alunos, atualmente, quase se resumirem às propostas de leitura contratual, atividade obrigatória associada à disciplina de Português. Quisemos saber um pouco mais sobre a evolução da utilização dos recursos mais arcaicos na biblioteca e não ficámos sem resposta. Segundo a bibliotecária, “o boom da internet, há 5 ou 10 anos” fez com que os computadores se tornassem a principal fonte de informação. Apresentou-nos ainda um outro fator que pode ter contribuído para a passagem dos livros para segundo plano. Como durante esse “boom” pairava a novidade das tecnologias, “era só fotocopiar”. Nas suas palavras, “fotocopiava-se até danificar os livros. Eu cheguei a trazer livros meus para a biblioteca porque os outros se estragavam”. Neste sentido, a proibição das fotocópias como forma de proteção dos direitos de autor, que se tornou uma realidade há cerca de 3 anos, foi positiva. Ao que parece, os professores começaram a aperceber-se desta tendência de repúdio dos meios mais arcaicos (por parte dos alunos) e começaram a intervir, “de há 2 anos para cá”, exigindo o recurso a suportes não digitais nos guiões dos trabalhos que propunham. O objetivo seria acabar com “o uso exaustivo da internet”.

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Padre António Vieira

Ramalho Ortigão (José Duarte Ramalho Ortigão)

Nascimento: 1609, Lisboa; Ocupação: pregador, missionário, diplomata, político e escritor português; Morte: 1697, Baía.

Nascimento: 24 de outubro de 1836, Porto; Ocupação: letrado português, professor, jornalista e comentador; Morte: 27 de setembro de 1915.

1609

1836

1524

Luís Vaz de Camões Nascimento: 1524; Ocupação: poeta português; Morte: 10 de junho de 1580, Lisboa; Informação acerca da sua obra: publicada em 1572 graças à influência de D. Sebastião (a quem foi dedicada). A publicação deu-lhe uma tensa de 15 mil reis no prazo de 3 anos.

Cronologia

1799

Almeida Garrett (João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett) Nascimento: 4 de fevereiro de 1799, Porto; Ocupação: poeta e prosador português; Morte:9 de dezembro de 1854, Lisboa.

1845

Eça de Queirós (José Maria de Eça de Queirós) Nascimento: 25 de novembro de 1845, Póvoa de Varzim; Ocupação: romancista português; Morte: 16 de agosto de 1900, Paris.

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Luís de Sttau Monteiro (Luís Infante de Lacerda Sttau Monteiro) Nascimento: 3 de abril de 1926, Lisboa; Ocupação: dramaturgo, encenador, jornalista e romancista; Morte: 23 de julho de 1993, Lisboa; Informação acerca da sua obra: em 1961 publicou Felizmente há Luar! que o tornou famoso e que recebeu o Grande Prémio do Teatro; foi proibida pela censura e representada em 1978 no Teatro Nacional D. Maria; foram vendidos 160 mil exemplares da obra escrita.

Fernando Pessoa (Fernando António Nogueira Pessoa) Nascimento: 1888, Lisboa; Ocupação: poeta e escritor português; Morte: 1935, Lisboa.

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1926

1922

José de Sousa Saramago Nascimento: 16 de novembro de 1922, Golegã; Ocupação: romancista, jornalista, cronista, poeta e dramaturgo português; Morte: 18 de julho de 2010, Lanzarote (Espanha).

Cronologia

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“Sendo a literatura o produto variável e flutuante de cada sociedade, está por isso sujeita às mudanças sociais e às revoluções do espírito humano, cujas evoluções segue, refletindo as ideias e paixões que agitam os homens, e quinhoando das suas preocupações.” (Artaud, Antonin)


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O impacto do tempo e do espaço na literatura O exílio e as influências estrangeiras No final do século XVIII em Portugal, falava-se em Neoclassicismo e já tinham passado largos anos desde a chegada do Classicismo propriamente dito ao país. Enquanto isso, vigorava o absolutismo (na política), com mais opositores no Povo do que apoiantes, bem se sabe porquê. Os princípios caraterizadores do Classicismo, nomeadamente a busca permanente pelo equilíbrio, rigor e pureza formal, cansaram, literalmente, as mentes mais despertas, algumas das quais habitavam os corpos dos jovens escritores. Verney, teólogo português educado à moda francesa, afirmava a decadência literária. Nas Academias já se detetava uma tentativa de propagação das obras estrangeiras (através da tradução dos melhores clássicos). O ambiente era, portanto, bastante propício a uma grande reforma, até que a alavanca foi puxada: os detentores do poder começaram a condenar ao exílio todos aqueles que revelassem o desejo de contribuir para tal reforma. Uma das vítimas foi João Batista da Silva Leitão de Almeida Garrett.

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O escritor exilou-se em França e em Inglaterra. Passou, sem dúvida, tempos difíceis, marcados pela desilusão da derrota dos liberais, mas também pela nostalgia sentida em relação à terra natal. Felizmente, a abertura de espírito a nível estético e cultural que ganhou, compensaram - Garrett tinha-se criado o Romantismo. Naquilo que escrevia começou a notar-se um desejo sôfrego de partilhar a saudade que sentia e os sonhos que tinha cultivado até então, ao nível das temáticas, enquanto ao nível da forma se identificava um estilo digressivo, com uma forte intromissão do “eu” nas narrativas. O autor pretendia dar voz a todas as duas ideias. Queria ter poder visionário suficiente para tirar o seu país da sombra que não era vista apenas por ele. A partir do momento em que apresentou Camões, poema líriconarrativo no qual já tinham sido quebradas as regras sufocantes da época clássica, o resto fluiu. Alexandre Herculano, possivelmente o seu primeiro apoiante, impulsionou, com intenção ou não, outros escritores a simpatizar com o movimento. O processo foi de tal forma rápido que após quarenta anos a paixão desses simpatizantes já se tinha transformado em obsessão: o subjetivismo e o idealismo amoroso tinham sido levados ao extremo pelas mãos de Camilo Castelo Branco e António Feliciano Castilho, entre outros - os ultrarromânticos. O ser humano quando começa a evoluir, de facto esquece os limites. Além do mais, o primeiro movimento já tinha realmente dado frutos, uma vez que no final deste período surgira o Realismo.

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A saturação do realismo Demasiado sentimento. Demasiada melancolia. Saramago, em paralelo com escritores como Lobo Antunes, achou que seria hora de dizer “basta” e fê-lo. Talvez por simples capricho, talvez por ter ansiado uma reviravolta geral (um país ou um mundo com ânimos mais agitados e mais alegres), talvez por ter considerado que a capacidade de produzir ficção – única caraterística, resultante da capacidade de raciocinar, que distingue o Homem dos restantes animais - tinha sido mal aproveitada até então. Em finais do século XX e inícios do século XXI a literatura em Portugal estava particularmente viva. Todos os indivíduos, se fosse essa a sua intenção, partilhavam as suas emoções sem qualquer tipo de desconforto ou vergonha (romantismo: uma vitória), descreviam exatamente aquilo que viam e criticavam o que consideravam estar errado a nível político e social sem recear a opressão (realismo e literatura de intervenção: mais duas vitórias). Não havendo motivo para ter papas na língua, a curiosidade - bichinho que reside no cérebro do ser humano e que não o deixa estagnar (o que é positivo, algumas vezes e extremamente prejudicial, outras) - ansiava por mais. O que fazer? Inventar, literalmente. A realidade tinha-se tornado num sinónimo de tédio. O facto de José Saramago ter nascido com um dom, dom esse que lhe permitiu concluir a terceira e a quarta classe num ano apenas, contribuiu, muito possivelmente para o desenvolvimento da sua paixão pela literatura, mas em geral da sua paixão pela atividade de escrever. A sua obra é conhecida tanto nacional como internacionalmente por um estilo de escrita fora do comum, caraterizado pela aplicação da pontuação de forma bastante particular, pela originalidade da construção de enredos e, ainda, pela importância dos assuntos abordados na mesma. O escritor abriu um campo de reflexão (quiçá se com consciência disso), em registo de ficção, sobre questões fundamentais relacionadas com a condição humana, a vida em sociedade e a literatura da sua época, das quais a luta contra a opressão, vivida ao longo de gerações, constituiu um excelente exemplo.

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O regime salazarista

encená-la no Teatro Experimental no Porto em 1962, sem sucesso. Após esse período de espera, o seu entusiasmo foi tal que levou o dramaturgo a integrar o elenco da peça em 1978, no Teatro Nacional. Caso a liberdade tivesse sido uma caraterística da época durante a qual viveu a sua idade adulta, tudo teria sucedido de modo diferente, a começar pela vontade de mudar sentida pelo autor (que provavelmente teria sido substituída por um outro desejo com certeza mais banal), o que comprova o poder condicionante do complexo tempo-espaço na atividade literária.

As comemorações dos 41 anos que já passaram sobre a revolução dos cravos, publicitadas pelos media há menos de um mês, reavivaram a memória daqueles que são sensíveis ao episódio, à semelhança do que tem vindo a acontecer desde 1975, impedindo-os de esquecer a grande vitória que se alcançou, por um lado, mas por outro, o ambiente de tortura que a antecedeu, esse que deixou marcas evidentes na sociedade e da época, e por conseguinte, na literatura. A instabilidade, contestação social e política, revolta nas colónias, miséria, falta de liberdade a todos os níveis e a isolação do país do resto do mundo, conjunto de fatores que caraterizavam o Portugal do início da segunda metade do século XX, influenciaram fortemente Luís de Sttau Monteiro, outro homem das letras. Na década de 60, a lista de publicações proibidas pela censura já tinha uma extensão considerável, o que fez com que muitos autores da época repensassem as suas ações. Felizmente (pode-se afirmá-lo) não foi o caso deste escritor, que na impossibilidade de ultrapassar o obstáculo que tinha surgido na sua carreira, contornou-o. Recorreu ao paralelismo entre épocas para dar asas a Felizmente há Luar!, drama narrativo de caráter épico, em 1961. Recriou o período de 1817 anterior à Revolução Liberal e posterior às invasões francesas, o qual foi fortemente marcado pela ausência de D. João VI, causadora de um descontentamento e agitação social geral. Esta agitação era impedida sempre que possível por um concelho de regência (que desempenhava as funções do rei) representativo do regime absolutista, através da repressão, à semelhança do que acontecia nos tempos em que vigorou o regime ditatorial. Todas as críticas que teceu foram expressas nas entrelinhas da obra, de modo a não causar polémica e, em simultâneo, a incitar os leitores a acompanhá-lo numa luta silenciosa. Como? Suscitando neles não apenas uma tomada de consciência das injustiças sociais e políticas visíveis a olho nu, mas também uma tomada de posição em relação às mesmas.

Sabe-se que o teatro épico de Luís de Sttau Monteiro sofreu grandes influências da conceção dramatúrgica de Bertolt Brecht. O designado teatro brechtiano era feito com o objetivo de oferecer aos espetadores uma análise crítica da sociedade, por isso, implicava o compromisso e a consciencialização da realidade social, tendo um caráter didático. Assim, opunha-se ao teatro clássico, mais conhecido pela maioria, que conduzia o público à ilusão, levando-o a confundir a representação com a vida real. No ano de 1961, além da de Felizmente Há Luar! foram proibidas em Portugal todas as encenações de peças brechtianas, tornando fugaz a passagem deste tipo de texto dramático no país.

Apesar do esforço, a representação da obra foi proibida pela censura na data de publicação, sendo que Sttau Monteiro viu-se obrigado a esperar 17 anos (bem longos, no contexto em questão) para vê-la nos teatros. Chegou a tentar FactoseArgumentos

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O impacto da literatura no tempo e no espaço As repreensões do Padre António Vieira O século XVII, marcado pelo Barroco enquanto movimento literário, coincidiu com o auge da eloquência religiosa. Apesar de na época vigorar o regime absolutista, a figura de Deus continuava a ocupar uma posição superior à do rei, pelo que a devoção à mesma era geral e evidenciada por aqueles que estavam diretamente associados à igreja, ou que tencionavam estar. António Vieira, que viria a ser padre, foi um dos jovens que tinha essa intenção. Um sermão sobre as torturas do inferno foi suficiente para levá-lo a ingressar na Companhia de Jesus. Mas era só o início. Anos mais tarde fez votos de pobreza, nos quais dispensou quaisquer bens pessoais e renunciou àqueles que já possuía, votos de castidade (celibato) e votos de obediência, aos seus superiores e a Deus. O passar do tempo foi essencial para a definição da sua posição opositora ao Santo Ofício, posição esta que se devia à forma cruel como os cristãos-novos eram julgados. Sentido que deveria fazer algo, propôs-se a missionar entre ameríndios e escravos negros, nos arredores da baía. Foi nessa altura que se apercebeu das injustiças e atrocidades cometidas sobre os índios brasileiros, realidade que impulsionou a escrita de Sermão de Santo António aos Peixes, um dos sermões mais conhecidos da história. Vieira pregou-o na cidade de S. Luís do Maranhão, a 13 de junho de ano de 1654, três dias antes de embarcar secretamente para Portugal, na tentativa de obter uma legislação justa para os índios. A sua intenção era causar impacto nos homens do seu tempo, pelo que tentou levá-los a tomar consciência não só dos seus defeitos, mas também das suas qualidades, utilizando a Bíblia como referência, a persuasão como instrumento de oratória, uma linguagem simples e clara e os peixes (bons ouvintes e mais obedientes) como auditório. A mensagem que pretendia transmitir consistia na ideia de que se devia adotar um estilo de vida mais direcionado para o Céu do que para a Terra.

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É pouco provável que o impacto da publicação desta obra alegórica tenha sido imediato. Todavia, não deixa de ser certo que todos os que o leram refletiram sobre o conteúdo, uma vez que é impossível não se terem identificado alguma das caraterísticas do ser humano referidas pelo autor, independentemente de se tratar de vícios, atitudes erradas, qualidades ou competências. Não há dúvida de que nenhum caráter se resume unicamente à maldade ou à bondade. Se isto for visto “de longe”, a conclusão a que se chega é bastante positiva, dado que o sermão continua a agitar mentes após quatrocentos anos, sejam dos que pretendem unicamente recordá-lo, dos que o lêem por mero acaso, dos que o fazem por obrigação (como é o caso dos alunos) ou dos que o fazem por profissão (como é o caso dos analistas da área). O recado do autor não morre.

A sua obra, no geral, foi um comprovativo do sucesso da educação eclesiástica e retórica das escolas jesuítas, nas quais os docentes procuravam trabalhar a capacidade de convencer, a intuição psicológica e o desejo de repúdio do vulgar dos seus alunos. Desta forma, criar-se-ia uma prosa eminentemente funcional associada a oradores capazes de responder a qualquer dúvida, refutar forte e eloquentemente os argumentos contrários àqueles que defendia e, sobretudo, nunca desistir dos seus objetivos.

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O apelo de Pessoa O século XX foi invadido pelo Saudosismo, um movimento literário associado essencialmente à poesia, criado por Teixeira de Pascoaes e seguido por aquele que viria a tornar-se o segundo expoente máximo da poesia - Fernando Pessoa -, dado que Camões tinha adquirido esse estatuto 4 séculos antes, pela primeira vez. O subjetivismo e o patriotismo eram os conceitos chave desta corrente, na qual os escritores se afastavam do individual de modo, dirigindo as suas obras à identidade coletiva à qual pertenciam. Tudo fica mais claro se a autocaraterização de Pessoa for tida em conta. O poeta afirmava possuir uma missão para com a humanidade, mas especialmente para com Portugal, daí grande parte da sua atividade girar em torno da tentativa de erguer Portugal em toda a sua arte, o mais alto possível. O maior esforço nesse sentido registado até ao momento foi a publicação de Mensagem, obra vulgarmente associada aos versos “Ó mar salgado, quanto do teu sal/ São lágrimas de Portugal” e “Tudo vale a pena/ Se a alma não é pequena”. Esta reúne poemas escritos ao longo da vida do autor, nos quais se deteta facilmente a crença do autor no “país como alma e não como simples nação”, alma essa de origem divina. Na altura em que foi publicada, era difícil ter esperança no regresso da glória, visto que Portugal estava enfraquecido, atrasado, sem brilho, sem luz e sem norte. Em busca de uma reviravolta, o poeta recorreu às profecias de Bandarra (sapateiro natural de Braga que fazia interpretações bíblicas), através das quais conseguiu prever o Destino, dando a entender, a partir desse momento que havia sinais de que era possível construir um país com gente inteligente e poderosa, cuja hegemonia teria uma base cultural, apesar de esse cenário ainda não passar de um sonho. Surgira a primeira referência ao Quinto Império. Pessoa estava de tal modo convicto na possibilidade de alcance desse sonho que quando uma jornalista da Revista Portuguesa de 1923 o questionou acerca do futuro de Portugal, o poeta respondeu que sabia que esse futuro coincidiria com o Quinto Império onde o país “seria tudo”, sabendo-o por estar escrito para aqueles que quisessem ler. Para concretizar a profecia bastaria que surgissem duas identidades fundamentais: um poeta supra-Camões e um líder detentor de um espírito heróico, capaz de conduzir o mundo à união cultural. Essas personalidades motivariam a um povo que, apesar da vontade de Deus e de todas as predestinações de um futuro glorioso pelos pagãos, permaneciam num estado de estagnação profundo.

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Em suma, Fernando pessoa tinha o objetivo de mudar o comportamento dos portugueses, transformando a sua postura de despreocupação numa atitude positiva, baseada na esperança e na vontade de mudar o rumo para o qual o país caminhava. No fundo, pretendia que os portugueses fortalecessem o seu espírito patriota e lutassem por um futuro que tinham todas as possibilidades de se tornar numa realidade. É discutível a afirmação de que o objetivo do poeta foi concretizado, uma vez que desde o seu período de decadência, Portugal, até hoje, ainda não voltou a atingir o nível que atingira quando se encontrava no auge da sua glória, apesar de todos os progressos observados em áreas particulares. Contudo, a mensagem foi deixada e, tal como o Sermão de Santo António aos Peixes, continua a viajar pelas mentes de quem consegue desvendá-la e o permite.

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As ironias de Eça e Ramalho O ano de 1861 foi, em Portugal, um período romântico de boémia, rebeldia e fantasia. Pode dizer-se que os planos da famosa Geração de 70 - notável plêiade de intelectuais que tinham vindo a aglutinar-se em torno de Antero de Quental, escritor e poeta – iam de vento em poupa. Estes jovens literatos e escritores, apologistas de correntes como o positivismo e o naturalismo, opunham-se não apenas à escola estético-literária, mas a toda a geração do romantismo, que expressava um sentimentalismo e um fervor poético exagerados. A famosa Questão Coimbrã funcionou “último golpe” do grupo, tendo sido decisiva para o despertar do realismo em Portugal. Entre estes rebeldes intelectuais encontrava-se Eça de Queirós, que viria a ser considerado o principal escritor realista, um dos maiores romancistas portugueses e, por conseguinte, um renovador da prosa literária. Em 1870, iniciou, juntamente com Ramalho Ortigão, a publicação d’As Farpas, publicação mensal satírica na qual a sociedade portuguesa era fortemente criticada a todos os níveis. Os escritores consideravam que era necessário esquecer, de vez, a literatura romântica, que nesta altura transparecia hipocrisia e falsidade, possivelmente na medida em que “abafava” as questões realmente importantes, servindo apenas para entreter os leitores. Como regenerar a consciência social? Como derrubar o jornalismo partidário, cujo foco eram as banalidades, e dar a conhecer o jornalismo cultural, o jornalismo crítico? Através da ironia, expressa por autores possuidores de um espírito sarcástico particular, como Queirós e Ortigão, precisamente. Eça fundava os métodos de narração e de descrição numa observação minuciosa seguida de uma análise psicofisiológica que fazia dos mais variados cenários que privilegiava e, logicamente, dos seus constituintes. Exemplos desses cenários eram as câmaras, as ruas, os mercados, as prisões, os gabinetes da administração, as igrejas, as praias onde trabalhavam os pescadores, as salas domésticas onde as famílias conviviam, os teatros onde se representavam peças desprezíveis (além de mal traduzidas) e as redações onde se fazia o tal mau jornalismo. As personagens que davam vida às suas obras eram dotadas de uma anatomia moral, referida a fatores deterministas de meio, educação e hereditariedade. As caraterísticas mencionadas estavam presentes em O Crime do Padre Amaro e O Primo Basílio, primeiros romances do autor efetivamente realistas do autor. Ramalho era um pouco mais conservador, todavia, lutou dedicadamente pela preservação e divulgação do património popular e tradicional português, tendo FactoseArgumentos

sido considerado um dos únicos escritores da época que, nunca desistiu de escrever, motivado pela esperança no sucesso nacional e, sobretudo na introdução de uma “imagem portuguesa na corte internacional.” A figura mais representativa do dom da crítica destes escritores, foi, provavelmente, Fradique Mendes, poeta fictício “distinto, viajante, filósofo nas horas vagas, diletante e voluptuoso” que surgiu em O Mistério da Estrada de Sintra (1870) de Ramalho e Eça e Correspondência de Fradique Mendes (1900) de Eça, entre outras obras. A personagem constituía uma manifestação do dandismo - fenómeno ao qual era necessário pôr um travão - ao mesmo tempo que concentrava a valorização do genuíno e dos costumes portugueses. A concretização dos objetivos dos apoiantes do movimento realista é, infelizmente, discutível. Os críticos literários, supostamente imparciais, reagiram à publicação de algumas obras queirosianas, por exemplo, primeiramente com um silêncio escandalizado e, numa segunda fase, com enorme escândalo. Entre 1880 e 1881, a colisão polémica entre a fação inimiga (onde se encontravam ainda os românticos e ultrarromânticos) e os seguidores da nova tendência evidenciou-se, tendo-se prolongado durante mais 9 anos. Em 1890, o realismo- naturalismo tinha, definitivamente, perdido a sua vigência. Todos estes factos aliados à atitude de desânimo de Eça de Queirós remetem para o insucesso da sua tentativa (e dos seus companheiros) de reforma social. O autor afirmou que “o homem experimental, de observação positiva, todo estabelecido sobre documentos” tinha findado, se é que alguma vez tinha existido fora da teoria. Aparentemente, o esforço para curar a cegueira e a ignorância da sociedade tinha sido insuficiente. Nem todas as batalhas podem ser ganhas. De qualquer forma, como todos os grandes movimentos têm seguidores, é muito possível que alguns deles tenham propagado os ideais que lhes correspondiam, impedindo o total desvanecimento dos mesmos.

Ocorreu quando o “Grande Castilho” fez uma critica aos poemas de Antero de Quental e de Teófilo de Braga, duvidando do seu valor. Antero decidiu contestar, publicando uma carta- aberta a Castilho (“Bom-senso e Bom-gosto”), onde se revoltou contra o tal desdém em relação à nova geração de poetas. Iniciou-se, nesse momento, um período de grande polémica literária que se prolongou durante mais de seis meses no ano de 1866.

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O papel da literatura na atualidade A literatura é um instrumento de comunicação e de interação social que detém a função de transmitir conhecimentos e cultura de umas comunidades para as outras. Nos últimos tempos, o conceito de evolução tem sido associada a algo negativo, sobretudo devido à forte influência dos avanços tecnológicos na regressão do ser humano. No contexto particular das letras, a situação não parece estar tão cinzenta – elas continuam a cumprir o seu papel. Indiscutivelmente, a literatura, à semelhança do que sucede noutras manifestações artísticas, está vinculada à sociedade em que se origina, uma vez que o artista não consegue manter-se indiferente perante aquilo que o rodeia, quando se expressa. O facto de a memória preferir os episódios ou períodos históricos mais marcantes, como a revolução dos cravos e a época dos descobrimentos, sobre os quais se digitaram vários caracteres, não significa que elimine completamente aqueles que têm menor dimensão ou impacto. Pode considerar-se que a prosa de ficção, “nascida” já no final do século XX, foi a última quebra significativa nas tradições literárias, o que é natural, dado que o século XXI ainda só conta com 14 anos de história. Não obstante, os escritores, que hoje são todos aqueles que escrevem, continuam bastante atentos às vozes e aos olhares. Se for tido em conta o aumento da percentagem de obras publicadas relativas ao divórcio (prática que tem vindo também a aumentar), torna-se fácil comprovar tal ideia ou, pelo menos, mostrar que os escritores acompanham as tendências da população, sejam estas sinónimos de progresso ou decadência.

para alterar a posição (política) de quem as explora. Assim, a transformação social através da literatura – representativa do esforço dos autores da velha guarda – continua a ser um objeto no qual se deposita esperança. Há algo (à falta de outro vocábulo para descrevê-lo) curiosamente imutável que pode mesmo considerar-se inextinguível. Do ponto de vista científico (no mínimo), os homens são considerados detentores de razão, o que significa que fazem uso da mesma, independentemente de ser mau ou bom, consciente ou inconsciente. Desse uso resultam conclusões que são libertadas do “órgão pensador” para a boca e da boca para algum ouvido, propagando-se infinitamente. Portanto, o algo acima mencionado é nada mais nada menos que a literatura, arte essa que conta com mais artistas do que qualquer outra. Pessoas pensam, pessoas falam, pessoas escrevem. Pessoas lêem, pessoas refletem, pessoas falam - e o ciclo não pára.

Em relação ao processo inverso, o resultado continua a ser positivo, até porque surge em consequência do processo original. Significa isto que, como os autores escrevem sobre a vida, aqueles que a vivem, recorrem aos livros para se guiarem. O leitor não deixou de refletir acerca daquilo que lê, bastante pelo contrário. Hoje, os livros, praticamente falando, estão bastante mais acessíveis ao público, facto que, a propósito, contribuiu para o esbatimento da luta de classes. Mas a principal consequência deste progresso foi o surgimento da curiosidade do mesmo público. Além de terem tempo para adquirir conhecimento (ponto que remeteria para uma outra questão), as pessoas têm motivação para fazê-lo. Depois, aplicam as eventuais conclusões que possam ter tirado, no seu quotidiano e nas relações interpessoais, tudo isto devido ao facto de terem a informação, a cultura, ao seu alcance. As obras de crítica política chegam a ter, por vezes, poder suficiente Opiniões

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Segunda nota das Autoras Regressos em força são aqueles que se pretendem numa sociedade adormecida como a nossa. Agora mais experientes neste tipo de projeto e tendo cumprido a promessa deixada na última edição (manter a linha de trabalho), podemos admitir a facilidade de construção desta segunda. Desta vez, nem a pesquisa exaustiva nem o tempo dispendido no projeto tiveram peso suficiente para marcar um ponto no “lado negativo” da sua realização. O esforço no sentido de melhorar a revista ao nível do formato, tornando-a mais apelativa, foi real. Se foi sinónimo de sucesso, como sucedeu em relação ao conteúdo, na edição anterior, cabe aos leitores decidir. Esperamos realmente que a sua decisão seja tão favorável para nós como foi há meses atrás, apesar da alteração brusca no tema e na estrutura. Consideramos que a disposição da informação, entre outros pormenores de redação, constituem problemas secundários, uma vez que conseguimos transformar o suplemento numa fonte riquíssima para todos aqueles que queiram, precisamente, enriquecer. Processo concluído.

Fontes: http://www.clpic.uni-hamburg.de/pt/portugal-land-und-kultur/literatur/histria-daliteraturaliteraturgeschichte/realismorealismus/ http://www.infopedia.pt/$questao-coimbra http://jbo.no.sapo.pt/eca/eca_de_queiros_bio_main.htm http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_literatura_em_Portugal#Prosa_2 http://www.infopedia.pt/$as-farpas http://www.suapesquisa.com/artesliteratura/classicismo.htm http://www.historiadeportugal.info/luis-antonio-verney/ http://www.livros-digitais.com/almeida-garret/camoes/sinopse http://www.citi.pt/cultura/temas/frameset_ultrarom.html http://www.portugal-live.net/P/essential/culture-literature.html http://www4.crb.ucp.pt/biblioteca/rotas/rotas/adriana%20martins%20183a203%20p.pdf http://pt.slideshare.net/renascimento/sec-xvii-e-xviii http://www.tabacaria.com.pt/mensagem/Mensagem.htm http://www.citi.pt/cultura/literatura/poesia/j_g_ferreira/saudosis.html http://www.citi.pt/cultura/temas/frameset_1870.html http://www.infopedia.pt/$fradique-mendes http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/1817649

Ficha técnica: Data de edição: abril de 2015 Data de publicação: 15 de maio de 2015 Redação: Ana Mira e Cristiana Von Rekowski Diretora Interna: Isabel Fernandes

http://www.escolavirtual.pt/assets/conteudos/downloads/11por/11por1601pdf03.fh11.pdf?width=965&heig ht=600 http://www.infopedia.pt/$questao-coimbra CATARINO, Ana ; FONSECA, Célia ; PEIXOTO, Maria José – Outros Percursos: 12º Ano de Escolaridade. 1ª Edição. ASA, 2014. ISBN 978-989-23-1900-1-1 SARAIVA, A.J. ; LOPES, Óscar – História da Literatura Portuguesa. 17ª Edição. Porto Editora, 2001. ISBN 972-0-30170-8 MACHADO, Álvaro Manuel – Dicionário de Literatura Portuguesa. 1ª Edição. Lisboa : Editorial Presença, 1996. ISBN 972-232084-X RODRIGUES, Fernando Carvalho – Língua/Literatura. In Didacta - Enciclopédia Temática Ilustrada. Lisboa. ISBN 972 – 8332 – 00 - 9


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