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A inovação na Bahia José de Freitas Mascarenhas
I
novar, em países que ainda não se desenvolveram plenamente, é a via de menor custo para superar obstáculos. O problema é que a decisão do empresário de inovar de forma sistemática depende não apenas de seu propósito, mas também de uma série de elementos que precisam ser ordenados e articulados para que se consolide um ambiente favorável à inovação. Apesar da reconhecida importância das instituições de conhecimento e do governo, o protagonismo da inovação é do empresário e sua motivação é essencialmente a natureza competitiva dos negócios. Para que se concretize, o ambiente deve disponibilizar instrumentos de financiamento e um regime tributário diferenciado de apoio à inovação; um conjunto de equipamentos de alto desempenho na oferta de serviços de suporte ao desenvolvimento tecnológico; e, principalmente, programas e instituições voltados à melhoria do sistema educacional, focados no conhecimento e na educação para o mundo do trabalho. Este esforço da sociedade é fundamental para ajudar a empresa inovadora, principalmente se pequena ou média, sem recursos internos. Os resultados da Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec), de 2011, que traça um panorama geral da inovação no país, mostram que um ambiente positivo estimula as inovações nas empresas. Este funciona como um catalisador de iniciativas que reduzem a insegurança jurídica, com-
40 | maio de 2014
partilham o risco e mitigam incertezas, incrementando a taxa de inovação, os investimentos em atividades de caráter inovativo e em pesquisa e desenvolvimento. De 2000 a 2011, período em que muitas iniciativas favoráveis à inovação começaram a amadurecer, o percentual de indústrias brasileiras inovadoras saltou de 31,5% para 35,7%. Pode-se depreender desse fato que as empresas nacionais estão despertando para a necessidade do esforço da inovação para o desenvolvimento dos seus negócios e que os empresários estão respondendo positivamente aos estímulos de incentivo ao empreendedorismo inovador. Esses movimentos iniciais são importantes, afinal não podemos esquecer que, de acordo com o Índice Global de Inovação 2013, o Brasil ocupa apenas uma modesta 64ª posição no ranking das nações mais inovadoras – os dados fazem parte do relatório elaborado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual, Instituto Insead e Universidade Cornell (EUA). Portanto, a questão da inovação impõe um desafio relevante a ser superado para reduzir a distância do país em relação às mais importantes e competitivas economias do planeta. O governo federal incorporou o tema aos seus discursos e à política industrial, através do Programa Brasil Maior, repetindo como um mantra que é preciso “um foco mais centrado em inovação”. E deu um passo importante aumentando o volume de crédito concedido pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), para empresas inovadoras do país, que chegou a R$ 6,3 bilhões em 2013. Este ano, a Finep estima alcançar R$ 10 bilhões em financiamento da atividade. Ainda que seja um problema nacional, a Bahia despertou para a questão e vem dando passos (iniciais) no sentido de melhorar a eficiência do ambiente propício à ocorrência do esforço inovativo. No entanto, é preciso pisar no acelerador.