Anduba REVISTA ANDUBA // N째01 // DEZEMBRO DE 2015
CARTA DAS EDITORASPÁG 5 QUEM FAZ? PÁG 6 COLABORADORES PÁG 7
CONTE
UM MUNDO TODO PÁG 9
PARQUE MINHOCÃO PÁG 11 BOOGARINS PÁG 15 Entrevista: WENDEL SANTOS PÁG 19
FEIRAS GRÁFICAS PÁG 23 THINK OLGA PÁG 39 O SLOW FASHION POSSÍVEL PÁG 41
EÚDO EDITORIAIS:
SELVA DE PEDRA PÁG 25 NO BECO PÁG 33
CARTA DAS EDITORAS
De nós, para São Paulo Foi através de uma proposta dada na disciplina de Linguagem Visual, do nosso curso de Têxtil e Moda, que a Anduba surgiu: inicialmente não era uma revista, poderia ser qualquer produto em que sua criação estivessem inseridos princípios de Design. Mas por ser algo tão próximo ao nosso curso, logo pensamos numa revista como um bom produto a ser executado, aliás, nada melhor que unir design a conteúdo. Mas do que falaria essa revista? Não poderia ser mais uma revista que abrangesse apenas Moda, tinha que ser algo além, algo que nos trouxesse significados.
poderia nos proporcionar, conhecemos pessoas incríveis e, de alguma forma, vimos a necessidade de retribuir a ela tudo o que nos tem feito. E ainda há muito pela frente. Obrigada, São Paulo!
Nós, idealizadoras da Anduba, somos paulistanas de coração: uma vinda de Goiânia e outra de Campinas, e ambas muito bem acolhidas por esta cidade que é tão imensa em dimensões e diversidade, mas que ainda assim sempre tem espaço para mais uma pessoa ou para algo novo. Fomos acolhidas em sua Universidade (USP), em seu cotidiano, experienciamos coisas que só São Paulo
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Anduba IDEALIZADORAS: ANA PAULA LEAL MARCELA ARAÚJO ORIENTADOR: PROF DR. ANTÔNIO TAKAO DISCIPLINA: LINGUAGEM VISUAL TÊXTIL E MODA EACH-USP DEZEMBRO DE 2015
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WENDEL SANTOS// VISAGISTA IAN RIBEIRO// MAQUIADOR
COLABOR ANANDA TURQUETTI// ESCRITORA
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GABRIELLE RODRIGUES// FOTÓGRAFA
RADORES GABRIEL MACHADO// ESCRITOR YASMIN QUEIROZ// MODELO
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Um mundo novo Texto: Gabriel Machado
Foto: Emílio Sá
São Paulo em sua dimensão, é uma cidade de fortes contrastes, onde diferenças entre classes sociais, diferenças espaciais, arquitetônicas e culturais se encontram nos mesmos lugares, caracterizando-a como uma cidade incaracterizável dentro de suas peculiaridades. Uma cidade que se mostra tão plural para seus habitantes, atualmente se esgotou do padrão ao qual lhe foi estabelecido por muitos anos, presa a questões como violência, pressa, poluição, descaso, e tantos outros. Hoje, São Paulo se mostra sedenta por novos ares, reivindica a ocupação e utilização de seus espaços públicos, por tanto tempo abandonados, já não aguenta o peso dos carros atrelados à sua existência, recorrido recentemente às ciclovias, e o estresse ocasionado por sua velocidade constante, aos poucos a deixa mais leve, com a redução da velocidade em suas pistas. Ela está em processo de mudança, talvez uma transição de sua adolescência para sua fase adulta, onde se tornará mais autosuficiente, enfrentará com maior atitude os seus problemas, e enfim, poderá prosperar.
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parque minhoc達o
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Para alguns, o Minhocão é apenas uma via expressa elevada que liga a região da Praça Roosevelt, no centro da cidade, ao Largo Padre Péricles, em Perdizes. Em sua engenharia bruta e mal planejada e em seu nome que carrega o peso da ditadura, frequentemente problematizados pela população, felizmente, algumas pessoas viram neste elevado algo além do que ele é, algo que ele pode ser: a ideia de um parque. Para os moradores da região, que têm o Minhocão como paisagem corriqueira, o contraste é gritante: carros, buzinas e muito congestionamento nos dias de semana, e pessoas interagindo, fazendo feiras de escambos, teatro, música e reuniões, em meio a passeios com cachorros durante o Sábado e Domingo. Sua falta de planejamento e os problemas que trouxeram à população, são vistos por muitos como um verdadeiro crime urbanístico, e desde sua criação, - que tinha como plano desafogar o trânsito da cidade, porém apenas ocasionou mais - é defendida por muitos a sua demolição. No entanto, em contrapartida, o poder legislativo e executivo do munícipio de São Paulo, propõe em seu plano diretor a desativação do elevado em alguns anos, o que traz esperanças a grupos de pessoas que defendem a criação do Parque Minhocão. Cada vez mais as pessoas estão vendo o Minhocão como um lugar para lazer, onde muitos vão praticar esportes, encontrar amigos, participar de eventos, e outros, trazem iniciativas que visam trazer a população para este espaço, como teatros, pequenos concertos musicais, feiras gastrônomicas, projeção de filmes, jardins verticais e muitas outras formas que vêm então legitimando o Minhocão como um parque a se tornar. A ocupação deste espaço ocorre de diversas formas, pessoas fazem piqueniques, trazem suas famílias, animais de estimação, e há até casos curiosos onde houveram pessoas com piscina e churrasqueira a fim de causar a aproximação das pessoas ao elevado. Os contrastes expostos pelo Minhocão mostram a urgência que São Paulo tem por lugares de convívio comum, onde a celebração da vida aconteça num momento de desaceleração, nem que por enquanto, seja apenas aos finais de semana.
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Avenida 23 de Maio, por CĂŠsar Maranesi (@andando_e_registrando
O ZEITGEIST PSICODÉLICO DE
BOOGARINS
Texto: Marcela Araújo
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Fotos: Pedro Margherito
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Sequer é preciso comentar que, São Paulo com sua riqueza dimensional, abriga uma cena cultural extremamente forte e diversificada. Bandas do mundo todo vêm para a cidade procurando uma chance de fama, ou apenas conseguir mostrar sua música para um público completamente variado. Além dos músicos que aqui surgiram, e fizeram seu nome em casas de show como a Studio SP, que até hoje abriga bandas e cantores como: Cidadão Instigado, Curumin, Marcelo Jeneci, Leo Cavalcanti, Mariana Aydar e Anelis Assumpção. Após receber tantos músicos novos nesse meio cultural, foi a vez do Boogarins dar as caras por aqui. Os goianos estão levando ao mundo seu som psicodélico nacional, com um rock carregado de influências que variam entre Tame Impala e Os Mutantes. A banda surgiu em 2012 a partir de Benke Ferraz (guitarra solo) e Dinho Almeida (vocal e guitarra rítmica), que eram amigos de infância, tendo se unido à banda posteriormente, Hans Cantro (baterista que em 2014 foi substituído por Ynaiã Benthroldo) e Raphael Vaz (contrabaixo). Com seu primeiro EP As Plantas que Curam, os meninos foram notados pelo empresário Gordon Zacharias (Carolina do Norte), que fez uma proposta com o selo Other Music, este, que faz parte da gravadora Fat Possum, com um catálogo de nomes como The Black Keys, Iggy Pop e Band of Horses. A gravadora assinou com o quarteto, culminando assim, no primeiro álbum da banda, que foi inicialmente feito com total despre-
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com total despretensão, em um quarto na casa dos integrantes. E naturalmente, o sucesso do Boogarins foi exonencial: o que eram shows em pequenas casas da sua própria cidade, se transferiu para turnês pela Europa, Estados Unidos e América Latina, participando em enormes festivais como o South by Southwest (em Austin, Texas), e o Primavera Sound (Barcelona), e abrindo para bandas como Of Montreal e Temples, renomados nomes no cenário da música alternativa da atualidade. Nos últimos meses em São Paulo, o Boogarins tocou no festival Lollapalooza, fez show na Audio Club, cantou em parceria com a banda O Terno, no Largo do São Francisco, gravou seu novo clipe Avalanche no Centro Cultural São Paulo, finalizando este momento com um show de excelência no Mirante 9 de Julho, que também foi registrado em vídeo para a divulgação da banda (ambos já estão disponíveis). Agora a banda está em tour pela Europa. Então para quem ainda não teve a oportunidade de conhecer o quarteto, ou já está com saudade de vê-los por aqui, pode se jogar no seu novo álbum: “Manual ou Guia Livre de Dissolução dos Sonhos” disponível em CD e vinil. Que segundo o jornalista e crítico musical, José Flávio Júnior, une o Tropicalismo, Clube da Esquina e sua velha e boa psicodelia. As 11 faixas do novo álbum, trazem um profissionalismo renovado e um verdadeiro disco que todos deveriam parar por algum momento para ouvir e apreciar.
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entrevista
Wendel Santos “(...) Muitas vezes a pessoa vai no salão e nem sabe ao certo o que fazer, ou acredita que determinado look, que nada tem a ver com seu estilo, vai cair bem, porque de certa forma ela já está muito enterrada nos padrões da sociedade e se acredita incapaz e sem beleza alguma.”
Formado em Visagismo e atuante na área de beleza, Wendel Santos acredita que o trabalho do visagista, além de envolver técnicas que transitam entre a arte e psicologia, é uma grande ferramenta de empoderamento feminino e elevação da autoestima. pág 21 Entrevista: Marcela Araújo Foto: Meg Franchelli
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Marcela Araújo: O Visagismo tem muitas ver- MU: O que te fez se interessar tentes. Você poderia resumir um pouco o con- pelo Visagismo? WS:Desde o início eu direcionei ceito e o método do qual você estudou? Wendel Santos:O nome Visagismo vem do francês visage, que quer dizer rosto. O conceito no qual eu fui formado, foi aprimorado pelo artista plástico Philip Hallawell, que se baseia nas linhas e formas, ou seja, cada linha causa um estímulo visual, fazendo com que a gente sinta algo. As formas que compõem o rosto tem a ver com o temperamento da pessoa. Então através do Visagismo, usando a linguagem visual, a gente cria uma imagem de acordo com aquilo que o cliente deseja expressar com sua aparência.
meu trabalho para a personalização, e sempre fui contra padrões. Então o que eu queria era buscar algo que me ensinasse técnicas, não de padronização, e sim de uma visão mais ampla na hora de desenvolver um visual, ajudando as pessoas a se encontrarem. Foi aí que me deparei com o Visagismo, que estuda tudo o que sempre quis aplicar no meu trabalho.
MU: Como funciona essa consultoria com seus clientes, e de queforma eles recebem essas informações sobre o Visagismo?
WS: Por ser algo muito novo, a primeira coisa que eu faço na hora da consultoria, é explicar um pouco sobre o conceito do Visagismo. Após isso, faço uma leitura e análise das formas e proporções do rosto daquela pessoa, e baseado nisso a gente desenvolve um corte ou coloração, de acordo com aquilo que ela quer expressar, tendo em mente as linhas do seu rosto e consequentemente seu temperamento. Por enquanto, a maioria dos clientes que atendi conseguiram absorver bem todas essas informações, inclusive puderam se encontrar, entender melhor sobre sua aparência, sobre quem realmente são e de que forma podem transmitir o que desejam apenas montando um visual.
MU: É muito comum as pessoas já chegarem MU: Como agir se o cliente não no salão com uma referência, pedindo um se identificar com toda a análise cabelo igual a de uma determinada celebrique foi dada na consultoria? dade. Como driblar esse fato para fazer algo WS: Quando existe um desencontro entre a minha análise com o que personalizado? defato acontece, isso faz mais com que a pessoa consiga entender o quão distante ela está dela mesma! Mas é realmente raro isso ocorrer, geralmente tudo o que analiso bate diretamente com essência da pessoa, e elas percebem isso na hora.
WS: De fato nem todos que vão no salão estão procurando por uma consultoria de Visagismo, mas querendo ou não, eu sempre aplico ele no meu trabalho. Em casos como esse, acontece de eu perceber que aquela referência que me foi dada, não daria certo para àquela pessoa por uma série de motivos, como a composição do seu rosto, seu estilo, o que ela quer realmente representar etc. Então eu procuro transformar essa referência de uma forma que vá encaixar no estilo e na essência daquele cliente.
MU: Por ser um conceito tão novo, alguns clientes encaram ele com ceticismo? O que você faz para mudar essa ideia? WS: Sim! Algumas pessoas começam se interessando, e após a consulta e toda a explicação elas ignoram tudo e fazem da forma que queriam antes. E tem aqueles que realmente não acreditam, acham que é muito misticismo. O que eu faço para tentar mudar essa concepção, é mostrar tudo da forma mais técnica e cientifica possível, demonstrando estudos de linguagem visual, aplicando a psicanálise, arte etc.
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MU: De que forma o Visagismo atua MU: Como introduzir um conceito diretamente no aumento da autoes- tão novo e humano em um mundo repleto de padrões? tima e autoconhecimento? WS: Na minha opinião, o Visagismo definitivamente veio para ajudar nessa questão da autoestima. Porque muitas vezes a pessoa vai no salão e nem sabe ao certo o que fazer, ou acredita que determinado look, que nada tem a ver com seu estilo, vai cair bem, porque de certa forma ela já está muito enterrada nos padrões da sociedade e se acredita incapaz e sem beleza alguma. Dessa forma, o Visagismo mostra diretamente quem aquela pessoa realmente é e aplica na sua imagem tudo aquilo que vai reverter essa baixa autoestima, fazendo a pessoa se descobrir e se amar mais.
WS: Bom, acho que eu faço minha parte aos poucos, tentando ao máximo derrubar esses padrões e demonstrando tudo isso para as pessoas. Com conversas, dando exemplos usando o próprio cliente... E assim eu vou criando uma corrente. Uma pessoa satisfeita que foi no salão, viu os benefícios do Visagismo, aí contou para outra que contou para outra, e assim vamos melhorando esse mundo.
MU: Onde você fez o seu curso de Visagismo, e como foi?
WS: Eu fiz o curso diretamente com o Philip Hallawel, que tem um instituto de Visagismo e dá cursos independentes. Geralmente ele aluga um espaço em hotéis, e durante 4 dias, com período integral, ele ensina toda a história do Visagismo, todas as pessoas que influenciaram nesse conceito, aulas de desenho, influências visuais, palestras com pessoas formadas, como podemos usar isso no nosso trabalho... Porque pessoas de diversas áreas participam do curso, artistas plásticos, arquitetos, cabeleireiros, maquiadores, filósofos, e até médicos que mexem com a parte de cirurgia plástica. O curso foi maravilhoso e para quem tiver interesse, pode entrar no site: visagismo.com.br
MU: Como é a questão do Visagismo na cidade de São Paulo? Muitos salões já aplicam esse conceito?
WS: O Visagismo meio que começou aqui mesmo. O Cabelaria, no Jardins,foi o primeiro a adotar esse conceito no salão todo. E já existem muitos cabeleireiros que aplicam o Visagismo em diversos salões por aí. Além de profissionais que usam a técnica em tratamentos estéticos diversos. De forma geral, é algo que está crescendo até de forma rápida aqui, acho que pela curiosidade das pessoas e por todo o benefício que a técnica traz.
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MU: Hoje já podemos encontrar Universidades em São Paulo que dãouma formação em Visagismo. Você acha que para quem tem interesse, é um curso que vale a pena ser feito?
WS: Aqui no Brasil, parece que nós temos uma tendência a comercializartudo, e nas faculdades o foco é muito mais no marketing. Então essas instituições não dão o devido valor, não fundamentam da maneira que deveria ser, eles transmitem um ensinamento distorcido, modificado para ganhos de clientes e capital. Não é o Visagismo na essência, e sim o uso deste para conseguir algo.
MU:Você tem indicações de leituras para quem quer entender melhor sobre todo esse conceito? WS: O livro “Visagismo: Harmonia e Estética”, que foi produzido pelo Senac, para alunos de desenho, então ele tem uma linguagem mais técnica. E o “Visagismo Integrado – Identidade, Estilo e Beleza”, que é muito mais abrangente, e é legal para pessoas de qualquer área que tenham interesse, sendo um livro mais simples para compreender como é aplicado e qual o desenvolvimento do Visagismo. Eu aconselho ler primeiro esse segundo, depois o primeiro.
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Uma celebração à arte impressa
Texto: Ana Paula Leal Foto: Clayton Rodrigues (@claytation)
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Em plena era digital, onde temos fácil acesso a jornais, revistas e livros em seus formatos digitais, acessados através de celulares e tablets, nos desacostumamos com as publicações físicas, com o folhear de páginas, e o cheiro de papel impresso. No entanto, nos últimos cinco anos, houve uma explosão de editoras independentes, que juntamente a artistas gráficos, passaram a colocar em prática a celebração do formato físico e impresso de publicações como zines, revistas, livros e posteres. Entre museus e galerias de arte, as feiras de arte impressa têm acontecido pela cidade de São Paulo trazendo selos independentes como a editora Lote 42, o selo Selvvva, Fabio Zimbres, YOYO, Confeitaria, Maria Nanquim, e inúmeros outros, muitos vindos do Sul do país, e outros vindos também do Chile e Argentina. A cidade de São Paulo, atualmente, conta com quatro grandes nomes entre este tipo de feira, tendo entre elas a Feira Plana, que ocorre no Museu de Imagem e Som (MIS), a Feira Miolos, na Biblioteca Mário de Andrade, Feira Tijuana, na Casa do Povo, e a Feira Livre, no SESC Vila Mariana. Dentre estas, a mais velha, que teve seu início no ano de 2009, é a Feira Tijuana, mas apesar de ser a mais velha entre estes nomes, a feira que ganhou maior visibilidade e se estabeleceu como a mais potente feira de arte impressa do país foi a Feira Plana, que no ano ano de 2013 teve um público que contava com 2.000 visitantes, e um grande salto para 12.000 visitantes em 2014. Esta demanda por um suporte que não seja o digital não ocorre ao acaso, e caminha junto com um desejo de experiências palpáveis que vem sendo reclamado por alguns de nossa geração: o fotografar analógico, em tempos de selfies, o ruído de agulhas em LPs, em tempos de Spotify, o cozinhar em fogo baixo, em tempos de fast food. Não seria diferente com textos e ilustrações, porquê ler algo em seu kindle não parece tão legal quanto ao folhear de páginas de um zine, assim como ter uma ilustração pendurada em sua parede, de uma tiragem de apenas 100 unidades, parece muito mais interessante do que tê-la como papel de parede de seu celular. E os expositores vão muito além do papel: livros com experiências sensoriais envolvendo aromas ou texturas, imãs de geladeira, plantinhas, camisetas e muito mais, a fim de criar uma maior abrangência em relação a suportes. Jovens inspirados por ícones do design gráfico em publicações como a editora Cosac&Naify, inspirados por romancistas contemporâneos, poesia concreta, e atingidos por um turbilhão de referências visuais vindas da televisão e da internet são o perfil de criadores e expositores destas feiras, que muito além de publicações, proporciona experiências: o estar lá, conversar e conhecer pessoas, conhecer os espaços de um prédio, e proporcionar a si mesmo, um momento de desaceleração.
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elva de pedra
Modelo: Yasmin Queiroz Fotos: Gabrielle Rodrigues Maquiagem: Ian Ribeiro Cabelo: Wendel Santos Styling: Marcela AraĂşjo
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Modelo: Marcela AraĂşjo Fotos: Gabrielle Rodrigues Maquiagem: Ian Ribeiro Cabelo: Wendel Santos Styling: Marcela AraĂşjo
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Somos todas Olgas Texto: Ananda Turquetti Imagem: Think Olga
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O Think Olga é um projeto criado em 2013 pela jornalista Juliana de Faria, seguindo a vertente feminista, com o objetivo de empoderar mulheres por meio da informação, criando conteúdos que reflitam a complexidade das mulheres, as tratando com seriedade e lutando para que elas alcancem cada vez mais direitos. Desde então, cria campanhas contra o machismo e a objetificação da mulher, como a “Chega de Fiu-Fiu”, campanha contra o assédio sexual em espaços públicos. A campanha, que inicialmente consistia em ilustrações com mensagens de repúdio ao assédio, ganhou cada vez mais força e participantes, com milhares de mulheres participando de pesquisas realizadas pelas criadoras do projeto. Com isso foram criados diversos meios de conscientização contra a violência sexual, como uma cartilha pelo Ministério Público de São Paulo, o ebook Meu Corpo Não é Seu, entre outros, e a criação do Mapa Chega de Fiu Fiu, uma ferramenta para tornar as cidades mais seguras para as mulheres, relacionando geograficamente os locais e motivos que aumentam a incidência de casos de assédio em determinadas áreas em busca de soluções que mudem tal realidade. Além dessa, o Think Olga lançou diversas campanhas nas redes sociais, como a hashtag #primeiroassédio, em resposta aos comentários de cunho pedófilo e machista para a participante do reality show MasterChef Junior, Valentina Schulz. As hashtags encorajaram mulheres a falar sobre situações que antes eram escondidas, por medo ou por vergonha. A campanha #primeiroassédio recebeu milhares de relatos nas redes sociais, expondo os assédios sofridos por mulheres durante a infância, ganhando divulgação na mídia, ONGs e órgãos públicos, gerando cada vez mais conscientização sobre o assunto. Depois da hashtag, os números de denúncia de abuso aumentaram em 40%, segundo o G1. A equipe do projeto hoje conta com uma equipe de mais 2 mulheres além da fundadora, Luíse Bello e Dra. Gisele Truzzi, consultora legal da OLGA, advogada especialista em Direito Digital. ANDUBA/ DEZ 2015
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iniciativas para o
SLOW FASHION POSSÍVEL e a conscientização de moda Texto: Ana Paula Leal
O Brasil é um dos maiores produtores têxteis do mundo, ficando atrás apenas de países como China, Índia e Estados Unidos em sua produção de tecidos e peças de vestuário, e isso reflete na forma como sua população consome Moda, impulsionados pelo consumismo pregado pelas grandes redes de fast-fashion. No entanto, o comportamento de moda está se reinventando em épocas de profundas mudanças sociais, surgindo com a proposta do slow fashion, uma resposta à deterioração causada pelos métodos do fast fashion, que possui o objetivo de desacelerar a moda e incentivar um processo sustentável, atentando para a qualidade, durabilidade e criatividade. E assim, surgem marcas e iniciativas com propostas de consumo consciente a fim de promover uma moda de engajamento ambiental e social, que visa mudar os hábitos de consumo da população. Ármario Cápsula: o ármario-cápsula é um mé-
todo incorporado e difundido pela blogueira Caroline Reactor, indo contra a corrente em relação aos blogs de moda que se consagraram por seus posts como look do dia e pela pregação do consumismo exarcebado, em que ocorre a busca de um maior autoconhecimento e, consequentemente, menos consumismo, através da readaptação de seu armário para um armário de apenas 37 peças durante um período de uma estação. Neste período, não é permitido comprar novas roupas, e o intuito é que através disso, ocorra a percepção de como consumimos desenfreadamente sem ser de fato necessário.
Fashion Revolution Day: O Fashion Revolution
Day é uma iniciativa que teve início após o desastre ocorrido no Rana Plaza, fábrica têxtil irregular onde muitos trabalhadores perderam suas vidas, enquanto exerciam trabalho escravo. O evento, preza pela preocupação dos consumidores de moda em saber de onde vieram suas roupas. Com o slogan de “who made your clothes”, pregam a importância em se conscientizar de todos os processos que existem na fabricação e criação do que vestimos, que em sua maior parte, afetam a comunidade e o meio ambiente.
FLÁVIA ARANHA: Estilista formada pela Facul-
dade Sta Marcelina, criou durante sua graduação um vínculo com o trabalho manual, dentre eles, tingimentos manuais e experimentações textêis, onde preza pela preservação ambiental e durabilidade das roupas, trazendo à sua marca uma grande responsabilidade com o que é produzido.
Projeto Gaveta: É um projeto que visa a
circulação de peças de roupas através da troca, onde você, antecipadamente, leva suas roupas, que serão equivalentes a uma moeda do evento, e no dia do evento, há roupas expostas (inclusive as suas) e você poderá “comprar” novas peças, através desta moeda de troca.
Insecta Shoes: A Insecta Shoes é uma mar-
ca vegana e sustentável que usa em sua confecção de sandálias e sapatos tecidos garimpados de brechó e garrafas plásticas, mostrando que produtos que carregam consciência ambiental também podem se tornar objetos de desejo.
Banco de Tecidos: uma iniciativa que visa o
uso e reuso de tecidos através da troca e da doação de retalhos.
Oficina de Estilo: Cris e Fer, idealizadoras da
Oficina, dão aulas de styling onde a proposta é substituir consumo por autoestima.
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Até Logo!