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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ ESCOLA DE ARQUITETURA E DESIGN CURSO DE DESIGN DE MODA ANA PAULA RIBEIRO ANTUNES GABRIEL SOSVIANIN GABRIELA GEORGETE LANGE LETÍCIA BUCHHOLZ

MALHARIA RETILÍNEA E A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL APLICADAS NO MOVIMENTO GENDER BENDER COMO UMA NOVA FORMA DE CONSUMO

CURITIBA 2015



AGRADECIMENTOS

Aos colegas que fazem parte desse grupo, por todo o trabalho desenvolvido e pelos laços de amizade que se tornaram mais fortes; Aos pais, familiares e amigos, por todo o apoio e incentivo nas horas difíceis; À Flor de Iris, em especial à Iris Alessi, por ter transformado a peça que existia apenas no papel em uma peça real e à modelo Rozangela Jaworski pelo trabalho magnífico.



Pg. 25 Pg. 42 Pg. 55 Pg. 75 Pg. 75

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Análise Sincrônica Tabela 2 - Mix de Coleção Tabela 3 - Ficha Técnica da Peça Produzida Tabela 4 - Dados da Peça Produzida Tabela 5 - Viabilidade e Custos



LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Painel de Problematização Pg. 14 Figura 2 - Painel de Análise - Marcas Gender Bender Pg. 22 Figura 3 - 1920 Pg. 23 Figura 4 - 1960 Pg. 23 Figura 5 - 1980 Pg. 24 Figura 6 - 2010 Pg. 24 Figura 7 - Painel de Tema/Conceito Pg.30 Figura 8 - Painel Marinheiro Pg. 32 Figura 9 - Painel Nós Pg. 34 Figura 10 - Painel de Público Alvo - Estilo de Vida Pg. 36 Figura 11 - Painel de Público Alvo Pg. 38 Figura 12 - Painel de Tendências Pg. 40 Figura 13 - Amostras e Experimentos Têxteis Pg. 43 Figura 14 - Geração de Alternativas Pg. 45 Figura 15 - Coleção Entre Nós Pg. 52 Figura 16 - Processo de Produção da Peça Piloto Pg. 56 Figura 17 - A Marca Pg. 57 Figura 18- Validação com o Usuário Pg. 76



Pg. 12 1. INTRODUÇÃO Pg. 14 1.1 Problematização Pg. 16 2. REFERENCIAL TEÓRICO Pg. 16 2.1 Malharia Retilínea Pg. 17 2.2 Moda e Sustentabilidade Pg. 19 2.3 Sem Gênero ou Gender Bender Pg. 21 3. MATERIAIS E MÉTODOS DE PROJETO 3.1 Análise de Similares Diacrônica e Sincrônica Pg. 22 31.1 Análise Diacrônica - Linha do Tempo Pg. 23 Pg. 25 3.2 Pesquisa de Segmento Pg. 26 3.3 Tema e Conceito Pg. 30 3.3.1 Os Velhos Marinheiros, de Jorge Amado Pg. 31 3.3.2 Nós Pg. 34 3.4 Público Alvo Pg. 36 Pg. 37 3.4.1 Pesquisa Netnográfica 3.4.2 Entrevistas Pg. 38 3.4.3 Características Gerais Pg. 39 Pg. 39 3.4.4 Considerações Pg. 40 3.5 Tendências 3.6 Processos de Fabricação Pg. 41 Pg. 42 3.7 Mix de Coleção Pg. 43 3.8 Amostras e Experimentos Têxteis Pg. 45 3.9 Geração de Alternativas Pg. 47 4. RESULTADOS Pg. 48 4.1 Cartela de Cores Pg. 49 4.2 Cartela de Materiais Pg. 50 4.3 Seleção das Amostras Têxteis 4.4 Seleção das Alternativas Pg. 51 4.5 Ficha Técnica Pg. 55 Pg. 56 4.6Desenvolvimento da Peça Piloto Pg. 57 4.7 A Coleção Pg. 58 4.8 Produção Fotográfica Pg. 73 5. DISCUSSÕES E CONCLUSÕES Pg. 74 5.1 Análise Ergonômica Pg. 75 5.2 Análise de Viabilidade Pg. 76 5.3 Validação com os Usuários Pg. 77 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pg. 78 7. REFERÊNCIAS 3.1.2 Análise Diacrônica

SUMÁRIO


1. Introdução

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O tema sustentabilidade é um tema muito discutido e abordado nos últimos anos devido aos danos causados pelo homem no planeta. Quando falamos em moda, um dos maiores desafios esta dentro da sustentabilidade contra o grande consumo devido ao fast fashion e outros fatores como tingimento de tecidos e obtenção de matérias-primas, porém existem muitos nichos de mercado que se preocupam em consumir produtos que não agridam ou agridam o mínimo possível o meio-ambiente, um desses mercados esta dentro do público proposto que foi identificado através de pesquisas netnograficas, etnográficas e entrevistas. Este público seriam jovens de 18 a 39 anos, pertencentes predominantemente à classe B, universitários ou formados nas áreas de humanas e tecnologias, são inovadores e costumam aceitar bem as mudanças do mundo atual, sendo deste modo lançadores de tendências. Uma vez que o projeto proposto deveria ser desenvolvido com malharia retilínea, optou-se trabalhar com o publico gender bender, ou seja, além do gênero. O sem gênero é um


movimento que tem sua origem no unissex, com Chanel e David Bowie, após muitos anos surgiu o estilo andrógino que eclodiu em 2010 nas passarelas internacionais com modelos como Andrej Pejic, que posteriormente gerou o que conhecemos hoje como roupas além do gênero, que seria a mesma roupa servindo tanto para homens, quanto para mulheres. A coleção é composta por quinze peças, que gera um total de dez looks propostos. Sendo que os materiais utilizados seriam cordas, sisal, barbante e alguns fios de lã. O modelo de peça piloto escolhido para confecção, foi desenvolvido com corda de algodão, e trouxe todo o conceito do sem gênero e dos nós de marinheiro, tema de inspiração para criação da coleção. O resultado foi uma peça conceitual, de tricô circular, alternando os lados direito e avesso em ponto meia, essa técnica foi repetida no braço utilizando uma corda do mesmo material, porém em espessura diferente. A peça conta com um capuz com abertura em zíper no meio, possibilitando que este possa ser vestido de forma comum ou caído sob os ombros.

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1.1 Problematização

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Nos últimos seis anos de lançamentos de moda, observa-se uma crescente onda de produtos “verdes”, (BERLIM, 2010), contudo, quando falamos em sustentabilidade na moda, é praticamente impossível cumprir a todos os requisitos se o produto for em larga escala, além do mais, ainda tem a questão do usuário, que pode ter um comportamento não sustentável, e desde modo o ciclo não é fechado como deveria. Neste sentido observou-se que é comum que produtos atendam a alguns vieses da sustentabilidade como a social, a ecológica, a cultural, etc. A sustentabilidade que pretende-se abordar é a ecológica, que busca alternativas de menor impacto negativo ao meio ambiente, fazendo uso de poucos ou nenhum recurso que agrida diretamente a natureza.


Figura 1 - Painel Problematização. Fonte: O autor, 2015

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Segundo o The Green Slow (empresa de consultoria especializada em estratégias sustentáveis na área de moda) há alguns segmentos necessários para o cumprimento destas práticas sustentáveis que também serão trazidos são eles: comércio justo/ético, artesanal, vagan/ sem produtos animais/ sem crueldade, redução de resíduos, responsabilidade socioambiental e eficiência de recursos. Sob esta ótica, e a partir de pesquisas realizadas sobre tendências de mercado, observou-se uma microtendência forte relacionada ao sem gênero, ou Gender Bender, que seriam pessoas que não buscam uma diferenciação de gênero na hora de escolher suas roupas, porém, no Brasil, embora já exista um número significativo de adeptos a esta nova tendência, ainda não se encontra lojas ou marcas que invistam em peças que possam suprir a esta necessidade de mercado.


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Sob a problemática da sustentabilidade ecológica ou ambiental, somado ao uso da malharia retilínea, material obrigatório para o desenvolvimento deste projeto, foi realizado a pesquisa, que envolve desde o tema principal que é a sustentabilidade até subtemas como o Gender Bender e os tipos de malhas.

2. Referencial Teórico

2.1 MALHARIA RETILÍNEA Segundo o glossário de moda do Portal Use Fashion, a malharia Retilínea é um tipo de malha com tramas idênticas as do tricô artesanal, porém feita em maquinas eletrônicas retilíneas, as tramas são tecidas em diferentes espessuras e medidas, entrelaçados no mesmo sentido e todos na trama horizontal. A malharia retilínea tem como maior característica sua elasticidade e devido à tecnologia de hoje todo o processo é feito com maior agilidade e a malharia retilínea pode variar desde rendas trabalhadas, tramas pesadas de tranças e pontos que parecem artesanais e meia malha, que simula tecidos de malharia circular Os tecidos originados por trama e urdume já eram tecidos com teares antes da era Cristã, mas segundo o professor Marcos Silva de Aquino em sua Apostila de Métodos e Processos de Manufatura da Malha I, a malharia teve sua origem em redes de pesca e armadilhas elaboradas por povos antigos através de laçadas, o que traz à tona a inspiração para o projeto que também vem do mar, dando origem à formação de um tecido através do entrelaçamento dos fios, com uma série de laços conectados por meio das mãos ou agulhas mecanizadas (AQUINO, 2008). Hoje em dia, a malharia é uma das indústrias mais complexas, separada em duas grandes áreas, uma trabalha com produtos que são prontos para o uso, como meias e meias calças e a outra é uma área que produz artigos para as confecções, o objetivo principal de uma malharia é o desenvolvimento de tecidos de malha partindo do fio, que é a matéria-prima. A ideia que a maioria das pessoas tem é que a indústria se restringe à blusas, vestidos e camisas, coisas que somos acostumados a ver e usar em nosso dia a dia. Quanto aos fios para malharia podem ser tanto de fibras naturais quanto sintéticas. As fibras naturais mais comuns são a lã pentea-


da, a lã cardada, o algodão e a seda, e as sintéticas mais comuns são o poliéster, os rayons o acrílico e a lycra. Também podem apresentar misturas de fibras, com duas ou mais fibras, como o poliéster + viscose e o algodão + poliéster com ou sem texturização. Essa diversidade na utilização de diversos fios transforma a malharia retilínea em um processo sustentável, já que segundo os critérios do The Green Show, a utilização de matérias orgânicos e naturais, assim como materiais veganos, que não utilizam nenhum produto de origem animal corresponde a atitudes mais sustentáveis. A malharia se torna sustentável, pois também trabalha com o viés do artesanal – já que esta pode ser muito bem feita a partir do slow fashion. 2.2 MODA E SUSTENTABILIDADE Definitivamente a palavra da atualidade é sustentabilidade, palavra esta que vem de sustentável, de origem no Latim “sustentare” que significa sustentar, favorecer e conservar. Independente do setor seja ele no meio ambiente, educação, administração publica, na economia ou na moda, todos procuram alternativas sustentáveis para causar cada vez menos impactos ao meio ambiente. Nos dias de hoje, falar em sustentabilidade remete diretamente à necessidade de adequação dos padrões de consumo vigentes na sociedade, na medida em que esse conceito abrange três vertentes essenciais: a econômica, a social e a ambiental. . A sustentabilidade econômica entra no âmbito sócio-econômico com o intuito de tornar não somente o empreendimento mais próspero, mas também alterar alguns fatores da realidade em que se vive. Possui como fator essencial a boa gestão de recursos naturais, principalmente no tocante à geração de energia, usando, para tanto, fontes renováveis em substituição as que não são renováveis. Sustentabilidade social trabalha com os fatores da sociedade e com a responsabilidade social. A desigualdade social, o uso excessivo dos recursos naturais por uma parte da população são fatores que são extremamente combatidos no âmbito da sustentabilidade social. Pode-se afirmar que a sociedade obedece a relações intrínsecas com os outros setores de base da sociedade (acesso a

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educação, desenvolvimento das técnicas industriais, econômicas e financeiras, além dos fatores de ordem político e ambiental). A sustentabilidade ambiental tem como objetivo preservar o meio ambiente e ainda garantir o desenvolvimento através do uso inteligente dos recursos naturais, garantindo que eles tenham longevidade. Um dos exemplos de ações de sustentabilidade e que recai sobre o campo das energias renováveis, além da implantação da agricultura orgânica, termo usado para designar a produção de alimentos e outros produtos vegetais que não faz uso de produtos químicos sintéticos ou organismos geneticamente modificados, que agridem a natureza e são prejudiciais à saúde. Segundo Fletcher et al (2011) o desafio da sustentabilidade é o obstáculo mais complexo pelo qual a indústria da moda já passou até hoje, isto porque há uma quantidade muito grande de fatores que incidem sobre a área, e isto vai desde a plantação do algodão e o modo como ele é cultivado, exaustão do solo, comunidade envolvida, etc. até o momento final do ciclo, quando o produto final já foi comercializado, utilizado e descartado pelo usuário final.Todo o imenso sistema de cadeias produtivas têxteis, são necessários para se definir uma relação completa entre moda e sustentabilidade. Um dos desafios, segundo o livro, seria a desaceleração da produção e consumo em massa, propondo modelos de negócios e produções, que não visem apenas o lucro, mas também uma conexão mais ampla entre a sociedade e a natureza, através de ferramentas criativas, emocionais e intuitivas comum aos designers de moda (FLETCHER et al, 2011).. É a partir do ponto em que a sustentabilidade trabalha com a adaptação, baixo impacto e aumento da vida útil que esse projeto trabalhará em torno, pois o universo sustentável abrange, além da evolução no processo de produção, um novo estilo de vida: o de um consumidor ativo, engajado nos problemas da humanidade, preocupado com valores éticos e que procura, através de seus atos e compras, trazer o consumo consciente para sua vida. Os compradores sabem que o produto tem uma história e, quanto mais interessante e satisfatória ela for quanto a sua origem, criação e responsabilidade social, mais aceitação o produto receberá no mercado. Os usuários buscam aprender sobre os produtos, querem


receber as respostas sobre seus investimentos, certificando-se de terem feito uma boa escolha, que não será poluidora nem agrave, indiscriminadamente, os problemas do meio ambiente. Na nova cultura ambiental vale citar a utilização de selos ecológicos, que surgiram para orientar os consumidores das diretrizes adotadas pela empresa no desenvolvimento deste produto. Consoante a Comissão da Comunidade europeia, o objetivo de criar rótulos ecológicos globais é promover produtos potencialmente redutores dos impactos ambientais negativos ao meio-ambiente e apoiar o uso correto e eficiente dos recursos de proteção ambiental. Os compradores sabem que o produto tem uma história e, quanto mais interessante e satisfatória ela for quanto a sua origem, criação e responsabilidade social, mais aceitação o produto receberá no mercado. Os usuários buscam aprender sobre os produtos, querem receber as respostas sobre seus investimentos, certificando-se de terem feito uma boa escolha, que não será poluidora nem agrave, indiscriminadamente, os problemas do meio ambiente. 2.3 SEM GÊNERO OU GENDER BENDER Segundo Scott (1995), “Gênero é a organização social da diferença sexual percebida. O que não significa que gênero reflita ou implemente diferenças físicas e naturais entre homens e mulheres, mas sim que gênero é o saber que estabelece significados para as diferenças corporais.” Com a Primeira Guerra Mundial no início do século XX, a mulher teve de assumir o controle da maioria das funções sociais, muitas das quais cabiam apenas aos homens, o que fez com que alguns traços masculinos aparecessem no seu respectivo vestuário. Coco Chanel foi uma grande influenciadora com inspirações vindas do guarda roupa masculinas na década de 20, no qual se instalou um novo ideal de mulher, com roupas mais confortáveis, já que segundo o autor Laver (1989) “as moças procuravam ter a aparência de rapazes tanto quanto possível. Todas as curvas – o atributo feminino admirado por tanto tempo – foram completamente abandonadas.” Segundo o autor, a proposta sugeria claramente uma igualdade entre os sexos, na qual, assim como os homens, as mulheres

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não precisassem se incomodar com espartilhos para forçar curvas com o propósito de ficarem mais elegantes e femininas. O unissex passou a ganhar força, com a disseminação da calça jeans, gola polo e smoking (lançado para as mulheres por Ives Saint Laurent, em 1966). Porém, o unissex não é essencialmente masculino (BOLTON, 2002). Segundo o artigo Para Além do Gênero: moda ambivalente no século XXI de Jéssica Schneider e Liliane Carvalho, a palavra andrógino vem da junção de duas palavras gregas: andros (masculino) e gimnos (feminino). Logo, o estilo andrógino relacionado ao vestuário representa a mistura destas duas características em um mesmo look/visual, ou até mesmo a algo ou alguém que possa ser consideração de aparência assexuada, indefinida. A androginia masculina começou a surgir com o personagem de David Bowie, que fazia o uso de cores fortes, cabelos elaborados e maquiagem, o que deu espaço para os homens compartilharem com as mulheres características que anteriormente eram consideradas contrárias à sobriedade associada à masculinidade. O gênero se torna um lugar comum onde “À visão dupla substitui-se uma visão mais uma da sociedade, em que homens e mulheres não são considerados como termos opostos e antagônicos, mas sim como duas faces de uma mesma humanidade.” (SOUZA, 1987, p. 57). Segundo Mariana Pontual, o movimento conhecido como Gender-Bender, que na tradução seria além-gênero, traz para a moda roupas que podem ser utilizadas da mesma forma tanto por homens quanto por mulheres, fazendo referência a esse único gênero, causando essa ruptura dos estereótipos das tradicionais divisões de gênero (masculino-feminino). Essa é uma tendência nessa nova fase de neutralização de gêneros, que eclodiu em 2010 com a presença de modelos andróginos nas passarelas internacionais e até mesmo nacionais - e que na última temporada de moda foi trazida à tona por Alessandro Michele no desfile masculino da Gucci e por Rick Owens.


As pesquisas foram desenvolvidas a partir de análises diacrônica e sincrônica, com informações obtidas em sites e livros sendo para a diacrônica uma linha do tempo do vestuário e como ele se transformou para que hoje houvesse o estilo sem gênero, e uma analise de similares sobre o que há no mercado mundial hoje que seja pensado para o público gender bender.

3. Materiais e Métodos de Pesquisa

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A análise de similares é uma importante ferramenta de pesquisa, onde é possível obter informações sobre o que há no mercado, e fazer comparativos de preços, público, cores, modelagens, posicionamentos de marcas, etc., e com estas informações, é possível traçar diretrizes para que um novo produto atenda de manenira mais eficaz às necessidades de público e de mercado.

Figura 2 -Painel de Análise - Marcas Gender Bender. Fonte: O autor, 2015

3.1 Análise de Similares

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Figura 3 - 1920. Fonte:O autor, 2015

1920

Observou-se que foi a partir de 1920, com a Primeira Guerra Mundial, a mulher teve de assumir o controle da maioria das funções sociais, muitas das quais cabiam apenas aos homens, o que fez com que alguns traços masculinos aparecessem no seu respectivo vestuário, visando um certo conforto para o trabalho em fábricas – como o utilizo de calças, para que pudessem fazer determinadas funções.

1960 Nos anos 60, com o Movimento Feminista e a busca por igualdades sociais entre os gêneros, o modelo unissex ganhou força - com a disseminação da calça jeans, gola polo e smoking (lançado para as mulheres por Ives Saint Laurent, em 1966).

Figura 4 - 1960. Fonte:O autor, 2015

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3.1.1 Análise Diacrônica - Linha do Tempo

A análise de Similares Diacrônica foi feita com a evolução e adaptação do vestuário feminino com a inclusão do masculino, até que cheguemos no termo Gender Bender atualmente conhecido na moda por trabalhar com uma moda também para mulheres quanto para homens, sem separação de gênero.


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1980

Figura 5 - 1980. Fonte:O autor, 2015

A neutralização de gêneros eclodiu a cerca de cinco anos, em 2010, quando modelos como Andrej Pejic e Lea T. começaram a desfilar para coleções femininas de grandes marcas, trazendo a questão de gênero pra discussão. Projetos como o Agender da marca Selfridges traz à tona a discussão de se é necessário mesmo a separação de gêneros.

A androginia masculina começou a surgir com o personagem de David Bowie, que no início dos anos 80 fazia o uso de cores fortes, cabelos elaborados e maquiagem, o que deu espaço para os homens compartilharem com as mulheres características que anteriormente eram consideradas contrárias à sobriedade associada à masculinidade.

2010

Figura 6 - 2010. Fonte:O autor, 2015


Foram analizadas as marcas que trabalham com o conceito sem gênero, gerando algumas conclusões sobre esse segmento, analisando suas peças chave, a cartela de cores, o preço e a grade de tamanho que as empresas trabalham, além do estilo que elas possuem, conforme a Tabela 1 abaixo. Foi concluído com isso que as marcas são na sua maioria estrangeiras, possuem um preço relativamente alto e trabalham diretamente com malharia retilínea apenas em suéters básicos, sem muito avanço tecnológico.

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3.1.2 Análise Sincrônica

Tabela 1 - Análise Sincrônica. Fonte: O autor, 2015


3.2 Pesquisa de Segmento

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Atualmente, no Brasil, 80% das malharias retilíneas estão na região Serrana, no estado do Rio Grande do Sul, em cidades como Caxias do Sul, Nova Petrópolis, Gramado, Farroupilha e Flores da Cunha. Os outros 20% estão divididos entre São Paulo e Minas Gerais nas cidades de Amparo (SP), Serra Negra (SP), Socorro (SP), Lindóia (SP), Águas de Lindóia (SP), Monte Sião (MG) e Jacutinga (MG). Segundo o site World Fashion, em Monte Sião (MG), acontece o maior evento brasileiro do segmento, a Fenat - Feira Nacional do Tricot, o único com foco exclusivo no setor de malharia retílinea. “Mais do que nunca o tricot está na moda, como atestam os últimos desfiles internacionais e também grifes brasileiras que se especializam e ditam tendências”, analisa João Tadeu Machado, presidente da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Prestação de Serviço de Monte Sião. O circuito das possui representações das principais fábricas de máquinas têxteis mundiais usadas na região e conta com malharias de tamanhos diferentes. Desta maneira, o nível tecnológico é diferente em cada uma delas. A principal máquina que compõe o processo produtivo da malharia retilínea é o tear retilíneo. O tear retilíneo é responsável por fazer o entrelaçamento do fio formando uma série de pontos que irá compor a malha. Esta máquina é uma das máquinas que mais deve ser bem escolhida pelo “malharista”. Através desta máquina e seus diferentes tipos, pode-se modificar totalmente o fluxograma produtivo de uma malharia. O processo de fabricação do trico é muito mais simplificado se comparado com a tecelagem plana. Os fios, a cada dia vem ganhando mais qualidade através da tecnologia. Atualmente, as empresas de fios trazem para o mercado de malharia retilínea inúmeras novidades, ampliando as possibilidades criativas para as peças. Em 2008 na 58º edição da feira internacional PITTI FILATI, o lanifício Filatura Chiavazza, criou titulagens extrafinas e materiais que proporcionam malhas delicadas, suaves e sedosas com toque gelado. A seda shantung foi misturada ao linho e ao algodão. As fiações dos materiais trabalharam nós nos fios que produziram o botoné finíssimo, criando um aspecto encrespado e


luminoso. O grupo Lineapiu lançou um fio com identidade (código de barras), propiciando a busca da veracidade do produto com um simples leitor óptico, o que dificulta ainda mais as falsificações. Outro lançamento importante do grupo foi a mistura da viscose com o prolipopileno. Possibilitando a criação de produtos que, em contato com o calor, se transformam, modelando-se no corpo. Ao lavar a peça, o ”tecido” volta ao normal. No mesmo ano a empresa brasileira de fios Círculo traz um fio 100% de fibra de bambu, o fio bambusa, totalmente ecológico de textura suave e gostosa. Utilizando maquinário mais moderno, é possível elaborar modelos mais complicados técnicamente (pontos abertos, rendados, vazados, fully-fashioned) a um custo menor, já que o tempo de programação e produção torna-se baixo e com menos possibilidades de defeitos ou falhas”. Profissionais altamente qualificados aliados a maquinários com inúmeras possibilidades produtivas, resultam no certeiro sucesso dos produtos de malha tricô e, conseqüentemente, do setor têxtil. Pode-se ver o resultado do sucesso dos produtos de malha retilínea desfilando nos mais importantes eventos de moda mundial. Internacionalmente, mais precisamente na Europa, estilistas como Louis Vuitton, Stella McCartney, Valentino, Yves Saint Laurent, Versace e Hermès já implementaram a algum tempo o tricot em suas coleções. As inovações do setor de malharia retilínea procuram se adequar tanto às necessidades dos consumidores quanto ao clima. Em relação ao clima, o que se percebe é o objetivo de se produzir artigos de malharia retilínea para todas as estações do ano, principalmente para os dias mais quentes, já que o nosso inverno está cada vez mais curto, devido ao aquecimento global. “Foi-se a época em que todo mundo ganhava dinheiro e, com isso, podia se sustentar o restante do ano. O jeito é trabalhar peças para o verão, leves, fluidas, para vender o ano todo”, afirma a consultora e engenheira têxtil Patrizia Martinangelo, em entrevista para o informativo TRICOT NEWS (CARDOSO, 2007). “Se a malharia fizer um casaquinho leve, pode ter certeza que este vai ser usado nas manhas mais frescas de uma primavera, nas noites mais frescas do verão e nos dias mais frios do inverno”, exemplifica a

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consultora. Há no mercado algumas máquinas que estão inovando no setor já ha alguns anos, a Fully fashioned é um tipo de tecimento que visa o não desperdício de matéria prima, esse tipo de tecimento é também conhecido como: calado e diminuído. Em tecimento fully fashioned a peça já é tecida no desenho do molde, tendo um desperdício em torno de 6% de matéria prima. Já em peças tecidas e que, posteriormente, tenham que ser cortadas com a utilização de molde, o desperdício varia em torno de 30% de matéria prima. Esse tipo de trabalho é mais visível nas mangas, cavas e golas onde se percebem os “diminuídos” feitos na própria malha que possibilitarão assim um acabamento diferenciado, agregando valor ao produto. Na tecnologia tradicional de tecimento em máquinas retilíneas, os artigos de malha são constituídos de três partes separadas (frente, costa e mangas), as quais são costuradas posteriormente, necessitando de máquinas de apoio a produção (remalhadeiras, máquina de costura reta e overlock). Os principais avanços tecnológicos estão pautados no desenvolvimento de processos, nos quais o confeccionado de malha é produzido em uma única peça de entrada, tridimensionalmente (3D), diretamente da maquina retilínea; Tecnologia WHOLEGARMENT (seamless – sem emenda). Essa tecnologia foi criada em 1995, pelo Dr. Masahiro Shima, presidente da empresa Shima Seiki Mfg. LTD, fabricante de máquinas computadorizadas retilíneas e sistemas de design gráfico computadorizado. O SDS One é outro avanço do segmento, o objetivo éi fornecer à indústria da moda um sistema de design que ofereça todo o suporte para criar produtos de alta qualidade com grande impacto visual e total suporte em todos os níveis da produção, desde o planejamento do produto, design, amostragem virtual até merchandising e promoção. O SDS One transformou-se em ferramenta de comunicação para reunir pessoas e idéias de diferentes áreas da indústria da moda. Desde o produtor do fio até o criador do produto, designer, tecelão de malhas, merchandiser, e varejista. Decisões de design e conceitos de produtos podem ser comunicados através da cadeia de fornecimento sem colapsos


nas instruções sobre detalhes conceituais, mantendo informações consistentes, o fluxo do trabalho é mantido longe de problemas e realizado com eficácia. SDS One é um sistema de desenho e programação, com altíssima automatização, permitindo uma excelente velocidade de programação, revertida em alta produtividade por permitir o uso das duas mãos do programador, gerando maior velocidade de acesso aos comandos. Possui pacotes para programação automática, inclusive com softwares de última geração para programação de peças sem costura (WHOLEGARMENT). Permite que desde programadores iniciantes até os mais experientes, possam usufruir desta alta tecnologia. O sistema opera em ambiente Windows com acesso à internet, com operação em tempo real para suporte em qualquer lugar do país.é possível criar uma coleção virtual sem gastos de fios, nem tempo de máquina. O sistema apresenta ainda a linha Full, que oferece uma variedade de ferramentas para o desenho de peças de vestuário, desde esboços de desenhos até o desenho de estampas, desenho têxtil, simulação e arranjo de cores. Também com o SDS One Full é possível transformar imagens digitais em programa malha, no qual é possível ver a formação e visual do ponto.

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3.3 Tema e Conceito

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Sustentabilidade é a palavra de ordem, e para inspirar e trazer à tona os valores e conceitos que ela traz consigo, optou-se por buscar em um tema marinho algo que pudesse conceitualizar este tema central, trazendo para a coleção um ar poético e inspirador. O ponto de partida para a inspiração foi o livro Capitão de Longo Curso, do escritor Joerge Amado, que conta história de um capitão de marinheiro em uma cidade fictícia da Bahia, onde é questionado se é mesmo o capitão ou um impostor. A história do livro, termina por levar há uma inspiração secundária, que nos leva ao nós de marinheiros, que são diferentes maneiras de se amarrar as cordas, cada uma com uma finalidade diferente, sendo que estes nós, em alguns casos, tem laçadas que se assemelham as laçadas do tricot, além de serem feitos em cordas, possibilitando que com estes nós de marinheiros e cordas, se obtenha peças de vestuário.


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Figura 7 - Painel de Tema/Conceito. Fonte: O autor, 2015

3.3.1 Os Velhos Marinheiros, de Jorge Amado No ano de 1961, o escritor baiano Jorge Amado, escreveu um de seus muitos romances, este, trata-se de duas novelas curtas: A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água, que retrata a luta da família por preservar a imagem do defunto, enquanto seus amigos boêmios querem lhe oferecer um velório digno de sua verdadeira vida de mulheres e bebidas. Por fim ele acaba sendo sepultado como marinheiro. A segunda, tem o título de Os Velhos Marinheiros ou O Capitão de Longo Curso, e é nesta segunda história que esta contida uma parte do tema e inspiração para o projeto de malharia retilínea a ser desenvolvido. Segundo o livro, a história se passa em uma pequena cidade do subúrbio baiano, chamada de Periperi, onde habitam predominantemente aposentados, ex funcionários públicos e alguns comerciantes. A cidade apenas tinha um maior movimento nos três meses de verão. O livro é narrado em segunda pessoa, e objetivo do narrador é obter a mais completa ver-


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dade, sobre o Comandante Vasco Moscoso de Aragão, Capitão de Longo Curso, um homem de sessenta anos que chega a cidade com fascinantes histórias sobre a vida marinha, despertando o interesse e a curiosidade de uns, e a inveja e desconfiança de outros. Em sua primeira parte, ao narrar a chegada de Vasco Moscoso à Periperi, o autor o descreve com “a face redonda e avermelhada, a farta cabeleira prateada” além disso o descreve com um homem sério e confiável. E sobre sua roupa a descreve da seguinte maneira: “Vestia um estranho paletó, onde onde havia algo de túnica militar, azul e grossa de gola ampla”. Paletó parecido com aquele ilustrava a capa de um romance de aventuras no oceano, história de frágil veleiro em meio a um mar de temporais e sargaços. O marinheiro na capa vestia um paletó assim.” A descrição detalhada do autor, sobre os muitos detalhes do livro o transforma em uma ferramenta de pesquisa


Figura 8 - Painel Marinheiro. Fonte: O autor, 2015

inspiradora para a definição de tema e inspiração, servindo de base sólida para o conceito da coleção. Conforme será apresentado a seguir os materiais pretendidos para serem utilizados, foi retirado do livro, uma pequena citação, que servirá de inspiração principal: “Pelo meio existem nós cegos, nós de marinheiro, pontas soltas, pedaços cortados, linha de outra cor, coisas acontecidas e coisas imaginadas, e onde a verdade de tudo isso?”. Ela se refere, ao fato de que a história contada do romance Os velhos Marinheiros ou Capitão de Longo Curso, possui muitos vieses, e não será fácil encontrar a verdade sobre as histórias contados pelo Velho Marinheiro e os fatos apresentados por Chico Pacheco, que colocará em prova até mesmo o título de Capitão de Longo Curso, que Vasco Moscoso de Aragão tem em elegante moldura na parede de sua sala, junto a outros objetos náuticos.

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34 3.3.2 Nós Chamam-se trabalhos do marinheiro ou obras do marinheiro os diferentes trabalhos de bordo pelos quais as lonas e os cabos se prendem, são emendados ou se fazem fixos, ou preparados para qualquer aplicação especial. Nós são essenciais em diversos trabalhos mas também no nosso dia-a-dia, estes podem ser feitos com fios, linhas, entres outros materiais, na marinha é utilizado corda. A princípio as cordas náuticas eram feitas em feixes, porém isso causava muito atrito, desgastando as cordas, demoraram décadas para que essa corda fosse modificada tendo seus fios entrelaçados em espiral na forma de uma capa que envolvia uma alma. Existem dois tipos de cordas, as cordas estáticas que tem os fios da alma lisos, dando-lhe a elasticidade do nylon 1 ou 2 % ao peso médio de uma pessoa e as cordas dinâmicas onde os fios são um conjunto de cordinhas torcidas ou trançadas, sendo este o segredo


Figura 9- Painel Nós. Fonte: O autor, 2015

para a absorção de choques, tendo elasticidade de cerca de 5 a 10 % do peso médio de uma pessoa normal. Existe também uma grande diferença entre corda normal (standard) e corda seca (dry), a corda seca tem uma cobertura na sua capa, de silicone ou teflon, produtos que repelem água, essas são de 15 a 20% mais caras que as normais, que as normais que são usadas onde não tem água pois em contato elas pesam mais e sua resistência diminui. Cordas devem ser homologadas pela UIAA (União Internacional de Associação de Alpinismo) ou pela CE (Comunidade Europeia), isso garante que o material segue todos os padrões de desempenho internacional, baseados nas mais sérias pesquisas e testes de qualidade.

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3.4 Público Alvo

36 O público alvo apresentado, foi definido atravás de uma grande pesquisa realizada por diversos procedimentos metodológicos, tais como pesquisa de Big Data, baseada nos hábitos de compras e pesquisas de usuários feita pelo site Nevegg, o publico alvo escolhido para o desenvolvimento de uma coleção de peças em malharia retilínea encaixa-se no perfil dos Exploradores/transformadores, que são dois perfis que se complementam ao ser avaliadas suas características. O perfil traçado pela equipe, e consolidado através de estudos mais aprofundados, trata de jovens, entre 18 a 39 anos, pertencentes predominantemente a classe B, universitários ou formados nas áreas de humanas e tecnologias. São inovadores, e costumam aceitar bem as mudanças de comportamentos e tecnologias do mundo atual, sendo deste modo, lançadores de tendências. Mais esta relação com o consumo, sempre leva em conta questões sociais e ecológicas, dando assim valor a questões sustentáveis. Possuem o hábito da leitura e está sempre atualizando seu repertório, suas fontes de informações vão desde grandes portais a pequenos blogs que sejam de algum modo relevantes. Viajam principalmente para lugares com grandes contraste étnicos como Leste Europeu, Ásia, África, geralmente são mochilões, que alia cultura à pratica de eco esportes como rapel, montanhismo, rafting, etc.


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Figura 10 - Painel de Públuco Alvo - Estilo de Vida. Fonte: O autor, 2015

3.4.1 Pesquisa Netnográfica O público pesquisado está localizado em Curitiba. E de acordo com a pesquisa netnográfica realizada os principais bares e baladas que frequentam são Pepper´s, Lucci, e também o +55. Suas principais bandas são Kassabian, Roger Waters, Temples, Oasis, Marisa Monte, Caetano Veloso, The King of Lions, em suas listas de filmes estão presentes Cisne Negro, Harry Potter, Casa Blanca e Moulin Rouge e seriados são Game of Thrones, Gothan e Weed´s. Curtem paginas de fotografia, design, arte e cultura. Características notadas através da pesquisa netnográfica, realizada em alguns perfis de redes sociais, incluindo os das pessoas entrevistadas. - Frequentam bares e baladas. - Ouvem músicas alternativas, ou de bandas de grande respeito e sucesso de crítica no cenário nacional e internacional. - Assistem filmes com contextos históricos, sagas e clássicos do cinema. - Entre outras páginas que curtem, estão temas como Fotografia, design, decoração, arte e cultura.


38 3.4.2 Entrevistas Pergundas realizadas em em dez pessoas entrevistadas, como sendo possiveis publicos alvos. Pra uma melhor definição de comportamento e consumo, foram realizadas entrevistas com pessoas que se encaixavam no perfil do publico alvo, essas entrevistas foram compostas por 11 perguntas: 1- Qual seu nome? 2- Qual sua idade? 3- Qual sua classe social? 4- Qual sua profissão? 5- Qual é a sua motivação para compra? 6- Você se preocupa com a origem dos produtos que adquiri? 7- Na moda você se vê mais como um seguidor ou gerador de tendências? 8- Suas compras de roupas costumam ser mais em fast fashion ou em lojas com produtos diferenciados, não no sentido de preço, mais de exclusividade? 9- Você acredita que com pequenas mudanças de hábitos no dia-a-dia pode ser possível mudar o mundo? 10- Você acompanha as inovações tecnológicas, como APPs novos, smartphones? 11- Se sim, deseja tê-los rapidamente ou espera baixar o preço?


39 3.4.3 Características Gerais - Classe social A ou B - Em geral suas compras possuem uma relação com o valor sentimental ou simbólico do objeto ou roupa. - A origem do produto é tema relevante a todos os entrevistados, porém, é alegado mais de uma vez a falta de informação sobre esta questão. - Todos acreditam que os pequenos gestos e hábitos do dia-a-dia podem contribuir para uma mudança no mundo Todos possuem Ensino Superior ou cursando.

Figura 11 - Painel Público Alvo. Fonte: O autor, 2015

3.4.4 Considerações O perfil de público observado na pesquisa de big data, juntamente com informações do livro Consumo Autoral, de Francesco Morace, ao ser comparada com os dados obtidos na pesquisa netnográfica realizada em perfis de redes sociais de pessoas que seriam o publico em potencial, ao serem comparadas com o resultado das entrevistadas, identificou-se muitas semelhanças nas informações.


3.5 Tendências

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Através de uma análise maior do nosso público alvo, percebemos que eles possuem certas características que se encaixam em determinadas macrotendências já definidas e analisadas em sala. Uma delas o da Comunicação, pois por ser um público jovem, estes estão sempre conectados, independende do local e da circunstância, devido a introdução da tecnologia no cotidiano (smatphones, wireless, etc) e a facilidade do acesso - o que também os leva ao smarts gadgets, já que estes estão muito bem familiarizados com a tecnologia e aceitam/aderem facilmente qualquer produto que possua esse tipo de comunicação/interação. Por ser um público jovem e com uma renda um pouco superior, o que os leva à um grau de instrução também elevado, esses são mais esclarecidos politica e economicamente, fazendo com que tenham total aceitação a novas famílias (novos arranjos familiares, pais do mesmo gênero, etc). Por ter esse nível de instrução, buscam sempre nos produtos que consomem e nas marcas uma transparência, pois procuram sempre um comércio justo, além de ético. A transparência também está ligada à comunicação, pois procuram sempre estar informados sobre tudo que está à sua volta.


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3.6 Processos de Fabricação

Figura 12 - Painel de Tendências. Fonte: O autor, 2015

Coleção de malharia retilínea inspirada na cultura navy (estilo náutico). Além dos tons clássicos como branco e marinho, outros tons vindos das cordas de algodão e sisal foram incorporados à coleção usando como inspiração as amarrações usadas na marinha. Foram feitos experimentos com corda de algodão, sisal, barbante e lã mesclando pontos básicos do tricô e também do crochê, alternando os pontos do tricô entre avesso e direito, mesclando materiais como o algodão cru. A peça confeccionada é com a técnica de malharia circular manual, com uma agulha confeccionada para a mesma. Foram usados pontos direito e avesso do ponto meia, sendo 4 direito e 4 avessos no sentido vertical, utilizando como matéria prima a corda de algodão de 10mm de diâmetro no corpo da peça e na touca e nas mangas foi utilizada a corda de 7mm de mesma composição.


42 Por se tratar de uma coleção que traz peças que não possuem um gênero definido, nas quais a modelagem deve se enquadrar tanto para homens quanto para mulheres, a coleção por si é composta em sua maioria por peças Fashion e de Vanguarda, tendo poucos elementos Básicos. A coleção é composta por 15 peças, sendo 6 Tops, 4 Bottons e 5 peças que se encaixam na categoria Others (vestidos e macação). Abaixo, a Tabela 2 mostra o Mix de Coleção, composto pela divisão das peças em Básico, Fashion e Vanguarda, e em Tops, Bottons e Others.

3.7 Mix de Coleção

Tabela 2 - Mix de Coleção. Fonte: O autor, 2015


3.8 Amostras e Experimentos TĂŞxteis

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3.9 Geração de Alternativas

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47

4. Resultados

Nessa fase, denominada como Detalhamento do Projeto, consiste na definição da Cartela de Cores, Cartela de Materiais, na Seleção de Alternativas, na criação da Ficha Técnica da Peça Produzida, na produçaõ desta assim como sua pós produção, com a Produção Fotográfica criada com a peça.


48 PANTONE 9560 U C: 0 M: 07 Y: 18 K: 0

4.1 Cartela de Cores

PANTONE 7504 C C: 32 M: 44 Y: 57 K: 26

PANTONE 10118 C C: 32 M: 27 Y: 61 K: 09

PANTONE 294 C C: 1000 M: 83 Y: 35 K: 21


Corda de Algodão 9mm

Corda de Algodão 7mm

Sisal

Barbante

Zíper de Metal

Corda de Algodão e Lurex Botões

4.2 Cartela de Materiais

Fio de Lã

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4.3 Seleção das Amostras Têxteis

Amostra Escota

Amostra Bússula

Amostra Mastro

Amostra Caes


Dentre os 20 looks criados na Geração de Alternativas, foi necessário a seleção de apenas 10 para compor a Coleção. Essa seleção foi feita a partir de requisitos gerados pelo grupo para que a coleção tivesse uniformidade, e que ainda ficasse dentro do Tema Sustentabilidade e o Tema Náutico, sem se esquecer de que todas as peças desenvolvidas deveriam se enquadrar no Sem Gênero.

4.4 Seleção das Alternativas

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4.4 Seleção das Alternativas

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Figura 15 - Coleção Entre Nós. Fonte: O autor, 2015




A Ficha Técnica da Peça foi produzida para que tivesse mais detalhes sobre a mesma, contendo todas as informações necessárias para a produção desta, conforme a Tabela 3 mostra abaixo:

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4.5 Ficha Técnica

Tabela 3 - Ficha Técnica da Peça Produzida. Fonte: O autor, 2015


4.6 Desenvolvimento da Peça Piloto

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Coleção de malharia retilínea inspirada na cultura navy (estilo náutico). Além dos tons clássicos como branco e marinho, outros tons vindos das cordas de algodão e sisal foram incorporados à coleção usando como inspiração as amarrações usadas na marinha. Foram feitos experimentos com corda de algodão, sisal, barbante e lã mesclando pontos básicos do tricô e também do crochê, alternando os pontos do tricô entre avesso e direito, mesclando materiais como o algodão cru. A peça confeccionada é com a técnica de malharia circular manual, com uma agulha confeccionada para a mesma. Foram usados pontos direito e avesso do ponto meia, sendo 4 direito e 4 avessos no sentido vertical, utilizando como matéria prima a corda de algodão de 10mm de diâmetro no corpo da peça e na touca e nas mangas foi utilizada a corda de 7mm de mesma composição..

PRONTO!

Figura 16 - Processo de Produção da Peça Piloto. Fonte: O autor, 2015


O titulo do trabalho leva o nome de “entre nós” pelo fato da coleção criada ter grande inspiração na marinha e nos nós de marinheiro tendo como base o livro “Os velhos marinheiros— Capitão de longo curso”, sendo assim a coleção foi criada utilizando técnicas de malharia retilínea, tendo a peça confeccionada completamente através de nós de tricô. O nome da coleção também tem relação com o desenvolvimento de um projeto feito em grupo, dando ideia de sentido duplo criando um laço com o publico escolhido que opta por não ser apenas um, mas sim dois ou ao mesmo tempo.

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4.7 A Coleção

Figura 17 - A Marca. Fonte: O autor, 2015


4.8 Produção Fotográfica

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A produção Fotográfica foi feita no Laboratório de Comunicação da PUC-PR, com o intuito de que não existisse nenhum objeto que chamasse mais atenção do que a própria modelo e a peça confeccionada. O Gender Bender foi trabalhado em todo o projeto, e nas fotos ele é trazido por essa androgenia na modelo, que ora se comporta de maneira mais masculina, ora de maneira mais feminina, com o objetivo de confundir o observador. O ollhar fixo e sério, as poses e movimentos agressivos tende a trazer o aspecto mas bruto e masculino que existe dentro de todos.
















Após a peça piloto ser confeccionada, algumas considerações foram feitas a partir de uma Análise Ergômica, além de uma Análise de Viabilidade e uma Validação com o Usuário, para que posteriormente os erros cometidos pudessem ser corrrigidos.

5. Discussões e Conclusões

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5.1 Análise Ergonômica

74

Segundo (IIDA, 1993) ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento. Em relação ao desenvolvimento de um produto moda ou vestuário é necessário o conhecimento sobre informações da área como a anatomia humana, fisiologia, ¬¬antropometria, psicologia e sociologia para que a concepção destes produtos que fazem uma relação intima com o usuário seja melhorado. Do ponto da ergonomia, a peça apresentada neste projeto não cumpriu alguns requisitos básicos como o conforto. Isso, porque se trata de um modelo conceitual, que não foi desenvolvido para o uso frequente, e sim para transmitir o valor simbólico da coleção. Ainda assim, o modelo respeita as proporções do corpo humano, e foi utilizada a tabela antropométrica europeia para analisar as proporções, com um percentil-95%. Aspectos marcantes: A peça trata-se de uma peça conceitual. Entre suas características, esta o peso da peça. Aspectos positivos: Foi utilizado tricô circular para a confecção do modelo, deste modo, é possível oferecer um mínimo de conforto ao usuário, por evitar costuras grossas na lateral e nas mangas, que poderiam machucar ou incomodar o usuário. Aspectos negativos: Dificuldade de lavar, peso e funcionalidade. Aspectos críticos: O peso pode causar dor no usuário. A proposta apresentada e confeccionada foi desenvolvida com corda, de uma gramatura considerada grossa para o uso, isto porque, o modelo ficou com um peso elevado, 8kg aproximadamente. Mesmo assim, segundo (GOMES, 2006), o modelo cumpre alguns fatores básicos de ergonomia como: Segurança: Proteção do corpo. Postura corporal: que podem ser variadas. Limpeza: apesar de demorar para secar, é possível a higienização.


Deste modo, conclui-se, que apesar do modelo de peça pitolo, ser capaz de vestir um corpo humano, ela é inviável para o uso durante um longo período de tempo, podendo causar dor ou desconforto ao usuário. Para que a peça torne-se ergonomicamente viável, seria necessária a substituição do material com a qual ela foi confeccionada. Conforme a Tabela 4 abaixo, que representa a Fica técnica da peça: Tabela 4 - Dados da Peça Produzida. Fonte: O autor, 2015

5.2 Análise de Viabilidade O modelo desenvolvido como peça piloto, possui uma modelagem que pode ser transformada em modelo comercial apenas com a troca do fio. A peça piloto apresenta os seguintes custos, mostrados na Tabela 5 abaixo: Tabela 5 - Viabilidade e Custos. Fonte: O autor, 2015

*O custo de criação vou pensado com base na quantidade de horas que matéria possui.

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Apesar do peso da peça proposta, o usuário conseguiu realizar todos os movimentos básicos do cotidiano, como levantar, sentar, andar, levantar e abaixar os braços, porém, o usuário alegou que a peça pode causar desequilíbrio em movimentos de propulsão, como levantar muito rápido, ou correr.

Figura 18 - Validação com o Usuário. Fonte: O autor, 2015

5.3 Validação com o Usuário


Com o projeto realizados foi- se concluído que a peça atingiu seus objetivos devido possuir um cunho conceitual. Se a mesma fosse criada para a produção industrial e a venda em massa, algumas alterações deveriam ser feitas, como, po exemplo, a mudança do material utilizado. A partir das pesquisas relacionadas à tendências, ao tema e ao conceito - foi identificado um segmento inexistente ainda no cenário brasileiro (produtos Gender Bender), que está em crescimento nos últimos 5 anos em países da Europa e nos EUA e que seria uma oportunidade de mercado a ser explorado. O trabalho com um segmento específico como a Malharia Retilínea possibilitou um acréscimo de conhecimento pessoal sobre esse tipo de indústria, que é forte no Sul do Brasil, o que poderá render frutos à todos os integrantes da equipe.

6. Considerações Finais

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AMADO, Jorge. Os Velhos Marinheiros. Editora Record. Rio de Janeiro, 1986. ANICET, Anne; BESSA, Pedro; BROEGA, Ana C. Ações na área da moda em busca de um design sustentável. 2011. Disponível em: < http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/14959/1/ GT89897%20A%C3%A7%C3%B5es%20na%20%C3%A1rea%20da%20moda%20em%20busca%20de%20um%20design%20sustent%C3%A1vel.pdf>. Acesso em: 06 mar 2015. Apostila de nós. Disponível em: <http://classesagrupadas.xpg.uol. com.br /materiais/apostilanos.pdf>. Acesso em: 06 mar 2015. AQUINO, Marcos Silva de. Apostila de Métodos e Processos de Manufatura da Malha I. Rio Grande do Norte. 2008. Disponível em: < http://pt.scribd.com/doc/109190299/Apostila-de-Malha-i#scribd> Acesso em 06 mar 2015. BELMIRO, Arnaldo. O Livro dos Nós: de trabalho de decorativos. Ed. Ediouro, Rio de Janeiro, 1987 BRASIL SUSTENTÁVEL. Disponível em: <http://www.brasilsustentavel.org.br/> Acesso em: 05 mar 2015.

7. Referências

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GOMES FILHO, João. Ergonomia do objeto – sistema técnico de leitura ergonômica.São Paulo: Escrituras, 2003. IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher, 2005. LAVER, James. A roupa e a moda: uma história concisa. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. LIPOVETSKY, Gilles. O Luxo Eterno: da idade do sagrado ao tempo das marcas. São Paulo: 2005. Companhia das Letras. Manual de Nós e Amarras. Disponível em: < http://pt.slideshare. net/chefenei/ manual-de-ns> Acesso em: 06 mar 2015 Nós perto do Mar. Disponível em:<http://nospertodomar.blogspot. com.br/ 2013/12/nos-de-marinheiro-e-suas-utilidades.html> Acesso em: 06 mar 2015 MORACE, Francesco. Consumo autoral: as gerações como empresas criativas. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2012. PONTUAL, Mariana. FFW. Gender-bender: a moda reacende debate sobre a questão de gêneros. Disponível em: http://ffw.com. br/noticias/comportamento/ gender-bender-a-moda-reacendedebate-sobre-a-questao-de-generos/ Acesso em: 06 mar 2015. Portal Use Fashion. Disponível em:<http://glossario.usefashion. com> Acesso em: 06 mar 2015. RECH, Sandra Regina; DE SOUZA, Renata Karoline Rodrigues. Ecoluxo e Sustentabilidade: Um novo comportamento do consumidor. Anais do XIX Seminário de Iniciação Científica, v. 7, 2008. Disponível em: < http://futurodopresente.ceart.udesc.br/Site%20 Antigo/httpdocs/Artigos/Sandra%20Rech_Renata%20de%20

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Souza_Futuro%20do%20Presente_Relatorio%20Final.pdf>. Acesso em: 06 mar 2015. SCOTT, Joan Wallach. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade. Porto Alegre, vol. 20, nº 2, jul./ dez. 1995. SCHNEIDER, Jessica.CARVALHO, Liliane E. F. Para Além do Gênero: moda ambivalente no século XXI. Disponível em:<http:// www.ceart.udesc.br /anaisenpmoda/anais/PC14_jessica_schneider_alem_genero.pdf> Acesso em: 06 mar 2015. SOUZA, Gilda de Mello e. O espírito das roupas: a moda do século dezenove. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. WILSON, Elizabeth. Enfeitada de Sonhos: moda e modernidade. Rio de Janeiro: Edições 70, Lda, 1985.


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