DSUB // unesp design magazine

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Revista independente desenvolvida por designers da UNESP. Procura dar visibilidade à projetos da área e aproximar os designers. Projeto final da Disciplina de Projeto III ministrada pela Profª Cassia Carrara em 2019.

EDITORIAL

design SUBVERSIVO

ipos entrevistas experiências designs pôsteres di

s pôsteres tipos entrevistas experiências de designs dicas pôsteres tipos entrevistas


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I ÍND ICE E


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2.1 2.2 reflexão design entrevistas [2.1 a 2.5] Web tipo mania Design urbano créditos

05 06 12 14 30 32

gleisson Cipriano

2.3 Laís Akemi

2.4

natália mota

2.5 felipe del rio

Raul molina


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WWW.REVISTADSUB.COM.BR WWW.REVISTADSUB.COM.BR


REFLEXÃO

design[er]

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“Um espaço só pode ser transformado em um lugar por seus ocupantes. A melhor coisa que um designer pode fazer é pôr as ferramentas nas mãos deles.” Steve Harrison e Paul Dourish

re-place-ing space


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entre vista

gleisson Como foi sua trajetória acadêmica? Fui para a Unesp de Bauru, fazer o curso de Design (Gráfico). Minhas outras opções eram Marketing & Propaganda e Cinema de Animação. Particularmente, a área de animação era a que mais me chamava atenção, por isso, desde os primeiros momentos em Bauru, direcionei meus estudos pessoais para esta vertente e aos poucos fui voltando meus olhos para ilustração e arte sequencial. Durante o terceiro ano da faculdade, surgiu a oportunidade de realizar o intercâmbio de 1 ano nos Estados Unidos através do Programa Ciências sem Fronteiras, e então, passei entre os anos 2014 de 2015, nove meses estudando na SCAD (Savannah College of Arts and Design) e três meses estagiando em Nova York, trabalhando ao lado do agente de ilustradores Richard Solomon.

* Na volta deste período, estive presente na fundação do GAS (Grupo de Estudos de Artes Sequenciais) da Unesp e nas publicações das duas coletâneas do coletivo, que me influenciaram a criar meu próprio projeto, o Sem Raça Definida, utilizado como trabalho de conclusão do bacharelado em 2017. Em 2018, me mudei para São Paulo para fazer o curso anual de Ilustração da Quanta Academia de Artes – o qual continuo fazendo no presente momento em que escrevo esta epístola :p . Como é estar formado? Como se adaptou ao mercado de trabalho? Estar formado concede um estado de liberdade indescritível hahaha. Apesar disso, não consegui ficar muito tempo longe dos estudos e tive de buscar alguma forma de especialização. No final das contas, tanto tempo estudando e lidando com agendas apertadas cheias de atividades deixou uma marca em mim e eu não consegui lidar bem com a ideia de ter todo o tempo do mundo à disposição. Alguns meses depois de me mudar de Bauru para Franca, fiquei muito abatido e isolado. A solução que encontrei foi continuar buscando conhecimento para poder me reinventar.

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02.1


7 // rascunho do fausto tomando um cházinho

*

Recém formado designer da Unesp, o jovem e experiente ilustrador, Gleisson, 25 anos,

natural de Franca trabalha com ilustração, histórias em quadrinhos e pré produção para jogos e outros materiais de entretenimento, principalmente com a criação de artes

conceituais de personagens, cenários e objetos. Eventualmente desenvolvendo oficinas,

palestras e cursos relacionados à desenho além de ser autor independente de publicações.

Tenho metas específicas para como minha arte deve se parecer, então tenho pegado e produzido projetos que vão me guiar para estes caminhos. A maioria destes projetos são de curta duração e me permitem estudar muito para produzi-los. É uma posição privilegiada de se estar e que eu pretendo explorar um pouco mais antes de ir definitivamente atrás de emprego. Um dos motivos pelos quais optei pelo curso de Ilustração da Quanta foi justamente para conhecer mais do mercado brasileiro da área e apesar de ter coletado muitas informações, ainda continuo do lado indie da força. Acho que no momento, minha personalidade está muito inflamada com toda a questão dos estudos e de não querer estagnar, então a busca pelo emprego formal está em suspenso por enquanto.

Quais suas influências? Apesar de ter entrado no mundo do desenho através de Dragon Ball e ter sido influenciado por praticamente todos os desenhos animados que vi na infância, o que mais marcou sem dúvidas foi Naruto. É uma obra muito especial para mim porque, em 2008, quando descobri a série, vi uma motivação para voltar a desenhar copiando os personagens e depois de já me encontrar na faculdade, em 2012, retomei a leitura e percebi muitas nuances no roteiro que me haviam passado batido. Se até então, quando entrei no curso de Design, meu repertório era basicamente composto de Anime/Mangá e animação ocidental, a partir de daí comecei a me interessar mais por história da arte e concept art para jogos virtuais e cardgames. Neste ponto, o naturalismo passou a ser uma busca pes-

soal minha – que ainda é muito presente nos meus estudos. A hachura chegou na minha vida em 2014, durante o intercâmbio nos Estados Unidos, quando tive o prazer de ter aulas com o artista Mark A. Nelson, que me apresentou à técnica e suas possibilidades de descrever tanto o naturalismo quanto abstração. No final das contas, o pináculo da arte para mim hoje em dia, que reúne as características que eu mais admiro em todos estes estilos e vertentes é o trabalho do mangaká Takehiko Inoue. Dominando desde a hachura até a aquarela, usando bico de pena, caneta, lápis, lápis de cor, nanquim, guache entre outros materiais. É um artista que experimentou muito até chegar no seu equilíbrio atual de naturalismo e expressividade e é alguém que eu admiro e me espelho muito.


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// poster do srd


9 Como é seu processo criativo? Meu processo de criação de uma peça, apesar de depender muito do objetivo final da mesma – se é uma ilustração, uma história em quadrinho ou um concept – costuma girar em torno dos mesmos passos quando chegamos nas etapas de execução: Estudos preliminares; Thumbnails; Rascunho; Aprovação ou Ajustes; Arte final; Edição e Envio. Os estudos preliminares podem incluir familiarização com características de determinada mídia – formato de arquivo, dimensões, quantidade de cores etc.– até testes de gestual e trivia sobre o assunto a ser retratado. No trabalho que estou desenvolvendo atualmente, fazer pequenos estudos de aquecimento antes de botar a mão na massa me ajuda a entrar mais tranquilo no trabalho em si, já tendo testado algumas coisas e tendo reproduzido parte do processo que vai se suceder em uma escala maior daí em diante. Depois disso, minha maior preocupação durante o trabalho em si é apenas manter a mentalidade desejada, que foi atingida durante os estudos. O que me dá muita segurança durante a execução dos meus trabalhos é passar um bom tempo conhecendo as minhas ferramentas. Recentemente, quando retomei o estudo de pintura, passei um mês inteiro desenhando e escrevendo apenas com pincéis para me familiarizar com as suas características. Praticamente nada do que foi produzido nesse período é material digno de portfólio, mas já tenho uma ideia muito melhor do que esperar de cada um dos meus pincéis. Fiz algo parecido com o bico de pena, a caneta esferográfica e agora busco esta mesma intimidade com os pincéis digitais. Uma analogia para esse pensamento é imaginar que no papel de um editor de imagem (ilustrador, designer, quadrinistas, fotógrafo etc.) você vai agir como um maestro e conhecer bem seus instrumentos (ferramentas), que vão produzir as notas musicais (formas, cores, pinceladas etc.) mais adequadas para a sua melodia é parte essencial do seu trabalho e como ele vai ser recebido pelo público

“No fim das contas, é quase inevitável que se tenha o desenho e a arte produzidos para o consumo dos próprios artistas. É autofagia que mantém a coisa artística viva.”

Quais as principais dificuldades de ser um quadrinista/ilustrador? Ambas as profissões sofrem de uma desvalorização crônica. Se o design vem crescendo e mostrando seu potencial de agregar valor nos últimos tempos, o mesmo não pode se dizer da ilustração, que cada vez mais perde espaço e valor. Muito menos então pode ser dito isso dos quadrinhos. Falo isso mais da perspectiva do ilustrador/quadrinista brasileiro. No exterior nós temos os fenômenos da indústria cultural japonesa e a HQ de super herói alimentando a máquina gigantesca da indústria cinematográfica norte americana, mas isso não se reflete aqui. Falando especificamente de quadrinhos, temos mais editoras do que pontos de venda para o quadrinho nacional; as livrarias estão falindo; quando estavam a pleno vapor, não eram íntimas de boas práticas de comércio; Macroeconomia afeta diretamente as gráficas e os custos de impressão; a distribuição é penosa e oligárquica; e para coroar todo esse caos, a cereja do bolo: não há público leitor. O brasileiro está entre os povos que menos lê no mundo. A conta só não é pior porque quem ainda lê compensa os números da maioria que não lê nada, estatisticamente falando. Essa falta de consumidor final não permite que o autor se firme e possa desenvolver sua técnica e como resultado nós temos uma saturação de materiais prematuros e que não vão ter a chance de evoluir através do tempo, já que os responsáveis não vão poder se dedicar ao melhoramento dessas obras. Muito se fala de valorização da cultura, mas a produção que poderia garantir tal feito é subnutrida pelo poder público e pela sociedade em geral. A ilustração também é vítima da insistência em desqualificá-la enquanto arte. Acaba ficando relegada aos espaços mais eruditos, que podem se dar ao luxo de tê-la como enfeite. Eu sinto que o desenho, de forma geral, é visto como secundário e infantil pelo público em geral, deixando de lado toda a complexidade e estudo que esta tarefa exige, seja nas vertentes mais expressivas ou nas mais assertivas e técnicas. No fim das contas, é quase inevitável que se tenha o desenho e a arte produzidos para o consumo dos próprios artistas. É autofagia que mantém a coisa artística viva.


Pretende lançar coisas novas ainda esse ano? Quais seus planos pro futuro próximo? No presente momento em que escrevo essas respostas, estou às vésperas de terminar os rascunhos da minha próxima história em quadrinhos! Estou bem animado com essa produção porque ela me permitiu aprender e aplicar muita coisa. Devo lançar até agosto, se tudo correr como planejado. É uma história muda, sem diálogos, que acompanha o detetive e chefe de polícia Buster Hound (um Cão de Santo Humberto) na sua última investigação antes da tão sonhada aposentadoria. Se esgueirando pelos esgotos da cidade, ele acaba encontrando a temida Máfia do Contrabando de Artigos Humanos, uma gangue de cachorros vis que suja os terrenos baldios com sangue, violência e bugigangas… Depois de passar anos com medo de produzir histórias em quadrinhos, finalmente me sinto motivado e tenho planos para mais duas tramas dentro do universo dos personagens do Sem Raça Definida, além de outras ideias experimentais fora do projeto. Ainda não desisti de alcançar um alto nível de pintura, então, pelos próximos meses – e quem sabe, anos – tentarei conciliar estudos e produção de pintura digital naturalista também. Depois de atingir essas duas metas, sinceramente não sei o que fazer hahahaha.

// madruguinha em nanquim

Você acredita que a educação formal em Design faz diferença? Acredito que sim e não ao mesmo tempo hahaha Se por um lado, conhecimento dos princípios fundamentais do design poderia facilitar muito a vida e a comunicação das pessoas no dia-a-dia, acredito que as vezes esse tópico pende para uma discussão muito erudita da situação. Seria maravilhoso que a esteticista que vai fazer o design de sobrancelha tivesse toda a bagagem de um designer “convencional”. Daria à esta pessoa muito mais segurança nas suas escolhas e liberdade para expressar e atender as necessidades do cliente. Mas é irreal fazer com que este mesmo profissional passe 4 anos se munindo de tal bagagem quando, no seu cotidiano de trabalho, será mais relevante as tendências ditadas por outros campos. O mesmo se aplica à ilustração, aos quadrinhos, à moda e diversos outros assuntos análogos ao design em algum nível. Acho que ensino formal acaba construindo mais barreiras ao invés de democratizar conhecimento dependendo da maneira como é executado. O que eu mais senti falta durante meu tempo de graduação – e isso tem influência direta nas decisões de trabalho que tomei dentro e fora da faculdade – foi o afastamento do design enquanto glamoure elemento de agregação de valor em um sentido pejorativo e uma

aproximação das suas capacidades de resolução de problemas. Resumindo: Creio que o ensino formal de design seja essencial, desde que este abra portas para conexões relevantes e garanta mais potencial para que usuários e designers possam ter mais qualidade de vida e otimização nos seus processos.

instagram @gleisson_cipriano Twitter @Gcipriano1 fb.com/semracadefinida.ilustra semracadefinida.com artstation.com/gleissoncipriano behance.net/Gleisson_Cipriano

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Qual é a importância do Web design no mercado? Será que vale a pena investir nessa área? Qual a sua relevância no mercado atual? Confira 3 evidências que provam a importância dessa profissão!

Pode ser exercida como empregado ou freelancer

Segundo uma pesquisa feita em 2013

41,1% do faturamento anual das empresas veio de funções desempenhadas por um web designer.

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Agora, se a rotina de oito da manhã às seis da tarde não anda fazendo mais o seu tipo, há várias opções para um web designer autônomo. Você pode atuar como freelancer, abrir sua própria microempresa individual (ou seja, se tornar MEI) e prestar serviços em sua casa mesmo, cumprindo metas, mas fazendo o seu próprio horário. Essa opção envolve riscos maiores, mas também a possibilidade de ganhar muito mais. E, sendo o mercado do web design muito amplo, variado e em constante desenvolvimento, não dá para ter projeções que não sejam otimistas para os empreendedores da área.


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WEB

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É uma profissão incrivelmente necessária e promissora Qual é a importância do Web design no mercado?

Com a universalização da internet, as pessoas passaram a comprar, interagir, jogar e se relacionar de forma geral online. Ou seja, os aplicativos, softwares, websites, e-commerces, games, plataformas, blogs e fóruns estão a todo vapor nos dias de hoje. E o mais provável é que essas atividades se intensifiquem.

Está em constante evolução e aprimoramento Porém, tantas vantagens também têm seu outro lado: a profissão de design evolui continuamente, e isso dá trabalho. Há tendências visuais que aparecem e se popularizam. Como dão resultado rápido, passam logo a ser utilizadas por muita gente. O marketing é uma área muito dinâmica e inovadora, mas muita gente ainda prefere investir em tendências e fazer o que dá resultado certo. A consequência disso é que certas “modas” ou padrões visuais para aplicativos web e sites, depois de um tempo, geram uma certa saturação e desaparecem rapidamente. Isso significa que um bom web designer deve se manter atualizado e nunca parar de aprender.


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co, com variações, até que se chegou à forma simplificada sem serifa, popularmente conhecida como “sem serifa” ou “sans”. na inglaterra, o tipo mais coherbert nhecido dessa categoria é comumente conhecido bayer como “gill sans”, por causa do nome de seu desigtoda época tem suas características formais ner, eric gill. o tipo sem serifa é o produto de nossa e culturais, que se revelam em seus modos era. sua forma está em total harmonia com outras de vida, em sua arquitetura e em sua literatura. o formas e fenômenos visíveis da vida mesmo se aplica à linguagem e à escrita. reconhecemos de maneira bastante clara que as formas literárias das épocas passadas não pertencem ao tempo presente. o indivíduo que insistisse hoje em falar como se falava na idade média faria um papel ridículo. ¶ veremos, mais adiante, que os designs tipográficos da tradição não atendem às exigências básicas da tipologia adequada ao uso de hoje. recordamos o longo caminho de avanços do design tipográfico, e não temos intenção alguma de criticar a herança que moderna. nós lhe damos as boas-vindas como ora nos oprime. chegamos a um estánosso tipo mais moderno. não podemos começar gio, contudo, em que precisamos toa inventar uma forma de tipo inteiramente nova, mar a decisão de romper com o passado. quando como deveria ocorrer paralelamente a uma radical deparamos com uma coleção de estilos tradicionais, reorganização da língua. devemos nos manter fiéis deveríamos perceber que podemos recusar as anti- às formas básicas de nossas letras e tentar desengas formas medievais, com a clara consciência das volvê-las mais. o tipo romano clássico, a forma origipossibilidades de desenhar uma nova espécie de nal de todas as variações históricas do tipo, deve tipo mais adequada ao presente e àquilo que pode- continuar a ser nosso ponto de partida. todas as vamos antever no futuro. ¶ nossa língua transformou- riações de aparência constituíram-se livremente, de -se ao longo dos séculos. ela tornou-se mais concisa, acordo com o estilo e a caligrafia do designer tipoocorreram transformações sonoras, novas palavras foram cunhadas, formaram-se outros conceitos. a própria língua precisa ser totalmente reorganizada - mas esse é um assunto vastíssimo, não vamos adentrar nele; limitar-nos-emos, em vez disso, ao exame do design tipográfico.¶ da massa heterogênea de tipos, alguns dos quais são ilustrados, surgiu, como último estágio, a forma do tipo romano clássi-

gráfico, e foi precisamente essa liberdade a responsável por tantos equívocos. de qualquer modo, a geometria nos fornece as formas mais precisas. os esforços de albrecht dürer para reduzir tanto o tipo romano como o gótico alemão a seus elementos básicos estruturais infelizmente nunca ultrapassaram a etapa experimental. o tipo-bayer produzido pela fundição de tipos de berthold representa uma tentativa prática de dar uma expressão moderna ao tipo romano clássico por meio da construção geométrica da forma. como se lê demais atualmente, não se deve dificultar a vida do leitor. há coisas que têm de ser lidas de longe, e as letras precisam ser visíveis de uma distância considerável. não é sem razão que oculistas usam uma tipologia clara quando examinam a vista dos pacientes. ¶ tem-se escrito muita coisa a respeito da legibilidade do tipo. os oculistas não podem apresentar provas definitivas, porque suas experiências são influenciadas por hábitos aos quais os pacientes já estão acostumados. descobre-se, por exemplo, que pessoas idosas com problemas de visão muitas vezes leem mais facilmente o tipo gótico complexo do que o tipo romano claro, porque estão acostumadas ao primeiro. no entanto, a conclusão a que se chegou a pesquisa é que, quanto mais letras, tomadas individualmente, têm formas parecidas entre si, menos visível é o tipo. essa conclusão pode ser incorreta, já que não é difícil encontrar tipos ilegíveis cujas letras, tomadas individualmente, apresentam formas extremamen-


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15 em que o tipo poderia ter uma forma muito mais simples e consistente? ¶ acredito, por isso, que são estas as exigências de um novo alfabeto: fundamento geométrico de cada letra, resultando em uma construção sintética com poucos elementos básicos. eliminação de qualquer indício da letra manuscrita, espessura uniforme de todas as partes da letra e renúncia a todos os sinais de traços superiores e inferiores. simplificação da forma em prol da legibilidade (quanto mais simples a aparência visual, mais fácil a compreensão). ¶ uma forma básica que será suficiente para diferentes aplicações, de tal maneira que a mesma letra seja adaptável a diversas finalidades: impressão, datilografia, escrita à mão e em estêncil etc. ¶ tais reflexões servirão de fundamento para o esforço de desenhar um tipo novo, mas por que escrevemos e imprimimos com dois alfabetos? não é necessário ter um símbolo grande e um pequeno para um único som. nós não pronunciamos um a maiúsculo e um a minúsculo. ¶ necessitamos de um alfabeto com um tipo único de letra. ele nos proporciona o mesmo resultado que o tipo misto de letras maiúsculas e minúsculas e, ao mesmo tempo, é um peso a menos para as crianças que começam a frequentar a escola, para os estudantes, para os profissionais liberais e para os homens de negócios. ele pode ser escrito de maneira muito mais rápida, especialmente na máquina de escrever, que não precisaria ter uma tecla de maiúscula, portanto seria mais fácil de aprender a datilografar. as máquinas de escrever seriam mais baratas por serem mais simples de fabricar. a composição tipográfica seria mais barata e os blocos de tipos, menores; as empresas de impressão economizariam espaço. a escrita e o envio de documentos feitos nos escritórios seriam muito mais baratos. esses fatos aplicam-se de maneira muito especial ao idioma inglês, em que o uso de letras maiúsculas ocorre muito raramente. parece incompreensível que um aparato tão imenso seria necessário para um emprego tão insignificante de maiúsculas. caso se considere necessário destacar o início, das frases, isso pode ser feito por meio do negrito ou de um espaçamento maior. nomes próprios também podem

te diferentes entre si, caso seja esse o único aspecto levado em conta. por conseguinte, onde procurar a harmonia da forma e a forma estrutural básica de nossos tipos? outras pesquisas demonstraram que conjuntos complexos de letras - não letras isoladas, mas palavras - são captados imediatamente pelo olhar. se levarmos essa dedução a sua conclusão lógica, o que teremos serão imagens ópticas de palavras (semelhantes aos símbolos chineses) e nenhum tipo com letras separadas. pessoalmente, acredito na seguinte concepção lógica: quanto mais simples é a forma da letra, mais fácil é ver, ler e fixar o tipo na memória. nos períodos clássicos, as letras maiúsculas (as únicas utilizadas) eram desenhadas com pincel de ardósia e entalhados com cinzel. sua forma certamente estava intimamente ligada a essas ferramentas. a minúsculas surgiu gradualmente no início da idade média com a utilização da pena e, consequentemente, herdou as características da escrita manual. posteriormente, ambos os alfabetos se adaptaram, e ainda percebemos em todos os tipos o elemento básico característico do traço superior fino e do traço inferior grosso. essas características se conservaram até hoje. mas será que precisamos de tal simulação de precedente em uma época em que 90 por cento de tudo o que se lê é escrito em uma máquina de escrever ou composto em uma máquina impressora, em que a escrita manual desempenha somente um papel secundário e

ser mostrados de outra maneira, mas teria de ser criado um símbolo uniforme para o “i”. prosseguindo com esse raciocínio até sua conclusão lógica, percebemos que o som da língua precisa receber uma forma visual sistemática. a fim de obter um tipo simplificado, oposto ao que se utiliza hoje, as sílabas que se repetem com frequência e os sons associados (ditongos etc.) devem receber novos sinais tipográficos. AS LETRAS MAIÚSCULAS DE OUTRORA SÃO DIFÍCEIS DE LER QUANDO ASSUMEM A FORMA DE FRASES. CONSEQUENTEMENTE, É IMPOSSÍVEL LEVÁ-LAS EM CONSIDERAÇÃO. restam apenas as pequenas letras de nosso atual alfabeto de minúsculas. ele deve ser a base de nosso alfabeto de tipo único. e a frase escrita em um alfabeto de tipo único, que possui intrinsecamente uma construção formalmente compacta, não é mais harmoniosa, logicamente, do que uma frase baseada em dois alfabetos, que são completamente diferentes um do outro em forma e tamanho?

Publicado originalmente em PM 4, n. 2 (dezembro - janeiro 1939 - 1940) retirado do livro Textos clássicos do Design gráfico, tradução Fernando Santos, Editora WNF Martins Fontes / 2010 / páginas 62 - 64

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tipologia uni versal


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LAÍS AKEMI 020 .


17 // foto de laís akemi

DSUB: qual é sua profissão? AKEMI: Olha não sei haha. Bom eu sou formada aqui na UNESP, me formei em 2015, terminei o mestrado recentemente no ano passado, dei aula aqui na Unesp como professora bolsista, atualmente estou me dedicando a pesquisa, mas sem nenhum vínculo com o doutorado e etc.

DSUB: você trabalha com fotografia? AKEMI: Sim, eu cubro alguns eventos acadêmicos, eu dou oficinas, recentemente eu dei algumas aulas aqui na FAAC sobre fotografia, semana passada eu dei uma aula para o primeiro ano de jornal, sobre photoshop, porque eles queriam aprender, e seDSUB: você fez um TCC sobre fotografia analógi- mana que vem darei uma aula para introdução ao ca, porquê dessa escolha? design e na próxima semana eu vou dar a mesma AKEMI: Então eu entrei na graduação com a propos- oficina para a turma de Rádio e TV, estou na ativa ai! ta de fazer design gráfico e trabalhar em uma revista, esse era meu propósito aqui, queria sair daqui DSUB: você tem um processo de trabalho? Como e trabalhar na (editora) Abril, então fiz tudo, entrei ele funciona? na Alto Astral, consegui trabalhar na toda teen, es- AKEMI: Ele é muito interdisciplinar, as vezes eu tetava realizada por fa\er o que eu eu queria fazer, ai nho uma ideia, quando estou ouvindo uma música a Ferdi veio com a idéia da gente fazer uma IC, ai eu ou ouvindo um poema, e eu tento transferir isso pensei ” - Não, imagina, revista é meu sonho, to tra- para a fotografia, então acabo tendo a inspiração balhando com isso”, e ai ela me perguntou: “-Qual em várias plataformas. é a pergunta que te inquieta?”, e eu falei “...Ah, eu gosto muito de fotografia antiga, de câmeras anti- DSUB: o que influencia seu trabalho? gas”, a câmera que eu utilizei pro meu tcc meus pais AKEMI: Poxa uma pergunta complexa essa, eu semutilizam para tirar foto de mim quando eu era bebê, pre gostei muito de cinema, esse é um dos motivos e eu queria saber o que está acontecendo com essa para eu começar a me envolver com a fotografia, fotografia, e a Ferdi falou, vamos fazer uma IC sobre tanto que quando eu entrei aqui, voltando na revisisso, e eu falei “Tá”, eu larguei o estágio e comecei a ta, meu sonho era trabalhar com editorial, e tendo a pesquisar. Toda a parte de introdução e objetivo eu disciplina de foto, foi que eu comecei a me interesfiz durante a minha IC, então levantei referencial e sar por fotografia e eu convivia bastante com um comecei falar sobre a retomada do analogico agora, pessoal que fazia cinema, e eles foram me passando como ele está sendo usado, quais são as correntes dicas a respeito de equipamentos, tanto que é por estéticas e tal, e deu tudo certo, ai eu coloquei essa isso que eu uso a Canon, porque o pessoal do cineparte teórica no meu TCC.

ma me disse “ compra esse, porque se um dia você quiser filmar seu equipamento pelo menos serve para isso”. Minhas inspirações são basicamente isso, música eu amo música, basicamente tudo o que eu faço tem música no meio, cinema, eu gosto muito de cinema clássico, gosto de Scorsese, pra mim é uma grande referência, poesia também sempre tento juntar tudo, não sei muito bem como eu faço, mas é o que eu busco fazer. DSUB: Você sempre desejou estudar design? AKEMI: Então, quando fui prestar eu tive muitas ideias, pensei muito em fazer letras, porque eu gostava de estudar russo, eu falo russo. Eu amo línguas russas, queria fazer língua russa, mas pensei que uma coisa que eu gosto muito e é meu hobby vai virar meu stress, então pensei que não. Pensei em publicidade, mas também não era aquilo, e nisso eu vi no design a oportunidade de fazer tudo o que eu gosto sabe por ter essa coisa do interdisciplinar, principalmente nesta área do editorial que eu sempre gostei muito. Me lembro de quando eu pensei, tá agora é design, foi no segundo colegial, então prestei apenas Design Unesp.


18 DSUB: você tem influência de outros fotógrafos ? AKEMI: Sim, a coisa que eu mais amo na vida, é um movimento que se chama Lomografia, o qual eu falei muito no meu tcc, que foi basicamente alguns caras muito loucos que se reuniram nos anos noventa, foram para um sebo de câmeras e acharam uma câmera russa antiga da época soviética, e pegaram essa camera e começaram a fotografar de qualquer maneira, tem até as 10 regras de ouro da lomografia que uma delas diz, não olhe para o visor. Eu tinha uma visão muito dura sobre como fazer as coisas a fotometria toda certinha, para usar o tripé e colocar a câmera, e o ISO certo. Quando eu conheci a Lomografia eu consegui me desprender disso, no analogico eu sinto que consegui sair um pouco das regrinhas, e tentar deixar o defeito ser um efeito. DSUB: nesse ramo da fotografia, você considera a educação formal necessária? AKEMI: Acredito que sim, que é importante você ter um conhecimento técnico sobre o que você está fazendo com o seu equipamento, me lembro de quando estava como bolsista ensinando as coisas, eu disse “ Galera vocês tem de saber essas regras de cor, para poder depois quebrá-las”, o picasso falava muito disso, que ele precisou estudar durante anos para poder pintar como uma criança, sabe. Então acredito que é importante saber o básico das regras e das técnicas de qualquer tipo de educação que seja sua área, para você poder quebrar depois isso e saber o que você está fazendo quando estiver quebrando.

“ ‘vocês tem de saber essas regras de cor, para poder depois quebrá-las’, o picasso falava muito disso, que ele precisou estudar durante anos para poder pintar como uma criança.”

está fazendo, eu lembro que eu acessava muito repertório de YouTube também pra ver algum tipo de efeito que eu gostava.

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DSUB: quais os meios que você utilizava para absorver informações sobre design? AKEMI: Basicamente eu leio muito, eu gosto muito de um livro que tem na biblioteca chamado “A história do design gráfico”, esse livro é maravilhoso, eu gosto muito de livros e sempre falava para a galera quando falava com os calouros: Vão na sessão de design gráfico da biblioteca que aquilo é uma fonte de referências bibliográficas incrível, inclusive para fotografia também, inclusive DSUB: e o que você acredita que te influenciou a gostar dessa área edito- volta e meia eu me perco lá, fico pegando livros, pra mim é uma fonte muito importante, literatura. Internet também, gosto muito do Pinterest para coletar rial? Você tem alguma lembrança sobre isso? AKEMI: Tenho, muitas revistas na minha infância, minha mãe e meu pai sempre referência, acho que todos nós designers fazemos isso, o instagram tbm, tem me aproximaram de revistas assim desde que eu era baby, a Super Interessan- alguns sites de design, tem a Zupi também, pra mim essas fontes são excelente, e coisas desse tipo. Eu sempre cresci em meio a revistas sabe, sempre tive tes como referência. muitas revistas, meus primos assinavam e davam para a minha mãe. DSUB: Existe uma lacuna entre a parte teórica e pratica no design? DSUB: quais dicas você daria para que quer começar nesse ramo da foto- AKEMI: [...] olha é uma pergunta polêmica essa, acho que no curso talvez falte um pouco mais de acesso a parte prática, mas eu entendo porque essa acaba grafia? AKEMI: Referência, sempre buscar muitas referências, de fotógrafos tanto an- sendo a proposta de universidade, a gente não é um curso técnico né, no caso, tigos como de agora, muitas pessoas falam que o instagram é uma fonte ruim eu lembro que eu estava conversando com uma turma de jornalismo quando de referência, eu não acredito nisso, acho que o instagram é uma fonte muito eu dei uma oficina e eles me perguntaram se em design a gente tinha curso do rica, pra você ter referência visual, tem muito instagram que faz curadoria de pacote Adobe, eu falei; “Não, não, não, não… não tem, a gente aprende isso aí fotografias, inclusive o Double Exposure é o instagram que eu fiz para fazer a por fora, morrendo com as matérias”. Eu sinto que talvez careça um pouco mais curadoria de fotografia analógica de dupla exposição, eu contatava fotógra- dessa parte prática dentro do nosso curso mas como designers não tem como fos para fazer esse banco de dados de fotografias de dupla exposição, mas no pular a parte teórica sabe, estudar a história e tudo mais, eu acho muito imporinstagram tem de tudo. Mas basicamente é criar um repertório visual não tem tante, por isso a gente está em um lugar de construção de conhecimento que é como escapar disso, fotos que você gosta, tentar reproduzir o que o fotógrafo a universidade, acredito que seria necessário ter um balanço maior.


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DSUB: você já conseguiu alguma proposta de freela, com a exposição por essas plataformas do seu trabalho? E como foi essa experiência de ter contato com o cliente? AKEMI: Já pelo Behance, me encontraram e ai disseram, “Ah lais será que não dá pra você fazer um folder pra gente”, e foi. Olha eu particularmente, acho essa etapa um pouco estressante, de lidar com o cliente, eu me sinto muito mais segura quand estou em uma empresa por exemplo, e tem alguém que possa fazer esse intercâmbio por mim, como freelancer eu ainda tenho essa dificuldade, pra lidar tête-à-tête com o cliente, inclusive esse cliente do folder me pediu umas coisas muito cabulosas e eu acabei pedindo ajuda para a professora Ana Bia, acabei mandando inbox, explicando a situação, e ela me orientou, haje dessa maneira e tal. E é isso que eu amo no nosso curso, a assistência que os veteranos e os professores ajudam muito a gente com essa questão profissional, inclusive uma outra fonte de referências para mim, sempre foi o TCC dos veteranos, nossa o nosso curso é maravilhoso nisso, inclusive quando eu tive a oportunidade de ver os TCC´s e depois ser convidada para ser banca de alguns e poder ver mais a fundo eu realmente, tenho essa impressão de que os TCC´s de design são muito fortes.

DSUB: você pode comentar um pouco sobre como foi a concepção do seu TCC e as etapas do desenvolvimento? AKEMI: Nossa eu tive muitas idéias, lá pelo segundo ano eu já comecei a me questionar o que faria no meu TCC, e no segundo ano eu nem gostava de foto ainda, então minha idéia era fazer uma revista, foi no terceiro que eu me apaixonei por fotografia, larguei o estágio para fazer uma iniciação ciêntifica, eu tive muitos e muitos planos, pensei em fazer um TCC sobre fotografia digital, o que para mim seria muito mais tranquilo, já tinha a câmera então era só fazer né. Pensei em fazer um TCC sobre música também, eu lembro que uma das minhas ideias mais cabulosas era fazer uma interpretação minha do Unknown Pleasures5, eu

ia fazer todas as músicas do começo ao fim, gravar e fazer um produto audiovisual com isso, foi uma das minha ideias, ainda bem que a Ferdi baniu haha. E então a Ferdi veio com essa idéia de pegar a Iniciação Científica para ser a base teórica para outro projeto, e isso explodiu minha cabeça porque de início eu pensava poxa, IC é IC e TCC é outra coisa, na minha cabeça eu tinha de fazer duas coisas diferentes, e essa figura do orientador é central, te mostrar que você tem uma limitação de tempo, às vezes a gente tá tão apaixonado querendo fazer o projeto que a gente não pensa muito nisso sabe. Essa dica da Ferdi, salvou minha vida, porque eu iria refazer um trabalho do zero,o esforço até emocional que aquilo teria seria muito grande. E daí eu pensei em muitas coisas, em fazer um ensaio analógico e tal, e pensei no Save the Film, vou fazer um projeto e vou retomar isso tudo. DSUB: dá para ser fotógrafo só de câmera de celular? AKEMI: Que pergunta polêmica, haha. Cara depende do que você pretende fazer, por exemplo eu estava conversando com um amigo meu designer, ele trabalha em agência e tal, e me perguntou qual câmera comprar, e eu perguntei o que ele estava pensando em fazer, ele me disse que era para tirar algumas fotos de alguns mockups; ai eu perguntei, mas tem bastante luz na locação onde você está tirando as fotos? Ele disse que tinha, tinha iluminação e tal, e eu disse cara vai de celular mesmo, você não precisa gastar em uma coisa que você só vai utilizar para isso entendeu, eu gosto de pensar que a maior parte das situações o celular cobre, porque os celulares que a gente tem hoje em dia o sensor é incrível, e tendo luz ele trabalha, então dependendo do que você for fazer, nem é necessário entender.


20 DSUB: como é o mercado de trabalho para Fotografia? Tem muita demanda? AKEMI: Tem porque tem muitos gêneros, tem de tudo, pelo menos para fotografia social, de casamento e ect, sempre vai ter clientes, uma coisa que eu gosto muito de pensar é o Tertulho que foi o coletivo do Colósio, ele reuniu fotógrafos aqui da unesp e tal inclusive amigos meus, e fizeram esse coletivo para cobrir eventos, casamentos e tal, então tem sempre demanda, então eu acho que a dificuldade é você conseguir se incluir nisso, nisso eu acho o coletivo do Colósio muito positivo.

k surefrea o p x e e l b u isakemi am @do a r l g @ a t s in efilm @ saveth i laisakem / d u o l soundc nce /laisakemi Beha

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DSUB: quais as principais dificuldades você encontra nessa área? AKEMI: Primeiramente eu acredito que é o investimento no equipamento, é sempre pesado, Lembro que foi uma epopéia para comprar a minha primeira câmera, foi difícil, aí é que eu acho que um pouco de conhecimento formal em fotografia é importante porque ajuda, por exemplo comprar uma fullframe que é a câmera que tem um sensor do tamanho de um filme de 35 mm, tem uma qualidade incrível, a maioria das pessoas não precisa disso sabe, então é ter esse conhecimento do que é necessário investir para você ter esse enxoval fotográfico, já acho que é uma dificuldade, lidar com cliente também já é um pouco difícil, porque os clientes às vezes tem alguns pedidos meio incabíveis, e prazos muito difíceis, é um pouco difícil de você conseguir formalizar tudo isso sabe. Ainda mais como freelancer.

DSUB: e para as pessoas que gostariam de ingressar nessa área da fotografia, quais os passos você acha que são necessários para ela ter sucesso? AKEMI: Ela fazer um portfólio focado no tipo de cliente que ela quer atrair sempre, não adianta você fazer um tipo de portfólio daquilo que você gosta de fotografar, e seu cliente não se ver nisso. Conversar com profissionais mais experientes, que é uma coisa que eu sempre fiz também, O Guilherme Colosio sempre me ajudou muito nisso, e realmente ter esse diálogo com a galera que está por dentro, porque realmente eu acho que isso é uma coisa que dificulta bastante sabe, as regras não estarem muito claras. Uma coisa que eu posso dizer, por estar dos dois lados da trincheira, (na acadêmia e no mercado). Eu gosto muito da área acadêmica, apesar de estarmos numa crise bem grande nesse sentido em nosso país, está bem complicada nossa situação, com cortes de bolsas sem aviso, mas eu acredito muito nessa parte acadêmica, porque se não tivesse sido a Ferdi no terceiro ano, me mostrar a possibilidade de fazer uma Iniciação eu nunca teria feito o mestrado sabe. E mesmo para quem não queira fazer um mestrado e seguir nisso, eu acho que a Iniciação Científica é uma experiência maravilhosa, de você conseguir organizar seu pensamento em volta de um tema que você está desenvolvendo, de preferência de algo que você ame, evite pegar temas que vocês gostem mas não amem, porque é sofrido uma IC é muito trampo. Outra coisa também é pegar um orientador com o qual você se identifica, acredito que isso seja essencial. O meu conselho que eu gostaria de dar a todos os calouros é que se dedique ao máximo em todas as matérias, inclusive aquela em que você não vê muito sentido, porque eu entrei na faculdade, apesar de ter esse foco no editorial, aberta para tudo, então até as matérias de oficina, eu sempre estive aberta a isso me mandar para outro caminho, e foi o que aconteceu, eu me apaixonei por foto e tudo mais, então na medida de suas energias emocionais e da sua sanidade, fazer o melhor possível, extrair o máximo, porque isso lá na frente vai ser muito precioso.


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D-SUB- Qual é sua área de atuação na área criativa?

Natália

MOTA- Eu gosto de juntar elementos da cultura que eu me identifico, com culturas que são aproximadas do meu meio familiar, basicamente isso. Tenho me descoberto muito enquanto artista na cidade, tido diversos tipos de contato com produções, então isso vai desde pintar numa tela até grafitar ou fazer algo com argila, enfim vários outros materiais. O fato de estar aqui no curso de artes visuais tem expandido muito essa ideia do criativo e do que fazer, tendo a noção de que eu não preciso ficar só no muro ou na tela, eu posso buscar outros suportes para fazer o que eu gosto.

D-SUB- Você acredita que a educação formal na área em que atua faz diferença?

MOTA- Olha, acho que temos muitos desfalques na

D-SUB O que influencia seu trabalho? MOTA- Todas mulheres que eu conheço, que conhe-

ci ou ainda vou conhecer, as que não conheci também, acho que elas são o ponto principal de tudo o que eu faço, sempre retrato muitas mulheres, mulheres que eu tive vontade e não pude conhecer. Além além das mulheres me inspira muito a questão das vivências, como da minha avó da minha mãe dos meus pais como um todo, as coisas que eles me contam, a maneira como eu vou fazendo links com isso com questões sociais, questões ambientais enfim de ancestralidade também, acho que esses são os pontos principais, basicamente as vivências, elas estão sempre presente nas coisas que eu faço, de maneira visual ou de maneira significativa.

mota

DSUB

área acadêmica, principalmente em Artes Visuais, a gente trata muito sobre determinados temas e fala pouquíssimo sobre temas muito mais importantes para nossa formação enquanto educadores, principalmente na área de licenciatura. A educação formal em si, partindo do pressuposto que ela precisa atender as necessidades dos demais alunos, isso pode ser favorável para quem está aqui estudando, é uma oportunidade e tanto, mas se ela continuar moldada a aquela coisa rígida, continuar causando pânico e terror nos alunos acho que só tende a cair, porque nem de um lado se sente prazeroso ensinando e nem do outro aprendendo, muita formalidade acaba enquadrando e não abrindo muito espaço.


23 D-SUB- Quais dificuldades você encontra na sua área? MOTA- A mais explícita mesmo é a questão da grana, é um bagulho assim que consome meu psicologico, meu emocional, porque a gente tem conta para pagar, a galera que vê você com seu trampo diariamente acredita que você tá maravilhosa, arrasando, mas não vê o esforço que você faz para tentar pagar um aluguel sabe, conta de luz. Acho que o financeiro é uma das coisas que mais mexe comigo sendo uma artista independente principalmente. Em segundo lugar o machismo e o racismo, que às vezes pode ser muito sutil e você só percebe depois, ou às vezes percebe na hora, mas não quer levar aquilo, continuar o seu trabalho, mas acaba pesando muito como o fato de os caras achar que você não tem capacidade de pegar em uma lata, de colocar uma técnica sabe, é o fato de você sempre ser diminuída pelo fato de você ser mulher e ainda tem o fator racial, de ser uma mulher preta na rua, aí às vezes você é lida como uma marginal, não que esse seja o problema porque afinal eu sou, a gente vive a margem, nos meios periféricos o que me coloca nessa posição, mas o fato de só te identificarem com isso e não enxergarem em você uma potência artística também sabe, então acho que é basicamente isso, as dificuldades estão no meio financeiro, de gênero e racial.

“a galera que vê você com seu trampo diariamente acredita que você tá maravilhosa, arrasando, mas não vê o esforço que você faz para tentar pagar um aluguel sabe...”


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felipe

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del rio


sua animação..”. D-SUB- E como é trabalhar com cliente? RIO- Trabalhar com cliente é uma coisa que eu ainda estou aprendendo, eu já percebi que uma coisa que geralmente eu faço e estou tentando corrigir esse erro, é que às vezes não entendo logo de cara o que o cliente está pedindo, ou subestimar um pouco o pedido e depois perceber que é uma coisa muito mais complexa do que a gente tinha discutido no início do projeto, mas no geral tem sido positivo. Enfim, quando vim pra cá foi por que eu decidi que se eu estivesse tentando aprender 3D sozinho, eu queria trabalhar com isso, e apesar dos perrengues não estaria parando para pensar em outras coisas a gente vai aprendendo. que muitas vezes poderiam agregar de forma indireta no meu trabalho. D-SUB- Quais as principais dificuldades você per-

D-SUB- qual é o seu processo de trabalho? RIO- Eu não gosto muito de desenhar, colocar as coisa no papel, geralmente eu tenho a idéia na cabeça e eu busco muita referência, vou baixando várias referências colocando em pastinhas e então vou montando, vou descobrindo o que vai ser enquanto estou fazendo, vou alterando é mais ou menos assim.

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comecei a tentar modelar no Blender, porque ele é gratuito então é mais fácil você começar a mexer por ele, e por ele ser gratuito muita gente faz conteúdo para o YouTube

D-SUB- e o que influencia seu trabalho? RIO- Nossa, não sei se tem alguma coisa específica, geralmente vejo alguma coisa, ou assisto algo e acho interessante e junto com alguma outra ideia que eu tinha de repertório, e então penso: “-Há, e se eu juntar essas coisas?”, e então junto elas, mas não sei se tem algum elemento que identifica as D-SUB- E você sempre pensou em cursar design? coisas que eu crio. RIO- Não na verdade eu comecei a pensar em design quando eu comecei a pesquisarW o que eu iria D-SUB- E referência de outras pessoas? RIO- EU gosto muito de arte bidimensional, con- fazer, eu sabia que gostava de 3DWWW mas eu aincept arts, eu sigo muita gente que desenha assim, da pensava se era uma coisa que eu gostava como eu não consigo fazer isso, faço mais em 3D mas me hobby, ou se eu queria seguir com aquilo, ou se fosse seguir se iria fazer um curso ou algo mais abraninspira bastante. gente; eu pensei em outras áreas mas no sentido de D-SUB- E como você se interessou por essa se eu gostaria de trabalhar com design nessa área profissional ou não. Agora dentro do 3D eu pensei área do 3D? RIO- Na real sempre fui muito curioso, e desde pe- em fazer cinema, porque gosto muito de animação queno sempre queria saber como as coisas eram e filmes no geral, mas design sempre foi minha prifeitas, e aí eu lembro que eu assisti algum filme de meira opção. animação no cinema, acho que era Toy Story 3 não lembro, faz muitos anos, e então fiquei querendo saber como era feito, então fui pesquisar como o filme era feito e foi então que comecei a me interessar por isso. Comecei a tentar modelar no Blender, porque ele é gratuito então é mais fácil você começar a mexer por ele, e por ele ser gratuito muita gente faz conteúdo para o YouTube, então eu acabava encontrando muito tutorial do blender.

D-SUB- quais meios você costuma utilizar para absorver informações sobre design? RIO- Eu gosto muito de entender como as coisas são feitas, então quando alguma coisa desperta meu interesse eu vou para a internet tentar descobrir como fizeram por exemplo tal efeito no filme, como resolveram tal problema, e aí vou entrando nos fóruns do submundo dessa área para entender como acontece.

D-SUB- Você acha que educação formal faz diferença dentro dessa área? RIO- O curso tem me atendido, tenho visto várias coisas que tem agregado ao meu trabalho, e que

D-SUB- e você já conseguiu algum freela assim? RIO- Já consegui, bastantes por conta da animação, bastante pessoas já vieram comentar comigo tipo: “- Há, eu sei que você faz umas coisas com 3D, eu vi

cebe na sua área? RIO- Acho que é fazer com que as pessoas vejam o seu trabalho, porque tem muita gente muito boa, e você vê gente que faz muita coisa. e acho que essa é uma da minhas maiores dificuldades, você está sempre produzindo e postando, acho que é isso que faz algumas pessoas serem mais reconhecidas do que outras e acabar se destacando. Ou não também porque às vezes você vê muita gente boa e pensa como ninguém está vendo aquilo. D-SUB- Qual conselho você daria para quem está começando nessa área e nunca abriu um software 3D? RIO- Então abre haha. Acho que a pessoas tem de fazer as coisas da maneira que elas considerarem mais proveitoso para elas, se seu método for se trancar no quarto sozinho ler vários livros sobre design e com isso conseguir atingir seus objetivos, então faça isso.

instagram @delrio.art artstation.com/felipedelrio vimeo.com/felipedelrio


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28 D-SUB -Qual é a sua área de atuação em design? RAUL -Apesar de já ter atuado em outras áreas, atualmente estou envolvido com o design industrial. Aqui no brasil essa área é dividida com os engenheiros mecânicos, o que limita o papel do designer a muitas vezes a fazer a parte gráfica como rendering, e não tendo muita liberdade para criação.

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Raul Molina

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D-SUB- Como é o mercado nessa área? ele é novo? Sempre existiu, no entanto ele tem se transformado atualmente, antes ele era limitado a essa parte do rendering, a parte estética e agora estamos ganhando espaço na parte de gestão, na parte operacional mesmo como por exemplo na parte de prototipagem rápida, abre o acesso para que designers atuem com uma maior liberdade na indústria. Inclusive a área de UI UX que tem sido valorizada ultimamente anteriormente já existia com outro nome, ergonomia de produto, mas com essa onda de renovação do mercado ele acabou ganhando destaque com essa renomeação, reflexo da mudança que vem acontecendo.


29 D-SUB- Qual é o seu processo no desenvolvimento do seu trabalho?

Bom, primeiramente, a parte mais importante é entender o briefing e entender o que o consumidor quer, porque às vezes o cliente é só um meio termo entre o consumidor final e o produto.

D-SUB- Quais as principais dificuldades você encontra dentro da sua área? RAUL- Aqui no Brasil é aquele fato de disputarmos nosso trabalho com os engenheiros, então muitas vezes recebemos um descrédito por não ter cálculo e outras bases matemáticas, o que faz com que seja difícil avançarmos nessa área. Outra dificuldade é que dentro da faculdade acabamos não acompanhando a tecnologia, e estudando com um maquinário que muitas vezes já está fora de linha.

D-SUB- Como você pretende entrar no mercado de trabalho? Bom eu posso continuar na área acadêmica, seria uma opção, mas para o mercado eu já fiz alguns trabalhos freelancer o que gera um portfólio, e abre A partir daí desenvolve-se várias propostas, sketalgumas portas. Estágio também é uma ótima maches, modelagens, depende do projeto, é preciso neira de se colocar no mercado, mas o problema é entender e adequar ao que ele pede. que para essa área acabamos tendo que nos locomover da região pq não tem uma grande oferta de D-SUB- Você acredita que a educação formal faz trabalhos por aqui, o que gera algumas dificuldades. diferença no design? RAUL- Depende, acredito que a educação formal, traz um embasamento para formação humana, por exemplo as aulas de filosofia, antropologia, psicologia aplicada ao design acabam por nos dar uma base sólida, e até as aulas mais vagas acabam sendo uma oportunidade para você testar algumas coisas se você tenta trazer algo ou implementar, acredito que é uma ótima oportunidade e trará maior retorno. D-SUB- Você sempre desejou estudar design? RAUL- Na verdade só entrei aqui na universidade porque o diretor da escola em que eu estudava no ensino médio havia avisado que o vestibular da UNESP estava aberto, eu não tinha muita noção do que pretendia fazer, tinha um pequeno interesse na área de tecnologia de informação.


COMO

DESIGN

URBANO PODE AJUDAR NA PREVENÇÃO DO CRIME

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31 Criado na década de 1970, o conceito de reduzir a criminalidade por meio do desenho urbano e da arquitetura é adotado por forças policiais e comunidades em vários países . Diante da criminalidade, a resposta do poder público costuma aparecer por meio da força e da repressão. No Rio de Janeiro, isso não raro se traduz em violentas incursões em comunidades com elevado saldo de mortos e feridos. Duas comunidades da cidade estão demonstrando que há uma outra via possível, conforme destacado em uma série de quatro matérias do site Rio on Watch, veículo de inform ações sobre essas localidades. Essa via inclui ações bem mais prosaicas, que incluem desde a limpeza de praças, o reparo da iluminação pública, até ao fortalecimento dos laços entre vizinhos e da participação coletiva. Acima de tudo, são atitudes de prevenção, ou seja, não vêm como resposta a crimes, mas procuram se antecipar a eles.

Carlos alberto Costa

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e iluminação de praças para servirem de pontos de encontro da comunidade. “ A criação de um espaço compartilhado e público está ligada à segurança pública, como no resto da cidade. As luzes prevenirão a violência. Tudo isto é óbvio”, explicou André Constantine, da associação de moradores da comunidade. Na década de 1960, a jornalista e ativista americana Jane Jacobs publicou o clássico “Vida e Morte das Cidades Americanas”, em que defendia comunidades ativas e ruas movimentadas como caminhos para um ambiente menos propício à criminalidade. Para ela, calçada cheia de gente era sinônimo de segurança, e não o contrário.

O governo gasta dinheiro para combater o crime e usa ações paliativas para combater traficantes, mas prevenir o crime não é parte importante do trabalho deles

Bezerra é ex-líder da associação de moradores da favela Asa Branca, em Curicica, Zona Oeste da cidade, mas que segue atuando em prol dos interesses comuns da área. Na comunidade de Asa Branca, os moradores instalaram iluminação em áreas comuns e desobstruíram a visão das ruas. Ruas mais estreitas são retilíneas, permitindo enxergar a via inteira pela janela. Também não existem paredes grandes sem janela. Plantas ficam em vasos, e nenhuma é grande o bastante para tampar a visão. Já na favela Babilônia, no Leme, Zona Sul, se planeja a limpeza

O arquiteto definiu quatro elementos do design que agiriam para criar um ambiente urbano mais seguro, individualmente ou em combinação. Ao definir com clareza a propriedade do espaço, se público ou privado, por meio de barreiras físicas ou simbólicas, é possível engajar as pessoas em seu cuidado.


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ditos

nos mande um salve revistasub.com.br

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cré#1|2019

BINHO, idealizador mirabolante é afiado nos discursos e presente em (quase) todas as discussões políticas dessa UNESP. curte rap naconal e arte urbana. facilmente encontrado de livro na mão (geralmente biografias de líderes de movimentos sociais). pergunte a ele o que é design e abra sua mente. pergunte em seguida o que não é design e ele não saberá te dizer ao certo

DESIGN GRÁFICO Ana R. Ribeiro Welbertison dos S. Robrigues TRATAMENTO DE IMAGEM Ana R. Ribeiro Welbertison dos S. Rodrigues SUPERVISÃO GRÁFICA Cássia Domiciano Biana dos S. Raboni COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Felipe Del Rio Gleisson Cipriano Laís Akemi Natália Mota Raul Molina E-MAIL revistadsub@unesp.br IMPRESSÃO Gráfica Sena TIRAGEM 500 exemplares CAPAS Biana dos S. Raboni

não atrapalhe ANA e seu raciocínio, poupe-se de sua inimizade e você será afortunado com uma bela brotheragem. insepáravel de seu café requentado, acredita que o design é um facilitador da comunicação mas não indispensável, ora rejeita ora estima os teóricos do design que tornam seu conceito tão nebuloso aos leigos no ramo

SUPERVISÃO EDITORIAL Cássia Domiciano SECRETÁRIA DE REDAÇÃO Rebeca Almeida COLABORAÇÃO Erick de Alencar Sérgio Komori Marina de Araujo EDITORA Ana R. Ribeiro Welbertison dos S. Rodrigues TEXTO Welbertison dos S. Rodrigues REVISÃO Ana R. Ribeiro PRODUÇÃO Ana R. Ribeiro Welbertison dos S. Rodrigues DIREÇÃO DE ARTE Ana R. Ribeiro Welbertison dos S. Rodrigues


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