Revista Varal do Brasil - ed 27 janeiro de 2014

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ISSN 1664-5243

Ano 5 - Janeiro de 2014—Edição no. 27


Corsier, 2012


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ISSN 1664-5243

LITERÁRIO, SEM FRESCURAS Genebra, inverno de 2014 Edição no. 27 - Janeiro de 2014 VARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASIL VARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARAL DOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDO BRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRA SILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILBRASILVARALDOBRASILV ARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILBRASILVARA LDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASIL VARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRA SILVARALDOBRASILBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILV ARALDOBRASILVARALDOBRASILBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARA LDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDO BRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASIL VARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRA SILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILV ARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILBRASILVARALDOBRASILVARA LDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILBRASILVARALDO BRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILBRA SILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASIL VARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDO BRASILVARALDOBRASILBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRA SILVARALDOBRASILVARALDOBRASILBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILV ARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARA LDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASIL VARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDO BRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRA SILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILBRASILVARALDOBRASILV ARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILBRASILVARA LDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASIL BRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASIL VARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVARALDOBRASILVA-


EXPEDIENTE Revista Literária VARAL DO BRASIL

PARITICIPE DAS PRÓXIMAS EDIÇÕES: •

Até 25 de JANEIRO você pode enviar textos para nossa edição de março que trará o tema INFINITA MULHER e onde falaremos da mulher em todos os seus significados e expressões.

As inscrições podem ser encerradas antes se um número ideal de participantes for atingido.

NO. 27 - Genebra - CH - ISSN 1664-5243 Copyright : Cada autor detém o direito sobre o seu texto. Os direitos da revista pertencem a Jacqueline Aisenman. O VARAL DO BRASIL é promovido, organizado e realizado por Jacqueline Aisenman Site do VARAL: www.varaldobrasil.com Blog do Varal: www.varaldobrasil.blogspot.com

BLOG DO VARAL

Textos: Vários Autores Ilustrações: Vários Autores Foto capa: © Anna Omelchenko - Fotolia Foto contracapa: © phloxii - Fotolia Muitas imagens encontramos na internet sem ter o nome do autor citado. Se for uma foto ou um desenho seu, envie um e-mail aqui para a gente e teremos o maior prazer em divulgar o seu talento. Agradecemos sua compreensão. Revisão parcial de cada autor Revisão geral VARAL DO BRASIL Composição e diagramação: Jacqueline Aisenman A distribuição ecológica, por e-mail, é gratuita. A revista está gratuitamente para download em seus site e blog. Informações sobre o 28o Salão Internacional do Livro e da Imprensa de Genebra e sobre o stand do VARAL DOBRASIL: varaldobrasil@gmail.com

Você pode contribuir com artigos, crônicas, contos, poemas, versos, enfim!, você pode escrever para nosso blog. Também pode enviar convites, divulgação de seus livros, pinturas, fotografias, desenhos, esculturas. Pode divulgar seus eventos, concursos e muito mais. No nosso blog, como em tudo no Varal, a cultura não tem frescuras! (www.varaldobrasil.blogspot.co m) Toda contribuição é feita e divulgada de forma gratuita e deve ser enviada para o e-mail varaldobrasil@gmail.com


Salão do Livro de Genebra, 2013

A revista VARAL DO BRASIL circula no Brasil do Amazonas ao Rio Grande do Sul... Também leva seus autores através dos cinco continentes. Quer divulgação melhor? Venha fazer parte do VARAL DO BRASIL E-mail: varaldobrasil@gmail.com Site: www.varaldobrasil.com Blog do Varal: www.varaldobrasil.blogspot.com *Toda participação é gratuita



Quando iniciamos um novo ano, junto com ele praticamente reiniciamos nossas vidas. Como se um sinal nos fosse dado pelo universo de que é possível recomeçar, apagar erros e problemas e seguir adiante com força renovada e novos propósitos.

do Livro e da Imprensa de 2013 foi coroada de grande sucesso. Com certeza, deste evento organizado pelo Varal do Brasil, nasceram muitos frutos que se espalharam pela Europa e pelo Brasil, abrindo oportunidades antes impensadas para os escritores participantes.

Cremos, mais do que nunca, que o universo nos dará a energia necessária do recomeço e deste recomeço faremos uma nova vida.

Por isto, para 2014 viremos ainda maiores, ainda mais empreendedores, com mais garra e força: traremos cinquenta metros quadrados de muita emoção no Salão do Livro!

Assim, cada ano que chega traz em si as esperanças de milhares de seres que, juntos, unem-se mesmo sem querer, numa oração infinita de amor e esperança! Agradecemos o ano de 2013 que para nós foi um ano de muito sucesso e reconhecimento. Realizamos várias edições de nossa revista e temos, com ela, alcançado cada vez mais pessoas e indo a lugares nunca imaginados. Estamos percorrendo caminhos novos e antigos com a mesma alegria, a alegria de divulgar nossa literatura. Realizamos com brio nosso primeiro Prêmio Varal do Brasil de Literatura e iniciamos as inscrições para o II Prêmio que terá seus vencedores divulgados em 2014. Este ano, além de contos, crônicas e poemas, teremos também textos infantis. Os lançamentos do Varal Antológico 3 foram um sucesso. Lançamos em Genebra e em Florianópolis cercados de amigos. Foram momentos muito especiais que não serão esquecidos. E para o próximo ano já temos a lista de autores de nosso novo livro, Varal Antológico 4, o qual conta, além de escritores brasileiros residentes no Brasil e no exterior, com autores de Portugal e de Angola. Nossa participação no 27o Salão Internacional

Pela primeira vez grandes nomes da literatura brasileira estarão em Genebra, em nosso estande, lado a lado com os valores de nossa nova literatura: Alice Ruiz, Luiz Ruffato e Cíntia Moscovich nos darão o imenso prazer de suas presenças durante o 28o Salão do Livro e da Imprensa de Genebra. Teremos também artes plásticas, artesanato, música, divulgação de cidades brasileiras e, claro!, muita literatura! Em 2014 pretendemos continuar nosso caminho com você, leitor! E com você escritor! Por isto agradecemos a confiança e o carinho com o qual somos sempre recebidos. Agradecemos cada participação! Você que escreve, você que nos lê, é a faísca de vida que anima o Varal do Brasil! Obrigada! Feliz Ano Novo, venha 2014 pleno de saúde, alegrias e muito sucesso!

Jacqueline Aisenman Editora-Chefe Varal do Brasil


ADRIANA SCHERNER

JOSÉ CARLOS CAVALCANTI LEITE

ALICE LUCONI NASSIF

JOSÉ CARLOS PAIVA BRUNO

ANA ROSENROT

JULIA REGO

ANGELA DELGADO

LANGE PINHEIRO

ANTONIO CABRAL FILHO

LAUDECY FERREIRA

ANTONIO LAURENTINO SOBRINHO

LENIVAL NUNES DE ANDRADE

BASILINA DIVINA PEREIRA

LOLA PRATA

CLARA MACHADO

LUCIANO PETROCELI

CLÁUDIO DE ALMEIDA HERMÍNIO

LUIZ CARLOS AMORIM

DEIDIMAR ALVES BRISSI

LUIZ FLÁVIO NASCIMENTO

DILMA SCHMITZ LEITE

MARIA JOSÉ VITAL JUSTINIANO

EDIANE SOUZA

MARIA LUCIA MENDES

EDSON SANTOS

MARIA MOREIRA

ELIANA MARIA

MARIO REZENDE

ELIANE FERNANDES

MARLY RONDAN

ELOISA MENEZES PEREIRA

NILZA AMARAL SOUZA

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

NUBIA STRASBACH

EMÉRITA ANDRADE

ODENIR FERRO

ESTHER ROGESSI

OLIVEIRA CARUSO

EVELYN CIESZYNSKI

RAPHAEL ALBERTI

FELIPE CATTAPAN

RITA DE OLIVEIRA MEDEIROS

GAIÔ

RITA VELOSA

GEORGE DOS SANTOS PACHECO

ROBERTO FERRARI

GERMANO MACHADO

ROBINSON SILVA ALVES

GILBERTO NOGUEIRA DE OLIVEIRA

ROGÉRIO ARAÚJO (ROFA)

GIRLENE MONTEIRO PORTO

ROZELENE FURTADO DE LIMA

GLADIS DEBLE

RUBENS JARDIM

HEBE C. BOA-VIAGEM A. COSTA

SELMA ANTUNES

ISABEL C. S. VARGAS

SONIA NOGUEIRA

IVONITA DE CONCILIO

UNIÃO BRASILEIRA DE TROVADORES

JACQUELINE AISENMAN

VARENKA DE FÁTIMA ARAÚJO

JANIA SOUZA

VÓ FIA (MARIA APARECIDA FELICORI)

JEREMIAS FRANCIS TORRES

WELBER ROCHA REGIS

JÔ MENDONÇA ALCOFORADO

YARA DARIN

JORGE LUIS MARTINS


SOB A FACE OK Por Basilina Divina Pereira Tu és o que pensas e não o que aparentas. Guarda o delírio que te persegue e na voragem da tua alma que vaga, planta tua busca no veio da intuição. Dela poderás colher o abismo ou a alvorada. No abismo, verás o medo e a tua própria face, aquela que se esconde do espelho. No alvorecer, que desafia a esfera do homem, verás o reflexo da luz, os perigos do horizonte, mas chegarás ao outro lado onde a tua imagem não mais te negará. E quando renasceres sobre teu próprio passo serás a centelha e a essência do que és e não vês.


DO LIVRO... Por Gaiô São tantos empilhados, disputando momento esperado. Tomado nos braços o escolhido, em doce deleite ser sorvido o livro, na liquidez das horas, silenciosas... Sussurrantes palavras deglutidas, amorosas, murmura a alma em cada célula faminta de sonho e fantasia, realidade em saídas. Imaginação debruçada no coração derrama, em sensível espairecer, o conhecer. ...Sopram vozes interiores... se espalham em vapor musical volatizando o ser no imortal, impregnando a matéria, o viver. Semeadura germina reinvenção... Saber...

Arte by Sergio Niculitcheff.


Soneto de amor Por Welber Rocha Juro a minha eterna e lídima amada Aproveitar a cada momento, apenas com sua presença De tanto amor assim, meu coração não guarda Pois ele espera com angústia a sua sentença.

Mesmo com sua indecisão, mantenho meu coração em chama Tendo meu sangue como combustível; minha alma inflama Sentindo, por ti, muito amor e brandura Em um passeio primaveril apagará minha amargura.

Temo, por debaixo de um conjunto de arvoredos Não contemplar seu semblante e sua imagem Cautelosamente guardarei todos os seus segredos.

Por prudência não direi que meu amor será eterno Creio que falar em eternidade é aludir a uma miragem; Mas enquanto ele durar sempre será blandícia e terno.


O HOMEM CAÇADOR DE AVENTURAS

um pouco de dinheiro. Sr Clarindo,- (o caçador) falou: Eu não falei pra senhora que o dinheiro era bom? Sim senhor, obrigado! O senhor é um Anjo, Por Antonio Laurentino Sobrinho agora me diga, por que fez isso? O que viu nesta galinha de tão especial sr caçador? -- Não gosto de ver Certa vez um homem chamado Clarindo o caçador ninguém matando animais, especialmente as galide aventuras resolveu sair pelo mundo em busca de nhas. Ela tem nome? Como devo chamá-la dona umas aventuras diferentes de todas que já tinha par- Clotilde? Claro sr, o nome dela é Cotinha. Está bem, ticipado antes. Ele percorreu por vários países até mas agora vou seguir minha viagem em para Quixachegar ao Brasil, partindo da sua terra natal. Em sua mubim. incansável busca até chegar ao Estado do Ceará, mais precisamente em Assaré, quando foi informado A Cotinha continuava dormindo, era um sono tão que em Quixamubim tinha um lobisomem assom- pesado, que o sr Clarindo ficou com dó de acordá-la. Seguiu em frente, já na saída encontrou uma família brando a população daquele lugar. então foi para trabalhando em um roçado de milho e feijão bom aquele lugar imediatamente a procura do mesmo, Uma das características mais marcantes são as dia, bom dia-estou acampado pro alguns dias pertinho de vocês--que mal lhes pergunte de onde o sede formações monolíticas nas mais diversos formas. Sr Clarindo ficou encantado com os monolíti- nhor vem? eu venho das banda de Assaré. vem de lar mas já andei muito por esté mundão afora a procos, então resolveu ficar alguns dias naquele lugar curando de aventuras,--Eles riram á vontade que diferente de tudo que já tinha visto antes. Era tudo lindo e magistral, ele estava muito contente em co- tipo de aventura o senhor procura? Lobisomem, munhecer aquele lugar belíssimo. Então resolveu logo la sem cabeça ou vampiros? O menino Luciano armar sua barraca para dormir, deixou tudo pronto e perguntou-lhe assustado. O Sr já viu algum Vampifoi para cidade de Quixamubim fazer algumas com- ro? sim, sim, claro que sim já vi muitos. respondeu o caçador. Aonde na previdência social em Brasília pras, foi quando encontrou uma mulher querendo quando o Sr. José Serra era ministro da saúde? Enmatar uma galinha cinzenta, ela era muito bonita. tão é verdade que eles se alimentam de sangue?--sim Quando a galinha viu o homem, olhou firme para ele mais isto é outra história, vampiros brasileiros gose começou a chorar, as lagrimas caíram em abundância. Sr Clarindo falou! Minha senhora não mate tam mesmo é de dólares americano. os Vampiros que gostam de sangue isto era no passado, os do esta galinha ela está chorando, Quanto a senhora leste Europeu da Transilvânia, o Drácula. esta bem quer por ela? Pois eu gostaria de comprá-la. A semeu jovem? Ora Sr. caçador o senhor esta no um nhora falou: -- vou matar para os meus sete filhos comer, eles estão com fome.Sr Clarindo caçador de lugar certo, respondeu o pai do menino... Aqui tem aventuras falou: -- Está aqui o dinheiro que dá para a um grande açude que tem uma enorme galinha que senhora comprar duas galinhas e mais algumas coi- assusta os pescadores que sempre aparece pasas. A senhora responde: – O senhor está de brinca- ra eles em noites de lua clara--o senhor já viu? credeira comigo? Este dinheiro só pode ser falso. Não do em cruz. Não mas muita gente já viu. Como o acredito em forasteiro. O caçador disse, não, eu não senhor se chama? Meu nome é Manoel. Somos da família dos Dantas e este é meu filho Luciano. Sosou um forasteiro, eu moro em Assaré, estou indo pra Quixamubim, meu nome é Sr Clarindo o caçador mos de uma família tradicional dos lados de Cajazeiras na Paraíba. cheguei aqui ainda menino, meu de aventura, pode conferir o dinheiro senhora: -Tudo bem, não conheço dinheiro, vou perguntar pa- pai já falecido chamava-se José Domingos Dantas.muito bem sr, e o seu filho está estudando? sim, ra alguém, mas se o senhor estiver me enganando, não vai prestar. Esta cidade vai ficar pequena para o quando crescer quer ir para São Paulo --está bem foi um grande prazer, como faço pra chegar à este senhor. Caçador: -- Está bem minha senhora, pode lugar? e só segui este riacho pedregoso, lar na frente mandar conferir o dinheiro. Com toda esta confusão a galinha que estava muito encontra o açude do cedro pode armar a barraca cansada adormeceu em meus braços, daí a pouco a (porem tome cuidado com o tal de Antonio chico) mulher retornou toda alegre, com três galinhas, um -pacote de arroz, e um de feijão. e ainda lhe sobrou (Segue)


Eu prometo que voltarei aqui para desvendar o mistério deste lobisomem, nem que tenha que cravar uma bala de prata vigem em seu peito, mais isto é outra história ,obrigado sai dali correndo fui a Quixaramubim onde a barraca já estava armada. Chegando, arrumei tudo rapidinho peguei a Cotinha é a barraca e partimos pra Quixadá encontramos um bom lugar montamos a barraca debaixo de um bonito pé de juazeiro todo florido, com suas belas e minúsculas flores branquinhas, como é sua característica daquele lugar, está super perfumado. Cotinha vamos passar alguns dias aqui! Ela balançou a cabeça em um gesto afirmativo, parecia que estava entendendo tudo, parecia até uma pessoa! Armou a barraca próxima ao tronco do juazeiro, foi para uma nascente de águas cristalinas, tome um banho, aproveitei para trazer água fresca pra cotinha e deu-lhe comida. Prepare um jantarzinho básico. -Agora já jantamos vamos contemplar a lua e daqui a pouquinho vamos dormir, Cotinha balançou a cabeça afirmando. O senhor Clarindo ficou intrigado com a atitude da galinha. A Cotinha já tinha feito aquilo várias vezes, já era 22,horas é trinta minutos . -Vamos dormir Cotinha? – Ela balançou a cabeça afirmando que sim, olhou pra mim, foi pra um canto da barraca e dormiu. Eu estava muito cansado, não demorei muito, dormi também um sono profundo, era o sono quase dos justos, afinal de contas tinha salvado a vida de uma galinha falante especial, a Cotinha. Quando acordei, o sol já estava alto. -- Bom dia, querida Cotinha tudo bem? – Sim, dormi como uma pedra, aliás, pedra era o que não faltava naquele lugar exótico, -- Que horas são Cotinha? -- Meu amor, já são nove horas. – Nossa! nove horas! Já fiz um cafezinho delicioso e cuscuz, venha tomar café senhor Clarindo, antes que esfrie. Eu não tinha me dado conta que a Cotinha estava falando comigo. -Cotinha você está falando? Eu fiquei perplexo. -Minha querida você fala? – Sim, sempre falei. -- Ontem quando a senhora queria te matar você não falou? -- É porque eu sei os segredos dela, ela tem sete filhos, mas só dois é filho do marido dela, os outros cinco são filhos de um compadre, por isso ela contou toda aquela história fantasiosa. Se eu tivesse falado, o senhor não tinha me salvado. Quem ia querer sair por aí com uma galinha falante? -- Eu fiquei muito contente, mas ao mesmo tempo pensando como seria sair andado com uma galinha falante? Seria motivo de muitas curiosidades no sertão cearense?

duas pessoas normais, os passarinhos estavam todos cantando, era um momento mágico em minha vida de caçador de aventuras. Aqueles sete dias foram mágicos, durante o dia ficávamos pescando a noite, conversamos um pouco, depois dormimos. Assim, se passaram sete dias, na sexta-feira o dia estava diferente, fui ao riacho tomar um banho em suas Águas límpidas, depois voltei para o acampamento. Aquele dia estava tudo diferente, o sol estava com um brilho diferente, raios dourados, o vento soprando de norte a sul, era um cenário magistral, único, belíssimo, lindo e inesquecível. Quando de repente o tempo começou a mudar, o vento ficou intenso, os pássaros pararam de cantar, o sol se escondeu, as nuvens escureceram, de repente uma chuva torrencial, parecia um dilúvio. O vento ímpeto oso, cruel, assombrador, desesperador, A Cotinha que er uma galinha centrada, calma, começa ficar desesperada : - Não se preocupe, não vai acontecer nada com o senhor. Tudo isso é porque eu contei o segredo para o senhor. -- Por que você me contou seu segredo? -Ah! O senhor salvou minha vida, eu não tinha outro jeito de agradecer o que fez. Por isso eu quis contar tudo sobre meu segredo. -- Agora o que vai acontecer com você? -- Agora eu serei transformada em uma enorme galinha de pedra cinzenta, É começou a crescer crescer crescer,--EU ficarei petrificada para sempre neste monte. Este será o preço que terei que pagar pela quebra desse segredo. O vento arremessar a Cotinha de morro acima sem piedade, em um piscar de olhos a cotinha foi parar em cima do morro -- Não Cotinha, não tem nada que eu possa fazer pra te ajudar? -- Não meu amor, o senhor não pode fazer mais nada. Muito obrigada por estes sete dias, que passamos juntos, foram eternos, pois significou muito para mim. Eu me transformarei em um polo turístico desta região do sertão Cearense. De qualquer maneira serei famosa entre estes povos sofredores deste sertão sofrido, mas já está na minha hora. A conversa está tão agradável, mas não há mais tempo, tenho que partir. Estas foram as ultimas palavras da Cotinha, , o sol sumiu, era só trovão e relâmpago, de repente a terra tremeu, meu coração disparou, a chuva continuava intensa, as águas continuavam subindo rapidamente. Eu pensava que ia morrer, chegou uma hora que eu não vi mais nada, desmaiei, fui transformado em uma estátua de gelo durante sete dias, depois quando acordei olhei para o morro e lá estava a Cotinha no

Tomamos o café e continuamos conversando como

(Segue)


no topo do morro, eu não aguente ver minha amiga cotinha petrificada ,desmaiei novamente fique desacordado durante sete dias, quando acordei olhei para o lado direito, e percebi que havia uma enorme pedra cinzenta em forma de uma galinha choca, então gritei: -- É você Cotinha?! Aquela em enorme pedra balançou a grande cabeça afirmativamente.-- Eu Cotinha era você que nadava no açude as nas noites de sextas-feiras assustando os pescadores não?--sim era EU mesma--EU não tive dúvida que era mesmo a Cotinha, contemplando a A majestosa Baía do açude do cedro, eu fiquei mais sete dias contemplando a beleza daquela pedra em forma de galinha, depois de sete dias embarquei em uma maria-fumaça rumo à Fortaleza. Quem quiser conhecer a Cotinha, ela está em Queixado no estado do Ceará. Um belo lugar para quem gosta de aventuras é escalada em montanhas.


Luto é... Mostramos nossa visão sobre o luto após a morte com versos do coração que já sofreu esse corte.

União Brasileira de Trovadores - UBT Seção empossada em 14 de agosto de 2007 Bragança Paulista SP 2013









Um segundo de humanidade Por Dilma Schmitz Leite

desaparecera ainda estando presente, seus adornos também continham segredos revelados em sussurros, eu sabia que estavam lá, não os podia mais ouvir, eu evaporei, queria ter os mesmos quatro pés fincados no chão a apoiar a minha estrutura assim como esse móvel, ele está presente e ostenta toda a sua imponência diante da vida, viro os espelhos laterais para dentro para ver se juntando as três imagens de mim eu me vejo, só um esboço mal elaborado com um lápis preto vislumbra de forma bastante embaçada uma caricatura do que já fui, irreconhecível para mim e para a penteadeira, até a banqueta de assento de veludo vermelho estranhou meu corpo, ela não sentiu meu peso porque não existo, porque não peso, não gravito, mais uma vez espio sorrateiramente a vida lá fora, as crianças têm uma peculiaridade que são só delas, achar alegria nas pequenas belezas e nas coisas que já não reparamos, a simplicidade de como vivem intensamente cada momento é invejável, qualquer trivialidade parece um motivo para sorrir e a vida explode nelas sem grandes motivos, o brilho em seus olhos dizem mais do que todas as palavras reunidas poderiam exprimir, viro de novo para a penteadeira e ela disfarçadamente ri de mim porque sabe que sua existência é mais preciosa do que a minha, invejo-a, ela não tem que lutar com as frustrações que eu carrego, apesar do sol faz frio, só que eu não sei se é externo, eu me remexo toda diante da minha indignação, os sulcos no meu rosto já não têm sentido, eles já não contêm as nódoas deixadas pelos sofrimentos e felicidades sentidos, eles estão ocos e desprovidos de razões, os espelhos teimam em tentar esboçar alguma imagem, mas eles não podem realizar o impossível, não há o que ser capturado, talvez nas gavetas por estarem cerradas, ainda sobreviva algum sopro de minha vida, não, não falo das gavetas da penteadeira, mas as da alma, tento desencravar alguma sensação, algum sentimento de dentro delas, mas é em vão, tão certo quanto a incerteza de todas as coisas, não encontro nada, se meu corpo físico desaparecesse eu me sentiria aliviada.

Um dia eu simplesmente não me sentia, como se pairasse na tênue linha entre a realidade e a loucura, não capaz de decidir o lado que deveria tomar, ininteligível para mim, estado mórbido e negro como a noite solitária de um inverno rigoroso, mas fazia sol lá fora e através das vidraças eu via a felicidade nos olhos das outras pessoas, eu fechada na minha escuridão só vislumbrava a vida que eu não tinha, mas que a desejava, a vida simplesmente esvaiu-se de mim, apenas o contorno do meu corpo me fazia ainda humana; sim, para quem me olhasse eu era uma pessoa com tristezas e alegrias como todas as outras, eu sabia que há muito a penumbra foi tomando formas mais escuras, a alegria já não existia e a tristeza por sua vez também não, deixei de sentir todas as sensações humanas, passei a me identificar com as coisas não com os seres, a penteadeira e seus três espelhos refletiam minha imagem triplicada por nada, eu era o nada, ela própria se espelhava mais humana e vivaz e guardava com ela todas as minhas imagens de quando ainda existia, mesmo que fossem apenas reflexos de reflexos de instantes vividos por mim, apesar disso eram mais próximos da essência da minha existência e ainda mais ela guardava em suas três gavetas todas as sutilezas clandestinas que eu sentira, abri uma para ver se podia (Segue) senti-las, insuportável sentimento de perda, eu


Tento uma das gavetas da penteadeira, quem sabe nessa eu consiga, lentamente vou puxando, uma pequena luz metálica e gelada chama minha atenção um tanto quanto desatenta pela desesperança, um crucifixo de prata com pedrinhas brilhosas, acho que brilhantes, que pertencera a minha mãe, por um instante a doce lembrança dela me trouxe um pouco de sentimento, mas tão fugidio que sequer o pude sentir de fato, aperto-o com força entre os dedos, quero capturar outra vez aquele micro segundo de humanidade, já não posso mais, a fugacidade é a minha arma mais poderosa tanto para os outros quanto para mim mesma, por um lado boa porque não me permite cair em profundo desespero; por outro, maldosa e sádica porque simplesmente me mata ainda viva, coloco o crucifixo de onde nunca deveria ter tirado e fecho a gaveta para sempre, a gaveta da penteadeira e a da alma também. Novamente estamos nos olhando, a penteadeira e eu, cada uma com suas dúvidas, tento desnudar meu ser de todas as mazelas e me tornar humana, é inútil, ela venceu, tanta humanidade me fez mal, então pego uma colcha preta e a cubro para que não mais me venha convidar a me encontrar, olho para trás e a vejo encolhida no canto, ouço seu pranto, viro as costas e saio, tanta sentimentalidade me enoja.


Brasil de Todos

Por Jania Souza

És meu chão, dourado de amor que me aquece e engrandece com sonhos e muita ação. Abraças meu corpo com sol e estrelas e deita-me na areia com coqueiros sob esteiras e faz-me navegar em águas mornas e cidades históricas livros do meu saber e consciência de amor. És grande, enorme, varonil mestiço em sangue, cor, coração lutas por liberdade e igualdade desde o início dos tempos quando teu povo corria pelado e desconhecia a fúria e ganância do branco. Sobrevivestes a todo e qualquer ato cruel e esperas que tua nação acorde realmente para lutar dignamente com a espada da palavra e reconstruir o progresso com a união que a tudo precede. És meu Brasil, meu país, minha nação meu berço, minha casa, meu torrão quero-te completo, por inteiro com mulatos, negros, mestiços, brancos, amarelos colorido como o teu pavilhão amarelo, verde, branco, anil sem violência, sem droga, sem crime celeiro do meu vigoroso e protetor país sede da minha venturosa nação.

Santuário da Vida Santuário da vida és dilacerada pelas mãos do homem homens dependentes do teu chão da tua água, da tua flora, do teu aconchego. És do Universo, as vestes de Maria em vários tons de azuis coroa de sua luta por amor a Jesus. És a morada da vida sacrário da Luz Divina tecida com amor em beleza e formosura. Relicário de aves, orcas, pandas tamanduás, formigas e do bicho homem alimentas com tuas raízes toda a raça humana. Mereces amor, carinho, preservação de crianças, jovens, adultos e da sabedoria dos anciãos. Conhecer-te, é necessário para te amar e conservar-te tesouro maior da humanidade


O AMOR E O INVERNO... Por Marly Rondan Podemos dizer que o INVERNO é a Estação que mais ajuda os enamorados. O frio estimula o aconchego, ficar mais tempo em casa, assistir um filme, ouvir música e namorar, juntinho, abraçadinho. Podemos dizer que o amor é o sentimento de maior valor neste nosso caminhar, mas as emoções são mais numerosas e interferem no nosso comportamento o tempo todo. É raro uma pessoa, que está amando alguém, não ter ciúmes, medo de perder, medo de que algo ruim aconteça ao outro, não é muito comum, mas pode ter inveja das qualidades do outro e uma quantidade de emoções que vai interferir no relacionamento. Seria ideal que pudéssemos amar incondicionalmente, amar pelo prazer de amar, sem esperar nada da outra pessoa, sem cobranças...O amor faz bem somente àquele que ama, quem é amado, se não for recíproco, será um aborrecimento. O amor faz suas células se renovarem de maneira acelerada, sua saúde melhora, sua pele rejuvenesce, seus olhos têm um brilho especial, sua alegria de viver aumenta, MÁS as emoções; ciúmes, medos, inveja, preocupação, que acompanham os amantes, desfazem esses benefícios do amor, e o relacionamento que deveria ser só alegria, passa a ser um sofrimento. Amar é preciso, mas aprenda a amar incondicionalmente, em benefício próprio. Não coloque sua felicidade, sua alegria nas mãos da outra pessoa. Amar alguém já é um privilégio, se a outra pessoa retribuir o seu amor, é mágico! Não estrague essa experiência com emoções negativas, viva seu amor com alegria, especialmente no INVERNO!


Xixi de gato Por Júlia Rego

Senti um cheiro estranho, porém não fiz nenhum comentário. Sou muito observadora, mas, ao mesmo tempo, muito reservada. Aliás, acho que uma coisa está relacionada à outra, não sei o que influencia o quê. Encontramo-nos para irmos, juntas, ao trabalho. Enquanto esperávamos o ônibus que nos levaria à Escola, conversávamos sobre as inquietações profissionais que, há muito, vem nos angustiando. Quando, finalmente, a condução chegou, entramos e nos acomodamos em um banco próximo ao cobrador. Continuamos a conversar, ela, muito exaltada, expondo suas preocupações e refletindo sobre as expectativas criadas em torno da profissão e tal e coisa e coisa e tal. Eu quase não prestava atenção ao que ela falava, pois o cheiro forte que eu estava sentindo vinha, justamente, da direção dela e me atingia de tal forma, que eu já começava a ter confusão mental. O vento que entrava pela janela arrastava aquele aroma para minhas narinas, deixandome inebriada, não de prazer, mas de náusea, tal era o incômodo que me causava. A minha amiga estava com a corda toda naquele dia, falava pelos cotovelos, como a querer me fazer desviar a atenção de algo que ela mesma não estava suportando. De repente, não aguentando mais, perguntoume se eu estava sentindo um cheiro estranho. Eu tentei fazer cara de paisagem, mas diante da insistência dela, deixei minha habitual discrição e respondi que estava, sim, sentindo um cheirinho diferente. Um perfume novo, talvez tenha exagerado na dose, quem sabe... Ela cheira daqui, cheira dali, como a buscar o que ela, de fato, já desconfiava. Enfim, diz “é minha blusa”! A essa altura, eu já estava pedindo a Deus o milagre de encurtar o trajeto até o trabalho, antes que eu desse com os burros n’água ali mesmo.

Percebi que minha companheira continuava a se cheirar, tentando confirmar suas suspeitas e justificar, para mim, o motivo de estar exalando aquele perfuminho barato. Eu disse perfuminho barato? Pois, sim! Fiapo! Foi ele! Fez xixi na minha blusa! Gato desgraçado! Naquele momento, fiquei pasma com a descoberta do real motivo daquele cheiro, não menos desgraçado, e, muda estava, muda fiquei, até que ela tomou uma decisão. Vou tirar a blusa agora! Não posso ir à sala de aula impregnada desse cheiro. Resolução tomada, foi para o fundo do ônibus que, por acaso, estava vazio e, lá, se despiu, voltando toda serelepe com a aprova do crime nas mãos. Sorte é que estava com outra blusa por baixo daquela maldita. E agora, perguntou ela, o que faço com isso? Não jogue pela janela, gritei eu, numa postura politicamente correta, quando, na verdade, o que eu gostaria de dizer, mesmo, era que desse sumiço naquela coisa mal cheirosa ali mesmo. Guardou-a num saco, esperando um local apropriado. Seguimos viagem, mas quem disse que o cheiro tinha passado? Alias, tinha passado, sim, para a outra blusa! E, o pior, é que não tinha mais como dispensar essa, foi a única peça que sobrou na parte de cima. Nesse momento, ela já estava constrangida, e eu também, só de pensar em qual seria a reação dos alunos diante da proximidade física que, certamente, teria que enfrentar. (Segue)


O cheiro não passava, antes, piorava, já misturada ao suor que transbordava com o calor e o nervosismo da minha amiga. Numa atitude solidária, ofereci-lhe o frasco de perfume que carrego na bolsa para eventuais necessidades. Acho que não foi uma boa ideia... Entramos na escola, cada uma tomou o rumo da respectiva sala de aula e não tive mais conhecimento do estrago que tão forte odor poderia estar provocando nos recintos educacionais. Quando, mais tarde, nos encontramos nos corredores, achei por bem ficar calada, mas estava ansiosa para saber o que tinha acontecido no período em que ficamos separadas. Vi minha amiga caminhando em minha direção, contorcendo-se de tanto rir e, mesmo sem imaginar o que tinha ocorrido, comecei a rir também. Quanto mais ela ria, mas eu ria também, num transe biliteral envolvido em mistério. Quando, finalmente, conseguiu s recuperar, respirou fundo e disse: - Descobri a fórmula do Carolina Herrera! Eu, entendendo menos ainda, e já farta de lembrar-me de aromas, odores, perfumes e afins, pedi-lhe que me contasse logo o que tinha acontecido. Entre pausas para gargalhadas, soube que uma aluna dela, não só elogiou o cheiro que dela exalava como perguntou, ainda, se se tratava do famoso perfume. Mais, muito convicta, ela respondeu, sim, era o tal! Estupefata com o que acabara de ouvir, calei-me por uns breves segundos para, em seguida, olhando-nos olhos nos olhos, explodirmos em gargalhadas. E assim ficamos até chorarmos de tanto rir. Pois é, quem haveria de dizer que minha amiga, não só sairia ilesa do constrangimento a que estaria exposta, como foi elogiada por estar usando um perfume de notas tão exóticas. Já era noite quando fomos para casa juntas e cansadas. Agora o cheiro do perfume já estava quase se dissipando, mas também que importava, afinal estávamos felizes por termos descoberto a fórmula do xixi de gato, ou melhor, de um perfume de griffe.


SAUDADES DE UM RIO DE SONHOS corpo o menino num grito louco dizia que queria ser um rei. O rei do futebol. Sonhos que se tornavam reais à medida que o tempo passava. Por Lange Pinheiro

Pouco talento, diga-se de passagem. Mas a ânsia da sua vontade o fazia vibrar de felicidade a cada golzinho marcado. Gol de peito, de barriga ou sentado. Não importava a qualidade,

Rio de Janeiro, 1978. Pelos campinhos da bai-

apenas o número de sonhos que eles proporci-

xada lá ia o menino travesso, moleque suado

onavam. Mas este não era o seu destino...

com a camisa rasgada e o short do lado avesso. A bola comprada com as vendas de “sacolé” estava sempre debaixo do braço, só

E foi num primeiro sinal que algo muito anormal

pra ver se os meninos da pelada o deixavam

veio a acontecer. Um amiguinho de jogo mor-

jogar e quem sabe marcar um golaço. Ele con- reu no meio de um fogo num lote abandonado e ninguém soube o porquê. tava seus gols pelos campos de terra batida. 22 até então contra 215 do Digão. Era goleada, mas ele não ligava. Sabia que o pior estava em casa, a truculência de um pai radical que achava que futebol era coisa de marginal. Pai mineiro, que foi para o Rio de Janeiro na tentativa de enricar. É, só enricou seis filhos cariocas e bateu com a cara na porta de tudo quanto é lugar. Pai que amava seus filhos como tanta força que, por medo, lhes privava a liberdade. Que achava que diversão e esporte eram riscos e futilidades. Mas a sua mãe, por sorte, assim não pensava. Esperava o marido sair, colocava um ki-suco na bolsa e os seis

Uma semana depois outro colega seu caiu num

filhos num ônibus rumo à primeira praia.

bueiro aberto e como se fosse um inseto sim-

Já o menino sonhador, que não era culpado de plesmente desapareceu. nada, sentiu tudo na pele. A privação da rua,

Outro aviso do destino aconteceu num jogo

das amizades e principalmente da tal pelada.

emocionante, valia um troféu usado e dois litros

Em casa ele sempre escondia a bola. Mas toda de refrigerante. Ele, que era esforçado, correu vez que nas mãos a pegava, como num conto mais do que os outros e de tanto que ficou cande história, a sua vida se encantava. Ah! Bola

sado caiu no meio do campo. Debaixo de um

amada! Mundo imaginário! Retirando o pobre

sol escaldante, ficou ali parado, com os olhos

cenário onde até a comida lhe faltava, a vonta- semifechados e um sorriso meio maroto. de pela boca saltava e mesmo num pequenino (Segue)


Nada grave ele teve, a não ser uma estranha visão: uma enorme bola falante que dizia para aquele menino que futebol não era seu destino. Seria até motivo de graça se ele não tivesse ficado um mês inteiro em casa, triste e calado, sem falar uma palavra. Ele, que queria conquistar o mundo, viu tudo desabar. A pelada por um tempo cessou e ele apenas estudou sem de nada reclamar. Mas seu sonho era maior do que tudo e assim como ele veio ao mundo num belo dia ele também renasceu pra jogar. Novamente driblou, sorriu e se encantou e com a bola nos pés voltou a marcar. Como o mundo não é perfeito, ali estava seu defeito: acreditar apenas na sua vontade e não no que a vida lhe apontava como a mais pura verdade. Sonho novamente encerrado aos 13 anos de idade, quando o pai voltou pra Minas Gerais e o futebol ele não jogou mais. Hoje o menino está aqui. Um carioca que não joga bola, não tem uma nega chamada Tereza, mas torce pro Flamengo, com certeza. E agora só me restam os sonhos de que eu poderia estar ai, brilhando. Ser um Ronaldinho Gaúcho, um Neymar ou um Fenômeno. Mas eu sou apenas mais um na multidão. Troco os pés pelas mãos, escrevo letras que queriam ser bolas, desilusões, lembranças, estórias e histórias. Dos contos de um Rio encantado que nunca saiu de mim. Contos que agora conto, com início, meio e fim.


ALMA LIMPA Por Jô Mendonça Alcoforado Lavei minha vida Com lágrimas salobras Limpei a sujeira do caminho Joguei os cacos quebrados no lixo Envolvida por anos, deixei fluir a dor. Cortes e cicatrizes no coração Desesperada por algo roubado Tirado abruptamente de mim Senti o peso do vazio E ao mesmo tempo, alívio! A dor me fazia sorrir Chorava de amor.


CULTíssimo Por @n[ Ros_nrot

Muppets e estrelado por Jennifer Connelly (jovem e linda) e David Bowie (psicodélico como sempre), conta a história da adolescente Sarah (Jennifer Connelly) que é obrigada pelos pais a ficar em casa cuidando do irmão mais novo Toby (o nome do bebê seria Freddie, mas foi alterado para Toby - nome real da criança -, pois apenas assim ele reagia aos chamados) e ela deseja (invocando duendes do mal) se livrar da criança, que não para de chorar de forma alguma. Atendendo seu pedido, o Rei dos Duendes (David Bowie), personagem de um dos livros de Sarah, ganha vida e sequestra o bebê. Arrependida, a menina terá de enfrentar um labirinto e resgatar o irmão antes da meia-noite para evitar que ele seja transformado em um duende.

Como primeiro tema do ano resolvi escolher um filme que nos transporta literalmente a um mundo de magia e ocultismo, onde a personagem principal é transportada para um mundo místico e desconhecido, habitado por seres estranhos... Aposto que eu sei exatamente em que estão pensando, mas enganou-se quem pensou em Mágico de Oz ou Alice no País das Maravilhas, pois apesar dos dois serem inspiradores desta obra, como também foram as obras M. C. Escher e principalmente "Outside Over There" de Maurice Sendak (o rei da literatura infantil) eu estou falando de um grande clássico, considerado meio trash, perigoso de ser assistido, amaldiçoado até, eu falo do incrível Labirinto - A magia do tempo (Labyrinth, Estados Unidos e Reino Unido – 1986), o último filme produzido por Jim Henson, famoso criador dos


Filme maravilhoso com tudo de legal que havia nos anos 80: sintetizadores, efeitos CGI (simplórios e dos anos 80) e principalmente David Bowie com um penteado (ainda bem que ninguém usa mais) que alguns podem ver em antigas fotos e mães e tias (até tios) ou até mesmo naquele retrato de formatura escondido a sete chaves. Com um enredo cheio de fantasia que encanta adultos e crianças, esse filme CULT até hoje é muito comentado e analisado, envolto em teorias da conspiração, pois alguns dizem que ele é o retrato da tentativa de programação Monarca (técnica de controle da mente por hipnose, neurociência, psicologia e ocultismo que cria escravos mentais) do governo americano. Mas treinamento para escravos ou não, é um filme maravilhoso, com muitos simbolismos,figuras lendárias, desafios de inteligência, figurinos extraordinários, que podem criar diferentes impressões nos expectadores, a única coisa certa é que quem assistir vai viajar e sonhar muito, tanto com as cenas lindas ( a cena do baile é de emocionar) do filme quanto com a trilha sonora (que por si só é um show à parte) composta e interpretada pelo próprio David Bowie. Se ainda não assistiu, está perdendo tempo, um pouco de fantasia não faz mal a ninguém e se já viu, vale assistir para se embalar no romance e na aventura. Até a próxima e obrigada por me aguentarem! Para fazer um comentário ou deixar sua sugestão é só enviar um e-mail: anarosenrot@yahoo.com.br



Premissas Por Eliane Fernandes

Muitos por quês surgirão quando nossas páginas começarem a ser folheadas e nossa história ser percebida. Provavelmente nossas entrelinhas serão esquecidas, as diferenças veementemente relembradas e nossas escolhas e decisões altamente criticadas. Às vezes, nos enxergaremos pelo avesso. Outras vezes nem nos olharemos. Mas, certamente, nossa conexão estará sintonizada, pois há muito entre nós, que não precisa ser dito para ser sentido. Há incertezas. Sim. Nenhum futuro é promessa de perfeição e felicidade plena. Mas, a gente se inventa. Sem problemas. Há sintonia entre palavras, versos, tintas e cores. E também ainda há muito não vivido. Mas, reina a esperança de um amanhã que venha breve na premissa de um desejo realizado. E quando se tornar em agora que se danem as opiniões não solicitadas porque os passos serão nossos, os desejos serão nossos, as vontades serão nossas, os sonhos serão nossos. E escrevendo me contento e relembro que contos de fadas são reais. Eles existem numa intensidade absurda dentro da gente. E navegando no mar de desejos e sonhos internos (lugar não dito, apenas sentido e mantido em sigilo) a gente vive fora da realidade. Mas, chega uma hora que se percebe que contos de fadas, apesar de terem um final feliz, têm fim. Embora sejam eternos dentro de nós. Mas que não seja apenas um conto, que seja mais longo. E, qualquer coisa, eu reconto. E, se quiseres arranja uma princesa que eu encontro um tonto. Desde que seja real e pode ser até que eu te escreva um conto. Sou louca por Shakespeare e adoro Camões, mas que fazer se me aventuro por outras páginas que me atordoam. E eu insensatamente me apego e leio e releio num silêncio que me abraça brandamente toda noite. E vem a minha realidade me aturdir, mas eu contorno o que parece estar fora de controle embora, às vezes, estoure e perca a paciência. Mas, constrói-se ternamente uma atmosfera de magia que evapora e cura os medos. E, hoje, o tempo de medos findou. Se ante este emaranhado de vozes desconexas e sentimentos interligados as coisas não funcionarem bem, ok. Eu volto e reescrevo e tu pintas de outra cor.

by alegri


Extraio a positividade do paradoxo

Por Raphael Alberti

Correr na praia é como viver a vida. De um lado para o outro Sem uma demarcada trilha.

Obstáculos mil: as pessoas na frente, o tempo, o vento e da água, o frio.

Mas tiro forças a todo momento: das pessoas em frente, do tempo, do vento e do frio líquido.

Como na vida, ultrapasso barreiras bem-intencionado meu ponto de vista


E se só me restasse este dia Por Angela Delgado O marido está almoçando na cozinha com a tevê ligada. Como hoje é um dia muito especial, faço o prato e, sem reclamações, vou almoçar, como mereço, ao ar livre, mas, com as malditas cigarras. Disso, em outubro em Brasília, não há como escapar, nem em meu apocalipse particular. Diga-se literalmente de passagem, isso é segredo, pois não quis melindrar ninguém, passando-o com uns em detrimento de outros. Como a Parca não me avisou com antecedência sobre esta minha ida brusca e prematura, não posso pegar um avião e ir despedir-me de minha querida irmã que mora na Inglaterra. Aliás, neste meu derradeiro dia, passando ela com a filha, genro e duas netas, quinze dias, nas Canárias. Fazer o quê, então? Deixar aqui o meu amor incondicional por toda a minha família e amigos é uma despedida. Fajuta, mas não posso nem sair à francesa e nem espalhar o pânico: último dia?! Mas, como? E a nossa viagem marcada para o ano que vem? É realmente uma pena, mas, quem sabe, poderei me juntar a vocês? Darei uma soprada mais forte e estarei lá em espírito, serve? A caçula tão amada diria: - Mãe, o que vai ser de mim sem você? É por esse e outros diálogos que tive que me calar e viver este dia mais ou menos normalmente. No momento, há dois netos aqui. Penso em, como última lembrança e contribuição, apresentar o livro "Onde está Wally" ao netinho mais novo, grudado na telinha, vendo desenho... Vou tentar mesmo assim. Não é que deu certo? Ele, com cinco anos, se encantou ao ver Wally, aquela figurinha de camisa vermelha listrada incorporada ao cenário asteca de 200.000 anos, com suas cordas e cavalos assustados. Virando a página, ei-lo no mundo das pirâmides em meio a centenas de pessoinhas e sarcófagos, há 4.500 anos atrás. Em seguida, Wally se mistura aos romanos em um feriado no Coliseu, onde cristãos eram atirados aos leões (disso meu netinho não ficou sabendo). Depois viaja com os vikings e seus chapéus de chifre, em um mergulho de mais de mil anos. Continuando sua trajetória, o desafio agora é encontrar o bonequinho de camisa listrada, que está perdido no meio de catapultas e de uma multidão ao fim de uma das Cruzadas, há mais de 800 anos. Daí para cair entre camponeses, malabaristas, trovadores e bobos da corte na Idade Média é só um virar de folha. Mais uma, e, com certa dificuldade, o encontramos, fugindo das espadas e flechadas dos samurais no Japão de 400 anos atrás; nos barcos dos piratas com tapa-olhos há pouco mais de 250 anos; com um livro na mão em um baile há 100 anos, em Paris, quando os homens usavam perucas e as mulheres dançavam Cancã; ainda concentrado em seu livro, na Corrida do Ouro dos americanos, no final do século XIX; e, finalmente, no futuro, ao lado de naves, extraterrestres, robôs e mísseis... Assim, meu último dia vai se escoando. Eu, aqui, escrevendo, imagine, quando sou despertada pela campainha do telefone. É meu neto primogênito avisando que não vem almoçar e eu lembro-lhe da aula de dança de salão, daqui a pouco, quando em vez de eu ir dançar, neste que será meu último dia, vou bem-humorada, como “votorista”, como bem lembrou uma “mãetorista”, que conheci outro dia. Voltamos, ouvindo pelo som do carro músicas deliciosas e entre elas, algumas que eu costumava ouvir nas festinhas da época de meus 15 anos, como "La mer", quando praticamente minha vida começava e que agora se encerra, justamente fechando o ciclo, com as mesmas músicas. No entanto, como o prazo para entregar esta crônica se esgotou, em vez de uma difícil seleção em um concurso, ganhei uma bela prorrogação e, se tudo não passou de um pesadelo, pelo menos caprichei neste dia a mais vivido. Não saí muito da rotina, porém ficou mais do que provado de que gosto dela. Ainda tenho alguns minutos para conversar por e-mail com uns e outros e, de quebra, algumas horas para mergulhar no livro que estou lendo!


LABIRINTO Por Cláudio de Almeida Hermínio

Neste mundo alienado e confuso, vivo o presente a um passo do futuro.

A vida nem sempre segue em linha reta, extravio ao escutar o apito do trem.

Todas as angústias e dores se refazem ao esquivar-se de minhas memórias.

Então, escapam-me as inspirações e limitações.

É possível sentir falta daquilo que não vi? Daquilo que não vivi?

As portas estão abertas e não me levam a lugar algum.

O que falo ou o que penso deixam de existir...

E eu sequer me atrevo a puxar as rédeas do tempo.

miss you by ~jaychua on deviantART


Ano Novo Por Gladis Deble Uma mão num aceno despede o ano que parte. Se o rei morreu. Viva o rei ! O ano novo que nasce traz um rolo de promessas num novelo volumoso. Gera um elo de esperança essa alegria fugaz como bolhas de espumante. Eu olho a taça em silêncio e a textura frágil e invasora me bebe misteriosamente...


Em março a revista Varal do Brasil será uma edição especial sobre a mulher, venha participar! Escreva seu texto, prosa ou verso, tendo a mulher como tema e envie para o nosso e-mail juntamente com o formulário de inscrição. Inscrições até o dia 25 de janeiro!



LUPA CULTURAL Por Rogério Araújo (Rofa) “O mundo está salvo!”

mond de Andrade disse: “A leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas por incrível que pareça, a quase totalidade, não sente esta sede.”

Não é o que você está pensando ao ler esse título. Não se trata de um texto sobre a “salvação das almas” ou pregação religiosa, mas algo muito interessante que ouvi e que tem tudo a ver! Uma jornalista entrou numa livraria e viu

É preciso o estimulo desta “sede” desde a infância, caso contrário não haverá vontade de “beber nesta fonte”, costume e nem continuidade nesta prática tão benéfica para a vida de qualquer um e que provoca grande crescimento intelectual e de experiências mesmo.

uma cena, digamos assim, para lá de inusitada. Uma criança pedindo aos seus pais um LIVRO de presente. E a querida colega disse para amigos depois disso: “O mundo está salvo!” Numa época em que crianças podem

Albert Einstein afirmou que “A leitura após certa idade distrai excessivamente o espírito humano das suas reflexões criadoras. Todo o homem que lê de mais e usa o cérebro de menos adquire a preguiça de pensar.”

pedir “brinquedos tecnológicos” que já vem tudo pronto, não exigindo muito que se pense, como num jogo de vídeo game com tito para todo lado ou para computadores, dentre inúmeras opções, esta em especial chegou e, categoricamente, pediu um livro. Não existe nada melhor para ler, aumentar vocabulário, viajar na imaginação e relaxar e curtir do que ler um bom livro. É algo fascinante! Quem tem preguiça de ler ou nem experimentou e diz que não gosta (bem parecido com um alimento que se diz que não gosta sem nunca tê-lo provado), não sabe o que está perdendo. E ainda hoje em dia tem para todo tipo de pessoas e gostos. Só não lê quem não quer. A sua importância é tamanha que Carlos Drum-

Ler é um exercício bem completo para o cérebro. E uma vez iniciado desde criança, imagine só que efeitos podem ter? Muitos e sem precedentes. Quem lê sabe disso bem, já quem não lê talvez não saiba a falta que lhe faz. “Viajar pela leitura/sem rumo, sem intenção./Só para viver a aventura/que é ter um livro nas mãos./É uma pena que só saiba disso/ quem gosta de ler./Experimente!/Assim sem compromisso,/você vai me entender./Mergulhe de cabeça/na imaginação!” (Clarice Pacheco). E quantas “viagens” podem ser feitas se cada um começar desde a tenra idade, nos primeiros anos, manuseando um livro, sendo seduzido por sua bela apresentação? (Segue)


Um professor que trabalha a leitura com * Escritor, jornalista, autor do livro “Mídia, bênção

seus alunos antes de entrar na produção de ou maldição?” (Quártica Premium, 2011), lançado textos pode ter grande surpresas com seus na XV Bienal do Livro do Rio de Janeiro (2011), Salão de Genebra, Suíça (2012), Expo Amperica, em

efeitos. Jorge Luis Borges disse que “Sempre Nova York, EUA (2012) e na Feira de Frankfurt, (2013); dentre participações em diversas imaginei que o paraíso fosse uma espécie de Alemanha antologias no Brasil e exterior; vencedor de prêmios livraria.” E realmente um “paraíso” é algo que literários e culturais; membro de várias academias literárias brasileiras e mundiais; menção honrosa no

nos faz bem, nos torna feliz e leve. Isso a leitu- Prêmio Varal do Brasil de Literatura, com a crônica ra faz e muito bem! O mesmo autor desta frase “O amor... é cego, surdo e mudo?!”; recebeu o Prêmio Diamonds Of Arts and Education Austrian 2013, também disse “Creio que uma forma de felici- em Viena, Áustria (2013).

dade é a leitura.” Está corretíssimo. Ler pode

O que achou da coluna “Lupa Cultural” e deste tex-

trazer grande prazer e gerar uma série de mu- to? Contato: rofa.escritor@gmail.com danças positivas na vida de todos. E Francis Bacon disse que “A leitura torna o homem completo; a conversação torna-o ágil; e o escrever dá-lhe precisão.” Eis uma das funções da leitura que talvez nunca ninguém imagina: quem lê escreve melhor e até se inspira para isso. Alguns até despertam para ser um escritor pelo estímulo da leitura de livros que os levam até a imaginação de que isso é perfeitamente possível. Ninguém deve privar crianças de ler porque elas serão cerceadas no seu direito de sonhar e levar esses sonhos pela vida afora para um dia os realizar seja em que idade for. E esses “sonhos” podem começar ou atender pelo nome de “livros”. Quem acha bobagem ler ou mostrar esse mundo às crianças desde cedo ou porque não foi apresentado a esse “mundo imaginário” ou porque é um frustrado na vida por não ter vivido plenamente sua infância desde criança e, por isso, foi “roubado” em seu viver. E finalizo com a belíssima frase de Stephen King: “Crianças, ficção é a verdade dentro da mentira, e a verdade desta ficção é bastante simples: a magia existe.” Um forte abraço do Rofa!



“Psiquiatras e Psicólogos trabalhando juntos, segundo as ideias de Augusto Cury: um estudo de caso”

nos graves de distúrbios psicológicos, não necessariamente precisando tomar medicamentos, mas, pacientes que demandam apenas diálogos – pois vivemos num tempo em que as pessoas são carentes de atenção –, diálogos estes que podem ser levados a cabo por psicólogos (por exemplo: atendimentos psicológicos ou psicanalíticos como práticas longas, contínuas; ou psicoterapia breve, dependendo do caso), sempre acompanhados pela supervisão de um médico psiquiatra.

Por André Valério Sales

“só uma criança não tem consciência das misérias dos outros” (Augusto Cury, 2005).

1Possui graduação (UECE, 1991) e Mestrado em Serviço Social (UFPB, 1996). Assistente Social da área da Saúde na Prefeitura de Arez/RN, Brasil, atualmente Coordena pesquisa sobre “A qualidade do atendimento ao usuário da saúde em Arez/RN (2013-2014)”.

1. Introdução: O presente estudo de caso refere-se à qualidade do atendimento médico psiquiátrico aos usuários dos serviços à saúde no município de Arez/RN, Brasil. Até este momento da pesquisa foram contactados 39 médicos, enfermeiros e odontólogos e cerca de 30 pacientes. De início, para tratar do caso da necessidade premente de médicos Psiquiatras em Arez, cidade que precisa de pelo menos dois destes profissionais para dar conta da grande demanda, a pesquisa empreendida por nós revelou também a necessidade da existência de Psicólogos ou Psicanalistas que ajudem a acompanhar os casos mais leves, iniciados pelos psiquiatras e que se manteriam sob sua supervisão. É preciso ressaltar que foi contactada e depois ouvida a então psiquiatra do ESF 4, no Centro de Saúde Manuel da Costa Souza, Dra. Simone Salgado, e mais um psiquiatra de Natal/RN, Brasil, com décadas de experiência, além das citadas 30 pessoas pertencentes às comunidades atendidas. Dra. Simone Salgado também foi ouvida ao fazer duas consultas diretamente ao pesquisador, contribuindo enquanto pesquisada e enquanto médica em atendimento. O psiquiatra natalense foi ouvido e também consultado enquanto médico em atendimento. Resultou dos referidos contatos: não somente a necessidade da urgência de pelo menos dois psiquiatras atendendo à população que os demanda em Arez (lembrando que a cidade está em processo de desenvolvimento e que o número de habitantes vem crescendo com o tempo); mas também, por sugestão dos médicos ouvidos, a importância de que o município ofereça psicólogos (ou psicanalistas) para os usuários da psiquiatria que possuem problemas me-

2Pode-se perguntar: por que somente foram entrevistadas formalmente 30 pessoas? A resposta é: de acordo com a metodologia de pesquisa sociológica atual, em se colhendo um certo número de entrevistas, o pesquisador começa a notar que, a partir de um certo ponto, impossível de ser mensurado antecipadamente, as respostas dos entrevistados passam a se repetir, vez após vez, até atingirem a um saturamento qualitativo. De acordo com os metodólogos Linda Gondim & Jacob Lima: “Estudos qualitativos raramente podem estabelecer, de antemão, quantas pessoas serão pesquisadas, uma vez que tal número vai depender da qualidade das informações fornecidas pelos próprios informantes. Isto significa que só se vem a saber qual a quantidade de sujeitos a serem ouvidos quando se chega à saturação qualitativa, ou seja, no momento em que as entrevistas se repetem em conteúdo, nada mais acrescentando às informações obtidas” (2002: pág. 5657). Acerca desta “saturação qualitativa”, ver também Taylor & Bogdan: Introduccíon a los métodos cualitativos de investigación (1996). E sobre os métodos de pesquisa contemporâneos em Sociologia, ver Howard S. Becker: Métodos de Pesquisa em Ciências Sociais (1994); Pierre Bourdieu et. al. A Profissão de Sociólogo: Preliminares Epistemológicas (1999) e Wright Mills, A Imaginação Sociológica (1975).

(Segue)


2. Esclarecimentos do tema a partir das ideias do psiquiatra Augusto Cury: A Prefeitura ao agir assim, unindo o trabalho de psiquiatras ao de psicólogos ou psicanalistas, ajudará a desafogar o grande número de atendimentos necessários aos pacientes que lotam a procura pela psiquiatria na cidade. Na verdade, a partir das ideias de Augusto Jorge Cury, há pessoas que precisam apenas ser ouvidas por um profissional, desabafar seus problemas e receber um apoio, dialogar com um psicólogo, ou com ele(a) aprender técnicas de relaxamento ou de convivência social, e não necessariamente de atendimento psiquiátrico, nem de uso de medicamentos de “tarja preta”. Augusto Cury assinala, em seu livro O Mestre dos Mestres (2006), que para um futuro próximo, os psiquiatras projetam que um excelente médico ser á “um profissional menos ávido por pedir exames laboratoriais e prescrever medicamentos e mais interessado em dialogar com seus pacientes, [será] alguém com habilidade para penetrar no mundo deles, detectar seus níveis de ansiedade e ajuda-los a superar as dores existenciais” (pág. 49, grifado por mim). Ainda enfatiza Cury que “o diálogo em todos os níveis das relações humanas está morrendo. As relações médico/paciente/ professor/ aluno [etc.], (...) carecem frequentemente de profundidade” (idem: pág. 65). Cury ainda constata que muitas pessoas vão ao psiquiatra ou psicólogo “não porque estão doentes, ou pelo menos seriamente doentes, mas porque não têm ninguém para conversar abertamente sobre suas crises existenciais”. Não se discute que “é difícil falar de nós mesmos. O medo de falar si” mesmo está ligado “à dificuldade de encontrar alguém que tenha desenvolvido [e seja preparado para] a arte de ouvir”. Esta arte de ouvir é, dessa forma, “uma das mais ricas funções da inteligência” (idem: pág. 145, grifos meus). Por isso a urgência de que a Secretaria de Saúde de Arez promova a complementação em seus quadros com os profissionais desta área que a demanda populacional requer. Observamos, portanto, que sem a ajuda de outros profissionais da área, no caso de Arez especificamente, os psiquiatras vem trabalhando sozinhos, sem outros apoios possíveis, e têm uma demanda sempre alta de usuários destes serviços, acarretando uma superlotação de pacientes para os médicos que poderia ser dividida com psicólogos, presentes nas Escolas e nos Postos de Estratégia de Saúde da Família. Sabemos que o usuário da área da Saúde, e principalmente os que padecem de transtornos psi-

cológicos, esperam do atendimento médico: gentileza, calma durante os diálogos, simpatia e até mesmo, bom humor! Como no Brasil a situação do trato com a demanda médica na área da saúde está mais para caótico do que para modelo suíço ou sueco, já é feliz quem consegue ser atendido por profissionais calmos e gentis... Apesar de tudo, sabemos, segundo o ditado popular, que “abaixo de Deus vêm os médicos”, e os usuários ouvidos pelo pesquisador repetiram, implicitamente essa máxima, ou seja: ao serem perguntados sobre a qualidade da atenção médica, ninguém reclamou de problemas. O psiquiatra Cury afirma, em seu livro O Código da Inteligência (2008), que em nosso país os médicos são como “deuses tr atando de ser es humanos” (pág. 128, grifo meu). Ou ainda, acrescenta Cury (idem: pág. 115): ao tratarmos com os outros, o diálogo nos proporciona “um sistema de interpretação” que pode tanto “diminuir” o outro, desumanizando-o, quanto “aumentar” nossa interpretação, “divinizando-o”. É verdade que a maioria dos usuários da assistência à saúde em Arez é de pessoas carentes, por isso mesmo há a grande procura ao Sistema Único de Saúde (SUS). Esta maioria carente de doentes está em busca de cura para suas dores, físicas ou psíquicas, ou ainda: são pacientes ansiosos, estr essados, por causa dessa procura aos serviços de saúde num país onde não se sabe ao certo se vai haver atendimento médico (e de qualidade) para o seu problema! Portanto, além da dor, da falta de recursos, existe a ansiedade, que toma conta dos usuários dos serviços, que chegam aos Hospitais ou Postos de Saúde sem a certeza se irão ser atendidos, ou não, e nem se esse atendimento vai demorar a ocorrer, ou ainda, se há ali pessoal treinado para diminuir sua dor de imediato. Para o atendimento satisfazer as necessidades do paciente, há a necessidade da confiança no trabalho das equipes de profissionais e que ele se sinta em segurança, como alerta o neurologista carioca Bernardo Liberato: “para manter a confiança no médico, é importante que o paciente termine a consulta 100% seguro” (Veja, 20/07/2011, pág. 127). Segundo Augusto Cury escreve, em O Futuro da Humanidade (2005), na maioria das vezes, o paciente psiquiátrico precisa “criticar sua postura diante da vida”, precisa “reaprender a viver”, a elevar sua autoestima; “a sociedade moderna empobreceu, perdeu a amabilidade e a afabilidade”, assim como a tolerância, a sensibilidade, solidariedade, que são valores necessários aos seres humanos para a convivência em grupo (idem: pág. 118). (Segue)


3. A necessidade do atendimento aos jovens, nas Escolas do município: Uma ideia bastante rica que surgiu durante as entrevistas com os médicos, já que os usuários não opinaram acerca desse novo tipo de atendimento (por psicólogos), foi a de que é preciso que os pacientes de Arez sejam ouvidos e acompanhados ainda na fase da adolescência, por exemplo, durante seus tempo nas Escolas (ainda no Ensino Fundamental e Médio). Ou seja, os médicos pedem, não apenas sugerem, que a Secretaria de Saúde de Arez ofereça psicólogos aos usuários da saúde neste município desde a Escola. Desse modo, par a cada Escola de Porte Médio do município, deve haver pelo menos um psicólogo que ouça e dialogue com a juventude problemática existente naquela instituição.

mesmo de pequeno porte, como Arez, encontrarmos pessoas necessitadas de apoio da psiquiatria ou psicologia, sobretudo porque, em casa, não são entendidas pelos próprios familiares: aqueles que se deixam abater pelas perdas (de entes queridos, de um emprego, etc.); aqueles que se enchem de culpas por coisas miúdas do dia a dia... Na realidade, estes e muitos outros são pessoas que vivem com a sensação de desamparo, de solidão, desproteção, depressão, de não terem com quem dialogar abertamente e sem medos de repressões. Falta a essas pessoas: esperança, autoconfiança, compreensão em casa, diálogo com os familiares e amigos, enfim, capacidade de continuar as lutas da vida. Nas sociedades modernas, Cury (2005: pág. 93) adverte ainda que estão morrendo virtudes importantes, como a humanidade e a “sensibilidade” em relação aos problemas do outro.

O interesse maior desta ideia é que os problemas sejam detectados e iniciados em tratamento dialógico por profissionais da área, ainda na adolescência ou puberdade, intentando acompanhar os casos problemáticos desde as raízes dos transtornos, antes que se chegue à necessidade mais séria de atendimento por um médico psiquiatra, na idade adulta. Em sendo assim, os psiquiatras passariam a cuidar principalmente dos casos mais graves, além de supervisionar os atendimentos dos psicólogos.

Neste ponto, Cury nos ensina que essa solidão e desamparo, não raro presentes já desde a juventude, “essa “solidão r adical estimula a depressão” (idem: pág. 55, grifado por mim). E aí vem a ocorrer com o ser humano algo bastante conhecido pelos médicos: o paciente ansioso, deprimido, hipersensível, etc., jovem ou adulto, canaliza para seu próprio corpo (sintomatiza) estes seus medos, o que lhe causa, cada vez mais, doenças psíquicas mais difíceis de tratamento e cura (idem: pág. 111).

A modernidade, a luz elétrica, além do surgimento de novas tecnologias que inundam os lares: os aparelhos de TV, CD, DVD, computadores pessoais, tablet, iPode, iPad, etc., trouxeram também o fim do “prazer do diálogo” entre as pessoas, entre pais e filhos, vizinhos de bairro... A partir desta constatação o que se nota é que os resultados dessa invasão tecnológica para as emoções humanas, no dia a dia, foram cada vez mais: “a solidão, a ansiedade e a insatisfação” (Cury, 2006: pág. 157). Ou ainda: o mundo do trabalho nas sociedades modernas caminha lado a lado com o estresse generalizado. Poucas pessoas conseguem ser imunes aos males psicológicos da contemporaneidade.

Por tudo isso é que os psiquiatras ouvidos pelo pesquisador sugerem, como importantíssimo, que os jovens em idade escolar possam ter acesso aos profissionais de psicologia dentro já da própria escola, para que no futuro não venham superlotar os Hospitais em busca de tratamento psíquico, que já poderia vir sendo prevenido desde a escola. Em outras palavras: investindo em prevenção à saúde psíquica dos jovens, futuramente o município gastaria muito menos com adultos psicologicamente incompreendidos, deprimidos, egoístas, ou dependentes de medicamentos ou outros tipos de drogas para continuar vivendo.

Há na atualidade verdadeiras batalhas (de ONGs, por exemplo) para incutir nas pessoas, para resgatar nelas, sentimentos de solidariedade, amizade, cooperação mútua, respeito ao meio ambiente, preservação da natureza, etc. Noutro livro seu, já citado, Augusto Cury explica que não existe ninguém no mundo, nenhum humano “isento de dor”. O que ocorre é que certas pessoas se impõem presas ao seu passado de incômodos psicológicos, e a par tir dessas emoções não resolvidas, também não sabem como viver seu tempo presente, no entanto, isso não é motivo de alarde pois “todos somos reféns de algum período do passado” (2005: pág. 36). Por isso, é considerado normal, numa cidade

Sendo assim, se como já citado “só uma criança não tem consciência das misérias dos outros”, o que vemos em nosso mundo moderno é a produção também de adultos infantilizados, egoístas, por vezes dependentes permanentes de seus pais, de seus professores e até mesmo das drogas ilícitas, que além da fuga da realidade, proporcionam, geralmente, o sentimento de pertencimento a um grupo de amigos ou de dependentes químicos (normalmente composto por outras pessoas egoístas também). (Segue)


Em outro de seus livros (A Sabedoria Nossa de Cada Dia, de 2007), Cury alerta que é inegável que há um aumento dos transtornos psíquicos nas sociedades modernas, inclusive, para quem se preocupa com esse assunto, há também na atualidade um “aumento da fr equência da depressão na infância”, um fato que é deveras preocupante e que requer atitudes de prevenção por parte dos poderes públicos (idem: pág. 72-73).

que “angustia-me que o sistema esteja gerando crianças insatisfeitas e ansiosas. For tes candidatas a serem pacientes psiquiátricas e não ser es humanos felizes e livres” (pág. 133, grifos meus). De modo desalentador, Cury assinala que nós “Formamos jovens estressados, tensos, com instinto de predadores, ansiosos para serem o número um, e não pacificadores, tolerantes” (idem: pág. 231, grifos meus).

Mais adiante, neste mesmo livro, o autor acrescenta que “Nossas crianças se tornaram uma plateia de pessoas agitadas. É a geração mais irrequieta e ansiosa que o planeta conheceu”. Para Augusto Cury (2007: pág. 81, grifo meu) não adianta jogar a culpa disso nos pais ou na Escola, e sim, no sistema hiperestimulante em que os adultos também convivem, como, por exemplo o vício em estar plugado na Internet, em assistir TV por muitas horas diárias, jogar interminavelmente defronte ao microcomputador, etc., além das necessárias informações apreendidas na Escola. Ou seja, adultos e principalmente os jovens na contemporaneidade estão indissoluvelmente ligados a um sistema de “hiperprodução de pensamentos”, esta exposição massiva desgasta o córtex cerebral e gera fadiga, irritabilidade, esquecimento, dentre outros transtornos.

4. Sobre o “sepultamento”, necessário, do passado incômodo de cada um (talvez a parte mais importante dos problemas psíquicos nas pessoas sem transtornos graves):

O psiquiatra em questão destaca que “infelizmente” os gestores da área da saúde “investiram muito em tratamentos e pouco em prevenção. Esper amos que as pessoas fiquem doentes para então tratá-las”, e isso, para Cury, é muito “injusto” (idem: pág. 109, grifos meus). Por isso a preocupação dos médicos entrevistados nesta pesquisa com a prevenção, com o oferecimento de serviços psicológicos aos alunos desde o Ensino Fundamental ao Médio. Sobre as possíveis falhas dos pais, e a falta de um trabalho preventivo nas Escolas, por meio de atendimentos psicológicos, etc., Augusto Cury ensina que desde cedo o ser humano deveria aprender a gerir o seu próprio “eu”, assim como aprender a ser tolerante com os outros, descobrir o poder da afetividade, do altruísmo, do amor, alegria, tranquilidade, do autoconhecimento, da autocrítica, autoestima, ser solidário, ter compaixão, sonhar e buscar realizar seus sonhos, elaborar projetos de vida, etc. No entanto, tudo isso depende de um “aprendizado complexo”, e pelo visto, “Nossos jovens ficarão 10 ou 20 anos nas escolas sem aprender esses fenômenos. Como seria importante”, enfatiza Cury, “que houvesse um grande número de psicólogos, pedagogos e professores que fossem mestres em educar o eu como gestor psíquico desde a infância” (Cury, 2007: pág. 135, grifos meus). Já no livro O V endedor de Sonhos (2008a), Augusto Cury demonstra seu desgosto afirmando

Como já citado, o psiquiatra Augusto Cury explica cientificamente, a partir de suas experiências na área de medicina, que algumas pessoas impõem a si mesmas uma “prisão” ao seu passado de incômodos psicológicos, e par tindo dessas emoções não resolvidas em tempos anteriores, não conseguem viver com plenitude e felicidade o seu tempo presente, sendo este um problema talvez o mais sério, entre os pacientes que não são portadores de transtornos psíquicos graves, ainda que, ressalve Cury, independente de transtornos psicológicos quaisquer, “todos [nós] somos reféns de algum período do passado” (2005: pág. 36, grifos meus). Sobre este tema, as palavras de Cury são preciosas. Para o psiquiatra citado: “Quem não dialoga sobre seu passado não o sepulta com maturidade”, ou seja, essa pessoa estará sempre perpetuando as suas feridas emocionais (idem: pág. 215). Elas não conseguem se desligar de emoções incômodas e negativas que já passaram e que não eram para incomodarem mais a uma pessoa de emoções normais! Infelizmente, guardar com gosto estas emoções negativas do passado, possivelmente, se tornam destrutivas para a própria pessoa. E somente quem pode ajudar este tipo de pessoa, com dificuldades ou transtornos psicológicos, são os profissionais preparados para este trabalho: psiquiatras, psicólogos ou psicanalistas. Mesmo, por exemplo, um Assistente Social ou um Terapeuta Ocupacional, por mais cursos que façam, não são preparados para lidar com este tipo de paciente, pois necessariamente é preciso que o profissional tenha um supervisor de seu trabalho – que como veremos à frente, é angustiante e desgastante para o próprio médico psiquiatra ou neurologista, assim como para os próprios psicólogos e psicanalistas que, obrigatoriamente, têm que possuir um outro profissional da área como supervisor permanente de suas atividades –, pois lidam com a intimidade e doenças de seres humanos e devem também serem orientados em suas atividades. (Segue)


Ou seja, este não é um trabalho psicológico qualquer, ao contrário, lidar com emoções e transtornos psíquicos não são trabalhos fáceis e nem acessíveis a qualquer profissional bem intencionado, como já citado. Há que se esclarecer, aqui, algo sobre a profissão de psicanalista e a importância atual da psicanálise. A psicanálise é um método de atendimento e busca de cura psicológica criado pelo médico austríaco Sigmund Freud (1856-1909). Por poder ser realizada por qualquer estudioso, tendo passado pela Universidade ou não, a psicanálise requer anos de estudo e de acompanhamento por um supervisor, além da obrigação de passar por provas e testes em uma sociedade psicanalítica organizada e reconhecida pela comunidade psicanalítica. Ainda assim, o método freudiano tem seu poder de tratamento e cura questionados pelos profissionais que enfrentam anos de academia até conseguirem chegar ao seu consultório próprio, seja como psiquiatras, seja como psicólogos, legalizados pelos seus Conselhos Nacionais e Regionais. Em resumo: não é qualquer um, independente dos Cursos que possua, ou feitos após a academia, que se pode dizer clínicos capazes de tratar e curar os diversos transtornos psicológicos que as sociedades modernas ajudam a criar e a desenvolver nos seres humanos em geral. A psicanálise recorre, especialmente, aos transtornos criados, inventados ou enfrentados na mais tenra infância, que segundo Freud, ficariam guardados no que ele chama de inconsciente. A psicanálise acredita que algumas pessoas não conseguem superar os seus traumas da vida, e apenas os escondem num lugar da memória que não visitam nunca: o inconsciente, ainda que em nosso agir cotidiano façamos muitas coisas de modo inconsciente, e que às vezes, não sabemos o porquê. A verdade é que esses hábitos adquiridos e utilizados de forma não conscientes, estão vivos, presentes e mal resolvidos em nosso inconsciente. Muitos discordam de tal abordagem, porém, existem psiquiatras e psicólogos das mais diferentes correntes de pensamento que concordam com o auxílio da teoria de Freud. De qualquer maneira, a psicanálise é hoje utilizada em todo o mundo como uma teoria passível de tratamento e cura dos transtornos psicológicos moderados (ou seja, nem aqueles de origem genética, ou reconhecidamente muito graves, comprovadamente pela ciência como não havendo possibilidade de cura). 5. O desconforto dos próprios profissionais da área: Em se tratando do problema da sobrecarga

dos médicos psiquiatras, a jor nalista Paola Fer nanda entrevistou o psiquiatra Geraldo Araújo para a Revista Cult (em julho de 2011, “Choque Moderado”), e em certo momento pergunta ao médico: “o senhor sente-se pessoalmente afetado por seu trabalho diário?”, e a resposta dele foi: – Este “trabalho desperta em você uma angústia muito grande. Lidar com transtorno mental é algo extremamente desgastante [par a o médico], por isso os pr ofissionais da área fazem [também] terapia. Eu faço”. Araújo ainda recomenda que para o paciente, “Juntamente com medicamento, deve-se fazer terapia [com psicólogos ou psicanalistas]. É a melhor combinação. Porque você trata a questão biológica [com os medicamentos] e a questão individual [com a terapia psicológica]” (pág. 31, grifos meus), o que vem a corroborar com os resultados desta pesquisa e com as ideias de Augusto Cury. Voltando ao caso dos pacientes psiquiátricos, Cury (2006: pág. 65) ensina que nós, profissionais da área da saúde, temos que entender que, nas sociedades modernas, os seres humanos vivem “ilhados” dentro de si mesmos, envolvidos “num mar de solidão”, no entanto, esta solidão é “silenciosa”. Ou mais ainda: o ser humano moderno “trabalha e convive com multidões, mas ao mesmo tempo, está isolado dentro de si”. Por isso a angústia dos próprios médicos e psicólogos (ou psicanalistas) que trabalham com esse tipo de distúrbio: da ansiedade, solidão e dor psíquica do outro, do paciente não preparado a ter a desenvoltura necessária para lidar psicologicamente com seus problemas do dia a dia. Isto significa que Arez precisa não somente de médicos psiquiatras em seus quadros de assistência à saúde da população, mas também do auxílio de profissionais da área psicológica, sejam psicólogos ou psicanalistas. Cur y ainda complementa que “não há técnica psicoterápica que resolva a solidão [dos pacientes]. Não há antidepressivos e tranquilizantes que aliviem a dor que ela tr az”. Para ele, enquanto o consumismo das sociedades modernas exalta o ter, o possuir bens materiais, devemos nos voltar à busca de quem somos, de encontrar prazer de viver pelo que somos, e não, pelo que temos (idem: págs. 65-66, grifos meus). Com o império do individualismo atualmente, da competitividade acirrada e da exclusão social ser bem maior que a inclusão, a solidão tem se tornado um dos maiores provocadores de transtornos psicológicos (idem: pág. 146).

(Segue)



Lembra o psiquiatra citado que a medicina contemporânea “mexe com as nossas mais dramáticas necessidades existenciais”, numa “tentativa desesperada de superar a dor”, de aliviá-la, de “melhorar a qualidade de vida das pessoas e de prolongar a sua existência”, seu tempo de vida, de “superar o drama do envelhecimento”, buscando adiar o fim da existência (Cury, 2006: págs. 91-92). Sabemos também que o ser humano “sempre procurou a medicina como âncora do presente, com o objetivo de retardar” o envelhecimento e a morte (idem: pág. 99). Por isso mesmo Cury aconselha que o tratamento psiquiátrico, com medicamentos e diálogo, seja também acompanhado pela psicoterapia, pois psiquiatras, psicólogos e psicanalistas são estudiosos que se prepararam para ouvir seu cliente e ensiná-los a pensar por si mesmos, na busca da solução para seus problemas existenciais (idem: pág. 104). Reafirma ainda Augusto Cury que os profissionais desta área que se reciclam, buscam aprender sempre mais, que querem evoluir, objetivando atender cada vez melhor seus clientes, procura ouvi-los com calma e ensinar-lhes a “se interiorizar”, a meditar, a “se repensar” sempre, e a “gerenciar”, sozinhos, os seus pensamentos, seus problemas e suas vidas. Isto significa que o bom profissional deve agir com delicadeza, especialmente, objetivando “incluir e cuidar das pessoas excluídas socialmente” (idem: pág. 152-155), por isso é que o autor ressaltou antes que “só uma criança não tem consciência das misérias dos outros”, ou seja, uma criança não está preocupada com as questões adultas de exclusão e inclusão social dos outros seres humanos em dificuldade (Cury, 2005: pág. 93). Em outro de seus livros, acima citado, Augusto Cury observa, com razão, tanto em relação aos pacientes quanto em relação aos profissionais da área da saúde, que hoje em dia nós “estamos diante da geração mais insatisfeita, emocionalmente superficial e propensa aos mais variados transtornos psíquicos” (Cury, 2007: pág. 73). Ele ainda adverte que os acadêmicos da área da saúde, de modo geral, sejam médicos, enfermeiras, odontólogos, etc., “se preparam para o sucesso”, e tal como seus pacientes, também são despreparados para serem os “autores de sua história”. Não são preparados “para lidar com frustrações, perdas, desafios e fracassos” (Cury, 2005: pág. 101). O Abrigo de Idosos mantido na cidade (em Nascença, Arez/RN) precisa de Psicólogos e Terapeutas Ocupacionais: No livro de Cury O V endedor de Sonhos (2008a: pág. 136, grifos meus), o protagonista da história ao visitar um asilo de idosos pergunta, es-

pantado ao ver onde está: “– Num asilo?”, e continua: “– Essas pessoas estão apáticas, deprimidas! O que mais pode animá-las?”. E eu responderia: falta aos idosos, essencialmente, alguém que os ouça, mesmo que eles não digam “coisa com coisa”, falta diálogo com os que têm a mente sã; e falta, sobretudo, que a Secretaria de Saúde ou de Assistência Social da Prefeitura de Arez ofereça a estes idosos um Terapeuta Ocupacional e Psicólogos. São seres humanos que precisam sair do imobilismo, da depressão, e da dependência de medicamentos para dormir! Muitos deles ainda podem brincar de bola, de xadrez, dama ou gamão, talvez, algumas senhoras possam aprender costura, bordado, tricô, etc. O que importa, principalmente, é que haja diálogo e que eles se sintam queridos, incluídos na sociedade (que os prefere excluídos, trancados entre grades, impostos a ficarem em “seu canto”, e, especialmente, separados dos adultos “normais”!). Nas palavras de Cury: “não há pessoas imprestáveis, mas pessoas mal valorizadas” (idem: pág. 140). Nós esquecemos que aqueles idosos guardam ainda muito de suas experiências de vida, suas habilidades, sejam manuais, seja brincar, jogar, cantar, contar histórias, enfim, sentir-se pessoas não excluídas socialmente... O psiquiatra citado complementa ainda que “o ser humano morre não quando o seu coração deixa de pulsar, mas quando de alguma forma deixa de se sentir importante” para alguém, para a família (idem: pág. 141, grifo meu). Mesmo que não tenhamos “soluções mágicas” para os problemas da velhice, demência, ou da cegueira, debilidades presentes atualmente no Abrigo de Idosos de Nascença, podemos, como propõe Augusto Cury, “emprestar nossos ouvidos” (2008a: pág. 219), para que aquelas pessoas desabafem suas tristezas, mágoas, falem de seu passado, etc., ainda que eles não sejam pacientes psiquiátricos. Continua o psiquiatra Cury alertando, em O Futuro da Humanidade, que somente receitar antidepressivos, não é a cura para as depressões e “angústia da solidão” (2005: pág. 38). Geralmente abandonados pelas famílias num asilo, ou ainda que desprovidos de parente algum, o trabalho do Terapeuta Ocupacional, ou dos Psicólogos, é ajudar aos idosos ativos a entenderem que mesmo quando se perdeu tudo, é possível ainda viver com dignidade, com qualidade de vida (idem: pág. 146). (Segue)


Bibliografia Citada: ARAÚJO FILHO, Geraldo. “Choque Moderado – Entrevista a Paola Fernanda”. Cult. São Paulo, Br egantini, nº 59, julho de 2011. BECKER, Howard S. Métodos de Pesquisa em Ciências Sociais. 2ª ed. São Paulo: Hucitec, 1994. (trad. Marco Estevão e Renato Aguiar). BORDIEU, Pierre & CHAMBOREDON, Jean-Claude & PASSERON, Jean-Claude. A Profissão de Sociólogo: Preliminares Epistemológicas. Petr ópolis: Vozes, 1999. (tr ad. Guilher me J . F. Teixeir a). CURY, Augusto Jorge. O Código da Inteligência. Rio de Janeiro: Ediouro/TNB, 2008. _____. O Vendedor de Sonhos. São Paulo: EAI, 2008a. _____. A Sabedoria Nossa de Cada Dia. Rio de J aneir o: Sextante, 2007. _____. O Mestre dos Mestres. Rio de J aneir o: Sextante, 2006. _____. O Futuro da Humanidade. 3ª ed. Rio de J aneir o: Sextante, 2005. GONDIM, Linda M. P. & LIMA, Jacob C. A pesquisa como artesanato intelectual: Considerações sobre método e bom senso. João Pessoa: Manufatura, 2002. LIBERATO, Bernardo. “Como se tornar um paciente eficiente”. Veja: Abr il, semanal, 20 de julho de 2011. MILLS, C. Wright. A Imaginação Sociológica. 4ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. (trad. Waltensir Dutra). TAYLOR, S. J. & BOGDAN, R. Introduccíon a los métodos cualitativos de investigación. Barcelona: Paidós, 1996.


Monge Por Luciano Petroceli

Acorrentado nessa mascara, Que depressão, Os invólucros, Neles estão presos, Berros aos altos, Um eco tão distante, Faz parar, Tendência ou não, Quero fisgar, O absoluto, o irreal, No arremesso, Expandir a força, Sentir livre, Como voos dos pássaros, Soltar as canções, Devolver a vida a este escravo, De alma partida.


Crisálida Por Maria Lúcia Mendes Primeiro vou te amar na lua nova Uma amor só de olhares e suspiros. Na minguante, tecerei as vestes Laços de seda, sob véus de organza, Perfumarei meu corpo com aloés e sândalo, Uma guirlanda de murtas e açucenas Ornará meus cabelos Desatados na crescente, a tua espera Quando teus passos alçarem minha porta E me disseres sorrindo:” eu vim Maria” Hei de apagar num sopro, a lua cheia.

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MEMÓRIAS DE UM VIRA LATAS Por Gilberto nogueira de Oliveira Fiquei velho e fui expulso de casa E fiquei abandonado Nas ruas de uma grande cidade. Sentia fome e sede E acabei me tornando um vira latas. Acabaram-se os banhos de cheiro Em meus pelos perfumados. Ficaram fétidos e eriçados. Saí em busca de alimentos. O primeiro saco de lixo Só havia papel e vidro. Ah! Humanos desleixados Que nem pensam nos garis. No segundo saco de lixo Achei uma cabeça de frango. O jeito foi traçar aquilo, Mesmo sentindo náuseas E saudades de minha ração. Anoiteceu. Fui procurar um abrigo. Encontrei! Embaixo do viaduto. Um pedinte muito pobre Me convidou para morar com ele Ali naquele lugar. Me aceitou como sou. Dividiu seu pão comigo E fui dormir em seus braços.


UM VERDADEIRO AMOR Por Girlene Monteiro Porto Um verdadeiro amor reconstrói uma vida, Cola um coração quebrado, Faz esquecer magoas passadas. Ah! Um verdadeiro amor Traz de volta aquele sorriso, Faz acreditar no amor aquele que dele estava descrente Faz a felicidade ficar evidente, estampada na cara. Um eu te amo! É a frase mais linda do mundo. Sabe aquele: E foram felizes para sempre! Acredita-se piamente nele. Um verdadeiro amor deixa a vida mais bonita, mais colorida. E a eternidade é pouco tempo para viver um amor verdadeiro.

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Comunique-se!

Por Rogério Araújo (Rofa)

COMUNIQUE-SE com a cabeça e pense coisas positivas das pessoas, deixe pensamentos negativos de lado; COMUNIQUE-SE com os olhos e veja o lado bonito das pessoas, principalmente o interior; COMUNIQUE-SE com os ouvidos e ouça duas vezes mais do que fala, já que ouvir é uma arte; COMUNIQUE-SE com a boca e fale somente o que é bom para se ouvir, use palavras que edificam; COMUNIQUE-SE com as mãos e dê sinais de como você gosta dos outros, dê um aperto de mão bem forte e sincero; COMUNIQUE-SE através do seu andar e aproxime-se para perto de alguém que precise de você, não se afaste; COMUNIQUE-SE com o coração, demonstrando o seu amor e sentimentos em relação ao outro; Enfim, COMUNIQUE-SE com Deus, sintonizando-o como principal “meio de comunicação” de sua vida, nunca deixando de lado o amor ao seu próximo como você ama si mesmo.


CONVERSANDO COM CLARA MACHADO

Gratidão.

Olá, boa semana a todos, o tema que vou refletir com vocês hoje, será gratidão. A nossa sociedade esta adoecendo com seus conflitos e suas neuroses, e um dos fatores que tem desencadeado essas doenças psicossomáticas, esta relacionado a sua falta de gratidão, sabem porque? Por que o homem esta cada vez mais voltado para uma corrida desenfreada do ter e de aumentar cada vez mais as suas posses, e esta se tornando um escravo de si mesmo, e quanto mais ele ficar preso a isso mais doente e insatisfeito ele vai ficando, porque quanto mais se tem mais se quer ter. Quando se chega nesse estagio e se você começa a se sentir angustiado, com um vazio dentro de você, e insatisfeito com tudo o que você lutou para conquistar, esta na hora de você parar para fazer uma reflexão sobre sua vida, e tirar algumas horas de silencio e de encontro com você, mesmo, onde você vai parar tudo e se dedicar somente a seus pensamentos, e suas reflexões, e ai você vai poder identificar que o simples ato de estarmos respirando, de estarmos pensando sobre a vida, e vivendo alguns minutos em silêncio é um profundo ato de gratidão que temos que ter conosco por estarmos ali, realizando, essa reflexão. Quando temos gratidão pelo simples ato de acordar de manhã com saúde e com uma sensação de alegria e que aquele dia vai ser de muito paz, já estamos sendo gratos, a vida, ao universo e para quem crê em Deus a Deus. E quanto mais você se permitir ter pequenos gestos e pensamentos de gratidão com você, e com as pessoas ao seu redor, mais saudável e feliz você vai estar, e isso independe da sua quantidade de TER, mais sim da sua grande capacidade de SER. Faça uma experiência por uma semana e seja grato a tudo o que lhe acontecer e você vai se sentir uma pessoa muito mais feliz e saudável. Se tiver vontade de fazer um comentário, será sempre bem vindo. Um abraço Maria Clara L Machado. www.mariaclara.psc.br


Nordestinando [uma homenagem a Miguel Arraes de Alencar – em seu período de exílio] Por José Carlos Cavalcanti Leite Chapéu de palha, palha de cana. Semeia o homem a terra plana. Mãos calejadas, submissão, subnutrido, inanição. O latifúndio é seu patrão. Não tem sequer um torrão. Assim padece o homem do sertão. Esperando um dia a libertação.





MANGUE SECO Por Emérita Andrade Lá na areia vê-se O brilho das ondas pequeninas Que atropelam as gaivotas alegres a brincar E a passarada corre, voa , canta, E na areia de novo vêm buscar O alimento que a vaga amiga Traz das águas mais profundas... Quer do rio, quer do mar, As dunas correm na vastidão de areia É mangue seco posto ao luar... Uma canoa, uma jangada, um barco a remo... O homem, este caboclo lá está, Fazendo ordenhar a cabra arisca Que o sustento lhe fez dominar... Se pesca peixe, pesca também almas... Mas a poesia eleva-se do vento, Este enigma que deixa em tudo Um doce-amargo, uma dor, uma canção... Esta força secular que independe da vontade, Ela, só ela, é força capaz de impor a todos O desejo de viver para sonhar, O contemplar do céu escuro sem estrelas, o deserto sem flor, o canto sem lume, o ar sem perfume, amar, tão somente amar...


O vento

Por Selma Antunes

E o vento insiste em ficar Mais uma noite. Insiste em soprar este vazio, Que paira em meu céu.

Mas por que o vento Não leva este vazio? Por que não o carrega, Como faz com as nuvens, Que aqui passam sem deixar rastros.

Ele insiste em ficar mais uma noite, Insiste em desmanchar meus pensamentos Pelo ar...

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Meu querido esposo Por Nilza Amaral Souza Há muito não lhe escrevo. Culpa da tecnologia, e suas redes. Mas, súbito, me lembrei de nossos bilhetinhos. Tempos da Sociedade Cultural Dante Alighieri, na cidade do interior de nossa adolescência.

bo o mesmo olhar de indagação quando o apanho me olhando. Vejo-me ali, naquele reflexo como uma estranha intrometida invadindo meus aposentos, roubando a minha beleza e se imiscuindo na minha vida. Há fases da vida de uma mulher em que seu pior inimigo é o espelho. O espelho silencioso que a acusa de não ser mais a jovem de pernas grossas e cintura fina, de cabelos esvoaçantes negros e sedosos, a minha imagem de garota italiana, cheia de vida, neta de imigrantes que fizeram a vida no bairro paulistano, comercializando alho, cebola, e especiarias contribuindo para a riqueza do pais que os acolheu.

Eu estudava italiano pela manhã, você tentava aprender a língua de meus avós, no período da tarde. Tempos de inocência, de amor. Declarado através de Não queira me procurar. Se ainda nosso amor perduingênuas mensagens, deixadas na carteira de uso co- ra, deixe-me livre para voar para o alto das montamum. E nos apaixonamos, crescemos e nos casamos. nhas inatingíveis. Quero ser a águia que perscruta e Esta é a última mensagem que escrevo. Dizem que tudo assiste de seu voo nas alturas. Quero ser a lua que só se mostra a noite, ou a longínqua estrela que última é uma palavra fatídica, sempre devemos dizer já deixou seu brilho. Quero ser imortal na minha penúltima. Mas este termo implicará em mais algumortalidade. Esse é o meu último desejo. ma notícia, o que não é o caso. E é com toda a força que nosso amor me dá, que lhe Através desta, dispenso-o da minha companhia. Disdedico o último beijo, o beijo de amor que derramo penso-o do horror de conviver com a velhice. Livro do alto de minha emoção. você da faculdade da pena ou da gratidão em nome de nossos anos de convívio. Lembro-me de seu me- Adeus meu querido. Até uma outra dimensão onde nossos corpos não feneçam e nossas mentes resdo da velhice. plandeçam .Até o fim do arco Iris. O tempo e o vento nos levam em seu galope. Deixolhe de quebra a lembrança de meu corpo jovem, da pele sedosa, da ardente sedução da nossa juventude. Da ardência de nosso desejo. E fico com a lembrança de você, jovem guerreiro, que me atraiu na sua brasileirice, na sua cultura de hábitos tão diferentes dos meus. Agradeço ao infinito pelos anos de trocas com que nos brindou por tantos anos de casamento feliz, num tempo em que o respeito e o carinho comandavam o mundo.

Sua amada Deusa.

Querida e amada Deusa. Respondo na sua própria carta. Guarde as duas. Vou cumprir o seu desejo. Mas, prometo que se você se sentir desamparada e infeliz nessa sua última decisão, estarei aqui, como sempre estive aguardando a sua volta. Você me provocou lágrimas de saudade, junto com as de felicidade e agradecimento pelo nosso convívio. Quero lhe provocar lágrimas de felicidade pela certeza que lhe dou, da esperança de que esta seja não a última ,mas a penúltima vontade.

Deixo-lhe de lembrança, a graça e a espontaneidade do comportamento jovem do inicio de nosso namoro. E fico com a saudade de você, jovem caçador de meu afeto, impetuoso e corajoso que me dominou pela emoção de sua sensibilidade. Reveja em nossas filhas a continuidade de minha personalidade. Não Poucas palavras em resposta, mas coração disparansou mais a fresca rosa, mas a forte orquídea efêmera do de emoção. e fugaz. Ame-as e as proteja como me amou e protegeu. Restam-me as fotos de nossos passeios pelas florestas de nossa vida incipiente, pelos atalhos que descobrimos para construirmos o nosso amor. Fomos Ro- Seu eterno amante, Otelo. meu e Julieta contemporâneos, de Shakespeare, o Tristão e a Isolda, de Helena Gomes, ou a Annabel Lee de Edgar Allan Poe, ou simplesmente João e Maria na versão prosaica das pessoas comuns. Ou mesmo as personagens de Morávia, o italiano que sabia contar. Sabemos, entretanto, que o nosso amor não foi comum, e não acabou. Por amar você com todo o meu coração é que o dispenso do dragão de horrores, definição de Nietzsche sobre a velhice. Olho-me no espelho e não me reconheço, mas perce-


Terra Nossa Terra Por Maria Moreira

Terra de serras e montes altos De solo fecundo e alimento do mundo Terra de todos os povos Sagrada mãe e pátria amada. Terra amassada Terra revirada Terra de plantio No cio No fio Terra de todos os matizes De ternas raízes tenras! Templos de minérios raros Solo de riquezas mil Terra fértil Terra molhada Terra alagada No Brasil No mundo Terra que sempre serviu de abrigo De chão de meus antepassados Terra de futuros ainda vindouros Solo pátria livre e democrática. Triturados Torrões Terra solta. Neste chão que um dia descansarei!


Experiência...

sabem que viver é uma sorte...

Por Alice Luconi Nassif

o mundo é uma fraternidade onde todos participam, mas sem olvidar que a vida é só uma faísca, de verdade

o ato da criação

do eterno que sempre existiu, existe , existirá

traz alegria e paz livra da profundidade

um rápido clarão, na escuridão da eternidade

joga na superfície anula a transitoriedade

um tempo mágico, um arco-íris, uma poesia

aquela que sufoca apertando o coração

um ‘ser’ a experimentar... uma criatividade.

lembrando da extinção.

quem quer encarar a morte?

que está sempre à espreita esperando com serenidade sabendo que a todos sujeita?

é como encarar o sol, os olhos queimam, escurecem é melhor desviar o olhar

“olhar” para outro lugar onde, outra luz espera

vida! instante a experienciar

prêmio dos fortes, aqueles que não temem a morte aqueles que nunca esquecem,

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Indriso pelas letras Por Oliveira Caruso Acordar antes do arrebol. Muito antes, Deus do céu! Nas letras eu tento viver... Não vou dormir mui cedo, porque às letras eu me entrego, como delas um castelão. Dou-lhes meu trabesseiro. Eu sigo ao computador.


Nasci de uma caneta Por Núbia Strasbach Nasci de uma caneta, num papel branquinho, branquinho.... Fui criada a partir de uma inspiração divina, de um dom especial. Cheia de intenções e malícia, fui imaginada de diversas maneiras mas só uma ideia vingou. Apareci de repente, primeiro na imaginação, depois veio a caneta, minha concretizadora, que concretizou meu corpo, deu forma ao que hoje eu sou. Não parei por aí, andei de mão em mão, de olhar em olhar, e cai no gosto do povo. Hoje sou o que sou, devido a bem aventurada caneta, que me proporcionou bailar no papel branquinho, que esperava algo inusitado. E o inusitado aconteceu: surgiu a crônica, que com muito orgulho consta neste papel branquinho;.


O DEZOITO BRUMÁRIO DE ARTUR RIMBAUD Por Antonio Cabral Filho

TENHO APENAS VINTE ANOS A MAIS QUE ARTUR RIMBAUD E NEM UM SEGUNDO NO INFERNO, NUNCA PROVEI A TAÇA DA AMARGURA NEM QUEBREI A CARA NA ABISSÍNIA E CHEGUEI EM CASA PERNETA, JAMAIS RENEGUEI MEUS PAIS NEM MINHA QUERIDA JAMPRUCA POR SUA VIDA PACATA,

E O FATO DE MOCHILAR POR AÍ NÃO TORNOU-ME UM ANDARILHO NEM ME FARÁ URBANÓIDE. SAIR DA CASA PATERNA, PRA MIM, É O MESMO QUE IR AO TRABALHO OU À HORTA COLHER ALFACES. NÃO QUERO FAZER DO MUNDO UM MONTE DAS MINHAS CINZAS SÓ PORQUE EU NÃO ME AMO.

NÃO SOFRO DE "CAZUZISMO" ACUSANDO A BURGUESIA POR FALTA DE IDEOLOGIA.


PARA QUE SERVE A FILOSOFIA Por Germano Machado

Para que serve a Filosofia? - Perguntava-me uma jovem que frequenta o Grupo de Estudos Filosóficos ( GEF) do CEPA. Expliquei-lhe que, em principio, se poderá afirmar que, da filosofia, como raiz-mãe, tintura-mater essencial, nasceram as diversas ciências. É uma Ciência? Como explicá-la se, como ponto central, nasce também de si, a Filosofia da Ciência? A Filosofia, de um ponto de vista vertical, verifica-se na História humana e dos homens. Daí a importância da Historia da Filosofia e da Filosofia da História, não é trocadilho ou jogo de palavras. A filosofia é o pensador e o pensar inseridos, postos dentro da realidade humana. Pensa, pois, certo, errado, lógico, desta ou daquela forma, o Filósofo pois exerce e exercita o pensar, a capacidade do homem de razoar, logicizar, intuir, em suma, ver e medir. Quando lemos os filósofos nos seus textos, entendendo as suas posições, ao sentirmos que são fruto do seu período de existir, são epocais no dizer de Heidegger. O mesmo afirmava não poder de jeito algum ser - e - estar fora do que se passa na sociedade e nas comunidades no homem que pensa só ou com outros que procuram o ser - aí então percebe para que serve a filosofia. Como citado filósofo germânico a filosofia é Ser - Tempo e o - aí quer dizer o Estar. A filosofia é o Estar sendo no tempo onde o filósofo existe e existência. Então começamos a perceber para que serve a Filosofia. Se o homem é um animal politico e social por natureza ( Aristóteles), se é animal racional se diferencia dos demais em um lado, porque tem em si anseios profundos de transcendência, igualmente pelo seu ser mesmo e por ser assim filosofa e vai a filosofia. Toda vez que penso e penso que penso, todos os instantes em que verifico e peso os atos, totalmente racional, estou simplesmente pensando/ filosofando ou filosofando/pensando. A Filosofia é a mãe do pensar, segura o homem como uma criança e a razão do homem como um adulto para que, como ambos faça sua vida, intervenha na História e a modifique. Neste sentido, a Filosofia é política, politiza, faz politica. O homem é um ser politico por natureza. Há assim uma filosofia de cada ciência, Filosofia da Biologia, da Matemática Bertrand Russell e Wittgenstein e assim em diante. O estudo e análise da filosofia em si mesmo exige que se saiba e se verifique se posso pratica-la , se é eficaz e partícipe. Assim entendendo, Marx estava certo quando afirmava, com razão, que a Filosofia hoje, mais do que interpretar, há de transformar o mundo. Desta forma, poderá o jovem ou a jovem ver " Para que serve a Filosofia" : para não se enganar, não ser alienado e nem se alienar, interpretar, intervir e transformar seu país e o mundo a partir de sua casa ou de si próprio, do seu ser e do seu tempo. A Filosofia, conquanto leve à reflexão, faz-se noção, exige participar, determina um agir, assim como pode levar , e leva as maiores contemplações matemáticas e empurra o homem ao seu íntimo. Hoje já se está falando " Esta é a Filosofia de nossa empresa" ou " Veremos qual a Filosofia a utilizar nesse entendimento industrial". Uma pergunta dolorosa : " Que nação mudou o mundo sem uma Filosofia para guiá-la e norteála? A Europa é o que é pelo predomínio de sua Filosofia assim como em todas as partes do mundo a educação leva a pensar / filosofar sendo, estando no seu tempo. Se alguém esbravejar, estiver contra, há um consolo : esta é a sua filosofia e teremos de respeitá-lo... Então para que serve a Filosofia? A Filosofia serve?


BRASIL SEM FRONTEIRAS

Por Ivonita Di Concilio

O Brasil tem fama de produzir o binômio Carnaval e Futebol e essas duas a.vidades são as mais divulgadas no mundo, como se o brasileiro só .vesse os pés para dançar o samba ou chutar uma bola. Na Música, por exemplo, temos várias referências, desde Ary Barroso com sua Aquarela do Brasil – tocada internacionalmente por orquestras famosas e símbolo musical do Brasil – até Tom Jobim e Vinícius de Moraes, com sua Garota de Ipanema, entre outras. Nosso cancioneiro é rico nas letras e nas melodias e carrega um roman.smo ímpar, nascido nas toadas sertanejas e transmi.do para as demais tendências musicais, que são muitas. Embora o símbolo máximo seja, sem dúvida, o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, nos orgulhamos em despontar como o país que conta com a Arquitetura mais revolucionária da atualidade. Temos uma Arquitetura Na.va inigualável espalhada por todo o extenso território brasileiro, de norte a sul, nos diversos núcleos indígenas, cada qual com caracterís.cas próprias. Mesmo as mal afamadas favelas cariocas, com suas construções geralmente nas encostas dos morros da cidade, viraram ícones e hoje são incluídas nos roteiros turís.cos, o que, de certa forma as resgata da marginalidade. No Sul, especificamente, a influência dos imigrantes de várias nacionalidades, que chegaram ao Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, no início do Século XX, marcou a arquitetura – principalmente com as construções mistas (alvenaria e madeira) que os italianos trouxeram e os chalés em enxaimel dos alemães. Esse .po de arquitetura ( muito preservado e seguido) é mo.vo de atração turís.ca – pasmem – para italianos e alemães em visita às respec.vas colônias, pois quase não existem mais naqueles países, possivelmente arrasados pelos bombardeios da Segunda Guerra. Embora o símbolo máximo do Brasil seja, sem dúvida, o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, nos orgulhamos em despontar como o país que conta com a Arquitetura mais revolucionária da atualidade, bem como seu expoente máximo: Oscar Niemeyer – um dos maiores arquitetos mundiais modernistas, com obras reconhecidas em vários países, como França e Estados Unidos. De Niemeyer é a seguinte frase: “Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura e inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu País, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein”. Oscar Niemeyer (1907/2012) morreu um mês antes de completar 106 anos de idade, plenamente lúcido e, ainda, dando orientações sobre Arquitetura. Sua fenomenal façanha foi a de criar “do nada” a primeira cidade planejada e que é, hoje, símbolo do Modernismo: Brasília, a Capital do Brasil. Este ilustre brasileiro é uma prova inconteste de que não é só Carnaval ou Futebol que o Brasil exporta.


Cabaret Por José Carlos Paiva Bruno

Boca beca do corpo, sonho louco moço, Esboço dum viajante solto, leve douto, Sensual grito do calabouço; sei que ouço, E a boca? Louca do esboço do moço... Beijo é o silêncio do coito, ébrio oito, Lábios enamorados, gemidos calados, Fornicações mudas atriz cortesã durante, E do moço galante, perto sendo distante... Pétalas e batom, quebra da maldição... Feitiço do luar em cílio postiço, Muito antes castiço; agora viço... Quase um deboche visgo, fetiche rosa. Ritual maquiagem do amor, delírio sedutor, Perfume sexo: Chanel feromônio nexo, Balé do ósculo e amplexo, simples complexo, Cópula, côncavo e convexo: corpos em anexo... Espartilho negro gato, dupla cor do sapato, Glamour dum caro ou barato, vitrola de moeda, Música da ficha dela; liga clandestina bela, Seda da meia-calça, sede tarantela... Dúvida desta ou daquela: quem é mais linda? Bela imagem ou a finta, deliciosa cinta... Saudade pressinta: brincadeira vinte mais trinta, Tempo não minta... Flerte da piteira e pinta... Assim duma fome agora, me devora... Assim decora meu ritmo, gozo rito infinito, Assim neon de sonhos, letra casal... Lençóis e taças, cristal das vidraças.


Gratidão Por Rozelene Furtado de Lima Pelo ventre que me acolheu Aceitou conceber um novo ser Na escuridão deixou-me crescer Célula por célula desenvolveu Sem saber como eu seria Enrodilhou-me em seu coração Produziu minha alimentação Deixou-me crescer a cada dia Transformou seu corpo em leito Foi meu sol, fui seu sonho de ouro Fez-me luz, fiz-me tesouro Projeto tão belo tão perfeito Somos feitos para viver em paz Viver felizes com dignidade Mas há tanto preconceito Nas fendas, nas lendas, na maldade Deveríamos ser todos iguais Mas nem sempre é assim que acontece Somos únicos, individuais, diferentes Cada qual com seu ingrediente Cada mãe com sua prece Cada língua tem seu povo Todo povo tem sua terra Toda gente uma alma encerra Toda alma vem de um renovo Bendigo o ventre que me deu filiação E a terra que me deu berço no universo Como poeta expresso meu sentir em verso Agradecendo ao Criador e a toda criação


CATOLÉ TERRA QUERIDA Por Lenival de Andrade Catolé terra querida Já fui embora tantas vezes Mas sempre volto a minha terrinha Nasci em Patu Em Catolé cresci e me criei Passaram-se coisas que nem notei Não tem nem pra mim nem pra tu Morei em Patos A morada do sol Mas por trás de um lençol Vieram firmes pensamentos Fui parar em João Pessoa A nossa capital Lá é o litoral Terra onde o pensamento voa No vestibular conheci Monteiro Terra dos Magníficos e Flávio José Lembrei-me até do filé Mas ainda não me achei por inteiro Andei por várias outras terras Entre elas Brejo do Cruz Terra do Zé Ramalho Mas prefiro a terrinha do Chico César Além do Ricardo Brilhante, Pedro Neto e Chico Farinha Também morou aqui Rosinha Antiga paixão minha Da minha infância querida Guardarei para toda a vida Catolé terra querida


SEM ÊNFASE “As coisas. Que tristes são as coisas consideradas sem ênfase.” Carlos Drummond de Andrade Por Rubens Jardim Sem ênfase As coisas permanecem Sendo coisas. O avião não levanta voo E o gesto não sai do corpo Se não houver ênfase. É a ênfase que arruma A louça na cristaleira E o lenço bordado na gaveta. Sem ênfase Ninguém salva as flores Do mal. Nem as Cinzas Das Horas.

Caspar David Friedrich Le Moine au bord de la mer


TALHERES Por Adriana Scherner

Certo dia um homem rico e uma moça pobre se conheceram. Ele era um homem elegante, admirador da boa culinária. Conhecia vários países. Inteligente, educado, belo e charmoso. A moça pobre era simples, educada, gentil, delicada e muito observadora. Prestava atenção em tudo o que ele lhe contava e procurava aprender com aquele homem que sabia um pouco de tudo. Quando saiam para almoçar ou jantar a moça tinha por hábito, após encerrar sua refeição, depositar o garfo e a faca separadamente no prato. Ela deixava sempre os talheres de frente um para o outro. O homem rico, com toda sua educação e carinho, ensinou à moça a maneira certa de como ela deveria arrumar os talheres ao final da sua refeição e em seguida, esboçava um leve sorriso. Olhava nos olhos da moça e colocava os talheres dela, lado a lado no canto direito do prato e explicava com voz e olhar manso que assim o garçom entenderia que ela havia terminado e poderia então, recolher o prato. O tempo passava rapidamente e com ele novos almoços e jantares foram surgindo entre os dois. A moça algumas vezes ainda mantinha o antigo hábito de separar os talheres e o homem rico, sem jamais repreende-la, apenas repetia o mesmo gesto. Após várias refeições, a moça aprendeu a lição e sem falar palavra alguma, apenas olhou com doçura nos olhos dele e o fez segui-la com os olhos até seu prato. Dessa vez, ela havia arrumado os talheres da forma como ele havia lhe ensinado. Ele lhe devolveu um olhar sereno e um sorriso de satisfação. Algumas vezes a moça propositalmente, ainda deixa os talheres desajeitados, só para apreciar o homem à sua frente estender as mãos para arrumar seus talheres, sem nunca repreende-la. Muito tempo se passou, algumas vezes a moça faz suas refeições sozinha e sempre ao término delas, ela olha para seu prato e com um leve sorriso, arruma seus talheres do jeito como aprendeu, mesmo que naquele momento não tenha nenhum garçom para recolher lhe o prato.



MILAGRE...SERÁ? Por Maria Aparecida Felicori (Vó Fia)

Laura era pobre, mas era uma mulher feliz, porque seu marido Antonio era um homem bom e trabalhador que só vivia para cuidar de sua esposa e dos cinco filhos e aquelas crianças eram bem educadas e gentis; Laura era uma boa dona de casa, mas nunca aprendeu a ganhar dinheiro, porque seu marido com seu trabalho de mecânico, sustentava a todos. A vida daquela família era tranquila e os dias passavam sempre em paz, Antonio trabalhando em sua oficina, as crianças na escola e Laura em casa cuidando dos serviços domésticos com carinho e eficiência e tudo naquela casa era muito limpo, as roupas limpas e cheirosas e a comida era feita com sabedoria e era deliciosa, tudo naquela casa era felicidade. Mas tudo que é bom tem pouca duração e numa manhã Antonio se despediu da esposa e dos filhos e foi trabalhar, mas se sentiu mal na rua, foi socorrido, mas chegou morto no hospital; foi um desastre, porque aquela família dependia do mecânico para tudo e nos primeiros dias Laura não sabia o que fazer, mas os amigos levavam comida pronta e carinho. Mas como é normal, passados os sete dias as visitas foram diminuindo e de repente Laura e os filhos ficaram sós, foi ai que ela ficou desesperada, porque estava acostumada com os cuidados do marido, mas vendeu a oficina mecânica e foi sobrevivendo com o dinheiro daquela venda, mas onde se tira e não se põe, o resultado é que termina. E quando o dinheiro se acabou, Laura foi olhar a dispensa e lá só restava um pacote com cinco quilos de açúcar, ela entrou em desespero, mas se ajoelhou e pediu com muita fé a ajuda de Deus e foi dormir ao lado dos filhos, sem saber como alimenta-los no dia seguinte; durante a madrugada ela sonhou com um homem de olhos meigos, que lhe disse: seu sustento está na porta de sua cozinha. O dia amanheceu, ela acordou, abriu a porta da cozinha e a primeira coisa que viu foi um mamoeiro carregado de mamões verdes, ai ela entendeu o significado de seu sonho, apanhou algumas frutas e com o açúcar que lhe restava, preparou uma bandeja cheia de lindos doces, saiu para a rua e em pouco tempo vendeu todos e com o dinheiro conseguido comprou mantimentos. Voltou para sua casa e preparou um bom café da manhã para seus filhos e depois preparou mais doces e saiu para vende-los e em poucos dias as pessoas vinham encomendar seus doces e ela começou a preparar novos tipos de doces e bolos; seu talento culinário foi reconhecido e ela passou a cuidar de seus filhos com todo conforto e suas preocupações se acabaram. O tempo passou e Laura com seus filhos já adultos, continuou trabalhando na administração da fabrica de doces que conseguiu levar ao sucesso, mas seus filhos formados, cuidavam de todos os assuntos da fabrica e juntos trabalhavam unidos e felizes; Laura acreditava que Deus ouvira suas preces e lhe mostrara o caminho a seguir. O nome da fabrica era: Doçaria do Antonio.


TRÊS MÃES Por Robinson Silva Alves

MÃE ANGÊLICA, MINHA VIDA, AMADA MÃE, MINHA RAINHA MINHA QUERIDA MINHA MÃEZINHA MINHA MAÊ GUERREIRA HILDA MÃE MADRINHA CONSOLOU MEU PRANTO NAS NOITES FRIAS DE SOLIDÃO ONDE O ESPIRITO SOFRE E A ALMA TREME MINHA MADRINHA MÃE, AVÓ, MARLENE MÃE PROFESSORA TIA AMADA DA ESCOLINHA ONDE APRENDI O ABC DO “NUNCA DESISTA” MÃE ALEGRIA MÃE PROFESSORA. TIA RITA. MINHAS MÃES MINHA MAGIA GRANDE INSPIRAÇÃO


Crônica do dia

Por Luiz Flávio Nascimento

No último final de semana participei de um Flohmarkt (mercado de usados) aqui em Hamburgo. Ao meu lado esquerdo estava uma senhora que também participava do mercado. Ela dirigindo-se a mim, disse: -Eu poderia colocar estas roupas aqui? E sem esperar pela resposta já foi colocando as tais roupas.- Eu assustado com a invasão, respondi: - Não a senhora não pode... a senhora me parece que reservou 3 metros também, como eu. Se a senhora precisa de mais, por que não reservou mais? Ela meio indignada respondeu: - Isso não é nada simpático da sua parte! - O que? respondi... a senhora tenta invadir meu território e eu é que não sou simpático. E como havia percebido o sotaque dela ao falar em alemão, perguntei: - De onde a senhora é mesmo? Ela respondeu como todo entusiasmo: - Sou francesa! Então, eu disse: - Está explicado a sua tentativa de invasão, assim são a maioria de vocês franceses, invasores de territórios alheios e não é por menos que vocês ainda hoje são possuidores de colônias no mundo. Diante deste comentário, ela sem responder, voltou aos seus 3 metros. Ao final do dia ela me pediu desculpas e me desejou ainda uma boa noite e me perguntou de onde eu era. E eu com todo entusiasmo também, respondi: Sou brasileiro! Assim, acredito que com diplomacia podemos evitar várias invasões de territórios! E viva nós!

Arte de Luiz Flávio Nascimento


Meu nome é Jorge Por Jorge Luis Martins

função de sua fortaleza moral e da arte de cultivar boas amizades, conseguiu vencer todas as adversidades.

O livro Meu nome é Jorge é um exemplo de resistência e abnegação. Nele, o autor nos mostra, na prática, aquilo que, em tese, os especialistas reiteram todos os dias: a importância da família na formação humana. Essa é a principal mensagem do livro, mostrar ao leitor como a manutenção de vínculos familiares, em todas as circunstâncias da vida, é fundamental para vencer.

Depois de duras batalhas contra o preconceito, conquistou um emprego digno, ganhou confiança dos chefes, montou um negócio próprio, prosperou, cursou técnico em Transações imobiliárias (Corretor), formou-se em Administração, fez pós-graduação em Psicopedagogia, cursou Inglês, é Editor e proprietário de uma locadora de automóveis e hoje atua também como ator, sendo um dos mais requisitados do É comovente a insistência de Jorge em manter os cinema e da televisão do Rio Grande do Sul. vínculos familiares, mesmo diante da rejeição e do clima de beligerância enfrentados desde o nascimen- Outra singular virtude de Meu nome é Jorge é, ainto. Em seu livro, é relatada uma história de vida des- da, a disposição do autor de não esconder o passado. de o primeiro berço em uma caixa de sapatos até a Jorge mostra-o em toda a sua dimensão - e contribui construção dos meios para uma sobrevivência digna, com isso para que, a exemplo dele, possamos tama árdua construção de um projeto de vida, a forma- bém enfrentar os duros percalços da vida, tornando o ção acadêmica. Tudo isso por caminhos nada trivi- mundo melhor, mais solidário e mais humano. ais, especialmente nos atribulados anos da infância --------------------------------------------------------------como menino de rua, até o início da vida adulta. A --------------------------------------------------------------narrativa retoma o passado e chega ao presente, permitindo passagens com as reflexões de um homem maduro sobre a própria existência construída a ferro O livro Meu Nome é Jorge aborda questões fundamentais sobre abandono, violência, perda da família e fogo. e miserabilidade com todas as implicações que isso pode acarretar. Todas as portas que se abriram para Jorge o levariam invariavelmente à marginalidade e ao crime. Mas outros elementos de sua personalidade, além do ape- Mostra a luta incessante do autor pela suas própria go à família, ajudaram-no a superar todo tipo de obs- sobrevivência, a busca dos valores familiares o que táculos que a ele se apresentaram já a partir da pri- revela sensibilidade, e o perdão restaurador sobre a meira infância. Entre eles, a valorização da amizade, dura vida de quem conta com a sorte para permanecer vivo e íntegro. que ele tão bem sabe conquistar e cultivar. Jorge Martins nasceu em Novo Hamburgo. A mãe tinha problemas mentais e o pai, homem violento, o agredia. Diante dessa atmosfera nada propícia para o início de uma construção de vida, foi morar com a avó, de quem recebeu todo o carinho e a atenção necessárias a sua sobrevivência. Mas, quando ainda tinha apenas dez anos, a avó morreu. Aí recomeçou uma luta renhida para ocupar seu lugar ao sol. Foi para a rua, morou um tempo com o pai que o agredia e o submetia a atividades incompatíveis com a idade, mas não agüentou os maus tratos que se repetiam. Então, retornou à rua, onde perambulava dia e noite, alimentando-se de restos de comida, de doações, dormindo em praças e até no cemitério da cidade. Depois de perambular por Novo Hamburgo, veio para Porto Alegre, trazido por uma pessoa que lhe prometeu uma vida melhor. Viveu durante algum tempo na praça da Alfândega, conviveu com pessoas de baixo valor moral e ético, mas sempre com os olhos voltados para algo que, tinha certeza, o levaria a um caminho de luz e harmonia. Caiu em emboscadas armadas por inimigos, esteve preso, mas, em

Um livro para ler de um só fôlego. Uma história envolvente que nos faz refletir sobre as frágeis relações sociais sobre pessoas que, na sua grande maioria, acabam por percorrer os caminhos da criminalidade. Parabéns ao autor que desnudou a sua própria vida, sem preconceitos nem pudores, para nos dar uma lição de vida , luta e perdão, onde a superação das dificuldades serve de motivação para sua própria vitória. Obs.: O escritor está no projeto Autor Presente, do IEL – Instituto Estadual do Livro – RS, e também é integrante do projeto do Ministério da cultura na Caravana dos Escritores: j-martins@via-rs.net


ASSIM COM OS CESARES ROMANOS, provadas de corrupção, vem à tona, tisnar seu TODO POLÍTICO JÁ TEM UM LUGAR aparente “cristalino” governo! GARANTIDO... A mentira faz parte da vida desses homens, assim como o trabalho faz parte da sua! Por Jeremias Francis Torres O cinismo, a hipocrisia, a mentira, a traição, o egoísmo, a ambição, etc., são as únicas filosofias que conhecem individualPois é, assim como al- mente ou em seu conjunto! guns dos generais e comandantes romanos, A única coisa que torna sua todo ou quase todo político, já possui um lugar maldita existência suportável, é justamente o garantido no inferno quando morrer! fato, de acreditarem em sua própria mentira e A todo ser humano, pelo me- baseados nisso, acharem que podem ao mesnos, resta o benefício da dúvida: vou ou não mo tempo enganar a si próprios, ao semelhante vou? eis a questão! e logicamente (no seu mísero entendimento) a Para o político não resta a míni- Deus! ma possibilidade quanto a isso! Enfim, acreditando que possa haver um destino A eles, esse benefício, não po- diferente para sua alma, diferentemente do que derá ser concedido! Nem há que se falar: “in todo mundo sabe o que lhes advirá, quando dubio pro reo” (Na dúvida, pelo réu. A incerteza partirem dessa pra “melhor”, diria, que vivem sobre a prática de um delito ou sobre alguma tranquilamente, numa certa comodidade! circunstância relativa a ele deve favorecer o No entanto, um futuro tenebroréu). Ao contrário, não haverá mais dúvida! so os aguarda! Eles serão condenados! Ou alguém aí consegue imagiOu você tem dúvida, quanto ao nar um mentiroso, hipócrita, desonesto, dividindestino futuro de um indivíduo, que mente desdo o mesmo espaço com DEUS? caradamente durante a vida, durante uma campanha para se eleger e depois dá adeus aos eleitores e nunca mais andam pelas ruas, a não para angariar votos nas próximas eleições?! Veja-se por exemplo, tomando por base, esse mais recente escândalo em São Paulo, tanto na Prefeitura, quanto no Governo: palavras vazias enganando a “povão” e desvio de milhões de dólares dos cofres da população em prol da satisfação de seus desejos pessoais! A grande diferença dos políticos brasileiros para alguns dos CÉSARES, por exemplo, NERO, CAIO JULIO CESAR e outros, é que aqueles conseguiam ser desagradáveis alguma parte do tempo e em outra parte, voltavam a fingir que eram bons para conquistar a simpatia do povo. Ou seja, conseguiam ser sinceros algum tempo, quando demonstravam “quem realmente eram:’ ditadores, executores, malfeitores, dementes e esquizofrênicos (CALÍGULA, HELIOGÁBALO, por exemplo)”. Estes, (os políticos), aperfeiçoaram o negócio: CONSEGUEM SER FINGIDOS DURANTE TODO O TEMPO E O TEMPO TODO! Só perdendo o “rebolado”, quando uma “explosão” de denúncias documentadas e com-


O Homem Por Clara Machado

Quando Cristo veio a Terra há mais de dois mil anos atrás, ele viveu um período de sua vida como homem físico e inconsciente e a partir do momento que ele ficou os 40 dias no deserto ele teve o grande contato com a sua verdadeira consciência e missão no nosso planeta que era a de ajudar a nossa humanidade a entender seu verdadeiro papel ao estar encarnado fisicamente e ele utilizava as parábolas como um meio de chegar aos homens e ao seu verdadeiro entendimento e de como eles poderiam superar todas as suas dificuldades terrenas acreditando no amor incondicional do Pai Eterno. e o mais incrível nessa história é que ele foi incompreendido, preso, torturado em uma cruz até sua morte física. E hoje temos o seu grande legado os seus ensinamentos e o mais surpreendente é que até hoje o homem continua com as mesmas dificuldades, ganância, poder, ciúmes, inveja, matando seu semelhante, por puro prazer e luxúria e outros matando e dizendo que matam em nome de Deus. Se Deus é puro Amor, como o homem pode usar essa desculpa para matar em seu nome ? não seria mais fácil o homem admitir o quanto ele é ignorante nos seus argumentos e na sua mesquinhes e se deparar com esta realidade que esta dentro dele mesmo, e ter uma atitude de coragem. e dizer para ele mesmo: " Sou eu que faço as maldades e sou responsável por elas eu também tenho dentro de mim a pureza e a santidade que posso deixar aflorar e transformar a partir deste exato momento, tudo o que fiz de ruim para mim e para os meus semelhantes até o dia de hoje e começar com um firme propósito de transformação e mudar radicalmente a minha vida e me transformar em um homem bom. Capaz de mudar toda a minha inconsciência em uma consciência plena de amor, por mim e por meus semelhantes e encontrar aquilo que Cristo veio nos ensinar que é encontrar o Reino dos Céus". pois o Reino dos Céus esta na

nossa consciência, muito mais perto de você do que você imagina, acredite nisso, acredite em você, na sua capacidade de evolução e de purificação e tem mais, só tem um caminho para você chegar neste lugar é através de você mesmo. Você que esta lendo esse texto agora, comece a pensar que ele foi escrito para você neste momento e faça uma reflexão de tudo o que esta ruim na sua vida, hoje e acredite que tudo isso esta assim porque você esta permitindo que sua vida seja dessa forma, mais agora você tem a chave da mudança e da transformação, acabou de receber, e faça bom uso dela. E para terminar minha fala deixo uma parábola de jesus para você. "Jesus falou: O Semeador saiu para semear. Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho, e os passarinhos foram e as semearam. Outras sementes caíram em terrenos pedregosos, onde não havia muita terra. As sementes logo brotaram, porque a terra não era profunda. Porem, o sol saiu, queimou as plantas e elas secaram, porque não tinham raiz. Outras sementes caíram no meio dos espinhos, e os espinhos cresceram e sufocaram as plantas. Outras sementes, porém, caíram em terra boa, e responderam cem, sessenta e trinta frutos por um. Quem tem ouvidos, ouça!"



SINFONIA À LIBERDADE Por Isabel C S Vargas

Orquestra de sons magistrais Gratuita e diária Fazem de meu amanhecer Momento único e abençoado. Sem ingresso e sem tempo definido, Ouço os pássaros a cantar Saudando o dia que amanhece Recepcionando o sol ou a chuva Com sabedoria louvando a ambos Indispensáveis para a sobrevivência. Alimento-os diariamente. Livres descem ao solo Para provar o alimento. Como recompensa voos rasantes Passeios ao solo, alegre cantar, Colorida revoada. Sem temor dividem o alimento E espaço com meus cães. O gato espreita do telhado em silenciosa visita, Liberdade total. Constante ir e vir Sem medo de aprisionamento. O amor não permite grilhões.


EU E O LAR

Por Laudecy Ferreira Amigos vou lhe dizer amigas vou lhe falar ter uma vida saudável é algo espetacular mas ter quem nos acolha é maravilha que só Jesus pode nos recompensar. Foi numa noite escura que a notícia se deu de um câncer ou sepultura foi a verdade que doeu . Estando em desespero e a família também agora o quê fazer se a condição financeira não nos convém? De repente chega um amigo enviado por Jesus dizendo que existe um Lar chamado “Lar Amigos de Jesus”. Acolhe branco, preto e pobre quem o câncer veio ter pra o acolhimento fazer e vida nova devolver. Irmã Conceição, sua Equipe e Voluntários Com maior satisfação Se doam de coração E pede a Jesus: Que nunca nos falte o pão, O amor, a caridade, E a alegria na doação.


Meu poema revela tristeza Por Maria José Vital Justiniano Poesia sem alma Poeta sem calma Poema que grita Uma dor escondida Palavras sem graça De uma voz vazia Sentimentos negros Coração sem pulsação Meu poema revela tristeza de um dia perdido de horas de trevas de sonhos amarrados de manhãs sem sol Assim é meu poema sem rosto sem voz sem luxo sem nada.


Cultura

mas policiais ou de auditório), as pessoas só terão isso. Não saberão de que existe um outro mundo, uma outra arte, e passarão o tempo de suas vidas sem poder usufruir de qualquer beleza.

Por Emanuel Medeiros Vieira Precisava-se antigamente de vários dias, semanas ou Falarei sobre cultura. Cultura? Sim: sem pretensão e meses para leitura (profunda, feita com calma) de de maneira clara. um romance. Lembro de “A Montanha Mágica”, de Thomas Mann. A gente folheava, voltava para trás, Um dos temais que mais problematizaram a minha para frente, lendo de novo, mais uma vez, para grageração foi a discussão sobre “altura cultura” ou var bem o nome de um personagem; enfim, refletia“baixa cultura”, arte “elitista” ou arte “popular”. se sobre a mensagem. O CPC da UNE, já na década de 50 e também na de 60, pensou o assunto em reuniões, seminários, obras Hoje, como expectador, a gente consome o mesmo de arte. E subiu o morro. Lógico, havia equívocos e romance, processado em imagens, no espaço de noum maniqueísmo ingênuo que, dentro do contexto da venta minutos. época, até era possível entender. Mas com menores consequências, pois, como observa Günter Kunert, deixa de existir o esforço de traPor que não gostar de Beethoven e de Carola, de duzir na mente primeiramente o elemento abstrato Mozart e de Pixinguinha, de Bach e de Lupicínio? do texto para algo visível. Claro: nesse ritmo, quem está acostumado só com Já é um lugar-comum ou “mantra” da indústria cul- TV, se pegar um livro sentirá tédio, pois “sua expectural se justificar afirmando que oferece o que públi- tativa subliminar não é satisfeita, porque aquilo que co quer. lhe é oferecido exige um outro método de abordaBia Abramo indaga: “Mas será que, ao contrário, o gem.” mecanismo é de tal forma perverso que o público Ele resume: “Quem está acostumado a caminhos passa a querer aquilo que se imagina que deve ser curtos mostra relutância diante dos mais longos.” dado?” O gosto se discute sim! E tem mecanismos complexos e autônomos.

GRACIAS, MERCEDES

A acusação que se faz para desqualificar os que criti- Serei até redundante: Mercedes Sosa marcou muito a minha geração. cam a programação da TV aberta, é chamá-los de elitistas. Com belíssima e impactante voz, ela falava de nossas aflições políticas, da morte dos sonhos, das dita(Seria elitismo condenar a horrenda grade da TV duras, do sofrimento dos idealistas. aberta, pelo menos aos domingos?) Elitismo é deixar fora da população pobre – que, às Ela foi a voz da resistência de nuestra América vezes se esforça loucamente para construir bibliote- Mercedes, através de uma música bela e pungente, cas nas favelas – aquilo que a humanidade produziu meditou sobre as angústias e esperanças de gerações de mais duradouro e inteligente. politizadas que sofreram em suas vidas o impacto Elitismo – pondera outro observador – é fazer da alta das ditaduras brutais do cone sul; refletia sobre os exílios internos e externos em nossas vidas. cultura privilégio de minorias, enquanto se produz lixo para quem não conhece nem tem tempo de co- E – algo muito importante –, ela cantou a sensação nhecer outra coisa. de desenraizamento, e a percepção de ser estrangeiro “Elitista é o sacrossanto mercado, que não irá arris- também em sua própria terra.. car o lucro certo pela missão – que deveria caber a Para muitos de nós, o exílio foi a pátria soberana. uma emissora pública – de tornar sua audiência Em mais de 40 álbuns, compactos e participações em mais informada, consciente e crítica.” discos alheios, ela gravou os mais importantes comPude perceber , em alguns morros deste país, a emo- positores argentinos, como Ariel Ramirez, Atahualpa ção das pessoas mais humildes, mais pobres, mais Yupanqui, Horacio Guarany, César Izella, Léon vulneráveis do Brasil, assistindo a uma orquestra que Grieco, Victor Heredia e Gustavo Leguizado. foi se exibir para elas, com Villa Lobos, por exemplo, no repertório. Se só se oferece lixo, violência, e se existe uma vo- (Segue) lúpia em exibir os mais baixos instintos (em progra-


Trabalhou, igualmente, em parceria com o poeta Felix Luna. Mercedes também registrou canções inesquecíveis de compositores e poetas chilenos como Victor Jará e Pablo Neruda. Cantou “O Cio da Terra”, de Chico Buarque e Milton Nascimento. Foi um dos pilares fundamentais da música popular argentina, ao lado de Carlos Gardel (que está cantando cada vez melhor...) e Astor Piazzola. Bastaria que tivesse sido a intérprete definitiva de “Gracias a la vida” e “Volver aos 17”, de Violeta Parra. El citava nas entrevistas a letra de Maria Helena Walsh: “Tantas veces me mataron, tantas veces me mori y aqui estoy resuscitando”.. DE GROUCHO MARX (1890-1979): “Esses são os meus princípios. Se você não gosta deles, eu tenho outros.”


ESPERANDO POR ELA Por Mário Rezende

Na organização do pensamento, tudo é distribuído de acordo com a necessidade, o que é determinado pela observação dos neurônios plantonistas nos sentidos da visão, da audição, do olfato e do paladar, além dos que ficam na fronteira do corpo e trabalham no tato. Naquele dia, na parte da tarde, eu tinha levado os meus neurônios operários para passear. Como meu objetivo principal estava bem definido, aliado ao lazer dos operários, só os especialistas em sexualidade estavam em plena atividade. Nessas situações, a maior parte da categoria entra em ação e, naquele momento, os da seção LP (Luana Piovani) estavam cheios de energia e disposição, uma quantidade de sinapses incrível. Enquanto caminhava pelo circuito Leblon-Ipanema, desde a Dias Ferreira até a General Ozório, seguindo a calçada da direita da Ataulfo de Paiva. Dei uma paradinha de praxe em frente ao Cine Leblon e continuei seguindo em direção à Visconde de Pirajá; senti saudade dele quando atravessei a Vinícius de Moraes. Estava voltando pela calçada oposta, olhando as modas, pensando que poderia ter a sorte de encontrar a Luana, para ver se ela se engraçava dando de cara comigo, deixasse de ficar com esses lanchinhos e pegava logo um prato cheio de comida mineira, tipo galo com quiabo e polenta. Não, não sou mineiro, sou carioca mesmo, da gema. Mas se eu quisesse usar uma metáfora, o prato típico teria que ser feijoada acompanhada de caipirinha. Aí não iria dar, é muito grosseiro, típico camelô carioca, que vai trabalhar de bermuda, camiseta e chinelo, muita baixaria e falta de elegância. Não sei como algumas mulheres aguentam. Cada figura! Acho que se eu fosse mulher, seria homossexual, porque tem homem que dá até nojo, não tem finesse, educação, raciocina com a do pênis. Voltando ao meu objetivo, ela, a Luana, minha deusa, poderia aproveitar, me conhecendo, para esquecer o lance com o Caetano, porque também sou poeta, pelo menos quero acreditar que sim. Adivinhe... Pois é, não deu as caras. O máximo que encontrei do metier, foi o Rodrigo Santoro, de passagem por Ipanema, já que ele, agora, é de Hollywood, com direito até a algumas sílabas depois de ”Lost”. Ele está chegando lá, eu torço por ele porque é humilde e sabe dar tempo ao tempo, feito a Alice. Estou falando da Alice Braga, que desbancou muito cachê alto por ser mulher bonita e boa atriz, também. Pelo menos a beleza do corpo teve a quem puxar (à Gabriela Cravo e Canela que enfeitou a minha telinha, à dama do lotação que provocou aumento de pulsação e à protagonista de “Eu te Amo”, espetáculo que ficou na lembrança dos marmanjos). Fico torcendo para que ele, o Rodrigo, seja percebido pela Jolie depois que o Brad passar. Eu, por enquanto, continuo na esperança pela Luana, porque não foi daquela vez.



Solitário Por Roberto Ferrari Muitas poesias te escrevi, Mostrei a minha alma, e quis te entregar meu coração, Vivi a vida de um louco apaixonado esperando pelo dia Em que te beijaria e cantaria poemas para você Gritei com a força do meu amor Venha e me ame, Se entregue aos meus carinhos As poesias que eu te declamei São como um eco dentro da tua alma Como o som do vento Sou o cavaleiro do nosso destino Perdido de amor Solitário na noite. Tantas vezes procurei por emoções novas E só tinha você no pensamento Nas noites frias, de um silêncio profundo Caminhava sozinho Por vezes achava que meus olhos Haviam te visto ao longe Ilusão da minha paixão. As poesias que eu te declamei São como um eco dentro da tua alma Como o som do vento Sou o cavaleiro do nosso destino Perdido de amor Solitário na noite. Sim, hoje posso te ouvir Declarar nosso amor pela noite Sim, eu posso ouvir o som do vento Pela noite E te amar sob os raios prateados da Lua Minha confidente Sempre serei o cavaleiro do destino Para te amar e proteger, meu amor!


Quadro - O Vazio Por Varenka de Fátima Araújo

Sem imagem da radiografia o contorno do quadro onde a cor da imagem é a desmaterialização e o raciocínio não acompanha a mão cortante é o silêncio o vazio do amor do não procriar em direção da morte enfim o vazio


Vivos em mim Por Rita Velosa Se Carlos estivesse vivo, diria: Vai ,Rita, ser “gauche” na vida! Se Quintana estivesse vivo, diria: Eles passarão! Você, Rita, passarinho! Se William estivesse vivo, diria: É,Rita. Ser ou não ser: eis a questão! Se Castro Alves estivesse vivo, diria: Deus! Deus! Onde estás que não respondes para a Rita? Se Camões estivesse vivo, diria: Pobre Rita!Amor é fogo que arde sem se ver! Se Vinicios estivesse vivo, diria: Rita, sua beleza é fundamental! Se Nelson estivesse vivo, diria: Todo jovem é um imbecil, E você, Rita, gosta de apanhar! Se Augusto estivesse vivo, diria: Escarra nesta boca que te beija, Rita! Se Sá Carneiro estivesse vivo,diria: Vai, Rita! Perder-te dentro de ti, Porque és labirinto! Se Fernando estivesse vivo, diria: Você é uma fingidora! Finge tão completamente, Que chega a fingir que é dor, A dor que deveras sente! Se Olavo estivesse vivo, diria: Padeces, Rita! Que fazer para ser boa? Perdoa! Se Raimundo estivesse vivo, diria: Rita, vai-se a primeira pomba despertada! Aos pombais, elas voltam. Mas ao seu coração, Elas não voltam mais! E Vicente, o que diria? Rita, a felicidade existe sim. Mas nós não a alcançamos, Porque está sempre apenas onde a pomos, E nunca a pomos onde nós estamos!

Ah! E o eterno Paulo, o que diria? Rita, ainda que você tivesse o dom da profecia, O conhecimento de todos os mistérios, E de toda a ciência, Ainda que você tivesse toda a fé, A ponto de transportar montanhas, Se você não tivesse o amor, Você nada seria! E você , Rita ? O que você diria? Eu diria: Vida, mistério infindo! Inúmeras ilusões! Ora alegres, ora tristes. Nada mais!


NEM TUDO PASSA Por Deidimar Alves Brissi

Fama, poder, fortunas, passam... Passam as ilusões da vida. A fama também é esquecida. Passam com os anos, passam...

Passa todo poder temporal. Passa toda iniquidade, Só vai ficando a bondade. Passando tudo que é mal.

As lágrimas que nós secamos, E as alegrias que damos Isto nunca é esquecido.

Todo amor, toda verdade Ficará para eternidade. Não passará, meu amigo!


Revelando como me sinto... como sou... ...generosos são os olhos que veem... Por Ediane Souza

Causa-me espanto quando me dizem o quanto sou extremamente generosa. Ouvi isto várias vezes há dois anos, num período intensamente doloroso. Aqui, ali escuto novamente. Hoje, me ocorre de receber tal adjetivo, vindo de alguém que me é bastante caro, cuja forma de me olhar, esta, sim, é por demais generosa. Não... não sou generosa assim como acreditam. Eu procuro dar o melhor que tenho, mas é puro egoísmo, não se iludam, já que fazer o bem ao outro me promove recompensa ainda maior. Falam do quanto sou cuidadosa e carinhosa com o outro... E não deveria ser esta a nossa missão neste mundo? Emocionei-me também quando li, dentre outras coisas, que as minhas palavras e a minha voz são um oásis encantado. Ah, meu amigo, se as pessoas soubessem o que sinto, se conseguissem me enxergar por dentro, se alcançassem as minhas aflições... Ah, se pudessem saber como me vejo impotente, especialmente agora, como são os meus lamentos noites adentro, se vislumbrassem o vazio que por vezes me ocorre, o grito que silencio, o choro que preciso calar para que o outro possa escancarar a sua dor... Ah, se por um instante percebessem a minha fragilidade... que nada sou... Se compreendessem que é tão simples o que eu anseio viver e, ainda assim, me é quase impossível de alcançar... Se ainda não desisti, é porque o que carrego em mim não tem mais cura, não pode ser transmutado, transferido, não servirá para mais ninguém... Se ainda não desisti, é porque meus pés vivem saindo do chão, porque me vejo voando além, porque em meus delírios eu posso tudo e muito mais. Mas tenho consciência do que sou: sou pequena, meu povo, meu cinto de utilidades vive perdendo os apetrechos, minha capa é plástica, a heroína está só nos gibis. No mais, mentalizo naquilo que é e sempre será meu lema de vida (tomando para mim os versos de Álvaro de Campos-FP): “Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo”. Esta sou eu... generosos, encantados são os olhos que me veem...


O suspiro do infeliz Por Evelyn Cieszynski

Um cigarro acesso de baixo das luzes neon No chapéu caem as cinzas da noite mas essas coisas minuciosas não me interessam hoje, hoje quero fumar. Fumar em todas as encruzilhadas que estiverem em meu caminho Porque hoje, ah hoje, hoje não tenho nome não tenho rosto, sou inidentificável, inexistente, inquieto A casmurragem tem seu momento de aflição E quem se importa? a porta do bordel fechada à luz do dia estraga a visão da cidade urbana Quero mais é me encostar, e há quem o diga Foram trabalhos, palavras, ensaios Pra quê? a sarjeta decora minha carnificina, aquela doce melodia aos ouvidos dos ratos os restos não poderiam ser queimados, mas exilados, em vez disso, incinerados foram os ratos não fazem parte da história Àqueles que sangraram, rastejaram, imploraram agora sai da minha nicotina de carbono quando exalo de meus pulmões a canção que suicidou as andorinhas em pleno verão, cai no chão; os restos o coração que bombeia a bala de cobre, que resseca os órgãos de dentro pra fora o excesso de perfeccionismo manda ao tapete de ossos algumas cabeças ocas alienadas sem consciência da oniricidade do sonho a metafísica de um corpo nu apaga a chama ardente do coração frio da experiência do magnífico da morte em si como si do sopro funesto da cruz



MÉDICO DA ALMA Por Rita de Oliveira Medeiros

me rodopiar em seu colo, como sempre fazia. Ela nada falou, apenas segurou a minha mão com firmeza e entrou portão adentro, chamando por minha mãe, e me levando quase de arrasto: -Maria, Maria! - O que foi meu velho? O que tens?

Em meados deste ano, uma grande amiga me conta aos prantos, que seu netinho de três anos, se encontra hospitalizado, mais uma vez, após 3 ou 4 internações, sem que os médicos consigam fazer um diagnóstico, deixando a família e amigos em pânico.

- Manda chamar o Doutor Paulo, pelo amor de Deus!

o portão e corria para os seus braços. O seu rosto então se iluminava com um sorriso lindo. Ele me erguia do chão, dava um beijo estalado na minha bochecha me rodopiava em seu colo, só um pouquinho. E vínhamos juntos, de mãos dadas, às vezes eu lhe contava algo, às vezes ele. Mas também vínhamos em silencio. Contudo, numa certa tarde, percebi já de longe, que havia algo errado.

Resolvi voltar para dentro de casa e fiquei na sala que ficava ao lado do quarto, sentada no sofá, ouvindo os seus gemidos, com o coração cada vez mais apertado. Até que, finalmente, ouvi as vozes dos meus irmãos chegando e a porta da frente se abriu com um estrondo.

O medo mostrou novamente sua cara em meu coração. O rebuliço foi geral, não lembro qual dos meus irmãos foi requisitado para tal tarefa, mas até pareciam baratas tontas, correndo para um lado e para o Este relato me trouxe a lembrança uma situação se- outro. melhante que passamos com nosso filho mais novo. Com 3 meses de idade ele passou a fazer uma infec- Fiquei esquecida naquele turbilhão, e muito silencioção de 15 em 15 dias. Penamos por 3 longos anos, samente, fui até o quarto espia-lo. Ele rolava na caidas e vindas a consultórios, exames e mais exames, ma de um lado para o outro dizendo desesperado, cada uma mais assustador do que o outro, sem que com a mão na cabeça: qualquer diagnóstico próximo da realidade fosse -Ai! Ai Meu Deus, meu Pai, que dor! apresentado. Até que um dia, após 3 anos de muita A maioria das pessoas que eu conhecia exclamava apreensão, foi identificada a causa: simplesmente Meu Deus. Ele ainda acrescentava Meu Pai! Eu semAmígdalas e Adenoides muito grandes, com a cirurpre achei muito bonito e sentia uma coisa boa dentro gia realizada, problema resolvido! de mim. Às vezes, esta exclamação saia junto com E quando falava com esta amiga ao telefone, me um suspiro fundo. veio a lembrança o Dr. Paulo Carneiro, médico que Aproximei-me pé ante pé e como sempre tivera carta conheci, nos meus tempos de infância, em Laguna. branca naquela cama, nela me encarapitei e tentei Época em que, ainda sem o compromisso dos bancos tocá-lo. Para meu espanto, fui afastada por sua mão escolares, passava o tempo brincando, até que che- crispada e ele mandou que eu saísse. Minha mãe corgavam as quatro horas da tarde, quando invariavel- reu em meu socorro e disse: mente, corria ao portão de madeira, na frente de ca-Vai prá lá menina, o pai agora não pode! sa, e lá ficava esperando meu pai voltar do trabalho, no Porto de Laguna o que acontecia, rigorosamente, Agora, já não era mais medo. Era pavor! O meu pai, todos os dias pouco depois deste horário. sempre tão forte, meu esteio e segurança, estava doEu sorria contente, quando já conseguia avistá-lo, ente! Corri para perto de minha cachorrinha e fiquei vindo com seu andar cadenciado, fisionomia sempre sentada na calçada, entre apavorada e pensativa, coséria, a garrafa de café balançando na mão. Eu abria ração apertado e sem saber exatamente o que fazer!

O vento nordeste pareceu entrar junto com aquele personagem. A porta da sala, que dava para a coziNaquele dia, quando fui esperá-lo, notei que a garra- nha bateu, anunciando sua chegada. fa vinha segura com firmeza embaixo do braço e o seu passo estava muito mais apressado, sua fisiono- (Segue) mia bem mais fechada e ele sequer se abaixou para


Era um senhor baixinho careca e barrigudo, com uma maleta de couro, típica dos médicos, balançando prá lá e prá cá, igualzinho à garrafa de café. Ele entrou como se a casa fosse dele e exclamou, com uma voz assaz anasalada:

- São as regras dela que querem descer e não conseguem.

Eu fiquei espantada com a afirmação. Mas meu coração gravou aquela frase. Creio que foi neste instante que primeiro compreendi o que era a palavra confiança, sem o saber. Muitas histórias eu ouvi sobre aquele medico aquela tarde, enquanto ganhava o meu colinho antes da janta. Sobre como ele era bom para os pobres, como era excelente político, como tantas vezes saíra de sua casa, à noite, para ir ao morro do cemitério, onde morávamos atender um de nós ou nossa mãe em trabalho de parto, inclusive do meu, quando já morávamos na casa do Mar Grosso! Fiquei tão embevecida com aqueles relatos que, de imediato, também estabeleci com ele uma relação de confiança.

-Vem aqui menina, quero te ver.

Não sei por que, fiquei mais confiante depois de ouvir esta explicação. Com três irmãs adultas, e muitas amigas que já “eram mocinhas” eu já sabia que um - O que é Roldão? Que é que tu tais de manha em dia também sangraria como elas, todos os meses, cima desta cama homem? embora o assunto fosse tratado como em todas as casas: não era discutido, nem explicado, simples-Ai Doutor Paulo! Não sei! É muita dor! mente acontecia! O resto do diálogo eu não pude ouvir. Novamente fui No dia seguinte, fui levada pelo meu Pai até a casa retirada do recinto. do Doutor Paulo e lá, fui recebida com muito cariQuando as coisas se acalmaram, a dor passara, eu já nho, como se fosse uma visita ilustre. Dona Ludmila, sentada em seu colo perguntei quem era aquele mé- sua esposa, nos recebeu atenciosamente, eu me senti dico, e ele me disse sorrindo e aliviado: a vontade. -É o Doutor Paulo, minha filha! Quando escutei sua Quando ele colocou o jaleco, dirigiu-se a mim sorvoz, metade da dor sumiu! rindo e disse, com sua voz fanha, que eu já gostava:

Este médico, o Doutor Paulo Carneiro nesta época, com a idade próxima do meu pai, ainda me tratou por um bom tempo. Adorava ele, pois sempre me receitava um remédio com gosto de chocolate, o Ambrasinto. Um dia, não sei por que acordei na arca de Noé (uma cama enorme onde dormiam os meus irmãos quando eram pequenos) muito fraca, sem conseguir me levantar. Esta minha indisposição que no início fora tratada como normal, se estendeu até o horário do almoço. Por coincidência, neste dia recebemos em nossa casa a Noêmia, uma visitante ilustre, filha do Compadre Joca, da Caputera. Quando chegou e soube que eu não estava bem a Noêmia prontamente foi até o quarto me ver. Após dirigir-me aquele olhar carinhoso costumeiro e me abraçar forte (como era bom o seu abraço) eu consegui ouvir, quando ela cochichou no ouvido da minha mãe:

Olhou para o meu pai e disse: - Nada que uma vitaminazinha A não resolva! -É ambrasinto? Eu perguntei brincando. Os dois riram muito e disseram que não! Dali a algum tempo menstruei. A Noêmia não era o Doutor Paulo, mas também sabia das coisas! Doutra feita, bem mais tarde, comecei a ficar com um vergão na pele, cada vez que me coçava ou tocava. Novamente fui atendida por ele, em sua casa, com toda deferência. Nesta época ele ficava durante o inverno no Rio de Janeiro e o verão em Laguna. Lembro muito bem da sua fisionomia bem mais velha, com os óculos na ponta do nariz, chegou bem perto do meu corpo, e riscou a minha barriga com o dedo indicador. O vergão imediatamente se formou. Ele não disse nada. Escreveu o nome do remédio no formulário de receitas e nos fomos para casa. Falando com Miriam, relembrando Igor e Dr. Paulo, fiquei pensando ao colocar o fone no gancho: - O que era ensinado na faculdade de medicina que ele cursou que hoje não se ensina mais? Não existiam tantos exames, máquinas superpoderosas, e ele conseguia dar o diagnóstico corretamente. Será porque os médicos de hoje tratam “pacientes” e não mais “pessoas”? Ou será que isto ocorre porque eles, os médicos, foram transformados em meros vendedores de remédios?


Sonhos, ilusões noturnas Por Yara Darin No fundo o universo o mar é ilimitado o céu é o infinito. A ventania sacode os galhos sinto medo e arrepios no silêncio entre os rochedos as ondas que se quebram na areia. Cruzo os oceanos deparo com sereias banhando-se ao luar. Ignoro os monstros com suas presas colossais por onde flutuo desafiando as águas de um mar agitado. Quero salvar o que restou navego contra a corrente escura noite que persiste ilusões de sonhos na madrugada decompondo-se na beira do cais.



CAMILA DE MOSSI QUADROS

MARIA (NILZA) DE CAMPOS LEPRE

CARLOS PEDRO

MARILU F. QUEIROZ

CARMEN DI MORAES

NORÁLIA DE MELLO CASTRO

CAROLINE BAPTISTA AXELSSON

RAIMUNDO CANDIDO T. FILHO

CÍNTIA MEDEIROS

RENATA CARONE SBORGIA

CLEVANE PESSOA

ROBERTO FERRARI

DILMA SCHMITZ LEITE

ROGÉRIO ARAÚJO (ROFA)

DULCE AURIEMO

ROSE ROCHA

DYANDREIA PORTUGAL

ROSELIS BATISTAR

EDIANE SOUZA

SANDRA NASCIMENTO

FABIANA DE ALMEIDA

SILVANA G. BRUGNI DA CRUZ

FLÁVIA ASSAIFE

VAL BEAUCHAMP

FLÁVIO BARRETO

VALDECK ALMEIDA DE JESUS

GAIÔ

VALQUIRIA IMPERIANO

GILMA LIMONGI BATISTA

VERA LUCIA ERTHAL (ANNA BACK)

GIRLENE MONTEIRO PORTO

WALNÉLIA CORREA PEDERNEIRAS

HEBE C. BOA-VIAGEM A. COSTA

YARA DARIN

IRMA GALHARDO

YOLANDA CINTRÃO FORGHIERI

IVANE LAURETE PEROTTI

O livro conta com:

IZABELLA PAVESI

Apresentação de

JACQUELINE AISENMAN

Sonia Nogueira

JANIA SOUZA JOSÉ HILTON ROSA LENI ANDRÉ LENIVAL NUNES DE ANDRADE

Prefácio de Maria de Fátima B. Michels Orelhas de

LÚCIA AMÉLIA BRULHARDT

Basilina Divina Pereira e

LUIZ CARLOS AMORIM

Gladis Deble

MARCIO BATALHA

Poema de abertura de

MARCOS MAIRTON

Alex Monteiro

MARIA DE FÁTIMA B.MICHELS

Posfácio de

MARIA DE LOURDES ALBA MARIA JOÃO SARAIVA

Jania Souza


ALTOS NEGÓCIOS

realidade interior sempre era a de uma alma decadente, amparando-se numa fama feita em ruínas espirituais.

Por Odenir Ferro

A vida se embriagava em vícios corrosivos. Provindos dos estados amorfos ou rancorosos d’alma. Quando o que imperava incisivo era a lei dos lucros. Muitas e muitas vezes, obtidos à custa da opressão ou da manipulação ardilosa de uns, contra muitos pobres oprimidos! Onde uns se beneficiavam de lucros geradores da nobreza e, outros, muito se esbravejavam e se praguejavam contra este estúpido e denegrido sistema.

Pelo suave deslanchar do meu viver, trilhando muitas estradas, sonhador que fui – e que a viver sonhando ainda estou – vi desfilarem por mim, inúmeras pessoas travestidas dentro de si mesmas, representando as funções do seu papel imposto pelo seu personagem real.

Vi “reis e rainhas” com títulos politicamente corretos, serem destronados e sendo postos em situações embaraçosas. E que rapidamente eram esquecidas – pois a “mídia da comunicação”, logo se encarregava de desviar a atenção do povo, do determinado escândalo, para outro assunto mais breve, suave, banal, corriqueiro, e que fosse mais condizente com a “inocência e aceitação popular” até que aparecesse um novo escândalo, e as estórias da História, pelas forças dantescas e canhestras de si próprias, se repetissem... Dentro deste tapete voador ilusório e vulgar Mas, vi muitas pessoas defendendo as causas dignas, que movimenta para aonde os falsos e podres podetambém. E nobres, consistentes pela força da bonda- res se concentram... de, também. Esta atenção era sempre desviada do foco em si, pela Assim vim eu, fiel servidor de mim, carregando a mídia comunicativa, pois sempre havia interesses cruz que o nosso Senhor Jesus Cristo me deu. Eu não escusos ou ilícitos, que rolavam por “debaixo dos me desvencilhei dela, jamais. Em nenhum momento, panos”. sequer. Através dela, foi que pude adquirir uma plena força para rir ou para chorar, de algumas (muitas) A vida que consiste dentro do mundo dos negócios, mesquinharias humanas. Sinto muito orgulho e dig- nos altos e baixos das perdas e dos ganhos. Onde a nidade pela cruz que tenho e carrego-a com a maes- roleta russa da roda vida do meio dos negócios faz tria do talento. Muitas e muitas vezes, eu vi a pobre- das “cabeças pensantes”, os impulsos vibrarem-se za estampada no rosto mascarado com o pseudônimo somente dentro dos acordes sonoros dos lucros sode grã-fino. E, em muitas tantas outras vezes, eu vi a brepostos (desviando-se dos impostos), cada vez cena repetir-se exatamente, em personagens inversos mais, somando-se aos altíssimos escusos lucros. Nue com posições sociais opostas. Embora as máscaras ma pirâmide sucessiva de sucessos cheios de prazefossem curiosamente semelhantes. Eu vi os laços res imediatos, onde a rotina consumista consiste apecruéis da desumanidade, tecerem-se em dolorosos nas em viver a realidade dos fatos: o físico, o palpáardis, na calada da noite, às escuras – para que nin- vel e tudo o que aparentar ser real e crível aos olhos guém soubesse – contra muitos justos, contra muita carnais (lúcidos, ou inebriados pelos alucinógenos vis). A matéria e o consumo e o lucro e o prazer imegente de bem e do bem... diato é tudo e tão somente o que conta: nesse escalão Vi o mal arquitetar-se... Nas penumbras... Utilizando do poder. Composto pelo culto ao alto lucro. Impos-se como “ferramentas de trabalho”, das mentes, que to pelo alto jogo, onde a vitória consiste em saber socialmente, sendo tidas como brilhantes, ali, naque- como ganhar, ganhar, ganhar... le momento, foram vendendo-se, tornando-se o que sempre foram: torpes, vulgares, doentias... Corroídas Mesmo sabendo que o grande risco a correr poderá pela inveja, pela insensatez ávida, por uma estupidez ser o de perder, perder, perder... egocêntrica – que as levavam ao delírio ambicioso... Por estarem em posição de destaque. Criando um Essa é a máquina da vida que gira dentro do mundo mundo falso, dentro de um falso e estúpido poder dos Altos Negócios! que as desembaraçavam da lama que era, sutilmente, colocada embaixo do tapete da sua nobre sala de visitas. Enquanto ostentavam o brilho duvidoso nos (Segue) olhos, encenando transparecerem-se com uma alma esplendorosa, magnética... Enquanto, entretanto, a Personagem que muitas vezes, dentro desse real, extrapolavam-se em inúmeras fantasias existenciais. E dentro dessas fantasias, muitas vezes, acabavam por rumarem-se até a um ápice rumoroso; onde culminava por incriminar ou vitimar algum próximo: pego desatento, nas volúpias da surpresa, desprevenido. Sim, perante o meu viver, vi muitas pessoas fraquejarem, se venderem, serem mesquinhas, torpes, taradas, prostitutas, vulgares...


As atitudes que tomamos ou comportamentos que adquirimos, ou posicionamentos em relação a algo ou a alguém, em situações diversas, ou adversas, mediante aos momentos de vida. Onde as ondas navegantes do viver levam os nossos projetos à deriva, a margem, às encostas cheias de pedras... Expondonos aos altos riscos, devido às muitas nuanças avessas; que obriga-nos a ir de encontro às forças existentes no mais profundo âmago do íntimo do nosso ser interior. E, extrair dali, as essências fundamentais para encontrarmos as soluções para equacionarmos, sanando de vez, a gama de determinados problemas que se assomam pelos percalços do viver. Ao virem de encontro de nós, num encalço insistente. Parecendo ser uma fúria esbravejante das quebradas espumantes das ondas bravias, vindas momentâneas e sorrateiramente, até o encalço de onde estivermos... Para arrebentarem-se de encontro das encostas terrestres, cheias de enormes, gigantescas pedras que se encontram em nosso caminho. A vida é um jogo. E nós vamos, e vamos nós, nos alimentando, através destes jogos da vida. Ao alimentarmo-nos, com as constâncias mais interessantes desse jogo que se mescla com as fantasias e as realidades do viver. E viver é um alto negócio, dentro de um alto jogo de risco cheio de acertos e de muitos desacertos... A vida é um estado de desassossego, pois que ela é um alto estágio de ensinamentos – aonde nós, humildes alunos – vamos aprendendo com essa hábil mestra, os subterfúgios que possibilita-nos a adquirirmos o encontro potencial, dentro de nós mesmos. Dentro do que chamamos de sobrevivência. Para vivermos os altos negócios, dentro dos “jogos da vida”, é necessário, antes de tudo, que saibamos como sobreviver... A partir da aquisição filosófica que todos temos dentro de nós – um conceito de sobrevivência – é que vamos ou podemos então, viver. Para vivermos, precisamos de bem-estar que é gerado pelo equilíbrio composto por uma saúde perfeita, “ou quase”, uma alimentação boa, um estado emocional satisfatório e uma mente e um espírito e um corpo sintonizado em emoções provenientes de um coração pulsante firme. Sintonizado com todo esse conjunto de atitudes complexas, que formam um aspecto interno e estético, gerado por um perfeito equilíbrio, em harmonia sintonizada com o Amor plural. Proveniente da atemporalidade espiritual, vinda do Sagrado que ampara todos nós. Para que tudo isso ocorra, é necessário acima de tudo, estarmos amando a nós mesmos e ao nosso próximo. E, estarmos em paz conosco mesmos e com o mundo que nos envolve e nos cerca de muitos e muitos milhões e milhões de estímulos a tudo e a todos. Inclusive, aos inumeráveis apelos consumistas.

ATIVIDADES DO VARAL •

Inscrições abertas para a revista de março que trará a MULHER como tema. Até 25 de janeiro;

Inscrições abertas para o II Prêmio Varal do Brasil de Literatura. Solicite o regulamento através de nosso e-mail ou leia em nossos site e blog;

Inscrições abertas para o 28o Salão Internacional do Livro de Genebra (30 de abril a 4 de maio de 2014). Você pode se inscrever para vir autografar ou apenas para enviar seus livros e estar presente em nosso catálogo. Peça o dossiê do autor através de nosso e-mail varaldobrasil@gmail.com


O MAL DE SEPÚLVEDA

que o compadre Moura viu, realmente não era uma onça. Era um lobisomem...

Por George dos Santos Pacheco

– Mas não é possível! Nunca tivemos isso por aqui... – reclamou Sepúlveda.

As coisas não iam nada bem em Abaruna, uma pequena cidade encravada na serra fluminense. Um lugar aprazível, de clima ameno, com rios e cachoeiras onde muitos mergulhavam a fim de restabelecer suas forças. Com essas qualidades, havia ganhado o apelido de “Pedaço do Céu”, exibido no pórtico da cidade. Sua economia girava em torno da criação de bois, porém, os mais pobres criavam cabras. Sepúlveda era um deles. Havia se mudado para lá há um ano com sua esposa, buscando uma vida melhor.

– Também nunca tivemos onças... – disse Zaqueu, um pouco desconfiado. – Isso não existe gente! Vocês estão malucos? – disse Chico, o dono da venda. – Se não fizermos nada, um dia pode ser um de nós que amanhecerá morto pela criatura, seja ela onça ou lobisomem... – disse Dr. Nunes seriamente. Era o único que parecia acreditar plenamente na existência das tais criaturas.

– Para mim chega! Vocês estão todos bêbados, a começar pelo doutorzinho! – disse Sepúlveda, Levantava todos os dias às cinco da manhã. ao sair do bar, cambaleante. Ordenhava algumas cabras, depois soltava todo o – Me respeite Sepúlveda! Volte aqui seu borrebanho para pastar, recolhendo-os à tardinha. Com ra botas! – disse ele levantando-se. Cuspia ao falar, e o leite, sua dedicada esposa fabricava queijos que seu rosto havia corado. eram vendidos na cidade. À noite costumava ir à – Acalme-se homem... – disse Chico. venda tomar uma pinga, e jogar sinuca, enquanto Margarete ficava em casa rezando. O assunto da vez – Façamos o seguinte: Iremos todos para casa era o aparecimento de uma onça na região. Dezenas hoje, e pensaremos no assunto. Amanhã nos reunirede animais estavam aparecendo mortos nos sítios, mos mais uma vez e decidiremos o que fazer... – discom os corpos dilacerados. Não sobrava quase nada. se Dr. Nunes com uma autoridade que nenhum outro – Bota mais uma, Chico! – disse ele, seguran- tinha. do o taco em uma das mãos. Os homens saíram um a um da venda, calados e preocupados. Suas casas ficavam a léguas dali – Então compadre, devemos formar um grue a noite ia alta. Por mais que não acreditassem na po para caçar essa onça. – disse Sebastião dando história, os sons dos animais noturnos e o vento que uma golada na cachaça, deixando escorrer pelo canto da boca, que ele eventualmente limpava com a man- sibilava nas árvores assustavam. Mas eles fingiam não se abater... ga da camisa. – Então pai... Acredita no doutor? – pergun– De acordo compadre! – disse o Dr. Nunes, o único fazendeiro presente. Falava como se também tou Zaqueu enquanto caminhavam pela estrada emfosse integrar o grupo. Não iria. Com certeza seria poeirada. um empregado seu... – Olha filho, seu avô contava essas histórias – Devemos ter cuidado senhores... Afinal, desde que eu era moleque. Mas eu só vou acreditar ninguém viu ainda a tal onça... – disse Zaqueu, que no dia em que eu vir um... – disse ele pegando uma pequena trilha que dava em sua casa. era filho de Sebastião. Caminharam em silêncio até que ouviram um – Não entendo o porquê dessa sua insegurança... O compadre Moura viu a onça devorando uma animal rosnando, que parecia enorme. Pararam de de suas cabras, não foi Moura? – disse o pai de Za- caminhar, mas continuavam a ouvir o rosnado. Ambos sentiram um arrepio percorrer a espinha. A morqueu. te parecia iminente. Ousaram dar mais passos, mas a – Na verdade... não tenho certeza se era uma criatura rosnava mais. Não tiveram coragem de olhar onça... – disse Moura abaixando a cabeça. – Apesar para trás. da lua cheia, o bicho estava longe e eu não pude ver Decidiram correr. As passadas do bicho batimais que seus olhos vermelhos. Mas era grande, do am pesadas ao chão, após eles, e mais velho foi altamanho de uma onça ou maior. cançado. A criatura de quase dois metros, pelos mar– Você disse Lua Cheia? – perguntou Dr. Nu- rons e olhos vermelhos, que estava ofegante e babannes. do, deu-lhe um violento golpe, derrubando-o ao chão. Sebastião lançou um olhar suplicante para o – Sim doutor... – respondeu Moura. filho que não pode fazer nada. – Temo estarmos lidando com uma criatura (Segue) do mal... – disse ele limpando o suor da testa. – Isso


O lobisomem lançou-se sobre ele, que gritava precisava estar pronto para a caçada. Aproximou-se desesperadamente, mordendo-o diretamente no pes- da mulher, deu-lhe um beijo e a abraçou. coço. Seu sangue quente jorrava e a criatura parecia – Eu te amo! Se algo me acontecer, saiba que se divertir com seu corpo, arrancando-lhe pedaços de sempre te amei e para sempre te amarei! – disse ele carne, uivando e rugindo. com os olhos marejados. – O Senhor é meu pastor, nada me faltará... – – Eu também te amo querido! Não há de te recitava o rapaz correndo e chorando. acontecer nada! – disse ela com ar tristonho. Sepúlveda cambaleava a caminho de casa, O grupo reuniu-se na venda, como combinacom a roupa suja e rasgada, provavelmente devido a do, e saiu com armas em punho. Inclusive Zaqueu, um tombo. Não temia nada. Não era bravura, apenas que havia perdido o pai recentemente, estava lá, proo efeito da bebida. Alguns ficam corajosos com poumetendo vingança. Dr. Nunes mandou avisar que cos goles. tinha um sério compromisso e que infelizmente não Abriu sua porta, que rangia sombriamente, poderia ir, mas mandou um de seus capatazes... quebrando o silêncio que insistia em permanecer ali. Caminharam mata adentro tendo somente a Descalçou-se e entrou lentamente, temendo acordar lua como farol. Preparavam uma armadilha para o a mulher, que estava no quartinho. Uma semana por monstro. Prenderam uma cabra numa estaca fincada mês ela dormia separada do marido. Coisas de muao chão, ficando à espreita. Puderam perceber o molher... vimento brusco dos arbustos, a respiração ofegante e Pelo caminho vinha pensando na história do suas passadas que ficavam cada vez mais fortes e Dr. Nunes. Era melhor se precaver. Conferiu as jane- próximas. Finalmente ele saltou sobre a cabra, morlas, e trancou a porta de seu quarto, pegando uma dendo ferozmente seu pescoço. Mal podiam acrediespingarda que havia atrás dela. Colocou-a ao seu tar no que viam... lado na cama e dormiu. – Desgraçado! – gritou Zaqueu saindo da toNo dia seguinte, Sepúlveda chegou da venda caia atirando na criatura, que deu um forte rugido e com o pão debaixo do braço e com os olhos arrega- se embrenhou na mata novamente. lados. – Não Zaqueu! – gritaram eles. A atitude do – Que cara é essa, bem? – perguntou Marga- moço estava pondo tudo a perder. rete. Tinha por volta de um metro e sessenta, pele O monstro agitava as folhas ao redor do rapálida e olhos lânguidos. paz e toda a equipe se aproximou. Temiam pelo pior. – O compadre Sebastião morreu! – disse ele A criatura parecia estar se preparando para o ataque. com a voz baixa. Nem ele mesmo conseguia acredi– Volte aqui seu desgraçado! – disse ele distar no que dizia. parando um tiro na direção da mata. Não ouviram – Ara! Mas morreu de quê? – perguntou ela mais som nenhum. De repente, os outros, que estatomando o pão de suas mãos. vam a uma distância considerável de Zaqueu, avista– Ah mulher... Um bicho atacou a ele o filho ram o monstro que caminhava lentamente e silenciono caminho de casa ontem à noite. O Zaqueu disse so. que foi lobisomem...

– Não! – gritou Chico, mas era tarde. Zaqueu teve tempo apenas de virar-se e desferir-lhe um tiro, – Mas que absurdo! – disse ela levando as mas a criatura o devorou assim como fez com seu mãos ao rosto. – Não acho que isso exista... pai. Os homens atiraram nela, mas o monstro fugiu – Mas agora a coisa é séria... O compadre para a mata. Moura já havia visto a criatura, mas ninguém tinha – Minha casa fica para lá! – disse Sepúlveda morrido ainda. E eu mesmo não acreditava, mas depois dessa... – disse ele saindo de casa. Voltou minu- preocupado com a mulher. Ela podia estar correndo tos depois com algumas tábuas debaixo do braço, perigo! um martelo e pregos. Correram atrás do bicho. Avistaram-no caído já no quintal da casa de Sepúlveda e o primeiro a se – O que vai fazer? – perguntou ela, confusa. aproximar foi ele, que logo viu a janela do quarto de – Você não me abra as portas nem as janelas sua mulher, completamente destruída. Ele estava desta casa por nada esta noite! – disse ele enquanto ofegante e ferido, parecendo se arrastar para a casa. pregava as tábuas nas janelas. – Hoje vamos caçar a Seus olhos lacrimejavam e ele rugia baixinho, como criatura! um filhote na presença da mãe. Depois de reforçar as janelas e portas, limpou a espingarda, que não podia falhar quando fosse ne(Segue) cessária. O sol já estava no horizonte e Sepúlveda


– O que fez com minha mulher? – esbravejou – Volte para as trevas, monstro! – disse Sepúlveda atirando no lobisomem. Ele deu um grande grito e ficou encarando-o, com a respiração rápida e curta. Aquele olhar lhe era familiar... A criatura foi perdendo tamanho. Seus pelos sumiam rapidamente. As feições femininas não demoraram a surgir e o corpo esguio de Margarete jazia moribundo em frente a seu marido. Tudo então começou a fazer sentido. As noites que ela preferia passar sozinha, eram exatamente as sete noites da lua cheia... – Não! Margarete! – disse ele jogando a arma ao chão e abraçando o corpo nu da esposa, chorando copiosamente. – Me perdoe... – disse ela, expirando em seus braços. – O que estão esperando? – esbravejou ele com o rosto banhado em lágrimas. - Terminem logo com isso! – disse ele, abraçando ainda mais o corpo flácido da esposa. Sua vida agora não fazia mais sentido. O capataz de Dr. Nunes tentou detê-lo, mas Chico e Moura o impediram, pois entenderam a súplica do amigo. Sepúlveda não queria que sua mulher ficasse conhecida como o monstro. Entregou então a sua vida, para que salvasse ao menos a reputação dela. Seus amigos, com as armas, o livraram do martírio e ele tomou o lugar de Margarete. Ficou conhecido como o terrível lobisomem de Abaruna, morto enquanto devorava a própria mulher.


Noites inusitadas

Por Edson José dos Santos

E o problema do ar condicionado persistia por mais uma noite de trabalho... Cheguei ao meu limite de tolerância; após sete anos no emprego, e como o técnico da manutenção solucionara, pela primeira vez era necessário pela primeira vez fazer uma reclamação ao chefe. Dotado de bom senso e simpatizante do trabalho em equipe; não faria uma reclamação comum como às dos demais colegas, mas uma dissertação, descritiva e narrativa através da escrita de um texto conforme as regras do português padrão e não padrão... Deveria ser um texto que expressasse a minha indignação; algo de maneira tal, que meu jeito pacato outrora me negara; que mostrasse a minha desesperadora situação trabalhista; que sensibilizassem o chefe; que fossem inteligíveis com argumentos convincentes e cômicos a ele e a quem o lesse; mas que, sobretudo o texto deveria meio incomodativo por busca da solução do famigerado ar condicionado. Então peguei o bloco de anotações, a caneta esferográfica azul e comecei escrevendo... Como de práxis passei o cartão do relógio de ponto da clínica e caminhei pelo corredor central indo em direção ao local de trabalho, à farmácia do centro cirúrgico. Cumprimentei a colega que simultaneamente despedia-se dando a chave da porta e recomendações do chefe. Assim, assumi mais um plantão de 12 horas... Abri, entrei e fechei a porta do setor de trabalho e deparei-me com o equipamento de ar ainda danificado e conseqüentemente um calor quase insuportável dentro do pequeno recinto. Então pensei: - Meeeeeeeeeeeeeu Deus!... Como trabalhar em situação tão adversa?... E os medicamentos em temperaturas inapropriadas?!... Nem um ventiladorzinho!... Verdadeiramente; estou no sal!... Numa atitude desesperadora e temendo uma eventual invasão de pragas, com mosca ou algum inseto enxerido, baixei a pesada janela de vidro isolando provisoriamente o centro cirúrgico de sua farmácia. Embora perante as solicitações necessárias dos técnicos de saúde, sempre que necessário tinha que levantá-la... Depois sentei na cadeira defronte à porta, segurei-a e fiz dela ora leque por improviso; ora aberta devido o cansaço do fatigado movimento de indo e vindo com o braço. Enfim, tudo isso na ânsia desesperadora e desenfreada por uma singela brisa. Mas por ser uma situação atípica e por despertar a atenção de outros profissionais que por ali passavam, fechei a porta e dai em diante foi suor, lenço e fadiga; fadiga, lenços e suor... Assim passou a noite e amanheceu o dia e veio outra noite e o dia; noite e di... à noite e o d... a noite e o... o dia e a noite... à noite... a noit... a noi... a no...


LITERATURA INFANTIL BRASILEIRA

Tenho me interessado bastante em conhecer, aprofundar-me, em tudo quanto diz respeito às

Por Esther Rogessi

nossas raízes. O meu interesse em participar de seminários, oficinas, palestras e cursos,

Esta abordagem objetiva, a explicitação da ne- com abordagens na cultura afro-brasileira, afrocessidade de publicações textuais, cu-

indígena, África lusófona, tem crescido e acres-

jos personagens infantis e infanto-juvenis se-

cido o meu entendimento, concernente às nos-

jam – também – representados por suas pró-

sas raízes. Temos alcançado um relativo pro-

prias etnias, visto a escassez dos personagens gresso concernente à educação antipreconceiafros.

tuosa do nosso povo, durante quase que trinta

Por que um dos mais conhecidos, e populares

anos, no tocante aos afros. Porém, não pode-

personagens infantis negros - "O Saci Pererê,"

mos negar que às marcas dos seus sofridos

denota o mal e retrata – o portador de deficiên- passados, persiste no âmago de muitos. Marcia física, como que, algo cômico?

cas repassadas em forma de histórias conta-

Por que a Branca de Neve além de branca, ain- das pelos griôts, aos seus descendentes, as da, é “Neve?”

quais, hoje, temos conhecimento – o que res-

Por que as princesas e fadas são sempre bran- salta a importante tarefa desses sábios ancas?

ciãos. Nesses anos à Literatura Infantil e Infanto-

Faz-se necessário haver mudanças na Literatu- juvenil brasileira, tem prosperado, isso é fato. ra Infantil Brasileira concernente, aos persona-

Porém, falta divulgação – o que objetivou essa

gens tradicionais da Literatura Infantil e Infanto narrativa, sobre a dificuldade de se encontrar o -juvenil. Às crianças afro-brasileiras necessi-

citado material literário.

tam, também, de personagens afros, tanto quanto, às crianças índias necessitam de personagens indígenas. Uma criança falou para os seus pais: “ – Não posso ser a princesa na peça teatral da minha escola... Às princesas são brancas...” Fez-se necessária uma exaustiva busca, nas prateleiras das nossas livrarias, por livros que tivessem personagens afro-brasileiros, na nossa literatura infantil, para que àquela criança tomasse consciência da beleza e importância da sua negritude, sem que sofresse sequelas.

Imagem: Brasil Cultura


Entre tantos autores maravilhosos temos a Ana Logo ela que amava todas às leituras feitas em Maria Machado com “Menina bonita do laço de sala de aula; que estava descobrindo a leitura fita” – bela literatura infantil, porém, trago à to-

naquele ano, representante dos afrodescen-

na, as marcas do passado, anteriormente cita-

dentes, vir com aquela fala... Mas, eu não me

das, dessa feita, através do depoimento de

intimidei, não fiz o que me pedia, continuei a

uma educadora que, quando lia em sala de au- ler até o fim, mesmo diante das caras e bocas la, “Menina bonita do laço de fita” percebeu o

da menina. Quando terminei de ler, ela adorou,

mal causado pelo preconceito e às marcas ori-

não a história, mas o fato de não mais ouvir

undas, desse preconceito, em uma aluna.

aquela história – chata!”

Ao estimular a sua turma à leitura falou para os seus alunos: “ – Gente, eu trouxe um livro que

Depois desse relato, faço algumas observa-

gosto muito, e, quero ler para vocês: “Menina

ções, ou melhor, faço minhas leituras a respeito

bonita do laço de fita” da autoria de Ana Maria

do comportamento da criança diante da leitura

Machado!

citada; acredito que grande parte do desconforto da aluna ( 4º ano , 9 anos de idade) vem de sua cor, pois o livro faz menção a uma criança negra, e ela é a única criança negra da sala, ou era, até o ano passado; recentemente recebemos um garotinho negro. Quando eu explicava os porquês de como o personagem do livro ficar pretinho, automaticamente, às crianças a olhavam, e, os olhares causava-lhe mal estar; não sentia representar os negros, sentia ser a diferente da sala - a negra, inferiorizando-se, já que não assumia a sua negritude.

Comecei a fazer à leitura, a cada página que

Outra leitura que pode ser feita também é que

eu lia tinha uma aluna que se contorcia, de-

ela não se identificava como a menina bonita

monstrando seu desagrado diante da escolha

pretinha, quando questionada sobre sua cor

da leitura. Em um determinado momento, já

nomeava-se, morena clara. Não se identificava

quase do meio para o fim da leitura, a aluna

como afrodescendente; não se via representa-

falou: – “Oh professora, eu não gosto desse

da naquela narrativa, naquelas imagens...”

livro!”

(Segue)


Diante de todas às conquistas, das quais, te-

História Brasileira.

mos conhecimento nesses anos, podemos com • Art.79-B. O calendário escolar incluirá o dia certeza aplaudir a iniciativa governamental,

20 de novembro como "Dia Nacional da Cons-

quando no início do ano de 2003, o então presi- ciência Negra". dente da República Luiz Inácio Lula da Silva,

A referida Lei propõe reflexões relevantes para

reconhecendo a importância das lutas antirra-

a implantação de ações educacionais que bus-

cistas dos movimentos sociais negros, reco-

quem a superação do racismo e a valorização

nhecendo às injustiças e discriminações raci-

da população afrodescendente. Acredita-se

ais, contra os negros no Brasil e dando prosse- que, uma vez alcançados os objetivos previstos guimento à construção de um ensino democrá- nesta legislação, seus efeitos poderão repercutico que incorporasse a história e a dignidade

tir em toda a sociedade, podendo transformá-la

de todos os povos que participaram da constru- em uma sociedade mais igualitária. ção do Brasil, contribuíram para a alteração da Lei nº 9.394/96 - que estabelece às diretrizes e bases da educação nacional -, sancionando a Lei Nº 10.369/03. A Lei nº 9.394/96 passou a vigorar acrescida de artigos que incluem as seguintes diretrizes: • Art.26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-brasileira. • §1º. O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinen-

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• §2º. Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e

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Separação de Sílabas Por Felipe Cattapan

-

pi

de

-

sem canto

nem preposição resta a proporção geométrica (no centro da mensagem)

sobrevivendo à separação que lapida a linguagem numa imagem em decomposição


Sou professor! Por Eloisa Menezes Pereira

Professor ,mágico da informação Persiste na História Protagonizando a memória Resgata a educação

Desmotivado, engatinha Fortalecido pela esperança Novos olhares mantinha Na transformação da criança

A sociedade o reconhece Degustas a evolução Na aprendizagem amanhece Aprimorando a construção

Agradecemos a ti, professor Os cidadãos que formaste Esculpindo o mentor Homem o tornaste


Eu Venho Por Eliane Maria

Hoje, eu venho abrir o Portal do Caminho do Regresso . . . ... ao Coração de Deus Pai-Mãe.

Prestem atenção . . .

Eu venho . . . Hoje . . .

Preparem-se !

Eu venho . . .

Escutem!

Eu abraço e permeio toda a Terra com a plenitude do Meu Amor e da Minha Luz.

Olhem e vejam . . . Vejam meus amados anjos

Eu venho . . .

Vejam meus anjos mensageiros

Eu abraço, e permeio todas as creaturas, filhos e filhas do Creador

Vejam meus anjos da cura e do perdão

Eu abraço e permeio todas as formas de Vida

Vejam,

Eu abraço e permeio toda e qualquer partícula de Vida

Vejam meus anjos guerreiros

Estão todos aqui . . . Serafins, Querubins, Potestades, Tronos, Anjos, Arcanjos ... Vejam . . . são milhares . . . são milhões Iluminando e colorindo os céus com suas Divinas Presenças Entoando os Cânticos Celestiais ... Preparando, Anunciando com júbilo a Minha Chegada. Eu venho a todos os lugares Eu venho a todas as direções Hoje, eu venho a todos vocês ! Hoje, Eu venho Eu venho abraçar-vos com meu Divino Amor

Eu abraço e permeio todos os estados de consciência Eu abraço e permeio os quatro reinos da natureza Eu vos abraço com o anúncio da Redenção! Eu vos abraço com o Milagre da Ressurreição! Hoje, Eu venho . . . suave... porém potencialmente .... Eu venho para triunfar Eu venho para reinar Eu venho em Compaixão Eu venho para vos redimir Eu venho para vos libertar Eu venho para vos glorificar Eu venho para vos arrebatar na Suprema Glória da Unidade!

Eu venho abraçar-vos com meu Flamejante Coração

Desnudem suas almas ...

Eu venho abraçar-vos com a Pureza da minha Luz

Abram-se verdadeiramente ...

Rendam-se inteiramente ...

Eu venho abraçar-vos com o Esplendor da Verdade

Abram-se docemente ...

Eu venho abraçar-vos com a Paz.

(Segue)

Eu venho oferecer-lhes a Liberdade.


Abram-se delicadamente ...

Venham meus queridos,

Assim como o fazem as flores ...

Venham todos vós

Entreguem-se ao Abraço Cósmico do meu Amor ... O Amor do Cristo

Todos vos estamos esperando.

Para que Eu , O CRISTO ,

Venham, venham, venham...

Seja Vivo, latente e atuante

Mergulhem incondicionalmente no Meu Abraço...

Em cada uma das creaturas do Creador

Em abandono, abracem o Portal do Meu Abraço.

Em cada partícula de Vida na Terra Em cada um de vós. Unamo-nos todos no Abraço Cósmico do Amor do Cristo. Abracemo-nos ... abracemo-nos ... abracemo-nos ! No Coração do Cristo, sejamos todos Um. Hoje, Eu venho, eu venho, eu venho Para vocês, por vocês e em vocês ... Eu venho, Prestem atenção, Preparem-se ! Eu venho. Eu, o Cristo , venho hoje, para o tão esperado Abraço ! Eu venho, em Triunfo e Glória Eu venho para viver e resplandecer no coração de cada um de vós. Eu venho para que bebam da Sagrada Taça ... Eu venho iniciar a vossa Ascensão na Luz. Venham, Tudo está divinamente orquestrado ... O Portal está aberto ... O Portal é o Meu Abraço, O Meu Abraço é o Caminho do Regresso.

Venham.



HISTÓRIA DO BRASIL SOB A ÓTICA FEMININA Hebe C. Boa-Viagem A. Costa

O simples fato de Lourença fazer a limpeza de sua casa às sextas-feiras levou os inquisidores a pensarem que era para ela poder guardar o sábado, o Grande Dia, segundo os costumes judaicos. Essa suspeita causou uma reviravolta na família. As denúncias do Tribunal do Santo Ofício levaram D. João V a ordenar a presença em Lisboa de todos os adeptos do judaísmo residentes no Brasil. Começa aí a terrível saga que a família Silva iria percorrer. Da confortável residência em que viviam, os Silvas foram parar nos porões dos navios abarrotados de outros cristãos novos. Lourença Coutinho Século XVIII

Todos esses infelizes, espoliados de seus bens, não tinham a menor idéia do que estava para acontecer. Foi então que os filhos de Lourença

Cristã - nova, vítima da Inquisição

souberam que seus antepassados e eles mes-

Lourença nasceu no Rio de Janei- mos eram judeus. ro e pertencia a uma família de cristãos - novos radicados no Brasil há duas gerações. Todos eles estavam em boa situação financeira, eram cultos e nada sabiam do judaísmo que seus avós professavam antes de virem para o Brasil. Tornaram-se cristãos e viviam aqui dentro dos preceitos da religião que adotaram.

Ao chegar a Portugal, Lourença foi presa e os filhos ficaram privados da presença da mãe. O caçula, Antonio José, tinha apenas oito anos e não podia compreender a razão dessa prisão. “Após sua regeneração”, Lourença foi absolvida e voltou para o lar. A sua vida e dos seus familiares, nunca mais voltou a ser

Lourença era casada com o advo- como aquela que haviam desfrutado no Brasil. gado João Mendes da Silva. O casal tinha três filhos: André, Baltazar e Antonio José, todos eles batizados na Sé do Rio de Janeiro.

(Segue)


Antonio José cresceu nesse am-

Na confusão da dor o bem perdi-

biente, estudou em Coimbra e logo se destacou

do / nunca se encontra/ ainda que

como comediógrafo, advogado e poeta luso-

achado.

brasileiro. Intelectuais se reuniam frequente-

Com o retorno da mãe Antonio

mente na casa do conde de Ericeira e, num José se animou e escreveu uma ópera que desses encontros, Antonio José, Francisco Xa- seria apresentada nos festejos do casamento vier de Oliveira e o padre Álvares de Aguiar ri- do príncipe D. José. Novamente desfrutava da dicularizaram um livro infamante contra os ju- amizade dos nobres. Resolveu também escredeus. Esses comentários chegaram aos ouvi- ver peças para o povo em geral. Partindo da dos dos inquisidores e, dias depois, os três so- obra de Cervantes e criando situações novas freram as consequências dessa imprudência. escreveu Vida do Grande D. Quixote de La Antonio José foi preso e Lourença Mancha e obteve muito sucesso. Em 1733 também, ambos sob acusação de judaizantes. apresentou Esopaida ou a Vida de Esopo e o Ao ser perguntado sobre qual era sua religião, resultado foi muito bom, ou até muito melhor, Antonio José disse não ter nenhuma, mas os do que o da primeira peça. O teatro popular inquisidores acusaram-no de judaizante e por passou a atrair mais espectadores do que isso estaria obrigado a denunciar todas as pes- aqueles freqüentados pelos nobres. As outras soas com quem comunicou as leis de Moisés, companhias teatrais começaram a ver Antonio fossem vivas ou mortas, parentes ou não. Co- José, o Judeu, como um concorrente que precimo se mantivesse em silêncio foi encaminhado sava ser descartado. para a prisão onde deveria procurar lembrar-se

Antonio José, em 1733, casou-se com Lede nomes e fatos, sem nada omitir. Ao ser no- onor, uma cristã - nova, que já havia sido pervamente interrogado, denunciou uma só pes- seguida pelo Santo Oficio. Os Inquisidores essoa já falecida, o que não foi considerado sufi- tavam atentos e procuravam nas peças do ciente para absolvê-lo. Ainda havia uma agra- aplaudido comediógrafo, indiretas mordazes vante, pois ele não citara nem uma vez o nome que os censores não teriam percebido. A fama de sua mãe, Lourença Coutinho. Isso determi- de Antonio José atingiu o auge com a sétima nou que ele fosse posto a tormento e, sob jura- peça: Variedades de Prometeu e já estava enmento, prometeu que nada diria sobre o que saiando a oitava, Precipícios de Faetone, visse, ouvisse ou sentisse. Quando foi absolvi- quando novamente começou o seu calvário. do, depois de abjurar e de prometer jamais re- Uma escrava, por vingança, foi ao Tribunal do cair em heresia, Antonio José ficou arredio com Santo Ofício levantar falsos testemunhos a Anmedo de ser novamente preso e complicar a tonio José e a toda a gente da casa. Assim, no situação da mãe que ainda estava encarcera- dia 5 de outubro de 1737, a família reuniu-se da. para comemorar o segundo aniversário de Lourença foi libertada três anos Lourencinha, a filha de Antonio José. depois e a vida parecia que voltava ao normal. Dessa fase Antonio José escreveu:

(Segue)


Era um sábado, dia sagrado para os judeus. A concorrência de tantos fatores propiciou à Inquisição poder invadir a casa e prender Antonio José, Lourença e Leonor. Poderosos tentaram interceder a seu favor, mas os Inquisidores foram inflexíveis. Antonio José, o Judeu, como ficou conhecido, foi condenado à morte. Sendo acusado de judaizante, teve pena mais branda, isto é, não seria queimado vivo e sim depois de morto. Como era costume na época, o rei, altos dignitários, os inquisidores e a população curiosa assistiram a sua execução. Numa de suas peças Antonio José dizia: Sabei que justiça é coisa pintada. Já sei infeliz que como és cega não verás da sentença a iniquidade” Condenada à prisão perpétua Lourença Coutinho, aos 61 anos de idade, assistiu todo o martírio do filho e, pouco tempo depois, faleceu.

Para saber mais COSTA, H.Boa-Viagem A. Elas as pioneiras do Brasil – são Paulo, Ed. Scortecci, p.55. 2005


REFLEXÕES E PRÁTICAS GEOGRÁFICAS

Ricardo Santos de Almeida

devido a pouca ou duvidosa quantidade de in“O sentido da Ciência Geográfica e a contri- formações sobre a pré-história, já no caso da buição de estudiosos”

segunda divisão esta contém mais conteúdo, no que se referem aos conhecimentos adquiri-

A Geografia pode ser considerada a ci- dos após as primeiras explorações do ser huência com história mais longa devido às ten- mano que viabilizou seu processo evolutivo e dências dos povos antigos que migravam para em paralelo a isto, as questões agrárias estão várias localidades na Terra deixando rastros, diretamente associadas, pois são neste moenriquecendo a partir disso conhecimento sobre mento que estão inseridas as técnicas que viaas paisagens e seus obstáculos naturais, mes- bilizam a transformação da natureza, pois para mo assim tornou-se ciência no final do Século Moreira (1982, p. 1.) a natureza socializada é a XVIII na Alemanha e se consolida no início do natureza original, transmutada. Século XIX. Nos Séculos anteriores a ciência

A primeira natureza permanece em es-

geográfica ainda não era assim classificada, sência na segunda natureza, a natureza socialipois os mitos, lendas e ainda a falta de um ob- zada, havendo entre as duas uma unidade diajeto de estudo especifico inviabilizavam a sua lética: são e não são, a um só tempo, a mesma consolidação.

coisa. É com o homem primitivo que as ques-

Para Moraes (2003) as ideias geográfi- tões territoriais que remetem a disputa por pocas surgiram com os povos antigos e se davam der de determinadas áreas para atender a seus através de conhecimentos de como se davam anseios surgem e para tal torna-se necessária as estações do ano, o comportamento dos rios a transformação da primeira em segunda natue áreas costeiras e que viabilizavam o acesso a reza. alimentos, possibilitando também a observação

Moraes (2003) afirma que a ciência geo-

sobre os componentes da fauna e flora. Contu- gráfica começa a ser reconhecida como ciência do, viabilizava também como se davam as rela- a partir do alastramento das relações capitalisções sociais e deslocamentos.

tas de produção pelo mundo com a Revolução

É necessário frisar que há uma subdivi- Burguesa na Inglaterra e o início do processo são do conhecimento geográfico em antes e efetivado na França nos fins do Século XVIII. posterior aos registros históricos principalmente (Segue)


O principal desafio da ciência geográfica confiscado. Mesmo assim, os árabes traduziera sua ligação com a História pondo questões ram e apossaram-se de documentos e livros de se a Geografia era ou não algo para ilustrá- que estavam nas bibliotecas de Alexandria e de la e como se dariam os estudos entre natureza Ptolomeu e os possibilitaram o conhecimento e o homem.

das obras fundamentais de Aristóteles e de

Moraes (2003) destaca que é com os Ptolomeu, que mesmo não sendo geógrafos povos orientais que se dá o desenvolvimento possuem estudos que dependiam de descriempírico, a realização das observações e esta- ções dos lugares e seus contextos sociopolítibelecimento de estudos matemáticos dando cos. Com os povos árabes há mais estudos e

origem a estudos sistemáticos do mundo que

contribuíram significativamente para conhecer aplicações no que se refere aos processos de outros lugares do mundo e suas especificida- urbanização, estudos sobre agricultura, consdes. Quanto aos povos mesopotâmicos e egíp- truções e explorações navais contribuindo ascios são atribuídos os estudos sobre a geome- sim em contatos com outros povos, línguas e tria, agricultura e hidrografia que relacionados costumes sendo socializados também com os possibilitaram o desenvolvimento daquela civili- povos dominados. zação também através das relações comerciais A Igreja Católica, sua influência, a cobiça, decom outros povos.

sejos comerciais, a conversão dos povos e o

O autor também frisa que os gregos acu- bloqueio da transmissão de ideias, hoje consimularam esses conhecimentos supracitados deradas verdadeiras, como a esfericidade terpara tornar sua civilização mais forte sendo pri- restre, também contribuíram significativamente vilegiada pela sua localização, além de contri- para a construção da ciência geográfica, pois buírem com os estudos sistêmicos que viabili- em contradição dialética potencializou a expanzaram a compreensão de fenômenos sísmicos, são marítima inserindo em mapas simbologias de como se desenvolveu a população mediante como monstros marinhos como significado para o ambiente ao qual viviam dependendo de es- as turbulências e demais fenômenos marítimos. tudos mais aprofundados sobre o solo e clima. Além da descoberta de novos mundos, é atraJá sobre os romanos, salienta a preocupação vés desta contradição que foram divulgadas a de Pompônio, Mela e Plínio na descrição do bussola, o astrolábio e a construção de embarvasto império visando indicar a localização de cações mais sofisticadas para a época, como a áreas prósperas que possibilitasse mais rique- caravela e nau. Fomentou também a confecção za a partir da comercialização de produtos, dos postulados ou mapas que descreviam rotas contribuindo assim na construção das vias de marítimas inserindo nestes, informações sobre acesso as cidades, aquáticas ou rodoviárias.

clima, vegetação, vulcanismo e as formas de

Com a expansão do cristianismo há uma ação do homem sobre a natureza e sua relação espécie de retrocesso ao avanço da geografia, com o meio ao qual vive. pois é principalmente durante a Idade Média que muito do que fora produzido sobre o espaço geográfico foi simplesmente ignorado ou

(Segue)


A ciência geográfica para Moraes (2003) os fenômenos a partir das comparações e comse destaca por englobar uma variedade de fe- binações. nômenos estudados, cada um por diferentes

Sob o pensamento iluminista Humboldt

ciências não isolando um objeto especificamen- elaborou propostas e articulações de raciocínios que tornaram a fé na razão como ideário

te seu.

É através de fatores histórico-estruturais para o desenvolvimento intelectual que levaria que se observa a base material das socieda- a sociedade a melhorar seu estado e instituides, o modo de produção ao qual estão inseri- ções políticas. Pensou a história como um prodos e seu processo de desenvolvimento socio- gressivo domínio da natureza pelo pensamenespacial possibilitando ao mundo a expandir-se to, visando instaurar uma ordem social que reno aspecto econômico viabilizando a formula- cuperasse os direitos naturais do homem idenção de postulados científicos e filosóficos como tificados pela via da razão e do conhecimento exemplo, o conceito de espaço geográfico, pois sendo contrario ao pensamento religioso. Seus principais métodos eram a articula[...] o conceito de espaço geográfico se enriquece porque nele se introduz o homem com sua história. Mais claramente, o espaço geográfico é definido como sendo a superfície da terra vista enquanto morada, potencial ou de fato, do homem, sem o qual tal espaço não poderia sequer ser pensado. [...] espaço absoluto o espaço torna-se uma coisa em si mesma, [...] independente [...]. [...] espaço relativo este é entendido a partir de relacionamentos entre objetos, e o espaço relativo só existe porque os objetos existem e se relacionam mutuamente. [...] espaço relacional este é visto como existindo nos objetos, no sentido de que um objeto somente pode existir na medida em que ele contenha e represente dentro de si relações com os outros objetos. (CORRÊA, 1982. p. 1-2).

ção da observação dos fenômenos e sua descrição como reflexão e possibilidade teórica que demanda seu objeto. Observava o levantamento empírico e a filosofia da natureza na busca de novos procedimentos metodológicos e campos de investigação geográficos. Colocou -se contra a especulação elaborando materiais que não se detinham a impressões subjetivas. Segundo Moraes (1990) devido a grande importância do contexto social alemão que por meio da busca por uma organização política e de identidade no campo cientifico que Friedrich

E é neste espaço geográfico que segundo Moraes (2003), no final do Século XVIII, na Alemanha, Alexander Von Humboldt (17691859) com boa origem social legitima a superação do determinismo considerando aspectos naturais e humanos. Neste, não os dissocia utilizando a valorização da estética, da linguagem. Há também a ideia de unidade e enciclopedismo que de modo descritivo articula a observação dos fenômenos e sua reflexão sobre o que está sendo estudado demandariam o objeto da Geografia e com isso generalizavam-se

Ratzel (1844-1904) dirige suas argumentações utilizando conceitos fundamentais da Geografia, como o Território, sendo este uma porção de terra com aglomerado humano sob posse de alguém, e Espaço Vital, enquanto porção do planeta necessária para a reprodução de uma comunidade equilibrando a população e os recursos contidos nela, gerando um caminho para a reformulação destes conceitos. (Segue)


Através desta formulação Ratzel analisa tos que potencializam as concepções políticocomo essenciais a defesa e o direito de um po- sociais contidas nas propostas geográficas de vo a um território, observando-se fatores como Ratzel. violência, guerra, conquistas, o embate entre as

As teorias de Ratzel, primeiro autor a

sociedades, raças e nações como componen- propor uma geografia mais voltada ao entendites naturais, pois o contato entre outros povos mento do homem no espaço geográfico, são se dá através das relações comerciais, assimi- retomadas por autores nazistas que buscavam lação ou guerra. Diferencia a guerra entre ou- a unificação da Alemanha sintetizando a geotros povos naturais ou cultos, ocorrendo primei- grafia como ciência que trabalha e aprende soro a escravidão e posteriormente a real con- bre fenômenos podendo adotar também posiciquista do território.

onamentos. Já Karl Ritter (1779-1859) tratava o

Já na França, no Século XIX, que Paul homem como sujeito da natureza observando o Vidal de La Blache (1845-1918), fundador da mundo diferenciando a natureza da Terra (esta corrente majoritária do pensamento e escola projetada por Deus para o desenvolvimento da geográfica planeja uma Geografia Universal espécie humana) e os fatos sob uma ótica mais que através do estudo da região potencializaria prudente já como sendo religioso divergia na a compreensão do meio físico. Utilizando-se defesa entre ideais racionais e a fé. Partia do dos métodos naturalista, possibilista, positivista geral para o individual, sendo através do métoe relativista sugere como objeto da Geografia: o do redutor ou das conexões os caminhos para estudo das relações entre homem e natureza, a compreensão do contexto histórico para saapenas na perspectiva da paisagem, sendo o ber a evolução social e acelerava a subordinahomem um ser ativo transformador do meio em ção necessária da matéria à lei geral. que vive estudando os gêneros de vida, seus motivos e relação com os meios naturais sendo

Publicado originalmente em:

ALMEIDA, Ricardo Santos. Monitoria da Disciplina Geografia Agrária: Iniciação à Dobilizam a prática da indução e da observação cência para a Formação Acadêmica em Nível dos fenômenos por ele analisados nas paisa- Superior. 2012. 98 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Formação Para a gens por ele pesquisadas especificamente na Docência do Ensino Superior) – Centro Universitário CESMAC, Alagoas. 2012. França durante a Guerra Franco-Prussiana. os traços classificatórios e particulares que via-

Para Ratzel o Estado, segundo Moraes (1990) delimita o território contento patrimônio cultural acumulado e a defesa do espaço vital sendo esta a função da organização da sociedade viabilizando a defesa de seus anseios movidos a partir de interesses próprios possuindo apetite territorial gerando atritos na essência do Estado. Esses atritos a estratégia imperial tornam relativas as inevitabilidades a guerras no período bismarkiano, sendo estes os atribu-

*Ricardo Santos de Almeida é Graduando Geografia Licenciatura pela UFAL/IGDEMA, Especialista em Formação para a Docência do Ensino Superior pelo Centro Universitário CESMAC e Educação do Campo pela Universidade Cândido Mendes.


LITERATURA & ARTE

LUIZ CARLOS AMORIM

O CRESCIMENTO DO LIVRO DIGITAL NO BRASIL

rato que a versão em papel, já que dispensa todo um custo industrial – mão-de-obra, matéria prima, equipamentos, logística de distribuição, etc. No entanto, não é o que vem acontecendo, aqui no Brasil. O preço de alguns livros digitais se aproxima muito do preço da versão tradicional, impressa em papel. A desculpa para a aproximação do preço do ebook brasileiro com o preço do livro impresso é que o e-book não traria apena o texto, ele pode agregar sons, imagens, links para complementação da leitura. E a produção disso seria um tanto elevada. Eu, particularmente, prefiro um livro com o velho e bom texto, para que eu recrie um romance com a minha imaginação e criatividade, partindo do que o autor me oferece. Não quero um monte de entulho e penduricalhos dentro do meu livro. Acho, sim, que o recurso é muito bom para livros infantis, embora pense que também as crianças merecem exercitar a sua imaginação na recriação de uma fábula ou um conto. E nos livros didáticos e técnicos, aí sim os complementos viriam bem a calhar. Então o livro digital pode crescer, sim, mas por mais que cresça, o certo é que ele vai conviver harmoniosamente com o livro impresso, pois por muito e muito tempo aquele livro tradicional, que a gente pode folhear, manusear, que não exige nada para poder ser lido, a não ser a luz, continuará soberano.

A Câmara Brasileira do livro divulgou, recentemente, que a venda de livros digitais – e-books – teve um incremento de 350%, entre 2011 e 2012, embora mesmo com todo este crescimento, isso represente apenas um por cento do faturamento do mercado livreiro. Pouco mais da metade das editoras brasileiras – que não são tantas assim, diga-se de passagem – já aderiram ao livro digital e publicam também nessa plataforma, vendendo os ebooks em lojas virtuais próprias ou em lojas tradicionais deste tipo de publicação, que aportaram no Brasil apostando nesta nova maneira de ler, neste novo nicho. Até porque o Brasil é um mercado em potencial para o livro digital, uma vez que o formato está começando a se popularizar. E se considerarmos que os smartfones e os tablests já são muito populares – já existe mais de um bilhão de telefones multimídia em uso no país, além da grande quantidade de tablets e notebooks – basta que apenas uma parte dos proprietários desses aparelhos compre algum livro eletrônico para ler neles que a venda dos mesmos dispare. É fato que a maioria das pessoas que têm um tablet ou um smartfone nem sabe que pode ler um livro neles, tamanha é a quantidade de opções de uso para eles, mas aí deve entrar o Por Luiz Carlos Amorim –Escritor – Http:// marketing das editoras e dos livreiros. www.prosapoesiaecia.xpg.com.br A verdade é que os e-books brasileiros estão muito caros. O livro impresso, tradicional, sempre foi um produto caro. E livro digital, que dispensa a impressão, deveria sair muito mais ba-


F@L@NDO, DIZENDO E CONT@NDO EM P@RTES, @ VERD@DE J_r_mi[s fr[n]is torr_s BRASIL, AQUI NÃO É CHINA...

to alto! Em recente declaração, mais

A China hoje é uma potência

sob todos os aspectos, inclusive na fabricação precisamente do dia 23 de outubro, o Ministro e exportação de tudo que existe na face da Ter- responsável pelo gerenciamento desse setor, ra. No entanto, a quantidade excessiva de pes- se manifestou de maneira clara, a desqualificar soas e o consumo necessário de gêneros ali- a atitude dos ativistas que inconformados, tenmentícios, fizeram os chineses primar pela do em vista a inamovibilidade das leis e demora emergência, optando por passar a fio de facão em sua aplicação e o pior, de qualquer refortudo que se move. À exceção dos seres huma- mulação, adentraram à sede do Instituto Royal nos, eles comem tudo. A necessidade do povo! e libertaram os animais. O desespero de se manter vivo!

O que no meu mísero ponto de

Aqui no Brasil, no entanto, em vista, demonstra uma visão um pouco estereotiparte acontece o contrário: imensidão de terras pada da realidade, haja vista serem duas quese rios, muita gente, porém, ainda pouco povoa- tões completamente diferentes pautadas dentro do, entretanto, tem-se matado muitos animais de um complexo mesmo assunto. São elas: a que deveriam ser preservados como é o caso libertação dos cães que culminou em infração a do cavalo, do burro e agora, sob o pretexto de lei e a inconformação com uma lei, que há muipesquisas, os cães!

to já deveria ter sido revista!

A Ciência, para ser verdadeira-

Inclusive, senhor Ministro, se-

mente merecedora de destaque no cenário in- melhante ponto de vista ao longo da história da ternacional, nacional e aonde quer que seja, humanidade, dá sim, ensejo a outras interpretadeve ensejar pesquisas enobrecedoras para o ções, inclusive àquela que deixou Sócrates o alívio das doenças dos seres humanos e mes- Filósofo Grego, pouco antes de sua morte, ao mo dos animais com a devida cautela e discer- ser acusado por opositores que corrompia a nimento! Pois, tudo hoje pode ser sabido: redes juventude, quando pregava a sua Maiêutica: sociais, etc. “desobedeço sim, as leis, quando injustas, mas, Violado alguns desses concei- quem desobedece assim as leis, é melhor do tos, os resultados podem ser até satisfatórios, que elas!” mas, o preço que se há de pagar pode ser mui-

(Segue)


Os medicamentos de altos custos que compramos (quando se diz alto custo, é alto custo mesmo), são todos de fórmulas importadas, dos EUA, Europa, etc, até mesmo os medicamentos usados em animais, basicamente todas possuem princípio atuante vindo de fora. Então a pergunta que se faz é a seguinte: por que tantos cachorros em ca.veiro? Se de uma única vez, foram encontrados 200, imagine-se ao longo desses anos todos! No entanto, onde estão os resultados das pesquisas? queremos ver! Queremos entender por que somente nos cães e mais precisamente porque em determinada raça de cães tem que serem feitos esses testes? Respondidas à contento, a avaliação fica com as crianças e com os seres humanos sensíveis a causa do amor ao próximo e o próximo senhores cien.stas, também é um cão!





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