Relato 13 de agosto poa

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Centro Memorial de Matriz Africana 13 de Agosto Responsável: Iyá Vera Soares contato : Rua Monte Verde nº 450, bairro Belém Velho CEP: 91.712-455. Porto Alegre - RS Tel.: (51) 8490 0929 - 9611 1139 E-mail: verasoares-laja@hotmail.com mds.42@hotmail.com verasoareslaja@hotmail.com

Porto Alegre A história oficial do Rio Grande do Sul conta de seu povoamento pelos imigrantes: primeiro foram os alemães, e já em 1822 havia iniciativas do governo brasileiro para atrair colonos e convencer os interessados, e acenou com uma série de vantagens: passagem à custa do governo; concessão gratuita de um lote de terra de 78 hectares; subsidio diário de um franco ou 160 réis a cada colono no primeiro ano e metade no segundo; certa quantidade de bois, vacas, cavalos, porcos e galinhas, na proporção do número de pessoas de cada família. Depois os Italianos, entre 1875 e 1914 de 80 a 100 mil italianos foram introduzidos no Rio Grande do Sul, e no século XX essa corrente continuou, segundo Wikipédia Os africanos não figuram no rol de povos na formação gaúcha – vieram escravizados e permaneceram ‘invisíveis’, interditos, excluídos, empurrados para a periferia pelo desenvolvimento do estado e das cidades. Segundo consta Porto Alegre foi uma das primeiras cidades brasileira a “libertar” seus negros, em 1884. No entanto, como em todo o país, “libertar” foi a legalização de um processo que já se ultrapassara e não significou outra coisa senão remodelar os laços de submissão e exploração sem acesso aos direitos de cidadania aos afrodescendentes. Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, tem uma população de 1,51 milhões de habitantes, conforme o Censo IBGE, 2010, e em 2000, a distribuição constava de 82,4% de brancos, 8,7% negros, 7,8% pardos ou mestiços, 0,5% indígenas, 0,2% amarelos (IBGE).


Em nossa visita de pesquisa, Iyá Vera e Tata Edson nos levaram a conhecer a Porto Alegre de suas memórias, mostrando as dezenas de bairros, antes ocupados pelos negros e também pelos cultos de matriz africana e a sua história de exclusão/expulsão, às vezes violentas, para os bairros de periferia bem distantes. Um estado com características eurocêntricas, onde o povo negro e o povo que luta por outro modo civilizatório enfrentam enormes dificuldades e preconceitos. Porto Alegre é a 2ª. ou 3ª. cidade com melhor qualidade de vida e nós negros pagamos muito caro por nossas vidas. Como o bairro Ilhota, onde esteve o terreiro de Ivo Ogum Onira, em que Iyá Vera assentou seu orixá e que foi desterritorializado, nas palavras dos entrevistados. “Ilhota, que era de negros foi todo “desmanchado” para dar lugar a loteamento de luxo. Na verdade foi a expulsão em massa dos negros”. No bairro da Redenção – as pessoas viviam por aqui, os terreiros se aglutinavam em alguns casarões, como concessão. Foram expulsos. Na Restinga também, e ha histórias semelhantes de muitos outros bairros. O Plano Diretor da Cidade foi tirando todas as casinhas de negros e pobres e ‘mudando’ para mais longe na periferia. E, na época da ditadura era comum: a polícia entrava e quebrava tudo, inclusive todo o sagrado. Para liberar a atividade de terreiros era preciso ter licença na Delegacia de Costumes, aonde vão as meretrizes, estelionatários. A história do Rio Grande do Sul é uma historia de repressão. Muitos terreiros foram destruídos. Muitos pais e mães de santo morreram de desgosto por isto. “O batuque ficou com esse nome porque diziam “é a negrada do batuque”- por conta dos tambores”.

Centro Memorial de Matriz Africana 13 de Agosto Desterritorializado. É como denomina Iyá Vera. Em nossa visita a Porto Alegre não pudemos conhecer o Centro Memorial, pois durante nossas várias tentativas de agendamento acompanhamos um pouco da história de Iyá Vera no desalojamento de onde estava até novembro passado, e a


busca e dificuldades para encontrar outro espaço para assentamento, muito semelhante às histórias que nos contava sobre os preconceitos e interditos da cidade contra os terreiros de matriz africana desde tempos da escravidão até o presente. A maior parte das entrevistas foi realizada em parques públicos da cidade. Contando um pouco de sua história, Iyá Vera diz que em dezembro de 1978, abriu o terreiro, com assentamento de Oiá (Iansã), mas ainda no terreiro do seu Babalorixá, Ivo Ogum Onira, como extensão do terreiro e do Centro Africano Na. Senhora dos Navegantes. Em 24 de setembro de 1985 teve orientação de criar um espaço próprio para assentar casa e fundou o Centro Memorial 13 de Agosto, cujo nome, sugerido por uma filha sua seguidora, remete ao aniversário de mãe Vera. Porém, nessa época não teve condições financeiras para compra de um lugar. Como ficou viúva e tinha os cinco filhos pequenos, era auxiliar de enfermagem e trabalhou quinze anos em hospital -, nunca conseguiu ter um território próprio – sempre foi em casa alugada. Durante esse tempo viveu o problema do preconceito em Porto Alegre com vários despejos e mudanças de casa. Até novembro de 2012 tinha um espaço grande, no Bairro Belém Novo, que inclusive pretendia comprar. Mas foi desalojada: entraram em sua casa e foi tirado tudo de lá. “ele (o dono do espaço) preferiu doar o lugar para um templo da Universal”. Desde então fez várias tentativas para alugar outro espaço, mas tem sido muito difícil, tanto pela pressão dos preços, quanto pelas exigências dos proprietários que se recusam a alugar espaço para terreiro. Atualmente tem suas imagens e os materiais do sagrado em seu apartamento. Agora finalmente está tentando se refazer, priorizar o espaço e finalmente assentá-lo em lugar próprio.

Ancestralidade. A visão de mundo, alguns conceitos – Iyá Vera e Tata Edson


O Batuque pra nós é o barulho do tambor, a essência, a fé, o espaço da fé, a visão de mundo, a civilização e isso inclui a língua, o costume, o modo de andar, a harmonia do povo do terreiro, que é único, que é a matriz africana. Iyá Vera e Tata Edson desde o inicio de nossas conversas se mostraram muito atentos à questão da linguagem, ou melhor, dos conceitos que segundo eles, para alem de superação dos preconceitos, precisam ser compreendidos a partir do sentido que lhe dá a visão de mundo dessa civilização. Reproduzimos abaixo em parte de suas falas:

Ialorixá Vera de Oiá Laja Segundo Iyá Vera, antes dizia “sou mãe de santo” e já teve várias denominações como ‘povo de santo, afro-descendentes, Mãe de Santo, Sacerdotisa, Sacerdote, Pai de Santo, Cacique “não sei do quê”, qualquer coisa, exceto como se reconhecem – oriundos forçados da África, que nasceram e cresceram no Brasil, e todavia conservam a etnia, a sua história, a sua origem e a sua visão de mundo’. A Ialorixá, Iyás e os filhos da casa: Hoje falo dos “meus seguidores e do espaço onde eu zelo pelos orixás”. Iyá Vera diz que até o século passado as formas religiosas cobriam as formas de resistência no sentido de defesa, de preservação de sua cultura. Atualmente, essas formas de resistência se modificam com a afirmação de sua etnia, história e visão do mundo próprias e a exigência do reconhecimento e de respeito na vivencia dessa heterogeneidade de etnias existente no país. E, principalmente, afirmando-se no político, com ações afirmativas de cidadania, de direitos e de acesso a políticas públicas para uma população secularmente excluída, e que necessita do conhecimento de sua história. . Hoje se discute ações afirmativas na resignificação do próprio terreiro. Até anos atrás não se afirmava o seu papel, encoberto pelo religioso. Mas, um terreiro tem outros papeis para além da religião – ‘quantas vezes fazemos papel de educadores, papel de médicos, psicólogos, psiquiatras, porque a gente lida com


todo e qualquer tipo de pessoa, o terreiro é um espaço que acolhe, é um espaço onde a discriminação não pesa, onde o pré-conceito na realidade não existe, não existe dentro do terreiro e também não tem aquele olhar especulador de quem tem dinheiro e de quem não tem. Então eu digo que o terreiro é um espaço que recebe todas as pessoas... Hoje temos outro olhar, nós temos um papel a cumprir, e foi com este pensamento que se começou a conversar com outras pessoas que também pensavam e decidimos a sair pra rua enquanto dirigente de terreiro. Superamos a questão da religião a partir do momento em que nós começamos a botar a cara no mundo e dizer pra essa sociedade que nós existimos, o que nós pensamos e que nós temos um valor civilizatório que é o único que eu acho que poderá realmente fazer a mudança real que essa sociedade brasileira precisa. Hoje entendemos o terreiro e outras comunidades afrodescendentes, como representantes desta visão de mundo, reconhecida como religião de matriz africana. E então, afirmar a identidade e se opor ao preconceito e discriminação da sociedade que costuma olhar tudo o que é do negro como feio ou como satânico. Só depois disso se pode discutir matriz africana. Candomblé – ‘Não entendo que Candomblé seja somente uma religião: é uma visão de mundo, uma forma de resistência e colocação, e tem tudo a ver com o modo civilizatório que traz o Candomblé (da Bahia) - a diferença do toque do tambor também tem a ver com a imigração dos africanos, que lá chegaram, e lá conseguiram manter com mais força a língua, a linguagem e o toque do atabaque e que, na medida em que ele foi descendo, chegando até o fim do Brasil, foi sofrendo modificações. E aqui nós ganhamos este nome de batuqueiros por causa do que acontecia na Senzala e ficou:- É o Batuque. Porém, o Batuque pra nós é o barulho do tambor, a essência, a fé, o espaço da fé, a visão de mundo, a civilização e isso inclui a língua, o costume, o modo de andar, a harmonia do povo do terreiro, que é único, que é a matriz africana. Nós temos uma maneira própria de viver e o terreiro é o que mantém isso, este espaço que a gente insiste e reafirma chamar de terreiro, e que hoje vem discutindo a partir de nossas ações e por isso nós temos que estar nos meios,


nos movimentos sociais pra buscar os nossos direitos. Está na hora de nós termos nossos direitos adquiridos, que até a gente ainda não consegue absorver. Se hoje tem uma carta magna que nos dá direitos humanos, nós temos que nos empoderar disso, pois o nosso papel é a busca de construir um mundo mais verdadeiro, com gente de verdade para aqueles que vierem depois de nós. Eu quero que minhas filhas que já são adultas, mas eu tenho netas adolescentes, tenho bisnetos que são crianças e eu quero que eles encontrem um mundo mais justo, mais real e que eles convivam com gente mais verdadeira. ’ Estado Laico – ‘se o Brasil assumiu que é um estado laico, realmente tem que ser laico para brancos e negros, pra negros e não negros,’ Iyá Vera considera que cada um deve ter a sua fé ou não, mas tem sempre que respeitar a do próximo, sem nomear de certo ou errado, sem importar se acha bonito ou feio, se acredita ou não. Claro que há muitos anos atrás ainda éramos vistas como as religiosas, e isso tudo é um avanço, é uma construção, onde a gente vai se achando enquanto identidade e abrindo portas, quebrando muralha, quebrando barreira, porque até um tempo atrás a gente era vista como o “bolinho da festa”, ou seja, bota a saia de armação, e era chamado pra ‘enfeitar’ a atuação de outros. Hoje a gente faz uma política propositiva’. Ponto de Leitura de Matriz Africana – ‘Hoje o terreiro se propõe a ser um espaço de cultura e ai eu acho que o instituto, (IPR- Instituto de Politicas Relacionais), tem papel importante nisso, pois hoje são 06 terreiros - que se multiplique e se triplique e que muitos e muitos terreiros sejam Pontos de Leitura, porque já que a escola convencional e não negra, nunca usou e pensou nos seus currículos escolares, o que fosse nosso, porque não os terreiros serem estes espaços da sua própria identidade. Quem sabe esse projeto das bibliotecas não sinaliza? se juntarmos a política do território, se nós juntarmos a política dessa cultura da leitura dos pontos de leitura e então começarmos responder à fome de que às pessoas têm de se auto conhecerem - porque nós não nos conhecemos.


A verdade é que nós precisamos nos conhecer, esse autoconhecimento, e quem sabe um dia nós tenhamos uma universidade nossa, com a nossa visão de mundo, com a tecnologia que a África sempre teve e que foi roubada. A chegada da biblioteca é também um marco para o Centro Memorial, a biblioteca será muito útil para a educação das crianças. ’ Atuação e atividades Iyá Vera conta que há 20 anos era muito difícil porque as pessoas tinham muito mais preconceitos. Mas, “aos poucos nós fomos juntando 1+1, +1”. Construíram um primeiro grupo, de Yás, ou iniciadas - mulheres negras. O primeiro lugar de ação foi no carnaval: criando uma ala de baianas, que chamavam as “religiosas da escola de samba”. Foi primeiro um grupo com 85 mulheres, negras e todas do Axé. E isso se chamou “Clube de Baianas Independentes”. E a partir daí, o grupo manteve os encontros e começou um processo de formação, de trocas de experiências, de fortalecer a identidade apresentando-se nos espaços com as roupas próprias de sua etnia. Começaram então a ser convidadas a participar de outros debates em nível de Movimento Negro, “e fomos amadurecendo a ideia e hoje estamos ai com o Fórum, construímos um Conselho Nacional de “Asès”. O Clube de Baianas Independentes cresceu, organizou muitas mulheres, construiu um restaurante no centro de Porto Alegre, e também organizou um dia no Fórum Social Mundial (FSM) no ano de 1999. Neste contexto surge o Conselho de Yás e Ekédes que assume junto aos programas de Segurança Alimentar do Governo Federal, a tarefa de fortalecimento das comunidades de terreiro. Este grupo se ampliou e atualmente está organizado enquanto um Fórum de Comunidades Tradicionais de Matriz Africana e Segurança Alimentar, que falaremos adiante. Iyá Vera conta que essa construção para o FSM começou no seu terreiro, onde se reuniram muitos militantes do movimento negro e também africanos que vinham para o Fórum Mundial, e Tata Edson a chamou para assistir a reunião do Movimento Negro. “Eu assisti a reunião e fui indicada para compor e coordenar um Fórum que se chamou na época “FEAEN”- Fórum Estadual de Articulação de Entidades Negras


e era vinculado ao “CONEN” que era a Coordenação Nacional de Entidades Negras, pretendia ampliar os debates a outros estados. Nesse tempo Iyá Vera passou para a coordenação nacional, da CONEN e considera que se abriu uma escola pra seu aprendizado, Nesse tempo, eu não era duas pessoas, a Ialorixá, lá no meu terreiro, e a Vera, na coordenação de um fórum de entidades negras. Então ressurge a discussão através de um terreiro, o “Centro Memorial 13 de Agosto”, que é reconhecido nacionalmente, e ficou no FNAEN. Quando foi construída a SEPIR, Iyá Vera foi convidada a compor o CNPIR, Conselho da SEPPIR, na cadeira de matriz africana, na primeira gestão para definir um programa de mandato da ex-ministra Matilde Ribeiro. Uma das teses que ela defendeu foi em relação à “Mulher de Terreiro”, que foi aprovada. Ficou na primeira gestão de 04 anos e considera que foi uma universidade, uma militância, pois aprimora, abre os horizontes daquela idéia e daqueles princípios que estava sufocado por todo o modelo da civilização que se tem, por toda opressão que se passou. Aquilo começou aflorar e eu voltei para Porto Alegre com algumas tarefas que era implementar o CNPIR aqui. Também atuando no movimento social e político, candidatou-se a vereadora na ultima eleição), com uma bandeira a dizer que “o mundo com tolerância é possível”. Quando na I Conferência de Igualdade Racial, trouxe a demanda da cesta de alimentos para os estados, Iyá Vera entendeu que não seria um programa assistencialista e chamou os terreiros para um fórum que se ocuparia disso. Então o FEAN passou a ser o FORMA, que é o “Fórum de Religiões de Matriz Africana” e que fez 08 anos. Começa esta idéia no Encontro de Comunidades Tradicionais, porque a partir do governo Lula, os terreiros ficaram incluídos dentro das comunidades tradicionais, e houve algumas demandas para dar resposta à “Carta de Durban”, que designou as ações afirmativas. E então nasce o Fórum que hoje faz 08 anos. Em 2011, já no governo Dilma, houve uma Conferência de Comunidades Tradicionais em Vitória/ES, e saiu a proposta de um “Fórum Nacional de Povo de Tradições de Matriz Africana”, que vem se organizando.


Na Conferência Nacional de Segurança Alimentar, em Salvador/BA, o então presidente Renato Maluf, homologou e a proposta do fórum nacional, que ficou “FONSANPOT”, como sigla, hoje “FONSANPOTEMA” por causa das tradições de matriz africana . Então foram essas as andanças que eu fiz em nível do movimento, sempre foi voltadas à essa visão de mundo, que é a que eu me identifico e que é minha essência. E hoje estou na “Coordenação das Mulheres do Fórum Fonsanpotema”,

e

nesse meio tempo o “Centro 13 de Agosto”, lá na primeira gestão da ex-ministra Matilde Ribeiro, construiu o “Conselho Nacional de Asès”, que foi a cadeira que ocupou no Conselho, “Conselho Nacional de Asès e Equedes Negras”. Atualmente Iyá Vera faz parte do Conselho do CONSEA, titular, do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e do CODENE, Conselho do Negro, no estado do Rio Grande do Sul. Também agora em 2011, nesta gestão do governo Tarso, foi criado um Comitê, o comitê institucional que vai ter a sede junto ao governo do estado, para trabalhar as questões desta visão de mundo, da intolerância, do resgate junto ao governo do estado, que ainda não tem uma sigla, mas é um comitê estadual, reconhecido pelo governo, passou pela Assembleia Legislativa, pela Câmara dos Vereadores e saiu no Diário Oficial, dia 20 de Novembro de 2012. Iyá Vera está convidada para assumir na secretaria de direitos humanos para continuar as políticas de ações afirmativas, de segurança alimentar por dentro da secretaria. Então, foi um ano de debate, para conseguir esse reconhecimento e em nível de Rio Grande do Sul. Agora o desafio é como juntar esta ideia do estado com outras lideranças que estão nesta luta; quando nasce um fórum nacional como é que nós fazemos para caminhar este comitê do estado do Rio Grande do Sul, oficial, juntamente com o Fonsapotema que é um fórum nacional. Então esse foi o papel da “Ialorixá”, da “Mãe Vera Soares”, dentro desta sociedade que viveu, eu nasci e me criei dentro do Rio Grande do Sul, e é um estado bem racista e eu quero que todos ouçam isso, porque meu estado tem


que ter vergonha de ser racista, tem que abolir com o racismo, tem que abolir com a intolerância. E reafirma, “eu tenho fome de saber quem sou eu, de onde vim, para onde caminha essa humanidade negra, qual é o futuro da juventude negra?” ‘No outro século a forma de resistência ainda era legada pelos meus antepassados. Hoje a nossa forma de resistência se emancipa porque hoje eu diria que não me considero um ser político, mas faço parte dos espaços políticos para poder através da minha fala, através da minha vivência, do aprendizado que eu acumulei lidando com muitas pessoas a partir do terreiro, de onde se via fortemente e nitidamente as diferenças, a pobreza, a fome, e não só a fome do alimento, mas a fome de se conhecer. Ali dentro do meu terreiro e acredito que em todos os terreiros nós sentimos a falta e a dívida do que este país, esta civilização, esse sistema eurocêntrico ocidental fez com o nosso povo. Porque nós temos uma origem oriental com outros valores civilizatórios. Então esse período de adaptação, que não passou, eu me sinto no direito e no dever de dizer isso. Eu não acredito que isto tenha passado, acho que nós avançamos sim com muita luta, com muito suor, com muito “estresse” entre nós mesmo porque uma das coisas é que este modo globalizado hoje, mas também num passado, este passado onde foi plantado essa desigualdade tão grande.”

Nessa elaboração de conceitos e construção do debate colabora Tata Edson: Tata Edson Tata Edson vive em São Paulo, Osasco, Viveu muito tempo no Rio Grande do Sul, onde tem familiares e tem grande afinidade e colaboração com Iyá Vera. A denominação Tata, na linguagem bantu, significa o zelador, pai pequeno, importante auxiliar nas atividades do sagrado. Atualmente Tata Edson é o Coordenador Nacional de Articulação Política, do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana (Fonsapotema).


Tata Edson conta que sempre teve vontade de discutir dentro do terreiro, “porque a gente sempre ao abrir as cessões rezava a “Ave-Maria” e o “Pai –Nosso” e porque quando eu chegava na escola, também nos faziam rezar a Ave-Maria e o Pai-Nosso, entendíamos naquele período que tínhamos um corpo negro mas uma cabeça branca ?” “Esse questionamento evoluiu até chegar à militância do Movimento Negro, as questões raciais no Rio Grande do Sul. Na década de 80, período que começam a surgir as igrejas as Pentecostais, as igrejas eletrônicas e principalmente os adventistas a partir da Universal e que acentuou o processo de perseguições, na Baixada Fluminense no Rio de Janeiro. Com Movimento Negro e contatos com outros atores foi fazendo as primeiras reuniões nacionais e debater essas questões para todo o país. Segundo Tata, o Movimento Negro muitas vezes não entendia o que era prioritário, tinha bandeiras mais complexas. Defendia pensar o conjunto das questões em torno do cenário religioso, abrangendo muito mais aspectos da vida, do cotidiano, e não ver apenas os aspectos mágicos, ou religiosos, litúrgicos e não entender a vida que o terreiro trazia, a vida que tinha ali, a compreensão da língua, os vestuários, a relação com o outro, a relação do dia a dia, do barracão, da cozinha e assim adiante. Ao mesmo tempo vincular às grandes bandeiras que o Movimento trazia de luta contra o racismo de uma forma acirrada. Havia também as contradições dentro do próprio movimento que não conseguia dar conta das relações, das distâncias entre os conceitos acadêmicos, e a vida do dia a dia dos terreiros, da capoeira, do universo das escolas de samba, dos quilombos e assim consecutivamente, e que, falando deste período este mesmo contingente do Movimento Negro, não atendia, não conseguia fazer estes diálogos e estas comunidades começaram a se organizar por conta própria, até chegarmos nesse período que nós estamos hoje. A terceira Conferência de Durban, em nossa opinião, foi o marco histórico, pra todo este debate que nós fizemos no passado, sobre concepções religiosas, quando foi tipificado que a escravidão foi um crime de lesa humanidade: esse é o marco que define o divisor de águas, que nos colocava uma ferramenta nas mãos para discutir reparações, que muitas vezes a gente não sabia muito bem como tratar isso - o que são estas reparações e como se dava.


E a África, os países da África foram muitos hábeis em dizer que para eles reparação seria o término da dívida externa dos países africanos, e para a diáspora seria o caminho para a construção de políticas afirmativas que pudessem discutir melhor e aprofundar. No final da disputa eleitoral no Brasil, o governo do Fernando Henrique não conseguiu dar um salto de qualidade nesta direção, mas o início do governo Lula, com as bandeiras e com as lutas que já tínhamos colocado na rua, levou um ano para constituição de um organismo chamado “SEPPIR” – Secretaria Especial de Política de Promoção da Igualdade Racial, onde tivemos uma companheira chamada “Matilde Ribeiro” à frente e esta posição da construção de uma ferramenta sólida, na direção de políticas reais que pudesse olhar para o país’. Tata Edson considera que “de lá pra cá, a discussão do ponto de vista de povos tradicionais foi acanhada, pois ela deu mais vazão às Comunidades Quilombolas, que hoje tem um grande referencial nesta discussão e recursos, enquanto nós conseguimos chegar a este momento só em 2011, com a discussão efetiva, do que se fazia de esforço desde o Fórum Social Mundial, e que era a constituição enquanto povo. Conseguimos entender que a Comunidade Indígena, que era tutelada por algumas organizações de igrejas, saiu desta condição e disse: nós somos povos e nós queremos interagir. Considerando que existem mais de 200 povos indígenas no país... “Nós nos perguntamos, se nós somos três troncos não poderíamos exercer este esforço? E agora estamos caminhando nesta direção. Para este esforço em especial, nós constituímos ha bem pouco tempo, uma proposta de entendimento, a discussão de Segurança Alimentar e Nutricional, que conseguia agregar neste aspecto todo esse sentimento para chegar a uma discussão de contraponto à esta sociedade e então criamos o Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana.’ Para chegar a isso, desde 1991 até 1996, participamos de organização chamada “CENARAB” - Centro Nacional dos Religiosos Afros Brasileiros, e é complexo dizer isso porque é uma organização que tentava articular os vários povos, mas a leitura era a partir dos “Nagôs” e a partir dos Iorubanos. Então criamos outra instituição chamada “MONABANTU”, Movimento Nação Bantu, (lembrando também que mona significa filho/filha) que tentava defender os quatro povos e se


expressar de uma forma mais objetiva, sem estar dentro de um guarda-chuva único. Isso forçou para que hoje nós temos várias organizações Bantu, várias organizações Jeje, e agora os povos Iorubanos estão começando a ter outra dimensão, e isto é importante. Então, a articulação política nasce em todas estas esferas, e fundamental para nós é que você tem que sair de dentro do terreiro. Então o que é Povos Tradicionais de Matriz Africana, que antes chamavam de “Povo de Terreiro”. Nós dizíamos que na África não existe nenhum país ou nenhuma estrutura que chama “terreiro”, pois essa é oriunda do processo da escravidão, ela se deu no Brasil, ela é uma resistência aqui. Agora, esta resistência pode ser pensada e organizada a partir do “embrião da resistência”, e ele pode ser como um grande consulado desses povos esta é a grande expectativa futura. E estes consulados guardam a visão de mundo e os valores civilizatórios destes povos no Brasil, mais no sentindo de entender que isso tem um processo, para que as políticas afirmativas no Brasil hoje que foram consolidadas, uma em especial, a lei 10.639, que coloca na disciplina a história da população negra, mas não consegue ainda decifrar esta questão, não consegue dar conta. Os atores que hoje estão à frente deste processo, que é o processo da Academia, não conseguem enxergar essa qualificação dos povos: no conceito linguístico, no conceito alimentar, no conceito da vivência. E isto é importante, para que este discurso homogêneo da macumba, da visão pequena de nos enxergar, poder ter outro valor, outro sentido. Nós entendemos que estamos neste momento agora, histórico: a discussão sai do âmbito do mágico, das questões mais litúrgicas que têm oriundo, de dentro da porta do terreiro pra ir para fora, ou aquilo que tem que ser de domínio público, do dia a dia da sociedade. A sociedade tem que entender, pego o exemplo quando alguém diz: - Ah, vai fazer macumba pra mim... Eu digo, eu não posso isso é um instrumento musical, quer dizer, a palavra “Macumba”, só quer dizer, que é um instrumento musical, só isso, mas aqui no Brasil, teve um entendimento e algumas palavras nossas, no dia a dia entraram em domínio público, mas de uma forma errada, como a palavra “Mona”. Mas a palavra “Mona”, só quer dizer, “filho” ou “filha”, em “Quimbundo”, é importante cada vez mais que a gente consiga, nestas coisas pequenas, ou de


uma forma mais complexa, retirar delas o preconceito, o racismo, e este é o cenário que este Fórum, constituído nacionalmente, tem essa tarefa. A partir desse cenário, dá para compreender várias coisas, e entre elas é compreender exatamente esta falta do diálogo que a sociedade tem com esta visão de mundo e estes valores civilizatórios e eu trago como um exercício a essa construção a discussão, a partir da nossa compreensão alimentar.” Alimento na visão de mundo africana (Tata Edson) “Nós nos alimentamos, mas numa compreensão de troca, com todos os seres vivos, estes seres vivos que me alimentam, num futuro próximo, nós temos que construir o ciclo de alimentá-los. E trago como exemplo, numa discussão em especial que é vulgarmente chamado de “sacrifício de animais”. Para nossa cultura e pra essa visão de mundo, 90% dos animais, tendo o abate sacro e cultuado dentro desta visão de mundo, é para o alimento do conjunto dos atores que vivem naquele terreiro ou no seu entorno, ou seja, alimenta seu próprio terreiro. E os outros 10% são divididos em duas questões, 5% pode, por uma situação de necessidade, em especial ou de uma ação que foi consultada a partir do oráculo, e consultada por todas as divindades que nós temos, por aquela pessoa que chega com alguma natureza de enfermidade ou não, e aquele ato ele tem que ser feito, aquele animal ele vai ser levado para alimentar outro ser vivo, ou seja, os animais que estão no entorno de onde ele está colocado. E o outro 5% também é colocado da mesma natureza com outro cenário para a sua decomposição, mas também para alimentar os outros seres, é isto que nós entendemos. E que esse animal, na sua essência, se for uma ave, as suas penas, a carne, seus ossos, tudo aquilo tem destinos e tem elementos que vão efetivamente, desde os adornos corporais, desde que seja uma pele que vai ser compartilhada de um desenho, a partir dos tambores, a partir dos “engomas”, e assim como alimentar o ser vivo que é a terra. Então, esse elemento faz parte dos nossos valores civilizatórios africanos e que diferente de uma situação normal desta sociedade, onde que colocam vários animais em supermercados e outros lugares, congelados em um destino, ou sem um entendimento de como foram sacralizados, ou como o seu princípio ativo foi colocado de uma forma desrespeitosa, este é um contexto.


E que isto está alojado a todos os elementos vivos e eu pego um elemento clássico. Alguns amigos ambientalistas diziam que eles não faziam sacrifício porque eram vegetarianos e eu perguntava para eles, como se sente o alface, ao ser retirado, o tomate, os elementos vivos que não podem gritar e que estão sendo consumidos e são elementos de igual natureza, desse elemento, desses valores civilizatórios, todo ser vivo, e o reino vegetal é a nossa base de sustentação.”

Ancestralidade biológica e religiosa Iyá Vera diz que se aproximou de terreiro aos com 13 anos de idade. Conta que seus pais eram humildes e com pouca cultura - a mãe, Romilda Rodrigues Machado, era costureira e o pai, Darci Rodrigues Machado, operário padrão. A avó materna, Maria Idalina dos Reis, nasceu em Cachoeira do Sul e morreu aos 85 anos. A avó paterna, Matilde Rodrigues Machado também era lavadeira, nasceu em Porto Alegre, Porto dos Casais. Na época Viamão era a capital do Rio Grande do Sul. Ambas as avós eram semianalfabetas, passaram muitas dificuldades e praticavam os cultos africanos. Iyá Vera estudou em escola particular porque a avó lavava roupa das diretoras na escola Vicente Palote, em 1954 entrou no 1º ano primário. A avó enaltecia a diretoria, mas na escola tinha muitos preconceitos. Ela sofria pânico para ir a escola. A avó paterna frequentava terreiro e a levava. Mãe Vera iniciou no terreiro de Exu Dei. Depois mudou para o terreiro de Mãe Maria do Bará, a Ialorixá Maria Horácia, e depois para a casa de Da. Eva, onde se casou com 18 anos, já iniciada nos preceitos do culto de matriz africana. O seu marido, falecido, era filho de Oxalá, mas não iniciado. Sua filha carnal é iniciada também Casou-se em uma casa de umbanda, que frequentava por problemas de doença, mas não se adaptou. Finalmente foi para um terreiro de batuque (que é o similar gaúcho ao candomblé na Bahia e no Rio de Janeiro, Xangô no Nordeste, com especificidades próprias). No Terreiro de Ivo Ogum Onira (“Pai Ivo de Ogum Onira de Obi”), assentou e “aprontou” o orixá. Era um terreiro que nasceu no bairro de Ilhota e foi desalojado, foi para o bairro Tristeza.


Iyá Vera esclarece que Exu é o orixá dos caminhos, da vida, e Bará, o pai, o criador do corpo. Elegbara, Elegbará, Exu deus da humanidade, o Elo entre a terra e o Orum. Os fundamentos foram criados pelos africanos que foram escravizados. Conforme Iyá Vera existe uma matriz africana, uma visão de mundo africana, reportando-se aos povos Bantu (que veio de Angola e do Congo), Keto e Iorubá, que construíram este pais. O candomblé, o batuque são modos civilizatórios similares, como o Tambor no Recife. O terreiro cabinda que fala do povo bantu,o jeje é a fala do povo kon, os Oiós, da Nigéria (ioruba). No Rio Grande do Sul as três essências são cabinda, jeje, ioruba, mas todas estas três mantêm uma matriz porque cantam iorubá. Reúne todas as casas que tem os orixás como Xangô, Iansã etc. A casa de Oió é iorubana, povo queto da Nigéria. A casa de Jeje tem os mesmos Orixás. Os 3 povos ioruba, jeje, bantu que vivenciam a mesma matriz: Inicia pelo Bará, canta Oxalá e são doze as cabeças dos Orixás: Bará, Ogum, Odé, Ossain, Xapanã, Xangô, Oba, Orunmila, Iansã, Oxum, Iemanjá, Oxalá. No Oió primeiro cantam todos os orixás masculinos.

Nossa pesquisa com o Centro Memorial de Matriz Africana 13 de Agosto Durante o período de nossa pesquisa, Iyá Vera e Tata Edson ao mesmo tempo em que foram muito atenciosos conosco, se desdobravam por cumprir outro programa urgente de explicar e mobilizar para o Fórum de Entidades de Matriz Africana, que haveria na semana seguinte de 10 a 12/maio, e que culminaria com a Instalação do Comitê Estadual de Povo de Terreiro do RS, no dia 24/05, com objetivos sugerir e elaborar políticas públicas voltadas ao povo de terreiro e populações de ascendência africana. Então a proposta de visita a vários terreiros da região metropolitana, para conseguir diminuir as diferenças de propostas e criar uma coordenação das cidades, cujos representantes devem se reunir no dia 09/05, e preparar-se para esses lançamentos de comitê, da SEPIR estadual, e intervenções no Fórum e


Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos e Comunidades Tradicionais. Assim, fomos convidados a acompanhá-los em algumas dessas visitas aos terreiros do entorno de Porto Alegre. • No dia 27/04 houve uma grande festa para São Jorge, (para alguns, Ogum), em Canoas, na região metropolitana, com presença de muitos representantes e de terreiros, da prefeitura municipal, vereadores e deputados. • Fórum de Comunidades Tradicionais de Matriz Africana e Segurança Alimentar No evento, alem das trocas de informações, houve a explicação de Tata Edson sobre a proposta de representação das comunidades no Fórum de Entidades de Matriz Africana e organização da representação e demandas para intervenção na consolidação do Fórum e do CONSANPOTEMA – Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional de Povos de Matriz Africana, dentro do CONSEA (Conselho Nacional de Segurança Alimentar). E no lançamento do Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana. Havia em torno de 20 pessoas reunidas nesse Fórum. •

Visita ao Ilê Axé D´Bokum, do Babalorixá Julinho de Oxalá, em Canoas- Grande POA.

Baba Júlio diz que foi criado pela avó até os 13 anos que o incentivava a contar histórias e desenhar. Começou nos assuntos religiosos em casa de umbanda, que veio através sua mãe. Em 1996 completou o assentamento e abriu casa de Batuque Bará, em Canoas. Assim, em sua casa há espaços diferenciados, do batuque, da umbanda e de quimbanda. Todavia o que chama atenção nesse babalorixá é a sua contagiante alegria e estimulo para as artes e a leitura. Ainda que sua casa seja pequena, reserva um espaço para a Biblioteca Afro, que inaugurou há alguns anos. Essa biblioteca vai sendo construída com esforço próprio na aquisição de livros, nas trocas que faz e na colaboração que solicita aos amigos e simpatizantes para ampliar o acervo. Organiza uma biblioteca fixa e uma itinerante e realiza ali vários eventos culturais e de incentivo à leitura.


Além do espaço agradável, criou a apresentação do “Boneco Bastião”, contador de histórias, que faz intervenções e brincadeiras estimulando a curiosidade e a leitura. Acompanha-o uma senhora muito amável e alegre mãe Isaura de Xangô Irokô, que o iniciou no Batuque. •

Visita à casa de pai Gelson, Porto Alegre. Onde acontecia uma grande festa para Ogum, com muita gente na cerimonia.

Visita à Casa Africana Reino de Xangô, de pai Zeca de Xangô – em cidade Alvorada, na região metropolitana de Porto Alegre.

Além do terreiro, a Casa Africana, é entidade civil mantenedora, que desenvolve diversos trabalhos sociais, contam com duas assistentes sociais, uma psicóloga, advogados para atendimento de seu público naquela cidade. Trabalha com projetos junto ao CONSEA e o MDS, e agrega 40 terreiros na distribuição de cestas básicas, participa de Conselho de Saúde,– Ministério de Desenvolvimento Social, Conselho de Assistência Social. Também tem um projeto aprovado pela SEPIR, com proposta de integração para grupos sociais. Faz parte do Movimento Democrático de Afrodescendentes. •

Visita ao Ile Centro africano de Santo Antonio/ Ile Bará Lanam, Pai Juarez Dittier.

Pai Juarez explica que Lanam Adjina é uma qualidade do Bará (Exu). E ao estranhamento de seu sobrenome diz que a sua mãe biológica foi adotada por um alemão e ele foi registrado com nome Dittier. O Ilê é uma ampla construção toda vermelha, e Pai Juarez, conta que tem 45 anos de santo, e mora ha 27 anos nessa casa. Trabalha principalmente com crianças carentes e graças ao seu ótimo humor parece se relacionar muito bem com toda a vizinhança. Conta que mesmo com os assédios de igrejas pentecostais do entorno costuma responder com sobriedade e exigir respeito. Além disso, destina parte dos alimentos processados nos atos religiosos aos movimentos de ajuda à população carente, inclusive das igrejas. •

Gravação na praia depoimento de Vera e Tata Edson na Orla Ipanema.


Bibliografia Um mapeamento de terreiros em capitais e Região Metropolitana, foi realizado pelo MDSUNESCO-SEPPIR-FVP, informa:

“A região metropolitana de Porto Alegre tem mais de 3 mil terreiros de matriz africana. O número é considerado o maior do Brasil, segundo a Pesquisa Socioeconômica e Cultural das Comunidades Tradicionais de Terreiro - Mapeando o Axé, promovida em 31 cidades da região pelo Ministério de Desenvolvimento Social em parceria com a Secretaria de Políticas de Igualdade Racial, Fundação Palmares e Unesco.” O resultado se encontra disponível em:

http://www.mapeandoaxe.org.br/terreiros/portoalegre www.mds.gov.br/sesan/terreiros. http://www.mds.gov.br/sesan/terreiros/paginas/cd-interativo.html Em Porto Alegre: http://www.mapeandoaxe.org.br/terreiros/portoalegre http://www.mds.gov.br/sesan/terreiros/paginas/terreiros.htm Sobre racismo em Porto Alegre: Teólogo da Tradição Matriz Africana Jayro Pereira de Jesus critica Prefeitura por empurrar terreiros para periferia: Para Jesus, a cidade não leva em conta o trabalho social e ação na saúde que os terreiros realizam no cotidiano, ajudando a desafogar o sistema tradicional de saúde. "Pesquisas científicas mostram a importância do trabalho dos terreiros neste sentido", Disponível em http://www2.camarapoa.rs.gov.br/default.php? reg=19699&p_secao=56&di=2013-06-27


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