36º Congresso do ANDES - InformANDES Especial #2

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Informativo Especial 36º Congresso #2 Cuiabá (MT) Janeiro de 2017

Cultura e história marcam abertura do 36º Congresso

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Plenária de Abertura do 36º Congresso Nacional do ANDES-SN foi marcada pela cultura do povo cuiabano e por discursos que reforçaram a necessidade de intensificar a resistência dos trabalhadores. Antes do início da mesa, o grupo Flor de Atalaia apresentou o siriri cuiabano aos participantes do evento. Criado em 2003, o grupo reúne crianças, jovens e adultos, que cantam e dançam o ritmo típico cuiabano. Em seguida, Abel Anjos, docente da área de música da UFMT, apresentou aos docentes a viola-de-cocho, instrumento tradicional do Mato Grosso do qual ele é um dos grandes divulgadores. Em seguida, foi composta a mesa com representantes da reitoria da UFMT; do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST); do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFMT; da Fasubra; do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST); do Sinasefe; do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS); da Auditoria

Cidadã da Dívida; da CSP-Conlutas; da Regional Pantanal do ANDES-SN; e da Adufmat-SSind. Reginaldo Araújo, presidente da Adufmat-SSind, lembrou um pouco da história da seção sindical e ressaltou as contradições sociais e políticas do Mato Grosso e de sua capital. “Cuiabá é uma cidade de contradições e resistências. A região se desenvolveu com a extração de ouro e de força de trabalho indígena, e hoje vive do agronegócio, o que faz da disputa pela terra uma questão fundamental do Mato Grosso”, disse. Eblin Farage, presidente do ANDES-SN, lembrou que 2017 é o ano do centenário da Revolução Russa e da primeira Greve Geral do Brasil. “É importante iniciar esse congresso rememorando a luta dos trabalhadores de todo o mundo, que, por seus erros e acertos, tem muito a nos ensinar”, disse. “2016 foi um ano muito duro e o ANDES-SN não se furtou a fazer os embates necessários em defesa dos direitos sociais”, completou. “Temos que ser capazes de reagir à

altura dos ataques em 2017. Temos que barrar a contrarreforma da Previdência, uma das mais cruéis da nossa história, que põe fim a direitos historicamente conquistados. É cruel em sua essência, com quem constrói esse país”, criticou. Eblin terminou sua intervenção falando da importância da unidade na luta que o ANDES-SN deve construir com as demais categorias da classe trabalhadora e com a juventude. Após a exibição de um vídeo alusivo ao centenário da Revolução Russa e da primeira Greve Geral do Brasil, em memória aos 50 anos do assassinato de Che Guevara e à morte de Fidel Castro em 2016, além da apresentação da Internacional – hino da luta dos trabalhadores em todo o mundo, tocada com viola-de-cocho e clarinete, e cantada pelo professor Roberto Boaventura, acompanhado por todos os participantes. Eblin Farage declarou, então, aberto o 36º Congresso do ANDES-SN.


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36º Congresso/2017

ANDES-SN lança publicações na abertura do 36º Congresso

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a plenária de abertura também lançadas duas publicações do Sindicato Nacional: a edição 59 da Revista Universidade e Sociedade, e a cartilha do Grupo de Trabalho de Política Educacional (GTPE) sobre o Projeto do Capital para a Educação. Ana Maria Estevão, 1ª vice-presidente da Regional São Paulo do ANDES-SN e membro do conselho editorial da revista, ressaltou que houve muitos artigos enviados que não puderam ser publicados na Universidade e Sociedade por falta de espaço. “Isso demonstra que o tema da revista, 'Os limites do capital, questões urbanas, agrárias, ambientais e ciência e tecnologia’, faz parte de nossas preocupações políticas e acadêmicas”, disse a docente. Já Olgaíses Maués, uma das coordenadoras do GTPE do ANDES-SN, lembrou que o Sindicato Nacional tem realizado o esforço de colocar no papel e divulgado as avaliações e críticas às políticas educacionais. “Nessa cartilha, trazemos a avaliação de diversos projetos que têm como objetivo transformar a educação, cada vez mais, em mercadoria”, disse a docente.

Cuiabá 36: A rádio do 36º Congresso

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m grupo de estudantes do curso de Comunicação Social da UFMT está produzindo um spot diário de rádio para o 36º Congresso, chamado Cuiabá 36, que é divulgado diariamente por meio do WhatsApp dos docentes, e também pelo sistema de som do Congresso. O Cuiabá 36 traz informações sobre a programação do Congresso do ANDES-SN, e reflexões sobre a história das lutas sociais, como a Revolução Russa, a Revolução Cubana, e a Greve Geral do Brasil de 1917. Há debates sobre questões sobre os atuais ataques aos direitos sociais brasileiros, como a Emenda Constituicional 95/2016 (antiga PEC 55). O grupo de estudantes de Comunicação Social também foi o responsável pela produção do vídeo que foi divulgado na Plenária de Abertura do 36º Congresso.

EXPEDIENTE O Informandes é uma publicação do ANDES-SN // Diretor responsável: Giovanni Frizzo // Redação: Renata Maffezoli e Mathias Rodrigues MTb 10126 Edição e Diagramação: Renata Maffezoli MTb 37322 // Fotos: Renata Maffezoli, Gabriela Venzke (Adufpel SSind.) e Bruna Homrich (Sedufsm SSind.)


36º Congresso/2017

Delegados definem centralidade da luta para 2017

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a primeira plenária temática do 36º Congresso do ANDES-SN “Movimento Docente, Conjuntura e Centralidade da luta”, os mais de 460 participantes do 36º Congresso debateram as lutas travadas no último período, os desdobramentos do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o recrudescimento do conservadorismo e a intensificação da retirada de direitos, a partir do governo de Michel Temer e também a nível internacional. Em comum nas diversas análises esteve presente a necessidade da construção de uma ampla unidade com os diversos segmentos da classe trabalhadora para barrar os retrocessos dos direitos sociais, pelo Fora Temer e pela construção da greve geral.

Polêmicas

Dentre as polêmicas e divergências que marcaram os debates, o impeachment de Dilma Rousseff suscitou discussões, inclusive sobre o posicionamento do Sindicato Nacional frente ao fato. Alguns participantes consideraram necessário incluir, na centralidade, a luta contra o golpe, o que, no entendimento de outros, prejudicaria a construção de uma ampla unidade. Algumas proposições de centralidade da luta buscavam caracterizar o processo de impeachment como golpe, o que já tem sido apontado nos últimos eventos do sindicato e rejeitado pela ampla maioria dos representantes das seções sindicais presentes nesses espaços. Em sua intervenção, o 2° vice-presidente da Regional São Paulo, José Vitório Zago, ponderou que independente da compreensão sobre esse processo, o essencial no momento é fortalecer a unidade para lutar pelo Fora Temer e contra as políticas de ataque aos direitos que vêm sendo implementadas por esse governo, buscando ampla unidade de ação. A maioria dos delegados presentes aprovou, sem prejuízo de modificação,

a resolução proposta pela diretoria, que depois foi compatibilizada para contemplar algumas questões apresentadas pelos participantes, como a necessidade de menção à defesa do fundo público, a intensificação do trabalho de base, a construção da greve geral e a luta pelo Fora Temer, que não constavam na redação original apresentada no caderno de Textos. Algumas sugestões de alteração levadas à mesa não foram incluídas na compatibilização, ficando fora da centralidade.

Centralidade da luta

A votação do texto final foi encaminhada já no término da prorrogação da plenária, o que limitou o tempo para os debates e gerou certa confusão. “Apesar das polêmicas ao final da plenária, foi importante definirmos a centralidade da luta no primeiro dia do congresso, para que tenhamos subsídios para os debates nos grupos mistos, no sentido de dar o tom da luta para 2017, com a certeza de que, o que não foi debatido em tempo suficiente, poderá retornar na discussão do Plano de Lutas”, explicou Eblin Farage, presidente do ANDES-SN. “Defesa dos serviços públicos e do projeto de educação do ANDES-SN, referenciado no Plano Nacional de Educação da Sociedade Brasileira, lutando pela autonomia e valorização

do trabalho docente, construindo ações na luta contra a intensificação da retirada de direitos, contra a apropriação do fundo publico pelo capital, e a criminalização dos movimentos sociais e todas as formas de opressão. Intensificação do trabalho de base, em unidade com a CSP-Conlutas, as entidades da educação e demais organizações do campo classista, na perspectiva da reorganização da classe trabalhadora, pelo Fora Temer e pela construção da greve geral”, é o texto final da centralidade da luta para 2017. Para Eblin Farage, a centralidade da luta aprovada mostra o caminho que o sindicato já está trilhando que é o de combater toda e qualquer retirada de direitos, identificando que neste governo houve uma intensificação dos ataques aos trabalhadores, e que, nesse sentido, é necessária uma ampla articulação entre os diferentes segmentos da classe trabalhadora. “É muito importante que tenhamos aprovado uma centralidade da luta em que conste que nós temos que nos articular com as entidades da educação e do campo classista na perspectiva do Fora Temer e da construção da greve geral. É uma centralidade da luta que nos permite continuar construindo a unidade, lutando contra a retirada de direitos e buscando avançar na reorganização da classe trabalhadora, em defesa da educação pública”, concluiu.

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36º Congresso/2017

ANDES-SN recebe entidades parceiras em seu 36º Congresso ca a subtração de recursos públicos pelos mecanismos financeiros, sem qualquer contrapartida para o Estado”, completou Maria Lúcia Fatorelli.

Casarão de Lutas

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a noite de segunda-feira (23), Maria Lúcia Fatorelli, da Auditoria Cidadã da Dívida, e Guilherme Boulos, do Casarão da Luta do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), falaram aos docentes presentes no 36º Congresso sobre as atividades desenvolvidas por suas entidades, as quais recebem apoio financeiro do Sindicato Nacional.

Auditoria Cidadã

Maria Lúcia Fatorelli explicou brevemente as análises da entidade sobre o sistema da dívida. “O Brasil vive um grande paradoxo. Somos a nona economia mundial, com abundância de diversos recursos, mas, ainda assim, vivemos um cenário de escassez. Como um gigante desses entra em crise?”, questionou, criticando a alternativa sempre apresentada pelos

governos de plantão, o ajuste fiscal. “O problema é nosso modelo econômico concentrador de renda e riqueza. São bases desse modelo, que é desenhado propositalmente, a política monetária suicida, o sistema tributário regressivo e o sistema da dívida”, critica Maria Lúcia. A coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida explicou que a política monetária suicida é baseada em juros elevados, restrição da base monetária, swap cambial e transferência de recursos públicos para o setor financeiro. Já o sistema tributário regressivo faz com que, mesmo havendo uma carga média de impostos de 36% no país, trabalhadores que ganham até dois salários mínimos cheguem a pagar 59% do que recebem em impostos. “Por fim, o sistema da dívida é a utilização do endividamento público às avessas. Eles chamam de dívida públi-

Baile do 36º Congresso do ANDES-SN Participe do baile temático de confraternização do 36º Congresso, que acontece hoje, quarta-feira (25), a partir das 20 horas. Os convites são individuais, dão direito a bebida e comida, e podem ser

adquiridos por R$ 50 com a comissão organizadora do evento, até às 15h desta quarta. A festa será realizada na sede da AABB, na rua Alexandre Barros, 691, Chácara dos Pinheiros.

Guilherme Boulos apresentou brevemente a história do Casarão da Luta, espaço de formação política do MTST em Taboão da Serra (SP). “É um espaço físico fundamental para o movimento. Era uma grande casa de um prefeito da cidade, em um terreno de 70 mil m², que, depois de um conjunto de ocupações e de uma marcha que caminhou 20 km até o palácio do governo paulista, conseguimos desapropriar”, disse. “O Casarão da Luta é um espaço de assembleia, de formação continuada. Essencial para qualificar luta politica por moradia”, completou Boulos. Ele encerrou ressaltando que a parceria do MTST com o ANDES-SN não se restringe ao Casarão da Luta, e que haverá muitos desafios a serem enfrentados de maneira conjunta entre as entidades em 2017. “Estamos vivendo um período de agravamento do conflito social, com o colapso dos serviços públicos. A Reforma da Previdência é um dos mais duros dos ataques, e o MTST a combaterá. Podem contar conosco para a luta em defesa da educação pública, e estaremos juntos nas lutas desse ano, também, como estivemos no final do ano passado contra a PEC 55”, concluiu.


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