Mobilização e resistência
“Eu só quero minha vida de volta”
Desgaste mental e saúde dos servidores técnico-administrativos de uma universidade pública em Niterói (RJ) Tatiana dos Anjos Magalhães
Doutoranda em Saúde Pública - ENSP/FIOCRUZ E-mail: tanjosmag@yahoo.com.br
Lucia Rotenberg
Pesquisadora Permanente - IOC/FIOCRUZ E-mail: lucia.rotenberg@gmail.com
Resumo: O estudo aborda o processo de trabalho na Universidade considerando seus efeitos adoecedores, assim como a possibilidade de potencializar a saúde. Objetivo: identificar os aspectos do processo de trabalho de assistentes em administração da Universidade Federal Fluminense que potencializam o desgaste mental e os que se associam ao prazer e à saúde. Metodologia: vinte assistentes em administração participaram de entrevistas semiestruturadas, cuja transcrição se baseou na análise de conteúdo. Resultados: a burocracia, a falta de autonomia e a relação entre professores e técnico-administrativos foram fonte de desgaste mental. Já a contribuição do trabalho para a missão da universidade atuou como principal fonte de prazer, potencializando a saúde no trabalho. Considerações finais: o vínculo entre as atividades desenvolvidas e a saúde dos trabalhadores contribui para o mandato social da universidade e se contrapõe à imagem negativa que paira sobre o servidor público.
Palavras-chave: Universidade. Saúde. Desgaste Mental. Defesa. Servidores Técnico-Administrativos.
Introdução
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No imaginário social, os servidores públicos são
governo Fernando Henrique Cardoso. A debilitação
representados pejorativamente como burocratas,
da identidade dos servidores públicos foi permeada
associados à imagem do paletó largado na cadeira
por Programas de Demissão Voluntária, pela campa-
(NUNES; LINS, 2009; RIBEIRO; MANCEBO, 2013).
nha de desmoralização dos servidores (chamada de
Segundo Ribeiro e Mancebo (2013), esta imagem
“Caça aos Marajás”) e pela identificação do serviço
negativa é antiga, porém se intensificou a partir de
público com a corrupção, a ineficiência e o desper-
1995 com a implementação da Reforma do Estado no
dício (NEVES, 2005; RIBEIRO; MANCEBO, 2013).
UNIVERSIDADE E SOCIEDADE #65