O HABITAR CONTEMPORÂNEO: O EDIFÍCIO E A PAISAGEM

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O HABITAR CONTEMPORÂNEO: O EDIFÍCIO E A PAISAGEM


O HABITAR CONTEMPORÂNEO: O EDIFÍCIO E A PAISAGEM

Autora: Andrea Soler Machado, Depto. Arquitetura-PROPAR, UFRGS Pesquisadores: Evelise Both, mestranda, PROPAR, UFRGS Maicon Soares, mestrando, PROPAR, UFRGS Natalia Teixeira, mestranda, PROPAR, UFRGS Carlos Haussen, mestrando, PROPAR, UFRGS Angelina Blomker, doutoranda, PROPAR, UFRGS Luiza Brandão, doutoranda, PROPAR, UFRGS

Bolsista IC: Gabriela Rodrigues das Virgens, graduanda, FAU-UFRGS

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| SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................... 4

DIAGRAMAS DO BAIRRO

O ATELIÊ DE PROJETO 3 ....................................................................................................................................... 5

PRÉDIOS....................................................................................................................................................................................................... 31

TRÊS ESCALAS ................................................................................................................................................................... 7

LINHAS............................................................................................................................................................................................................ 32

O PROJETO DO PARQUE DE LA VILLETTE ....................................................................................... 11 PARQUE DE LA VILLETE ............................................................................................................................................................. 13 DIAGRAMAS............................................................................................................................................................................................ 14

O MÉTODO DE LA VILLETTE NA PESQUISA...................................................................................... 15 01 SUPERQUADRA ................................................................................................................................................................... 16 01 SUPERQUADRA ................................................................................................................................................................... 17 01 SUPERQUADRA ................................................................................................................................................................... 18 01 SUPERQUADRA ................................................................................................................................................................... 19 01 SUPERQUADRA ................................................................................................................................................................... 20 01 SUPERQUADRA ................................................................................................................................................................... 21 01 SUPERQUADRA ................................................................................................................................................................... 22 01 SUPERQUADRA ................................................................................................................................................................... 23 01 SUPERQUADRA ................................................................................................................................................................... 24 01 SUPERQUADRA ................................................................................................................................................................... 25 MAPA DO BAIRRO ................................................................................................................................................................... 26 MAQUETE ELETRÔNICA ..................................................................................................................................................... 27

CONCLUSÕES .................................................................................................................................................................. 30

SUPERFÍCIES............................................................................................................................................................................................ 33 PONTOS ..................................................................................................................................................................................................... 34

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................................................... 35


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| INTRODUÇÃO

O ensino de projeto arquitetônico constitui uma atividade teóricoprática conduzida por docentes que tem como objetivo a produção de conhecimento através da realização de projeto arquitetônico por parte dos estudantes: uma documentação - “um conjunto de especificações e representações que permitem construir o objeto representado, (...) suas formas, dimensões e materiais” (CORONA, 1990, p. 9). Entretanto, essa produção é precedida de um processo coordenado de ações:

O objetivo genérico da pesquisa é pensar as relações compositivas e complementares entre o espaço privado da moradia e o espaço público da superquadra. O objetivo específico é construir um método didático de projeto de paisagismo a ser incorporado na disciplina, através da análise compositiva de dez propostas selecionadas, utilizando o método de sobreposição de malhas, regulares e irregulares, ao modo de layers, proposto no Projeto do Parque de La Villette, de Bernard Tschumi, Paris, 1982-83.

A palavra projeto vem da palavra latina projectum do verbo em latim proicere, “antes de uma ação”, que por sua vez vem de pró-, que denota precedência, algo que vem antes de qualquer outra coisa no tempo (em paralelo com o grego πpó) e iacere, “fazer”. Portanto, a palavra “projeto”, na verdade, significava originalmente “antes de uma ação”.1

A pesquisa se justifica à medida em que os ateliês de projeto 3 produzem ideias a respeito das relações entre o edifício e a paisagem que se perdem se não forem transformadas em produção acadêmica. Essa pesquisa procura conectar metodologicamente uns e outros, visando construir uma teoria imagética-textual que procura preencher lacunas:

O processo envolve a produção de figuras em interação com conceitos – em grande parte fornecidos pelos docentes -, de natureza técnica e artística, de maneira progressiva. O ateliê de projetos pode ser visto, pois, como um processo de investigação, por parte de alunos e professores, construída através da interação entre a resposta dada pelos trabalhos e a pesquisa de referências e métodos operativos transponíveis ao problema proposto. O projeto de pesquisa O habitar contemporâneo: o edifício e a paisagem, procura estabelecer relações diretas entre o ensino e pesquisa, e tem como objeto de análise, a síntese de uma etapa do trabalho realizado no Ateliê de Projeto 3, Turma D, correspondente ao quinto semestre do curso de Arquitetura e Urbanismo da FAU-UFRGS, do período entre 2018 e 2019: a escala urbana pública, realizada em 1:500, que trata da implantação de edifícios de habitação coletiva em superquadras, em conjunto com um projeto de paisagismo. 1

https://pt.wikipedia.org/wiki/Projeto

- do atual currículo da FAU-UFRGS, que não mais contempla a disciplina de paisagismo; - do projeto e do ensino de paisagismo no Brasil, concebido como complemento mas com demasiada autonomia em relação aos aspectos compositivos e artísticos do projeto de arquitetura; - do repertório paisagístico de superquadras residenciais; A pesquisa apresenta o ateliê de Projeto 3, turma D, da FAU-UFRGS, e a proposta de construção de um método didático a partir da reinterpretação do método do Projeto do Parque de La Villette aplicada à análise dos trabalhos dos estudantes.


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| O ATELIÊ DE PROJETO 3 O ateliê de Projeto 3, turma D, trabalha com o tema do habitar contemporâneo como herança do habitar moderno e explora as relações entre o edifício e paisagem. Trata-se investigar as possibilidades de habitar a orla da Praia de Belas, em Porto Alegre2 .

O sítio do exercício de projeto surge a partir do redesenho de parte do Projeto do Bairro Residencial da Praia de Belas de 19533 , um projeto urbanístico parcialmente implantado, que adota o conceito das Unidades de Vizinhança4 e preconiza o edifício modernista isolado do lote (Figura 1). Hoje, grande parte da área é formada por aterros e caracterizada pela presença de Centros Administrativos, parques públicos, vazios e cicatrizes que representam oportunidades de projeto. Para o exercício, adota-se a área de aproximadamente 70 hectares, delimitada pela Avenida Ipiranga, Estádio Beira-Rio (L-O), Avenida Borges de Medeiros e Edvaldo Pereira Paiva (N-S); área correspondente, aproximadamente, à área ocupada atualmente pelo Parque Marinha do Brasil, convertida em dez superquadras de 289,85m X 242m5 (Figura 2). Capital do Rio Grande do Sul, Brasil. O Projeto do Bairro Residencial da Praia de Belas de 1953, de Edvaldo Pereira Paiva e Carlos Maximiliano Fayet, integra o Primeiro Plano Diretor de Porto Alegre instituído em 1959 através da Lei n0 2046. 4 O conceito de “unidades de vizinhança” foi criado por Clarence Arthur Perry para o plano para Nova Iorque de 1929, reinterpretado por Le Corbusier nos projetos da Ville Contemporaine, 1922 e Ville Radieuse, 1924-30; “reiterado como como um dos pontos de doutrina da Carta de Atenas, de 1943”; e “reformulado (...) como módulo agenciador da trama urbana” do Plano Piloto de Brasília, de Lucio Costa, 1957, com a denominação de Superquadras. Consiste em áreas residenciais autossuficientes, agrupadas em torno de uma escola, com “todas as facilidades necessárias à vida cotidiana” numa distância acessível a pé, salvaguardadas “do tráfego de passagem”, capazes de promover a sociabilidade a partir das relações de vizinhança (GOROVITZ, 2008, p. 16). 5 Dimensões aproximadas ao terreno da Unité D´Habitation de Marselha, Le Corbusier, 1947-52, e das superquadras de Brasília.

As superquadras são a expressão máxima da cidade no parque, uma contraposição ao conceito de condomínio fechado e privativo, e diferem dos quarteirões convencionais em termos de parcelamento, esfera e escala: os edifícios ocupam projeções no espaço público de grandes dimensões. Em sintonia com a teoria de Colin Rowe (1978) da cidade como colagem, morfológica e tipológica, o projeto testa a hipótese da inserção e costura de um fragmento ou retalho do modelo urbano habitacional modernista, no tecido (roto) da cidade tradicional: superquadras habitacionais na orla como aproximação da cidade com o rio. O novo bairro-parque se conecta com a trama urbana existente e constitui morfologia intermediária entre a cidade tradicional e a natureza da orla. Cada aluno (ou dupla) trabalha com uma superquadra sorteada no início do semestre letivo. Figura 1: Projeto do Bairro Residencial da Praia de Belas de 1953.

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Fonte: Plano Diretor de Porto Alegre, 1964.


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AV. IPIRANGA

R. JOSÉ DE ALENCAR

AV. BORGES DE MEDEIROS

SQ 01

SQ 02

SQ 03

SQ 04

SQ 05

SQ 06

SQ 07

SQ 08

SQ 09

SQ 10

AV. EDVALDO PEREIRA PAIVA

Figura 2: Projeto do Bairro Residencial da Praia de Belas adaptado para o exercício de Projeto. Fonte: Autoras.


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| TRÊS ESCALAS

O trabalho se desenvolve em três escalas articuladas: A escala urbana pública, em 1:500, objeto desse projeto de pesquisa, amarra todo o projeto desenvolvido no ateliê.: corresponde à implantação dos edifícios na superquadra, concebida como um parque ou um tapete verde, circundado por um cinturão verde de 20 metros de largura que sofre recortes e inserções do programa.

jardins sensoriais, estimulando tato, olfato, audição e, sobretudo a conexão com a natureza, terapia muito valorizada nos tempos atuais. A introdução de elementos naturais, linhas orgânicas e cores provoca um rompimento no meio urbano denso, caracterizado por materiais artificiais e linhas ortogonais. Figura 3: Moodboard.

- Seis a oito edifícios habitacionais do tipo barra6 , de 6 pavimentos, sobre pilotis, cuja disposição deve gerar espaços intersticiais com porte de pátio ou praça urbana arborizada; -Paisagismo como complemento do habitar: atividades compatíveis com o público alvo definido por cada aluno através de um Moodboard - uma colagem que expressa, de forma lúdica, as aspirações sensoriais que o projeto pretende abordar (Figura 3). Estimula-se a reinterpretação das tradicionais atividades culturais, esportivas e de lazer, e dos elementos de mobiliário urbano; a adoção de espaços multiuso, como playgrounds com piso de borracha para todas as idades; e elementos que promovam a sustentabilidade, como hortas urbanas, pomares e chafarizes interativos reaproveitando a água da chuva. Preconiza-se o uso compositivo da vegetação nativa, considerando-se, sobretudo, o porte adequado a cada situação: forrações, marcação de caminhos, delimitação de ambientes, sombreamento, etc. Importante elemento formador da paisagem, a vegetação possui um desempenho fundamental na qualidade de vida, principalmente no que se refere ao conforto ambiental que ela proporciona. Pode ser empregada junto com a água em A barra é o edifício em altura, cuja configuração da planta-tipo é resultado da disposição seriada de apartamentos com testadas mínimas em uma circulação do tipo corredor, acessado por circulações verticais pontuais, inseridas de acordo com as normas de incêndio locais 6

Fonte: Gabriela Rodrigues e Juliete Rivoire.

-Sistema de movimentos: caminhos com diferentes hierarquias, dimensões e funcionalidades atendendo as normas vigentes de acessibilidade, a qual garante o direito de ir e vir de todos de maneira independente e participativa. Para tanto é imprescindível que as superquadras sejam possuidoras de uma rota acessível, termo definido como “trajeto contínuo, desobstruído e sinalizado que conecte os ambientes externos ou internos de espaços e edificações, e que possa ser utilizado de forma autônoma e segura por todas as


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O HABITAR CONTEMPORÂNEO: O EDIFÍCIO E A PAISAGEM pessoas, inclusive aquelas com deficiência e mobilidade reduzida” (NBR 9050, 2015, p. 57. Este caminho principal conecta integralmente a superquadra devendo conduzir a todas as atividades públicas propostas, e apresentar pontos de descanso, obrigatórios a cada 50m8, como praças e espaços de contemplação. Frequentemente a sinalização imposta pela lei se vincula harmoniosamente a identidade visual da proposta. A distinção de cores entre pisos e pavimentos é um recurso de delimitação que oferece segurança através do contraste. A sinalização tátil atende aos cegos, pessoas com doenças refrativas e também os idosos, e por esta razão precisa estabelecer contraste com o piso. Comodidade e segurança são propriedades básicas para se obter um espaço público qualificado. - Faixas comerciais junto às grandes avenidas. A situação da tábula rasa, plana e retangular, e a ausência de condicionantes urbanos próximos, que poderiam ser consideradas o desejo de trabalho de todo arquiteto, paradoxalmente, dificulta a tomada de partido por parte do aluno. O lote, sem nenhum balizador, admite infinitas possibilidades no lançamento das propostas. Traçados, faixas e malhas geométricas se impõem como método de projeto, atuando como partitura organizadora dos edifícios em conjunto com o programa do espaço aberto. As principais referências utilizadas nessa etapa incluem: -o paisagismo dos grandes quarteirões de 400m por 400m da Ville Radieuse, de Le Corbusier, 1924-30, estruturado através de duas malhas: a primeira, ortogonal e racionalista, organiza o desenho repetitivo em arabesco dos blocs à redents, que retrocede ou alinhase, alternada e regularmente, a partir dos limites exteriores da rua; a segunda, irregular e sinuosa, inspirada no traçado do parque inglês, define caminhos e uma hierarquia de jardins. Conceito de rota acessível retirado do texto da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR 9050, 2015, a qual estabelece critérios e parâmetros técnicos para acessibilidade. 8 Conforme Norma Brasileira - ABNT NBR 9050, 2015, pg. 58. 7

-As superquadras-modelo do Plano Piloto de Brasília, compostas por um traçado regular, que organiza os edifícios, e um traçado sinuoso de ruas internas e jardins de Burle Marx9. -O Parque de La Villette, explicitado no método da pesquisa; -O trabalho da paisagista Martha Schwartz(Figura 4), cuja missão é: [...] explorar a relação entre paisagem, arte e cultura, e desafiar os conceitos tradicionais de paisagismo; encontrar oportunidades onde as soluções de design de paisagem podem aumentar a sustentabilidade social, ambiental e econômica de um lugar e eleválos a um nível de arte; e tornar o projeto paisagístico crítico para a sustentabilidade de nosso entorno (Architonic, n.d., tradução nossa)10. -O conceito de Jardim em Movimento, de Gilles Clément (Figura 5), “se inspira no deserto: espaço vital deixado ao livre desenvolvimento das espécies que aí se instalam (...) ‘Faça o máximo possível com o mínimo possível contra’, resume a posição do jardineiro do Jardim em Movimento” (Gilles Clément, n.d., tradução nossa)11 . Fonte: Página do site Martha Schwartz Partners12. Fonte: © Clément Guillaume13.

“Burle Marx levou para o paisagismo o ideário da arte e arquitetura modernas. Rejeitou as flores exóticas com que o país compunha seus jardins públicos e particulares e trouxe para as praças a antes desprezada vegetação nativa. Compôs jardins como quem cria obras de arte. Pensou na topografia, no meio ambiente, na arquitetura e na plasticidade para projetar jardins e praças no Brasil e em mais de 20 países. Foi paisagista, ceramista, gravurista, tapeceiro, designer de joias, pintor, músico. Fez cenário e figurinos para peças de teatro, óperas e decoração de carnaval” (Correio Braziliense, 2009, 04 de agosto). 10 Her mission is to explore the relationship between landscape, art and culture and challenge traditional concepts of landscape design; find opportunities where landscape design solutions can enhance the social, environmental, and economic sustainability of a place and raise them to a level of fine art; and make landscape design critical to the sustainability of our surroundings. 11 Le Jardin en Mouvement s’inspire de la friche: espace de vie laissé au libre développement des espèces qui s’y installent (...) «Faire le plus possible avec, le moins possible contre » résume la position du jardinier du Jardin en Mouvement. 12 Disponível em: < https://msp.world/beiqijia-technology-business-district-beijing-china/ >. Acesso em: 05 ago. de 2021. 13 Disponível em < https://arcdaily.com/9148/musee-du-quai-branly-ateliers-jeannouvel/5cae54284dd19a91000361-musee-du-quai-branly-ateliers-jean-nouvel-photo. Acesso em: 05 de ago. 2021. 9


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O HABITAR CONTEMPORÂNEO: O EDIFÍCIO E A PAISAGEM Figura 4: Projeto Beiqijia Technology Business, Martha Schwartz Partners.

-Os projetos urbanos do escritório MVRDV, cuja frase de abertura do site é: Espaços para morar, trabalhar e se divertir! Queremos revolucionar todos os aspectos da vida humana. Cidades melhores, locais de trabalho agradáveis, casas fantásticas e ótimos espaços para curtir a vida, encontramos a melhor solução para cada projeto em cada situação através da coleta de dados e parâmetros” (MVRDV, n.d., tradução nossa)14 .

-A vertente contemporânea, caracterizada pela técnica da topografia operativa e a integração entre arquitetura, escultura e a land art (Leatherbarrow, 2009, p. 6-10).

Fonte: Página do site Martha Schwartz Partners12. Figura 5: Projeto de paisagismo para o Musee du Quai Branly, Paris, de Jean Nouvel13.

A escala habitacional, em 1:200, corresponde à resolução completa e detalhada de um dos edifícios tipo barra15 residencial - que parte de um volume de 20m x 80m, podendo sofrer subtrações e adições ao longo do projeto - a ser repetido na superquadra. Como detalhamento, a escala dos interiores, em 1:50, corresponde à ampliação dos diferentes tipos de apartamentos propostos, investigando relações espaciais qualificadas entre espaços mínimos e mobiliário flexível, e relações visuais entre o espaço íntimo e o paisagismo do espaço aberto da superquadra. As três escalas do projeto se complementam: a escala da paisagem corresponde ao mundo do pedestre, do chão, dos caminhos, dos espaços abertos públicos e dos pilotis. Árvores, jardins e fachadas Spaces to Live, Work & Play! We want to revolutionise every aspect of human life. Better cities, pleasant work places, fantastic homes and great spaces to enjoy life, we find the best solution for every project in every situation by collecting data and parameters. 15 O tipo barra sobre pilotis que flutua sobre um parque público foi enunciado pela Unité D´Habitation de Marselha, de Le Corbusier, 1945-52, e reinterpretado nas superquadras de Brasília. Para o exercício, adota-se um tipo híbrido: da Unité, adota-se o conceito de uma nova escala do habitar, correspondente a uma concepção de espaço privativo compacto, estreito e comprido, compensado pela redefinição de alguns serviços domésticos, deslocados da esfera individual para a coletiva, e qualificado pela presença do espaço comunicado da tipologia duplex; e a incorporação de serviços urbanos essenciais próximos, como compensação da condição de isolamento do edifício; das superquadras-modelo de Brasília, adota-se a proporção e a altura de seis pavimentos da barra, mais compatível com a paisagem da orla do Guaíba e com a morfologia do quarteirão proposto.

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Fonte: © Clément Guillaume .


O HABITAR CONTEMPORÂNEO: O EDIFÍCIO E A PAISAGEM dos edifícios compõem um cenário, configuram um ambiente externo que complementa o mundo interno doméstico e íntimo. O paisagismo corresponde à qualificação dos trajetos e ambientes junto aos edifícios, no nível do pedestre: texturas, cores, aromas e diferentes tipos e portes de vegetação estimulam a diminuição de ritmo, o passeio, a reflexão e o desfrute dos diversos cenários imaginados para esse habitar na orla.

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| O PROJETO DO PARQUE DE LA VILLETTE O projeto do Parque de La Villette, de Bernard Tschumi, 1982-83 inaugurado entre 1984 e 2000 -, é o primeiro prêmio do Concurso de Projetos16, que visava a criação “de um Parque Urbano para o século 21”, através da revitalização de uma área de 55 hectares, no 19º arrondissement, zona noroeste de Paris (VIEIRA, p. 166). O terreno abandonado, localizado em um contexto heterogêneo, em “uma região muito densa e interligada ao centro da capital francesa por duas linhas de metrô e uma perimetral” (VIEIRA, p. 165) com pré-existências remanescentes do antigo matadouro municipal da cidade e dividido pelo Canal de l’Ourcq, exigia uma estratégia de projeto ambígua, com algumas amarrações urbanas e certa autonomia. “Baseado na ideia de desconstrução de Derridá, Tschumi propõe o uso da filosofia não tradicional para desenvolver uma nova tipologia para o seu primeiro projeto construído” (WONG, 2016, p. 52). A estratégia adotada envolveria desconstruções, disjunções e dissociações, formais e programáticas e “deveria se organizar sem referências às tradições, especialmente às regras de forma, hierarquia e estrutura. Por isso, novos conceitos como Sobreposição, Paisagismo Cinemático (Cinematic landscape) e Folie não são apenas teorias, são, também, ideias construídas” (WONG, 2016, p. 50). As relações espaciais propostas “dependem da interação entre os três níveis da experiência arquitetônica: o evento, o espaço e o movimento” (PADOVANO, 2001), transpostos, respectivamente, para pontos, superfícies e linhas - fundamentos da geometria que “fazem referência ao livro de Kandiski: Point and line to plane” (TILLER, 2018, p. 13). Esses elementos compositivos do projeto são organizados em 16

O Juri do Concurso foi “presidido pelo paisagista brasileiro Roberto Burle Marx” (VIEIRA, p. 170).

camadas sobrepostas ou layers.

- O evento, correspondente aos pontos, é definido, por Tschumi, “como um incidente, uma ocorrência – o item particular em um programa. (...) Incluem momentos da paixão, os atos do amor e o instante da morte” (PADOVANO, 2001), e são materializados nos trinta e cinco edifícios pontuais, distribuídos sobre uma malha ortogonal organizadora do terreno, de 120m x 120m: as folies17: “pavilhões cúbicos vermelhos de 10 m de lado, desconstruídos com subtrações, rotações etc. Além de funcionarem como pontos de referência e conferirem unidade ao parque, as folies abrigam variados programas” (VIEIRA, p. 167). Enquanto as folies são pontos que abrigam atividades informais e efêmeras, a grelha Cartesiana que as suporta é um traçado formal preciso, uma ferramenta compositiva autônoma, neutra e aberta, presente na tradição arquitetônica: “Tschumi concebe a grelha Cartesiana como uma linguagem comum, que permite o entendimento de diferentes contextos (...) A grelha pode ser interpretada como contendo a sua própria linguagem, que conduz a mente humana à formulação de novos entendimentos (TILLER, 2018, p. 16). - “O movimento é a ação ou o processo, e ainda o ato ou uma maneira particular de mover-se” (PADOVANO, 2001), e corresponde às linhas que materializam os percursos do parque com diferentes propósitos: - Os dois ortogonais principais correspondem a dois eixos, norte-sul Folie, em francês, significa loucura, mas no francês antigo significava casa e edifício de amenidades. “A folie é um tipo de construção que teve origem no século XVI e que se popularizou no século XIX. Trata-se, em geral, de uma pequena construção que abriga funções variadas, normalmente vinculadas ao ócio, e que tinham por objetivo destacar pontos de interesse na paisagem, ao longo de um determinado caminho” (VIEIRA, p. 169). 17


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O HABITAR CONTEMPORÂNEO: O EDIFÍCIO E A PAISAGEM e leste-oeste, e são passarelas cobertas que promovem conexões urbanas; - O caminho sinuoso, denominado Cinématique, análogo à técnica de filmagem, “com 3 km de extensão, se desenrola como um rolo de filme pelo gramado do parque e leva o usuário a vários pontos de interesse, passando por jardins temáticos, áreas educacionais, esportivas, contemplativas etc.” (VIEIRA, p. 168): “em La Villette, cada quadro corresponde a um segmento da sequência; no percurso cinemático, cada quadro define um jardim. Cada um desses quadros se torna uma peça única” (Tschumi, 1987, apud WONG, 2016, p. 54); - Os Allés ou caminhos com vegetação, se desenham como um círculo central e duas linhas diagonais cruzadas, uma referência abstrata ao urbanismo de Paris; - “O espaço é um estado mental” (PADOVANO, 2001) que se expressa, no projeto, através das superfícies verdes e esplanadas dispostas entre os dois primeiros.

os limites não se definem” (TSCHUMI, 1988, p. 34-35). “La Villette ficou conhecido como um tipo de parque sem precedents, baseado na cultura e não na natureza”18. Para facilitar a visualização e compreensão dos layers do Parque, redesenhamos a planta e os diagramas axonométricos do projeto tendo como referência os desenhos de Tschumi disponibilizados virtualmente (Figura 6). A partir desse processo de desconstrução do desenho, procuramos estabelecer um método gráfico de representação e análise que pudesse ser aplicado posteriormente nos trabalhos dos alunos do ateliê de Projeto 3. Uma nova série de quatro diagramas (Figura 7) explicita a reinterpretação que resulta no método proposto: um sistema construído a partir da decomposição do programa em quatro camadas ou malhas, correspondentes a prédios, caminhos, jardins e atividades.

Embora cada layer possua sua própria lógica e autonomia, a sobreposição dos três sistemas produz as tensões e o dinamismo que caracterizam o parque. O projeto foi concebido como um espaço definido pelo usuário, aberto a interpretação. “Segundo Tschumi (apud. BERTACCHINI, 2001, p.1), o projeto do Parque de La Villette pode assim ser visto para incentivar o conflito sobre a síntese, a fragmentação sobre a unidade, a loucura e o jogo sobre a gerência cuidadosa. Este projeto subverte um número de ideais que lhe eram sacrificados no período moderno – desta maneira, pode ser aliado a uma visão específica de pós-modernidade” (VIEIRA, p. 168). O deconstrutivismo de Tschumi segue e subverte, a tradição dos jardins, inglês e francês, enunciando uma lógica caótica que, de certa forma, sugere a sobreposição de ambas. A “desconstrução dos componentes da arquitetura” privilegia “as relações de conflito, rejeitando a síntese e a totalidade (…): o projeto não se conclui, e

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http://www.tschumi.com/projects/3/#


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| REDESENHO

PARQUE DE LA VILLETTE

linhas

pontos

superfícies

0 10

50

100m

Figura 6: Redesenho do Projeto do Parque de La Villette de Bernard Tschumi de 1982. Fonte: Autoras


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| PARQUE DE LA VILLETTE

DIAGRAMAS

prédios

prédios

linhas

linhas ortogonais Cinématique

superfícies

áreas verdes

pontos

26 folies

jardins

Figura 7: Representação do Parque de La Villette através do método gráfico da pesquisa. Fonte: Autoras.


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| O MÉTODO LA VILLETTE NA PESQUISA A seleção dos dez trabalhos analisados na pesquisa - um para cada superquadra do bairro - foi feita a partir dos arquivos entregues em formato digital ao término da disciplina, de acordo com critérios como: a quantidade e qualidade do material entregue, a qualidade das malhas geométricas e a diversidade dos projetos. O redesenho dessas propostas por bolsista de Iniciação Científica19 evita problemas éticos de utilização de imagens e permite a adoção de uma expressão gráfica simplificada e padronizada, que facilita a explicitação dos elementos componentes, e o estabelecimento de relações compositivas consistentes entre os diferentes trabalhos. Cada projeto corresponde a uma prancha contendo: a planta de situação do bairro na cidade de Porto Alegre; a implantação final da superquadra com legendas, quatro diagramas das malhas compositivas em conjunto com uma perspectiva axonométrica explodida, dois perfis urbanos e quatro imagens tridimensionais do espaço aberto da superquadra. Os diagramas correspondem à reinterpretação e aplicação do método La Villette sobre cada trabalho, tem a finalidade de identificar e explicitar as estratégias possíveis surgidas do uso desses sistemas, e é composto por quatro malhas diagramáticas: 1-Implantação dos prédios; 2-Linhas geradoras do sistema de movimentos; 3-Superfícies correspondentes às áreas verdes; 4-Pontos localizadores de elementos do programa; 19

Gabriela Rodrigues das Virgens, bolsista PIBIC CNPq-UFRGS 2020/2021.

Na amostra de trabalhos analisados, verificam-se especificidades e pontos em comum entre as propostas. A malha de implantação dos prédios gera espaços de dois tipos genéricos: figurativos, correspondentes a recintos, praças e pátios, públicos e/ou condominiais; e abstratos, fluídos, não delimitados, traduzidos em passagens, interstícios e recuos. A malha de linhas, geradora do sistema de movimentos, na maior parte dos casos, é composta por caminhos principais e secundários, com diferentes dimensões, que adquirem configurações ortogonais e orgânicas. Enquanto as primeiras possuem caráter funcional, possibilitando o acesso rápido e direto aos edifícios e pontos do conjunto, as segundas, orgânicas (sinuosas) organizam caminhos lúdicos, de passeio. A malha de superfícies, organizadora de áreas verdes e árvores que caracterizam caminhos e ambientes, resulta das operações de subtração realizadas sobre o tapete verde na implantação dos edifícios, caminhos e pontos. E a malha de pontos, implícita ou explícita, organiza os elementos do programa da superquadra nos espaços gerados entre os prédios. As malhas são pensadas com certa autonomia, e a idéia de conjunto surge da sua sobreposição, que pode ser simples, gerando relações de tensão entre as quatro; ou complexa, na qual operações de subtração de certas partes geram novas figuras. As pranchas gráficas dos dez projetos a seguir ilustram diversas possibilidades de configuração especial resultantes.


| 01 SUPERQUADRA

16 B

LEGENDA IMPLANTAÇÃO 1 Espaço para feira 2 Espaço de lazer e esporte 1 3 Espaço de lazer e esporte 2 4 Jardins 5 Eventos e encontros

1 1 4 0 10

3 2

A

50

CORTE AA

100m

A

4

0 10

50

CORTE BB

100m

5

0 10

50

100

IMPLANTAÇÃO

B

Espaço para feira

Lazer e esportes

Jardins

Eventos e encontros

DIAGRAMAS

PONTOS

SUPERFÍCIES

PRÉDIOS comércio barras com organização simétrica e espelhada em um eixo diagonal de sentido N-S

LINHAS principal sinuosa que direciona para o centro da quadra secundárias ortogonais como caminho funcional

SUPERFÍCIES área verde predominante no exterior da quadra árvores posicionadas entre os edifícios e os estares

PONTOS estares e atividades posicionados no centro da quadra entre os caminhos

LINHAS

PRÉDIOS


| 02 SUPERQUADRA

17 B

LEGENDA IMPLANTAÇÃO

1 Jogos 6 Palco 2 Dogpark 7 Espelho d’água 3 Academia 8 Feira/exposição 4 Cancha de bocha 9 Quadra poliesp. 5 Quadra de vôlei 10 Skate

1

11 Corrida 12 Piquenique 13 Playground

2

8

3

A

10

9

0 10

7

4

5

11

6

12

0 10

50

100

IMPLANTAÇÃO

B

CORTE AA

100m

A

0 10

13

50

50

CORTE BB

100m

Quadra poliesportiva

Espelho d’água

Palco

Quadra de vôlei

DIAGRAMAS

PONTOS

SUPERFÍCIES

PRÉDIOS comércio barras com organização simétrica e espelhada em um eixo central de sentido L-O

LINHAS principal sinuosa central que marca o eixo de organização das barras secundárias ortogonais como caminho funcional

SUPERFÍCIES

PONTOS

área verde predominante árvores dispostas caminho principal

pelo

estares e atividades dispersos por toda quadra em formato circular e de diâmetros variáveis

LINHAS

PRÉDIOS


| 03 SUPERQUADRA

18

B

LEGENDA IMPLANTAÇÃO 1 Academia 2 Skatepark 3 Quadra poliesportiva 4 Jogos

17 16

6

14

13

4

6

10

6

9

5

0 10

50

5

6

9

15 Atletismo 16 Gramado 17 Deck Comércio

50

CORTE AA

100m

A

2

6

7

0 10

50

CORTE BB

100m

3

4

100

0 10

11

9 8

6

10 Lago 11 Jardim 12 E. Cultural 13 Alameda 14 Pomar

15

12 A

3

5 Piquiniques 6 Pergolado 7 Dogpark 8 Playground 9 Redário

1

B

IMPLANTAÇÃO

Alameda

Deck comércio

Lago

Pomar

DIAGRAMAS

PONTOS

SUPERFÍCIES

PRÉDIOS comércio barras com organização simétrica e deslocada através de um eixo central de sentido N-S

LINHAS principais ortogonais como caminho funcional secundárias sinuosas que geram pequenos pátios irregulares

SUPERFÍCIES área verde predominante árvores dispostas pelos caminhos gerando alamedas

PONTOS estares posicionados entre as barras e pérgolas que acompanham os caminhos

LINHAS

PRÉDIOS


| 04 SUPERQUADRA

19 B

5

4

LEGENDA IMPLANTAÇÃO 1 Academia 2 Playground 3 Quadra poliesportiva 4 Espelho d’água 5 Horta coletiva

6 Pista de skate

Espelho d’água

Playground

5

1 3

2 A

3

0 10

50

CORTE AA

100m

A

2 1

0 10

5

4

50

CORTE BB

100m

5 6

0 10

50

100

IMPLANTAÇÃO

B

Espelho d’água

Quadra poliesportiva

DIAGRAMAS

PONTOS

SUPERFÍCIES

PRÉDIOS comércio barras alinhadas em um eixo central diagonal de sentido L-O gerando um espelhamento na quadra

LINHAS principais sinuosas como caminho lúdico secundárias ortogonais como caminho funcional

SUPERFÍCIES área verde predominante árvores dispostas pelos caminhos

PONTOS estares concentrados em dois pólos e espelhados por um eixo central de sentido N-S

LINHAS

PRÉDIOS


| 05 SUPERQUADRA

20 B

A

LEGENDA IMPLANTAÇÃO 1 Quadra poliesportiva 2 Herbário 3 Espaço cultural 4 Mesa de jogos 5 Jardim dos perfumes

A 1

6 Playground 11 Academia 7 Ping Pong 8 Redário 9 Lago 10 Cinema ao ar livre

5

1

6 0 10

50

CORTE AA

100m

7 2

50

9

4

3

0 10

8

100

10

0 10

50

CORTE BB

100m

11

IMPLANTAÇÃO

B

Ping Pong

Playground

Lago

Quadra poliesportiva

DIAGRAMAS

PONTOS

SUPERFÍCIES

PRÉDIOS comércio barras concentradas no centro da quadra

LINHAS principais sinuosas em formato ameboide delimitando os estares secundárias ortogonais como caminho funcional

SUPERFÍCIES área verde predominante árvores em bosque árvores junto de caminhos

PONTOS estares e atividades delimitados pelos caminhos sinuosos principais

LINHAS

PRÉDIOS


| 06 SUPERQUADRA

21 B

LEGENDA IMPLANTAÇÃO

8

14

11

17

6

2

5

50

50

100m

CORTE AA

13 18 10 1

4

0 10

16

A

0 10

0 10

9 12

13 Ciclovia 14 Skatepark 15 Redário 16 Centro Cultural 17 Espaço Pet 18 Área de alimentação

12

6

11

7 Quadra poliesp. 8 Bicicletário 9 Playground 10 Horta e Pomar 11 Ginástica 12 Casa na árvore

15

17 15

7

9

9

7

1 Biblioteca 2 Pergolado 3 Espaço Ioga 4 Espaço de serviço 5 Mesa de jogos 6 Lago

100

8

50

100m

CORTE BB

A

B

IMPLANTAÇÃO

Pergolado

Centro cultural

Ciclovia

Lago

DIAGRAMAS

PONTOS

SUPERFÍCIES

PRÉDIOS comércio barras concentradas no centro da quadra formando dois pátios internos

LINHAS principais ortogonais em diagonal secundárias ortogonais em diagonal formando um rede irregular de caminhos

SUPERFÍCIES área verde irregular árvores junto de caminhos

PONTOS estares e atividades concentrados entre os recortes formados pelos caminhos

LINHAS

PRÉDIOS


| 07 SUPERQUADRA

22 B

2

LEGENDA IMPLANTAÇÃO

1

1 Quadra poliesportiva 2 Playground 3 Academia de ginástica 4 Pista de Skate 5 Calçadão

6 Espaço multiuso 7 Área de contemplação 8 Área de convivência 9 Área de descanso

Academia

Pista de Skate

8 0 10

50

CORTE AA

100m

8

7

6

A

A 9

3

4

2

0 10

50

CORTE BB

100m

1

5

0 10

50

100

B

IMPLANTAÇÃO

Playground

Gramado

DIAGRAMAS

PONTOS

SUPERFÍCIES

PRÉDIOS

LINHAS

comércio

principais ortogonais e

barras concentradas no centro da quadra formando dois pátios internos

secundárias ortogonais que se sobrepõem formando uma trama

SUPERFÍCIES área verde definida por jardins retangulares árvores junto aos jardins

PONTOS estares e atividades determinados pelo espaço interno da trama formada pelos caminhos

LINHAS

PRÉDIOS


| 08 SUPERQUADRA

23

B

LEGENDA IMPLANTAÇÃO 1 Zona privada: 2 Pomar horta 3 Zona Esportiva playground 4 Marquise estares 5 Zona Cultural

3 1 2 1 A

A

4

0 10

50

100m

CORTE AA

1 5 1

0 10

0 10

50

100

B

IMPLANTAÇÃO

50

Marquise

100m

CORTE BB

Zona privada

Quadra poliesportiva

Pista de skate

DIAGRAMAS

PONTOS

SUPERFÍCIES

PRÉDIOS comércio barras agrupadas em pares que são espelhadas em quatro direções de um eixo central da quadra

LINHAS

SUPERFÍCIES

principais ortogonais em pares conectando os quatro lados da quadra

área verde nos pátios formados pelos pares das barras

secundárias ortogonais

árvores de pequeno porte nos pátios

PONTOS estares e atividades nos pátios formados pelas barras e no eixo central da quadra

LINHAS

PRÉDIOS


| 09 SUPERQUADRA

24 B

LEGENDA IMPLANTAÇÃO 1 Playground 2 Horta Urbana 3 Quadra esportiva 4 Piso modular

1

2 3 0 10

50

CORTE AA

100m

3 2

1

0 10

50

CORTE BB

100m

4 A

A

0 10

50

100

IMPLANTAÇÃO

B

Playground

Horta urbana

Quadra poliesportiva

Marquise

DIAGRAMAS

PONTOS

SUPERFÍCIES

PRÉDIOS comércio barras alinhadas em um eixo central diagonal de sentido L-O

LINHAS principais ortogonais em diagonal conectando as barras centrais secundárias ortogonais em diagonal

SUPERFÍCIES área verde fragmentada área de piso modulado árvores nos gramados

PONTOS estares e atividades espelhados em um eixo central diagonal de sentido L-O

LINHAS

PRÉDIOS


| 10 SUPERQUADRA

25

B

2

2

LEGENDA IMPLANTAÇÃO 1 Quadra poliesportiva Pontos: 2 Espelho d’água jardins decks bancos

1

2 0 10

2

100m

CORTE AA

2

A

A

2

0 10

1

0 10

50

50

100m

CORTE BB

2

50

100

B

IMPLANTAÇÃO

Deck

Quadra poliesportiva

Caminho

Espelho d’água

DIAGRAMAS

PONTOS

SUPERFÍCIES

PRÉDIOS comércio barras com organização simétrica e espelhada em um eixo central de sentido L-O

LINHAS principais ortogonais em diagonal no sentido L-O conectando as barras secundárias ortogonais conectando os estares

SUPERFÍCIES área verde em barras entre os caminhos árvores em diagonal alinhadas com um caminho principal

PONTOS estares e atividades modulados posicionados de forma dispersa dentro de faixas

LINHAS

PRÉDIOS


O HABITAR CONTEMPORÂNEO: O EDIFÍCIO E A PAISAGEM

26


O HABITAR CONTEMPORÂNEO: O EDIFÍCIO E A PAISAGEM

| MAQUETE ELETRÔNICA

VISTAS DO BAIRRO

27


O HABITAR CONTEMPORÂNEO: O EDIFÍCIO E A PAISAGEM

| MAQUETE ELETRÔNICA

VISTAS DO BAIRRO

28


O HABITAR CONTEMPORÂNEO: O EDIFÍCIO E A PAISAGEM

| MAQUETE ELETRÔNICA

VISTAS DO BAIRRO

29


O HABITAR CONTEMPORÂNEO: O EDIFÍCIO E A PAISAGEM

| CONCLUSÕES

30

O Projeto de Pesquisa O habitar contemporâneo: o edifício e a paisagem constrói um método didático de projeto de paisagismo a partir da reinterpretação do Projeto La Villette, partindo do princípio de que o paisagismo e os edifícios são parte de uma mesma composição: o projeto de paisagismo como tabuleiro do jogo exige a mesma lógica compositiva de um edifício, no qual a geometria das malhas, eixos, traçados reguladores e faixas organizam formalmente o programa. Por outro lado, considera-se que toda estratégia adotada deve valorizar os potenciais ambientais locais: para Adriá (2009), “a criação da paisagem urbana é uma expressão cultural, uma ligação de um lugar com seu tempo” (p. 11).

Esses sistemas estão sempre presentes no projeto de paisagismo do ateliê, que começa com a implantação dos edifícios-barra, cuja disposição dentro da superquadra gera grandes espaços. O segundo passo, é a elaboração de um sistema de movimentos que contemple a acessibilidade de diversos tipos de pedestres, com diferentes propósitos (linhas). Em terceiro lugar, se dá a configuração das áreas verdes (superficies) e, por último, a inserção dos elementos do programa do espaço aberto (pontos). Acredita-se que a análise das propostas dos estudantes de acordo com esses critérios subsidia a construção de um método didático preciso e amplo, que estabelece um roteiro para o processo de projeto.

A concepção espacial do Parque de La Villette, resultante da sobreposição de sistemas autônomos tensionados, pode ser vista como um método de projeto de paisagismo, transponível para situações análogas: para contextos frágeis, fragmentados ou inventados, que demandam a invenção de uma estratégia de projeto ambígua, com algumas amarrações urbanas e certa autonomia, como é o caso das dez superquadras da Praia de Belas, em Porto Alegre. A sua natureza conceitual serve de base para a invenção de novos métodos, programas ou paradigmas, capazes de incorporar outras referências e conduzir a uma pluralidade de soluções para o espaço público como complemento do habitar, como ilustram os diagramas a seguir.

As propostas analisadas revelam a capacidade das estratégias abstratas em se converterem em propostas concretas, com distintas materialidades, humanizadas, abertas a diversas possibilidades, significados e múltiplas apropriações por parte do usuário: em “idéias construídas”, nas palavras de Tschumi, que representam diversos cenários imaginados para esse habitar na orla (Wong, 2016, p. 50).

A análise ou decomposição das propostas selecionadas em termos de diagramas conceituais padronizados revela e explicita a sua gênese – as operações geométricas dos traçados geradores - suas semelhanças e diferenças, conduzindo a reflexões comparativas sistematizáveis que permitem a construção de um método, tanto analítico, como projetual.

O método exposto é um exemplo de conexão entre ensino de projeto e investigação de novos paradigmas que, muitas vezes, como neste caso, surgem da reinterpretação e atualização de ideias pré-existentes, capazes de darem respostas aos atuais tempos de crise, na busca de novas formas de habitar nosso planeta doente.


31

O HABITAR CONTEMPORÂNEO: O EDIFÍCIO E A PAISAGEM

| DIAGRAMAS DO BAIRRO

PRÉDIOS SQ 01

SQ 02

SQ 03

SQ 04

SQ 05

SQ 06

SQ 07

SQ 08

SQ 09

SQ 10


32

O HABITAR CONTEMPORÂNEO: O EDIFÍCIO E A PAISAGEM

| DIAGRAMAS DO BAIRRO

LINHAS SQ 01

SQ 02

SQ 03

SQ 04

SQ 05

SQ 06

SQ 07

SQ 08

SQ 09

SQ 10


33

O HABITAR CONTEMPORÂNEO: O EDIFÍCIO E A PAISAGEM

| DIAGRAMAS DO BAIRRO

SUPERFÍCIES SQ 01

SQ 02

SQ 03

SQ 04

SQ 05

SQ 06

SQ 07

SQ 08

SQ 09

SQ 10


34

O HABITAR CONTEMPORÂNEO: O EDIFÍCIO E A PAISAGEM

| DIAGRAMAS DO BAIRRO

PONTOS SQ 01

SQ 02

SQ 03

SQ 04

SQ 05

SQ 06

SQ 07

SQ 08

SQ 09

SQ 10


O HABITAR CONTEMPORÂNEO: O EDIFÍCIO E A PAISAGEM

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| REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Adriá, M. (2009). Paisaje latinoamericano. In G. Gili, Nueva arquitectura del paisaje latinoamericano (pp. 11-19). Barcelona: Espanha: 2G Dossier. Architonic. (n.d.). About Martha Schwartz Partners. Recuperado de https://www.architonic.com/en/microsite/martha-schwartz-partners/5204810 Associação Brasileira de Normas Técnicas. (2015). NBR 9050. Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, RJ: Autor. Bernard Tschumi Architects. (n.d). Parc de la Villette. Recuperado de http://www.tschumi.com/projects/3/ Bertacchini, P. (2001). Bernard Tschumi: arquitetura é forma do conhecimento. Recuperado de http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/ entrevista/02.008/3344?page=1 Clément, G. (n.d). le Jardin em Mouvement. Gilles Clément. Recuperado de http://www.gillesclement.com/cat-mouvement-tit-Le-Jardinen-Mouvement Corona, A. M. (1990). Ensayo Sobre el Proyecto. Buenos Aires: Argentina: CP67. Correio Braziliense. (2009, 04 de agosto). Burle Marx, o inventor dos jardins modernos. Correio Braziliense. Recuperado de https://www. correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2009/08/04/interna_cidadesdf,131883/burle-marx-o-inventor-dos-jardins-modernos.shtml Ferreira, M., & Gorovitz, M. (2008). A invenção da superquadra. Brasília, DF: IPHAN. Leatherbarrow, D. (2009). Entre El suelo y El cielo, o memoria cultural y invención en los paisajes latinoamericanos contemporáneos. In G. Gili, Nueva arquitectura del paisaje latinoamericano (pp. 4-10). Barcelona: Espanha: 2G Dossier. MVRDV. (n.d.). Homepage. Recuperado de https://www.mvrdv.nl/ Padovano, B.R. (2001). Bernard Tschumi. Entrevista, ano 02, n. 008.01. Recuperado de https://vitruvius.com.br/revistas/read/ entrevista/02.008/3344?page=1 Tiller, J. (2018). Architecture and Deconstruction: a critical analysis of Jacques Derrida and the Parc de La Villette (Dissertação de mestrado, Portsmouth School of Architecture). Recuperado de https://issuu.com/justintiller/docs/dissertation Tschumi, Bernard. (1988). Parc de la Villette. In (Papadakis), Arquitectural Design (pp. 33-40). Londres: Inglaterra: Academy Group. Vieira, M. P. (2019). O PARC LA VILLETTE na concepção de Sergio Bernardes. Cadernos PROARQ, n. 32. Recuperado de https://cadernos.proarq. fau.ufrj.br/public/docs/Proarq_32_09.pdf Rowe, C., & Koetter, F. (1978). Collage City. Cambridge: MIT Press. Wong, F. (2016). Sequence of Visual Experience in Parc La Villette. Recuperado de https://issuu.com/fiona_wong/docs/wai__w__sequence_ of_experience_in_p



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