Quadras da Vila - TFG André Arena

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QUADRAS DA VILA



QUADRAS DA VILA Um estudo de parâmetros urbanísticos e arquitetônicos na perspectiva da quadra em função de novos empreendimentos e o pequeno mercado imobiliário no bairro da Vila Matilde

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ANDRÉ ARENA LEAL RODRIGUES ORIENTADOR: MARIO WILSON REALI BANCA: MARCOS BOLDARINI, ANTÔNIO BAROSSI E ANGELA AMARAL ESCOLA DA CIDADE - FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO 2020



“da casa e da cidade da casa e do edifício do edifício e do bairro do bairro e da cidade da cidade e da metrópole da metrópole e da macroregião.” CALAZANS, José Fábio Zamith


AGRADECIMENTOS


Neste ano, jamais esperaria que o contexto do mundo se desdobrasse desta forma, onde nos distanciamos para nos proteger, porém ao mesmo tempo nos aproximamos e nos conectamos de uma forma muito unida e amorosa, que acrescentaram uma rica experiência de se concluir um trabalho como este. Agradeço meu orientador por todas as conversas que tivemos neste longo período de 8 meses que mesmo à distância conseguimos desenvolver ideias e conceitos que mudaram a forma como eu entendo e vejo o urbanismo e a arquitetura. Muito obrigado, pelo carinho, pela atenção, pelas risadas e principalmente por este tempo maravilhoso que pudemos testar e experimentar os diversos rumos que este trabalho tomou durante este tempo; graças as suas orientações pude desenvolver este trabalho com muita tranquilidade e dedicação, posso dizer que finalizo meu ciclo com muita satisfação e um enorme sorriso no rosto. Agradeço a minha família que amo tanto, por terem me dado a oportunidade de poder concluir meu curso e por todos estes 6 anos de muito suporte, presença, carinho e incentivo. Dedico principalmente à minha mãe Katia Arena pelos cafés de madrugada em minhas viradas, por ouvir meus

desabafos em momentos difíceis e por sempre, mas sempre me incentivar durante este árduo processo cheio de altos e baixos. Sem vocês, não estaria onde estou. Aos meus amigos, tão queridos e amados, não tenho palavras para descrever a importância de vocês, especialmente com todo o suporte emocional e acadêmico, uma união que nem a pandemia conseguiu afastae. Obrigado por estes 6 anos que tive a honra de passar com vocês; um obrigado em especial ao Rogério Macedo pelo companheirismo, pelo suporte em meu trabalho e pela troca de ideias nas chamadas das sextas; Julia Lara, pelo amor e acolhimento; Clara Almeida pelas risadas e pelas conversas que sempre melhoravam meus dias; Guilherme Trevizani pelo carinho e pelos trabalhos que construimos juntos; Nina Lüders por tantas músicas compartilhadas juntos e pela sua alegria; Ao Pietro Alfano que mesmo muito longe esteve muito presente em todo este processo; Amanda Silber; Pedro Valeri e Noam Barg Pinto. Vocês estarão sempre em minha memória. Obrigado a todos os outros professores que tive a oportunidade de conhecer, em especial a Angela Amaral, que me ensinou e compartilhou comigo vários momentos de luta, militância e companheirismo.


ÍNDICE


I

INTRODUÇÃO

II

VILA MATILDE História e expansão

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Morfologia, zoneamento e mobilidade

III

INQUIETAÇÕES NAS QUADRAS Condomínios, mercado imobiliário e descaracterização dos lotes

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Quadras em contexto

IV

QUADRAS ESCOLHIDAS As três intervenções e suas relações

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Estudos: Quadra transporte - Quadra Residência - Quadra centralIdade

V

SIMULAÇÕES NAS QUADRAS Propostas aplicadas nas quadras estudadas

VI

CONSIDERAÇÕES FINAIS

VII

CITAÇÕES E BIBLIOGRAFIA

96

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INTRODUÇÃO

A justificativa para o tema escolhido no Trabalho de Conclusão parte de uma inquietação pessoal sobre o tempo em que passei no bairro da Vila Matilde, onde nasci e cresci. Com o passar dos anos, principalmente na adolescência, pude perceber (mesmo que sem uma visão direcionada à arquitetura) mudanças gradativas no bairro que eram quase impossíveis de não serem notadas, como o aparecimento de novos empreendimentos de condomínios horizontais, adição de novos pontos e linhas de ônibus onde as pequenas vans já não eram mais o modelo de automóvel predominante no bairro, a implantação de novos semáforos nos cruzamentos, o crescimento no número de bares e restaurantes e, mais recentemente, a mudança na vizinhança. Hoje, como estudante de arquitetura e urbanismo pude direcionar meu olhar para o bairro onde vivo, e de alguma forma compreender tais transições; de onde elas vem, quem são os agentes principais, a qualidade de vida para os antigos e novos moradores, e principalmente

a forma como os lotes são e serão ocupados dentro das quadras, pois seriam elas o principal palco destas mudanças que vem sendo alvo do interesse de pequenas imobiliárias tanto da própria Vila Matilde quanto da Vila Ré, Vila Guilhermina, Cidade Patriarca, Vila Carrão e Penha. Portanto, o objetivo de desenvolvimento de tal inquietação é de estudar o objeto quadra a partir de alguns parâmetros urbanísticos, arquitetônicos e sociais organizados nos capítulos a seguir; trazendo um olhar mais aprofundado ao bairro e principalmente à quadra, a fim de entendê-la lote por lote, para que assim se possa propor desenhos e simulações projetuais respeitando ou até mesmo extrapolando os parâmetros estudados, para tornar possível uma conclusão ou reflexão sobre como podemos compreender, acompanhar e intervir neste crescimento dentro do contexto da Vila Matilde, um bairro histórico e suburbano.

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VILA MATILDE


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HISTÓRIA E EXPANSÃO “A zona leste por sua vez, possuiu uma expansão mais acelerada por conta da ausência de rios, barreiras naturais, que talvez impedissem que tal expansão ocorresse mais rapidamente”¹ (SOUZA,2007-vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=IuV-oXH0ZnE)

O bairro da Vila Matilde, escolhido como objeto de estudo e análise representa fatores muito interessantes e importantes quando se trata do entendimento de bairros suburbanos que cresceram em função de eixos ferroviários influentes na década de 1922, onde se iniciaram os primeiros desenhos de quadras e loteamentos, “Entre 1915 e 1940 os arredores paulistanos são sujeitos a uma série de processos evolutivos, alguns dos quais já se manifestavam no período anterior e que agora ganham corpo e se consolidam; outros agora se instituem. É neste período que se inicia a verdadeira metropolização” (LANGEMBUCH,1971-p.131). O eixo ferroviário Central Do Brasil que interligava províncias de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro atravessava o eixo leste de São Paulo, onde uma de suas estações era a Vila Matilde que por sua vez se tornou o principal fator para o início de sua urbanização. O bairro era então conformado por uma série de chácaras nas quais possuíam nomes das famílias proprietárias destes territórios, como por exemplo a Vila Ré, Vila Esperança e Cidade Patriarca – que hoje possuem as mesmas nomenclaturas dos sub distritos inclusos no distrito da Vila Matilde- que foram divididos por estas pessoas que se apropriavam dos terrenos. O

bairro em análise conformava uma fazenda onde sua proprietária, Dona Escolástica Melchert da Fonseca doou um pedaço de sua fazenda para que se pudesse executar o primeiro loteamento da região – Vila Matilde, como homenagem à sua filha Dona Matilde. O distrito então, caracterizado principalmente por imigrantes e migrantes iniciou sua expansão em 1930 onde se acompanhava o grande crescimento dos loteamentos em todas as partes da cidade. Tendo então o contexto de expansão do bairro, podemos compreender melhor a importância da ferrovia no processo administrativo do seu crescimento – não só do bairro em análise mas também outros bairros periféricos -, a estação Vila Matilde foi uma referência, pois o bairro cresce em sua função, que na época a ferrovia era o órgão provido de capital capaz de desenvolver seu entorno, tendo o prefeito, o delegado e o chefe da estação como os principais agentes, então se houvesse a necessidade de se implantar uma ponte, uma praça ou uma nova via, os projetos eram direcionados ao chefe da ferrovia que bancava. Vale também mencionar que a estrada de ferro, na realidade, não se limitou a orientar a urbanização residencial, mas continuou a fazê-lo com

¹NASCIMENTO,2018-disponível em: https://www. saopauloantiga. com.br/a-matilde-que-mudoua-esperanca/

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1930 1954 última expansão curso do rio 1930 estação ferroviária do eixo Central do Brasil estações da atual linha 3 vermelha do Metrô 0

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relação à suburbanização industrial(LANGEMBUCH, 1971-p.140). No mapa ao lado, é possivel entender um pouco do processo e de expansão do bairro através de estudos - elaborado com base nos mapas SARA Brasil 1930, VASP Cruzeiro 1954 e MDC 2004 - onde o primeiro loteamento, como mencionado anteriormente, se deu em meados da década de 30, nos quais os loteamentos não eram precisamente ocupados por edificações; porém com o crescimento industrial da cidade e o aumento da sua população nos novos bairros suburbanos, a Vila Matilde virou palco deste boom de novas edificações e loteamentos, tendo então no período até 1954 uma área bem generosa em sua conformação, que primeiramente continuou se expandindo em torno dos eixos principais - malha ferroviária Central do Brasil e Rio Aricanduva- onde em meados da década de 70 já se expandia mais a Sul, conformando a totalidade de quadras que conhecemos hoje. É importante também mencionar que o bairro após sua consolidação - mais precisamente no desenho da primeira conformação de 1930, onde se encontra a Praça da Toco que será tratada mais à frente na pesquisa- se tornou um ponto de referência da cidade nos anos 80, onde os jovens da épo-

ca se encontravam para ir à danceteria TOCO, comer em restaurantes, beber em bares e conversar nas praças. Tendo em vista estas atividades, a função principal do bairro não era comercial - diferentemente do subdistrito da Vila Dalila que seria o principal eixo comercial da região - mas sim de lazere atividades.. Atualmente, a Vila Matilde ainda é um bairro em crescimento, que vem se verticalizando e se recaracterizando de mãos dadas à especulação imobiliária local que procura explorar os limites da legislação de zoneamento, além disso, seus usos também vem sendo reapripriados, de negócios menores e administrados por antigos moradores para franquias maiores de restaurantes, bares, farmácias e redes de mercados - continuando ainda com sua característica predominante de lazer e atividades. Em função destas mudanças, a população do bairro vem crescendo com a verticalização e o maior número de ofertas que não necessariamente comportam a estrutura original na malha urbana do bairro de forma adequada.

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Planta Vila Matilde SARA Brasil 1930

Imagem de foto aérea MDC 1954 - Disponível em GeoSampa

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Planta Vila Matilde - VASP Cruzeiro 1954

Ortofoto 2004 - DisponĂ­vel em GeoSampa

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Ă rea inundĂĄvel Curva mestra Hidrolinha 0

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Morfologia, zoneamento e mobilidade Mapa de meio físico e hidrografia disponível em: https://gestaourbana.prefeitura. sp.gov.br//

O bairro da Vila Matilde conforma uma posição geográfica que faz parte de uma vertente do espigão central, mais especificamente beirando o rio Aricanduva e atravessado pelo córrego da Gamelinha. A predominância de seu desenho morfológico se dá pela sua proximidade à várzea do rio Tietê onde a sua formação – também de outros bairros, tendo como uma caracterização mais forte no bairro da Penha que se localiza mais a Norte da Vila Matilde e muito mais próxima à várzea do rio Tietê- é composta por um escalonamento de níveis intermediários, com intervalos de morros, ou espigões secundários separados pelos sulcos bem marcados de pequenos vales paralelos e pouco ramificados (AZIS, 1958-p.174), diferentemente das formações geológicas do lado Pinheiros onde existe a predominância de topografias mais acidentadas, com ladeiras e rampas; a conformação do lado Leste então, forma este desenho de inclinações menos íngremes onde nestes trechos chamados de “planícies aluviais” – Formações geológicas planas que se formam pela deposição de sedimentos de um rio - ou “colinas suaves”6

“É uma região que tem horizontes e uma topografia muito bonita[...] Ela não sai da idéia abstrata do lugar, é o lugar que faz a casa.” (PIRONDI,2007-vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=IuV-oXH0ZnE)

(AZIZ,1958 – p.177), existe uma facilidade maior na implantação de vias, ferrovias – como a Central do Brasil mencionada anteriormente e a Radial Leste Oeste – e áreas marcadas por galpões e espaços dedicados à produção de materiais. O mapa ao lado apresenta uma vasta área delimitada como inundável, que fazem parte estes trechos mais planos como a várzea do rio Aricanduva que hoje é ocupada por residências e muitos galpões, que a partir do seu processo de retificação tornou os sistemas de captação de águas pluviais muito desfavoráveis. No bairro, os pontos mais altos já são predominantemente residenciais e comerciais, onde toda a atividade interna acontece pois as barreiras são menores e as declividades são, em sua maioria suaves se comparamos à outros bairros como Vila Madalena e Pinheiros. Graças à topografia do local a forma urbana e o desenho arquitetônico das edificações possuem sua formas características que definem um desenho único da Vila Matilde.

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Topografia predominante

Imagens registradas pelo autor

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ZEU (CA 4) ZEUP (CA 4) ZM (CA 2) ZC (CA 2) Sem denominação 0

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Mapa de zoneamento disponível em: https://gestaourbana. prefeitura.sp.gov.br//

informações sobre zonas disponíveis em: https://gestaourbana. prefeitura.sp.gov.br//

O bairro em questão é composto por quatro definições de zoneamento ao longo de sua delimitação distrital, sendo estas zonas ZEU (Zona Eixo de Estruturação e Transformação Urbana), ZEUP (Zona Eixo de Estruturação e Transformação Urbana Previsto), ZM (Zona Mista) e ZC (Zona de Centralidade). Sendo assim, delimitadas com ZEU e ZEUP são as áreas que beiram os principais eixos do bairro, caracterizando ZEU como o eixo Radial Leste Oeste e as linhas 3 vermelha do Metrô e 11 coral da CPTM, sendo o principal eixo de conexão da região com o centro da cidade; caracterizada como ZEUP é o eixo da Avenida Aricanduva que se conecta com a marginal Tietê e a Av. Ragueb Chohfi – que circunda o Parque do Carmo com continuidade até São Matheus- este eixo por sua vez, está mais atrelado ao transporte por automóveis, com corredores de ônibus e generosas faixas de carros, jã na sua ocupação territorial as primeiras quadras que beiram a avenida são predominantemente ocupadas por galpões e algumas residências. Hoje, nota-se que o eixo delimitado por ZEU possui uma grande demanda no crescimento de edificações que comportam o CA máximo 4 proposto pelo PDE (Plano Diretor Estratégico), muitas estruturas já estão concluídas no tre-

cho radial leste, já o eixo Aricanduva ainda não possui licenciamento para o início de construções das edificações (Gestão Urbana). Já no “miolo” do bairro o zoneamento propõe a Zona Mista, ondese tem predominância de quadras residenciais com alguns lotes de comércio local e edificações pouco densas; mas no contexto da Via Matilde, estão presentes algumas concessões que permitem, de certa forma, extrapolar o CA máximo que é 2 – estas edificações estão citadas como exemplo na página seguinte – sendo que hoje, muitas destas edificações estão em processo de finalização e que preveem um adensamento maior do que o previsto pelo Plano Diretor. Por fim, as Zonas de Centralidade, que neste caso específico fazem parte de dois eixos importantes para a imersão no bairro, sendo a Rua Dona Matilde, o principal eixo comercial dentro do bairro, que liga o eixo Leste Oeste com a Vila Dalila – a principal zona comercial no distrito da Vila Matilde –, sua ocupação é bem característica com aquela delimitada pelo zoneamento, edificações que respeitam o CA 2 máximo e com mais reapropriações de usos nas edificações do que novos empreendimentos.

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tipolologia em ZM (Zona Mista)

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tipologia ZC (Zona de Centralidade)


tipologias em ZEU (Zona Eixo de Estruturação Urbana)

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Linha 3 vermelha do Metrô Linhas de ônibus Pontos de ônibus Estações do Metrô Estação Vila Matilde do Metrô 0

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Mapa de transportes disponível em: https://gestaourbana. prefeitura.sp.gov.br//

Se pensarmos na Vila Matilde isoladamente, pode-se dizer que hoje a oferta de transporte público é de certa forma, regular, onde em todo o seu trecho delimitado pelo distrito existem 4 estações do metrô – Estação Penha, Vila Matilde, Guilhermina Esperança e Patriarca – e linhas de ônibus que permeiam os principais eixos do bairro – Radial Leste Oeste, Avenida Aricanduva, Rua Dona Matilde e a Avenida Dr. Bernardino Brito Fonseca que beira o córrego da Gamelinha – estas linhas permitem então conectar as zonas eixo com as centralidades do bairro, partindo das terminais de ônibus nas estações de metrô com destino ao Terminal Pedro II ou para variados pontos mais a Leste ou dentro do próprio distrito, destas linhas mais centrais partem ramificações que circundam nas zonas predominantemente residenciais ou de uso misto nas quais circulam os modelos menores de ônibus – pois a largura das ruas não permite uma fácil circulação de tipos maiores de ônibus -que por consequência, a movimentação de pessoas por dentro do bairro chega a ser intensa. O carro, por sua vez, possui uma forte presença

na paisagem do bairro, sendo um meio de transporte muito utilizado, e que hoje, por conta do aumento da população em função dos condomínios mais adensados – que será tratado mais a frente – possibilitou o crescimento do tráfego interno nos eixos de centralidade. Já as estações do Metrô estão disponíveis somente no eixo Leste Oeste que já comporta uma grande quantidade de pessoas desde a terminal Itaquera, principalmente nos horários de pico a estação e os trens são absurdamente cheios, sendo que a linha 3 vermelha é a única opção de locomoção por trilhos para quem mora na Vila Matilde, pois as estações não possuem conexão alguma com a linha 11 Coral da CPTM. Esta conformação reflete num problema geral dentro da zona leste suburbana e na periférica, com alta densidade populacional e pouca oferta de transporte público resultando na super lotação do meio de transporte..

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INQUIETAÇÃO NAS QUADRAS


A partir das análises feitas, reconhecendo a estrutura do bairro, entramos no foco a ser tratado nesta tese. Como explicado na introdução, as mudanças latentes na estrutura urbana da Vila Matilde refletem nas atuais dinâmicas do zoneamento, desde o ano de 2010 até o momento atual (2020) foram percebidas recaracterizações das quadras em todas as zonas mencionadas anteriormente. No início do estudo sobre o tema, direcionei meu olhar para os novos empreendimentos que vinham sendo construídos dentro das quadras – de eixos estruturais, centralidades e residências – que me causaram uma certa inquietação, pois lotes nos quais eram ocupados, na sua maioria por residências unifamiliares com uma arquitetura característica de bairro suburbano, davam luz a novos empreendimentos clássicos de construtoras e incorporadoras locais – da própria Vila Matilde, Vila Carrão e Penha – que a princípio na primeira década dos anos 2000 construíam em grande parte condomínios horizontais com cerca de 7 apartamentos – sendo uma modalidade muito presente no bairro; mas pelo fato de possuírem no máximo 2 pavimentos, não alteravam tanto na paisagem geral do bairro; porém, em meados de 2014 aqueles lotes unifamiliares

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passaram a ser demolidos pelas construtoras, dando espaço a novas modalidades de empreendimentos que agora, alcançam uma gama de 6 pavimentos com 7 apartamentos por andar, com uma área construída – computável e não computável – que ocupava o lote inteiramente, sem respiro. Onde uma única família ali morava, hoje podem morar cerca de 20 famílias. A arquitetura destes empreendimentos não se diferem muito entre si, seu impacto na paisagem do bairro é muito forte, e sua velocidade na implantação é muito rápida, refletindo então num aumento na quantidade de habitantes, no transporte público e no comércio que cada vez mais vem deixando de ser administrado por habitantes locais e sim por franquias. As questões levantadas expõem o interesse predominante sobre o valor de troca por parte das construtoras – que no caso, os pequenos agentes da especulação imobiliária – que utilizam do interesse do capital para se implantar produtos imobiliários como mencionado por HARVEY(2014, p.29) “em grande parte do mundo capitalista avançado, a moradia é constituída especulativamente, como uma mercadoria que será vendida no mercado para qualquer pessoa que precise e possa pagar por ela” onde no caso representa estes condomínios que, em sua


maioria, possuem uma conformação arquitetônica muito semelhante a fim de se poder produzi-los numa velocidade maior adequando somente as dimensões para o contexto do lote implantado, sem a necessidade de se pensar em atributos arquitetônicos que permitem uma qualidade na aeração, insolação e na própria afetividade com o edifício e sua relação com seu entorno imediato– podemos definir tais elementos qualitativos como valor de uso, que mais a frente será comentado-. A principal intenção da especulação é de se construir o máximo que se permite dentro do lote em função de seu zoneamento e da demanda – que no caso da Vila Matilde contempla o processo de transição de pessoas que moravam em bairros mais periféricos como Itaquera para o bairro - para assim e adensa-lo populacionalmente permitindo uma maior gama de oferta de apartamentos, tanto comprados na planta como alugados. As próximas paginas ilustram um pouco sobre a força deste pressão imobiliária dentro do bairro e seu entorno e como as tipologias se transformam com o passar dos anos, mas que de certo modo ainda seguem uma semelhança na forma de se ocupar os lotes; nos mapas expostos notaremos que houve um grande crescimento nos empreendimentos hor-

izontais no bairro, para assim entendermos que este crescimento pode interferir diretamente nas transformações do bairro e o papel que as quadras tem como na construção da vida própria do subúrbio e também como palco destes produtos, tendo sua valorização a partir principalmente do valor de troca, como Tatuapé e Vila Carrão que verticalizaram muito por conta de sua própria infraestrutura, zoneamento e desenho de quadras. O levantamento a seguir possui grande importância para o estudo da implantação dos característicos produtos imobiliários. O crescimento do bairro e seu desenvolvimento na infraestrutura é certo, mas a forma como podemos acompanhar tais mudanças pode ser muito diferente e intrínseca se pensarmos a partir de uma perspectiva não somente capital, mas também social, arquitetônica e urbanística. Sendo as quadras o principal meio para este estudo, foram então selecionadas três que representam diferentes situações urbanas que permitem compreender as possibilidades de um crescimento com qualidade dentro da Vila Matilde.

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1990 - 1999

fonte: CEM lanรงamentos residenciais EMBRAESP 1985- 2013


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2000 - 2005

fonte: CEM lanรงamentos residenciais EMBRAESP 1985- 2013


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2006 - 2010

fonte: CEM lanรงamentos residenciais EMBRAESP 1985- 2013


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2011 - 2013

fonte: CEM lanรงamentos residenciais EMBRAESP 1985- 2013


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2014 - 2020

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Quadra Mobilidade Quadra ResidĂŞncia Quadra Central Trecho viĂĄrio

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QUADRA MOBILIDADE

QUADRA RESIDÊNCIA

QUADRA CENTRALIDADE

Localizada numa ZEU, a quadra mobilidade une quatro elementos que hoje são conflitantes na área: O transporte -ônibus e metrô -, comércio e serviço, residência e lazer. Em seu contexto, tais elementos são conflitantes espacialmente e dinamicamente, e que por sua vez possuem um grande potencial para um desenvolvimento futuro no qual o mercado já está se apropriando. Entender tais dinâmicas e como os diferentes usos podem se dispor em harmonia, fazem parte da questão principal a ser tratada nesta quadra.

A quadra residência, localizada numa Zona Mista, representa uma questão muito polêmica quanto a implantação de grotescos empreendimentos residenciais em antigos lotes unifamiliares, por ser atualmente palco de empreendimentos em construção e possuir um pequeno loteamento comercial. A intenção a partir do entendimento desta quadra é de poder acompanhar este novíssimo processo de crescimento habitacional, para assim prever propostas que sejam coesas com o contexto real da quadra.

Inserida numa ZC, a quadra centralidade é onde existe amaior oferta de programas para o entorno imediato do primeito trecho urbanizado no distrito, é nela que as pessoas se encontram, saem para beber, comer, curtir a praça da Toco e realizar compras. Esta quadra representa uma intenção de se contemplar a grande demanda por espaços públicos no bairro que já existe e que no futuro certamente aumentará, pois é uma área com um grande potencial e acima de tudo possui uma fortíssima representatividade para os moradores do bairro.

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QUADRAS SELECIONADAS



Os levantamentos a seguir fazem parte de um processo muito importante no desenvolvimento desta tese, buscando estudar as três quadras de uma forma mais detalhada a fim de conhecê-las, na sua ocupação terretorial, seus usos, sua morfologia e seus conflitos. Vale mencionar que um fator importantíssimo para este processo seria a consulta à população, que infelizmente não foi possível pelo contexto atual da pandemia; ouvir o que as pessoas tem a dizer permite um parâmetro mais real e humano que trata dos conflitos do momento que vão além da minha própria perspectiva do bairro baseados na minha própria vivência como morador e de minhas conclusões que partiram dos levantamentos a seguir, que auxiliam no fomento de características que serão tratadas nas simulações do próximo capítulo.

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QUADRA MOBILIDADE






Ocupação no lote Estação Vila Matilde do metrô

Área desocupada

Iluminação viária Ponto de ônibus

Iluminação e quadras disponíveis em: http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/

A quadra mobilidade possui uma situação muito interessante, pois nela há uma intersecção entre diversas situações, que nao necessariamente se conversam; seriam elas, a estação Vila Matilde do metrô, os dois pontos de ônibus que permitem uma circulação interna pelo bairro, os bares localizados logo a frente da saída do metrô, os vendedores ambulantes e o parque delimitado como uma forma de se cobrir um espaço ocioso. Tais elementos possuem conflitos, não por conta de sua existência mas na forma como são dis-

27%

Ocupação no lote

73%

postos no espaço, onde esiste uma competitividade de fluxos, pessoas paradas no ponto de ônibus ou para comprar algo, pessoas atravessando a rua e pessoas sem espaços para suas instalações de vendas informais. Nota-se que existe uma alta taxa de área construída no quarteirão, e lotes - que serão mencionados mais a frente - que estão sofrendo uma mudança nos seus usos por conta da especulação imobiliária.

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749.36

758.29

743.82


Massa arbórea

Fotos registradas pelo autor

Curva mestra Escoamento de água pluvial

Curvas mestra e massa arbóreadisponíveis em: http://geosampa. prefeitura.sp.gov.br/ Desenho de escoamento realizado pelo autor

O desenho da morfologia da quadra mobilidade define uma questão mencionada anteriormente que são os pontos mais planos definidos como eixos de transporte, ou seja, onde toda este relevo desce está enquadrada a forma urbana do bairro e a partir do momento em que ele se planifica é ali que são dados os eixos - tanto viários como ferroviários - . Na quadra a ser estudada se percebe que bem no seu meio os loteamentos são divididos, não obstante delimitados pelo próprio desenho das edificações e também os seus usos (que serão tratados na próxima pagina).O escoamento de água, também claramente definido e direcionado para tais áreas mais planas que hoje, estão sujeitas a alagamento.

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Condomínio

5%

Uso misto Residencial horizontal unifamiliar Comércio e/ou serviço

11%

28%

56%

Os usos, como mencionado anteriormente se definem muito pela topografia, onde o ponto mais alto se fecha para a rua atrás onde há uma predominância residencial; já o outro lado doa quadra se define por uma diversidade maior de usos, comércio, serviço, uso misto - que é definido por uma tipologina onde as garagens das residências são utilizadas como loja, bar ou mercado - e dois condomínios, porém um deles foi concluído mais recentemente e mais adensado na quantidade de apartamentos. Mesmo que a predominância seja residencial, não é algo que interfira nas principais dinâmicas , pois as vias

que circundam a quadra definem muito bem os seus usos, sendo na residencial, mais fechada, estreita e com pouca passagem de automóveis diferentemente da rua oposta onde todo o conflito de usos e percursos entram em conflito.

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Residência unifamiliar (4 pessoas) Condomínio horizontal (20 ou mais pessoas)

Ocupação transitória 28%

Condomínio (20 ou mais pessoas) 5%

Residência unifamiliar (4 pessoas) 67%

A forma de ocupação da quadra mobilidade não chega a ser muito heterogênea, pois os lotes residenciais se definem muito bem por casas unifamiliares com no máximo dois pavimentos, os únicos lotes mais adensados são os que contemplam condomínios. Hoje, alguns dos lotes residenciais localizados mais a frente do metrô estão para aluguel ou venda, com uma grande tendência na reapropriação dos seus usos ou até mesmo novos empreendimentos que viriam a ser construidos, afinal, tal prática é incenticava pelo zoneamento por ser uma ZEU.

Nota: A ocupação transitória define pessoas que trabalham nas edificações em que permanecem lã em um período específico.

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Grande demanda de pessoas no uso de bares, onde o espaço delimitado não é suficiente para comportar a grande quantidade de clientes

Falta de disposição de espaços para vendedores, onde os mesmos montam suas barracas na saída do metrô, gerando conflito no percurso de pessoas que avessam os pontos de ônibus

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QUADRA RESIDÊNCIA






Ocupação no lote Iluminação viária

Área desocupada

Semáforo

40%

Ponto de ônibus

60% Ocupação no lote

Tendo como primeiro levantamento na Quadra 1, no- acesso a outras regiões da Zona Leste e o Centro da cidade. ta-se a ocupação física das edificações e loteamentos, onde a densidade de área construída e livre se encontram numa proporção semelhante mesmo possuindo uma quantidade 10% maior de área construída. A quadra por si só se define como predominantemente residencial, e a sua posição e sencontra próxima a centros comerciais importantes para o bairro, permitindo assim uma vantajosa locação entre pontos de ônibus que transportam o transeunte tanto para a centralidade do bairro quanto para a a estação Vila Matilde de metrô junto com o terminal de ônibus que permite

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765.60

768.40 752.69

761,64


Massa arbórea

Fotos registradas pelo autor

Curva mestra Escoamento de água pluvial

Curvas mestra e massa arbóreadisponíveis em: http://geosampa. prefeitura.sp.gov.br/ Desenho de escoamento realizado pelo autor

O estudo do meio físico explora questões morfológicas da quadra e seu entorno, para se intervir neste meio é importante que se conheça suas características principais e as dinâmicas de funcionamento da zona de recorte e o seu comportamento em função função da topografia e pontos de drenagem, que neste caso especifico possui uma falta de áreas permeáveis que podem conter a força da água pluvial com e também a falta de massa arbórea que contribui diretamente na melhoria da qualidade do micro clima. A sua topografia tambem contribui na definição dos usos, onde se pode notar que na parte mais baixa existe uma massa maior de residências e na mais alta, comercial.

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Comércio e/ou serviços Uso misto

11%

Residencial horizontal unifamiliar

14%

6%

Condomínio (máx 6 pavimentos)

69%

Aqui, entende-se as predominâncias dos usos dentro dos lotes especificamente, este levantamento vou realizado com base na visita in loco para que pudesse ser observado precisamente cada uso. Sendo assim percebe-se uma maior predominância de residências horizontais e unifamiliares e alguns condomínios que passarama exisitir em função de incentivos no zoneamento e interesse do mercado imobiliário. O trecho onde a tipologia de uso se altera é justamente no eixo principal que é o caminho que leva ao centro da região, permitindo assim edificações de uso misto sendo comercial (na maioria pequenas lojas, merca

dos e uma pizzaria) e serviços (consultórios e academia).

74



Residência unifamiliar (4 pessoas) Condomínio horizontal (20 pessoas)

Em 2010 a ocupação de pessoas dentro da quadra era definida somente por residencias unifamiliares em que alguns dos comércios possuíam uso misto sendo habitação no pavimento superior. Neste ano percebe-se que existe um único lote mais denso que foi ocupado por um condomínio horizontal de 7 apartamentos em que as obras foram finalizadas em meados de 2009, a única arquitetura que se difere da predominância unifamiliar (destacadas nos desenhos ao lado). Este estudo permite uma percepção da quantidade de pessoas que de fato ocupam a área em questão, e o ano escolhido nos ajuda a entender a progressão deste crescimento até a atualidade (2020).

76



Residência unifamiliar (4 pessoas) Condomínio horizontal (20 pessoas) Condomínio vertical (30 pessoas) Condomínio vertical (114 pessoas)

Passados 10 anos, em que neste meio tempo o novo Plano Diretor Estratégico(PDE) implantado em 2014 na gestão de Fernando Haddad o conjunto de lotes sofreu algumas modificações, que aparentemente nao se aprensentam tão gritantes, mas ao olharmos com mais atenção é possível perceber um grande adensamento dentro destes pequenos lotes com uma nova modalidade de arquitetura (representada no desenho ao lado) reproduzida por pequenas construtoras ques estão se espalhando dentro dos bairros suburbanos, pois permitem uma grande quantidade de apartamentos econsequente mente um maior lucro junto com a valorização do bairro. Onde viviam 4 pessoas em um único lote, hoje, podem viver 114 numa edificação com 7 pavimentos e um total de 38 apartamentos.

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Novos empreendimentos implantados que exploram o máximo permitido pelo zoneamento e CA dentro do lote.

Arquitetura distinta à linguagem do local de implantação, gerando confinamento de lotes vizinhos.

Bloqueio da luz do Sol em lotes vizinhos durante grande parte do período diurno.

Antigos lotes unifamiliares adensados por conta de novos empreendimentos.

80


QUADRA CENTRALIDADE






Ocupação no lote Iluminação viária

Área desocupada

Semáforo

24%

Ponto de ônibus

Iluminação e quadras disponíveis em: http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/ Desenho de praça realizada pelo autor

Na quadra em questão, se pode notar diversos pontos que são marcantes a partir da perscpectiva de cheios e vazios, em que estão presentes dois casos - um meio de quadra com edificações que ocupal grande parte do lotes, se não ele inteiro, e o outro caso são os loteamentos que seguramente contemplam conformações mais antigas, que estão ali desde os anos 80. Percebe-se também, grandes áreas vazias contempladas pelo recuo de algumas edificações e estacionamentos para automóveis. A praça da Toco é um estabelecimento já bem organizado e uma das poucas áreas com massa verde no bairro, sua utilização frequente pelos moradores não

Ocupação no lote

76%

se dá somente por conta da oferta de serviços nas outras quadras, mas também pelos equipamentos que dialogam com a característica das pessoas, sendo a presença de um parquinho, uma banca de jornal, uma quantidade generosa de mobiliário urbano e a abertura para feiras e food truck; porém existe um conflito com relação à travessia de pedestres fora da faixa , pois existe uma quantidade absurda de automóveis privados circulando e também estacionados, em que ao mesmo tempo o espaço para a passagem de ônibus não é suficiente em momentos de grande movimentação. Nota-se então conflitos no pouco espaço disponível para a circulação de pedestres, circulação de ônibus e a grande quantidade de espaço dado para os carros. 86


771.87 765.61

773.14 774.86


Massa arbórea

Fotos registradas pelo autor

Curva mestra Escoamento de água pluvial

Curvas mestra e massa arbóreadisponíveis em: http://geosampa. prefeitura.sp.gov.br/ Desenho de escoamento realizado pelo autor

O meio físico da área estudada conforma declividades mais amigáveis, tornando o terreno razoavelmente plano, pois se encontra num tos pontos mais altos do bairro, onde as maiores declividades se dão nas quadras à frente. O interessante desta formação é que auxilia na ativação da permeabilidade de pedestres na área, sem grandes obstaculos. Nota-se também um baixo fluxo de águas pluviais onde os pontos de possível alagamento são quase inexistentes, não afetando então nenhum dos fluxos de mobilidade predominantes. As massas arbóreas se concentram somente na praça e em alguns outros espaços ajardinados, reforçando a necessidade de mais áreas verdes.

88



Comércio Uso misto Residencial horizontal unifamiliar Serviços

Levantamento de uso dos lotes realizados pelo autor

26%

13%

57%

4%

Predominantemente comércio e serviço, a Quadra Centralidade reflete sua função histórica, não pelos serviços, mas pelo comércio que comporta uma diversidade muito grande de tipologias, como óticas, restaurantes, loja de bolos, sorveteria, pizzaria e floricultura, que estão ali há muito tempo, sendo um ponto de referência para as pessoas. Os serviços conformam usos em que se fecham para o uso público e que de certo modo não permitem uma interlocução entre os transeuntes e a edificação sem uma fachada ativa, suas tipologias definem galpões, estacionamento, delegacia e um banco, claro que, possuem sua necessidade, mas na forma como se encontram

e onde se encontram pode ser algo não necessariamente conflituoso, mas sim uma barreira para se poder explorar potencialidades numa quadra tão importante como esta. As residencias ocupam uma parcela muito pequena na quadra, que mesmo assim resistem até hoje, não sendo cedidas ao mercado imobiliário e tambem nao deram luz a reapropriações nos seus usos.

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Ocupação permanente Ocupação transitória

Levantamento ocupação realizados pelo autor

Por não predominar um uso residencial em seu loteamento, este levantamento busca compreender a forma na qual estes lotes são ocupados e não sua população. As residências por exemplo possuem uma permanência ao longo de todo o dia, com pouquissima entrada e saída de pessoas, já os lotes definidos por comércio e/ou serviços definem uma ocupação transitória, onde todos os dias tanto funcionários, proprietários quanto clientes entram e saem em diferentes horários do dia. A importância de se compreender esta análise ajuda a reforçar a necessidade de se trazer uma permeabilidade maior entre a quadra com pessoas de vários tipos e diferentes intenções que entram e saem dos estabelecimentos diariamente.

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Disputa entre pedestres que esperam ônibus, que circulam pela calçada e os que utilizam o comércio.

Grande circulação de pessoas mas baixa oferta de espaços de lazer e integração entre as quadras.

Grandes lotes ocupados por galpôes e uma delegacia, onde sua ocupação dispõe um grande estacionamento numa área de grande potencial.

Galpões como instrumentos de desinteresse do público, tornando um lado da quadra mais aproveitado que outro.

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SIMULAÇÕES NAS QUADRAS



Partindo dos levantamentos e estudos feitos anteriormente, entendemos a importância que hoje o valor de troca possui em nosso contexto capitalista e que, o valor de uso encontra-se pouco explorado dentro do mercado. Este capítulo é dedicado à exaltação do papel da quadra com o valor de uso e aplicação de possibilidades e simulações nas quadras escolhidas e que a partir do momento que as conhecemos em diversos aspectos com os levantamentos feitos anteriormente, como também podemos simular o seu futuro crescimento, valorizando algumas questóes atreladas a promoção de lugares que permitam a funcionalidade urbana onde as pessoas trabalharem onde moram, que exista uma gama de serviços disponíveis que possam acompanhar o cresimento urbano previsto, para assim podermos reforçar a vida própria de um bairro suburbano como veículo de moradia de qualidade, emprego, lazer e comércio. Podemos aplicar estes conceitos focando no valor de uso, a fim de se nivelar com o valor de troca que pouco explora

as questões arquitetônicas e urbanísticas. A aplicação da proposta se dá não somente nos empreendimentos, mas no todo da quadra, pois a intenção é de se promover um conjunto de possibilidades que possam integrar diversos usos ligados à relação entre o uso público e o privado. Vale reiterar a intrínseca importância da participação popular na concepção das simulações, que neste caso seria mais ativa pois aqui tratamos da produção da cidade, que por conta do contexto atual não foi possivel integrar tal participação. Nas páginas a seguir estarão ilustradas as simulações aplicadas nas quadras que permitirão gerar reflexões sobre como podemos construir elementos na cidade a partir da perspectiva futura do bairro, tendo como coeficiente a situação atual, levando em conta o seu crescimento e desenvolvimento que hoje já está em curso e que no futuro será ainda maior.

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QUADRA MOBILIDADE


A quadra mobilidade é a chegada do centro no subúrbio, o ponto de chegada da estação do metrô, dos ônibus, do fluxo advindo do eixo Leste – Oeste, onde há um grande fluxo de pessoas, vindas do transporte público e das zonas residenciais, que no contexto atual é uma quadra de parada, onde os transeuntes param para tomar um café, comer um bolo, beber nos bares -que por sua vez utilizam espaço da rua para colocarem suas mesas-, comprar artigos nos comércios e utilizar dos serviços disponíveis, porém existe um enorme conflito entre os modais – carros e ônibus-, pessoas aglomeradas nos comércios e bares, filas nos pontos de ônibus e vendedores ambulantes. A simulação apresentada reflete uma ideia mais radical de aplicação onde toda a conformação existente é retirada para dar luz a novas edificações, no estudo foram dispostos espaços que pudessem organizar os pontos de ônibus com recuo na calçada, bicicletário para ciclistas que se transportam do bairro para a estação. Outro fator importante são os edifícios que refletem a

intenção de se adensar a quadra com HIS (Habitação de Interesse Social) para trazer pessoas da região mais periférica da Zona Leste para a Vila Matilde e adensar populacionalmente, como previsto na ZEU (Zona Eixo de Estruturação Urbana) e pessoas que não possuem carro e precisam de uma conexão mais direta com a estação e outros modais; O serviço e o comércio estão dispostos no eixo intermediário da quadra que contemplam um térreo inferior aberto para a chegada das pessoas e a permanência delas nos espaços destinados a bares e restaurantes, a ideia é de que algumas pessoas que moram na habitação possam administrar estes espaços para fomentar seu próprio comércio e renda; o térreo superior já conforma um espaço mais reservado nos usos com mais áreas de permanência.

100


Seção esquemática da relação entre os dois pavimentos térreos dispostos na simulação

8m

101

Ampliação do bicicletário proposto entre a chegada da estação e o conjunto de bares

m

6,5

Esquema do apartamento tipo de 52m², dispostos nas edificações de 10 pavimentos e 4 apartamentos por andar, tendo então uma gama de 11 pavimentos e um total de 88 apartamentos nos dois blocos

Ampliação do térreo superior com áreas para lazer e permanência


102


Bloco de serviços

Área de permanência

Bicicle e chega me

103


Bloco de habitação e serviços no térreo

Área livre para serviço de bares

Pontos de ônibus realocados

etário ada do etrô

104


QUADRA RESIDÊNCIA


A quadra residência representa uma zona onde a predominância é habitacional e que recentemente vem se tornando alvo de alguns novos empreendimentos mais verticalizados pelo setor imobiliário, pois possui uma grande quantidade de lotes com a largura mínima de 10 metros de largura – que no caso dos lotes existentes suas dimensões são em média 10x50m - para a construção desta modalidade, algo que, como mencionado na tese, afeta fortemente as questões qualitativas da edificação, como os apartamentos com pouca circulação de ar, entrada de luz, taxa de áreas verdes e permeáveis, desrespeito aos lotes vizinhos e fachada não ativa. Dentro do processo de reconhecimento da quadra e estudo das modalidades para a simulação final, foi feita uma seleção de lotes para a intervenção, que possuem uma área praticamente idêntica numa mesma orientação e que, por ser um recente alvo da especulação, me ative a testar e implantar algumas destas modalidades ocupando todos estes lotes selecionados a fim de se entender o nível da baixa qualidade que este tipo de adensamento na ocupação dos lotes pode chegar, e como possivelmente os produtos imo-

biliários poderiam de relacionar caso fossem vizinhos; nesta primeira análise – que será mostrada a seguir – foi selecionada a modalidade mais baixa, com condomínios de até 3 pavimentos, onde desenvolvi algumas variações do primeiro modelo. A proposta de simulação é um derivado do teste a seguir, onde a cartografia fundiária é mantida e os lotes se juntam passando a ter 20 metros de largura (20x15m), com a mesma orientação existente, porém com uma implantação diferenciada, sem anular a necessidade de adensamento mas também não explorando as capacidades limite de um lote, explorando as qualidades mínimas que um edifício deve ter para circulação de ar e iluminação natural. A partir desta perspectiva futura, foram então propostos 5 edifícios com um térreo livre e de estacionamento e 3 pavimentos com 6 apartamentos cada – tendo um total de 90 apartamentos - com uma distância generosa entre um e outro. A ideia das edificações é de se tentar promover uma possibilidade de convivência entre as pessoas que circulam pela calçada, a área onde ocupam os automóveis e as pessoas que vivem nas habitações.

106


Condomínio modelo escolhido (existente) 7 sobrados com área total de 83m²

107


Variação 01 do condomínio modelo, onde se mantém a conformação de sobrados, onde no condomínio foi removido o estacionamento e o térreo se torna aberto

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Variação 02 onde o térreo aberto é mantido e o estacionamento continua inexistente, porém os apartamentos deixam de ser sobrados e se duplicam, sendo agora 14 apartamentos

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A variação 03 representa um estudo um pouco mais adensado, retomando o estacionamento no meio nível e o acréscimo de um pavimento, tendo agora um total de 21 apartamentos

110


111


Aplicação de tipologias estudadas, com condomínios implantados lado a lado respeitando limites do loteamento existente, onde se nota um grande adensamento de ocupação do território delimitado, sem respiro, insolação e espaço de circulação. 112


Condomínio modelo escolhido (existente) ocupando o lote com 500m² e largura mínima de 10m para sua implantação

113


Edificação proposta inserida na nova tipologia de lote com 1000m², seguindo a mesma orientação da existente compondo 20m de largura

114


115


O novo loteamento parte da junção do existente compondo 10 unidades de 10x50m, onde a nova junção compõe 5 unidades em lotes de de 20x50 com um total de 18 apartamentos de 60m² e 3 pavimentos para cada conjunto implantado, permitindo uma largura mais generosa de 13 metros entre um edifício e outro dispondo também um espaço térreo de estacionamento, circulação para automóveis, pedestres e uma faixa de área verde permeável, tais aberturas permitem também uma relação menos impositiva entre o pedrestre que circula no passeio público e a fachada dos conjuntos

10x50 10 lotes

20x50 5 lotes

Esquema de transição do loteamento existente para o loteamento proposto na simulação

7,5

m

Ampliação do trecho que representa a relação de calçada, edifício e lote

8m

Esquema gráfico do apartamento tipo de 60m² 116


Estacionamento no térreo

Trecho de área permeável 117


Condomínio proposto

Relação calçada lote

118


QUADRA CENTRALIDADE


A quadra centralidade representa união das diferentes áreas do bairro, onde os moradores se encontram para utilizar a praça da Toco em eventos, lazer -como crianças que brincam no parquinho e idosos que jogam cartas nas mesas – encontros de amigos e familiars que usufruem do entorno da praça que possui uma gama de usos atrelados a bares, comércios, serviços e acesso ao transporte por ônibus. A quadra escolhida ao lado da praça é muito importante para a ativação desta circulação de pedestres no trecho, pois ela está virada diretamente para a praça e que possui usos simbólicos para estas pessoas, que estão ali desde os anos 80, como sorveteria, mercados, lojinhas e floricultura, porém o espaço destinado a esta circulação não é suficiente para uma permanência, pois as calçadas são pequenas com filas de pessoas no ponto de ônibus que competem com pessoas que utilizam dos serviços; dentro da quadra existem algumas edificações que cumprem uma função que interferem numa melhor ativação popular e afetiva com a quadra – como galpões de metalúrgica e de estacionamentos que não possuem um uso de fato ligado com a proposta e interesse da área, além disso a via que conecta a praça e a quadra tem uma frequente presença de automóveis estacionados e em circulação, que de certo modo funcio-

nam como uma barreira na conexão entre a praça e a quadra. Partindo então de uma perspectiva futura em que o bairro adensasse com habitações, a simulação pretende buscar uma forma acompanhar e ampliar a capacidade de suporte deste centro comercial que a cada dia que passa vem tomando uma representatividade maior na vida diurna e noturna da Vila Matilde. Na intervenção foi decidido manter loteamentos comerciais existentes, que funcionam bem e que possuem uma memória na região, pois os proprietários também são moradores, já os trechos onde existem edificações que ocupam um grande espaço na quadra e que nao propiciam um contato afetivo entre pedestres e quadra, foram removidos para dar luz a um espaço mais amplo e que pudesse se tornar um novo ponto de encontro e travessia, onde seria possível atravessar a quadra por diferentes lados unindo uma quantidade muito maior de espaços focados ao lazer, comércio e serviços, onde nesta área estariam inclusos bares, galeria comercial, feira livre – permitindo uma abertura no tipo de produtos vendidos, desde artigos alimentícios até artesanato -, e campo de futebol, . Para facilitar a travessia de pedestres e consolidar uma relação entre a praça e a quadra, a rua divisória foi nivelada restringindo o acesso para o transporte público, como nas ilustrações a seguir.

120


121


Ampliação do trecho destinado à ocupação das mesas dos bares e restaurantes

Área livre destinada a feiras diversas (alimentícias e artesanatos)

Esquema representando a integração entre a praça da Toco, a via de conexão entre quadras e a área de lazer(quadra e parquinho) e o bloco comercial

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Galeria comercial

Feira/ comĂŠrcio de rua

Bares e restaurantes no corredor de travessia da quadra

123


Quadra poliesportiva

Bloco de comércio e serviço

Comércio existente e via retificada com ponto de ônibus 124



CONSIDERAÇÕES FINAIS


Acho que esta coletânea de estudos realizada como instrumento de conlusão permitiu um conhecimento enorme e uma capacidade de se entender a quadra como um objeto de estudo, que trata de uma escala muito importante dentro do campo da arquitetura e do urbanismo, pude então capacitar e treinar meu olhar para se pensar na cidade através de uma perspectiva que trata de diversos elementos simultaneamente, e instigar a prática de ensaios urbanos podendo pensar nos edifícios, nas praças, nos lotes, nas pessoas, mesmo que em condição de pandemia não tornou possível a participação popular. Sendo o bairro da Vila Matilde o lugar onde nasci e vivi, pude ter a honra de tratar um assunto que desde sempre me projetou inúmeras reflexões das quais nunca pude compartilhar de uma forma tão especifica e esclarecedora, onde percebi através desta tese que existem milhares de fatores que podem influenciar na construção de um bairro, que mesmo enquadrado numa escala muito menor em comparação à escala da cidade de São Paulo, representa a importância que estes bairros possuem para a cidade e principalmente para as pessoas que vivem neles, pois é neles que construímos nos-

127

sas vidas, relações afetivas, não somente com amigos e familiares, mas com lugares, estes que constituem a paisagem,onde construímos momentos – podemos dizer, novamente, que tais palavras simbolizam a importância do valor de uso (HARVEY, 2014) dentro do campo arquitetônico e urbanístico e o quanto devemos valorizá-lo - . Quando nos deparamos com mudanças nestes lugares tão simbólicos e significativos, várias reflexões vêm à tona e pensamos milhares de coisas: como se resultarão tais transformações? Quem serão os novos vizinhos? E os novos restaurantes, bares, negócios? Todos estes questionamentos são naturais, e foram eles que me instigaram a pensar como que o bairro poderia se transformar e a importância disso como um instrumento para colaborar com cidade de certo modo mais coesa, entendendo seus problemas, demandas e necessidades. Os levantamentos feitos e as simulações resultantes ressaltam uma relação entre o teórico e o empírico como instrumentos para a realização do trabalho e o enorme papel que a escala da quadra possui, e que para podermos intervir nelas é necessário um estudo aprofundado de seu funcionamento, lote por lote, prédio por prédio, uso por uso, para assim pensarmos em formas de intervenção, claro que, es-


tas simulações não são respostas projetuais para algo definitivo, na realidade são reflexo de uma série de estudos que geram possibilidades para que se possa reforçar a forma na qual o bairro pode crescer num futuro próximo. As três quadras delimitaram três diferentes importâncias que conformam a Vila Matilde nos dias atuais, e que independentemente das suas diversas funções, a ligação entre elas é certa e o percurso que as conecta é um eixo que permeia por diferentes tipos de zoneamentos que são predominantes no bairro consolidando a ideia de chegada, residência e permanência, por conta disso foi desenvolvido este diálogo através das simulações, que contemplaram o resultado desta conclusão que mostra que é sim possível se pensar na cidade retomando a dialética do valor de uso equilibrado com o valor de troca, tentando ao máximo minimizar a influência do capital em empreendimentos, e até mesmo as quadras como um produto pertencente ao mercado, onde as perspectivas capitalistas e monetárias não sejam muito mais importantes do que a qualidade de vida das pessoas inseridas em seus meios tanto urbanísticos quanto arquitetônicos, pois a qualidade de vida e a afetividade com o lugar são tão im-

portantes quanto o capital no meio público e também no privado, pois todos os dias entramos em contato com estes diversos meios nos quais devem ao máximo estarem bem relacionados. O resultado ilustrado pelas simulações representa tal intenção, mostrando que podemos pensar em possibilidades qualitativas para a concepção de lugares pensados nas diversas dinâmicas de um bairro e mais especificamente de uma quadra, e que tal resultado possa contribuir para outras pessoas de diversos campos na reflexão sobre estes elementos pensando na premissa de que os lugares que vivemos podem ser aprimorados quando pensamos nas pessoas.

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