Para onde me leva o rio: "O trem das cinco."

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Para onde me leva o rio – O trem das cinco

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Para onde me leva o rio Contos de primavera

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Para onde me leva o rio – O trem das cinco

Prefácio

Para Onde Me Leva o Rio, é uma metáfora, fazendo alusão às pessoas que se deixam levar pelos acontecimentos do dia a dia. Como o termo: “deixa a vida me levar!”. A maior parte dos brasileiros, leva sua vida conforme as correntes dos rios, sem preocupações e estresses. Deixa-se transportar pelo fluxo das águas. Nesse livro, a autora escreveu vários contos na maioria humorísticos com linguagem popular. Excelente para ser presenteado, por tratar-se de uma obra leve, onde o sorriso é garantido.

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Índice A Cachorrinha Lalá -------------------- 011 Pé De Bananeira

-------------------- 023

As Peripécias De Madame ------------ 033 Zóio De Peixe --------------------------- 057 O Rapaz Virgem ------------------------ 065 Para Onde Me Leva o Rio ------------- 077 Tem Uma Aranha Na Sopa ----------- 093 O Trem Das Cinco----------------------107 Alô... Tem Alguém Aí? ---------------- 125 Casa De Doido -------------------------- 137 Ele Chegou... ---------------------------- 151 O Cartomante --------------------------- 161 Andreia Camargo

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Para onde me leva o rio – O trem das cinco O Confessionário --------------------- 177 Batendo De Porta Em Porta --------- 191

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Revisão e colaboração Rosani Hoelz de Oliveira

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O Trem Das Cinco

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Para onde me leva o rio – O trem das cinco O Trem Das Cinco

Mirtilo é ajudante de pedreiro. Sai para trabalhar todas as manhãs, no trem das cinco horas. Morando no subúrbio carioca, ele sai do bairro de Padre Miguel para saltar na central do Brasil, depois pega o metrô para Copacabana, onde seu patrão está reformando um apartamento. À viagem é muito cansativa, porque os passageiros vêm todos agarrados, desde a hora que entram no trem até a parada na central do Brasil. Leiloca é uma auxiliar de serviços gerais, que ele conheceu na estação de trens. Mirtilo fez amizade com várias pessoas. Tinha seu grupo, que era como uma família.

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Para onde me leva o rio – O trem das cinco O chefe de sessão de uma fábrica de roupa, senhor Asdrúbal, alto e gordo, vivia sempre suado e o mau cheiro era insuportável, sem falar que o povo desconfiava que fosse ele o autor dos peidos que soltavam sempre na mesma estação, são Cristóvão. Parecia que aquele ânus sabia a hora que deveria soltar flatulências. Imagina centenas de pessoas, agarradas dentro de um trem. Quando você entra no vagão, do jeito que entra, irá permanecer, com os braços parados, por quase uma hora até chegar ao destino. Os coitados saem todos tortos com câimbras e dores por toda parte. O melhor mesmo da viagem é a bagunça que acontece dentro do trem, porque o pobre é assim mesmo, quanto mais ele sofre mais ele encontra motivo para fazer piadas com a sua desgraça. Quando alguém solta gazes dentro do vagão lotado e a turma sente o cheiro da catinga grita:

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Para onde me leva o rio – O trem das cinco _ Abriram a marmita com ovo! Fecha essa marmita seu porco! Todos começam a rir e tudo é motivo para piadas. Leiloca, baixinha, magrelinha, com seus quarenta anos, solteira, mãe de duas filhas, sai cedo de casa para trabalhar e dar um futuro melhor para suas filhas. Mirtilo adora mexer com ela. Alguns dizem, que na verdade ele é apaixonado por Leiloca: _ Leiloca, você hoje trouxe o pé-de-galinha na sua marmita? Leiloca responde rindo: _ Eu não como isso meu filho. Eu como na casa da patroa (solta uma gargalhada). O que a patroa come eu também como, urubu. Chama Mirtilo de urubu, porque vive em cima dela perturbando. Narizinho era uma senhora viúva de cinquenta e nove anos, que ainda trabalhava para sobreviver. Tinha esse apelido, Andreia Camargo

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Para onde me leva o rio – O trem das cinco porque seu nariz era muito pequeno. Tinha a Claudete, um gay muito afeminado e divertido, que alegrava a rapaziada e a Monicão uma lésbica, amiga de Claudete. Tinham dias, que ninguém aguentava as duas. Elas pegavam no pé de todos, sem pena, principalmente do senhor Agenor, um porteiro de um prédio em Copacabana, com cinquenta e sete anos de idade. Claudete olha para senhor Agenor e brinca, afinando a voz, fazendo charminho para o velho: _ Sr. Agenor, hoje eu vou passar no seu prédio pra gente tomar um cafezinho juntos, mas depois o senhor me ensina a amarrar meu sapato no porão, onde tem seu armário, que coloca suas coisas. O senhor vai ver o que é uma mulher prendada! Senhor Agenor rindo responde: Andreia Camargo

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Para onde me leva o rio – O trem das cinco _ Não faça isso Claudete! Eu não funciono mais, minha querida. Isso é bom para o Mirtilo que ainda é jovem, tem quarenta anos. O pepino já deu o que tinha que dar. Monicão rindo, entra na brincadeira: _ Não mexe com o Mirtilo, que o negócio dele é a tartaruga ninja. (falava da Leiloca por ser baixa de estatura). Leiloca aborrecida pelo apelido agride Monicão: _ Tartaruga ninja é o seu grelo! Nojenta! Vai tomar no seu cu! O bom de viajar no trem das cinco era que o linguajar nunca era censurado, eles soltavam o verbo, a qualquer momento. Monicão se desculpa: _ Oh! Minha flor! Você sabe que eu te amo! Você trabalha porque quer. Se quiser eu trabalho Andreia Camargo

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Para onde me leva o rio – O trem das cinco para sustentar você e teus filhos, não vai faltar nada para as crianças. Leiloca responde rindo: _ Mulher, eu não quero nada que me prenda. Sou um pássaro livre! O povo começa a rir e mexer com Monicão. Senhor Agenor solta sua: _ Poxa! Leiloca deu um fora na Monicão. Coitada, ela só tem amor para te dar. Leiloca responde ao senhor Agenor: _ O senhor não se mete. Quem sabe da sua vida é dona Narizinho. Disseram que viram ela e o senhor em Copacabana, bebendo cerveja no fundo de um bar. Disseram que vocês estavam agarradinhos. Dona Narizinho se defende:

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Para onde me leva o rio – O trem das cinco _ Agarradinha com a garrafa de cerveja, não foi? Com seu Agenor é só amizade. Mirtilo grita: _ Dona Narizinho, a senhora ainda dá no couro? Mirtilo queria saber se dona Narizinho aguentava fazer sexo. Dona Narizinho fica irritada: _ Oh! Mirtilo, eu tenho apenas cinquenta e nove, não cem anos. Você tem quarenta e quatro anos e está se achando um garotão? O povo cai na gargalhada. Claudete se mete na conversa: _ Mirtilo adora massagem lombar. Ele fica todo arrepiado. Os passageiros soltam gargalhadas e gritam: _ Mirtilo, que história é essa de massagem lombar? Andreia Camargo

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Para onde me leva o rio – O trem das cinco Mirtilo tenta se defender: _ Rapaz! Foi porque eu contei um dia aqui, que fui numa massagista e ela queria me enfiar um negócio no traseiro. Sai correndo! Sabe aquelas casas de massagem que as meninas ficam a tua disposição? Você entra escolhe e vai para a cabine? Pois então, eu fui chegando, a doida iniciou a massagear minhas costas, depois me apresentou o Chicão, um vibrador tamanho família. Corri mais do que veado no mato. As pessoas davam tantas risadas de Mirtilo, que algumas quase passavam mal. Claudete rindo, comenta: _ Pois saiba Mirtilinho, que comigo não tem nada artificial, é tudo natural, que a mamãe fez meu bem! Mirtilo rindo comenta: _ Vocês tinham que ver uma vez na obra, o meu chefe mandou que eu fosse à laje para pegar o Andreia Camargo

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Para onde me leva o rio – O trem das cinco martelo que ele esqueceu. Quando cheguei lá em cima, me deu uma vontade de mijar. Coloquei a terceira perna de fora e mijei do alto da laje. Quando eu olho para baixo,estava mijando na cabeça do meu chefe. O homem deu um grito:_ Mirtilo, filho da puta! Vai mijar na tua mãe, seu tarado! Mirtilo contava ao som de gargalhadas: _ Naquele dia, o chefe quase me fez cadáver. Correu atrás de mim com uma pá. Agenor começa a tossir de tanto rir: _ Vocês vão me fazer ter um enfarto. Dona Narizinho também quer soltar a sua piada: _ Pois olhe, que eu quando era nova, já trabalhei em cabaré, sabia? Tinham muitos homens que pediam para usar o tal vibrador tamanho família. Os que mais pediam, eram os machões que

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Para onde me leva o rio – O trem das cinco ninguém desconfiava. Quanto mais homofóbico, mais gay ele é! O povo no trem passava a viagem rindo das experiências de vida de cada um deles. Leiloca curiosa indaga a dona Narizinho: _ Dona Narizinho e tinha muito homem bonito? Dona Narizinho responde com um olhar de saudade: _ Tinha todo tipo, minha filha! Até homem doido vinha, porque queria vestir minha calcinha. Tinham aqueles que queriam que eu peidasse na cara deles. Eles pagavam dobrado por um peido. Lembro-me que certa vez um doido apareceu e disse que pagava para bater na gente e eu disse que não ia porque cara que mamãe beijou, vagabundo nenhum coloca a mão, mas a Cremilda era abusada, disse que por quinhentos reais, ela iria. Pois então a coitada foi, duas horas depois ela chegou ao cabaré toda Andreia Camargo

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Para onde me leva o rio – O trem das cinco quebrada, com os olhos fora do lugar, toda inchada, parecia que um trem havia passado por cima dela e o povo perguntou: _ Cremilda, meu Deus! O que aconteceu? O cliente pagou mulher? Ela toda quebrada, respondeu chorando, com dificuldade de abrir a boca toda torta e inchada: _ Pagou os quinhentos reais, mas ele te bate, bate, bate, até você devolver o dinheiro. Dinheiro assim não presta não, gente! Os passageiros caíram numa risada delirante. Asdrúbal gritou imediatamente: _ Então é a senhora que peida todos os dias quando chega à estação de São Cristóvão? Dona Narizinho arregalou um olhão e respondeu:

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Para onde me leva o rio – O trem das cinco _ Olhe senhor Asdrúbal, a galinha que canta primeiro é a dona do ovo. Eu acho que o peidorreiro do trem é o senhor, viu? Todos riram sem parar e o chefe de sessão Asdrúbal, envergonhado, não comentou mais nada. Claudete pega pesado com dona Narizinho: _ Os homens daquele tempo eram corajosos. Ainda lhe pagavam? Que maravilha! Dona Narizinho não gostou da piada: _ Oh! Claudete, você não se envergonha de sair toda maquiada, vestida de homem na rua? Parece um palhaço. Claudete responde a altura: _ Eu não me envergonho, porque você sai vestida de mulher e ninguém ri da sua cara. Parece um maracujá de gaveta, mal embrulhado. Andreia Camargo

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Para onde me leva o rio – O trem das cinco Leiloca defende dona Narizinho: _ A dona Narizinho é muito feminina e não sai vestida de mulher. Ela é mulher! Claudete responde Leiloca, com mais veneno na língua: _ Tartaruga ninja (Leiloca) se você anda pegando a dona Narizinho, é problema de vocês. Ninguém quer saber dessas sem-vergonhices. As duas juntas parecem baião de dois. A gargalhada foi total, mas Leiloca tinha um veneno mais forte: _ Olhe Claudete, eu não queria te entregar, mas você está mexendo com a minha língua. Conte o dia que você voltou para casa toda cagada, por causa de um macho na central do Brasil. Claudete resolve contar: _ Gente, não foi culpa minha. Eu tinha comido uma feijoada deliciosa e perdi a hora do trem. Andreia Camargo

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Para onde me leva o rio – O trem das cinco Acabei pegando o último trem, tarde da noite. Fiquei esperando na plataforma, quando aparece um homem lindo! Nossa eu fiquei toda arrepiada! Ele me olhava, eu olhava para ele, depois ele me olhava, ai eu olhava para ele, depois ele me olhava. No final, de tanto a gente se olhar, ele se aproximou e disse:_ Amiga tem isqueiro? Eu levei um susto, me peidei e acabei me cagando toda. Era um gay. Que raiva me deu! Os passageiros riram tanto que alguns urinaram nas calças. O trem chegou à estação de São Cristovão e o famoso peido era fatal. Leiloca grita o nome do Senhor Asdrúbal: _ Senhor Asdrúbal, fecha o buraco do esgoto, comeu urubu com papo e tudo seu sujo? Senhor Asdrúbal se defende:

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Para onde me leva o rio – O trem das cinco _ Coisa que eu não faço são essas coisas em público, eu sempre tive educação. Senhor Asdrúbal com a face vermelha de vergonha, cabisbaixo vai seguindo para frente do vagão, mas a catinga continuava e tinha gente que ameaçava vomitar. Mirtilo grita do seu cantinho: _ Amanhã tem mais, porque hoje a viagem está chegando ao fim. Leiloca meu amor, quero te ver na volta para casa. Leiloca responde: _ Quer me ver, eu te mando uma foto no whatsapp ok? Os passageiros rindo se despedem, porque o trem estava chegando à central do Brasil e todos seguiriam seus rumos em direção ao trabalho.

Fim Andreia Camargo

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