HAGAR, O TERRÍVEL, E O CONHECIMENTO Por Andrei Vanderlei de Siqueira Alves Dik Browne, cartunista e ilustrador norte-americano, ficou reconhecido como o criador da icônica tirinha de “Hagar, o terrível”. As histórias dessa tirinha se passam num contexto da Era Viking, tendo como personagem principal o guerreiro viking Hagar. Em uma de suas histórias, Dik Browne narra uma conversa de Hagar com uma pessoa desconhecida. Hagar percebe a chegada de alguém e diz: “Alto Lá! Quem vem aí? Amigo ou inimigo?!”. Então, ele ouve a voz misteriosa dizendo: “Eu sou amigo de uns e inimigo de outros, mas em última análise eu sou apenas um ser humano vivo tentando seguir seu caminho na vida como qualquer outra pessoa”. Então, Hagar responde: “O que um filósofo está fazendo por aqui?”. Com o objetivo de expor alguns dos principais conceitos que versam sobre a possibilidade de conhecimento, por meio da tirinha de Dik Browne supracitada, este opúsculo estudo fará uma discussão vestibular da temática, abordando os seguintes conceitos: dogmatismo, ceticismo, pragmatismo, relativismo e subjetivismo, e criticismo. Antes de adentrar especificamente em cada conceito, faz-se mister apontar que o processo do conhecimento se dá no relacionamento entre o sujeito cognoscitivo e o objeto cognoscível. Em outras palavras, o sujeito cognoscitivo é aquele que possui a capacidade de conhecer a realidade dos fatos e fenômenos que estão à sua volta e o objeto cognoscível é a própria realidade que pode ser conhecida. Destarte, o conhecimento é o resultado dessa relação entre o sujeito e objeto. Na perspectiva do sujeito, o conhecimento se dá quando este sai da sua esfera e invade a esfera do objeto, captando suas informações e interiorizando-as. Já na perspectiva do objeto, o conhecimento seria a transferência de suas propriedades, quando este se relaciona com o sujeito. Dentre as teorias selecionadas para esta análise, este estudo se inicia com o dogmatismo. O dogmatismo pode ser compreendido como a “doutrina que crê na possibilidade de conhecer a verdade absoluta das coisas de modo direto e imediato, por meios empíricos, racionais ou supra-racionais” (BAZARIAN, 1994, p. 94). Nessa linha de pensamento, o conhecimento pode ser obtido de forma autoevidente e sem reflexão crítica. A construção lógica do dogmatismo se propõe a esta conclusão ao compreender que o conhecimento não se dá na relação entre o sujeito e objeto, pois acredita que objetos do conhecimento são dados diretamente, corporeamente. Portanto, essa linha aceita o que se propõe sem contestação e a dúvida quanto à sua ineficácia, não existe.