Iniciado em 1994, o Almanaque do Oscar pretende levar aos amantes de cinema todas as informações relevantes acerca da premiação. A distribuição gratuita reforça ainda mais a ideia de que cinema é uma arte democrática e pode ser apreciada por qualquer pessoa, de qualquer idade. A partir da próxima página, você será o convidado de honra na vigésima edição do nosso Almanaque. E o Oscar vai para...
Sumário A cerimônia Categorias musicais Moda Os mais indicados Indicados à melhor filme Especial Gravidade Melhor atriz e melhor ator Melhor ator e atriz coadjuvantes Especial 12 Anos de Escravidão Indicados à melhor filme estrangeiro Melhor filme de animação Redes sociais O Oscar em números Outras categorias
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A CERIMÔNIA
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O Espetáculo do Oscar
10 destaques da cerimônia que entrou para a história 10. Run, Jared, run!
Em entrevista, na semana seguinte ao Oscar, com a apresentadora Ellen Degeneres, Jared Leto – ganhador na categoria Melhor Ator coadjuvante – assumiu correr desde o outro lado do Teatro para participar da famosa selfie. Pena que o esforço não compensou tanto e só apareceu parte do rosto do ator e cantor.
9. Deixa para a próxima Não foi dessa vez que Leonardo DiCaprio ganhou a tão sonhada estatueta. O ator, mais uma vez, perdeu o título de Melhor Ator, segundo a Academia. Não liga, não, Leo, aqui no Almanaque você já conquistou todas as premiações possíveis.
8. Passeio de família Esse ano, o tapete vermelho mais aguardado de todas as premiações estava mais para uma “festinha em família”. Isso porque os principais indicados levaram como acompanhantes suas mães e, não, as mais novas namoradas. Leo DiCaprio, Jonah Hill (ao lado) e Jared Leto foram alguns deles.
A CERIMÔNIA
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7. Adele Dazeem, quem?! Esse foi o nome que saiu da boca de John Travolta ao tentar anunciar a performance de Idina Menzel – intérprete da canção vencedora pela animação Frozen: Uma Aventura Congelante. O momento foi constrangedor para todos e tomou grande proporção na internet.
6. Tudo – mesmo! – acaba em pizza Esse, com certeza, foi um dos momentos que marcou a noite. A apresentadora Ellen Degeneres pediu uma entrega de pizza – sem que o próprio entregador soubesse onde foi chamado. Tudo foi hilário: a vaquinha arrecadada, Brad Pitt distribuindo pratos descartáveis e todas aquelas celebridades vestidas em roupas de gala comendo pizza com as mãos.
5. Ih, rimou! A noite foi recheada de ótimos discursos: Cate Blanchett defendeu o sucesso feminino na indústria cinematográfica e Matthew McConaughey reencarnou seu personagem. Entretanto, o mais divertido entre eles, foi o dos responsáveis pelo filme “Frozen: Uma Aventura Congelante”. Robert Lopez e Kristen Anderson destacaram-se por um agradecimento rimando os nomes dos principais envolvidos na produção da animação. “Idina Menzel and Kristen Bell to Jonathan Groff, Josh Gadd – mom and dad!”.
A CERIMÔNIA
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4. A emocionante Lupita Mesmo com os mais diferentes discursos, Lupita Nyong’o, ganhadora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, foi quem mais emocionou o público. Ela falou de maneira verdadeira e passional: “Estar aqui me faz pensar que o momento mais feliz da minha vida veio após tanto sofrimento de Solomon [Northup, autor da história]. Solomon, obrigado por nos contar a sua história.”. Então, ela completa com: “Quando eu olho para esta estatueta, eu lembro de todas as criancinhas. A vocês, não importa onde vocês estejam, os seus sonhos podem se tornar realidade”.
3. Clap along Pharrell Williams, com certeza, foi o destaque musical da noite - U2, P!nk, Karen O e Idina Menzel também se apresentaram. Ele cantou o sucesso “Happy” do filme “Meu Malvado Favorito 2”. Com a melodia contagiante e um grupo grande e, completamente, diversificado de bailarinos, Pharrell deu show e fez com que grandes atrizes levantassem para dançar. Meryl Streep, Lupita Nyong’o (no detalhe) e Amy Adams foram as mais empolgadas.
2. E o Oscar vai para... Pela segunda vez como host da cerimônia (a primeira foi em 2007), Ellen Degeneres deu um clima divertido à noite. Ela iniciou com monólogo de piadas leves e eficazes, vestiu-se de fada, brincou inúmeras vezes com todos os atores presentes e, até, fez com que a rede social Twitter saísse do ar. Definitivamente, Ellen fez – e merecia – o Oscar.
1. Entrou para a história Os itens anteriores da lista deram tanto o que falar, que a cerimônia de 2014 do Oscar bateu o recorde de maior audiência de entretenimento nos EUA desde o episódio final da série “Friends” (em 2004). 43 milhões foi o número de pessoas que assistiram à transmissão e, durante a mesma, 11,2 milhões de tweets foram gerados. Esse foi, portanto, um ano recordista para o Oscar.
CATEGORIAS MUSICAIS
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LET IT GO
Melhor Canção Original
STEVEN PRICE
Melhor Trilha Sonora
Captando magistralmente a essência do filme Fro-
A trilha sonora de Gravidade foi escrita por Steven
zen e de sua personagem principal, a música ‘Let it Go’
Price, responsável também pelas trilhas de O Senhor
foi a vencedora da noite na categoria melhor canção
dos Anéis, Batman Begins e Scott Pilgrim. A trilha
original. Há algum tempo que a Disney não conseguia
sonora que contém 16 faixas instrumentais, é con-
lançar uma música que ficasse por tanto tempo na mente das pessoas. A canção ganhou diversos covers pela internet e conquistou o coração de todos, tornando-se assim a prova de que quando a Disney acerta, ela
siderada por alguns como um terceiro personagem do filme de Alfonso Cuarón. Price fez um trabalho excelente e soube escapar das barreiras que lhe foram impostas na criação das faixas – já que no espaço nenhum som é propagado. Com uma trilha sonora mar-
acerta em cheio. Foi gravada para a trilha sonora pela
cante, que consegue carregar toda a tensão, emoção,
cantora e atriz Demi Lovato, porém, sua apresentação
nervosismo e o medo de se sentir perdido no espaço,
na noite do Oscar 2014 foi feita pela também atriz e
Steven Price conquistou o sexto prêmio da noite para
cantora Idina Menzel.
Gravidade.
Antes de todos ocuparem seus lugares dentro do Dolby Theatre e a apresentadora Ellen Degeneres dar início a cerimônia mais importante do cinema mundial, era do lado de fora que acontecia o espetáculo, no clássico tapete vermelho. Durante os 90 minutos que antecederam o 86º Oscar, pudemos ver as mais ilustres celebridades desfilando seus luxuosos vestidos e joias de grifes reconhecidas no universo da moda.
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Naomi Watts Vestido Calvin Klein Collection e joias Bulgari
Kerry Washington Vestido Jason Wu e joias Jennifer Meyer
MODA
Karen O Vestido Camilla Stærk e Brandy St. John e joias Forevermark
Meryl Streep Vestido Lanvin
MODA
8
Angelina Jolie Vestido Elie Saab Haute Couture e joias Robert Procop
Lupita Nyong'o Vestido Prada e joias Fred Leighton
Kate Hudson Vestido Atelier Versace
Jennifer Lawrence Vestido Dior Haute Couture e joias Neil Lane
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MODA
Cate Blanchett Vestido Armani Privé e joias Chopard
Penelope Cruz Vestido Giambattista Valli e joias Chopard
Charlize Theron Vestido Dior e joias Harry Winston
Emma Watson Vestido Vera Wang e joias Chanel, Gaia Repossi e Solange Azagury-Partridge
OS MAIS INDICADOS
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Não foi dessa vez.. O maior prêmio almejado por um diretor e por uma equipe de produção ao compor um filme, assim como pelos artistas que se entregam para dar vida à uma obra é, provavelmente, o Oscar. Entretanto, ao longo desses 86 anos de premiação algumas figuras já tornaram-se azarões e merecem a nossa singela homenagem. Sendo assim, senhoras e senhores, o Oscar de alguns dos nomes mais indicados que nunca alcançaram a estatueta dourada vai para...
Indicações: 1994: “Gilbert Grape: Aprendiz de sonhador” – Melhor Ator Coadjuvante 2005: “O Aviador” – Melhor Ator 2007: “Diamante de Sangue” – Melhor Ator 2014: “O Lobo de Wall Street” – Melhor Ator
Leonardo DiCaprio Indicações: 2006: “Retratos de Família” – Melhor atriz coadjuvante 2009: “Dúvida” – Melhor atriz coadjuvante 2011: “O Vencedor” – Melhor atriz coadjuvante 2013: “O Mestre” – Melhor atriz coadjuvante
Amy Adams
2014: “Trapaça” – Melhor atriz
Indicações: 2004: “Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra” – Melhor Ator 2005: “Em busca da terra do nunca” – Melhor Ator 2008: “Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet” – Melhor Ator
Johnny Depp
OS MAIS INDICADOS
11 Indicações:
1989: “Ligações Perigosas” – Melhor Atriz Coadjuvante 1990: “Susie e os Baker Boys” – Melhor Atriz
Michelle Pffeifer
1993: “As Barreiras do Amor” – Melhor Atriz
Indicações: 1983: “O Mundo Segundo Garp” – Melhor Atriz Coadjuvante 1984: “O Reencontro” – Melhor Atriz Coadjuvante 1985: “Um Homem Fora de Série” – Melhor Atriz Coadjuvante 1988: “Atração Fatal” – Melhor Atriz
Glenn Close
1989: “Ligações Perigosas” – Melhor Atriz 2012: “Albert Nobbs” – Melhor Atriz
Indicações: 2002: “Ali” – Melhor Ator 2007: “À Procura da Felicidade” – Melhor Ator
Will Smith Indicações : 1998: “Boogie Nights: Prazer Sem Limites” – Melhor Atriz Coadjuvante 2000: “Fim de Caso” – Melhor Atriz 2003: “Longe do Paraíso” – Melhor Atriz
Juliane Moore
“As Horas” – Melhor Atriz Coadjuvante
CATEGORIA MELHOR FILME
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Capitão Phillips Tensão, essa parece ser a palavra para Capitão Phillips. Como o título sugere, o longa conta a história de um capitão no comando de um cargueiro que deve chegar ao norte da África. Tudo certo se não fosse pelos piratas somalianos que, chegando em duas barcarolas, tomam o controle do navio e acabam levando com eles Richard Phillips, que se entrega para tentar proteger sua tripulação. Dirigido por Paul Greengrass e estrelado por Tom Hanks, o filme conta com pouco mais de duas horas e muita, muira ação. Bilheteria: US$ 164.017.000
Trapaça Com um elenco de peso, e que acaba sendo o grande chamariz do filme. ”Trapaça” conta a história dos amantes e parceiros no crime Iring Rosenfeld e Sydney Prosser (Christian Bale e Amy Adams) forçados a colaborar com um agente do FBI (Bradley Cooper), para desmascarar outros golpistas no mundo da máfia. Porém, as regras mudam com a aparição da esposa de Iring (Jennifer Lawrence) e o contato com a política através da amizade de Rosenfield com Carmine Polito (Jeremy Renner), prefeito e líder do Congresso. Bilheteria: US$ 203.331.739
O Lobo de Wall Street Na história, Leonardo DiCaprio vive um jovem que sonha com a riqueza fácil na Bolsa de Valores. Mas, bem no dia em que estreia na função de corretor, acontece a queda brusca das ações que balançou Wall Street. Sem emprego, ele descobre as ações de empresas muito pequenas, mas que pagam uma comissão muito maior que as grandes empresas para quem vendê-las. Com seu braço direto Donnie Azoff (Jonah Hill), Jordan monta sua própria empresa, a Stratton Oakmont. Agora, rico como queria só resta mergulhar no “estilo de vida de Wall Street”. Bilheteria: US$ 300.000.000
Nebraska Após receber uma propaganda pelo correio, Woody Grant (Bruce Dern) acredita ter US$ 1 milhão a receber. Para isso, teria que viajar para Lincoln, no Nebraska. Percebendo que a teimosia do pai o fará viajar de qualquer jeito, seu filho David (Will Forte) resolve levá-lo. Os dois vivem uma série de situações que se equilibram na linha tênue entre o sorriso e a comoção. Alexander Payne (diretor) investe em uma abordagem leve a maior parte do tempo, rodando o filme em preto e branco, transmite o sentimento de melancolia que acompanha o filme inteiro. Bilheteria: US$ 17.654.912
O filme Gravidade também foi indicado, vide a matéria sobre o filme, página 14
CATEGORIA MELHOR FILME
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Philomena Na Irlanda de 1952, Philomena Lee (Judi Dench), se envolve pela primeira vez com um homem e acaba engravidando. Sendo enviada para um convento pelo próprio pai, é obrigada a concordar com a adoção do filho Anthony pelas freiras. Depois de 50 anos de segredo, ela decide procurá-lo e conta com a ajuda do famoso jornalista Martin Sixsmith (Steve Coogan). Quando viajam para os Estados Unidos acabam descobrindo informações incríveis sobre a vida do filho. Um dos grande acertos do filme foi não recorrer à choradeiras, ou trilhas sonoras apelativas. Bilheteria: US$ 100.128.476
12 Anos de Escravidão Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor) é um negro liberto que vive com a família no norte dos EUA. Ele é um músico respeitado e vive normalmente. Determinado dia, é trapaceado por parceiros de trabalho e levado ao sul, onde é vendido como escravo. Em seus 12 anos nesta condição Solomon “passa” por dois senhores, primeiro Ford (Benedict Cumberbatch), um senhor de escravos mais acolhedor e menos repressor. E depois Edwin Epps (Michael Fassbender), que trata seus escravos a mão de ferro, exalando ódio e revolta. 12 Anos de Escravidão é mais uma história real entre os indicados, adaptado do livro que o próprio Solomon escreveu sobre sua história. Bilheteria: US$ 187.733.200
Ela
Mais sobre esse filme na página 22.
Theodore (Joaquin Phoenix) é um escritor solitário, recém separado, que acaba de comprar um novo sistema operacional para seu computador. Ele acaba se apaixonando pela voz deste programa, Samantha (Scarlett Johansson), em um dos mais belos romances que o cinema construiu no século XXI. Debatendo a questão da relação entre a tecnologia e a humanidade, Spike Jonze (diretor e roteirista) prefere retratar a fusão de ambos como completamente dependentes, explorando o ciúme, a possessão e a noção de pertencimento nos amores contemporâneos. Bilheteria: US$ 45.871.251
Clube de Compras Dallas
Em 1986, o caubói e eletricista texano Ron Woodroof (Matthew McConaughey) leva uma vida de pura esbórnia, bebendo, usando drogas e transando sem proteção. Depois de um acidente de trabalho, descobre que está contaminado pelo HIV. Ele, homofóbico convicto, achava que a aids só era transmitida em relações homossexuais. Mas, com a chegada dos sintomas, passa a investir na quebra do monopólio da indústria farmacêutica e cria um clube de fornecimento de remédios não autorizados, que passam a dar sobrevida para ele e os associados. Bilheteria: US$ 55.198.285
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ESPECIAL GRAVIDADE
O filme que ganhou o espaço Dirigido por Alfonso Cuarón e considerado um filme para ser visto exclusivamente nos cinemas ou em grandes aparelhos com alta definição de imagem, Gravidade foi o filme queridinho do OSCAR 2014. Indicado a 10 categorias na premiação, o filme ganhou em nada menos do que 7 delas: Mixagem de som, edição de som, trilha sonora, fotografia, edição, efeitos visuais e, é claro, melhor diretor. No filme, a doutora Ryan (Sandra Bullock) e o astronauta Matt (George Clooney) estão em missão espacial para consertar um telescópio. Tudo corre bem até o anúncio, aparentemente inofensivo, da destruição de um satélite por um míssil, logo seguido de uma chuva de destroços que entram em colapso com o telescópio, tirando ambos da zona de segurança e os lançando ao infinito do espaço sideral. Sem referências, sem contato com a Terra, sem oxigênio, sem direção, Matt e Ryan enfrentam o desafio de sobreviver no desconhecido. Com um roteiro muito bem estruturado, o filme consegue dar conta de manter o olhar e a atenção dos espectadores na tela com apenas dois personagens. A forma com que se criou diálogos descontraídos nos quais se encontram presentes, ao mesmo tempo, o desespero dos personagens e as palavras de esperança que são lançadas durante o filme, junto às situações irreversíveis e apavorantes, mostram o cuidado com os acontecimentos pela equipe de roteirização e direção, que conseguiram com isso fazer com que o público se importasse com os dois personagens. Vale destacar o respeito dos roteiristas em relação às leis espaciais: a inexistente propagação de som é logo percebida em belíssimas explosões que nada emitem em termos sonoros, que faz com que a direção
de Cuarón e a fotografia de Emmanuel Lubezki se tornem ainda mais esplêndidas. A trilha sonora de Steven Price é o casamento perfeito, o preenchimento do “silêncio espacial” do filme. Esta consegue completar cada cena perfeitamente, assim como dar um tom de tensão quando necessário no filme. Em relação aos atores, apesar de George Clooney ter exercido um papel marcante, o destaque deve-se à atriz Sandra Bullock. Seu papel como a Doutora Ryan Stone foi um misto de elegância, olhares marcantes – apavorados, inquietos e dramáticos – e pela entrega que a atriz teve nesse trabalho. A construção da personagem feita por Bullock foi espetacular, conseguiu retratar os momentos de terror e de pavor, assim como criar um tom dramático suficiente para o contexto. Mérito maior para conseguir tudo isso em uma gravação onde o cenário é incluído digitalmente após as filmagens, criando assim um obstáculo enorme de integração. A partir de tudo isso, já era de se esperar que o filme conquistasse a estatueta em quase todas as categorias concorridas, e que o público a cada anúncio de vencedor dissesse: “Gravidade, de novo”. Com grande mérito na direção e no roteiro, Gravidade colocou sua marca na premiação e ficou marcado para os críticos como uma salvação para as grandes produções cinematográficas voltadas para um grande mercado de efeitos visuais.
17 Após o Oscar 2014, Alfonso Cuarón se transformou em um dos diretores mais conhecidos de Hollywood. Porém, esse reconhecimento é fruto de uma carreira que já dura mais de 40 anos: ele começou a filmar aos 12! Iniciou seus estudos no Centro Universitário de Estudos Cinematográficos e, junto com Carlos Marcovich e Emmanuel, dirigiu seu primeiro curta metragem – Vengeance is Mine. O filme causou polêmica por ser em língua inglesa, e Alfonso acabou expulso. Isso deu início a uma fase “parada” de sua carreira. Passou um tempo trabalhando em um museu, foi assistente do diretor José Luis García Agraz e depois dirigiu alguns episódios da série de suspense La Hora Marcada, do canal mexicano Televisa. Junto com seu irmão, escreveu um roteiro e o enviou para o Instituto de Cinema Mexicano, que, por estar com recursos limitados, recusou o roteiro e ofereceu a direção do filme Solo com Tu Pareja. O filme se tornou um sucesso tão grande que rendeu à Alfonso um convite para trabalhar nos Estados Unidos. E, é nesse ponto que a sua carreira começa a se tornar o que é hoje. Assinou um contrato com a Warner Bros. e dirigiu A Princesinha, que recebeu ótimas críticas e duas indicações ao Oscar, ainda que sua bilheteria tenha sido baixa. Depois, dirigiu Grandes Esperanças, da 20th Century Fox. De volta ao México, se associou à Carlos Vergara e produziu Y Tu Mama También, que se tornou um dos filmes mexicanos de maior sucesso. Em 2004, voltou a trabalhar na Warner Bros., dirigindo Harry Potter e o Prisioneiro de Askaban, segundo muitos, o melhor filme da franquia e a maior bilheteria de sua carreira. Nove anos depois, Alfonso Cuáron dirigiu Gravidade, filme que se tornou um sucesso estrondoso e lhe rendeu dois Oscars.
ESPECIAL GRAVIDADE
CURIOSIDADES 1. Tal pai, tal filho O roteiro de Gravidade foi escrito por Alfonso Cuarón em parceria com seu filho, Jonas Cuarón.
2. A protagonista será... Originalmente, Angelina Jolie foi escalada para o papel, mas não decidiu continuar. Muitas atrizes de Hollywood fizeram testes, como Natalie Portman, que recusou o papel um pouco antes de anunciar que estava grávida. Após muitos testes, Sandra Bullock foi escolhida para o papel.
3. Robert Downey Jr. x George Clooney Originalmente, Robert Downey Jr. seria o intérprete do personagem que ficou com George Clooney. Downey Jr. deixou o papel por incompatibilidade com o estilo de atuação necessária para a produção.
4. Treinamento corporal Um treinador ajudou Sandra Bullock a aprender a se movimentar lentamente. A grande dificuldade da atriz foi em mover o corpo em um ritmo mais lento do que a fala.
5. Flutuando... A equipe de efeitos visuais desenvolveu um sistema com cabos, operados manualmente ou por controle remoto, para criar a ilusão de flutuação.
6. Grandes elogios Gravidade foi o filme de abertura do Festival de Veneza 2013. Além disso, o diretor James Cameron declarou que Gravidade é o “melhor filme de espaço já realizado”.
MELHOR ATRIZ
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Cate Blanchett por Blue Jasmine A atriz é a primeira australiana a ganhar dois prêmios da Academia. Protagoniza um filme escrito e dirigido por Woody Allen e ganhou outros vinte e três prêmios pelo papel. Em Blue Jasmine, interpreta uma socialite nova-iorquina que, após a falência do marido, precisa aprender a lidar não só com uma vida mais simples ao se mudar para a casa da irmã, mas com crises de ansiedade e um possível colapso nervoso. Ficou conhecida mundialmente quando interpretou a rainha Elizabeth I, da Inglaterra, no filme Elizabeth (1998). Blanchett já havia vencido o Oscar como melhor atriz coadjuvante por seu papel em O Aviador, em 2004, ao interpretar a personagem Katharine Hepburn. Kate também é conhecida por interpretar Galadriel, a rainha dos elfos, na trilogia O Senhor dos Anéis, e mais recentemente na trilogia O Hobbit. Além desses sucessos, a atriz australiana de 44 anos também atuou em filmes como O Talentoso Ripley (1999), Babel (2006), Notas Sobre Um Escândalo (2006), O Curioso Caso de Benjamin Button (2008) e Robin Hood (2010). Atualmente, Cate e seu marido, Andrew Upton, são diretores artísticos da Sydney Theatre Company.
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MELHOR ATOR
Matthew McConaughey por Clube de Compras Dallas O ator texano venceu outros quinze prêmios por sua performance como um cowboy eletricista e homofóbico que, após contrair o vírus HIV, vira dono de clube que vende remédios não autorizados pelo governo a outros soropositivos. McConaughey passou por uma imensa transformação para participar de Clube de Compras Dallas (2013): precisou perder dezessete quilos. Essa foi a primeira indicação do ator ao Oscar, que possui praticamente apenas comédias românticas em sua filmografia, e supreendeu a crítica após interpretar tal personagem. Matthew iniciou sua carreira de ator em 1991, mas só se tornou realmente conhecido após estrelar Como Perder um Homem em 10 Dias (2003), com Kate Hudson, e Armações do Amor (2006) com Sarah Jessica Parker. O ator também atuou em dramas como Killer Joe - Matador de Aluguel (2011) e no aclamado seriado da HBO, True Detective (2013), e fez uma ponta em O Lobo de Wall Street (2013), que concorreu a diversos prêmios da Academia. Clube de Compras Dallas é seu primeiro longa aclamado pela crítica e que recebe tantos prêmios. É casado com a modelo brasileira Camila Alves, com quem tem três filhos.
COADJUVANTES
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Jared Leto por Clube de Compras Dallas
O americano de 43 anos não é surpresa no mundo das celebridades. Jared é cantor da banda de sucesso “30 seconds to mars”. Com o filme “Requiem for a dream” de 2000, Leto passou a ser conhecido mundialmente, com o papel de um viciado em drogas, precisou perder 20 quilos. Mas foi em Clube de compras Dallas que Jared atuou melhor, fazendo o papel da transexual Rayon, portadora do HIV. Somente este filme lhe rendeu oito indicações, e seis prêmios como melhor ator coadjuvante: o Globo de Ouro, o SAG Awards, o Satellite Award, o Oscar 2014 entre outros.
Lupita Nyong’o por 12 Anos de Escravidão
Lupita Amondi Nyong’o nasceu no México, de pais quenianos. Pelo maravilhoso papel em 12 anos de escravidão, no papel de “Patsey”, escrava do segundo senhor a comprar Solomon, Edwin Epps (Fassbender), que mantém com ela uma relação de ódio e desejo. Muito bem atuado, esse papel deu a Lupita uma série de indicações de melhor atriz coadjuvante. Indicada ao globo de ouro e ao BAFTA, levou a melhor “somente” no SAG AWARDS (prêmio do sindicato de atores de Hollywood) e claro, no oscar 2014, deixando os outros prêmios para Jennifer Lawrence, sua principal concorrente na categoria. E, como se não fosse o suficiente, ainda foi escolhida a mulher mais bonita do mundo pela revista “People”.
12 ANOS DE ESCRAVIDÃO
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2 séculos de escravidão.. Apesar das inúmeras indicações perdidas para o brilhantismo dos efeitos especiais de Gravidade, a noite pertenceu a 12 Anos de Escravidão. Concorrendo em 9 categorias, o filme garantiu a estatueta mais desejada da academia: Melhor Filme. O longa-metragem que alcançou uma bilheteria superior a 50 milhões de dólares, foi inspirada na história de vida de Solomon Northup, o qual escreveu uma biografia contando os horrores vividos em um Estados Unidos de 1853. Solomon, um violinista negro, livre, vivia com sua família no estado de Nova York, quando é abordado por dois comerciantes de escravos que se passam por artistas de circo para enganá-lo, oferecendo-lhe um emprego bem remunerado. Acordo feito, os três viajam para Washington e em um jantar de comemoração, Northup é envenenado e acorda prisioneiro de um destino cruel: torna-se escravo. Com seus documentos roubados, Northup não tem como comprovar sua liberdade e passa a ser mais um no sistema escravocrata, o homem torna-se objeto, privado de sua liberdade, distante de sua família, violentado física e psicologicamente. A partir de então, Northup começa sua saga pelo sul
dos Estados Unidos, passando de um mestre a outro, buscando tornar-se invisivel e subserviente, para sua sobrevivência. Esconde até mesmo traços de sua vida passada, como a sua alfabetização e aceita o nome que lhe é dado: Platt. Após doze anos de sofrimento, Solomon consegue provar sua liberdade com a ajuda de um carpinteiro abolicionista com o qual teve contato durante sua estadia na propriedade de Edwin Epps, o mais cruel de seus “donos”, retornando a sua cidade natal e reencontrando a sua amada família. O terceiro filme da carreira de Steve Mcqueen, primeiro diretor negro a conquistar o maior prêmio da noite, conta com atuações impecáveis. O diretor que produzira Hunger (2009) e Shame (2011) mantém sua parceria com Michel Fassbender, que supreendeu os críticos ao interpretar Edwin Epps, um latifundiário de plantações de algodão, escravocrata, cruel, violento, fanático, paradoxalmente religioso e se já não fosse o suficiente, alcóolatra. O protagonista ficou sob a responsabilidade de Chiwetel Ejiofor – que a príncipio recusou o papel por medo da importância de assumir um personagem tão emblemático – figura conhecida pelos recentes
Filhos da Esperança (2006), 2012 (2009), Salt (2010). Em 12 Anos de Escravidão, Ejiofor faz com que o público sinta toda o sofrimento vivido por Solomon, apenas com o olhar, já que em sua posição, qualquer forma de expressão, seja ela através de diálogos ou mesmo da escrita lhe era proibida. Ao contrário do que muitos pensariam, a música de seu violino não lhe é um refúgio, mas tão somente, mais um mecanismo de repressão. Ambos concorreram a categorias de Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Ator, respectivamente. Entretanto, a grande estrela da noite foi a novata Lupita Nyong’o. Filha de pais quenianos, Nyong’o concorreu ao prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante ao lado de veteranas como Julia Robert e Jennifer Lawrence, por seu primeiro longa-metragem. Ela interpretou a escrava Patsey, objeto de desejo de Edwin Epps. Lupita soube preservar a inocência juvenil ao longo de cenas nas quais brincava com bonecas feitas de restos de plantação e ao mesmo tempo jogar com a posição favorecida na fazenda de seu “dono”: a escrava que colhia mais quilos de algodão e que atraia a atenção do Sr. Epps. Ao nos brindar com uma belíssima atuação de profundo caráter emocional, a atriz levou não somente a
12 ANOS DE ESCRAVIDÃO estatueta para casa, mas o respeito e a admiração da audiência e de toda a indústria cinematográfica. A fotografia e a trilha sonora são outras categorias que também não deixam a desejar. McQueen intercala as paisagens idílicas das plantações de algodão com momentos de crueldade, interpretados pela desumanização dos mestres. Soma-se a esse contraste o plano longo, com a ausência de cortes, que aumentam o sentimento de angústia no espectador. Duas cenas marcantes são: o enforcamento de Solomon, na qual o personagem se mantém pendurado, lutando por sua vida por intermináveis 80 segundos, enquanto todo o resto da fazenda segue com suas funções cotidianas, ignorando a situação; e o açoitamento de Patsey que se prolongou durante 5 pavorosos minutos. A trilha sonora de Hans Zimmer (O Rei Leão, Missão Impossível e Gladiator) integra-se perfeitamente ao filme, preenchendo-o com um tom melancólico e emotivo, já que em di-
24 versas ocasições presencia-se os escravos cantando belas canções, que futuramente seriam as raízes do blues e da música gospel. A partir de suas cantorias, são transmitidas todas as suas dores e sofrimentos. Em contraponto a atual linha de filmes sobre escravidão como “Django Livre” (Quentin Tarantino, 2012) com seu caráter vingativo e certo tom planfletário, e The Help (Tate Taylor, 2011), The Butler (Lee Daniels, 2013) e mesmo A Cor Púpura (Steven Spielberg, 1985), que apelavam para o sentimentalismo, Steve McQueen propõe em 12 Anos de Escravidão uma visão realista, racional e asséptica do que foi a escravidão no sul dos Estados Unidos, não pretendendo apelar para o drama, mas sem perder a sensibilidade. Provoca no público sentimentos como repúdio, inconformidade e raiva. Essa nova abordagem traz a tona um tema complexo que até pouco tempo atrás não era foco de discussões. Por esse motivo, foi proposto pelo apresentador e ativista Montel
Williams em conjunto com os produtores, a editora do livro e com National School Boards Association (NSBA), que cópias do longa fossem distribuídas em escolas públicas norte-americanas, juntamente ao livro que o inspirou. David A. Pickler, presidente da NSBA, justificou tal decisão com o seguinte pronunciamento: “Acreditamos que oferecer aos estudantes das escolas públicas da América a oportunidade de testemunhar uma visão tão impiedosa dos males da escravidão é essencial para garantir que essa história nunca seja esquecida e que nunca se repita”.
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1 Ejiofor se preparou para o papel aprofundando-se na cultura de plantação em Louisiana e aprendendo a tocar violino. 2 O filme concorreu ao Oscar também nas categorias de Melhor Ator (Chiwetel Ejiofor), Melhor Ator Coadjuvante (Michael Fassbender), Melhor Atriz Coadjuvante (Lupita Nyong’o, que levou o prêmio), Melhor Direção (Steve McQueen), Melhor Roteiro Adaptado (John Ridley), Melhor Figurino, Melhor Edição e Melhor Direção de Arte. 3 Para melhor interpretar o escravocatra alcóolico Edwin Epps, o maquiador do ator Michael Fassbender pintou-lhe o bigode com álcool para que os outros atores pudessem reagir naturalmente ao cheiro de um homem que bebe demais. 4 A filha de Steve McQueen lhe pediu que contratasse Sarah Paulson após ter visto a sua fita de audição para o filme. Isso porque a achou assustadora. 5 A árvore onde Salomon Northup vê diversos homens sendo enforcados foi realmente usada para enforcamentos e é envolta por túmulos de escravos mortos. 6 Uma foto de dois cartazes de 12 Years a Slave surgiu na Internet, causando controvérsia. Segundo a Variety, a distribuitora italiana BIM Distribuzione pediu perdão pelo acontecido: “nos desculpamos por criar e lançar pôsteres não-autorizados de 12 Anos de Escravidão na Itália [...] Todos os materiais inapropriados foram removidos.” Já a Summit Entertainment, representante de vendas do filme para a Itália, manifestou-se em comunicado oficial: “Os cartazes cinematográficos de 12 Anos de Escravidão com Brad Pitt e Michael Fassbender que foram lançados na Itália não foram aprovados pelos produtores ou licenciadores do filme. A Summit Entertainment está investigando e tomando ações imediatas para impedir a distribuição desses cartazes não-autorizados.”
FILMES ESTRANGEIROS
26 Não são apenas obras cinematográficas norte-americanas que possuem espaço na Academia. O Oscar possui uma categoria que dá um prêmio ao melhor filme estrangeiro e a Itália vence – pela décima quarta vez – com o filme A Grande Beleza (2013), de Paolo Sorrentino, que era favorito a vencer. Também vencedor do BAFTA e do Globo de Ouro, o filme conta a história de um escritor chamado Jap Gambardella – interpretado pelo aclamado Toni Servillo – que, aos sessenta e cinco anos, reflete sobre sua vida, já que há décadas não consegue terminar um livro e publicá-lo. Seu último sucesso se chamava “O Aparelho Humano” e, desde então, a vida de Jep gira em torno de festas da alta sociedade, de luxos e privilégios de sua fama. O personagem relembra sua juventude perdida e um amor da época, o que talvez o motive a voltar a escrever. O filme também recebeu outros vinte e três prêmios; mesmo sendo o vencedor do Oscar, não foi o grande vencedor dos seus concorrentes em números de indicações e vitórias.
O dinamarquês A Caça (2012), de Thomas Vinterberg, relata um período conflituoso na vida de Lucas, interpretado por Mads Mikkelsen. Após dar entrada no divórcio e começar a trabalhar em uma creche de educação infantil, é acusado injustamente pela filha de seu melhor amigo e aluna da creche, Klara, de ter molestado a menina. O filme retrata brilhantemente as consequências de tal acusação e como a vida de Lucas – e de todos ao seu redor – é afetada. O filme recebeu outros trinta prêmios, incluido o Globo de Ouro e o BAFTA. O filme também foi aclamado pelo Cannes e Mikkelsen foi premiado como melhor ator de drama na categoria em que concorreu. A história de Jagten, como é chamado na Dinamarca, é de grande sensibilidade e aborda um tema delicado que levanta diversas questões, como até que ponto devemos acreditar cegamente em uma criança, o quanto o diálogo entre pais e filhos precisa ser estimulado e como situações como a que Lucas viveu precisam ser investigadas a fundo.
27
FILMES ESTRANGEIROS
The Missing Picture (2013), filme cambojano de Rithy Panh, busca retratar o período em que o país enfrentou um governo ditatorial. O Camboja foi governado pelo Khmer Vermelho e, durante esse período, houve um genocídio com mais de dois milhões de vítimas na década de setenta. Panh busca arquivos da época e conta sua história, que é bastante perturbadora, e retrata o chocante evento através de bonecos de barro.
Já Omar (2013), filme de Hany Abu-Assad, mostra a relação amorosa de Nadia e Omar, que se encontram no meio do conflito entre o serviço secreto israelense e os guerreiros palestinos. O filme retrata ambos os lados da guerra, os dois igualmente impiedosos. Para visitar Nadia, Omar precisa escalar o muro que divide os dois territórios. O filme retrata, com bastante sensibilidade, as cicatrizes que a guerra deixa nos personagens.
Alabama Monroe, também conhecido como The Broken Circle Breakdown (2013), conta a história de Elise – interpretada por Veerle Baetens – é dona de uma loja de tatuagens e é bastante realista, enquanto Didier – interpretado por Johan Heldenbergh – é um romântico incorrigível e também ateu convicto. O amor dos dois é posto à prova e ambos enfrentam sua primeira crise quando a filha do casal, de seis anos, adoece gravemente.
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Frozen Congelando concorrentes, derretendo corações irmãs Anna e Elsa. Elsa havia nascido com poderes mágicos, capaz de controlar o gelo e a neve, sua brincadeira preferida com a irmã. Entretanto, durante uma dessas brincadeiras, Elsa acaba acidentalmente ferindo Anna e, como única forma de salvação, lhe são retiradas as memórias dos poderes da irmã. Os pais das meninas, reis de Arendelle, decidem separálas, isolando Elsa e obrigando-a Após um período conturba-
a esconder sua magia. Porém, ao
do para o Walt Disney Studios,
partirem em uma viagem, acabam
parece que a onda de animações
morrendo e cabe a Elsa, enquan-
fracassadas teve seu fim com o
to primogênita, assumir o reino. É
lançamento triunfal do longa me-
durante a coroação, portanto, que
tragem “Frozen: Uma aventura
as irmãs se reúnem novamente. A
congelante”. O filme foi inspira-
partir de um desentendimento,
do no conto de fadas do escritor
Elsa tem seu segredo revelado e,
dinamarquês Hans Christian An-
por não saber dominá-lo, foge para
dersen, intitulado “A Rainha da
longe e acaba condenando Aren-
Neve”, de 1845. Com algumas
delle a um inverno profundo. Cabe
modificações significativas, a Dis-
então a Anna resgatá-la e trazer
ney alcançou com Frozen a posição
de volta o verão. Em sua aventu-
de animação com maior bilheteria
ra, ela conta com o vendedor de
de todos os tempos, arrecadando
gelo Kristoff e sua fiel rena de es-
mais de US$1,07 bilhão em todo
timação Sven, além do adorável
o mundo, segundo site Box Office
boneco de neve falante, Olaf e
Mojo. Mas o que fez Frozen atin-
dos simpáticos trolls mágicos.
gir tamanho sucesso, conquistan-
A animação se utiliza brilhan-
do o coração dos telespectadores?
temente de ingredientes já fa-
O filme conta a história das
mosos dos clássicos da Disney.
MELHOR ANIMAÇÃO
29 Relembrando Branca de Neve,
populares de “ele é um lobo em
de sucesso, a música ficou no topo
Cinderela e A Bela e a Fera, Fro-
pele de cordeiro” ou “não julgue o
da lista da Billboard 200 por 10
zen traz às telonas príncipes e
livro pela capa”. Contudo, a mais
semanas. E a trilha sonora, com
princesas e o clima de musical,
crucial mudança da tradição Dis-
a alma de musical, teve mais de
mas se engana quem pensa que já
ney apresentada na animação é a
2 milhões de cópias vendidas de
conhece essa história. Com uma
visão sobre o casamento. O filme
acordo com dados divulgados pela
nova roupagem, mais adequada
critica severamente e em diversas
Nielsen SoundScan, que regis-
às mudanças da infância e juven-
cenas o “casamento instantâneo”,
tra a venda de discos nos Estados
tude do século XXI, seus criadores,
com alguém que se conhece recen-
Unidos. Sem mencionar a dubla-
Jennifer Lee e Chris Buck, os mes-
temente, como pretendem fazer
gem excepcional, com destaque
mos dos recentes sucessos Enrola-
Anna e Hans, e como foi costu-
para o humorista Fábio Pochat
dos (2010) e Detona Ralph (2012),
meiramente realizado por todas as
quebram o clichê da indústria. Em
outras princesas da Disney. Talvez
Frozen, a história se desenvolve em
tenha sido esse o ponto princi-
torno do amor das irmãs Anna e
pal de atração de um público das
Elsa, colocado em destaque, ca-
mais diversas faixas etárias, a re-
paz de grandes transformações.
formulação do imaginário Dis-
Em segundo plano, aparecem o
ney, aparando arestas sem perder
amor entre amigos e o tão usual
o brilho e o encanto tão únicos.
amor entre príncipes e princesas.
Além do visual estonteante, do
Merece destaque também a que-
belíssimo e admirável trabalho
bra de estereótipos e do maniqueís-
técnico
mo que prevalece na maioria das
e diversas estruturas de gelo, a
animações. A princesa Anna não
animação apresenta também uma
é delicada, fina e preocupada com
impecável trilha sonora - compos-
bons modos como se imagina a
ta por Christopher Beck (Buffy,
figura da realeza. Pelo contrário,
A Caça Vampiros) com canções
ela é divertida, atrapalhada, aven-
originais a cargo de Robert Lopez
tureira e destrambelhada. Já o
(Avenue Q e The book of Mor-
status de vilão do enredo pode ser
mon) e Kristen Anderson-Lopez
atribuído a dois personagens: à
(Procurando Nemo, O musical) -
Elsa, personagem que, apesar de
que a fez conquistar não somente
bem intencionada, não consegue
o Oscar de melhor animação,
evitar causar problemas e colocar
mas a estatueta de melhor canção
em risco as pessoas que ama, sendo
original. “Let it go”, interpretada
má contra sua própria vontade e à
por Idina Menzel (Wicked), rece-
Hans que esconde sua maldade e
beu um clipe onde é cantada em
sua ganância atrás da máscara de
25 idiomas diferentes. Sob a voz
príncipe, confirmando os ditados
de Demi Lovato, cantora jovem
ao
recriarem
castelos
que deu vida e se integrou perfeitamente ao personagem Olaf, conferindo à sua personalidade um tom mais divertido e bem humorado, como se o boneco de neve fosse real e esta fosse sua voz. É um filme emocionante, que mereceu todas as premiações e que traz um ar fresco, contemporâneo, ao
mundo
das
animações
podendo servir de inspiração para desenhos futuros, que há muito já não atingem somente o público infantil.
MELHOR ANIMAÇÃO
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Curiosidades 1. Agora sim!
Tentativas da Walt Disney Animation Studios em adaptar o conto de fadas “A Rainha da Neve” em um longa-metragem remontam a 1943, embora outras tentativas tenham sido feitas na década de 1990 e em 2003.
2. Força feminina
Jennifer Lee é a primeira mulher a dirigir um longa-metragem de animação produzido pela Walt Disney Pictures.
3. Participação Especial
Quando os portões se abrem durante “For the First Time in Forever” é possível ver a participação especial dos personagens Rapunzel e Eugene, de “Enrolados” (2010).
4. Amizade animal
O personagem de Kristoff foi influenciado pelo povo Sami, um grupo indígena do norte da Noruega, conhecido por suas renas, o que explica o seu melhor amigo ser uma rena chamada Sven.
5. Pelo mundo...
Para criar o reino de Arendelle, o diretor de arte, Mike Giaimo, e sua equipe viajaram para a Noruega para absorver a atmosfera do lugar e buscar inspiração nas paisagens. A produção também viajou para Québec e usou o Hotel de Gelo como fonte de inspiração para criar o palácio de gelo de Elsa.
6. Uma rena real
Os cineastas contaram com uma rena de verdade nos Walt Disney Animation Studios para que pudessem observar sua estrutura física e seus movimentos. Com essas inspirações, eles deram vida a Sven. A princípio, os criadores chamaram a rena de Thor, mas logo mudaram de ideia devido à popularidade que o nome do herói tem na empresa.
7. A família gay de Oaken
Acontece que aquele homem gigante em “Wandering Oaken’s Trading Post and Sauna” é provavelmente gay. Ao oferecer o serviço de sauna para Kristoff, ele acena e fala: “Olá, família!” e BAM! Lá estão eles!
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Indicados na categoria Melhor Animação
Meu Malvado Favorito 2
Vidas ao Vento
Ernest e Celestine
Os Croods
REDES SOCIAIS
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O OOscar nas redes sociais que circulou pela web sobre a premiação Jogada de marketing A “selfie” com alguns dos grandes nomes do cinema, tirada por Ellen Degeneres, durante a cerimônia do Oscar não foi tão espontânea quanto pareceu. A Samsung teria gasto em torno de US$ 20 milhões de patrocínio ao evento e parte do acordo exigia que a mais recente novidade da marca, o Galaxy Note 3, tivesse um espacinho entre as estrelas. Entretanto,
Quem é Adele Dazeem? Qualquer deslize é motivo de piada na internet e a gafe que John Travolta cometeu não poderia passar despercebida. Ao apresentar a cantora Idina Menzel, que estava prestes a entrar no palco, ele a anunciou pelo nome de Adele Dazeem. Quem seria essa? Ninguém sabe dizer, mas logo após a premiação já estava na rede o The Adele Dazeem Name Generator, um site que te dá a ilustre oportunidade ver como seu nome ficaria travoltificado. Confira aqui: http://goo.gl/Eh-
a própria empresa ter ficado surpresa com o resultado extraordinário de 3 milhões de retweets e como retribuição pelo marketing parcialmente inesperado, doará US$1,5 milhão para duas organizações beneficentes. Mas nem todo esse sucesso foi suficiente para convencer Ellen Degeneres a substituir seu iPhone, através do qual tweetou, por trás das câmeras, a noite toda.
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REDES SOCIAIS
Photobomb! Por trás de toda a pose dos astros do cinema há uma alma divertida que não deixa passar a oportunidade de fazer uma brincadeirinha com seus colegas de profissão. Prova disso foram os photobombs que rolaram pelas redes sociais e renderam boas risadas. Ainda no backstage, Anne Hathaway, não perdeu a chance de fazer uma graça na selfie da Jessica Biel, que ficou visivelmente surpresa. O troco veio rápido, já que durante a Vanity Fair Oscar Party, Jared Leto aparece fazendo careta. em uma sequencia de fotos. Mas é como dizem, aqui se faz aqui se paga e o ganhador do prêmio de melhor ator coadjuvante, não conseguiu escapar da atriz.
Bons resultados para a TNT Para a TNT o sucesso do Oscar 2014 não se deu exclusivamente através da audiência atingida na noite da premiação, mas também por meio de suas plataformas móveis. Segundo os dados divulgados pela própria emissora, a hashtag #OSCARnaTNT atingiu os Trending Topics do Twitter e as postagens feitas foram retuitadas 11 mil vezes. O aplicativo com novidades e informações sobre a premiação rendeu mais 100 mil downloads na América Latina e a página do facebook, do Oscar vinculado a TNT, teve um aumento no número de compartilhamentos e comentários que se ultrapassou 90% em relação ao ano de 2013.
Pobre Leo Mais uma vez Leonardo DiCaprio volta sem sua estatueta. Em sua quarta indicação, dessa vez, como melhor ator no filme O Lobo de Wall Street, perdeu pra Matthew McConaughey no filme Clube de Compras Dallas. Os fãs ficaram bastante desapontados, entretanto não perderam a chance de reagir com sarcasmos e fazer piada da situação. Logo após o anuncio do vencedor já circulavam pela internet várias montagens e tweets sobre mais uma indicação, sem vitória, do ator. “A única coisa em comum entre o Leonardo DiCaprio e eu é que nenhum de nós dois ganhamos um Oscar.” [traduzido] publicado por: @Teja_Seth no Twitter.
O OSCAR EM NÚMEROS
2 atores é o recorde de menor elenco e pertence a Gravidade.
3ª indicação de Jennifer Lawrence (mais jovem a receber tantas indicações). 5 candidatos para cada categoria (exceto melhor filme).
8 atores aparecem pela primeira vez na lista de indicados ao Oscar.
18ª indicação de Meryl Streep (mais indicada). 40 minutos é o tempo mínimo para que um filme seja considerado longa metragem.
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43 centímetros é a altura da estatueta. 600 lagostas foram servidas. 4000 garrafas de vinho foram servidas. 6028 membros ativos na Academia do Oscar. US$800.000.000 foi o valor arrecadado apenas
na América do Norte pelos indicados a melhor filme.
US$1.000.000.000 foi o valor estimado da selfie de Ellen DeGeneres.
OUTRAS CATEGORIAS
35 MELHOR ROTEIRO ORIGINAL "Trapaça", escrito por Eric Warren Singer e David O. Russell "Blue Jasmine", escrito por Woody Allen "Clube de Compras Dallas", escrito por Craig Borten e Melisa Wallack "Ela", escrito por Spike Jonze "Nebraska", escrito por Bob Nelson
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO “O Lobo de Wall Street” "12 Anos de Escravidão" "O Lobo de Wall Street" "Antes da Meia-Noite" "Capitão Phillips" "Philomena"
MELHOR DOCUMENTÁRIO
“Helium” “Pitääkö Mun Kaikki Hoitaa?” (em inglês, “Do I Have to Take Care of Everything?”) “The Voorman Problem”
MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
“Feral” “É Hora de Viajar” “Mr Hublot” "Possessions" "Room on the Broom"
MELHOR EDIÇÃO
"Trapaça" "Capitão Phillips" "Clube de Compras Dallas" "Gravidade" "12 Anos de Escravidão"
EFEITOS VISUAIS
"O Ato de Matar" “Gravidade" "The Square" "O Hobbit: A Desolação de Smaug" "Cutie and the Boxer" "O Homem de Ferro 3" "O Cavaleiro Solitário" "Guerras Sujas" "Além da Escuridão: Star Trek" "A Um Passo do Estrelato"
DOCUMENTÁRIO DE CURTA-METRAGEM “CaveDigger" "Facing Fear" "Karama Has No Walls" "The Lady in Number 6: Music Saved My Life" "Prison Terminal: The Last Days of Private Jack Hall”
FIGURINO
"Trapaça" "O Grande Mestre" "O Grande Gatsby" "The Invisible Woman" "12 Anos de Escravidão"
CABELO E MAQUIAGEM
"Clube de Compras Dallas" "Jackass Apresenta: Vovô Sem Vergonha" "O Cavaleiro Solitário"
MELHOR CURTA
“Aquel No Era Yo" (em inglês, "That Wasn't Me") "Avant Que De Tout Perdre" (em inglês, "Just Before Losing Everything")
FOTOGRAFIA
"O Grande Mestre" "Gravidade" "Inside Llewyn Davis - Balada de Um Homem Comum " "Nebraska" "Os Suspeitos"
DESENHO DE PRODUÇÃO "Trapaça" "Gravidade" "O Grande Gatsby" "Ela" "12 Anos de Escravidão"
EDIÇÃO DE SOM
"Até o Fim" "Capitão Phillips" "Gravidade" "O Hobbit: A Desolação de Smaug" "O Grande Herói"
MIXAGEM DE SOM
"Capitão Phillips" "Gravidade" "O Hobbit: A Desolação de Smaug" "Inside Llewyn Davis - Balada de Um Homem Comum" "O Grande Herói”
EDIÇÃO DE ABRIL/2014 Coordenadora: Lohaine Vimercate Diretoras de arte: Ana Cristina Bittencourt e Camille Amaral Redatoras: Clara Biondi, Deborah Medeiros Isabelle Assumpção e Fernanda Freitas
Iniciado em 1994, o Almanaque do Oscar pretende levar aos amantes de cinema todas as informações relevantes acerca da premiação. A distribuição gratuita reforça ainda mais a ideia de que cinema é uma arte democrática e pode ser apreciada por qualquer pessoa, de qualquer idade. A partir da próxima página, você será o convidado de honra na vigésima edição do nosso Almanaque. E o Oscar vai para...