ATURÁ MA
REEDIFICANDO A QUALIDADE DE VIDA NAS MARGENS DO SOLIMÕES
ATURÁ MA
DESENHO URBANO II
REEDIFICANDO A QUALIDADE DE VIDA NAS MARGENS DO SOLIMÕES
Matheus Balbino
Maria Clara OUTUBRO - 2020
Tiago Vieira
SUMÁRIO:
INTRODUÇÃO HISTÓRIA ESTUDO TIPOLÓGICO FESTA DE SÃO CRISTOVÃO IMPRESSÕES PESSOAIS PRINCIPAIS DESAFIOS DIRETRIZES PROJETUAIS REFERÊNCIAS
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1.2- Porto e mirante de AmaturĂĄ
Fonte:
https://radaramazonico.com.br/
1.1 - Palafita sob o rio SolimĂľes Fonte: Google Earth
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INSTRODUÇÃO O projeto da disciplina Desenho urbano II, concebido nas margens do alto Solimões, conta com a proposta de revitalização das palafitas presentes no rio, com o intuito de trazer aos povos ribeirinhos desse município estabilidade nas suas moradias, ocasionando saúde, mobilidade e bem-estar para essa parcela da região. Desse modo, foi vantajoso pensar também em um sistema de saneamento básico que contemplasse essa parte do município. Pois, na maioria das edificações flutuantes e sob palafitas não há manutenção voltada a higiene básica, fazendo com que a parte do rio onde estão situadas se torne insalubre. Com isso, seguindo o conceito de revitalização das casas, sentimos a necessidade de implantarmos uma escola de várzea, repetindo o mesmo processo construtivo das habitações, tendo em vista a melhoria do acesso a educação para as crianças que moram nessa parte da comunidade. Já que, o sistema educacional de Amaturá funciona apenas dentro da cidade. Assim, buscamos atender as necessidades básicas por meio de diretrizes projetuais que não confrontem a identidade arquitetônica local, que contenha referências históricas e culturais.
Visto que, Amaturá é uma região que possui fortes traços indigenas, mesmo tendo o catolicismo muito presente no contidiano dos habitantes. 19% da sua população sãos povos indigenas, entre eles estão os povos ticunas, kokama e kambeba.
Fonte:
http://www.amatura.am.gov.br
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HISTÓRIA
As origens do município de Amaturá se prendem às de São Paulo de Olivença que remontam à missão de São Paulo Apóstolo. Fundada pelos jesuítas que catequizavam os índios da Bacia do Rio Solimões, em fins de Séc XVII, passadas as disputas entre espanhóis e portugueses para o domínio da região com a vitória destes últimos, a antiga Missão de São Paulo Apóstolo, depois Aldeia de São Paulo dos Cambebas, vem a ser sede de município, desmembrado de Tefé e com a denominação de São Paulo de Olivença. O território deste experimenta vários desmembramentos dando origem aos municípios autônomos de Benjamin Constant e Santo Antônio do Içá. Em 1968 é enquadrado como área de Segurança Nacional. Em 10.12.1981, pela Emenda Constitucional Nº. 12 o seu Distrito de Amaturá é desmembrado, passando a constituir, junto com território adjacente desmembrado de Fonte Boa, o município autônomo de Amaturá
A princípio, o nome desse povoado seria São Cristovão. A etimologia da palavra Amaturá, segundo os moradores da cidade, se deu por conta do cesto feito de cipó pelos povos indígenas, denominado de aturá, usado na agricultura para coleta e transporte dos frutos. A simpatia e o gosto por esse instrumento deu origem ao nome do municipio, que significa “Amar o aturá”.
ESTUDO
TIPOLÓGICO. ELEMENTOS
CONSTRUTIVOS
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TRAÇADO URBANO
As ruas em Amaturá tem um desenho bastante interessante, sua malha urbana tem um traçado bem definido especialmente no centro da cidade e no bairro de Santa Etelvina por possuir uma infraestrutura privilegiada, segundo a SEINFRA e a prefeitura, as ruas de alguns bairros passaram por reformas no ano de 2019. Em seus aspectos tipológicos, um grande número de ruas, têm sua pavimentação feita em concreto e são bastante largas. O bairro São Francisco apresenta suas ruas um pouco mais orgânicas, com estradas mais estreitas e em sua maioria carroçais com pouca infraestrutura.
Bairro Centro
Bairro São Francisco
Bairro Santa Etelvina
9 As casas em Amaturá seguem uma linguagem simples, mas bem caractéristica. Parte das residências são de madeira e possuem telhado metálico. Há támbem habitações que são de alvanearia comum, pórem , a telha de aço galvanizado é constantemente mais usada.
No bairro Centro, localizado na orla da cidade, há algumas edificações que possuem uma estética mais colonial. Uma delas é o antigo colégio seminarista São Cristovão que hoje é considerado patrimônio histórico, fundado pelos padres.
As palafitas e as edificações flutuantes estão presentes em toda a extensão de Amaturá, na encosta também há algumas palafitas. Na beira do rio, na parte que fica a frente da igreja, encontra-se a região portuária, principal entrada da cidade.
IDENTI
DADE
Quanto as casas de Amaturá, seguem em sua maioria uma mesma linguagem arquitetônica; paredes de alvenaria; telhados de aço galvanizado formado por duas águas voltadas para as laterais da casa inutilização de muros; casas “porta de ruas”, que são casas em que a porta de entrada não é antecedida por um espaço ou garagem, mas que a sala dá diretamente a rua; fachadas lisas, contendo apenas a pintura ou azulejos, com janelas voltadas para a rua. As ruas, por sua vez, são formadas em sua maioria por concreto, muito bem divididas e distribuídas pela cidade, entretanto, sem tratamento de esgoto; a acessibilidade é inexistente na região; o seu acesso a outras cidades e as regiões ribeirinha é apenas por meio de barcos; a cidade contém apenas uma praça que é a que se encontra na entrada da cidade e o único espaço de lazer público fornecido.
CO NS TRU TIVA
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RELIGIOSIDADE
FESTA DE
SÃO CRISTOVÃO
A religiosidade em Amaturá é muito presente, o catolicismo assume um papel de destaque desde a colonização e catequização de povos indíginas. A maior festa do ano, que atrai muitos turistas para cidade é proveniente da igreja católica e comove toda a comunidade.
A festa de São Cristovão é realizada anualmente no mês de Julho do dia 6 ao dia 16. Os festejos contam com celebrações, apresentações de grupos culturais e venda de comidas típicas.
“SÃO CRISTOVÃO 14
JESUS COROA
A tradicional festa começa com a retirada do mastro, onde reune centenas de pessoas no porto da cidade. As pessoas costumam se dividir em lado azul e lado vermelho. Logo sai a procissão em barcos pelo Igarapé Acuruy até onde o mastro será retirado.
Ao entardecer, o mastro é erguido pelos devotos de São Cristovão e a festa segue durante a noite, com um novenário celebrado e coordenado pela igreja matriz. A festa religiosa termina no dia 25 de Julho.
, E ABENÇOA
AMATURÁ”
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IMPRESSÔES PESSOAIS “A Partir da cadeira de Desenho Urbano II pude compreender a história, a vivência e a cultura de um povo com uma realidade bem diferente da minha, mas relativamente perto em quesito geográfico. Sua forma de morar, de viver a cidade, de se locomover, de usar os recursos básico de moradia, sua forma de entender lazer e até mesmo trabalho, me trouxe uma visão diferente de vida, espero um dia poder visitar Amaturá. Quanto a disciplina, tem sido muito difícil para se desenvolver um projeto sem ter quase nada de informação sobre o local, dificultou muito o entendimento dos problemas base da cidade, então por um estudo mais geral de como se comportavam às demais cidades de sua região podemos desenvolver o nosso projeto, espero que com os estudos que estamos desenvolvendo sobre a nova forma de construir (em palafitas), possamos trazer um projeto que seja viável ao local e que traga um melhor qualidade de vida para a população.” (Maria Clara Amorim)
“Essa primeira parte do desenvolvimento de projetos de intervenção pra cidade de Amaturá foi muito interessante e instigante pelo fato de ser uma cidade que nunca ouvimos falar nada sobre e se localizar em uma região amazônica. Apesar da cidade se localizar nesse tipo região onde não se tem tanto acesso, proporcionalmente torna-se dificultoso encontrar informações da cidade. Tivemos alguns trabalhos árduos, pois nossas fontes de pesquisa eram limitadas, e isso tornou o trabalho bastante desafiador para o grupo. Na proporção que encontrávamos informações relevantes, abria um leque de possibilidades para acharmos outras, agregando cada vez mais valor ao trabalho, e com isso ia surgindo novas ideias para possíveis intervenções, pois a cidade possui muitas deficiências como qualquer outra cidade ribeirinha, e com elas propomos algumas soluções que achamos viáveis e compatíveis com a realidade da cidade em questão.” (Matheus Balbino)
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“A princípio, a ideia de se projetar para uma região totalemte distante da nossa realidade foi algo que me deixou receoso, pois encontrar fontes de informações foi uma das primeiras difculdades que encontramos. Porém, com essa pesquisa, pude aprender muito sobre grandes histórias e culturas presentes nessa região do noso país. Acredito que seja de suma importância saber como se projetar para todos os locais, ou pelo menos reunir conhecimento sobre as tipologias existente nesse grande território. Espero que com esse projeto, possamos desenvolver algo que agregue em funcionalidade, cultura e bem estar para a população” (Tiago Vieira)
“PRINCESINHA DO ALTO SOLIMÕES”
PRINCIPAIS DESAFIOS.
EDUCAÇÃO
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SANEAMENTO
No decorrer da pesquisa, alguns desafios foram encontrados, começando pelo acesso limitado a informações, pois os dados disponibilizados encontram-se desatualizados. Nessa mesma perspectiva, tentamos observar por meio de fotos, videos, reportagens e documentários quais seriam as mazelas urbanas presentes no município de Amaturá. Diante disso, voltamos o olhar para orla, onde estão situadas as casas ribeirinhas da cidade, edificações flutuantes e construídas sob palafitas. A área portuaria de Amaturá conta com uma média de 40 palafitas e construções flutuantes, em sua maioria em estado précario de estrutura. A maior preocupação para as pessoas que moram nessa região são as cheias do rio, pois durante esse período do ano as casas ficam inundadas e inabitáveis.
Nessa sequência, podemos notar que o sistema de educação só funciona dentro do município e Amaturá conta com bairros urbanos e também pequenos povoados em zonas rurais. Com isso, o acesso a escola se torna uma dificuldade a essas pessoas que vivem nas margens da cidade
Porto da cidade
Escola
municipal
de
Amaturá
MOBILIDADE
BÁSICO
Visto que, as edificações construídas sob rio funcionam como moradias e há tambem comércios, notamos que ambos não possuem sistema de saneamento básico, diante disso, a poluição no Igarapé Acuruy se torna decorrente. A mobilidade entre as construções é algo inexistente, não há meios de acesso entre as casas que possam ser feito a pé, apenas por barcos. Assim, torna-se mais complicado o contidiano de quem mora nesses lugares. Casas flutuantes
Comércio flutuante
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DIRETRIZES PROJETUAIS
A partir da análise de alguns projetos correlatos, buscamos desenvolver algumas propostas de intervenção nas áreas em que idenficamos algumas deficiências. No caso, a região portuária de Amaturá. A princípio, a proposta é implantar projetos que visem a melhoria de infraestrutura, saneamento, educção e mobilidade.
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Para a resolção da mobilidade, pensamos inicialmente em criar uma malha de caminhabilidade entre as casas de palafitas, para que assim, o deslocamento entre os moradores se tornasse mais viável. Usando como base um projeto desenvolvido pela empresa Varzea engenharia que criou um sistema de elevação hidráulica nas palafitas, onde a edificação se adequa de acordo com o nível do rio, pensamos em um modelo de habitação onde houvesse mobilidade e funcionalidade para as épocas do ano em que o rio estivesse cheio. Além disso, as madeiras usadas no projeto são madeiras biossintéticas, agregando tecnologia e sustentabilidade para região. Complemetando a ideia desse sistema de habitação, baseando-se em projeto desenvolvido pela PSA (projeto saúde e alegria) onde conta com um sistema de saneamento a base de módulos solares fotovoltaicos que ficam localizados em cada residência captando a luz solar e enviando para um inversor de frequência, essa energia é transformada em energia elétrica. Com um motor gerador ligado a esse inversor, gera-se o funcionamento de uma bomba submersa localizada dentro de um poço, tornando possível a canalização da água do poço diretamento para a caixa d´água. Assim ,esssa água será destribuida para as residências.
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A premissia para o desenvolvimento das escolas de várzeas tem o intuito de descentralizar escolas urbanas, levando educação para regiões ribeirinhas mais carentes, proporcionando além de um ensino de qualidade, uma infraestrutura impar que una lazer e ensino em um único ambiente. Assim, pensando no acesso a educação dos ribeirinhos de amaturá, idealizamos uma escola de varzea que contará com o mesmo sistema construtivo das casas de palafitas sustentáveis
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IndĂgina Kambeba
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REFERĂŠNCIAS: https://www.enanpege2019.anpege.ggf.br/resources/anais/8/1562636811_ARQUIVO_PROJETOMEMORIAKAMBEBANildenir.pdfZ http://www.amazonas.am.gov.br/2019/08/ruas-do-municipio-de-amatura-recebem-obras-de-recuperacao-da-seinfra/ http://www.amatura.am.gov.br/109/DadosMunicipais/ https://saudeealegria.org.br/saude-comunitaria/agua-e-saneamento/ https://bacana.news/projeto-preve-adequacao-de-casas-feitas-em-palafitas-mare-cheia/ https://www.saneamentobasico.com.br/tecnologias-saneamento-amazonia/
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