Mendes, Isaac (org.) Era outra vez... Histórias brincantes criadas pelas crianças do Ponto de Cultura LUDOCRIARTE – Brasília: Associação Ludocriarte, 2016. 1ª Edição – Tiragem: 3 mil exemplares 2016 - Brasil
Quadra 103, Conj. 05, Casa 01 Residencial Oeste, CEP: 71.692-200 São Sebastião/DF | Tel. (61) 3339-1976 ludocriarte@gmail.com - www.ludocriarte.org A LUDOCRIARTE nasceu em 2004, com o objetivo de desenvolver ações socioeducativas para crianças, adolescentes e seus familiares por meio da
Ponto de Cultura Ludocriarte Editora Convênio 014/2010 – Secretaria de Estado de Cultura do Distrito Federal
FICHA TÉCNICA LIVRO
linguagem lúdica, artística e cultural, em especí-
Organização: Isaac Mendes
fico, promovendo a criação e o fortalecimento de
Coordenação editorial:
brinquedotecas em várias regiões do Brasil.
Isabela Cordeiro Léda
A BRINQUEDOTECA COMUNITÁRIA de SÃO SEBAS-
Ilustrações: Carlione Ramos e
Revisão de texto: Magda Regina Rosa
TIÃO/DF, fundada em 2005 pela Ludocriarte,
crianças participantes do projeto
atende crianças e adolescentes oferecendo um
Capa: Carlione Ramos
espaço gratuito, aberto a toda comunidade, de
Projeto gráfico: Ricardo Caldeira
educação complementar e integração social, que
Imagens: Associação Ludocriarte
visa resgatar o significado do BRINCAR no pro-
Oficina de Criação e Ilustração
cesso de desenvolvimento humano, estimulando
de Histórias: Isaac Mendes
e fortalecendo a integração físico-psico-social, a
Oficina de Histórias Musicais:
expressão, a descoberta de habilidades e poten-
José Maurício Sant’Anna Menezes
ciais, a criatividade, a afetividade, o respeito e a
Equipe de brinquedistas:
cidadania.
Darliane Santos, Roberta Santos,
Associação Ludocriarte:
Paolo Chirola, Magda
Regina
Fátima
Rosa,
Maria
de
Silva,
Monica
Aparecida Vieira Nogueira, Elizabeth Maria da Graça Neves, Zaira Bastos Pinheiro, Maria Lucia de
Moraes
Ono,
Noeme
Cristina
Álvares
de
Carvalho, Rita de Cássia Fernandes Shimabuko, Anísia Alencar, Nilário Pereira, Lucimeire de Jesus Souza, Leidiane Maria de Andrade, Isabela Léda, Jeferson do Prado.
Roseli Nunes de Almeida, Rusllan da Silva Pereira. DVD Produção do DVD: Cristiano Silva Direção musical: José Maurício Sant’Anna Menezes Edição e Mixagem: Victor Z. – Estudio Uns aos Outros
Isaac Mendes (org.)
Histórias brincantes criadas pelas crianças do Ponto de Cultura LUDOCRIARTE
1ª Edição Brasília/DF Associação Ludocriarte 2016
APRESENTAÇÃO Era uma vez um lugar encantado onde crianças e adultos se reuniam para brincar. Lá tudo era muito divertido! As crianças se dividiam em grupos com nomes de bichos do cerrado: Oncinhas, Tatus, Raposas, Lobos e Tamanduás. Cada grupo tinha o seu momento de brincar na varanda, na rua e na sala de jogos, e também de fazer aula de artes, de música... Todos adoravam ouvir e contar histórias! Certa vez, estavam tão envolvidos com brincadeiras tradicionais, aquelas brincadeiras antigas que são repassadas através do tempo, que algo mágico começou a acontecer. As brincadeiras foram ganhando vida! Os personagens ganharam forma e foram viver verdadeiras aventuras. As crianças se empolgaram e não perderam tempo: registraram e ilustraram essas histórias incríveis, que você encontra aqui neste livro. E junto de cada uma está a explicação da brincadeira, para que você, leitor, possa aprender a brincar também! E a alegria naquele lugar encantado, o Ponto de Cultura Ludocriarte Editora, ficou ainda maior por um motivo especial: a celebração dos 10 anos de existência da Brinquedoteca Comunitária. As crianças se divertiram, cantaram, tocaram e criaram músicas para comemorar. No DVD que se encontra no final do livro, você pode conferir os videoclipes com os registros desses momentos inesquecíveis. Embarque também nessa aventura brincante!
ÍNDICE Os três marinheiros ................................................. 6 A Galinha e seus Pintinhos .................................... 10 Entre cães, gatos e ratos... .................................. 14 A Dona da Rua e Seu Jardim ................................. 18 Ploc, Ploc, Ploc ............................................................ 20 Desvendando o mistério dos doces ................... 24 As Cinco Pedrinhas Marias .................................... 28 Corre Cutia, Corre! ................................................... 32 O poço e a profecia .................................................. 34
Povoado Estrelado
OS TRÊS MARINHEIROS História criada pelas crianças do grupo Tamanduás
Um belo dia, dois marinheiros que se chamavam Dietro e Michael foram até uma aldeia comprar o seu doce favorito: chiclete. Voltaram para o porto e, no caminho, viram uma menina com fome e sede. Depois de ter conversado com ela, ficaram comovidos e resolveram ajudá-la. Levaram a garota para o navio e a apresentaram para o capitão Barba Fina. - Capitão, olhe a garota que nós encontramos no porto, podemos ajudá-la? - Ora! O que vou fazer com uma garota no meu navio? – disse o malvado capitão. Mas, esperem, não importa... Temos mais mão de obra para limpar o navio. Levem essa menina inútil àquela cozinha imunda! - falou com sua voz grossa e severa. Depois, ordenou à menina: - Trate de preparar um jantar delicioso para mim e para os meus marinheiros! A menina, então, respondeu: - Mas, capitão, eu não sei cozinhar! - Pois aprenda! Ou vai nadar até encontrar uma ilha deserta! Os dois marinheiros escondidos atrás da porta ouviram tudo e resolveram ajudá-la com as tarefas. Enquanto preparavam a comida, perguntaram curiosos
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sobre a história da garota. Descobriram que se chamava Indiana e que sua mãe, Josefina de Canela Fina, havia morrido quando ela era bem pequena. Depois de prepararem a comida, Indiana levou-a ao capitão. Após a primeira colherada, Barba Fina ficou vermelho como um pimentão e gritou: - Essa comida é tão nojenta que nem o lixo merece! Rapidamente os olhos da garota se encheram de lágrimas e ela correu para se esconder no porão do navio. Os dias se passaram, mas não desistiu. Com a ajuda de seus amigos conseguiu fazer as tarefas, mesmo escutando as repetidas reclamações de seu malvado patrão. Certo dia, o capitão pegou chikungunya. Indiana era tão bondosa que deixou de lado todo o mal que o capitão lhe fez e cuidou muito bem dele. - Porque você está me ajudando se lhe fiz tanto mal? – perguntou Barba Fina. Indiana respondeu: - Deixe isso para lá, é passado. - Você realmente é muito boa, não sei como agradecê-la – falou comovido o capitão. Enquanto isso, os dois marinheiros procuravam onde estava o foco do mosquito Aedes Aegipty, quando viram vários barris cheios de água parada. Decidiram derramá-la imediatamente, cuidando para que não se acumulasse novamente. Depois de alguns meses, o capitão melhorou e como forma de agradecimento, decidiu promover Indiana. Ela passou a ser a terceira marinheira e, a partir daquele dia, não iria mais cozinhar. Mas isso não melhorou o humor do terrível capitão, que em breve voltou a gritar com todo mundo.
O mosquito Aedes Aegipty tem origem africana. Seus ovos chegaram ao Brasil depois de uma longa viagem nos depósitos de água dos navios negreiros.
Barril é o objeto que o Chaves utilizava como casa!
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O navio continuou seguindo viagem quando se deparou com uma grande tempestade. Como era noite e a tempestade estava muito forte, decidiram se abrigar no navio até que o mar se acalmasse. Ao amanhecer, os três marinheiros avistaram uma ilha e, como o capitão ainda estava dormindo, ancoraram o navio para explorá-la. Quando foram se aproximando perceberam que a ilha tinha tons amarelados e parecia sem vida. Ao chegarem na praia, pegaram um pouco de areia nas mãos e descobriram que era ouro. Logo à frente avistaram duas crianças, João e Maria. Os irmãos simpatizaram com os marinheiros, se aproximaram e foram logo perguntando: - O que vocês vieram fazer nessas lindas terras de ouro? - Avistamos esta ilha de longe e ficamos curiosos para conhecê-la. As crianças convidaram os novos amigos para conhecer o Povoado Estrelado, onde moravam. O povoado tinha casas simples, feitas de palha e de madeira, mas com muitos detalhes em ouro. Os moradores andavam a cavalo com selas e ferraduras também feitas de ouro. Quando os cinco se deram conta da hora, já era noite e os irmãos ofereceram abrigo aos três marinheiros em sua casa. Logo de manhã os amigos acordaram com uma cantoria vinda da rua e saíram para ver o que estava acontecendo. Descobriram que se tratava de um homem que tinha uma perna só e a outra rabicó. Era o Padeiro Jack. Conversaram um pouco com ele e perceberam que se tratava de um viajante, uma pessoa muito boa que fazia pães deliciosos.
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João e Maria eram grandes caçadores de lagartixas, mas não as feriam, capturavam as lagartixas com uma rede para protegê-las dos lagartos gigantes que adoravam devorálas. Os dois irmãos moravam sozinhos no Povoado Estrelado, pois, quando eram menores os pais sofreram um ataque de tubarão e não resistiram.
Os marinheiros perguntaram se poderiam viajar com ele, pois não aguentavam mais o mau-humor do Capitão Barba Fina. O padeiro Jack, que se sentia muito só, adorou a ideia. Então, todos subiram na carroça do padeiro e se despediram de João e Maria, cantando:
- Somos três marinheiros na carroça de um padeiro de uma perna só e a outra rabicó.
Depois de alguns dias de viagem, avistaram um rio e pararam para descansar na beira. Encontraram um barco abandonado e, Dietro, Michael e Indiana, decidiram virar piratas vendedores de pão. E Jack se tornou o novo Capitão.
VAMOS BRINCAR DE ‘TRÊS MARINHEIROS’? Como se brinca: Formam-se duas equipes (A e B), uma de cada lado da quadra. A equipe A vai cantando em direção à equipe B: “Somos três marinheiros, na carroça de um padeiro de uma perna só, e outra a rabicó”. A equipe B pergunta: “O que vocês vieram fazer nessas lindas terras de ouro?” A equipe A responde: “Muitas coisas!”. Equipe B: “O que por exemplo?” Então a equipe A faz uma mímica (tocando violino, jogando pião, soltando pipa, andando à cavalo etc.) Se a equipe B descobrir, esta deverá correr para pegar os integrantes da equipe A e trazê-los para o seu time. A equipe A deverá retornar para o seu lugar, antes de serem pegos. Os pegos trocam de equipe. Depois será a vez da equipe B fazer o mesmo. E assim sucessivamente. 9
A GALINHA E SEUS PINTINHOS História criada pelas crianças do grupo Lobos
Dona Holandinha era uma galinha que vivia em uma chácara e estava esperando o grande momento do nascimento de seus pintinhos. Por enquanto eram apenas ovos que estavam sendo chocados. Certo dia, ao amanhecer, ela ouviu um barulhinho, olhou para um lado, olhou para o outro, mas não viu nada além de seus ovos. Prestou muita atenção e viu que eles já estavam com as cascas trincando. Adivinha o que era? Eram os pintinhos nascendo! Dona Holandinha ficou muito feliz, não cabia em si de tanta alegria! Então... o primeiro pintinho mostrou seu bico e logo nasceu. Ele recebeu o nome de Heliardo. Os outros foram nascendo um a um e recebendo nomes que começavam com a letra H: Hélio, Hércules, Henrique, Helenildo...Todos muito felizes, pois dentro da casca estava cada vez mais apertado! Dona Holandinha, também muito feliz, resolveu levar os pintinhos para passear. No caminho, tinham que atravessar uma ponte. Não uma ponte dessas que a gente vê por aí, era uma ponte diferente: a ponte que separava a chácara onde viviam, da Chácara dos Lobos. Os lobos eram altos, rápidos, acinzentados e adoravam comer pintinhos a toda hora: no café da manhã, no almoço, no jantar e também no lanchinho da meia noite.
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Dona Holandinha foi à frente mesmo sentindo muito medo, mas nada aconteceu. Os lobos estavam dormindo com roncos muito altos. Porém, na hora que o primeiro pintinho foi atravessar, os seus piadinhos de recém-nascido acordaram todos os lobos, que logo aprisionaram o primeiro dos irmãos H. Os pintinhos vendo aquilo ficaram com muito medo. Então para encorajá-los, Dona Holandinha, que já estava do outro lado da ponte, começou a gritar:
- Meus pintinhos venham cá!!!
- Temos medo dos lobos nos pegarem! -E se eu der bolo para vocês?
- NÃO!
-E se eu der abacaxi?
- NÃO!
-E se eu der chocolate?
- NÃO!
Então ela se lembrou do que fazia os pintinhos perderem todo o medo! Era devorar os pratos deliciosos que ela preparava usando milho e assim começou a oferecer:
- E se eu der cuscuz, cural, pamonha, bolo de milho e pipoca?
-SIIIIIIIIIM! 11
Rapidamente todos os pintinhos se esqueceram o medo e saíram correndo. Conseguiram atravessar a ponte, mas os lobos continuavam a correr atrás deles. Esconderam-se debaixo de uma árvore onde havia uma vaca que era muito bondosa e sabida. Desesperados eles pediram ajuda:
- Dona Vaca! Dona Vaca! Será que a senhora pode nos ajudar?
- Claro que sim, meus pequeninos! E logo foi pensar com eles num plano para salvar o pintinho que estava preso com os lobos. Juntos resolveram que deveriam se disfarçar de lobo para salvar o irmãozinho. Um dos pintinhos teve que subir no outro para ficarem do tamanho de um lobo. Para o disfarce ficar ainda melhor, usaram o casaco de pele de lobo do dono da chácara. Dona Vaca ficou de vigia. Quando chegaram perto da ponte, os lobos estranharam e disseram:
- Ei, você! Seu lobo esquisito! Nunca vimos você por aqui! O pintinho Hélio, disfarçou a voz e disse:
que
era
muito
esperto,
- Sou um lobo viajante cozinheiro. Deixe esse pintinho comigo, eu sei o que fazer com ele! Vamos preparar... Ops! Vou preparar uma deliciosa torta de pintinho! 12
Os lobos estranharam um lobo de voz tão fina, mas eles adoravam torta, então deixaram aquele esquisito passar e pegar o pintinho Heliardo. Quando atravessaram a ponte, os pintinhos tiraram a fantasia e correram para sua mãe. Ficaram conversando, piando e se perguntando o que poderiam fazer para não correr mais tanto perigo. Tiveram então a idéia de que, com a ajuda da Dona Vaca, eles poderiam preparar uma deliciosa torta vegetariana para os lobos. - Como eles gostam muito de torta... quem sabe eles não nos deixariam em paz? Os lobos ficaram chateados por terem sido enganados com aquela história do disfarce e de uma torta de legumes! Mas, quando sentiram aquele cheiro delicioso, resolveram provar a torta. Gostaram tanto que pediram outra. Assim, podem vegetarianos!
acreditar,
eles
resolveram
virar
lobos
VAMOS BRINCAR DE ‘A GALINHA E SEUS PINTINHOS’? Como se brinca: Uma criança é a galinha e outra, a raposa. As demais são pintinhos. A raposa fica entre eles, pronta para devorá-los. A galinha chama: “Meus pintinhos, venham cá!” Eles respondem: “Tenho medo da raposa me pegar!” A galinha diz: “Mas a raposa já morreu!” Os pintinhos respondem: “É mentira da senhora!” A galinha tenta convencêlos oferecendo comida. “E se eu der para vocês sorvete?” Os pintinhos respondem: “Não!” “E se eu der chocolate?” “Não”. A galinha oferece vários tipos de comida e sempre recebe um não. Até que oferece comidas feitas de milho. “E seu eu der pipoca (ou pamonha, angu, cural...)” Os pintinhos gritam: “Sim!!!” E correm em disparada, na direção de seus braços. Enquanto isso, a raposa tenta pegar quantos pintinhos conseguir. Os que conseguirem tocar a mãe são salvos e voltam a brincar. Quem é pego pela raposa vira raposa também. Ganha a brincadeira aquele que for o último a ser “devorado”.
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ENTRE CÃES, GATOS E RATOS... História criada pelas crianças do grupo Lobos Era uma vez uma fazenda chamada Pesqueijo. Ela era dividida em dois lados: em um lado morava uma família de ratos. Do outro lado, no alto das árvores, moravam os gatos, ótimos fabricantes de queijos. Algum tempo atrás, um caminhão deixou cair perto da casa dos ratos uma caixa cheia de queijos. Eles a levaram para suas casas e, depois de um tempo, o queijo que eles conseguiram acabou. A partir de então, os ratos queriam de qualquer jeito, buscar o queijo fresquinho direto da fábrica dos gatos. Tentaram passar para o outro lado, de fininho, mas os gatos logo perceberam e colocaram ratoeiras para impedir sua passagem. Os mais rápidos e espertos voltaram aos pulos para o seu lado. Por sua vez, os gatos, enjoados de beber leite todos os dias, sabiam que onde os ratos viviam existia um lago com muitos peixes. Mas lá moravam também os cachorros pescadores. Os gatos tinham medo, mas
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apesar de tudo, criaram coragem e foram buscar os peixes. Os cachorros os atacaram com jatos de água. Alguns gatos, de tão encharcados, ficaram esticados no chão. Um gato bem esperto subiu numa laranjeira e conseguiu distrair os cachorros jogandolhes laranjas. Enquanto corriam atrás das laranjas, os outros gatos socorreram seus amigos e os levaram para o alto da árvore. E foi assim que começou a rivalidade entre gatos e ratos: cada grupo tentando invadir o campo do outro para buscar o que desejava. Os gatos foram ficando cada vez mais fracos de tanta fome e sem forças para continuar lutando, foram até os ratos e fizeram a proposta: - Vamos negociar? Soubemos que o queijo por aí está em falta, então queremos trocar queijo por peixe. Os ratos concordaram, mas pediram que dessem carne e ossos para distrair os cachorros pescadores, além de um banquete com queijo suíço, parmesão, gorgonzola, minas, cheddar, polenguinho, mussarela... Combinaram de se encontrar na árvore após o pôr do sol e juntos foram para a casa do fazendeiro Francisco, conhecido como Chico. Chegando lá foram direto à geladeira, pegaram carne e depois foram à lixeira atrás de restos de ossos. Após pegarem tudo, ouviram um barulho estranho e então, rapidamente, se esconderam. Chico Fazendeiro tinha acabado de chegar com um cesto de frutas fresquinhas colhidas na fazenda. Os bichos resolveram ir para o sótão, de forma silenciosa, e colocar o plano em prática. - Daqui jogaremos a comida para distrair os cachorros, enquanto isso vocês correm para buscar os peixes - disseram os ratos. Tudo parecia fácil, mas o que eles não sabiam é que o maior cachorro ficava sempre de vigia em seu posto e nunca, jamais saia
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de lá. Os gatos tentaram invadir, mas virou uma bagunça! Até o Chico Fazendeiro apareceu e entrou na confusão, exclamando: - Atirei o pau no rato, mas o rato já correu! – E seu Francisco admirou-se quando escutou o berro que o cachorro deu.
CHEGAAAAA!!!
- Latiu o cachorro. - Pra que tanta briga? Podemos viver juntos e dividirmos as coisas, afinal todos estamos com fome. Mas para vivermos juntos teremos que trabalhar. Podemos fazer uma proposta para Seu Chico! Cada um vai ajudar com uma coisa: nós cachorros pegaremos gravetos para fazer fogueira para esquentar as nossas noites e ensinaremos aos gatos como pescar. Os ratos ajudarão a produzir os queijos desde que não devorem tudo. E para não ficarmos exaustos, todos os finais de semana faremos uma festa na piscina. Um dos gatos foi logo perguntando: - Não está esquecendo-se de nada? Piscina? Água? O cachorro que era muito acertou em cheio respondendo:
sabido
- Ah já sei!!! Vocês gatos terão direito a água quentinha, pois já sabemos que vocês só não gostam de água gelada. Todos aceitaram o acordo!
VAMOS BRINCAR DE ‘PIQUE BANDEIRINHA’? Como se brinca: As crianças são divididas em dois grupos de igual número. No campo, dividido também em dois, são colocadas duas bandeiras (de cada lado). Cada grupo deve tentar roubar a bandeira do lado oposto, sem ser tocado pelos jogadores daquele lado. Se for tocado fica preso e pode ser libertado pelo toque de um companheiro da mesma equipe. O time que conseguir roubar a bandeira primeiro e voltar para seu campo, ganha o jogo.
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A DONA DA RUA E SEU JARDIM História criada pelas crianças do grupo Oncinhas Era uma vez uma senhora já muito velhinha que adorava cuidar do seu jardim. Seu nome era Júlia, mas todos naquela rua a chamavam de Dona da Rua. Ela era uma pessoa muito solitária, não tinha marido, seus pais já haviam falecido e não tinha irmãos. Sua casa era muito bonita e mais bonito ainda era o seu jardim que ficava na frente da casa: tantas árvores, rosas e flores coloridas...Os passarinhos, as borboletas e as abelhas amavam aquele lugar! Todos os dias a solitária senhorinha acordava bem cedinho pra cuidar do jardim. Ela cuidava de cada flor e de cada árvore com muito carinho. Podava, regava, adubava e até conversava com as plantinhas. Dona Júlia não gostava que as pessoas chegassem perto do seu jardim e também não gostava do barulho que vinha da rua. Somente o canto dos passarinhos, o zumbido das abelhas e o colorido das borboletas a alegravam e lhe faziam companhia. Por causa do seu jardim é que Dona Júlia se achava a Dona Da Rua, embora houvesse muitas outras casas coloridas e com jardins. Em uma dessas casas ficava uma Brinquedoteca, um lugar onde as crianças se reuniam para brincar, ouvir e contar histórias, cantar e serem felizes. Elas adoravam pegar as flores no jardim da Dona da Rua para presentear suas professoras. Ela ficava muito brava, ainda mais que não gostava de toda aquela barulheira feita pelas crianças. Um dia ela revelou seu grande segredo: Dona Júlia era uma bruxa. Ela ficou tão nervosa com a bagunça que resolveu transformar todas as crianças em flores: 18
PLIM PLIM SARABIM PLIM PLIM Transforma essas crianças em flores pra mim! E num passe de mágica, todas as crianças se transformaram em rosas, violetas, margaridas, cravos... Os dias foram passando e tudo ficou em silêncio, sem música, sem as vozes, sem os sorrisos e a alegria das crianças. Dona Júlia parecia sentir falta de alguma coisa, pois nem o seu jardim lhe deixava mais feliz. As flores estavam murchinhas e descoloridas e os passarinhos foram embora dos seus ninhos. Então ela percebeu que sentia falta era das crianças, das suas cantigas e gargalhadas e até mesmo daquelas que todos os dias iam até o seu jardim arrancar as flores. Dona Júlia transformou as flores em crianças novamente:
SARABIM PLIM PLIM ABRACADOSO Transforma essas flores em crianças de novo! E num passe de mágica, as flores voltaram a ser crianças e a rua voltou a ser animada. Então, Dona Júlia disse: - A beleza dos jardins está nas suas flores. Se todos arrancarem as flores o jardim vai ficar sem cor e a nossa rua mais triste. Então ela fez um convite a todos para cuidarem juntos do jardim. As crianças aprenderam que a rua e o jardim eram de todos e todos deveriam cuidar para que continuassem sempre lindos, encantando as pessoas.
VAMOS BRINCAR DE ‘MÃE DA RUA (OU DONA DA RUA)’ ? Uma criança, a Dona da Rua, fica no meio da rua e os outros ficam em uma calçada. Os participantes têm que correr até o outro lado da calçada, sem serem pegos pela Dona da Rua. Se forem pegos, terão que ajudar a pegar os outros. Variação: fugir correndo de um pé só.
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PLOC, PLOC, PLOC História criada pelas crianças do grupo Oncinhas Esta história se passa em um mundo jamais visto ou imaginado. Um mundo onde as casas são feitas de manteiga, as pistas de sal, as nuvens de fumaça, os rios de óleo e as árvores de milho de pipoca. É a Pipocolândia: o mundo das pipocas! Onde há moradores de todas as cores e estilos! Todos levavam uma vida tranquila, inclusive o Pipoquinha que morava com seus pais, João e Joana Poque. Pipoquinha era muito inteligente e questionador, amava ler e ouvir histórias. Ir à Bibliotecolândia e ler sobre os bichos da pipoca do cerrado era o seu passatempo favorito e já tinha lido muitos deles. Gostava de ir à escola, aprender coisas novas e brincar com os seus melhores amigos, Amarelinho e Caramelinha. A escola da Pipocolândia era muito divertida. Tinha aulas de português, matemática, ciências, artes e informática. Havia momentos de contação de histórias, teatrinho, musicalização, hip hop, jogos de tabuleiro e um parquinho mágico, onde havia muitos brinquedos, até um escorregador de manteiga.
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Os professores e professoras eram muito legais e todo dia tinha brincadeiras novas; as que Pipoquinha e seus amigos mais gostavam eram: “Barra Manteiga”, “A Galinha e seus Pintinhos”, “Pique Bandeirinha”, “Dona da Rua” e “Vulcão”. Júlia era a professora do Pipoquinha, do Amarelinho e da Caramelinha. Todos gostavam muito dela. Ela contava e lia histórias geniais! Certo dia ela começou a contar uma história chamada “A História Sem Fim”. Mas antes de terminar de contar a história, chegou a hora de ir embora. -Ah! Queria ficar aqui na escola até ouvir o final da história... - disse Pipoquinha. As crianças já não agüentavam mais de ansiedade! No dia seguinte, ao chegarem na escola, ouviram um tremendo falatório no pátio. Todos os professores reunidos, pais, mães, tios, tias, avós, avôs, primos, primas, cunhados, cunhadas... Todos numa discussão que ninguém conseguia entender. Era um tal de: - ploc, ploc, ploc, ploc, ploc, ploc, ploc. Caramelinho perguntou ao Sr. Piporgenis, o morador mais velhinho da comunidade, o que estava acontecendo. Ele disse: - Querem parar as aulas da escola, mas vocês não podem ficar sem as coisas boas que acontecem aqui. Não pode ter greve! - Greve? - Caramelinha foi correndo contar aos amigos. - Gente! O Sr. Piporgines falou que não vai ter aula porque os professores entraram em greve! - falou Caramelinha ofegante. - Greve? Não sei direito o que isso quer dizer. - disseram Pipoquinha e Amarelinho sem entender direito o que estava acontecendo. - Eu também não entendi muito bem quando o Sr. Piporgenis falou que os professores estão em greve... - Tive uma ideia! Vamos à Bibliotecolândia! Passo horas lendo meus livros prediletos sobre os bichos da pipoca do cerrado. Tenho certeza que lá encontraremos mais informações sobre greve.
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Então lá se foram Pipoquinha, Caramelinha e Amarelinho em direção à maior e melhor biblioteca da Pipocolândia. Queriam entender melhor o que estava acontecendo. Não queriam ficar sem aula e sem ver a professora Júlia. Ao chegarem, Caramelinha ficou encantada com a quantidade de livros sobre os mais diversos assuntos, todos organizados nas prateleiras e percebeu que também havia muitos computadores. Ficou super entusiasmada quando viu os livros de histórias em quadrinhos, seus prediletos. Amarelinho foi direto à sessão onde tinha livros sobre os contos de fadolândias! -Vamos ao que nos interessa neste momento, pessoal! Depois voltaremos! - disse Pipoquinha. Depois de horas procurando, Amarelinho encontrou um livro que falava sobre o que são as greves e foi logo chamando seus amigos: - Gente! Encontrei! Greve é quando os professores ou outros grupos de trabalhadores param de trabalhar por seus direitos não serem cumpridos ou quando lutam por melhores salários e condições de trabalho! - Nossa! Agora entendi! - disse Caramelinha empolgada. Por isso que a professora Júlia e todos os outros professores e professoras pararam de dar aulas! - É verdade! Lembro da professora Júlia falar que não recebia o salário já havia dois meses! - falou Pipoquinha. - Vamos ver na internet se tem alguma notícia sobre a greve dos professores. - disse Amarelinho. E assim iniciaram uma pesquisa. Depois de alguns minutos e várias buscas no Google, viram algumas notícias dizendo que os professores iam para as ruas fazer uma manifestação com bandeiras e cartazes. Nos dias seguintes Pipoquinha, Amarelinho e Caramelinho acompanharam as notícias sobre a greve dos professores, indo todos os dias à Bibliotecolândia.
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Passado algum tempo, Pipoquinha e seus amigos encontraram com o Sr. Piporgenis. Ele falou que estava acompanhando as manifestações dos professores. Mesmo não sendo professor, queria ajudá-los. Eles pediram ao Sr. Piporgenis para ajudasse a reunir os pais, todas as outras crianças e ir também às ruas em apoio aos professores. Conseguiram reunir quase todo mundo e foram se encontrar com a turma das manifestações. Foi emocionante! Ainda assim, muito tempo se passou até que finalmente houve o pagamento dos salários atrasados. Foi declarado o fim da greve! No dia seguinte, Pipoquinha e seus amigos acordaram bem cedinho, ansiosos para mais um dia de aula. Agora com a certeza de que não haveria greve! Se sentiram importantes por causa da sua participação! Ao chegar na escola, a professora Júlia falou que sentiu saudade de todos e lembrou-se de uma coisa: o livro “Uma História sem fim”! Entusiasmados, todos se sentaram em volta dela para ouvir o final da história. Mas, uma dúvida tinha ficado, se a história era sem fim, será que ela teria final?
VAMOR BRINCAR DE ‘PIPOCA’? Todos fazem uma roda e cantam a música Ploc, pulando para os lados toda vez que falarem a palavra Ploc. No primeiro momento, canta-se com as mãos para trás. No segundo, Música Ploc canta-se em duplas, de mãos dadas. “Uma pipoca estourando na panela Depois, quartetos Outra pipoca começa a responder e por último a roda Então começa um tremendo falatório inteira de mãos dadas. E ninguém consegue se entender
É um tal de PLOC, PLOC PLOC, PLOC PLOC PLOC PLOCPLOCPLOCPLOCPLOCPLOC” 23
DESVENDANDO O MISTÉRIO DOS DOCES História criada pelas crianças do grupo Raposas Todos os dias na escola, Cecília, sua irmã Rafaela e seu primo Lúcio se encontravam para brincar na hora do intervalo. Uma de suas brincadeiras favoritas era “Pique Esconde”. Certo dia, quando Cecília estava escondida no telhado da escola, avistou pedaços de chocolate pelo chão e logo chamou Rafaela e Lúcio para verem. Foram seguindo a trilha e descobriram que ela levava à floresta. Combinaram que se encontrariam na parte da tarde para desvendar aquele mistério. Na hora combinada começaram a grande aventura. Seguindo a trilha, entraram na floresta. Andaram, andaram e encontraram um rio de mousse de maracujá. Viram que do outro lado, em cima de um tronco, tinha uma chave dourada. Sobre o rio havia um caminho de pedras e uma placa com o seguinte aviso: “Cuidado! Passe sobre as pedras brincando de amarelinha. Se errar, você afunda!” Rafaela quase caiu, mas Cecília conseguiu segurá-la, e com muito cuidado passaram. Chegando do outro lado, sentiram um cheiro e acharam que a chave era de chocolate branco. Lúcio já ia comê-la, quando Cecília gritou:
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- Não coma! Pode ser perigoso! Vamos guardá-la! Vai que serve para alguma coisa... Lúcio guardou a chave na mochila e, como estava anoitecendo, voltaram para casa. No outro dia, depois da escola, foram brincar de novo na floresta, mas desta vez seguiram por outro caminho, onde avistaram uma casa na árvore. Subiram para ver e perceberam que estava abandonada. Cecília teve uma ideia: - Vamos transformar esta casa em nosso esconderijo secreto, aqui será perfeito para pensarmos sobre aquele mistério. Assim fizeram.
Reformaram a casa e a deixaram bem
confortável. Logo que terminaram a reforma, decidiram voltar para o rio do dia anterior. Quando lá chegaram, Rafaela encontrou mais alguns pedaços de chocolate que dava continuidade à trilha. Seguiram até chegarem a um labirinto. Aquele lugar tinha um ar misterioso e sombrio. Apesar de causar medo foi mais um desafio para os três, que criaram
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coragem, respiraram fundo e começaram a correr entre aquelas paredes escuras. Se perderam algumas vezes, mas depois de muita correria chegaram ao fim. E lá estava, pendurado na saída, um estilingue dourado. Lúcio o pegou e guardou em sua mochila. Na saída do labirinto encontraram novamente o rio de mousse de maracujá. Atravessaram a ponte e foram seguindo o curso do rio. Depois de muita caminhada, chegaram a uma grande cachoeira e embaixo dela encontraram uma caixa com 10 pedrinhas douradas e um bilhete que dizia: “subam pelo elevador até o alto desta cachoeira”. Guardaram as pedrinhas e, ao entrarem no elevador, viram que nele havia um botão dourado com um buraco de fechadura. Usaram a chave que haviam guardado e rapidamente chegaram ao topo da cachoeira. Lá encontraram uma trilha e um portal com um círculo desenhado e no meio estava escrito: “Para atravessar este portal, acerte 5 pedrinhas douradas no centro”. Cecília usou o estilingue dourado e quase gastou todas as pedrinhas, mas conseguiu. Lentamente o portal foi se abrindo. Quando entraram viram um grande ser dormindo. Ele tinha o corpo feito de pirulito. Seus olhos eram de jujuba, os braços e pernas de marshmallow e o cabelo de puxa puxa. Parecia um monstro, ou melhor, ele era um monstro! Ele levou um susto ao ver as crianças e se escondeu por entre as árvores. Elas se aproximaram e começaram a conversar com ele: - Nós encontramos esses doces pelo caminho! - disse Lúcio tirando as barras de chocolate da mochila. - São seus? - perguntou Cecília.
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O monstro aproximou-se com um olhar amigável e, encaixando as fileiras de chocolate em sua cabeça, disse: -Ora! Ora! Muito obrigado, agora sim já posso mostrar o novo visual do meu cabelo!!! Nasceu ali uma grande amizade. As crianças convidaram o novo amigo para conhecer a casa da árvore e juntos a batizaram de Clube da Imaginação. Ali se tornou o ponto de encontro dos amigos. Quase todos os dias eles se reuniam para brincar, cantar, contar histórias e planejar a resolução de novos mistérios!
VAMOS BRINCAR DE ‘CAÇA AO TESOURO’? Dentro de uma área pré-definida, são espalhadas as pistas anotadas em um papel, sendo que cada uma traz uma informação que leva à seguinte, e a última leva ao tesouro. 27
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AS C INC O P E D R IN H A S M A R IA S História criada pelas crianças do grupo Raposas
Na beira de um riacho, cinco pedrinhas conversavam. Todas tinham “Maria” nos seus nomes: Maria Joaquina, Maria Luiza, Maria Clara, Maria Júlia e Maria Eduarda. - Que vontade de sair pulando daqui! - disse Maria Júlia. - Ah, se a correnteza nos levasse até aquele galho, poderíamos de lá, dar um pulo bem alto!!! Vamos ver de quem será o maior salto? -sugeriu Maria Eduarda. Uma a uma, chegaram até o galho e foram pulando. A irmã mais velha ensinou às mais novas a darem os primeiros pulos. Durante a brincadeira as pedrinhas, pela primeira vez, sentiram o ar fresco sobre o corpo. Depois de muito treino passaram a ser as pedrinhas mais saltitantes e felizes da redondeza. Queriam experimentar outras formas de aventura. Foi então que Maria Joaquina sugeriu: - Vamos tentar pular em duplas, penduradas no cipó? Uma fica lá embaixo para ver quem chega primeiro. Brincaram bastante desse jeito. Depois de um tempo, as duas irmãs que rolavam mais rápido na água, foram para longe e deixaram as outras três para trás. As três tinham muito medo, porque a queda da cachoeira era muito alta, então começaram a gritar para que as duas irmãs voltassem para ajudá-las. Maria Clara, que estava na frente, ouviu o pedido de socorro e voltou para encorajar as irmãs. Lá de baixo, sugeriu que elas fizessem um salto sincronizado. Então as três pularam juntas, dançando. Quando chegaram embaixo, estavam novamente as cinco irmãs juntas.
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A alegria era tanta que brincaram de roda para comemorar! Foi entardecendo e o sol foi se escondendo lá longe! Uma das pedrinhas perguntou: -Onde será que o sol se esconde? A curiosidade foi aumentando e elas pensaram em procurar o sol. A grande questão era: como fariam para voar? Foi então que avistaram um tucano e resolveram pedir: - Olá, Senhor Tucano! Poderia nos levar até o alto para descobrirmos onde o sol se esconde? - Claro que sim! Subam nas minhas costas. Primeiro levo só uma de vocês para ver se é seguro, e se for, depois volto para pegar as outras. Assim fizeram. Primeiro levou Maria Júlia. Depois buscou as quatro irmãs e elas, lá no alto, viram a cena mais bonita de suas vidas! Depois daquele dia de aventura, em uma roda de conversa, decidiram que deveriam contar para as outras pedrinhas que não voaram e ficaram em Pedregolândia, tudo que aprenderam. Pediram ajuda a um enorme jacaré que passava por ali. Rolaram para cima das costas dele e seguiram viagem no rio. Na entrada da cidade a raiz de uma grande árvore formava um portal. O jacaré utilizou seu rabo como catapulta para arremessar as pedrinhas. Uma a uma, as cinco foram passando pelo portal. Quando encontraram as outras pedrinhas, as cinco Marias levaram ideias de várias brincadeiras que haviam aprendido e lhes ensinaram também a saltitar. A conversa alegre das Marias chegou aos ouvidos de uma menina que passava por ali. Ela também brincou com as pedrinhas e juntas fizeram desenhos super bonitos! Se algum adulto visse, ia querer brincar também!
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VAMOS BRINCAR DE ‘CINCO MARIAS’? Como se brinca: As “marias” são saquinhos de pano cheios de areia ou pedrinhas colhidas no próprio local. Há várias fases e ganha quem conseguir ir mais adiante nelas. Na primeira etapa, as cinco marias são lançadas ao chão. A pessoa escolhe uma delas e a joga para o alto. Com a mesma mão, pega uma das outras quatro que ficaram no solo e tenta recuperar a que está no ar sem deixá-la cair. Quem conseguir pegar todas vai para a próxima etapa, na qual tem de pegar duas marias antes de segurar a que está no alto. Essa sequência segue até a quarta etapa, na qual o jogador deve recolher quatro peças. Na quinta, todas as marias são colocadas de volta ao chão. Com uma das mãos, o jogador tem de fazer uma ponte - com a outra mão apoiada no solo pelas pontas do polegar e do indicador. Aí, joga para cima uma peça, enquanto passa uma de cada vez por baixo da ponte e recolhe-se a que foi jogada. Quem errar perde a vez para o próximo jogador e depois retoma de onde parou. 31
CORRE CUTIA, CORRE! História criada pelas crianças do grupo Tatus Era uma vez uma vila muito bonita e arborizada. Em sua volta, havia plantações de batata, milho, cacau e açaí. Nela morava uma cutia que gostava muito de andar nas plantações. Às vezes, a cutia se sentia muito sozinha, porque seus familiares moravam longe, em outro mundo. Certo dia, ela decidiu visitar sua avó Maria. Correu dia e noite para chegar lá o mais cedo possível. Assim que chegou foi aquela alegria! Vó Maria estava acabando de preparar um bolo de chocolate. A cutia foi logo experimentar. Quando foi pegar o copo do café para acompanhar o bolo, derrubou o aquário do peixinho dourado que estava na mesa, que era da tia da cutia. O aquário era tão grande que o peixinho desapareceu na casa. A cutia ficou preocupada para salvar o peixinho dourado, pois sua tia gostava muito dele. Procurou pela casa toda, até que ela o achou debaixo da cama. Quando tudo ficou bem, a cutia despediu-se da sua avó e voltou para a vila. No momento em que chegou lá, a cutia se assustou. O lugar estava sendo atacado por um monstro terrível chamado Criper. A cutia se desesperou, mas não desistiu. Pegou sua espada encantada, feita de diamante, e foi enfrentá-lo. Porém percebeu que era muito difícil combatê-lo sozinha e foi procurar ajuda, correndo para as plantações.
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Lá encontrou um Zumbi. Apesar do susto inicial, percebeu que ele poderia ser seu único aliado. Ofereceu-lhe um pedaço de carne que tinha guardado para a viagem, e assim tornaram-se amigos. E juntos foram combater o Criper. Depois de um combate muito grande e difícil, conseguiram vencer o monstro, mas a vila ficou destruída. Os dois amigos, usando blocos de terra, madeira e tijolos, reconstruíram a vila e a deixaram melhor do que era antes. A vila ficou tão bonita que passou a ser famosa naquela região e recebe novos visitantes do mundo todo.
VAMOS BRINCAR DE ‘CORRE CUTIA’? Como se brinca: Todos os participantes, com exceção de um, ficam sentados em círculo. O que ficou de fora será o ‘pego’. Com o lenço na mão ele andará lentamente em volta do círculo enquanto todos cantam: Corre cotia/De noite e de dia/Debaixo da cama da sua tia Corre cipó/Na casa da avó/Lencinho na mão caiu no chão* (*variação: Peixinho dourado caiu no chão) Moça bonita/Do meu coração Me dê um beijinho/Na minha mão. No meio da cantoria o ‘pego’ deixa cair, disfarçadamente, o lenço atrás de um dos jogadores. Quando o participante escolhido percebe que o lenço está atrás dele, começa a perseguição, e o ‘pego’ deve correr para ocupar o lugar vago. Se for pego antes de chegar ao lugar vazio, o ‘pego’ continua nessa função, mas se conseguir dar a volta e ocupar o lugar vago, é o jogador escolhido quem vira o ‘pego’. 33
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O POÇO E A PROFECIA História criada pelas crianças do grupo Tamanduás
Pietro era um menino alto, magro e de pele clara. Seus amigos o chamavam de Pepino. Ele nasceu na Itália. Era um escoteiro muito dedicado e adorava fazer expedições. Em uma dessas viagens entrou pela floresta com o seu grupo e encontrou uma aldeia abandonada. Era um lugar bonito, com casinhas parecidas umas com as outras e bem conservadas, apesar de serem antigas. Os escoteiros decidiram acampar perto dali. No meio da noite, Pepino acordou e viu um brilho muito forte no centro da aldeia. Muito curioso, foi verificar o que era aquilo e viu que a luz saía de dentro de um poço. Ao olhar para a luz Pepino foi hipnotizado. A luminosidade o envolveu e o fez cair no poço. Quando ele retomou a consciência, estava flutuando. Não teve medo e decidiu aproveitar o voo. Chegou num mundo mágico muito diferente do nosso mundo real, cheio de seres fantásticos: fadas, flores gigantes, criaturas aquáticas voadoras... Pepino ficou encantado e decidiu explorar aquele lugar. De repente, duas corumulas cruzaram seu caminho e o capturaram. Eles eram soldados de um reino que ficava próximo dali, governado pelo casal de malvados - Rainha Uva e Rei Pêra. Os dois tinham manias estranhas: a Rainha Uva obrigava as pessoas a se abraçarem até os braços doerem e o Rei ordenava que as pessoas apertassem as mãos, uns dos outros, até ficarem calejadas.
Corumulas: seres mágicos com cabeça de coruja e corpo de mulas.
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Ultimamente os dois estavam muito mais irritados, porque o reino estava vazio. Seu filho, o Príncipe Maçã, por ter o coração muito bom e cansado das maldades de seus pais, libertou todos os prisioneiros e fugiu com eles. As corumulas levaram Pepino à Rainha Uva e ela ordenou que ele ficasse preso no calabouço. Com o passar dos dias Pepino fez amizade com uma das corumulas que vigiava sua cela. Em conversas, soube da fuga do Príncipe Maçã e dos prisioneiros de seus pais. Ah! Souberam também onde ficava a passagem secreta e por ali fugiram. Pepino fugiu também e chegou ao reino Leguminópolis, onde o Príncipe Maçã foi bem recebido. Enquanto isso, no acampamento, os escoteiros estavam preocupados com o desaparecimento de Pepino, sumido há três dias. O grupo estava organizando buscas pela floresta e pela aldeia. Uma das escoteiras chamada de Meu Bem, estava muito mais preocupada com Pepino, pois era apaixonada por ele. Numa noite, enquanto todos dormiam, Meu Bem decidiu fazer um passeio pela aldeia. Muito triste, se aproximou do poço e chorou. Uma lágrima escorreu pelo seu rosto e ao tocar o fundo do poço uma magia muito poderosa aconteceu! Uma voz lhe contou o que tinha acontecido com Pepino. Meu Bem decidiu jogar-se no poço em busca do seu amor. Pobre menina! Ela teve uma triste surpresa! Quando chegou lá, viu que Pepino havia fugido! Ele não era mais prisioneiro da rainha. Foi presa e, desesperada, andava de um lado para o outro! De repente, percebeu que uma parte do chão, perto de sua cama, parecia solta. Esperou anoitecer e todas as corumulas dormirem. Seu coração disparado quase não conseguia esperar o momento para ver o que havia por baixo dos seus pés! Chegou devagarinho e... Lá estava uma passagem secreta! Fugiu e foi parar no reino Leguminópolis. Meu Bem conheceu o príncipe Maçã que, por ser muito bom e querido por todos, foi coroado
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o novo rei. Ele a convidou a ficar no reino e falou um pouco sobre a magia que o poço tinha. Disse que havia uma profecia em que um beijo de amor verdadeiro quebraria o encanto que aprisionava as pessoas naquele mundo. Livres, elas poderiam retornar para suas casas. Explicou ainda que era o período do festival tradicional do reino, quando homens e mulheres ficavam separados e só se encontravam durante a festa. A noite da festa chegou e no momento do ritual formou-se um grande corredor com mulheres de um lado e homens do outro. Pepino, por ser novato no Reino, foi o primeiro. Com os olhos vendados, teve que escolher uma moça para dar um beijo, um abraço ou um aperto de mão. Quando passou por Meu Bem, Pepino sentiu um calor no coração e pediu para parar. Ele escolheu dar um beijo e assim a profecia se realizou! Assim, o encantamento que aprisionava as pessoas naquele mundo se quebrou e todos se libertaram!
VAMOS BRINCAR DE “CAÍ NO POÇO”? Como se brinca: Primeiramente, as crianças são divididas da seguinte forma: meninas para um lado, meninos pavra o outro. Um condutor venda os olhos de um participante, que diz: “Caí no poço”. O condutor pergunta: “Quem te tira”? O participante responde: “Meu bem”. O condutor, então, aponta para cada uma das crianças do grupo e pergunta: “É esse”? O participante responde sim ou não. Quando a resposta for positiva, o condutor pergunta: “pera, uva, maçã ou salada mista”? Se a resposta for pera, o participante deverá dar um aperto de mão na criança escolhida; se for uva, um abraço; se for maçã, um beijo no rosto; mas se salada mista for a pedida, o participante fará tudo: aperto de mão, abraço e beijo no rosto.
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Este livro é o resultado do trabalho conjunto de jovens autores que aceitaram o desafio de dar asas às suas brincadeiras, unindo-se em grupos:
TATUS
Arthur da Silva Carneiro, Cycero Khenneddy Costa de Lima, Guilherme Barbosa, Guilherme Oliveira Costa, Guilherme Oliveira Teodoro, Jennifer Vitória de Souza Andrade, João Vitor de Jesus Martins, Karen Cristine Fidelis Santos, Khelyton Murilo da Silva, Letícia Rodriguês Magalhães, Lucas Raelson da Silva Cavalcante, Luiz Felipe Caldeira e Silva, Mariana da Silva Carneiro, Mateus Marques Silva Ribeiro, Mateus Santos Mendes, Maycon Vinícius Farias Ferreira Brito, Maysa Maylle da Silva Cavalcante, Rafaella Rodrigues Durães, Raphaele Oliveira Costa, Vitória Gomes Matias.
LOBOS
Alef Cardoso de Souza, Alex Santos de Andrade, Francisca Lucielly da Silva Cavalcante, Grazielle Rodrigues Alkmim, Heliardo dos Santos Pinheiro, Ícaro Bispo Ribeiro, Júlio César Barbosa, Karine Fidelis Santos, Lívia Helena dos Santos Pinheiro, Lucas Emanuel C. dos Santos, Maisa de Jesus Martins, Maria Gabriela de Jesus Martins, Matheus de Sá Araújo Cardoso, Micaelly Gomes dos Santos, Noemí Sousa Marques, Raissa Souza Mendes, Rodrigo Oliveira Teodoro, Stephane Dias da Cruz, Thiago Guedes de Souza Moreira, Viviane Gabrielle Ferreira Rocha.
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ONCINHAS
Adriano dos Santos Salviano, Asafe Victor R. P. Nascimento, Danielle Satele Santos, Enzo Costa de Oliveira, Ester Fernandez da Silva, Ester Valentine R. P. Nascimento, Gabriela Rodrigues Lopes, Giovanna dos Santos Silva, Gustavo Araújo da Silva, Janderson Gama Martins, José Alejandro dos Santos Silva, Lucas dos Santos Silva, Luiz Henrique de O. Assunção, Rafael Almeida Silva, Raquel de Oliveira Miranda, Rayssa Almeida Ramos, Ryann Almeida Ramos, Stephany Ketlen da Silva, Yasmin Alves dos Santos, Yasmin Ribeiro Dias.
RAPOSAS
Clara Alves Ruela, Claryssa Alves Ruela, Déborah Fernanda S. de Jesus Costa, Douglas Messias Lima de Oliveira, Fernanda Borges dos Santos, Gabriela Rosa do Nascimento, Giselle da Silva Montain, Gabrielly Matos Cardoso, Giselle Lisboa de Freitas, Gisllene Lisboa de Freitas, Heloísa dos Santos Silva, Igor Gonçalves da Costa, Jorge Vieira Orestes Junior, Lucas Alves de Melo, Maria Eduarda Assunção Vieira, Matheus Pereira da Costa, Vitor Sateles Santos.
TAMANDUÁS
Alex Dias dos Santos, Bruno Demetrio dos Anjos Araujo, Daniel da Silva Guedes, Darislane dos S.de Jesus Costa, David Lisboa de Freitas, Gabriel da Silva G. de Araújo, Hugo de Jesus Souza,Jeferson da Gama Martins, Júlia Oliveira Gadelha, Karina de Araújo Queroz, Marcelo Henrique de Souza Borges, Marcos Vinicius Moura Oliveira, Maryana Dias dos Santos, Milena Galdino Rodrigues, Yasmin Pereira Barros.
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“Os marinheiros perguntaram se poderiam viajar com ele, pois não aguentavam mais o mau-humor do Capitão Barba Fina. O padeiro Jack, que se sentia muito só, adorou a ideia. Todos então subiram na carroça do padeiro e se despediram de João e Maria, cantando: - Somos três marinheiros na carroça de um padeiro de uma perna só e a outra rabicó.”
Este livro é um convite para entrar no mundo das brincadeiras. É o resultado das Oficinas de Criação e Ilustração de Histórias realizadas em 2016 com crianças de 6 a 14 anos, no Ponto de Cultura LUDOCRIARTE de São Sebastião/DF.
Secretaria de Cultura
Ministério da Cultura