Revista Atual Saúde - Edição 3

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EDITORIAL

Prezado leitor, Somos responsáveis por nossa saúde!

Expediente:

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define que saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental, social e espiritual, e não apenas a ausência de doenças.

Direção Geral: Maria Lúcia Tavares de Lima

Partindo deste princípio, podemos observar cada vez mais que a população vem sendo convidada a buscar o equilíbrio, que começa com prevenções, mudanças de hábitos alimentares e a prática de atividades físicas. Hoje há uma preocupação pela busca da longevidade. A iniciativa da prevenção pode fazer toda diferença nas principais doenças crônicas, típicas do processo natural de envelhecimento. Estamos falando de doenças cardíacas, diabetes, doenças neurológicas, câncer, entre outras. É importante procurar o auxílio de um profissional de saúde, pois eles são os melhores aliados. Às vezes é preciso superar alguns traumas relacionados à saúde feminina, que começa com a ida ao ginecologista. Nesta edição você encontrará matérias sobre algumas doenças que afetam nosso organismo como endometriose, HPV, gordura no fígado e outras. Em todos os casos, o diagnóstico correto e precoce garante qualidade de vida. Com carinho, agradecemos aos profissionais de saúde que ajudaram a abrilhantar esta terceira edição. Uma boa leitura e mantenha-se saudável.

Maria Lúcia Tavares de Lima Diretora Geral

Edição: Natércia Dantas Comercial: Sheylla Beatriz de Queiroz Jornalista Responsável: Natércia Dantas Revisão: Maria Lúcia Tavares de Lima Projeto Gráfico: Sou ADR’ Diagramação: Sou ADR’ Foto da Capa: Rafael Araújo - Studio A Impressão: Gráfica MXM Atual Publicidade Rua Agenor Lopes, 292 Empresarial 292 BOA VIAGEM RECIFE - PE CEP: 51020-110



SUMÁRIO

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11 Gordura no Fígado

Dr. Fábio Marinho alerta sobre gordura no fígado

14 Conheça melhor as aftas bucais

Dra. Catarina Brasil pontua algumas dicas para prevenir as aftas.

16 Como construir um ciclo PDCA 17 Escova progressiva sem formol

Para um cabelo saúdavel é importante alisar sem formol.

21 Endometriose: Fique de olho! 25 Os encantos e paixões de Nova Jerusalém 30 A importância do RPG: Descubra os seus benefícios.

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70

32 Afinal, o que é Quaresma?

58 Cuide bem dos seus olhos

36 Entrevista com Dr. Fernando Moraes

62 Você tem HPV?

Ele fala sobre os benefícios das cirurgias cardíacas

44 Conheça os benefícios e malefícios do chocolate

66 Varizes Dr. Leandro fala sobre novos tratamentos para varizes, e diz como obter pernas sem vergonha

Dra. Andréa fala sobre o lado bom desse néctar dos deuses

68 Dia internacional da Mulher

47 Curiosidade

70 Psoríase: o mal é o preconceito

48 Novas terapias para Diabetes Mellitus

73 Como saber se a criança sofre de hiperatividade

52 A fisioterapia em UTI

76 Cuidado com a pele ao se barbear

Ajuda a reduzir o tempo de internação

54 Uma epidemia chamada obesidade O tratamento da obesidade requer mudanças no estilo de vida.

Dicas para uma pele macia e saudável

78 “Aconteceu com um amigo de um amigo meu” 80 Atual indica: Para você, livro, CD e filme


Descubra o que há por trás desta impressão

Faça como a revista Atual Saúde e venha conferir a nossa qualidade! Av. Chico Science, 301 - Bultrins - Olinda - PE Fone: (81) 2138.0800 www.mxmgrafica.com.br



© RAFAEL ARAÚJO

ESTIMA-SE QUE CERCA DE 30% DAS PESSOAS QUE APRESENTAM ESTEATOHEPATITE IRÃO EVOLUIR SE NÃO FOREM TRATADAS

Mestre em Medicina Interna pela UFPE. Diretor da Sociedade Brasileira de Hepatologia. Especialização pela Washington University in St. Louis - USA. Hepatologista no Real Hospital Português.


ESPAÇO SAÚDE

GORDURA NO

FÍGADO O QUE HÁ DE

MAL NISSO?

Por Fábio Marinho

fabiomarinhorbarros@gmail.com

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ada vez mais se ouve falar em gordura no fígado ou esteatose hepática. A segunda é uma denominação mais apropriada. Na verdade este termo se refere ao acúmulo de triglicérides nas células do fígado, chamadas de hepatócitos. Normalmente este fato ocorre em pacientes com outros problemas de ordem metabólica, como glicose alterada, colesterol e triglicérides elevados, sobrepeso ou obesidade, entre outros. Algumas doenças hepáticas como a hepatite C podem também fazer com que se acumule gordura nos hepatócitos. O diagnóstico de esteatose hepática é normalmente feito de modo incidental, quando se realiza, por exemplo, uma ultrassonografia para verificação de outro problema abdominal, ou mesmo em exame de imagem de rotina. Outra forma de apresentação é a partir da checagem dos valores das enzimas hepáticas AST ou TGO e ALT ou TGP em exames rotineiros, que por estarem elevadas demanda-se um exame de imagem e aí se comprova a esteatose. Mas deve-se se preocupar com este 14

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REVISTA ATUAL SAÚDE

A GORDURA NO FÍGADO PODE LEVAR À CIRROSE, MESMO QUE NÃO HAJA CONSUMO DE ÁLCOOL

O hepatologista, Dr. Fábio Marinho

achado, já que muitos acreditam que se trata de um fato normal na nossa sociedade? Na verdade a esteatose significa um desequilíbrio, que seja intra ou extra-hepático, como nos casos citados acima. Significa que existe alguma coisa “fora do normal”. Se assim a entendermos, veremos que precisa ser tratada na sua causa básica, na sua essência. Por exemplo, é muito provável que um gordinho apresente-se com gordura no fígado, assim, deveríamos em primeira instância, tratar o excesso de peso por se configurar uma alteração, um padrão “fora do normal”. Outro exemplo bastante


frequente é a do consumo excessivo de álcool, que também gera esteatose, havendo desequilíbrio metabólico.

“Estima-se que cerca

de 30% das pessoas que apresentam esteato-hepatite irão evoluir, se não forem tratadas, para cirrose.” Muitas vezes, porém, esta gordura pode ser nociva ao próprio fígado. Em muitos pacientes este acúmulo promove inflamação, que gera fibrose e que pode levar à cirrose hepática, mesmo quando não existir qualquer ingestão de álcool. Quem nunca ouviu falar de alguém que tem ou teve cirrose e que nunca bebeu? Mais recentemente o número de pacientes que procuram um hepatologista tem aumentado

muito. A esteatose é certamente o grande responsável por este fenômeno, já que o número de obesos, diabéticos e dislipidêmicos (que sofrem de aumento do colesterol e dos triglicérides) é crescente na nossa sociedade. Nossa função é a de orientar o paciente sobre sua doença – tão subvalorizada – e “consertar” o que está errado no seu metabolismo, além de investigar a presença de outras doenças hepáticas eventualmente associadas. Algumas vezes é necessária a realização de uma biópsia do fígado para uma melhor avaliação da doença. Um exemplo de que se modificando o fator de risco se pode modificar a doença hepática: foi feito com uma pesquisa por nós desenvolvida, onde utilizamos uma droga para redução de peso em paciente com esteato-hepatite (inflamação hepática relacionada ao acúmulo de gordura) comprovada por biópsia. Após a perda de cerca de 10% do peso corporal, houve melhora efetiva das enzimas inflamatórias

Representação do fígado humano

do fígado (TGO e TGP). Estima-se que cerca de 30% das pessoas que apresentam esteato-hepatite irão evoluir, se não forem tratadas, para cirrose. Este fato é tão alarmante quanto o dado de que nos Estados Unidos a esteatose hepática já é a segunda indicação de transplante de fígado após a infecção crônica pelo vírus da hepatite C. Hoje se dispõe de um arsenal terapêutico amplo para tratamento desta entidade, lembrando que o mais importante é a correção dos erros metabólicos e de hábitos de vida dos pacientes. Um hepatologista deve ser procurado no caso de alguém apresentar esteatose hepática, mesmo leve, pois não há correlação direta entre dano hepático e quantidade de gordura no fígado.

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ESPAÇO SAÚDE

CONHEÇA MELHOR AS

AFTAS BUCAIS SAIBA COMO ELAS SURGEM E COMO TRATÁ-LAS

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significado literal de “afta” é “eu inflamo”, “eu acendo” ou “eu queimo”, e hoje em dia a palavra é utilizada para designar toda e qualquer ulceração nas mucosas. Ela geralmente se inicia com uma pequena mancha vermelha que arde e queima muito, tornando-se então uma úlcera com bordas vermelhas e centro branco-amarelado. De acordo com a mestra e doutoranda em odontologia Catarina Brasil: “As aftas não são contagiosas, podem ser pequenas ou grandes, aparecer em grupos ou isoladas, normalmente somem e reaparecem. As áreas que são mais encontradas são no interior do lábio ou da bochecha, sobre a língua ou no céu da boca e, raramente, na garganta. Duram de sete a dez dias.”

“Uma das alterações de mucosa

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bucal mais comuns, encontrada de 5% a 6% da população e predominantemente em mulheres ”

A odontóloga, Catarina Brasil 16

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A afta verdadeira, ou Estomatite Aftosa Recorrente (EAR), é uma das alterações de mucosa bucal mais comuns, encontrada de 5% a 6% da população e predominantemente em mulheres. “Ainda que não se conheça com exatidão a origem das úlceras orais, sabe-se que o fator emocional (estresse) está fortemente ligado ao seu aparecimento”, afirma Dra. Catarina. Além disso, pesquisas revelam outras cau-


É de grande importância se estar atento às causas das aftas, para melhor se prevenir. “Antes de qualquer intervenção, recomenda-se que o paciente procure o cirurgião-dentista. Preferencialmente o estomatologista (especialista no diagnóstico de lesões orais), para descartar ou detectar a presença de patologias (doenças) subjacentes das quais podem ser um dos sintomas”, orienta a odontologista Catarina Brasil. Ela pontua ainda as seguintes dicas de prevenção: “Cuidado com a alimentação: evite alimentos muito quentes, ácidos e condimentados, como laranja, abacaxi, pimenta, canela e outros; e realize a higiene bucal de forma adequada e cuidadosa, podendo utilizar enxaguantes bucais sem álcool, pois ajudam a eliminar alguns micro-organismos da boca.”

“Cuidado com a alimentação:

sas como alergia a alguns medicamentos; alimentos ácidos, condimentados, algumas balas e gomas de mascar; predisposição genética, quando há vários casos na mesma família; alterações hormonais; alterações no sangue como anemia, deficiência de vitamina B12 e ferro, neutropenia cíclica (número de leucócitos sanguíneos abaixo do normal); agentes infecciosos (vírus do herpes, varicela, citomegalovírus, e algumas bactérias como estreptococos e estafilococos, etc). Existe diferença entre as aftas e outros tipos de ulcerações que podem aparecer na cavidade oral, como lesões ocasionadas pelo vírus do herpes. Há também as úlceras traumáticas, chamadas de aftas falsas, que podem ser provocadas por dentes mal posicionados ou com bordas cortantes, e próteses mal adaptadas, que machucam a mucosa. Um fato curioso é que em pacientes fumantes a presença de aftas é rara. Isso por causa de uma adaptação funcional induzida pela nicotina, ocasionando o aumento da espessura do tecido da mucosa bucal.

evite alimentos muito quentes, ácidos e condimentados, como laranja, abacaxi, pimenta, canela e outros; e realize a higiene bucal de forma adequada e cuidadosa ” Quanto às opções de tratamento, é comum que em alguns casos o especialista receite uma pomada, medicamento ou recomende o uso do laser de baixa intensidade. Para auxiliar no aumento da imunidade, pode haver a necessidade da suplementação dietética com vitaminas. E o uso de “pózinhos brancos” para curar aftas não é recomendado, de uma vez que os mesmos são muito corrosivos. Dra. Catarina Brasil

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GESTÃO EM SAÚDE

COMO CONSTUIR

UM CICLO PDCA

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omo mencionamos em nossa coluna na edição anterior intitulada – Gestão estratégica, descreveremos nesta edição o Ciclo PDCA ou Ciclo de Deming (criador da ferramenta), compartilhando com o leitor uma oportunidade interessante de aplicabilidade prática da Gestão por qualidade. A qualidade é um processo de melhoria contínua dos serviços prestados, envolvendo mudanças organizacionais e culturais. Para mudar é preciso conhecer e aplicar as ferramentas que ajudarão os gestores a diagnosticar e encontrar soluções para os problemas que afligem suas atividades diárias. O ciclo PDCA é reconhecido como um conjunto de melhorias e controle de processos, que precisa ser de domínio de todos os funcionários de uma organização para ter eficácia. O processo proposto pelo PDCA implica avaliação constante de todo o sistema, de for-

Especialista em Gestão Pública, Waldemir Borba

ma a detectar quaisquer possíveis falhas, em antecipação à ocorrência de eventos inconvenientes e indesejados. Trata-se de um ciclo contínuo, que visa identificar pontos de melhoria em um sistema. Sob esta ideologia é que se faz necessária a condução de rígidas auditorias, em cada uma das etapas do trabalho. Desta forma, sempre são emergentes as novas formas de executar tarefas, de fazer coisas de uma maneira mais eficiente e segura. O ciclo é composto por quatro etapas, representadas pelas letras que formam o nome PDCA, no idioma originário do ciclo, o inglês, onde: P = Plan, D =Do, C = Check, A = Act. Fase P = Plan = Planejar: a fase do planejamento corresponde à etapa em que todas as atividades são delineadas, tendo sempre como pontos norteadores a missão e a visão da empresa, além de normas, padronizações internas e afins.


vos previamente estabelecidos sejam alcançados em sua plenitude. Estas informações serão úteis também durante a fase de conferência das inovações implementadas. Fase C = Check = Conferir, Checar: esta é a fase que envolve o maior número de indicadores de desempenho. A fase de conferência compreende a comparação entre os resultados alcançados e os planejados. Auditorias, análise de processos, avaliação, informações de satisfação, são muito comuns nesta etapa. Fase A = Act = Agir, corrigir: na quarta e última etapa do PDCA, são realizadas ações segundo os resultados da fase C. É neste momento que ocorre a padronização dos processos satisfatoriamente identificados pela fase anterior, para que possam ser novamente aplicados em situações semelhantes, dando início ao processo de melhoria contínua. Da mesma forma, corrigindo os processos que não atingiram os objetivos desejados, promovendo um replanejamento. Quanto mais vezes for rodado o ciclo PDCA, maior será o aprimoramento do conhecimen-

“O ciclo PDCA é

reconhecido como um conjunto de melhorias e controle de processos, que precisa ser de domínio de todos os funcionários de uma organização para ter eficácia.”

to de todos os envolvidos com a atividade em questão. Por este motivo, a melhoria e a disseminação de informações devem ser sempre buscadas pela organização, independentemente do seu nível de maturidade ou de qualquer outro fator. Na próxima edição, abordaremos a utilização do processo coaching no desenvolvimento de pessoas e organizações. Até lá!

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O planejamento deve apontar todos os parâmetros das atividades, como devem ser executadas, recursos financeiros, materiais humanos necessários, prazos e todas as outras características particulares ao projeto. É também nesta fase que são identificadas necessidades possivelmente ocultas, seja pela rotina ou por acomodação. Nesta etapa são definidos os objetivos, metas e métodos de realizar as ações. Basicamente, consiste na elaboração do projeto e delineamento do objetivo em si. Esta, portanto, é a hora de identificar todos os pontos fracos da organização e elaborar estratégias para tornar os pontos fracos em pontos fortes e os pontos fortes em critérios de excelência. Fase D = Do = Fazer, desempenhar: desempenhar significa colocar em prática todas as atividades previstas na fase do planejamento. É hora de treinar e educar os funcionários e implantar as ações determinadas na meta do projeto. Simultaneamente à sua execução, pode haver também uma pré-auditoria, na qual são observados e anotados todos os pontos positivos e negativos do plano, como uma forma de garantir que os objeti-

Waldemir Borba • Especialista em Gestão Pública - UPE; • Saúde Pública - UPE; • Professional e Self Coach-IBC; • Atualmente Secretário Municipal de Saúde, tendo concluído recentemente o MBA Executivo em Saúde pela Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro.

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SEMPRE LINDA

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ESCOVA PROGRESSIVA

SEM FORMOL: BELEZA QUE NÃO FAZ MAL À SAÚDE

PRODUTOS DE ALISAMENTO SEM FORMOL NA COMPOSIÇÃO DEIXAM O CABELO MAIS BONITO E SAUDÁVEL

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escova progressiva gera muitas dúvidas atualmente, principalmente quando se trata de sua composição. Muitos dos produtos trazem como ingrediente o formol, apontado pelo Instituto Nacional do Câncer como uma substância tóxica. De acordo com informações divulgadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o vapor do formol é altamente agressivo 20

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às mucosas, olhos e aparelhos respiratórios, além de poder causar irritações à pele. “Para um cabelo saudável é importante alisar sem formol”, recomenda a esteticista Luciana Andrade. Ao contrário do que se pensa a respeito, os tratamentos não são todos iguais e há uma grande variedade de opções. “Existem no mercado excelentes produtos à base de leite, açúcar, morango e


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to progressivo. Existem produtos para todos os tipos de cabelos: os danificados, os secos, os relaxados, e até mesmo aqueles que tenham recebido tintura ou outras químicas para serem alisados.

“Procure um

profissional de sua confiança. É muito importante confiar em quem vai mudar nossa aparência e melhorar nossa auto estima” A escova progressiva pode ser repetida e dura uma média de um a quatro meses, dependendo do tipo de cabelo e da quantidade de lavagens. Quanto mais os cabelos forem lavados, mais rapidamente o efeito poderá sair. Para melhor manutenção do efeito liso, Luciana Andrade dá as seguintes dicas: utilizar xampu com Ph neutro, sem sal e sem corante (podendo usar até mesmo xampus infantis); fazer hidratação com queratina, já que ela fecha as escamas dos cabelos, contribui para que eles se mantenham tratados e aumenta a durabilidade da escova (é bom escolher a mesma linha de tratamento do condicionador); sempre proteger os fios, antes de usar o secador, com creme leave-in sem enxágue (a proteção térmica evita que as escamas dos fios se abram e o produto da escova seja retirado);

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carbocisteína, queratina, extratos de frutas vermelhas, framboesa e pitanga. Estes produtos fazem parte dos métodos de alisamento que não fazem mal à saúde”, pontua Luciana. Ela explica ainda que o objetivo da escova progressiva é melhorar a estrutura do fio, deixando-o maleável e com aspecto naturalmente liso. A queratina é responsável por hidratar o cabelo durante o procedimento. Já a chapinha, serve para melhor fixar a queratina nos fios, a fim de que eles fiquem bem mais bonitos e macios. As fórmulas dos produtos são diferentes, portanto deve-se prestar bastante atenção nelas na hora da escolha do tipo de alisamen-

A esteticista Luciana Andrade

utilizar produtos específicos para cabelos quimicamente tratados. “Procure um profissional de sua confiança. É muito importante confiar em quem vai mudar nossa aparência e melhorar nossa autoestima”, finaliza a esteticista.

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Centro de Estética Rua Elvira Carneiro de Oliveira, 20 - loja 04 Ilha do Leite - Recife/PE Fone: (81) 3062-1484 (81) 8728-3882

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APRENDA A DESCOBRIR OS SINAIS DA ENDOMETRIOSE

Dra. Célia Parahyba: Ginecologista do Ministério da Saúde. Médica do Estado de Pernambuco. Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia. Pós-graduada em Medicina Estética na Menopausa. Médica Diretora da Clínica da Mulher em Boa Viagem.


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ENDOMETRIOSE:

FIQUE DE OLHO!

CONHEÇA SEUS SINTOMAS, PROCEDIMENTOS DIAGNÓSTICOS E OPÇÕES DE TRATAMENTO

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O

endométrio é a camada mais interna do útero. A endometriose é uma doença definida pela presença do tecido endometrial (glândulas e estroma) em localização extra-uterina (fora da cavidade endometrial e da musculatura uterina). “Estes sítios ectópicos localizam-se usualmente na pelve, mas podem ser encontrados em qualquer outro lugar do corpo. Os locais mais frequentes de implantação são as vísceras pélvicas e o peritônio”, afirma a ginecologista Célia Parahyba. Ela diferencia “endometriose” de “endometriose interna”. No segundo caso, trata-se da infiltração do miométrio pela mucosa uterina. Conhecida hoje como adenomiose, a doença apresenta origem e causa diferentes das da endometriose. Apesar de a causa da endometriose ser discutida desde as primeiras publicações dos cientistas Mayer e Sampson (1919 e 1921, respectivamente), ela ainda é desconhecida. Algumas teorias já foram propostas, mas nenhuma delas foi universalmente aceita para todos os casos. É prová24

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vel que elas se complementem ou cada uma sirva para explicar a ocorrência da doença em situações distintas. “A teoria mais aceita se baseia no fato de que, a cada menstruação, células endometriais migram, palas tubas, da cavidade uterina para a cavidade pélvica e se implantam no peritônio”, conta Dra. Célia. Existem evidências clínicas de que os ciclos ovulatórios tenham efeitos nocivos, colaborando com o desenvolvimento e persistência das lesões endometrióticas. “Não só o sangue menstrual refluído ciclicamente, mas a própria ovulação pode ser um fator negativo”, completa a ginecologista. Isto se daria porque durante o período menstrual é derramada grande quantidade do hormônio estradiol no peritônio, o que alimentaria possíveis focos endometrióticos. As localizações mais comuns de endometriose, em ordem decrescente de frequência, são os ovários, ligamentos útero-sacros, folheto posterior do ligamento largo e fundo de saco posterior. “Outros sítios menos frequentes são a vagina, cérvice, septo retovaginal, ceco, íleo, canal

inguinal, cicatrizes abdominais ou períneas, apêndice, cólon sigmoide, ureteres, bexiga e umbigo”, completa a médica. Os endometriomas de ovário são os mais comuns, sendo 65% dos casos. Os sítios raros geralmente apresen-


“ A dor é difusa,

referida profundamente na pelve e intensa. Pode irradiar para a região lombar ou para as coxas. Pode estar associada à sensação de compressão retal, náuseas e episódios diarreicos” A endometriose possui base genética. Há um risco sete vezes maior de a mulher apresentar a doença se parentas de primeiro grau também forem portadoras. Nesses casos, a endometriose é comumente mais grave, bilateral e de aparecimento precoce. Fatores imunológicos e hormonais também estão ligados ao seu desenvolvimento. “Ao invés de agirem eficientemente a remoção das células endometriais da cavidade peritoneal, essas células de defesa parecem estimular a doença pela secreção de uma grande variedade de citocinas e de fatores de crescimento que estimulam a adesão e proliferação do endométrio ectópico”, diz Dra. Célia Parahyba. Quanto aos fatores hormonais, o cresci-

mento e z da endometriose seriam estrogênio-dependentes, pois há evidências substanciais de que tanto a produção quanto o metabolismo de estrogênio estão alterados na endometriose, atuando na produção da própria doença. Existe ainda a relação da doença com a dioxina, a substância cancerígena mais potente do organismo humano. As dioxinas emitidas a partir dos processos de combustão são transportadas através da atmosfera, depositando-se nos oceanos, lagos e no solo, contaminando os seres humanos através da cadeia alimentar. “O contaminante acumula-se no corpo humano em diversas zonas com elevado teor de gordura, como o tecido adiposo e o leite materno. Estudos sugerem uma importante associação das dioxinas com o desenvolvimento da endometriose”, completa a médica. Com relação aos sintomas, pode-se dizer que os mais frequentes sejam a desminorreia, a dispareunia e a dor pélvica crônica. A desminorreia é caracterizada pela menstruação dolorosa, possui caráter progressivo e o seu aparecimento ocorre após longo tempo de menstruações indolores. “A dor é difusa, referida profundamente na pelve e intensa. Pode irradiar para a região lombar ou para as coxas. Pode estar associada à sensação de compressão retal, náuseas e episódios diarreicos”, descreve Dra. Célia. A dispareunia é a dor durante a relação sexual e está caracterizada pelo início recente, pela maior intensidade com a penetração profunda e por anteceder a menstruação.

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tam sintomas atípicos, por exemplo, mulheres que tenham endometriose no trato urinário podem sofrer com esvaziamento irritante e/ou emitir sangue pela uretra.

Dra. Célia Parahyba

A cólica da endometriose é diferente da cólica normal, pois se inicia após os 30 anos de idade, é progressiva e aparece depois de muito tempo de menstruações indolores, e começa antes do fluxo, persistindo durante toda a menstruação e continua após o término. E há ainda as pacientes assintomáticas, que só desconfiam da doença quando não conseguem engravidar. Sobre isso, Dra. Célia chama atenção: “Existe uma relação paradoxal entre a extensão da doença e a severidade da dor, ou seja, pacientes com endometriose profunda podem

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ESPAÇO SAÚDE

ser assintomáticas e pacientes com endometriose leve e moderada podem apresentar dor incapacitante”. Existe ainda a correlação da endometriose com a infertilidade. Porém, apesar de a endometriose diminuir a fecundidade, caso a gravidez ocorra é possível observar a regressão ou até mesmo a resolução completa da doença. Quanto ao diagnóstico, não existem achados anormais no exame físico. Os exames devem ser realizados à época da menstruação, quando a sensibilidade é mais facilmente detectada. Um dos métodos diagnósticos mais utilizados é a videolaparoscopia, uma pequena intervenção cirúrgica que permite a biópsia de lesões suspeitas, além da visualização direta dos implantes por meio de uma câmera. Não deve ser realizada durante ou três meses após o tratamento hormonal, para evitar erro diagnóstico. Os endometriomas são bem visualizados também por ultrassonografias, por causa de suas características ecogênicas típicas quando atingem diâmetro maior que 5 mm. A ultrassom deve ser realizada na primeira fase do ciclo menstrual. Em caso de dúvidas, pode ser realizada uma ressonância magnética, já que representa um ótimo exame na avaliação de massas pélvicas. Tanto a ultrassonografia como a ressonância podem ser usadas para mapear a extensão da doença. A escolha dos métodos vai depender das circunstâncias individuais de cada caso. O risco de transformação 26

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maligna da endometriose ovariana foi estimado em 2,5%, acometendo geralmente pacientes na pré-menopausa. Esses casos de câncer possuem melhor prognóstico do que aqueles não derivados da endometriose. O uso de reposição hormonal e Tamoxifeno pode aumentar o risco de câncer de ovário. Não se sabe se as mulheres portadoras de endometriose estão predispostas a outros tipos de tumores. A cirurgia é indicada para pacientes com os sintomas tópicos (como as dores), mas que não responderam ao tratamento conservador ou àquelas mulheres portadoras de infertilidade. “Caso a cirurgia seja indicada para fins dignósticos, o consenso é ressecar ou cauterizar os focos de endometriose no mesmo tempo cirúrgico”, lembra a médica. O tratamento faz-se imprescindível porque a endometriose costuma progredir em 2/3 das pacientes após um ano de diagnóstico. Para retardar este progresso, pacientes assintomáticas ou com pouquíssimos sintomas podem se beneficiar com o uso de contraceptivos orais. Os tratamentos clínicos e cirúrgicos são recomendados a pacientes com sintomas mais severos como dor pélvica, infertilidade ou massa pélvica. Já o tratamento hormonal tem por objetivo a inibição da produção de estrógeno, um hormônio que induz o crescimento do tecido endometrioide. Outros tipos de tratamento são o DIU de Mirena (boa opção para tratar a dor pélvica e a desminorreia); o Danazol (medicamento que promove a inibição da

secreção GnRH e da esteroidogênese, além de ter efeito direto sobre o crescimento do tecido – mas apresenta efeitos colaterais como pele oleosa, acne, diminuição do tamanho mamário, redução da libido, entre outros); a Gestrinona (com mecanismos de ações e efeitos colaterais semelhantes aos do Danazol, mas menos intensos). Indica-se a cirurgia somente quando os sintomas são severos, incapacitantes ou agudos, quando a doença é avançada e/ou quando o tratamento conservador não surte efeito. “A cirurgia conservadora preserva o útero. A definitiva é a histerectomia com ou sem exérese das trompas ou dos ovários, com a ressecção de todos os focos endometrióticos. A ressecção dos ovários se faz quando a paciente está próxima da menopausa ou quando existe acometimento severo dos ovários. Em pacientes jovens deve-se manter os ovários para evitar a terapia hormonal”, pontua a especialista. E finaliza: “Em resumo, o tratamento clínico é uma boa opção para a dor pélvica, não apresentando bons resultados nas pacientes inférteis. No caso de endometrioma, a terapia ideal consiste na abordagem cirúrgica”.

Dra. Célia Parahyba CRM: 5449

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A HISTÓRIA DO MAIOR TEATRO AO AR LIVRE DO MUNDO

Robinson Pacheco, presidente da Sociedade Teatral de Fazenda Nova e filho de Plínio Pacheco, fundador de Nova Jerusalém.


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© DIVULGAÇÃO

TURISMO

OS ENCANTOS E PAIXÕES DE

NOVA JERUSALÉM

NOS PALCOS DA CIDADE-TEATRO É ENCENADO O ESPETÁCULO DA PAIXÃO DE CRISTO: UMA CELEBRAÇÃO À VIDA DE JESUS E À ARTE TEATRAL

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teatro de 100 mil m² de área está localizado em Fazenda Nova, distrito do município Brejo da Madre de Deus, no interior pernambucano, a 180 km da capital Recife. O maior teatro ao ar livre do mundo conta com nove palcos, uma muralha de 3500 m e 70 torres. 28

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A história de Nova Jerusalém teve início 17 anos antes da inauguração do teatro. Em 1951, com o intuito de atrair turistas, Epaminondas Mendonça, que era proprietário de um hotel, teve a ideia de promover um espetáculo sobre a morte e ressurreição de Cristo encenado pelos próprios moradores da Vila de Fazenda

Nova. Na época, o texto utilizado na peça era O Drama do Calvário, escrito por Luiz Mendonça e Osíris Caldas. A quantidade de pessoas assistindo ao espetáculo aumentava a cada ano, e em 1960, depois de atingir um número de cinco mil pessoas na plateia, Epaminondas passou à filha Diva e ao genro Plínio Pacheco a incum-


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sonho. “Foi o projeto da vida dele”, afirma Robinson Pacheco, filho de Plínio e Diva. Plínio fez uma parceria com formandos do curso de arquitetura da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e mais tarde contou também com o apoio do poder público, na figura do então governador do estado, Nilo Coelho. A ideia do governador era comemorar o primeiro aniversário de sua administração em Pernambuco com a inauguração do teatro, em 1968. “Meu pai correu feito maluco, contratou 200 homens. Trabalhou de dia na luz do sol e de noite na luz do candeeiro. Era tudo na picareta, na pá e na enxada... e no suor e na coragem”, conta Robinson. Foi assim que em 1968 aconteceu o primeiro espetáculo da Paixão de Cristo já na cidade-teatro. O texto utilizado foi o mesmo que é encenado até hoje: Jesus, escrito pelo próprio Plínio

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bência de produzir a peça. Sob o comando do genro e da filha de Epaminondas Mendonça o público do espetáculo aumentou ainda mais, causando tumulto e alvoroço em Fazenda Nova. Com apenas mil habitantes, a região chegou a receber dez mil pessoas para assistir à Paixão de Cristo. Diante disto, após a encenação de 1962, Plínio Pacheco anunciou que não produziria mais a peça, pois se dedicaria à construção de um teatro. Aquele foi o último ano de apresentação na Vila. E sem Plínio, não houve mais espetáculo. Mas em 1963 foi fundada por ele a Sociedade Teatral de Fazenda Nova, voltada à produção de cultura em Pernambuco, considerada por lei estadual um órgão de utilidade pública e tida hoje como patrimônio cultural do estado. Com um projeto grandioso, Plínio Pacheco foi atrás do seu

Pacheco. “Ele levou três anos estudando e escrevendo. E tinha o maior orgulho de dizer: ‘na boca de Jesus eu não botei uma vírgula e nem tirei’. Tudo que é bíblico ele não mudou nenhuma vírgula”, comenta Robinson Pacheco sobre a fidelidade da obra de seu pai com a Bíblia Sagrada.

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TURISMO

Em 2001 foi inaugurada na cidade-teatro a Pousada da Paixão. O local que antes servia exclusivamente de alojamento para os atores, hoje é aberto ao público. São 42 apartamentos com TV, ar-condicionado, telefone e frigobar. Há também quadras de vôlei e futebol, piscina, sauna, salão de jogos, um auditório com capacidade para 80 pessoas e dois restaurantes. Em funcionamento o ano todo, a pousada tem por missão dinamizar a frequência de visitantes a Nova Jerusalém. Segundo Robinson, “A Pousada da Paixão veio com uma função social também, ela gera de 30 a 40 empregos o ano inteiro”.

Globo Nordeste, a preparação do evento começa com antecedência todos os anos, no mês de agosto. E para melhor atender ao público, a administração do teatro se utiliza de inovações tecnológicas. Este ano, por exemplo, o espetáculo contará com uma nova iluminação cênica e com uma nova entrada que dará acesso frontal a Nova Jerusalém. Em 2012, a Paixão de Cristo acontecerá pela 45ª vez, sendo abrilhantada pelo talento dos atores pernambucanos José Barbosa, como Jesus; Wilma

especial para quem é religioso – de qualquer religião -, e não deixa de ser um momento especial para quem é amante do teatro”, afirma Robinson, filho e sucessor de Plínio Pacheco, à frente do teatro há pouco mais de dez anos. Ele ainda completa: “Nosso teatro tem a função múltipla de catequizar, informar, entreter e emocionar.” E se a função é múltipla, o público é plural não só pela numerosidade, mas também pelas diferentes coisas que as pessoas procuram na mesma peça teatral. O espetáculo

Gomes como Madalena; e Ricardo Neves interpretando Pilatos; além de Larissa Maciel, no papel de Maria; Mouhamed Harfouch interpretando Herodes; Caco Ciocler como Judas; e Ellen Roche fazendo Herodíades. O sucesso da Paixão de Cristo é crescente: pessoas de 23 estados brasileiros e de mais 13 países já prestigiaram o evento. “Não deixa de ser um momento

é uma programação perfeita tanto para os que buscam religiosidade, como para aqueles que são apaixonados pelas artes cênicas. Os ingressos para a Paixão de Cristo 2012 podem ser adquiridos nos stands do Shopping Recife, na Luck Viagens, nas Lojas CVC e em todas as agências de viagem do Brasil. O espetáculo será encenado de 30 de março a 10 de abril.

a função múltipla de catequizar, informar, entreter e emocionar” O lugar remete os visitantes à Jerusalém nos tempos de Jesus não só pela sua arquitetura: há cinco anos, a pedido dos próprios hóspedes, foi criado o pacote Turismo Interativo, dando direito a hospedagem por dois dias. No primeiro dia, se assiste ao espetáculo acompanhado por um guia e na manhã seguinte o hóspede ensaia e recebe instruções, para que à noite possa atuar como figurante na peça, além de participar de coquetéis com os atores e receber credencial para ter acesso aos mesmos ambientes que eles. Em parceria com a Rede

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“ Nosso teatro tem



VIDA SAUDÁVEL

A IMPORTÂNCIA

DO RPG

O RPG BUSCA SER O MAIS GLOBAL POSSÍVEL, PARTINDO DA CONSEQUÊNCIA ATÉ CHEGAR À CAUSA DO PROBLEMA

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Dra. Gizele Cavalcanti 32

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eeducação Postural Global (RPG ) é uma especialidade da fisioterapia, na qual se utilizam ”posturas ativas e consecutivas, isotônicas excêntricas dos músculos da estática” como tratamento. Durante essas posturas, o fisioterapeuta mantém sempre a descompressão articular do paciente, utilizando, para isso, trações cervical, torácica e lombar, com solicitação de contração dos músculos dinâmicos para mantê-las. De acordo com Souchard e Ollier (2005), quanto mais tempo tiver o alongamento, mais significativo é o ganho do comprimento muscular, por isso as posturas são mantidas por um determinado período de tempo. O método baseia-se em três princípios fundamentais: individualidade, cada paciente manifesta a patologia de forma pessoal; causalidade, onde é fundamental uma anamnese e verificação de exames para certificar-se da causa do problema; e globalidade, o paciente é tratado como um todo sem focar somente na queixa principal.

A técnica foi desenvolvida e difundida pelo francês Phillippe Souchard, e hoje é utilizada pelos fisioterapeutas de vários países para tratar diversas patologias e alterações posturais como hipercifose torácica, hiperlordose lombar e cervical, escoliose, joelhos valgos e varos, entre outras. O RPG busca ser o mais global possível,


partindo-se das consequências até chegar à causa do problema. Por isso os alongamentos são de cadeias musculares, e não de um só músculo ou grupos de músculos isolados, como são utilizados na fisioterapia convencional.

“As sessões podem ser feitas de uma a duas vezes por semana e duram aproximadamente 50min.”

Um grande número de pacientes chega aos consultórios para tratar patologias da coluna vertebral obtendo excelentes resultados, e o RPG também é muito eficiente no tratamento dos problemas de membros como

tendinopatias, condromalácia patelar, osteoartroses, entre outras patologias traumato-ortopédicas e reumatológicas. Na ginecologia, pode-se obter melhora na incontinência urinária com o trabalho de flexibilidade e força dos músculos transversos do abdômen e do períneo. Já na parte respiratória, estudos comprovaram a melhora da expansibilidade torácica e pressões respiratórias nos pacientes, pois a respiração específica da técnica, e os alongamentos dos próprios músculos da cadeia respiratória conseguem aliviar as tensões e melhorar a função dos músculos envolvidos na respiração. As sessões podem ser feitas de uma a duas vezes por semana e duram aproximadamente de 50min. até 1h. Pessoas de qualquer idade podem praticar o método, desde que sejam capazes de colaborar com os coman-

dos do fisioterapeuta, e não exista nenhuma contra-indicação médica como presença de tumores de coluna, fraturas de vértebras ou osteoporose avançada, por exemplo. O RPG é, enfim, uma excelente técnica da fisioterapia, pois com ele consegue-se cuidar do paciente de uma forma mais individualizada e global, atingindo-se ótimos resultados.

Dra. Gizele Cavalcanti CREFITO: 131904-F

Espaço Equilíbrio Av. Rosa e Silva, 1460 11º andar - sala 1108 Tel.: (81) 3241-8096 (81) 9769-9938

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DIA A DIA

AFINAL, O QUE É

QUARESMA?

EM ENTREVISTA, FREI RUFINO PINHEIRO ESCLARECE AS DÚVIDAS SOBRE OS 40 DIAS QUE ANTECEDEM A PÁSCOA

Para esclarecer as dúvidas sobre o período Quaresmal, a Revista Atual Saúde entrevistou Frei Rufino Pinheiro. O religioso explicou a simbologia, o significado e a importância deste tempo para os católicos. Atual Saúde – O que é o tempo de Quaresma? Frei Rufino Pinheiro - A palavra “Quaresma” tem sua origem na língua latina, especificamente do 34

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termo “quadragésima”, que significa “40 dias”. Como tempo litúrgico da Igreja Católica, a Quaresma compreende os 40 dias em preparação para a grande celebração da Páscoa, ou seja, tem seu início na quarta-feira de cinzas e seu término no Domingo de Ramos. Ela é celebrada desde os primeiros séculos do cristianismo. No Séc. III, os cristãos se preparavam três dias antes para a celebração da páscoa. Um século depois,

achando os cristãos que os três dias não eram suficientes para tal preparação, aumentaram para quarenta dias, como é celebrada até hoje. Na Bíblia, 40, como qualquer outro número bíblico, não significa apenas quantidade, mas é carregado de uma simbologia. São várias as passagens bíblicas que fazem referência a esse número, e quase sempre ele aparece significando um tempo de intervenção de Deus na história


humana, tempo de provação, de reconciliação, de uma experiência íntima do homem com Deus.

dança de vida, de reconciliação com Deus e com os irmãos. O Sacramento da Penitência é o meio, por excelência, da reconciliação com Deus.

AS – Qual a diferença entre Quaresma e Semana Santa? RP - A Semana Santa não se difere da Quaresma. Ela se encontra dentro do tempo quaresmal, e tem seu início no Domingo de Ramos. Trata-se de uma semana onde os cristãos celebram com maior intensidade os mistérios da sua fé: Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. AS – O que celebramos na Páscoa Cristã? RP - A páscoa cristã é a celebração do Mistério maior da nossa fé: a Ressurreição de Jesus. O grande anúncio da Páscoa é este: Cristo ressuscitou! Esta verdade nós podemos proclamar: Nós não somos seguidores de um “Deus morto”, “derrotado”, “fracassado”. Nosso Deus vive. Não há o que temer, pois aquele que é o “primeiro e último, o vivente, aquele que estava morto, mas que agora vive por todo o sempre, ele é portador das chaves da morte” (Ap 1, 18). Que cessem todos os choros. Diz a Palavra de Deus: “Não chores! Eis que o leão da tribo de Judá, o rebento de Davi, venceu” (Ap 5, 5). A Vitória de Jesus é também a nossa vitória. Ele renova todas as nossas esperanças, permite-nos contemplar um novo sem escuridão, tristeza e angústia, mas com luz, alegria e paz. AS – Por que se confessar na Semana Santa? RP - A Quaresma é um tempo propício de conversão, de mu-

AS – O que é a celebração do Tríduo Pascal? RP - A celebração do Tríduo Pascal engloba os três dias que antecedem a Festa da Páscoa: Quinta-feira Santa (fazemos memória da Instituição da Eucaristia); Sexta-feira Santa (celebração da Paixão e Morte de Jesus), e Sábado Santo ou de Aleluia (a Igreja vive na espera ansiosa pela Ressurreição de Jesus).

Frei Rufino Pinheiro, do Convento dos Capuchinhos

“A páscoa cristã é a

celebração do Mistério maior da nossa fé: a Ressurreição de Jesus. O grande anúncio da Páscoa é este: Cristo ressuscitou! ”

AS – Por que devemos fazer jejum? RP - O jejum é uma das práticas externas penitenciais da Quaresma. Jejuar é um meio de fortalecimento espiritual e nos ajuda no combate contra os nossos desejos desordenados. O verdadeiro jejum não consiste simplesmente em abster-se de algum alimento, mas de renunciar ao egoísmo, individualismo, orgulho e a algumas práticas pecaminosas que nos afastam de Deus. AS – Qual o significado da celebração do lava-pés? RP - Jesus, antes de partir para o Pai, deixa para os seus discípulos o mandamento do amor. O gesto do lava-pés não é um ritual de purificação, mas a expressão maior do amor que devemos ter para com o irmão. Ao lavar os pés dos seus discípulos, Jesus ensina que é preciso ter a humildade de servir ao próximo. Disse Jesus: “Se, portanto, eu, o Mestre e Senhor, vos WWW.ATUALPUBLICIDADE.COM

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DIA A DIA

lavei os pés, também deveis lavar-vos os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais.” (Jo 13,14-15).

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AS – O que é Vigília Pascal? RP - A Vigília Pascal é a celebração mais importante do Ano Litúrgico, considerada a mãe de todas as vigílias, pois foi na madrugada do Domingo que o Senhor ressuscitou. Após o pôr-do-sol do sábado, a Igreja convida os fiéis a se reunirem em vigília e oração. Conforme a Tradição da Igreja, na celebração da Vigília, as pessoas adultas são batizadas. A celebração da Vigília Pascal é constituída de quatro partes: celebração da luz, liturgia da Palavra, liturgia do Batismo e liturgia eucarística. AS – Qual o sentido do Domingo de Páscoa? RP - Segundo a Sagrada Escritura, foi na madrugada do primeiro dia da semana (domingo) que Jesus ressuscitou (como diz no Livro de João, capítulo 20, nos versículos um e dois). Assim sendo, no Domingo da Páscoa, celebramos o acontecimento de grande relevância para a nossa fé cristã: A Ressurreição de Jesus. AS – Quais são os símbolos da Páscoa? RP – Alguns símbolos se destacam na Páscoa. Menciono apenas três: o ovo (simboliza a ressurreição de Jesus, pois traz a ideia de uma nova vida), o coelho (símbolo de fertilidade. Ele representa a Igreja, que a partir da ressurreição de Jesus se expande por toda Terra, gerando novos filhos), e o

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cordeiro (a Páscoa judaica era celebrada com o sacrifício de cordeiros. Para os cristãos, o cordeiro é o próprio Cristo, que é imolado para a remissão dos pecados da humanidade. É pelo sangue de Cristo, Cordeiro Pascal, que Deus realiza uma nova aliança). AS – O que é a bênção dos santos óleos? RP - Na Bíblia, o óleo simboliza a alegria e é sinal de consagração. Era usado também para aliviar as dores e fortalecer os lutadores. Na Quinta-Feira Santa pela manhã, o bispo diocesano e seu clero se reúnem na Igreja Catedral para a Missa dos Santos Óleos ou Missa Crismal. Nesta celebração eucarística são abençoados os Óleos dos enfermos, dos catecúmenos e consagrado o Óleo do Crisma. AS – O que é o Círio Pascal? RP - É uma grande vela. Acesa na Vigília Pascal, ela simboliza o próprio Cristo, luz do mundo. No Círio, são gravadas as letras do alfabeto grego “alfa” e “ômega”, que quer dizer: Deus é o princípio e o fim, e ainda, os algarismos do ano em curso para lembrar que Cristo é o Senhor do tempo e da eternidade. No Círio são cravados cinco cravos, que simbolizam as cinco chagas de Cristo. AS – O que é a desnudação do altar? RP - O altar da celebração eucarística representa o próprio Cristo. Na Quinta-Feira Santa, após a celebração da Ceia do Senhor, o altar é desnudado, simbolizando a Igreja que faz silêncio e luto pela Paixão e Morte de Jesus. O altar só

é revestido na celebração do Sábado Santo. O desnudamento do altar recorda ainda a nudez com que Cristo foi crucificado. AS – Como se deu a instituição da Eucaristia? RP - Na última Ceia com seus apóstolos, Jesus instituiu a Eucaristia. O texto mais antigo acerca da instituição Eucarística retrata como ocorreu o ritual: “o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de

dar graças, partiu-o e disse: ‘isto é o meu corpo, que é para vós, fazei isto em memória de mim’. Do mesmo modo, após a ceia, também tomou o cálice, dizendo: ‘Este cálice é a nova Aliança em meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim’.” (I Cor 11, 23-25). Jesus instituiu a Eucaristia para que pudesse permanecer sempre conosco e para que pudéssemos participar de sua Páscoa.



DR. FERNANDO MORAES //

A CIRURGIA CARDÍACA COMO TRATAMENTO SEGURO E EFICAZ DR. FERNANDO MORAES, UM DOS MELHORES E RENOMADOS CIRURGIÕES CARDÍACOS DA REGIÃO, EXPÕE CURIOSIDADES SOBRE O TEMA.


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Recife, no que diz respeito a qualidade, modernidade e avanço tecnológico, tem o maior pólo médico do Norte/Nordeste e o segundo maior do Brasil, ficando atrás somente da cidade de São Paulo. Neste cenário proeminente, destaca-se o nome do Dr. Fernando Moraes, considerado um dos melhores cirurgiões cardíacos da região. Em entrevista à Atual Saúde, ele esclarece dúvidas sobre a cirurgia cardíaca, o cenário desta especialidade em Pernambuco e comenta ainda sobre a tradição de sua família na medicina do estado.

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Atual Saúde – O que é cirurgia cardíaca e quais são os tipos? Dr. Fernando Moraes - A cirurgia cardiovascular é uma especialidade da medicina que visa reparar alterações/doenças no coração, que podem ser congênitas (que o indivíduo nasce com elas) ou adquiridas. As mais frequentemente realizadas são as cirurgias de revascularização do miocárdio (pontes de safena), cirurgia para reparo ou troca valvar, cirurgia para correção dos defeitos congênitos, dos aneurismas da aorta, transplante cardíaco, entre outras. AS – Por que se usa o termo “cirurgia aberta do coração”? FM - Este é um termo pouco empregado, mas que reflete uma cirurgia para correção de um defeito intracardíaco, onde será necessária a abertura das cavidades do coração para o seu reparo.

Dr. Fernando Moraes


AS – Quais os riscos da cirurgia cardíaca? FM - Os riscos de uma cirurgia cardíaca são muito variados e dependem de uma série de fatores. Vão depender das condições clínicas do paciente, do tipo de intervenção a que será submetido o mesmo, da capacitação da equipe cirúrgica e das condições do centro onde será realizado o procedimento. As cirurgias cardíacas são consideradas de alta complexidade, mas mesmo assim são operações que podem ser realizadas no nosso meio com grande margem de segurança. Quando o paciente me procura, ele gosta de saber dos riscos e estes lhe são informados com base nos meus próprios resultados. Esta avaliação que fazemos serve para identificar eventuais fatores que possam ser identificados, e eliminados, para melhorar o nosso resultado e comparar com o resultado apresentado por outros centros. Para citar alguns exemplos, em nosso serviço a mortalidade em cirurgia de coronária (pontes de safena) está em torno de 2%, de troca da valva aórtica em torno de 3%, de troca valvar mitral em torno de 4%, de plastia ou reparo da valva mitral em torno de 1%. AS – É verdade que em algumas cirurgias cardíacas há necessidade da parada do coração? FM - Sim, principalmente nas cirurgias em que será realizado o reparo do defeito intracardíaco. Neste momento, a função do coração e do pulmão é temporariamente substituída por uma máquina chamada coração-pulmão artificial. AS – O que é cirurgia cardíaca fechada? FM - É a cirurgia realizada sem a abertura das cavidades cardíacas. Por exemplo, as cirurgias de pontes de safena são realizadas na superfície do coração, onde estão as artérias coronárias. AS – A revascularização do miocárdio é uma das cirurgias mais realizadas? FM - A revascularização do miocárdio é das operações cardiovasculares mais realizadas nos países industrializados, visto que a doença aterosclerótica é bastante prevalente nesses países. Provavelmente é o procedimento cirúrgico mais estudado no mundo. Se passaram 44 anos desde que este tipo de cirurgia se consolidou como uma excelente alternativa terapêutica aos pacientes com insuficiência coro-

nária. Apesar de todo o progresso do tratamento clínico com as drogas, e da angioplastia com o uso dos stents, a cirurgia ainda é a melhor forma de tratamento nos pacientes com obstrução de mais de uma artéria coronária, em que a artéria descendente anterior esteja comprometida; nos pacientes diabéticos e naqueles com comprometimento da função contrátil do coração. AS – O que é aneurisma da aorta? FM - O termo aneurisma significa dilatação. Em se tratando da aorta, quer dizer que existe importante distensão da mesma. São diversas as etiologias/ doenças que podem levar a essas alterações. Haverá necessidade de intervenção dependendo da sintomatologia do paciente, do diâmetro/tamanho e localização dos aneurismas, e a tomografia é um excelente método de avaliação e controle dos mesmos. A aterosclerose associada à hipertensão é uma situação comum no desenvolvimento dos aneurismas da aorta. AS – Quais os benefícios de uma ressincronização cardíaca? FM - A ressincronização é um procedimento que tem sido utilizado para o tratamento da insuficiência cardíaca em situações especiais, e quando bem indicado pode melhorar a sintomatologia dos pacientes. AS – Revascularização do miocárdio é a mesma coisa que ponte de safena? FM - São sinônimos. Na verdade, no final da década de 60 a revascularização do miocárdio passou a ser a cirurgia de grande porte mais realizada no mundo. Nesta época predominava a utilização dos enxertos de veia safena, como conduto para a operação de revascularização do miocárdio. Em meados dos anos 70 demonstrou-se o benefício maior com a utilização das artérias mamárias sobre as veias de safena, passando a ser utilizadas em associação nestas cirurgias. Nós somos grandes entusiastas da utilização das duas mamárias na cirurgia de revascularização do miocárdio, acreditando que duas é melhor que uma. E podem ainda oferecer maior expectativa de vida neste grupo de pacientes, quando comparado com a utilização de apenas uma mamá41


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ria. No momento estamos participando de um trabalho em conjunto com a Universidade de Oxford, para avaliar esta afirmativa. Os resultados iniciais têm sido animadores. Este trabalho será um marco, com certeza, na literatura médica mundial, sobretudo na área da cirurgia de coronária.

O tratamento da insuficiência cardíaca é um dos maiores desafios da cardiologia na atualidade. É um problema de saúde pública

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AS – A cirurgia é o tratamento mais eficaz para a insuficiência cardíaca? FM - O tratamento da insuficiência cardíaca é um dos maiores desafios da cardiologia na atualidade. É um problema de saúde pública, e o mundo todo gasta uma enorme quantidade de recursos, na tentativa de descobrir a solução para tal problema. São várias as etiologias e dependendo desta, a forma de tratamento pode variar. Existem diversas técnicas cirúrgicas para o tratamento de insuficiência cardíaca, que vão depender da sua causa, contudo o tratamento consagrado para a fase terminal desta doença ainda é o transplante cardíaco. AS – Quais doenças afetam a válvula cardíaca? FM - Existem as malformações congênitas, que são menos frequentes, e as formas adquiridas da doença valvar. No nosso meio, a doença reumática (streptococcus viridans) é o principal agente etiológico das doenças valvares, afetando, sobretudo, os adultos jovens em fase produtiva, o que representa um importante problema social. Este é um assunto que nos tem despertado bastante preocupação e interesse em ajudar a resolver e/ou minimizar o impacto na nossa sociedade. É um problema de saúde comum dos países em desenvolvimento. Existem ainda as doenças degenerativas do tecido conectivo, que vão ocorrer com maior frequência a partir da quinta ou sexta década de vida. AS – A cirurgia da válvula cardíaca é comum? FM – É sim. E tem aumentado de forma expressiva nos últimos anos por duas razões principais: o envelhecimento da população, e as evidências cada vez mais fortes de que a cirurgia mais cedo aumenta a probabilidade de se preservar a valva nativa. O resultado imediato é melhor e ocorre aumento da expectativa de vida dos pacientes. Aqui no nosso meio temos procurado incentivar a tomada desta conduta, promovendo um curso com cirurgiões do


AS – Quais os benefícios trazidos pelo uso dos óculos 3D nas cirurgias de coração? FM - Os recursos da imagem têm favorecido o desenvolvimento da medicina nos últimos anos, e a perspectiva é de que progrida mais ainda no futuro. Na cirurgia cardíaca, os recursos de imagem favorecem a realização dos procedimentos com pequenas incisões, também chamados de cirurgia minimamente invasiva. AS – E sobre a cirurgia minimamente invasiva, pode-se dizer que é uma tecnologia inovadora? FM - Essa é uma terminologia que tem confundido um pouco as pessoas. Esse termo tem sido utilizado para as cirurgias cardíacas que são realizadas através de pequenas incisões para abordagem das valvas, em alguns tipos de defeitos congênitos e em casos excepcionais na cirurgia de revascularização do miocárdio. É uma tecnologia que está gradativamente conquistando novos adeptos no nosso meio. Iniciamos um programa com esta tecnologia no Real Hospital Português (RHP) com a aquisição de material e equipamentos, para realizar este tipo de procedimento com segurança.

exterior, que realizam demonstrações cirúrgicas ao vivo, transmitidas para o auditório e debatem com a plateia. Da mesma forma, procuramos estimular o uso do ecocardiograma transesofágico, que maximiza a chance de correção do defeito da valva, sem a necessidade de substituí-la. Este curso tem sido realizado no Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP) a cada dois anos. AS – Terapia com células-tronco é uma esperança para os cardíacos? FM - Uma série de estudos tem sido realizada, principalmente no tratamento da insuficiência cardíaca, com o emprego de células-tronco. Contudo, apesar de resultados estimuladores em laboratório, ainda não se conseguiu transferir estes bons resultados na prática clínica. Penso que ainda vai levar algum tempo para sua aplicabilidade.

AS – Quais os benefícios da reabilitação cardíaca em casos de infarto do miocárdio? FM - É sempre importante dar uma boa orientação aos pacientes após o infarto. Não só na reabilitação e retorno às atividades habituais, mas também chamar atenção para atuar fortemente nos principais fatores que influenciarão na sobrevida dos pacientes, como: abolir o fumo, reduzir o colesterol, controlar o diabetes e a pressão arterial. O estímulo à prática da atividade física também é um fator relevante. AS – O senhor vem de uma família de cardiologistas. Inclusive, seu avô foi o primeiro presidente da Sociedade Pernambucana de Cardiologia. Como é este histórico familiar? FM - O meu avô, de quem tenho o mesmo nome, foi um dos fundadores da Sociedade Pernambucana de Cardiologia, que foi a segunda a ser fundada no Brasil. Ele fez parte de uma geração de médicos inovadores, foi um dos fundadores da Faculdade de Ciências Médicas do Estado. Ajudou a desenvolver 43


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a cardiologia no nosso meio com responsabilidade e distinção. Infelizmente, não tive oportunidade de desfrutar da sua convivência por muito tempo, pois ele se mudou para Brasília no início da década de 60. Provavelmente a sua prática clínica despertou o interesse no meu pai, o Dr. Carlos Moraes, em ser cirurgião cardiovascular, por ser uma especialidade afim. Foram inúmeras as contribuições que ele deu e continua dando à cirurgia cardíaca da região, ou melhor, à medicina da região. Tem uma história muito rica na especialidade que me levaria muito tempo para contar. Me considero um homem de sorte em tê-lo como pai, pois ao longo destes anos me possibilitou uma boa educação e orientação na formação profissional. Fizemos um plano de treinamento que foi seguido à risca por dez anos, aproximadamente, para que eu obtivesse uma boa formação. Dei inicio ao treinamento em Recife, depois foram quatro anos em São Paulo, seguindo para Inglaterra, onde passei um ano e mais alguns meses em Boston. Retornando ao Recife, passei a trabalhar com ele, onde solidifiquei a formação profissional na prática. AS – Como o Dr. lida com o peso de ser considerado, atualmente, um dos mais competentes cirurgiões do coração, do segundo pólo médico do Brasil? FM - Isto não me afeta. Procuro manter a mesma humildade e disposição para o trabalho, porque adoro o que faço. Algumas pessoas não entendem porque trabalho tanto. Sinto realmente prazer no que faço, sendo assim, isto não me cansa. O sucesso é fruto do trabalho. “Nada resiste a força do trabalho”: este é um dos ensinamentos que Dr. Carlos Moraes, meu pai, aprendeu em seu treinamento com Dr. Zerbini em São Paulo, e procurou nos transmitir. AS – E como é o dia-a-dia do ser humano Fernando Ribeiro de Moraes Neto? FM - Saber equalizar o tempo é um dos segredos da vida. Na atualidade, divido o meu tempo entre as atividades relacionadas à profissão, que consome bastante tempo, e à família. Estas são as minhas prioridades. Meu envolvimento profissional tem aumentado significativamente e tenho procurado não sacrificar a família. 44

Titulação Acadêmica

• Doutor em Cirurgia Cardiovascular, 1997 Escola Paulista de Medicina – USP; • Chefe da Disciplina de Cirurgia Cardiotorácica do Departamento de Cirurgia da UFPE;

Sociedades Médicas:

• Sociedade de Medicina de Pernambuco • Associação Médica Brasileira • Sociedade Brasileira de Cardiologia • Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular • The European Association for Cardiothoracic Surgery • Society of Cardiothoracic Surgeons of Great Britain and Ireland • The Society of Thoracic Surgeons

Atividades cirúrgicas:

• Instituto do Coração de Pernambuco • Instituto Materno Infantil Prof. Fernando Figueira (IMIP) •Unicordis •Unimed • Prontolinda • Hospital Albert Sabin



VIDA SAUDÁVEL

CONHEÇA OS BENEFÍCIOS E MALEFÍCIOS DO

CHOCOLATE Ele está por toda parte. A pouco menos de um mês da páscoa, fileiras de ovos de chocolate se multiplicam nas prateleiras dos supermercados e nas lojas de doces, exigindo muita força de vontade de quem não pode ou não quer se entregar aos encantos desta tentação. Altamente calórico, o chocolate é o vilão das dietas, mas pode ser consumido com moderação por pessoas saudáveis. Nutritivo, contém vitaminas e sais minerais, além do alto teor de flavonoides antioxidantes, que podem ajudar a reduzir riscos de doenças cardiovasculares, e de substâncias precursoras da serotonina, responsável pelo prazer e bem-estar. Para esclarecer dúvidas e curiosidades a respeito desta iguaria , a revista Atual Saúde conversou com a Endocrinologista Dra. Andréa Vasconcelos.

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C

onhecido há mais de 3000 anos, o chocolate ficou famoso pelo seu sabor agradável e seu alto valor calórico. Já foi até utilizado como moeda, e também em rituais e celebrações. Na Inglaterra, em 1828 surgiu a tradição do ovo de chocolate como símbolo para celebrar a Páscoa cristã (antes os ovos utilizados eram de pata ou de galinha). Apesar de a fartura de calorias o ter transformado num verdadeiro pesadelo para as pessoas em dietas emagrecedoras, o chocolate pode trazer benefícios à saúde, se consumido com moderação (de 20 a 30 g diários para pessoas saudáveis). Isso porque em sua composição ele apresenta substâncias como teobromina e tiramina (que estimulam o raciocínio); antioxidantes, como os flavonoides (que diminuem o LDL colesterol); ácidos fenólicos, que agem na produção de leptina (hormônio ligado à saciedade); ácidos oleicos, que controlam os triglicerídeos e aumentam o HDL colesterol; além de vitaminas (A, B, C, D e E), sais minerais, ferro e fósforo.

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NA MEDIDA CERTA, O DOCE PODE CONTRIBUIR PARA UMA VIDA SAUDÁVEL

Dra. Andréa Vasconcelos

Os flavonoides são antioxidantes e possuem ação anti-inflamatória, inibem a coagulação,


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aumentam os níveis séricos de HDL (bom colesterol), diminuem o LDL (mau colesterol), diminuem a pressão e aumentam a vasodilatação arterial, diminuindo assim a incidência de doenças cardiovasculares como infarto agudo do miocárdio (IAM) e acidente vascular cerebral (AVC). Os flavonoides estão presentes na semente do cacau e por conta disso, os chocolates com maior quantidade da fruta na composição, os amargos (com mais de 70% de cacau), são considerados os melhores para consumo. “Quanto mais puro for o chocolate, mais benéfico ele é”, afirma a endocrinologista Andréa Vasconcelos.

“O uso excessivo

leva ao ganho ponderal e até diminui a saúde cardiovascular, além de outros malefícios” Graças à sua ação antioxidante, o chocolate pode trazer benefícios à saúde, sobre o que comenta Dra. Andréa: “podemos dizer que ele pode realizar uma melhoria da qualidade de vida e do número de anos vividos, pois promove uma diminuição de doenças cardiovasculares pela presença de várias substâncias benéficas à nossa saúde”. Mas a especialista faz questão de frisar o quanto os excessos devem ser

evitados: “não devemos esquecer que seu uso deve ser restrito a pequenas quantidades. Do contrário, o uso excessivo leva ao ganho ponderal e até diminui a saúde cardiovascular, além de outros malefícios”. O chocolate também gera uma sensação agradável, isso por causa de sua capacidade de elevar os níveis séricos de endorfinas e serotonina, hormônios que causam o bem estar e aumentam a disposição física. “Ele tem a propriedade de estabilizar neurotransmissores como a dopamina e a serotonina, que estão relacionadas às sensações de prazer, e também de favorecer a liberação de endorfinas e encefalinas que produzem prazer”, comenta a médica. É por conta destes achados que surgiu a crença secular de que o chocolate tenha efeitos afrodi-

síacos. Outra curiosidade sobre o doce é a sua ação benéfica sobre o sistema muscular, aumentando o rendimento da musculatura através da teobromina (cada 100 g de chocolate amargo têm 60 mm desta substância). O tipo mais calórico de chocolate é o branco, porque é constituído basicamente por manteiga de cacau e gordura hidrogenada. Ele também não possui o licor de chocolate, ingrediente primordial na composição dos outros tipos. Por isto, para alguns o branco não é considerado chocolate. O amargo, além de menos calórico, não contém gorduras saturadas (pois não há adição de leite), tem baixa ou nenhuma adição de açúcares, e ainda é o único com quantidades significativas de flavonoides. Muitas pessoas têm dúvidas na diferenciação do chocolaWWW.ATUALPUBLICIDADE.COM

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REVISTA ATUAL SAÚDE

VIDA SAUDÁVEL

te diet e do light. Trata-se de algo bem simples: o primeiro possui edulcorantes artificiais ao invés de sacarose (açúcar), e o segundo contém de 25% a 30% menos calorias que a versão normal. O diet deve ser consumido por diabéticos, mas a Dra. Andréa adverte, mais uma vez, sobre a moderação: “deve ser usado com parcimônia, por conter uma quantidade maior de gorduras, que são adicionadas pelos fabricantes quando se troca açúcar por adoçantes, pois eles modificam a textura do alimento”. Já o chocolate light é recomendado àquelas pessoas que se encontram em dietas com restrição calórica. Aqueles que não podem consumir chocolate ou devem consumi-lo esporadicamente são os portadores de enxaqueca (por causa das substâncias vasodilatadoras), insônia e labirintite (por conta da cafeína), e os obesos (pelo alto valor calórico – princi-

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de intolerância à lactose nos primeiros dois a três anos de vida”. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo diário máximo de 14 g de açúcar para crianças de até três anos de idade. Em resumo, basta ficar atento para evitar excessos, que se pode usufruir do inconfundível sabor do chocolate sem abrir mão de uma vida saudável, e ainda tendo-o como aliado para adquirir benefícios à saúde.

CURRÍCULO

palmente nos chocolates brancos, recheados e ao leite). Pessoas intolerantes à lactose devem optar pelo chocolate amargo, que não possui leite animal, ou pelos chocolates feitos com leite de soja. Já aquelas que têm intolerância ao glúten, devem ter atenção redobrada nos dados contidos nos versos das embalagens, onde além das informações nutricionais, há também os componentes. Quanto às crianças, a Dra. Andréa Vasconcelos comenta: “De um modo geral, as crianças não devem ser estimuladas a consumir doces e chocolates, pois eles aumentam a incidência de cáries dentais, diarreias, agitação psicomotora (pela presença de substâncias estimulantes como a cafeína), aumentam algumas alergias (como eczemas) e também podem aumentar a incidência

• Curso médico: Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco -UPE; • Residência médica: Programa de Clínica Médica do Hospital Barão de Lucena; • Curso de Especialização em Diabetes e Endocrinologia: No Hospital Agamenon Magalhães; • Estágios: Na Joslin Clinic (Diabetes) e nos Hospitais Afiliados à Harvard University (Beth Israel, Mass General Hospital, Women Hospital, Children Hospital, Deaconess Hospital) nos EUA.

Dra. Andréa Vasconcelos CRM: 9383

Inst. Endocrinologia do Recife Av. Visconde de Albuquerque, 137 - Madalena Fone/Fax: (81) 3445.1145


CULTURA E LAZER

CURIOSIDADES OS MISTÉRIOS DO BOCEJO

TERRA DO CAFÉ-COM-BISCOITO

O homem tem o hábito de bocejar antes mesmo de nascer: fetos de 11 semanas já bocejam. Enquanto bocejamos, nossos pulmões se expandem, nossos músculos abdominais se flexionam e o diafragma se contrai. A Teoria Física afirma que o corpo nos induz ao bocejo para diminuir o acúmulo de dióxido de carbono e obter mais oxigênio; a Teoria da Evolução diz que o bocejo se desenvolveu em meio aos primatas como sinal de comunicação; e a Teoria do Tédio é o conceito dado pelos dicionários, de que o bocejo seja um sinal de cansaço. Mas não se sabe até que ponto ele está realmente ligado à fadiga. Já a sensibilidade ao bocejar alheio, é transmitida de pai para filho. Cerca de 60% das pessoas bocejam até cinco minutos depois de verem alguém bocejar, e ler ou falar sobre o bocejo também causa ação reflexa.

Localizada a 197 km da capital Belo Horizonte, a cidade mineira São Tiago conta com 10.500 habitantes. O povoado foi fundado em 1708 por bandeirantes espanhóis e o município emancipado em janeiro de 1949. São Tiago ficou conhecida como “A Terra do Café-com-Biscoito” por ter, no passado, servido de ponto de parada a tropeiros que viajavam rumo ao Triângulo Mineiro e Goiás. Os viajantes eram recebidos com fartas mesas de quitandas. Com a fabricação de biscoitos popularizada na cidade, desde 1999 acontece, todos os anos, a Festa do Café-com-Biscoito, no mês de setembro. Na programação da festividade há além de degustação em stands, espetáculos musicais e oficinas culturais. Hoje são 40 pequenas indústrias de biscoitos artesanais no município, responsáveis por empregar 10% da população são-tiaguense.

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ESPAÇO SAÚDE

NOVAS TERAPIAS PARA O

DIABETES MELLITUS

O DR. AUGUSTO COUTO FALA À ATUAL SAÚDE SOBRE AS INOVAÇÕES NO TRATAMENTO DE DIABÉTICOS

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Dr. Augusto Couto

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om a diminuição da fome no mundo, os hábitos alimentares se modificaram nos países em desenvolvimento. As mudanças se deram por conta da maior disponibilidade de alimentos, e terminaram causando o aumento da incidência de diabetes. Apesar disso, o endocrinologista Augusto Couto afirma que “Os níveis de glicose no sangue, a partir dos quais se confirma o diagnóstico, vieram se reduzindo nas últimas décadas, fazendo com que o início do tratamento seja feito mais precocemente”. “Provavelmente todo endocrinologista com algum tempo de estrada deve se lembrar de uma época em que toda insulina era injetável e todo medicamento injetável era insulina”, comenta Dr. Augusto Couto. Antigamente, a diabetes somente era tratável pela insulina, mas os tempos mudaram e hoje em dia existem

outras opções de medicamentos para tratá-la. Inclusive, existiu recentemente a insulina para uso por via inalatória. Porém, este tipo de medicamento não está mais disponível. O médico completa: “Sabemos que algumas empresas multinacionais de medicamentos se preparam para, em breve, lançar apresentação de insulina para uso por via oral (spray oral)”. Houve também uma melhora nos tipos de insulina, que podem ser usados em aparelhos de aplicação mais cômodos (chamados de canetas de aplicação), ou nas bombas de infusão contínua, que copiam o funcionamento do pâncreas e tiveram grande melhora em sua tecnologia. São formas mais modernas de uso da insulina que minimizam o desconforto das múltiplas injeções e usam agulhas mais finas, trazendo conforto ao paciente. A praticidade também é garantida ao cotidiano do diabético porque os


medicamentos podem ser usados nos horários mais convenientes: pela manhã ou à noite, ou mesmo somente antes do momento de se alimentar. Segundo o Dr. Augusto, essas inovações colaboram na perseverança do paciente ao se tratar: “Essa (re)evolução tornou possível o bom controle de

um grande número de pacientes que antes tinham dificuldades extremas para levar adiante o seu tratamento. Hoje em dia podemos tratar pacientes idosos, cardiopatas, doentes do fígado ou do rim, sem grandes interações nos seus tratamentos”. O profissional também fala sobre a variedade de medicamentos com os mesmos princípios, trazendo apenas algumas diferenças de dose: “Não se-

ria exagero dizer que se a metade dos medicamentos atuais estivesse indisponível, os pacientes continuariam seus tratamentos sem prejuízo algum”. Mas o surgimento de tantas novas terapias nada mais é que a consequência do aumento do número de diabéticos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) projeta que em 2025, uma média de 300 milhões de pessoas será acometida pela doença em todo o mundo. Com vistas neste mercado, a indústria farmacêutica se adiantou e nos últimos dez anos, aumentou o arsenal terapêutico, lançando vários novos medicamentos para tratamento do diabetes. As opções aumentaram mais que o dobro. Com o foco da discussão em torno da diabetes voltado para o alarmante aumento de casos e para os lançamentos da indústria, pouco destaque tem recebido uma importante estratégia de combate à doença, que é a chamada mudança no estilo de vida. O primeiro passo é o desejo do paciente de promover mudanças nos seus hábitos. É preciso estar pronto para ceder em alguns aspectos e ganhar mais adiante em qualidade de vida, sobre o que argumenta Dr. Augusto: “Esse continua sendo um princípio fundamental do tratamento, mesmo com os medicamentos mais modernos à nossa disposição. A busca de alimentação mais saudável e a prática usual de atividade física aeróbica continuam sendo recomendações presentes em todos protocolos de tratamento pelo mundo”. A qualidade de vida vem também da possibilidade de a

população ter, facilmente ao seu alcance, locais adequados para praticar exercícios (que devem ser amplos e variados). Deve ser garantido aos cidadãos segurança, o acesso a ciclovias, calçadas bem conservadas, iluminação de vias públicas, pois tudo isto agrega qualidade à vida dos moradores de uma cidade e termina por prevenir problemas de saúde.

“ Provavelmente

todo endocrinologista com algum tempo de estrada deve se lembrar de uma época em que toda insulina era injetável e todo medicamento injetável era insulina”

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A questão alimentar é de máxima importância tanto para a prevenção, como para o tratamento. A dieta mais saudável deve ser composta de refeições pequenas, em torno de seis vezes ao dia. Nesta dieta deve haver frutas e verduras, de duas a quatro porções diárias. Deve ser estimulado o consumo de grãos integrais, massas integrais, carnes magras, folhas verdes, leite desnatado, queijos brancos, azeite de oliva, vinho tinto (em pouca quantidade – uma taça por dia). Alguns outros tipos de alimento devem ter seu consumo desestimulado, como doces, frituras, e alimentos industrializados de uma forma geral. Nos países da Europa Ocidental, que conseguiram uma considerável melhora nos hábitos alimentares nas últimas décadas, houve inicialmente um foco na formação de uma cultura alimentar a partir das crianças, com participação fundamental do sistema de ensino. “O que podemos supor é que sem apoio governamental e vontade política, seria difícil realizar mudanças significativas no estilo de vida de uma determinada população”, conclui o endocrinologista. Na população infantil, o tratamento de mudança na alimentação e de estímulo ao aumento da atividade física costuma trazer excelentes resultados. Como estes pacientes estão em fase de crescimento longitudinal, e com um metabolismo acelerado, podem se beneficiar disto. Em alguns casos, o uso de medicamentos pode ser de grande ajuda, embora nem todos precisem. Já nos idosos, a prática de atividade 52

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física pode estar limitada por outros problemas de saúde, e a mudança de hábitos alimentares que já duram uma vida inteira pode ser mais difícil. Mas em compensação, têm-se tratamentos variados com diferentes mecanismos de ação, que podem ser usados com mínimos efeitos adversos, sempre de maneira individualizada. E o Dr. Augusto Couto alerta: “Tanto no caso dos jovens quanto dos mais velhos, é bom lembrar que se indica acompanhamento médico por toda vida”.

“ O que podemos

supor é que sem apoio governamental e vontade política, seria difícil realizar mudanças significativas no estilo de vida de uma determinada população” O interesse da comunidade médico-científica nos estudos da diabetes é muito grande. Congressos sobre assuntos relacionados são realizados anualmente no continente europeu ou nos Estados Unidos, e costumam ter por volta de 30 mil médicos inscritos. Neste momento, milhares de voluntários em todo o mundo estão fazendo uso de medicamentos orais e também injetáveis, como parte de estudos científicos para

avaliar a possibilidade de impedir a progressão do pré-diabetes para o diabetes. Nos próximos anos, estes resultados poderão fornecer ferramentas muito úteis para o combate a essa pandemia. “Enquanto isso, deve-se fazer o melhor com a informação que se tem no momento. Não há a ilusão de uma cura a curto prazo, mas é inegável a melhora no tratamento. A ciência médica tradicional pode andar a passos lentos, mas nunca fica parada”, finaliza o especialista.



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A FISIOTERAPIA

EM

UTI

A IMPORTÂNCIA DE TRATAMENTOS FISIOTERAPÊUTICOS NAS UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA

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A

Dra. Karoline F. Richtrmoc

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Fisioterapia em Unidade de Terapia Intensiva é uma especialidade fisioterápica, que tem como objetivo terapêutico utilizar-se de técnicas e intervenções capazes de promover a recuperação mais rápida, a diminuição das complicações decorrentes da hospitalização e do tempo de internamento, e a preservação da funcionalidade, para o retorno do paciente às suas atividades sociais e produtivas o mais breve possível. Tornou-se reconhecida recentemente como especialidade, e todos os grandes centros de tratamento de saúde sabem da relevância do fisioterapeuta intensivista, tornando-o presença obrigatória no atendimento hospitalar nas especialidades clínicas e cirúrgicas, além dos serviços de urgência, de terapia intensiva, ambulatorial e assistência domiciliar. Com isso, tem-se obtido grande sucesso na prevenção e no tratamento das complicações respiratórias e motoras, considerando o fisioterapeuta membro imprescindível da equipe multi-

profissional. O desenvolvimento contínuo da fisioterapia intensiva, juntamente com a medicina, faz com que os recursos fisioterapêuticos sejam otimizados. Para tanto, é indispensável que os profissionais tenham fundamentação teórico-prática para a correta avaliação e aplicação dos recursos disponíveis, aprimorando assim a assistência, com a elaboração de diagnósticos funcionais que lhes respaldem a indicar, prescrever e executar técnicas para a promoção da independência funcional e melhoria da qualidade de vida dos pacientes na UTI. A fisioterapia é importante nas alterações mecânicas e funcionais do sistema respiratório de pacientes clínicos e cirúrgicos.


Também é eficiente para o tratamento e manejo dos pacientes submetidos à ventilação mecânica e auxílio no desmame. Tem por objetivos minimizar o tempo de estadia nas UTIs e internação hospitalar, reverter e ou diminuir os processos decorrentes da per-

manência prolongada no leito, prevenir e tratar as complicações respiratórias e motoras em pós-operatórios, dar apoio emocional, promover uma readaptação do paciente frente às incapacitações na sua nova vida e proporcionar o restabelecimento da

Quais são os casos indicados? • Pré e pós-operatório de cirurgias torácica, abdominal, ortopédica e neurológica; • Doenças neurológicas: AVC, Doença de Alzheimer, Doença de Parkinson; • Doenças cardíacas: Infarto Agudo do Miocárdio, Insuficiência cardíaca; • Doenças Renais: Insuficiência Renal Crônica; • Doenças Pulmonares: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), asma, pneumonia; • Traumatismo crânio-encefálico (TCE).

saúde nas melhores condições possíveis para a alta hospitalar; atuando de forma sistematizada, global e interativa. Nesse contexto, os fisioterapeutas com os seus conhecimentos, ajudam a reduzir o tempo de internação, diminuem a incidência e a gravidade das sequelas e formulam estratégias de intervenção. Com as suas as mãos, humanizam a assistência através do toque.

Dra. Karoline F. Richtrmoc CREFITO: 131561-F

• Especialista em Fisioterapia • Cardiorrespiratória pela UFPE Contatos: (81) 8805.0779

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UMA EPIDEMIA CHAMADA

OBESIDADE

REVISTA ATUAL SAÚDE

Para a grande maioria das pessoas, a obesidade é algo ruim apenas esteticamente. Mas o pior dos problemas não é este, e sim o que ela pode causar à saúde. A obesidade é um problema muito sério que, se não tratado, pode representar grandes riscos. A Endocrinologista Dra. Ana Patrícia Veiga explica as causas e consequências da doença.

A

obesidade é uma doença crônica, caracterizada pelo excesso de gordura corporal. Sendo altamente prejudicial, representa atualmente um dos mais graves problemas de saúde pública no mundo inteiro. É considerada a epidemia do século XXI, sendo, em vários países, um problema mais frequente do que a fome. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2008, 35% dos adultos do mundo estavam com sobrepeso e 12% estavam obesos. No Brasil os dados foram ainda mais alarmantes, porque 52,8% dos adultos eram portadores de sobrepeso e 19,5%, de obesidade. E os números só têm aumentado nas últimas décadas. “Isso se deve principalmente às melhorias nas condições de vida e nutrição da população, ao aumento do consumo de produtos industrializados e ricos em gorduras e ao sedentarismo”, justifica a endocrinologista Ana Patrícia Veiga. O risco de várias doenças é aumentado pela obesidade, entre elas a hipertensão arterial, diabetes mellitus, elevação nos níveis de colesterol e triglicerídeos, acidente vascular cerebral (AVC), doença coronariana, apneia do sono e osteoartrite. E a Dra. Ana 56

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Patrícia completa: “Além disso, nos pacientes obesos há uma maior prevalência de câncer de mama, intestino, próstata, rim e vesícula biliar”. Um fator importante e muito pouco valorizado é o impacto psicológico da obesidade na vida das pessoas. “Ao longo dos anos os padrões de beleza foram mudando, passando das mulheres rechonchudas, representadas nos quadros de pintores renascentistas como Da Vinci, para um padrão de magreza extrema”, lembra a Dra. Ana Patrícia Veiga. Os obesos costumam sofrer muito também porque o excesso de peso é associado à gula, à preguiça, à falta de vontade e determinação. Mas esta genera-

lização é errônea, pois existem diversos outros fatores que podem levar um indivíduo à obesidade. As poucas exceções para este preconceito generalizado são algumas regiões da África, onde o maior peso nos homens é visto como sinal de saúde e poder,


© RAFAEL ARAÚJO

e nas mulheres, é sinal de maior fertilidade. Vários estudos demonstram que, por conta dessas atitudes preconceituosas, o obeso tem maior propensão a sofrer com distúrbios psicológicos como diminuição da autoestima, depressão, sentimento de discriminação e hostilidade por parte da sociedade. Tudo isto contribui para a redução da qualidade de vida e da produtividade no trabalho. “A obesidade é uma doença multifatorial, o que dificulta o seu tratamento, uma vez que temos que atuar em vários aspectos simultaneamente”, afirma Dra. Ana Patrícia. Entre os tantos motivos para a obesidade, podem ser destacados os fatores genéticos e psicológicos, o sedentarismo, o uso de medicamentos, os distúrbios hormonais e até mesmo o avançar da idade. A genética contribui para o problema da seguinte forma: o risco de obesidade numa criança, quando nenhum dos pais é obeso, é de 9%. Se um dos genitores sofre de obesidade, este risco é elevado para 50%, alcançando a faixa dos 80% se ambos forem obesos. Já o sedentarismo, pode-se dizer que seja um dos grandes males trazidos pela modernização. “O homem moderno não caminha, não tem tempo de praticar esportes, deixa o controle remoto

A Endocrinologista, Dra. Ana Patrícia Veiga

controlar sua vida, sem que ele precise se levantar de uma cadeira”, comenta a endocrinologista. Comprovações científicas garantem que o exercício físico é fundamental para perder peso e mantê-lo, de uma vez que promove gasto de calorias e aumenta a

taxa metabólica de repouso. E estas não são as únicas vantagens trazidas pelas atividades físicas, como lembra Dra. Ana Patrícia Veiga: “Outros benefícios associados são redução das doenças cardiovasculares e diabetes, melhora do equilíbrio e coordenação motora, prevenção de osteoporose, aumento da tolerância à dor, melhora na qualidade do sono e elevação da autoestima”. Certos tipos de medicamentos como remédios para epilepsia, corticosteroides e alguns anti-depressivos podem levar ao ganho de peso. O erro WWW.ATUALPUBLICIDADE.COM

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alimentar também entra na lista de prováveis causas, caracterizando-se pela baixa ingestão de frutas, legumes e fibras, e preferência por alimentos tipo fast-food. “Este é um dos fatores de mais difícil controle, pois envolve mudança nos hábitos alimentares de toda a família, principalmente quando se trata de crianças”, afirma a médica.

“Só com um esforço global po-

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deremos vencer esta batalha e garantir uma melhor qualidade de vida para a nossa geração e para as futuras também”

recaídas são frequentes. Por isso, segundo a especialista, compreensão e suporte por parte da família e dos profissionais de saúde são de extrema importância. De acordo com a Dra. Ana Patrícia Veiga, as medidas de prevenção da obesidade devem partir não só dos obesos, mas também de toda a sociedade, no sentido de cobrar do poder público medidas estratégicas que possam combater esta doença. Exemplos de medidas são: o aumento de áreas de lazer ao ar livre; a construção de ciclofaixas e estímulo a caminhadas e transporte de bicicleta; a padronização dos lanches de escolas públicas e privadas, com introdução de alimentos saudáveis; a criação de leis que obriguem redes de fast-food a oferecer opções saudáveis no cardápio (a exemplo da rede McDonald’s, que lançou campanha antiobesidade, introduzindo opções de frutas e saladas no cardápio, fornecendo tabelas de calorias dos alimentos e reduzindo calorias e gorduras); o estímulo ao aleitamento materno, pois este simples ato diminui o risco de obesidade infantil; uma política de preços para tornar alimentos saudáveis mais acessíveis à população; palestras para alunos e pais nas escolas sobre a importância da alimentação saudável na prevenção de doenças; entre outros. A especialista finaliza reafirmando a importância do empenho das famílias, das escolas, da sociedade e do governo: “Só com um esforço global poderemos vencer esta batalha e garantir uma melhor qualidade de vida para a nossa geração e para as futuras também”.

Menos frequentes que os fatores ambientais, os distúrbios hormonais (disfunção da glândula tireoide, síndrome de ovários policísticos e doenças da glândula adrenal, por exemplo) não podem ser descartados como possíveis causadores de obesidade. Há ainda os fatores psicológicos, como o estresse e a depressão, que podem levar o paciente à compulsão alimentar, como exemplifica a Dra. Ana Patrícia Veiga: “Pacientes portadores de insônia têm muito mais chances de se tornarem obesos”. O envelhecimento também conta como causa, pois a diminuição da massa muscular e do gasto energético favorece o acúmulo de gordura corporal. O tratamento da CLASSIFICAÇÃO IMC* (kg/m²) RISCO DE DOENÇAS obesidade requer mudanças no estilo de vida dos Baixo peso Baixo < 18,5 pacientes, estando elas associadas à utilização de Peso normal Médio 18,5 - 24,9 medicamentos ou não. Em alguns casos, a intervenção 25,5 - 29,9 Sobrepeso Aumento leve cirúrgica é o mais indicado para tratar a doença. É Obeso I 30 - 34,9 Aumento moderado necessária uma constante 35 - 39,9 Obeso II Aumento grave vigilância quanto à alimentação e o nível de atividade > 40 Aumento muito grave Obeso III física, além de apoio familiar e eventualmente psico*A obesidade pode ser medida através do Índice de Massa Corpórea (IMC), com o lógico, de uma vez que as seguinte cálculo: IMC = Peso / Altura x Altura e é medido em Kg/m² 58

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ESPAÇO SAÚDE

CUIDE BEM

DOS SEUS

OLHOS REVISTA ATUAL SAÚDE

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visão é um dos sentidos mais importantes na vida humana e os olhos, seus instrumentos, devem ser bem cuidados. Por isso, várias atitudes simples podem ajudar a proteger nossos olhos e manter nossa qualidade de vida. A Atual Saúde conversou com o oftalmologista Dr. João Vilaça, para orientar sobre a proteção dos olhos. Os nossos olhos estão diariamente expostos a poluentes do ar, bactérias, ar seco, vento, cosméticos, etc. Esses podem propiciar o aparecimento de doenças inflamatórias, sendo a mais comum a conjuntivite. A conjuntivite possui três origens principais: viral, bacteriana e alérgica. Os principais sintomas são sensação de areia no olho, vermelhidão, secreção (mais frequente na bacteriana) e, eventualmente, fotofobia (sensibilidade à luz). Dicas de higiene ocular e prevenção de conjuntivite incluem, principalmente, lavar bem as mãos com água e sabão, com bastante frequência, principal60

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COMO USAR MAQUIAGEM E APROVEITAR O VERÃO CUIDANDO DA SAÚDE OCULAR

Dr. João Vilaça Torres Pinto HVisão - Hospital da Visão em Pernambuco | Fone: (81) 3117.9090


mente ao chegar da rua, antes das refeições, etc. Não trocar objetos pessoais com outra pessoa, evitar contato físico com pessoas contagiadas, utilizar lenço de papel descartável e nunca reutilizá-lo, evitar coçar os olhos. Em caso de tendência geral para pele gordurosa, pode surgir formação de escamas e secreção seca nos cílios. A fim de prevenir inflamações do bordo palpebral deve-se limpá-los com xampu infantil, enxaguando em seguida. O usuário de computador frequentemente apresenta sintomas de olho seco, como ardor e queimor. Nestes casos, sugere-se dar intervalos de 5 a 10 minutos a cada hora de uso, aumentar o pestanejar (“piscar mais”), e se necessário, usar colírios lubrificantes. O carnaval é um período festivo bastante aguardado. É hora de se divertir, e as aglomerações de pessoas, comuns neste período, podem expor os foliões a certos incômodos relacionados à saúde. A conjuntivite é uma das principais doenças que costumam conduzir pacientes aos consultórios e às emergências oftalmológicas logo após a quarta-feira de Cinzas. Neste período, as pessoas tendem a se juntar nos blocos de rua e clubes, caindo também o nível de higiene. Além de ser maior o contato físico, o que facilita a transmissão do vírus. No carnaval é preciso ter cuidado redobrado com os olhos. Além das irritações ocasionadas pelo uso de muita maquiagem, glitter e espuma de carnaval, a época é bastante propícia para disseminação de outras contaminações, como a conjuntivite. Segundo o oftalmologista João Vilaça, ao menor sinal de irritação ocular, as pessoas devem

lavar os olhos abundantemente com água corrente, evitando coçá-los, e caso os sintomas não desapareçam, procurar um médico imediatamente. “Um erro comum é a automedicação com colírios, o que podem agravar a situação”, explica ele. O que acontece também durante o período de carnaval é que as pessoas não dormem o suficiente, ficando com os olhos sensibilizados. Esses fatores se tornam ainda mais agressivos à visão. “Aquelas pessoas que brincam o carnaval durante o dia, ao

piscina pode contaminar as lentes com bactérias ou fungos”, completa. Vale alertar também para a higienização, que deve ser feita com produtos apropriados e da maneira correta. Corpos estranhos, como serragem, areia ou sujeira, podem entrar nos olhos causando, principalmente, irritação e dor. O cuidado inicial, caso não tenha acesso ao médico, é inclinar a cabeça para frente e jogar bastante água, de preferência soro fisiológico ou água mineral. Não se devem esfregar os olhos, pois algumas par-

ar livre, precisam redobrar a proteção aos raios ultravioleta com óculos escuros de qualidade”. Para os usuários de lentes de contato, o cuidado deve ser redobrado. O Dr. João Vilaça explica que não se deve usá-las em mar ou piscina, porque os fatores externos (vento, areia, água salgada, cloro e suor) podem afetar a integridade das lentes e com isso, prejudicar a saúde dos olhos. Ele aconselha também a não as utilizá-las na hora do mergulho. “O contato com a água do mar ou de

tículas podem estar alojadas por baixo da pálpebra inferior ou mais frequentemente na pálpebra superior (menos visível), e às vezes, no canto do olho. Se possível, deve-se retirá-las com cotonete umedecido ou ponta de um pano limpo. Caso continue o incômodo, é aconselhável se procurar uma emergência oftalmológica. Durante o período mais quente do ano, o verão, as pessoas devem ter um cuidado especial com a saúde, especialmente com os olhos. O excesso de cloro em WWW.ATUALPUBLICIDADE.COM

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piscinas e filtro solar são os principais causadores de alergias oculares. A exposição dos olhos à luz solar, água do mar e piscina, pode ser prejudicial à visão. Os raios ultravioletas transmitidos pelo sol podem causar grandes danos à visão, pois “queimam” tanto a parte externa dos olhos quanto a interna. A melhor maneira de protegê-los do sol é usando chapéus e óculos escuros. Nesta época do ano também é muito comum o aparecimento de alergias e irritações na região ocular, principalmente por conta do cloro presente na água das piscinas e do contato com cremes pós-sol e filtro solar. É importante sempre que sair do mar ou piscina, lavar bem o rosto e os olhos e, em alguns casos, usar colírio lubrificante. Quanto às apaixonadas por cosméticos, devem redobrar os cuidados no uso destes produtos na região dos olhos, observando a aplicação, remoção, seleção e manuseio dos mesmos. Os problemas mais comuns decorrentes do mau uso de cosméticos são olho seco, alergia, inflamação, irritação e contaminação da conjuntiva (ou córnea). Visão embaçada, vermelhidão, coceira, sensação de areia nos olhos, lacrimejamento, fotofobia, inchaço das pálpebras e secreção são os sinais de alerta para um problema oftalmológico, às vezes sério. A procedência tanto da maquiagem como de cremes é um ponto importante, principalmente para quem tem algum tipo de alergia ou contaminação, portanto, eles devem ser de uso pessoal. Jamais os olhos devem ser coçados em caso de alergia com algum produto, e nestes casos, se deve lavá-los imediatamente. 62

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“Quanto às

apaixonadas por cosméticos, devem redobrar os cuidados no uso destes produtos na região dos olhos, observando a aplicação, remoção, seleção e manuseio dos mesmos.” A insistência em usar o produto pode levar a um quadro de alergia ocular crônica. Para escapar de complicações oculares, adverte o especialista, também é necessário verificar o prazo de validade, tanto da maquiagem

como dos cremes, e evitar o compartilhamento de ambos. Ardor nos olhos é uma das queixas oculares comuns. A causa mais recorrente é o olho seco. No entanto, ele também pode ser desencadeado pela poluição, fumo, gripe ou resfriado, pólen, infecção do olho, etc. Olhos ardentes afetam cerca de 30% dos usuários de óculos de leitura em algum momento. Lágrimas artificiais podem aliviar os sintomas. Caso não tenha acesso a colírios, lavar os olhos com água gelada melhora os sintomas de ardor. O ardor também é um sintoma muito frequente dos usuários de computador, pois é comprovado que diminuímos o número de “piscadas” quando estamos atentos à tela, o que, associado ao ar condicionado geralmente presente no ambiente, favorece o ressecamento ocular.

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VOCÊ TEM HPV? HPV E CÂNCER DO COLO DO ÚTERO: SAIBA COMO PREVENIR MUITAS PESSOAS PODEM CONTRAIR O VÍRUS E NEM FICAR SABENDO. FIQUE ATENTO!

“Temos de lembrar que 20% das

pessoas contaminadas não conseguem eliminar o vírus, cuja ação pode agredir as células e evoluir até o câncer do colo do útero – a segunda causa de morte por câncer entre as mulheres” Este tipo de câncer mata uma mulher no mundo a cada dois minutos, e torna-se perigoso também porque demora de

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s estatísticas comprovam que é grande o número de pessoas com HPV: trata-se de 75% dos indivíduos de todo o mundo (tanto mulheres quanto homens), que iniciaram suas atividades sexuais e contrairão este vírus em algum momento da vida. No entanto, a maioria dos contaminados não vai nem saber que tem ou teve essa infecção, porque 80% das pessoas infectadas pelo HPV conseguem neutralizá-lo através de suas próprias defesas, formando anticorpos que impedem o surgimento de doenças significativas. “Se em 80% dos infectados por HPV nada de ruim acontece, temos de lembrar que 20% das pessoas contaminadas não conseguem eliminar o vírus, cuja ação pode agredir as células e evoluir até o câncer do colo do útero – a segunda causa de morte por câncer entre as mulheres”, adverte a ginecologista Angelina Maia.

A ginecologista, Dra. Angelina Maia


cinco a dez anos para se formar, além de ter uma evolução silenciosa. Entre a infecção pelo HPV e o “verdadeiro câncer”, existe uma fase chamada “pré-câncer”, onde as alterações estão espalhadas apenas na superfície do órgão. Nesta etapa o tratamento é simples, através de uma pequena cirurgia vaginal que impede a progressão até o câncer. Por ser uma fase assintomática, os exames preventivos anuais (citologia

Ilustração demostrando o Câncer de Colo do Útero

e colposcopia) são de fundamental importância. Além do temor de contrair câncer, as mulheres sofrem também, ao contrair o HPV, pelo preconceito, por se tratar de uma

doença sexualmente transmitida (DST). “O fato de o contágio acontecer através do contato sexual ativa todas as culpas que as mulheres frequentemente carregam em relação ao sexo. Para muitas, parecer ter sido um castigo”, comenta Dra. Angelina. O preconceito em se pegar uma doença através do contato sexual é infundado, pois a sexualidade faz parte da vida dos seres humanos desde os primatas, e é graças a ela que a humanidade pôde chegar até aqui, no ano 2012. “Ter ou não ter HPV não define o comportamento nem a integridade moral dos indivíduos. Quantas pessoas não têm HPV? Quanta gente legal o tem? Quem transmite não tinha essa intenção, queria apenas ter prazer e, na maioria das vezes, nem sabia que estava com o problema”, justifica a médica. Outra polêmica levantada em volta do HPV é a de que ele seria um sinal de traição. Muitas mulheres, ao serem contaminadas por seus parceiros, acreditam que a contaminação é um indicativo de que foram traídas. Mas não há como definir, cientificamente, o momento em que as pessoas adquiriram o vírus, porque a doença induzida pelo HPV pode demorar anos para se desenvolver. “Se a pessoa teve mais de uma parceira, não há como saber com quem aconteceu a transmissão. A infecção pode ocorrer em um momento e a doença em outro”, explica a especialista. Geralmente a infecção ocorre nas fases onde as defesas pessoais (imunidade) estão baixas, em momentos de muita ansiedade, depressão, ane-

mia, estresse, tristeza, insônia, quando a pessoa faz uso de corti-

Aplicação da vacina preventiva ao vírus causador do HPV

coides, e está associada às doenças que diminuem a imunidade, inclusive a AIDS. A Dra. Angelina Maia conta também que o fumo é um importante fator de risco para o câncer do colo do útero: “Muitas vezes, infecções persistentes pelo HPV e pré-cânceres iniciais regridem quando a paciente deixa de fumar”. Pelo fato de a contaminação pelo vírus acontecer na superfície dos órgãos genitais, o preservativo diminui a área de contato entre eles, mas não impede totalmente a transmissão. “É preciso reforçar que a camisiWWW.ATUALPUBLICIDADE.COM

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© RAFAEL ARAÚJO

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“Essas vacinas apresentam

uma alta eficácia para evitar o câncer do colo do útero, determinando uma proteção de 70% a 80% contra os HPVs que o provocam” nha deve, sempre, ser usada para prevenir a AIDS. E antes de descartar o seu uso, o casal deve fazer testes para pesquisar HIV”, lembra a profissional. Atualmente, a arma mais eficaz na prevenção do câncer do colo do útero é a vacina contra HPV, disponível em clínicas privadas há alguns anos, e hoje com um valor acessível. A vacinação completa é dividida em três doses durante seis meses, por via intramuscular, no braço. Existem duas marcas no mercado e ambas 66

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são eficazes contra o câncer do colo do útero, seguras e incapazes de induzir doenças provocadas pelo HPV. Uma delas previne também contra os tipos de HPV que provocam as verrugas genitais (codilomas), lesões que apesar de não causarem o câncer, incomodam e chateiam. Dra. Angelina completa: “Essas vacinas apresentam uma alta eficácia para evitar o câncer do colo do útero, determinando uma proteção de 70% a 80% contra os HPVs que o provocam. Entretanto, para obter uma proteção de 100%, é necessário, mesmo após as três doses da vacina, manter os exames preventivos de rotina (citologia e colposcopia), caso já tenha iniciado a atividade sexual”. O ideal é que sejam vacinadas mulheres mais jovens, antes do contato sexual ou com menos número de parceiros, para que a eficácia da vacina seja garantida de forma mais plena. Mas há estudos que mostram que ela é eficiente e segura para mulheres até os 55 anos, podendo ter seu benefício ampliado para as mulheres mais velhas. E mesmo que a pessoa já tenha sido infectada por um dos tipos de HPV, a vacina pode ser feita e vai protegê-la dos outros tipos do vírus. No Brasil, há quase um ano, uma das vacinas foi aprovada também para os homens. A Dra. Angelina Maia conclui a respeito disto: “Quanto mais meninas e meninos, mulheres e homens forem imunizados contra o HPV, mais cedo poderemos erradicar o câncer do colo do útero. Acreditem na erradicação deste câncer. Vamos viver para ver”.

Dra. Angelina Maia • Colposcopia e Citologia • Patologia Vulvar • Vacina contra HPV • Sexualidade Endereço do consultório Rua Viscondessa do Livramento, 100 Derby / Recife-PE Fone: (81) 3221.2927 Fax: (81) 3421.3545



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VARIZES ALÉM DE UM PROBLEMA ESTÉTICO, UM RISCO À SAÚDE

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Se pernas bonitas são sonhos de consumo, as varizes e os vasinhos dilatados são verdadeiros vilões. Eles são comuns em mulheres de todas as idades, mas a busca por belas pernas não é causa perdida: hoje é perfeitamente possível tratar os pequenos vasos ou até mesmo aquelas varizes imensas... As varizes são bastante comuns e facilmente tratadas, desde que haja um tratamento precoce. Elas vão das

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mais simples telangiectasias (também conhecidas como aranhas vasculares), passando pelas varizes de segundo grau (que são vistas sob a pele, mas não apresentam alto relevo), e chegam às varizes de terceiro grau (aquelas que “saltam” da pele). Elas podem ainda alcançar um estágio mais avançado, causando complicações como inflamações repetidas (flebites), tromboses e ulcerações; coisas que podem ser evitadas a partir de um tratamento prematuro. Outro dado importante a ser levantado é o fato de as varizes serem um problema predominantemente feminino, como afirma o angiologista Leandro Araújo: “As varizes acometem quatro vezes mais mulheres que homens”. Cabe à angiologia o estudo dos vasos, artérias, veias, capilares e vasos linfáticos, a fim de tratar os problemas que possam surgir no sistema circulatório. As varizes de primeiro grau geralmente são tratadas por meio de aplicações, enquanto as mais avançadas podem exigir uma intervenção cirúrgica. O êxito do tratamento será maior se elas forem menores e em quantidades pequenas. O melhor método de escolha é a escleroterapia, onde é aplicado, com uma seringa de agulha muito fina e pequena, uma substância esclerosante (ethamolin, polidocanol ou glicose hipertônica), para fazer com que as varizes desapareçam. Os resultados alcançados pelas três substâncias utilizadas são semelhantes, e a escolha do médico


“As varizes

acometem quatro vezes mais mulheres que homens” Na década de 1980 foram executadas as primeiras tentativas do uso de laser em escleroterapia, e desde então os lasers vêm sendo aprimorados e modificados. No entanto, ainda não há algum que tenha uma atuação superior à da aplicação convencional. “Os defensores deste método o utilizam seguido de escleroterapia, o que nos faz acreditar que o funcionamento destes juntos pode ser seme-

lhante à escleroterapia apenas, sendo esta bem mais simples e principalmente bem mais barata”, explica Dr. Leandro Araújo. A cirurgia vai ser indicada ao paciente dependendo do número de veias doentes e de seu calibre, além de possíveis complicações. A variz do tipo subepidérmica, por exemplo, tem melhor resultado quando abordada por microcirurgia. Este tratamento, segundo o médico, consiste em “Incisões diminutas, com retiradas das veias doentes sem pontos com fios de sutura, apenas usando esparadrapos especiais para unir a pele, na tentativa de não deixar marcas”. O mesmo método é utilizado para as varizes de terceiro grau (aquelas que apresentam protuberância), desde que as mesmas não tenham atingido a veia safena. A safena é uma veia superficial encontrada nos membros inferiores do ser humano. Nas famosas “pontes de safena”, realizadas em caso de obstrução das artérias coronárias (que irrigam e nutrem o coração), a veia safena é retirada e seus segmentos são usados como pontes. Ela é utilizada também em cirurgias em qualquer parte do corpo, quando se faz necessário um desvio de sangue, para que ocorra uma desobstrução. Quando a safena é atingida pelas varizes, deve ser retirada ou interrompida, através de microincisões. “Podemos extraí-la, ou destruí-la com laser ou rádio frequência que a ‘queimariam’, colando-a e fazendo-a desaparecer”, comenta Dr. Leandro. Ele esclarece ainda que o uso do laser ou da rádio

© RAFAEL ARAÚJO

vai depender se o paciente tiver alergia a alguma destas drogas.

O angiólogo, Dr. Leandro Araújo Rua Carlos Porto Carreiro, 140 Derby - Recife/PE (81) 3221.2430

frequência seria um procedimento menos agressivo que não deixa manchas nem hematomas, caracterizando-se como uma cirurgia menos dolorosa. De acordo com o angiólogo, todos os três métodos citados têm eficácia e variam apenas nos procedimentos pelos quais são compostos. “A diferença entre eles é apenas inicial, pois o resultado estético e funcional final é quase o mesmo depois de trinta dias”, finaliza o especialista. WWW.ATUALPUBLICIDADE.COM

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HOMENAGEM ESPECIAL

DIA INTERNACIONAL DA

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Mulher

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S

egundo a Bíblia a mulher foi feita da costela de Adão, significando isso, que ela é a companheira, ou seja, está a seu lado, tal qual as costelas. O osso da costela aluda a igualdade entre homem e mulher, dado que não foi utilizado um

osso inferior (um osso do pé, por exemplo), nem um osso superior (do crânio, por exemplo) mas sim um osso do lado, lembrando que a mulher é protetora da vida, dado que os ossos da costela protegem o coração. O papel da mulher sempre

foi o de protetora. A esposa tem papel sempre importante, seja como amada parceira ou como companheira do marido. A escritura sagrada situa a mulher com honras especiais: maridos são orientados a amarem suas mulheres de maneira sacrificada, se necessário.

Mulheres virtuosas, profissionais, guerreiras

Mulher, neste teu dia internacional, todos te proclamam como senhora da criação e da beleza, e admiram a dádiva de pertencer ao sexo feminino. Mulheres, vocês podem transformar seus lares em templos da divina missão do amor. Quando defendem a sua dignidade, defendem a dignidade de cada ser

Mulheres simples, companheiras

Parabéns a todas! WWW.ATUALPUBLICIDADE.COM

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© GERMANA SOARES

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PSORÍASE: O MAIOR MAL É O

PRECONCEITO

APESAR DE INESTÉTICA, A DOENÇA NÃO É CONTAGIOSA E CONTA COM TRATAMENTO ESPECÍFICO

A

psoríase é uma doença inflamatória que acomete pele, couro cabeludo e unhas, acompanhada por um comprometimento evidente na qualidade de vida. A pele é afetada por manchas vermelhas que soltam escamas, limitadas a áreas pequenas ou tomando o corpo todo, enquanto as unhas sofrem descoloração e ficam fragilizadas. “A pele é um veículo de comunicação com o meio externo e o seu acometimento por manchas, descamação ou aspereza leva frequentemente à discriminação da população e recolhimento do indi72

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víduo acometido pela doença, marcado na maioria dos casos, pelo receio do contágio”, afirma o dermatologista Emerson de Andrade Lima, que desenvolveu seus estudos de doutorado e pós-doutorado em psoríase e hoje é uma das autoridades do assunto no país. Apesar de a psoríase não ser contagiosa, seu aspecto inestético resulta em desconforto e constrangimento, comprometendo o indivíduo na atividade profissional e na vida afetiva. “São frequentes os relatos de pacientes que evitam ambientes como


© GERMANA SOARES

“São frequentes os relatos de pacientes que evitam ambientes como praias, piscinas ou a utilização de roupas curtas”

O dermatologista, Dr. Emerson Lima

praias, piscinas ou a utilização de roupas curtas”, conta Dr. Emerson Lima. O número de estudos científicos em psoríase tem sido crescente nos últimos anos. Além do comprometimento das articulações, têm sido associados à doença achados como hipertensão, diabetes, alteração nos níveis de colesterol, e maior incidência de depressão e infarto agudo do miocárdio. Com isso, o paciente de psoríase passou a ser avaliado de forma mais cuidadosa, considerando o risco de evolução da doença para formas mais graves e a necessidade de um tratamento mais especializado. “Novas formas de tratamento foram desenvolvidas e hoje é possível manter as lesões controladas e a evolução da doença contida”, finaliza o especialista. WWW.ATUALPUBLICIDADE.COM

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ESPAÇO CRIANÇA

COMO SABER SE A CRIANÇA SOFRE DE

HIPERATIVIDADE? A DRA. ADÉLIA SOUZA ESCLARECE DÚVIDAS SOBRE A DOENÇA

Em entrevista à Atual Saúde, a neurologista infantil Dra. Adélia Henriques Souza fala sobre o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). A profissional esclarece as dúvidas mais frequentes e conta como se dá o processo diagnóstico e o tratamento destes casos.

AS – O que causa o transtorno? AHS - Não existe uma causa única que leve o paciente a ter TDAH. Na verdade trata-se uma patologia bastante heterogênea, com a influência de fatores genéticos e ambientais. É improvável que exista o “gene do TDAH”, porém há indícios de que vários genes de pequeno efeito, que interagem entre si, sejam responsáveis por uma susceptibilidade genética ao transtorno, à qual se somam diferentes agentes ambientais. Algumas adversidades psicossociais que atuam no funcionamento adaptativo e na saúde emocional

© RAFAEL ARAÚJO

Atual Saúde - O que é TDAH? Dra. Adélia Henriques Souza - É um transtorno neurobiológico que acomete tanto crianças na idade pré-escolar e escolar, como adolescentes e que persiste na idade adulta em até 70% dos casos. Ele que leva a um importante comprometimento funcional da vida social, acadêmica, profissional e afetiva do portador. O TDAH não pode ser considerado meramente como um comportamento mais exuberante de um pequeno grupo de crianças, nem tão pouco como sendo secundário a problemas na educação recebida dos pais ou responsáveis, uma vez que a prevalência do transtorno é semelhante em culturas distintas.

A Neurologista infantil, Dra. Adélia Henriques Souza

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ESPAÇO CRIANÇA

geral da criança (tais como discórdia marital severa, classe social baixa, família muito numerosa, criminalidade dos pais, psicopatologia materna, colocação em lar adotivo) parecem ter participação importante no surgimento e manutenção da doença. Alguns estudos têm relacionado exposição ao álcool e fumo pela mãe durante a gravidez com TDAH. É importante ressaltar que há apenas algumas evidências entre associação destes fatores e o transtorno, não sendo possível estabelecer relação clara entre causa e efeito entre eles.

AS – Quais os sintomas de desatenção? AHS – A criança tem o hábito de agitar as mãos ou os pés e se remexer na cadeira; abandona sua cadeira na sala de aula ou em outras situações nas quais se espera que permaneça sentada; corre ou escala em demasia, em situações nas quais isso é inapropriado (em adolescentes e adultos, pode estar limitado a sensações subjetivas de inquietação); demonstra dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer; está frequentemente “a mil” ou muitas vezes age como se estivesse “a todo vapor”; fala em demasia; dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido completadas; tem dificuldade para aguardar sua vez; interrompe ou se intromete em assuntos dos outros (por exemplo, intromete-se em conversas e brincadeiras).

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AS – Como se dá o diagnóstico de TDAH? AHS - O processo de avaliação diagnóstica envolve necessariamente a anamnese detalhada com os pais e a criança, e um relatório da escola. A história da concepção, da gestação e do parto deverá ser cuidadosamente coletada. O TDAH é um diagnóstico exclusivamente clínico, requer avaliação em ambientes distintos e a ausência de sintomas no consultório não exclui o diagnóstico. Não há necessidade de realizar nenhum exame complementar.

“ Trata-se de uma patologia

AS – Como a doença se manifesta? AHS - As características nucleares do TDAH na infância são a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade. Logo nos primeiros meses de vida algumas crianças podem mostrar-se mais irritadas, chorar muito, ter acessos de birra, sono agitado e múltiplos despertares. Após a aquisição da marcha, os pais já podem perceber que a criança é mais agitada que outras de sua idade, necessitando vigilância contínua. Geralmente tais crianças quebram mais os brinquedos, machucam-se com muita frequência, podem apresentar dificuldades nas habilidades linguísticas, são “desajeitadas”. Após a entrada na escola, como há possibilidade de comparação com outras crianças da mesma faixa etária, os sintomas ficam mais evidentes. 76

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bastante heterogênea, com a influência de fatores genéticos e ambientais.” AS – Quais os procedimentos para avaliação do paciente? AHS - O diagnóstico de TDAH, apesar de ser exclusivamente clínico, pode também envolver avaliações complementares com outros profissionais. Uma avaliação das capacidades auditiva e visual da criança é necessária, já que dificuldades atentivas podem ocorrer na vigência desses déficits sensoriais. Sugere-se também o encaminhamento à escola de escalas objetivas para avaliação de desatenção, hiperatividade e impulsividade que possam ser facilmente pre-


© RAFAEL ARAÚJO

AS – O tratamento para TDAH sem medicação é mesmo possível? AHS - Não. A tentativa de realizar qualquer terapia não medicamentosa pode representar o adiamento desnecessário e danoso do melhor tratamento para este transtorno. Não existe nenhuma outra terapia (psicoterapia, modificações ambientais, orientação a pais e professores) que tenha a mesma eficácia e impacto para o paciente portador de TDAH.

enchidas pelos professores (SNAP-IV). A avaliação neuropsicológica por vezes torna-se necessária, sendo importante instrumento para descartar a presença de retardo mental. As avaliações psicopedagógica e fonoaudiológica, para aquelas crianças com lacunas no aprendizado, têm suma importância. AS – Como o déficit de atenção é tratado? AHS - A aliança terapêutica com os pacientes, pais ou responsáveis e professores, é crucial para o planejamento e implementação do tratamento. O plano de tratamento deverá ser individualizado, proporcionando acompanhamento periódico e sistematizado, focalizado nos resultados atingidos e nos efeitos adversos relatados. O tratamento do TDAH envolve uma abordagem múltipla, englobando terapia medicamentosa com psicoestimulante, terapia cognitivo-comportamental, intervenção no âmbito escolar, reabilitação psicomotora para melhoria do controle do movimento. No Brasil, temos dois tipos de psicoestimulantes disponíveis: metilfenidato e lisdexanfetamina. Cerca de 70% dos pacientes respondem adequadamente aos estimulantes. Naqueles pacientes que além do TDAH também apresentam comorbidades tais como tiques, depressão, transtorno ansioso e transtorno bipolar, há necessidade de adicionar outros medicamentos ao psicoestimulante. O tempo de tratamento é variável, devendo sempre se levar em conta o controle ou redução dos sintomas, associados à melhora da qualidade de vida do portador e de seus familiares.

AS – O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade tem cura? AHS - Não. O tratamento auxilia no controle ou na minimização dos sintomas através da normalização dos neurotransmissores. Como TDAH é uma condição crônica, o que ocorre ao longo do tempo é uma modificação comportamental através de estratégias aprendidas para viver melhor. Portanto, diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais para proporcionar ao portador uma melhora na qualidade de vida. AS – Quais as recomendações para os pais? AHS - Procurar informar-se sobre a patologia de seu filho através de livros e sites (como o livro No Mundo da Lua, de Paulo Mattos, e o site www.tdah.org. br); estabelecer regras e rotinas, estabelecer diálogo franco, usar a terapia de reforço positivo, elogiando seu filho abertamente (não cobrar resultados, cobrar empenho!); manter limites claros e consistentes, acompanhar de perto o que está acontecendo na escola, ensinar a criança a tentar finalizar tudo aquilo que começa.

Dra. Adélia Henriques Souza • Mestre e Doutora em Neurociência e Ciência do Comportamento; • Preceptora de Residência de Neurologia do Hosp. das Clínicas e do Hosp. da Restauração; • Neurologista do IMIP e do Hosp. da Restauração • Neurologista Infantil da Unidade da Criança Rua Dom Bosco, 580 - Boa Vista | Recife/PE

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DIA A DIA

CUIDADO COM

A PELE AO SE

BARBEAR

HOMENS TAMBÉM TÊM SUAS ROTINAS MATINAIS

© RAFAEL ARAÚJO

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azer a barba é uma rotina que acompanha os homens desde a puberdade. A não ser aqueles que optem por um visual barbudo, é impossível se livrar das lâminas ou dos aparelhos específicos para retiradas de pelos do rosto. O atrito constante das lâminas pode agredir a pele, causando incômodo e deixando-a marcada. Em alguns casos pode surgir foliculite, que é a infecção dos folículos pilosos, causados por bactérias de tipo estafilococo. A invasão bacteriana pode ocorrer espontaneamente ou favorecida pelos excessos de umidade ou suor, e raspagem dos pelos ou depilações. Alguns homens precisam se barbear mais de uma vez ao dia e, nestes casos, as irritações podem ser ainda maio-

res. Para amenizar esses efeitos, os especialistas recomendam o uso de produtos suaves compostos por substâncias com propriedades calmantes e hidratantes. Quanto mais suave for o produto usado para barbear, menos complicações terá sua rotina. 78

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Barbeadores elétricos São ideais para quem tem pressa em deixar o rosto liso. Não deixam cortes e lesões em peles que apresentam foliculite.

Depilação a Laser Os tratamentos a lazer são para os homens que desejam um método mais duradouro para eliminação da barba. Este método diminui a quantidade e a espessura do pelo. As sessões são feitas uma vez por mês. O processo é um pouco dolorido, mas isso vai de acordo com a sensibilidade de cada um.

Aqui vão algumas dicas que podem suavizar sua pele:

• Adquirir o hábito de usar um esfoliante próp-

rio para a pele masculina. A esfoliação ajuda a eliminar as células mortas e deixa a pele mais bonita;

Para fazer a barba recomenda-se usar um creme de barbear, que tem função de amaciar o pelo, pois a lâmina nunca deve entrar em contato com a pele. Alguns produtos, por exemplo, ainda têm o efeito hidratante;

Procure fazer a barba logo após o banho ou mesmo embaixo do chuveiro. Regule a temperatura da água para morno, que ajuda a dilatar os poros e amolecer os pelos. A água quente causa ressecamento e a fria dificulta o deslizar da lâmina;

• Ao movimentar a lâmina, acompanhe o sen-

tido em que os pelos crescem. Ao finalizar o processo, enxágue com bastante água e seque com uma toalha macia, sem esfregar. Barbeador elético e depilação à laser. respectivamente.

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CRÔNICA

“ACONTECEU COM UM AMIGO DE UM AMIGO MEU...” Por Brena Lima

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enhor Olavo era um homem amargurado, sempre maldizendo a vida. Fora o filho mais velho de sete irmãos, e se queixava de ter lhe sobrado pouco amor por parte da mãe, que tinha outros filhos ainda por criar. Quando se tornou homenzinho, foi logo ajudar o pai no pequeno comércio, e aos poucos foi esquecendo-se de como era ser criança e de que sorrir faz parte da rotina. Tornou-se, assim, um adulto carrancudo. Um dia, passando pela praça, esbarrou numa mulher que vestia roupas estranhas, muito coloridas e barulhentas, com seus guizos pendurados. Quando já ia se preparar para reclamar, a mulher foi logo pegando a sua mão e lendo sua sorte:

“Se a vida te der limões, faça uma limonada” E seguiu seu destino, desaparecendo do mesmo jeito que apareceu, bem na frente do Senhor Olavo, no meio da praça.

moça escolhendo limões. O interessante era que a cada fruta que ela pegava, cheirava e dava o mais belo sorriso que o Senhor Olavo já tinha visto em toda sua vida. Meio tímido, se aproximou e perguntou à bela moça por que ela

“Vejo que o senhor é um ho-

mem de poucas proporções, poucos amores, poucos sorrisos, pouca paciência...” E desentoou um rosário de infortúnios. O senhor Olavo nada se impressionou. Adivinhar aquilo era fácil, bastava olhar para ele, mas a estranha mulher falou uma frase curiosa: 80

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Intrigado com aquela frase, o Senhor Olavo continuou seu caminho até chegar em frente ao mercadinho “Boa Fruta”, e pensou que nunca antes havia tomado uma limonada, e tampouco chupado um limão. E que relação haveria? Foi logo entrando e seguindo para a seção de frutas. Chegando lá, encontrou uma bela

cheirava os limões. Ela parou um instante e respondeu:

“Eu cheiro para poder identificar os mais azedos” . “Que tipo de resposta era aquela?”, pensou o Senhor Olavo confuso. E a bela moça continuou:


“Os mais azedos tornam minha

O Senhor Olavo nem pensou duas vezes: respondeu que amanhã mesmo estaria na casa dela para provar de tal iguaria. E assim, foi para casa pensando na limonada. No dia seguinte, se arrumou todo, colocou até perfume, e foi

com tal descoberta, convidou a bela moça para um passeio. Queria retribuir aquela maravilha e a levou ao velho cinema, na esquina da rua principal com a rua secundária. Lá passavam filmes antigos, daqueles que despertam saudades da infância. Tiveram direito até a pipoca amanteigada, e a última parada foi na sorveteria do Senhor Palito. Tomaram um belo sorvete acompanhado de uma boa conversa, e por fim

se encontrar com a bela moça. Chegando lá, sentiu um cheirinho doce-azedo vindo da cozinha. A bela moça estava servindo na mesa dois copos de limonada bem gelada, acompanhada de bolinhos. O Senhor Olavo pegou um copo e tomou tudo num só gole, pois queria descobrir o sabor daquele líquido de cor rala. E descobriu que era delicioso. Revelava um doce suave ao azedo dos limões. Encantado

o Senhor Olavo acompanhou a bela moça até em casa. Agradeceu pelo dia maravilhoso, e voltou para casa com um sorriso nos lábios e um gosto doce na boca. De repente se deu conta que durante todo o dia não reclamou, não pensou no amor que a mãe lhe negou, nem na infância perdida que o pai lhe roubou. Tudo parecia tão diferente e distante, como que não pudesse lhe atingir. Reparou que tudo ao seu redor tinha cor, brilho e sabor,

limonada mais saborosa. O senhor gostaria de provar um dia desses?”

e se lembrou do sorriso da bela moça que cheira limões. Sentiu uma saudade boa e dormiu cheio de esperanças. Como de costume, no dia seguinte foi para o trabalho e passou pela praça, dessa vez procurando aquela mulher estranha. Queria lhe contar tudo sobre aquele dia maravilhoso. Ele procurou, procurou, mas nem sinal. Respirou fundo e entendeu que a vida é aquilo que a gente escolhe. Depois do trabalho foi visitar a bela moça, que tinha sempre à mão uma jarra gelada de limonada, e que deixava a vida do Senhor Olavo muito mais doce, mesmo que ela escolhesse o mais azedo dos limões. Isto, meu caro leitor, aconteceu com um amigo de um amigo meu.

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CULTURA E LAZER

ATUAL INDICA

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FILMES, MÚSICAS E LIVROS ESPECIALMENTE PARA VOCÊ.

Lenine, um dos maiores compositores da MPB lança um CD de músicas inéditas, intitulado Chão. Este álbum foi tocado e produzido por Bruno Giorg (filho do cantor), Junior Tolstoi e o próprio Lenine, que conta também com composições de seus parceiros de sempre: Lula Queiroga, Carlos Rennó e Ivan Santos.

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O longa Os Homens que Não Amavam as Mulheres traz Daniel Craig como protagonista. O filme fala sobre o desaparecimento de uma jovem, evidenciando como tema a violência contra a mulher. É o primeiro de três filmes da Columbia Pictures que irão compor a adaptação do best-seller The Millennium Trilogy, de Stieg Larsson.

Da pobreza mais cruel ao estrelado no Ocidente: este é o relato verdadeiro e extraordinário da vida de um garoto. Li Cunxin é o sexto de sete filhos em uma família pobre da área rural. Li viu sua vida de camponês, na China Comunista, mudar drasticamente, quando aos 11 anos de idade, foi escolhido pelos conselheiros culturais de Madame Mao para estudar na Academia de Dança de Pequim.





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